— Once upon a time I was falling in love, but now I’m only falling apart.
— Nossa, que brega, Julia.
— There’s nothing I can do, a total eclipse of the heart.
— Essa música é ridícula. Desce da cama!
— And I need you more than ever!
— E você dançando assim, credo.
— Ai, credo por quê? Vem dançar também, vem.
— Para Jú, não tá vendo que eu tô lendo?
— Você tá sempre lendo. Que livro é esse?
— Tudo sobre Arte.
— Deve ser muito interessante.
— Quando eu consigo ler, é.
— Você precisa dançar, cantar.
— Música brega? Não, obrigada.
— Canta uma lírica, então. Pavaroti. Nessun Dorma!
— Para, Jú, não vou cantar nada.
— Chata.
— Fica quietinha, vai.
— Lembrei do filme lá que tem o Bruce Willis e aquela mulher bonita que agora tá cheia de plástica.
— Em Hollywood? Todas.
— Naquele filme tem essa música. O Bruce Willis canta uma parte e ela canta outra.
— Tô imaginando o Bruce Willis cantando essa música, Jesus. Tem certeza que é com ele? Isso ai tá parecendo aqueles romancinhos bestas que você gosta.
— É com ele. E é de ação. Eles são uns bandidos.
— Sei lá. Tem tanto filme de ação com o Bruce Willis.
— And if you only hold me now.
— Hold me tight. Tight, de apertado.
— Ah, conhece, tá vendo. Sabia que você conhecia música brega.
— Sai, Jú.
— Tem aquele cara também, aquele velho.
— Cheio de plástica?
— Não, não sei se tem plástica. Aquele que casou com a Jolie.
— A Angelina Jolie? O Brad Pitt.
— Não, antes. Um velho pra ela. Mas não sei o nome.
— Ah, tá, aquele que fez Lolita. Mas também não sei o nome.
— Não, o que fez Lolita é outro. Meio parecido.
— Eu não sei nome de ator. Parei de decorar na Sandra Bullock. O que veio depois dela, não sei.
— Tá, mas ele é de antes da Sandra Bullock.
— Beleza, quis dizer que decorei essa fase da Sandra Bullock. Julia Roberts, Tom Hanks, Bruce Willis, Tom Cruise, Brad Pitt, Ben Afleck, Mat Damon.
— A Sandra Bullock é bonita, mas a Angelina Jolie tem aquela bocona, né? Parece uma pintura. Você podia pintar ela. Fazer uma tela grande, com a carona dela.
— Já falei, Jú, não pinto gente. E que brega pintar atriz de Hollywood.
— Aff, tudo é brega pra você, Carla.
— Quem pinta atriz de Hollywood é pintor que vende quadro na praça.
— Boa. A gente podia ir na Praça da República dia desses.
— Tem as esculturas do Rodin na Pinacoteca. Já comprei, lembra?
— Como poderia me esquecer? Pinacoteca, aí vamos nós pela milionésima vez.
— Vou mais um milhão. E só a arquitetura do prédio já vale a visita.
— Tanta coisa pra ver no museu e você fica reparando no prédio?
— Belíssimo. E para de reclamar porque Rodin a gente não foi ainda.
— Escultura é bom de ver, mas dá vontade de tocar.
— Só fala besteira.
— Nanana nanana nananaaaaa.
— Essa música ainda?
— Queria lembrar o filme.
— Vê aí no celular. Coloca filme com o Bruce Willis, com a mulher bonita de Hollywood que está cheia de plástica e o velho que casou com a Jolie, antes do Brad Pitt e que não é o que fez Lolita. Vê o que aparece.
— Ai que engraçadinha. Carlinha, a engraçadinha.
— Tenta pelo nome da música.
— Vou colocar aqui total eclipse of the heart.
— Aff, que breguice.
— Nossa senhora, apareceu uma imagem da capa do disco aqui que ela tem um facho de luz saindo pela orelha, tipo espada de jedi. Olha aqui. Isso sim é muito brega. Um efeito que nem sei qual foi a ideia.
— Brega, falei.
— As capas eram muito feias, ou era só a pessoa séria em um fundo sem graça ou um efeito que estava mais para defeito, igual esse aqui. Hoje fazem cada coisa com computador.
