Baseado em histórias reais.
Vincent olhou-se ao espelho. Resolveu fazer a barba quando voltasse para casa. Após beber um gole de absinto, guardou a garrafa no bolso do jaleco, acendeu o cachimbo, pegou os apetrechos de pintura e saiu. Caminhou saltitando desviando-se das poças d’água. Havia chovido durante a noite, mas o dia nasceu claro.
O sol o encantava deixava tudo sob uma névoa amarela. Respirando o cheiro de terra molhada na brisa fresca, dirigiu-se para os campos de cultivo.
Saindo da estrada, seguiu por uma trilha entre o bosque de araucárias e o campo de trigo. Próximo do riacho, colocou o tripé no chão. Dali podia ver o trigal, alguns ciprestes e uma casinha ao fundo. Tirou a paleta da bolsa e colocou as tintas.
Antes de fazer o esboço, bebeu um gole de absinto. Abanou a mão ao ouvir um zunido junto a orelha. Achou que era alguma abelha. Fez o esboço da paisagem e começou a pintar. Novamente o zunido, inclinou o corpo e olhou para cima e para os lados. Não viu o inseto. Continuou a pintura.
Com o sol no zênite, resolveu voltar outro dia, no mesmo horário. Limpou os pincéis, a paleta e guardou na bolsa, pegou o tripé, a tela e começou a voltar para casa. No caminho ouviu o zumbido. Imaginou que o inseto o perseguia. Apressou o passo.
Chegando em casa, Vincent encontrou uma carta enfiada sob a porta. Imaginou que era de seu irmão Theo, mas o remetente se chamava Hugo Laverne, um rico comerciante de arte que ele conhecia apenas de nome. Hugo Laverne o convidava para expor um de seus quadros na Primeira Exposição dos Independentes, em sua residência, na Rue de l’Ermitage, n° 31, Versalhes, no sábado, às 16 horas.
Vincent decidiu aceitar o convite. Depois de tomar um banho, foi fazer a barba. Postou-se diante do espelho. Com o pincel de barba fez a espuma, passou no rosto. Pegou a navalha raspou a barba do lado esquerdo. De repente ouviu o zumbido. Achou que era a abelha tentando picá-lo, agitou a mão para enxotar o inseto, acabou dando um talho na orelha.
*****
Paul Cézanne dirigiu-se ao Salon de Paris para inscrever uma pintura na Exposição Anual de Arte. Com a tela sob o braço, ele atravessou a Place du Carrossel e entrou por uma porta ao lado dos arcos. Subiu a escada para o corredor que levava ao salão, no segundo andar. No corredor estava um jurado que selecionava as obras. Monsieur Louis Boyer, juiz, dizia a plaquinha sobre a mesa.
Cézanne apoiou a borda da tela sobre a mesa e retirou o papel para o homem examinar. O juiz colocou os óculos e olhou atentamente todos os detalhes da pintura.
─ Como o senhor intitula essa pintura?
─ A Cesta de Maçãs.
─ A perspectiva é bem estranha. A garrafa está inclinada para o lado, o prato de biscoitos parece estar encostado na parede e ao mesmo tempo no centro da mesa. O lado direito é completamente diferente do da esquerda. A toalha me parece amontoada, destoante do conjunto.
─ É um novo estilo de pintura. Um conjunto que representa formas geométricas. O círculo da cesta, o quadrado da mesa, o triangulo da toalha e assim por diante.
─ Que o senhor inventou?
─ Exatamente.
─ Pois é um estilo bem esquisito.
─ O senhor não percebe a originalidade das formas?
Monsieur Boyer olhou Cézanne nos olhos.
─ Acho que o senhor sofre de astigmatismo. Tem comprovante de formação acadêmica?
─ Não. Não achei que precisasse.
─ Essa pintura é disforme, não tem estética. Além do mais, o senhor não tem formação acadêmica. Não posso aceitar sua inscrição. Boa tarde!
Frustrado, Paul Cézanne pegou a tela e foi embora. Não adiantava insistir. Estava descendo as escadas quando um homem se materializou ao seu lado.
─ Foi rejeitado?
Cézanne aquiesceu com um movimento de cabeça. O homem entregou um cartão de apresentação; Paul Signac, pintor.
─ Vá ao prédio de número 110, do outro lado da praça. Estamos organizando uma exposição das pinturas rejeitadas. Achamos que todos merecem um lugar para exibir os seus trabalhos.
Cézanne agradeceu e desceu as escadas. Não tinha dado importância ao oferecimento de Signac, mas pensando melhor, decidiu participar da exposição. Seria tolo em recusar.