— Hoje exageram na arte digital, né?
— Fica séria que eu vou fazer uma foto sua e colocar a espada de jedi também.
— Para Julia, que chatice. Vai fazer suas fotografias em outro lugar.
— Agora, sem brincadeira. Eu não ia fazer fotos suas pra gente colocar no nosso mural?
— De novo essa história das fotografias. Não sou modelo.
— Não precisa posar, é só ficar quieta e séria, como você é naturalmente.
— Vai colocar foto minha séria no mural?
— Se sair sorrindo, publico no jornal.
— Nossa, hilário.
— Vai. Xis.
— Vai, vai dançar lá na sala, vai. Me deixa aqui com meu livro.
— Nossa, malvada. Vou jogar vídeo game, vamos?
— Não gosto, você sabe.
— Ah, claro, tinha me esquecido que você era 100% chata.
— Espera, Jú, antes de você ir deixa eu te falar uma coisa: o nome do filme é Bandits, de 2001, a atriz bonita cheia de plástica é a Cate Blanchet, o ex da Jolie é o Billy Bob Thornton, que não é o da Lolita, porque quem fez Lolita foi o Jeremy Irons. Não tem exposição do Rodin na Pinacoteca e essa gravação tá muito chata.
— Ah, Carla, estragou tudo.
— Puta coisa chata essa gravação sobre artes. Faltou alguma coisa?
— Faltava HQ, mas agora já foi.
— Depois você faz um remendo na edição. Eu falo que vou guardar o livro e pegar um gibi agora.
— Não dá, Carla. Não é gravação, é live.
— Live? Caraca, tudo é live agora? Que mico. Desliga isso logo então.
— Tchau pessoal. E viva a arte!
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Hélio Sena em Orelhas Peludas – Conto… | |
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Ian em A Loteria da Babilônia –… | |
Alexandra Marzo em Tieta do Agreste – Jorge… |
Ju e Carla travam um diálogo fragmentado, onde praticamente falam de tudo e nada ao mesmo tempo, em matéria de arte. O estilo lembrou muito Luís Fernando Verissimo (baita elogia, na minha concepção), porém a parte de execução técnica acabou sobrepujada pelo excesso de citações pop e eruditas. É um conto que provavelmente não se sustentaria sem as imagens de referência, e que, portanto, perde um pouco a efetividade fora do Desafio. De qualquer forma, elogio a coragem do autor(a) e a leveza de sua pena. Sucesso!!
Diálogo muito natural, plausível, real.
As duas personagens são muito ricas, bem construídas, com características próprias e singulares. Muitas referências, com uma intertextualidade forte.
A questão da live, no final, traz um impacto interessante, apesar de não avassalador.
É despretensioso e agradável. Uma leitura muito prazerosa.
Meus parabéns!
Olá, Bonnie Tyler.
Primeiro, tenho que dizer que gostei muito da sua ousadia com esse conto. Ele é simples, despretensioso, bobo até, e tende a não ser tão valorizado em contextos como o do desafio. O que acho uma pena. Eu me diverti muito com a leitura e admiro sua coragem em enviar um texto assim. 🙂
Enquanto eu lia, o conto foi me lembrando aqueles vídeos do YouTube em que vão sendo mostrados memes e imagens, então foi recompensador quando foi revelado ao final que se tratava de uma live. Gostei muito dessa sacada.
Acho que este foi o texto que melhor fez uso da possibilidade multimídia, ainda que o resultado tenha um pouquinho irregular. Algumas inserções foram excelentes, como as imagens dos atores parecidos, e outras nem tanto, como a foto do Pinacoteca, por exemplo, que pareceu meio jogada ali. Mas foram muito mais acertos do que erros.
Da parte técnica, não tenho muito a comentar, já que nada realmente me incomodou. O formato em diálogo deu agilidade e tornou a leitura agradável. A opção pela linguagem simples e próxima da fala foi muito acertada.
A piada com o sabre de luz foi muito boa, rs. Também me diverti com a personagem insistindo em cantar a música da Bonnie Tyler e com a comparação entre o Jeremy Irons e o Billy Bob Thornton, que eu nunca reparei que eram parecidos e agora essa impressão jamais vai sair da minha mente. =O
Enfim, um conto muito divertido, ágil, inventivo, contemporâneo. Foi uma leitura muito prazerosa. Gostei bastante. Está entre os meus favoritos.
Desejo sorte no desafio.
Abraço!
Escrever o conto em um diálogo é desafiador, mas a autoria correspondeu à expectativa. Não há preocupação em distinguir quem está falando, pois em nenhum momento se perde o sinal das duas personagens, tão diferentes uma da outra e sempre abordando de forma diversa aquilo que falam. Outro elemento muito positivo e imprescindível é, enquanto verossímil às personagens, também manter a casualidade da conversa, sem parecer que é algo escrito, mas realmente soando como um papo real. Há também o acerto temático, pois a arte permeia todo o texto, mas é no arremate que o conto se destaca, pois se revela que se tratava de uma live em que “todas” as artes seriam representadas, em uma sacada que marca tanto o caráter contemporâneo do texto como também um viés metalinguístico que abrilhanta essa leitura. Parabéns!
Olá, Bonnie Tyler,
Seu conto atende bem ao tema do desafio, apresentando diversas artes. Segundo uma das personagens, faltou apenas as HQs…
Achei que você utilizou muito bem essa ferramenta multimídia que o regulamento possibilitou. Tem contos que a gente lê com uma aba aberta, procurando as referências. Você, generosa, nos deu isso no corpo do texto!
O texto ficou em um formato bem leve. Um diálogo, afinal de contas, não poderia ser diferente. Gosto do estilo da sua narrativa. A leitura é agradável. E as referências são impagáveis – aliás, convenhamos, “Total Eclipse of the Heart” é uma canção épica.
Por outro lado, acho o texto descompromissado demais. Está claro que essa era a premissa. Acho que eu desfrutaria melhor como uma leitura livre. Mas em um desafio, quando estamos avaliando outros concorrentes, talvez essa escolha em não estabelecer um enredo mais apurado possa jogar contra. Não sei.
O texto, de toda forma, é divertido. Parabéns e boa sorte no desafio!
O eclipse do coração (Bonnie Tyler)
Comentário:
A leitura e a audição já alegraram o meu dia, que coisa boa!!!
O texto traz um diálogo coloquial, igual a tantos que acontecem simultaneamente no mundo todo, a todo instante, e que, mesmo assim, prende a atenção do leitor. Uma conversa entre uma jovem “espevitada”, e outra de pavio curto, um pouco mais reflexiva, mais comedida (chegada numa leitura). Tudo é tão próximo ao que vivemos em nosso círculo familiar, tão real, que, como leitora, eu estava no ambiente. As frases nem precisavam ser finalizadas, o contexto as complementavam. E é sensacional como tudo é captado, mesmo que a interlocutora demonstre certo distanciamento. Ao final, Carla conseguiu responder a todos os questionamentos feitos por Jú, e obedecendo a uma sequência assustadora!
E tudo foi uma montagem?! A cena foi criada para atingir o tema do desafio?! E daí?! Valeu. A autora usou de vários recursos para “contar um conto”. Imaginação criativa, muito criativa.
Quanto à escrita, deslizes por aqui e por ali… Uma revisão básica soluciona tudo.
Fico maravilhada com a memória da moçada, como é possível guardar tantos nomes e personagens de cinema nessa engrenagem tresloucada de produções, é uma saraivada ininterrupta de filmes. Admirável!
Bonnie Tyler, parabéns pelo trabalho!
Boa sorte no desafio!
Abraços…
Antes de continuar, acho justo esclarecer como estou avaliando nesse desafio. Além duma consideração final, guio-me por três fatores: artístico, técnica e criativo. Não estou participando dessa vez, mas decidi ajudar a movimentar os comentários.
ARTÍSTICO
Complicado.
Existem elementos da arte, como cinema, pintura e música, mas não é uma discussão sobre arte, sequer encontramos uma forma artística ao texto, dando valor extra para ele. É um diálogo entre amigas. Normal. E focado no meio do entretenimento, algo que vai um pouco na contramão do meio artístico.
Como disse: complicado avaliar esse quesito. Mas gostei bastante da forma como explorou a liberdade de imagens desse desafio.