Na entrada do prédio passou por uma carroça transportando uma tela de mais de dois metros de altura. Era Claude Monet, tentando inscrever sua pintura, Mulheres no Jardim. Ele discutia com um dos fiscais que recusava a inscrição da pintura por ser a tela muito grande.
Cézanne conseguiu inscreveu seu quadro na exposição de Paul Signac. Chegando em casa, recebeu um envelope com um convite para jantar.
*****
A exposição foi realizada no salão de festas da mansão de Hugo Laverne. Vincent achava que ele fosse um homem maduro, de cabelos grisalhos, mas Laverne era jovem, bem-apessoado. Estava na entrada, recepcionado os convidados. Ele o cumprimentou, desejando boas-vindas com um vigoroso aperto de mão. Vincent era avesso a vida social, mas esforçou-se para ser comunicativo, simpático. Entregou a tela que havia trazido para o secretário de Hugo, que a pendurou na parede junto às outras obras.
No salão estavam Émile Bernard, seu amigo, os dois haviam trocado quadros.
Henry de Toulouse- Lautrec, Claude Monet, Paul Gauguin, Paul Cézanne, Theodore Gericault e outros pintores conhecidos, além de negociantes de arte.
Ao avistar Paul Gauguin, Vincent afastou-se para o outro extremo do salão. Ele e Gauguin haviam pintado juntos em várias ocasiões, mas o contato diário dos dois não deu certo. Cada um tinha uma opinião diferente sobre o processo de pintar, as discussões se tornaram frequentes até que Gauguin resolveu cortar relações. Sentindo-se ofendido pelo palavrório de Gauguin, Vincent também passou a evitá-lo.
Émile Bernard aproximou-se dele.
─ Machucou a orelha? − perguntou, olhando para o curativo que Vincent havia feito no corte.
Ele decidiu usar um gorro para ocultar o ferimento, mas pelo jeito, não foi bem-sucedido.
─ Um pequeno acidente sem importância.− não querendo falar sobre o ocorrido, mudou de assunto. ─ Qual pintura você trouxe? Alguma antiga?
─ Não. É um bem recente. Venha ver.
Eles foram caminhando ao longo da parede, onde as obras estavam expostas. Émile estacou diante de uma pintura.
─ Casa Entre Árvores, é o título. Pintei em Pont-Aven, próximo do castelo de Rustephan, quando visitava um parente.
Naquele instante, Hugo chamou a atenção de todos.
─ Senhoras e senhores, bem-vindos à Primeira Exposição de Arte Individual do Salão Laverne. Uma oportunidade para pintores exporem seus trabalhos. Ocasião favorável para que quem ama a pintura, escolha a obra que mais lhe agrade, aquela que fará a diferença, que irá embelezar a sua sala de estar, o seu gabinete ou mesmo, o seu dormitório. Temos na sala contígua, canapés e champanhe para servi-los. Aproveitem. Boas compras a todos. Obrigado.
Van Gogh se dirigiu para o bufê. Ali já estava Édouard Manet conversando com Berthe Morisot, sua pupila. Ele comia um mille-feuille, ela segurava uma taça de champanhe e ria de uma piada que ele disse. Van Gogh, pegou um croissant. Ao se virar, esbarrou em Paul Gauguin.
─ O que houve com sua orelha?
─ Nada que te interessa.
─ Estúpido! Eu só fiz uma pergunta.
─ E eu repito que não te interessa.
─ Cavalo!
─ Se eu sou cavalo você é um asno fedorento.
As ofensas continuariam se não fosse a interrupção de Émile Bernard.
─ Vincent! Venha comigo. Quero te apresentar mademoiselle Anna Boch. Ela quer comprar o seu quadro.
***
A exposição estava correndo normalmente. De repente o secretário de Hugo chamou a atenção de todos.
─ Senhores e senhoras. Alguns de vocês me conhecem como Marcel Rishon, secretário do senhor Hugo Laverne, mas na verdade me chamo Robert Hallward.
Ao ouvir aquele nome, Hugo Laverne empalideceu.
Robert continuou falando pausadamente, passando um olhar rápido sobre as pessoas que o encaravam com atenção.
─ Meu tio, Basil Hallward, é conhecido nas rodas sociais de Londres como um homem digno, benfeitor e um grande pintor. Ele dizia que todo pintor coloca na sua obra um pouco de si. Creio que ele estava se referindo ao lado bom das pessoas, ao seu lado positivo. Acredito que o lado negativo, o ruim, permanece oculto. Toda pessoa tem uma personalidade dividia, o seu lado pacífico, honrado e o seu lado primitivo, selvagem, devasso. Olhamos uma pessoa com aparência simpática e pensamos ser alguém digno dos melhores e maiores elogios. No entanto, longe de nossos olhos, aquela pessoa é completamente diferente. Por baixo de sua simpatia, se oculta o seu lado sombrio. O senhor Theodore Gericault, por exemplo.
Gericault aprumou-se, erguendo o queixo. ─ O que tem eu? O que fiz de mau que eu não sei?
─ O senhor Gericault foi ao necrotério fazer desenhos dos mortos do naufrágio da fragata Medusa. Uma pessoa normal não faria isso.
─Eu o fiz para transpor para a tela a expressão do sofrimento dos sobreviventes, a realidade como ela é. Não seja bobo! O senhor está dizendo besteiras.
Robert não deu ouvidos às palavras de Gericault e continuou: ─ Atitude típica dos desajustados. Em vez de exaltar o belo, o senhor Gericault pinta o feio, o horror.
Uma breve pausa e um gesto ─ Temos ali o senhor Eugéne Delacroix, que abordou uma menina órfã nas ruas e a convidou para ir ao cemitério pintar o retrato dela. Por que o cemitério, um lugar praticamente deserto? Quais foram seus reais motivos?
Para que ninguém descobrisse o seu lado mau? Com certeza pagou para que a garota ficasse calada.
─ Pintei o retrato dela no estúdio. Na companhia de Madame Guérin− afirmou Delacroix, indignado. ─ O senhor está inventando falsidades. Não sei qual é o seu objetivo. Se continuar com essas mentiras, eu o processarei.
─ Senhoras e senhores. Talvez alguns de vocês conheçam Basil Hallward. Tempos atrás, ele pintou o retrato de um jovem chamado Dorian Gray. Uma pintura explêndida que ele deu a Gray. Alguns dias depois, Basil pediu o quadro emprestado para expor numa galeria, porém, Gray proibiu meu tio de ver a pintura. Não sei o que apareceu naquela tela depois de algum tempo. É algo tão assombroso a ponto de Gray matar Basil para que não o visse e nem mostrasse aos outros.
Hugo Laverne, até então estático e calado, adiantou-se. ─ Marcel, ou Robert, seja qual for o seu nome. O que você pretende com essas acusações sem sentido? O que você quer? Trabalhamos juntos faz quase um ano. Nunca imaginei que você fosse outra pessoa.
─ Deixe de fingir, Hugo. Senhoras e senhores, o nome verdadeiro de Hugo Laverne é Dorian Gray. O homem que matou Basil Hallward e desonrou a senhorita Sybil Vane, com quem eu iria me casar. Desgostosa pela tragédia que esse homem lhe causou, ela acabou se matando.
Robert fez uma pausa, olhando com desprezo para Dorian. Ele estava pálido, com os punhos fechados, a testa enrugada com uma veia saliente, pulsante, parecia que iria arrebentar a qualquer momento.
─ É mentira! Todos me conhecem. Meu nome é Hugo Laverne.
Robert o ignorou.
─ Basil Hallward, pintou o retrato do senhor Gray. Ele estranhou que, depois de alguns dias, Gray escondeu a tela e proibiu de Basil vê-lo. Basil queria expor o seu trabalho, mas Gray não deixou que ninguém o visse. O que aconteceu com a pintura para Gray não deixar ninguém ver? Um segredo terrível, o levou a matar Basil Hallward. Manipulou a cena do crime para que parecesse ter sido um acidente. Tio Basil me falou em certa ocasião, sobre Gray esconder a pintura e o seu medo, o seu pavor de que alguém pudesse ver o quadro. Após desonrar a senhorita Sybil e matar Basil, Gray fugiu para a França e aqui se tornou outra pessoa. Eu decidi persegui-lo, descobrir o seu segredo, mostrar ao mundo o assassino de meu tio. Senhoras e senhores, venham comigo, faz o favor. Quero lhes mostrar uma coisa.
Robert dirigiu-se para a sala-de-estar e postou-se diante de um espelho ao lado da lareira. Voltou-se, dizendo:
─ Ao ver o belo retrato que meu tio pintara, Dorian Gray desejou que permanecesse sempre jovem e que a decadência do corpo, suas paixões, vícios e pecados, fossem transferidos para o retrato sobre a tela, que a imagem pintada pudesse murchar com as marcas do tempo, da sua vida devassa e que pudesse permanecer sempre jovem e saudável.
Robert voltou-se e pegou o espelho, retirando do gancho.
─ Eis aqui o verdadeiro senhor Hugo Laverne, aliás, Dorian Gray.