TÉCNICA
O conto não abre espaço para avaliar muito, mas quando se trata de diálogos, você manda muito bem. São naturais, divertidos, com personagens bem definidos, excluindo qualquer possibilidade de identificação.
Parabéns: não é fácil fazer isso. É um texto bem interessante.
CRIATIVO
Não tem muito o que dizer.
É uma conversa entre duas amigas, bem normais, onde o contraste de personalidade é necessário para mover a história.
É isso, haha.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É um bom conto.
Explora bem um dos fatores únicos do desafio, revela uma capacidade enorme de construir bons diálogos e não tem qualquer pretensão. É um texto leve, simples e divertido. Ainda acho que fugiu do tema, mas tudo bem. Gostei.
Parabéns pelo trabalho e boa sorte no certame.
O eclipse do coração
Um texto só com diálogos é sempre bem interessante, contudo serei muito honesta. E para justificar minha chatice, utilizarei os mesmos argumentos que usaram contra mim num certo desafio por aqui: falar o nome de algo (no caso do seu texto, a música, o filme, a atriz…) não significa que esse “algo” tenha sido o tema do texto. Não penso que você tenha falado sobre ARTE aqui, mas enveredou por mostrar opiniões e discordâncias entre duas moças. Gosto não é arte. Discordâncias baseadas em gostos, menos ainda.
Coesão – O texto não tem um fio condutor, um ponto nevrálgico que nos permita identificar “sobre o quê”. É uma coleção de diálogos, desconexos muitas vezes, descompromissados (naturais) e que não permitem identificar um conflito.
Ritmo – Os diálogos são bem naturais e deram fluidez à leitura.
Impacto – Achei o texto descontraído, bom de ler, mas nada aprofundado, sem grandes conflitos, sem personagens desejosos, com enredo mínimo (se é que existiu). E não tratou de ARTE na minha opinião. Penso que a literatura lida com o cotidiano o tempo todo, mas faz isso de modo a tornar o cotidiano algo fantástico, e isso eu não vi por aqui.
Um abraço. Espero ler outros dos seus textos.
Bonnie Tyler:
O conto é bem montando e dentro do tema, os personagens são bem construídos e claros, se bem que um pouco estereotipados, e o diálogo é realista. O nome parece só funcionar como pretexto para iniciar a enumeração e não parece ter nenhuma ligação com o conteúdo do conto. A não ser que com ele se pretendesse uma espécie de crítica à superficialidade. Se essa foi a intenção, e para mim isso não está claro de maneira nenhuma, o conto mesmo acaba incorporando o imediatismo trivializado do consumo cultural que critica. O conto vai sistematicamente abordando todas as artes até aquelas que não aborda. Isso faz com que ele se torne um pouco previsível e as transições pouco naturais. Ele não tem bem um final, apenas acaba, como quem se desincumbe de uma tarefa, ticando o último item de uma lista de compras. Isso faz com que ele não se sustente independente do contexto para o qual foi criado e o deixa excessivamente raso, quase como se tudo fosse apenas um exercício ou um jogo.
Dentro do que se propõe a ser, no entanto, ele é bem executado e bem-sucedido. Boa sorte!
Hello, Bonnie!
Ah, quem não gosta dessa música?! E do clipe, então? Uma das coisas mais ridículas que já foram feitas nos videoclipes, e, por isso mesmo, uma das mais geniais!
Bom, adorei esta leitura! Gosto muito de textos escritos em diálogos, tenho vários também. E você fez isso muito bem. Eu achei que em alguns momentos a transição de um “assunto” a outro não foi muito bem feita, e ficou um pouco forçada, mas no geral o conto fluiu muito bem e foi divertido de ler. As duas amigas ou as duas irmãs têm uma dinâmica legal juntas.
Agora, as críticas. As duas personagens, no começo, me soaram extremamente jovens, tipo na faixa dos vinte. Mas as menções aos filmes, músicas, arte digital etc já me remeteram a pessoas da minha faixa etária – avançada, por sinal. Achei um pouco conflituoso isso.