Houve exclamações e murmúrios. As pessoas se assustaram com a pintura que havia atrás do espelho. Na tela, o retrato de um homem velho, de cabelos compridos, olhos amarelados, a pele com manchas escamosas, os cantos da boca caídos, a aparência de alguém que abusou por muito tempo o consumo de substâncias tóxicas. Apesar da semelhança, era impossível dizer que aquele era o retrato de Hugo Laverne, um homem saudável, bonito, atlético, que Robert acusava de ser Dorian Gray
─ Seu desgraçado! – gritou Hugo e atirou-se sobre Robert. Segurou o secretário pelo pescoço tentando estrangulá-lo. Mas Robert conseguiu se desvencilhar e empurrou Hugo. Ele acabou caindo para trás, batendo a cabeça na quina da lareira e indo ao chão. Ali ficou imóvel, com um fio de sangue escorrendo sob a cabeça. Uma transformação deu-se início. A magia fora quebrada.
Novamente soram exclamações de horror e surpresa. Hugo Laverne, aliás, Dorian Gray, se transformou no velho que havia na pintura e o retrato voltou a ser o que era quando foi pintado por Basil Hallward, o belo retrato de Dorian Gray.
Seu conto me lembrou um pouco A Liga Extraordinária, só que de pintores. O grande destaque, apesar da implausibilidade, foi colocar a abordagem detetivesca, com o Dorian Gray como culpado, uma agradável surpresa.
Na parte técnica, o texto é fluente e bem escrito, ainda que não tenha me encantado – achei um pouco seco, ainda que cumpra bem a função informativa. Sem dúvida, envolveu bastante pesquisa e um autor conhecedor da História da Arte. As imagens contribuem para quem, como eu, não tem tanta familiaridade com estilos e obras. Desejo sucesso e que continue a nos brindar com suas histórias, Plínio!
Acredito que o excesso de elementos acaba fazendo dispersar a atenção do leitor. Falta coesão em relação ao “prólogo” centrando em Van Gogh, por exemplo. Ainda que o recurso tivesse objetivado na ambientação da grande reunião de artistas plásticos, acaba não se justificando tanto assim no propósito central da narrativa.
Não dá p/ deixar de referir que a ousadia da temática é louvável e impressionante!
Meus parabéns e boa sorte!
Olá, Plínio.
Confesso que estou com uma certa dificuldade de comentar esse conto, rs.
Ele parece iniciar várias histórias, sem concluir nenhuma e, no fim, parte para uma outra completamente diferente, que não precisava se relacionar com nenhuma das anteriores.
No começo acompanhamos Van Gogh e somos apresentados a uma versão divertida do seu famoso ferimento na orelha. Achei que o conto partiria daí para uma espécie de sátira com o pintor ou algo assim. Não foi, rs.
Então vemos Paul Cézanne tendo uma obra rejeitada no Salão de Paris, numa cena realmente divertida, mostrando a falta de tato e de visão de pessoas em posição de julgamento sobre a arte alheia, mas que não leva a lugar nenhum.
A partir daí temos a inserção de vários artista e obras célebres, criando uma expectativa de algum grande evento envolvendo todos eles. Mas essa expectativa também não se cumpre.
Começa a se desenhar uma rivalidade entre Van Gogh e Paul Gauguin, que também gera uma cena divertida e também não leva a lugar nenhum.
Então se inicia o monólogo de Robert Hallward, onde ele acusa pintores de crueldade e abre-se a possibilidade para um debate interessante sobre os limites da arte. Mas também não é isso que o texto quer contar.
Finalmente, a grande virada: meio que era tudo uma espécie de FanFic de O Retrato de Dorian Gray.
Qual a razão para termos acompanhando as histórias anteriores ou o porquê de Hallward querer desmascarar Gray em frente a um bando de pintores é algo que escapa completamente ao meu entendimento.
Como bom fã da obra de Wilde, acompanhei a reviravolta com interesse, mesmo que ela parecesse meio maluca, rs. Foi uma versão interessante para a história, só ficou um pouco estranho que Gray pudesse olhar para o retrato sem maiores consequências. E a cena em que ele cai e bate a cabeça foi um pouco artificial. Mas o conto já havia abraçado o sobrenatural, então não incomodou tanto.
No fim, foi um agradável passeio pelas obras, com direito a cenas engraçadas e uma surpresa amalucada no final. Em suma: me diverti e não cheguei a lugar nenhum, rs. O que não é ruim. Fica como uma leitura agradável, um bom entretenimento. Não é um texto que cause grandes impressões, mas cumpre seu objetivo.
Desejo sorte no desafio.
Abraço.