Também não curti muito o lance da live no final; achei que nem fez sentido ser uma live, com uma delas em cima da cama, depois dançando, sei lá, pareceu meio nada a ver, mas pode ser impressão minha. Enfim, pra mim, esse final meio que deu chabu…
Na parte técnica, houve algumas falhas. Entendi que o objetivo foi soar absolutamente coloquial, mas mesmo assim algumas coisas me dão siricutico – sim, eu sou dessas. Peço que perdoe este meu lado Grammar Nazi; eu juro que não queria ser assim – sou insuportável, eu sei, estou em tratamento:
– Vírgulas faltando nos vocativos e nas interjeições:
“— Para Jú, não tá vendo que eu tô lendo?”
“— Para Julia, que chatice.”
“— Tchau pessoal. E viva a arte!”
“Ai que engraçadinha.”
– Aqui tentei ler sem um ponto de interrogação, mas não consegui:
“— Ah, conhece, tá vendo.”
– Faltou vírgula antes e depois deste “sim”. Isso não muda nada a leitura, mas o que é certo é certo hahaha:
“Isso sim é muito brega.”
Faltou vírgula aqui antes de “essa” porque suprimiu o verbo:
“Puta coisa chata essa gravação sobre artes.”
Aqui tinha que ser Jedi com maiúscula:
“tipo espada de jedi.”
“Fica séria que eu vou fazer uma foto sua e colocar a espada de jedi também.”
Não, não: “lembrar algo” é outra coisa. Tinha que ser “do filme”:
“Queria lembrar o filme.”
E eu, a louca aqui dos pronomes relativos, não aguento ver frases como estas. Quando não fica natural escrever como deve ser o certo, eu reescrevo de outro jeito, mas não consigo deixar assim:
“Um efeito que nem sei qual foi a ideia.”
“E para de reclamar porque Rodin a gente não foi ainda.”
Enfim, desculpe a chatice! Seu conto é bem legal, um dos de que mais gostei até agora. Esses foram detalhes mínimos, que em nada tiraram o prazer da leitura!
Parabéns pelo trabalho e boa sorte no desafio!
Olá Bonnie. Gostei do seu texto, que poderia facilmente ser adaptado para peça teatral. Foi esta uma das referências artísticas que faltaram num texto que é estruturado como uma conversa de um casal. Há uma mensagem escondida interessante: o facilitismo que hoje em dia se consome a arte apenas pelo aspecto lúdico, sem se perder tempo na interiorização dos seus significados. O mundo actual parece ter-se tornado num enorme salão de jogos, onde o importante é passar o tempo. A arte transforma-se num passatempo que se pretende de digestão rápida. É esta a mensagem escondida no seu texto. Talvez excessivamente escondida. De resto, parece uma lista exaustiva, como se fosse um menu de um restaurante. Um menu com múltiplas fontes e multimédia, com fotografias e vídeos.
Título, pseudônimo e primeiras falas de letra de música de cantora galesa; conto, estruturado apenas em diálogos (críveis), versa sobre a arte em geral — duas amigas conversam, em uma live, sobre artistas e formas de arte: o que é, ou não, brega.
Texto leve, divertido, dinâmico e despretensioso, quase mesmo um tutorial no YouTube; nível de linguagem popular. No conjunto, pareceu-me uma brincadeira mesmo, através de alusões, enumerando todas as artes propostas pelo desafio. Valeu pelas ilustrações.
Parabéns pela participação e boa sorte no desafio! Abraço.
O eclipse do coração (Bonnie Tyler)
Eu sei que o povo vai detonar a música, mas eu amava, principalmente quando o Sergio Bocca traduzia. Eu não prestava atenção em nada do que ele falava, mas a voz dele era um espetáculo à parte. Love Song Cidade! Estou velha e me orgulho!
O nome não tem nada a ver com o conto, o que quebra o clima da leitura. Também tira o ânimo descobrir que é só uma lista sobre representação artística e, apesar de fazer sentido, não há mais graça.
Estruturalmente é um conto com diálogos quase fáticos, portanto valoriza a interação entre Ju e Carla. Assim, não há como esperar muita profundidade na narrativa, porque ela não existe de fato. O conto é amarrado em um discurso que determina o que e o que não é brega.