Terceiro conto e a qualidade se mantém altíssima. Sacada genial, cara autoria, genial mesmo. Ao agregar uma série de pintores ilustres em um só espaço, o texto já cativava bastante por puxar o leitor para o universo das artes plásticas. O trecho em que pintor e juiz artístico conversam, por exemplo, é precioso por vir logo após a pintura sobre a qual se fala. Dessa forma, passei rápido pela pintura, meus olhos incultos vendo a representação de uma mesa de café da manhã desarrumada, mas, ao ler a discussão entre o artista e o crítico, voltei à pintura e enxerguei os seus detalhes, a técnica e a intenção. Foi um trecho breve, mas instrutivo. A “releitura” de Van Gogh também pareceu acertada, rendendo no encontro cômico dele com o seu antigo amigo. Com tantos artistas notórios em uma promissora galeria de arte, imaginei que o texto seria um passeio entre diversas telas, denotando o significado e as tendências por detrás de cada uma… e sim, o texto nos deu isso, mas é aí que veio a melhor tirada da autoria, que foi assimilar o infame “Retrato de Dorian Gray” na história. Não o fez de qualquer jeito. Num monólogo misterioso de um personagem enigmático, primeiro trouxe uma reflexão interessante a respeito do lugar do “feio” nas artes, evocando mais algumas telas interessantes para assimilarmos. É só depois que vem a reviravolta de quem é este personagem e do que ele trouxe para o salão, revelando uma história totalmente diferente da que se lia até então.
Portanto, vê-se aqui um acerto em tema, trama e execução. Meus parabéns.
Olá, Plínio,
Seu conto contempla com folga o tema do desafio. Há duas artes abordadas: pintura e literatura.
Sua escrita é bem objetiva, direta e sem floreios. Um estilo que me agrada bastante.
A construção do texto contou com recursos imagéticos. Boa ideia. O edital abria essa possibilidade e eu, por exemplo, sequer cogitei estabelecer esse diálogo. E é, mesmo, importante para o seu texto inserir as imagens. Elas complementam a narrativa, ainda que mais como ilustração.
Narrativa que, pra mim, ficou um pouco irregular. A inserção de Dorian Gray configura uma quebra muito grande no texto. O tom, ameno até ali, vira do avesso. Vira um suspense, no meu ver, desnecessário. Mudar o tom não é um problema, mas contos, narrativas curtas, podem não ser o melhor gênero para essa dinâmica.
Mas sua ideia é interessante. É um conto didático e com potencial para se conectar com um público amplo. E se comunicar, meu amigo, é o mais importante para um escritor.
Parabéns, por isso e pelo conto de um modo geral. Boa sorte no desafio!
A face oculta
Grandes nomes e imensas obras dentro de um texto só. Talvez o espaço tenha sido muito pequeno para a sua ótima ideia. Faltando espaço, o enredo foi jogado para fora desse caldeirão de criatividade.
Coesão – Aqui o texto peca bastante, na minha visão. São várias histórias com muita energia intrínseca, agrupadas em uma só. Faltou um trabalho de técnica mais elaborado para evitar essa sensação de “e agora isso, e agora aquilo, e aquele outro…”. Começamos imaginando um enredo sobre Van Gogh, (inclusive com um início bucólico retratando o ambiente de pintura dele), mas no decorrer do texto, esse personagem torna-se apenas um enfeite com respostas engraçadas. Outra questão, ainda sobre Vincent, é que a obra dele foi recusada na exposição de Hugo Laverne, mas depois o texto diz “a exposição foi na casa do Hugo Laverne” e ele já com outra obra. Não entendi essa parte. De repente você abandona uma outra boa história (dentro da história) que seria a “exposição paralela”. Já pensou que potência seria contar sobre isso? Veja, se observar, o início da história (que é sempre muito importante para apresentação do enredo e personagens) não tem nenhuma ligação com todo o resto do conto. Enfim, faltou esse elemento essencial ao conto – COESÃO, um ponto nevrálgico que nos conduza por toda a narrativa.
Ritmo – Prejudicado pelas questões apontadas anteriormente e por algumas falhas de revisão gramatical.
Impacto – Fiquei bastante curiosa e considerei a ideia muito criativa, porém, requer mais trabalho técnico de lapidação e enxugamento de sub plots, na minha opinião. Você tem pelo menos umas cinco boa histórias aqui nessa ideia.
Parabéns. Espero ter contribuído um pouco e um grande abraço.
Luciana, vc realmente fez confusão. Quem teve a pintura recusada foi Paul Cézanne e não, Vincent Van Gogh. A introdução do conto com Vincent, foi apenas para dar uma versão de como ele cortou a orelha e para quem ele vendeu o seu único quadro. A parte de Cézanne, foi mostrar que ele era estrábico e percursor do movimento cubista, quando ele detalha as formas geométricas da pintura, está dando início ao movimento que outros pintores seguiriam. Os detalhes sobre os pintores é resultado de pesquisas que eu fiz na internet, pouca coisa foi inventado, é claro.
Antes de continuar, acho justo esclarecer como estou avaliando o desafio. Além duma consideração final, guio-me por três fatores: artístico, técnico e criativo. Não estou participando dessa vez, mas decidi ajudar a movimentar os comentários!
ARTÍSTICO
Dentro do tema.
É evidente. Não precisa falar mais nada. A arte está presenta em todas as linhas: nos pintores, nas imagens, nos salões da exibição. O conto carece um pouco de técnica para criar uma forma mais artística para o texto em si, mas isso não é um problema na avaliação. Apenas uma observação.
Explorou bem a liberdade de imagens do desafio, coube e não teve exageros, na minha visão.
TÉCNICA
Boa, mas falhou na revisão.
A condução natural do texto, assim como o desenvolvimento de toda a história, mantendo o mistério e interesse do leitor, denuncia um escritor capaz. Porém, há muitos erros pequenos, seja de pontuação, seja de Português. Preste mais atenção na hora de lapidar e revisar o texto. É um ponto importante e o desleixo indica que você não se preocupou muito com isso (ou não teve tempo).
Costumo dizer que é uma desfeita com os leitores não se dedicar ao conto de verdade. Estamos doando nosso tempo para ler e nossa mente para fazer uma avaliação sincera e imparcial.
CRIATIVO
Excelente.
Gostei muito da história do conto. Os pequenos detalhes de cada pintor são explorados, como a treta de Van Gogh com Gauguin, que foi hilária, por sinal. O final destoou um pouco do restante do conto, mas não ficou ruim. A reviravolta é satisfatória, apesar da solução do conflito me parecer um tanto sem graça.
Continue assim!
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É um conto muito bom.
Criativo, bem desenvolvido, explora a liberdade do desafio. Gostei, gostei. Se estivesse melhor revisado, seria ainda melhor.
Parabéns pelo trabalho e boa sorte no certame!
Elementos da realidade e da fantasia se misturando gerou uma narrativa interessante, que busca explorar outras noções da realidade recorrendo a uma exposição de obras rejeitadas pela tradição artística da época apresentada. A incorporação desses elementos, pareceu-me meio forçada, mesmo assim a trama soa crível e sarcástica ao discutir o fazer artístico, a não-aceitação do diferente. Lembrei-me de Borges em O livro dos seres imaginários, em que compilou os monstros de outros autores.
Amei o corte da orelha e a situação do Dorian Gray; todas as cenas aparecem de forma bem ingênua, mas divertida, despretenciosa.
A escrita, no geral, está fluida; alguns trechos estão confusos, talvez pela repetição, sobretudo dos nomes, e também pelo excesso de personagens.
Parabéns e boa sorte no desafio! Abraço.
Olá Plínio. Gosto muito de fazer textos como este seu texto. A recriação de momentos históricos, ou mesmo a fusão da realidade com a ficção, como é o seu caso, é um exercício interessante. No seu texto, a fusão é feita com base em diferentes mestres da pintura do final do século XIX, início do século XX. Depois é feita a ligação à história do retrato de Dorian Gray, intimamente ligado à arte (mas mais à literatura do que à pintura, na minha humilde opinião). O problema é que há um excesso de referências, e as mesmas perdem-se à medida que a narrativa avança. Teria optado por uma linha narrativa simplificada, não um compêndio que termina perdendo o sentido no meio de tanta referência. Em termos de linguagem, nada a apontar.
Oi Plínio.
Adorei seu conto. Nada no mundo me preparou para a reviravolta de Dorian Gray. Fui seguindo, me deleitando com as histórias dos pintores e com os quadros e quando fui ver, tudo mudou.
Só não compreendi o motivo das acusações de Robert contra Gericault e Delacroix, se seu objetivo era desmascarar Dorian Gray.
Gostei particularmente da ambientação. Senti-me em Paris, dentro do salão, ouvindo as conversas daqueles pintores geniais.
Quanto à escrita, achei muito boa e fluida, somente o parágrafo em que Robert explica o que Dorian fez me pareceu meio longo e truncado. De resto, foi uma leitura muito agradável.
Parabéns.