Texto e linguagem (do texto) Fáticos. Conto sobre diversas artes. Personagens pouco avaliáveis e de linguagem corrente, pouco profunda. Enredo amarrado ao diálogo, por isso acaba sendo fraco. Espaço: ao colocar o diálogo como uma apresentação ao vivo no final, não colaborou com o conto. Nos contos em diálogo funcionam melhor os causos explicáveis.
O texto feito em diálogos adquiri ritmo, mas como era algo relacionado a um tema universal, a Arte, não cria conexão e, tendo esse a função de expor, faltou exatamente nisso. Parece um texto infantil, mas não pode ser caracterizado assim pelas indicações dos artistas relacionados, já que da forma que está exposto insere a necessidade de reconhecimento imediato.
Infelizmente alguns professores ensinam que um texto tem que ter parágrafos curtos e isso, em alguns casos, descaracteriza o conto, transformando-o em prosa poética ou algo próximo. O mesmo acontece com os textos sugeridos que sejam escritos em diálogos. Ao omitir um narrador, o escritor muitas vezes compromete a forma e o conteúdo.
Óbvio que não sou eu quem vai dizer a um escritor o que ele deve ou não deve escrever e menos ainda como, mas estamos em um Desafio Literário que é também nossa oficina de escrita e assim, negar uma informação ao colega participante é um erro que não me permito cometer.
Ah, sobre a Bonnie Tyler, ainda bem que vocês acharam brega o tal raio jedi e não o cabelo. Aquele cabelo era espetacular na época e eu, mesmo sendo crespa/cacheada usei até os anos 2000, quando resolvi deixar meus cabelos crescerem.
As imagens foram um ganho para seu texto. Aqui, ainda falando da apresentação ao vivo, talvez se ela estivesse sendo esclarecida de imediato o texto passasse mais credibilidade. Mesmo para um diálogo entre duas pessoas íntimas, ampliar um tema como feito no conto, enfraquece a recepção.
Que fique claro, apesar dos senões o texto não é ruim. Parabéns e sucesso no Desafio.
Oi Bonnie Tyler!
Gostei muito dessas irmãs (amigas?) fazendo uma cena numa live de artes. O conto todo é somente um diálogo entre elas e é muito bem feito. Cada uma tem sua personalidade bem desenhada e é uma conversa que soa mesmo real.
Através do diálogo, várias artes são abordadas, sendo que uma personagem tem uma visão mais conservadora e a outra, descolada.
É um conto divertido e dinâmico. Não tem muita profundidade, mas, por que tudo tem que ter profundidade, não é mesmo? É uma leitura gostosa e divertida.
Parabéns.
Kelly
Olá, Bonnie Tyler! Obrigado por compartilhar O eclipse do coração conosco ❤
É muito arriscado colocar uma música como título de um trabalho, porque passa a impressão de que será uma releitura, ou uma homenagem, e seu conto não é necessariamente nem uma coisa nem outra.
A estrutura do texto é boa, o ritmo da conversa é instigante, mas acho que faltou um pouco mais de lapidação na ideia de base.
Por causa da primeira imagem, eu esperava uma narrativa etérea, profunda. Mas todas as outras imagens e vídeos encaixaram bem.
– PONTOS POSITIVOS: A dinâmica entre as duas personagens é crível, A Pseudo-intelectual vs A Descolada é um clichê que nunca envelhece nem perde a força porque é interessante.
Citar os games como forma de arte foi uma ótima sacada, uma vez que ainda há muito debate entre artistas conservadores (Carla) e modernos (Ju) se eles são ou não são uma forma de arte.
– CONSIDERAÇÕES: Revelar que era uma live enfraqueceu o final. O texto inteiro passa uma vibe bem anos 80/90/2000, e no fim tenta inserir um elemento atual que não contribuiu tanto para a narrativa quanto os anteriores.
Senti falta da exclamação em algumas partes do diálogo. Exemplo: “Para, Ju!”
Parabéns! ☮
Olá! Tudo bem?
Seguindo os passos da melhor revisora de todos os tempos, a dileta Claudia Roberta Angst, farei considerações sobre seu conto na forma de A-R-T-E:
A = A arte em si = A arte aparece com sucesso no conto: todas elas, na verdade.