Kelly
A Face Oculta (Plínio)
Li e imaginei minha tia lendo e dizendo ao final: “Depois a louca sou eu!” E sim, não sou muito fã desse tipo de recontagem, e apesar do excesso de personagens, seu conto foi muito bem executado. Não costumo falar de edição, até porque temos no corpo de escritores-jurados uns que descem a caneta vermelha com gosto e profundidade, entretanto, dessa vez vou falar. Houve um pouco de excessos de repetições de nomes e de palavras que podem ser retiradas do texto sem amputar sentidos e personagens. As histórias foram entrelaçadas com dificuldade. Ainda assim, conseguem se unir, sem estragar todo o texto.
Agora vamos aos aspectos do conto. Estrutura bem elaborada. Tempo e Espaço: Fantasia e reconstrução de histórias paralelas. Enredo interessante, bem elencado ao tema exposição de pintura e exposição de verdades, embora a abordagem soe um pouco juvenil. Tema: Arte representadas pela Pintura e Literatura – de forma indireta.
Interessante a forma com que você juntou pintores reais com pintores e personagens da ficção. E isso me fez lembrar de uma citação de Llosa sobre mentiras e verdades na ficção: “Convém pisar com cuidado, pois esse caminho – o da verdade e da mentira no mundo da ficção – está semeado de armadilhas, e os oásis convidativos podem ser miragens.” E foi com cuidado que reli seu texto. Com um pouco de raiva, afinal, sou fã de Oscar Wilde e não sei porque sou apegada a Dorian Gray. E Robert Hallward com suas investigações tem um pé em Conan Doyle e isso é quase imperdoável. Sherlock que tem esses rompantes de expor o criminoso como o sobrinho de Basil faz.
A linguagem é muito similar à Literatura Infanto-Juvenil e mesmo o enredo ganha essa roupagem com os diálogos que são um pouco pobres, talvez porque eu esperasse mais de uma escrita que relacione tantos artistas. As discussões beiram as picuinhas infantis e dependendo de como se olha isso é bom ou é ruim. No lugar do “vou chamar a minha mãe” entra Émile Bernard. que interrompe a confusão e leva Vicent com ele.
O desprezo ao fazer artístico que o secretário de Laverne/Gray demonstra pelos artistas que ele deveria representar também é algo incômodo, talvez porque aproxime sua atitude de nossos críticos atuais. A não aceitação do novo por parte do expositor do museu e do sobrinho de Basil é bem construída, não que faça sentido, obviamente. A crítica ferrenha sobre as formas que cada artista pintar seus quadros, tudo isso de forma irônica, desenha todas as acusações da Sociedade quando não entendem o que está posto no papel ou tela. Perfeito.
Pontos fortes. Vicent e o zumbido é muito interessante. Odeio esses zzz de carapanã. Entendo perfeitamente ele e volta e meia fico com receio de passar a faca na orelha pelo mesmíssimo motivo, mas no caso dele pode ser que seja só labirintite.
Também a ideia de tirar as personagens reais de seu lugar e tempo de origem foi sensacional porque possibilitou o encontro que de outra forma seria impossível.
A inserção de Gray na narrativa acontece de forma adequada. E a resolução do caso agora investigativo se dá de forma crível. E, quando parte do ponto de elucidação de um caso para o grotesco, para quem leu o livro, torna tudo verossímil, mesmo que obviamente não termine como na obra de Wilde. Embora a ideia de homem e monstro continue.
Os fatos narrados lembram aquelas ideias malucas que uma pessoa incomum pode ter sobre o que os personagens fazem quando não estão no livro narrando um fato. Mas eu preferia que eles jogassem xadrez ao invés de quase se pegarem por uma bobagem dessas. Se bem que acusar alguém de subornar uma menina para que ela lhe permita fazer um quadro dela no cemitério não é lá uma coisa boba.
O susto que Hugo ainda não dá indícios de que temos em frente o enganador de alma, o satânico e sedutor Gray. Embora sua palidez ao descobrir a dupla identidade de seu secretário seja estranha, não se explica porque exatamente o apocalípse, já que há muitos e muitos anos ou séculos, os pseudônimos sobressaem às verdadeiras identidades de artistas pelo mundo todo. é de desconfiar de algo mais.
A face que Laverne oculta atrás do espelho é sua alma e por mais que eu não tenha gostado desse nome, ele serve bem ao conto, porque diz parte da verdade, sem contar tudo.
A sua monstruosidade exposta primeiro na plano das ideias, com as acusações de assassinato e ocultação de cadáver temos a figuração do indizível (Julio Jeha. 2007). Com a explicação de Robert e a exposição do quadro de Dorian Gray já delatado, temos não a retratação, mas a exposição do castigo desse playboy que passou das rupturas sociais e culturais para o crime com o intuito de esconder sua alma de todos. E, contrariando Luiz Nazário (1988) aqui, o monstro não escapa, sua monstruosidade deixa de parecer indestrutível.