R = Razões para ODIAR o conto (porque sou desses) = O título é piegas até não mais poder..
T = Trabalho de escrita/narrativa = A escrita é boa: está bem encaminhada.
E = Então, autor[a] = Achei o diálogo divertido: foi uma leitura fácil, fluida. Embora os diálogos até pudessem ser adjetivados de fúteis, verdade seja dita: o autor do conto conseguiu representar com perfeição a futilidade das personagens que buscou retratar. Missão dada é missão cumprida!
Parabéns pela participação e boa sorte no desafio!
Olá, Bonnie, tudo bem?
Farei considerações sobre seu conto na forma de A-R-T-E:
A = A arte em si = A narrativa aborda toda a lista de artes – pintura, música, cinema, etc. Logo, o tema proposto pelo desafio foi desenvolvido com sucesso e abundância.
R = Revisão = Algumas falhas:
– Para Jú > Para, Ju [ separar com vírgula o vocativo]
– Canta uma lírica, então. Pavaroti > Canta uma lírica, então, Pavaroti
– Isso ai > Isso aí
– Para Julia, que chatice > Para, Julia, que chatice
– Tchau pessoal > Tchau, pessoal
T =Trabalho de escrita/narrativa = A leitura não encontra entraves, pois o conto é um longo diálogo, o que agiliza muito o seu ritmo. Encaixar todos os tipos de arte e inserir imagens e vídeos como referências tornou o texto divertido, embora sem qualquer profundidade. Foi um refresco para os neurônios, sem dúvida.
a linguagem utilizada é bastante simples e coloquial, o que combina com a fala esperada de duas jovens. Embora a música em questão não é nada atual, e sim sucesso mais da mina geração mesmo. No entanto, não se sabe quando se passa a narrativa, então, tudo bem.
Juntar todos os tipos de arte em um mesmo texto, emendando um ao outro, foi um recurso arriscado, mas que funciona para muitos leitores. Uma vez fiz isso em um desafio antigo com o tema Tarot e … me dei muito mal, mas não foi o caso aqui.
E = Então, autor[a], apreciei o seu conto despretensioso que encanta pela leveza e agilidade da trama desenvolvida em diálogo contínuo.
Parabéns pela participação e boa sorte no desafio.
Ambientação= No tema Artes, Música.
Enredo= Duas garotas discutem sobre artes de uma maneira bem-humorada, uma é positiva a outra negativa, mas que se entendem muito bem.
Escrita= Perfeita.
Considerações Gerais= Gostei bastante do conto e é um dos meus preferidos até agora. Não é fácil escrever um conto só com diálogos, há o risco de acabar sendo superficial com pouco conteúdo, insuficiente para uma boa compreensão das ideias do autor(a), que não é o caso do seu conto pois as imagens dão referência visual ao diálogo, que dispensa descrições do ambiente. A estrutura ficou perfeita, com uma boa estética verbal e visual. Ainda vou escrever um conto assim, só com diálogos, algum dia. Só não gostei do clip da Bonnie Tyler, se bem que o estilo de música é ideal para a voz dela. Gosto mais da Adele, e o pop romântico, mas isso já é outra história rsrs.. Boa sorte.
Resumo: casal discute de forma humorada sobre arte e cultura pop.
Comentário: Conto cômico e pautado em diálogos. Acho que a autora brincou com as referências para falar da numeração das artes. O casal é divertido e a leitura flui bem, sendo que chegamos leves no final do conto. Creio que foi o primeiro texto que fez uso eficiente dos recursos audiovisuais, que aparecem em favor da narrativa. Como o casal discute e brinca, as imagens dão um tom informal, de texto digital, voltado para blog. O final, revelando-se uma live, reforça esse sentimento.
Tive problemas, contudo, com a forma como o texto foi construído. Começa brincando com a música, depois parte para o cinema, mas em determinado momento, quando compreendi que a autora queria abordar todas as artes sugeridas pelo desafio, minha predisposição a crença se foi, e passei a encarar os diálogos artificiais, pois sabia que após falar de fotografia, eles falariam da arte digital, depois da arquitetura, quadrinhos etc.
Creio que seja isso. Um texto divertido, ágil e referencial.
Boa sorte!