Um conto com uma história conhecida não traz um final surpreendente, obviamente, entretanto, trabalhando com o que tinha o autor aqui fez um trabalho excelente – mesmo que um pouco juvenil demais, como já disse.
Parabéns ao autor pelo texto. Sorte no Desafio.
A Face Oculta (Plínio)
Comentário:
Este texto é daqueles que pegam o leitor pela mão, convidam para um passeio e ele, despudoradamente, se esparrama na história. Não importa se a “arcada celestial” dos pintores é descrita fidedignamente, se são contemporâneos ou não, se tem “mentirinha” na trama, a delícia é participar da exposição, do leilão, da narrativa. Verdade, precisei me controlar pra não fazer oferta por uma tela! Naquele tempo, acho que seria possível…
Você tem uma maneira especial de narrar, falo daquele lance de fisgar o leitor. O texto requer uma minuciosa revisão, há uma pontuação meio desencontrada, frases que podem ter uma construção mais ser mais caprichada, mas o teor, o enredo, a ambientação, tudo é muito criativo, bem concebido. As imagens são presentes para os olhos, nunca é “além da conta” visualizar essas belezuras.
E os diálogos trazem aquela ironia que desopila o fígado! Não há como não rir, é um deboche. Beiram os bate-bocas do tempo de escola, alguma coisa de molecagem.
Enfim, os deslizes já foram apontados em outros comentários, e, por esta razão, não os declinarei. Mas isso é normal, erros podem ser sanados por revisores. O mais importante está com você: a capacidade de narrar.
Plínio, parabéns pelo conto!
Boa sorte no desafio!
Abraços…
Plínio, você viu?! O roto falando do rasgado! “…frases que podem ter uma construção mais ser mais caprichada..” – construção mais caprichada, entendeu, né?! ❤
Olá Plínio. Seu conto me levou a um passeio pelo museu, muito bom. Para mim, seu texto possui três partes bem distintas. A primeira, com Van Gogh, a segunda, com o encontro dos pintores, e a terceira, com a revelação de Dorian Gray.
Para mim, a parte boa do seu texto é a segunda, que traz diálogos interessantes, faz uma mistura do real com o irreal de forma bastante inteligente e, muitas vezes, divertida. Um verdadeiro deleite.
A primeira parte achei descritiva e cansativa. Senti falta de uma imagem que mostrasse a obra Campo de trigo com ciprestes (entendi que se referia a ela). A terceira parte parece ter sido escrita com menos cuidado, mais às pressas. Achei os diálogos mais forçados e descritivos.
Para mim, se tivesse ficado apenas com o miolo e continuado um pouco mais, seria um conto realmente excelente.
O sol o encantava (vírgula) deixava tudo sob uma névoa amarela.
junto a (à) orelha
avesso a (à) vida social
o (a) visse
triangulo – triângulo
recepcionado, dividia (dividida)
proibiu de Basil vê-lo (proibiu Basil de vê-lo)
Um segredo terrível, (tirar a vírgula) o levou a matar Basil Hallward
venham comigo, faz (façam) o favor
“─ Ao ver o belo retrato que meu tio pintara, Dorian Gray desejou que permanecesse sempre jovem e que a decadência do corpo, suas paixões, vícios e pecados, fossem transferidos para o retrato sobre a tela, que a imagem pintada pudesse murchar com as marcas do tempo, da sua vida devassa e que pudesse permanecer sempre jovem e saudável.” – este diálogo precisa ser melhor trabalhado.
abusou por muito tempo o (do) consumo
soram (soaram) exclamações
Olá, Plínio!
Este conto foi interessante e a ideia é bem legal. Teve um lance de literatura fantástica intrigante, mas acho que isso deveria ter sido melhor trabalhado desde o início, porque foi uma reviravolta meio estranha. O início prometia uma coisa e o final ofereceu outra. Isso não é, por si só, um problema; é que a transição não me pareceu muito bem feita. Mas pode ter sido falha minha, já que não tenho muita familiaridade com o gênero. Eu também entendo que, às vezes, na nossa cabeça tudo faz muito sentido e está muito claro, mas está esquisito pra quem lê. É, essas coisas acontecem: meu próprio conto sofre desse mal. 😦
Foi um texto agradável de ler, visto que flui fácil. A escrita é boa e mostra que o autor é experiente. Há, porém, muitos erros de revisão que diminuíram, pra mim, o prazer da leitura. Fui copiando algumas frases que me incomodaram. Peço perdão se não gosta desses apontamentos; é que eu aprecio quando fazem o mesmo comigo:
– Alguma coisa faltou aqui:
“O sol o encantava deixava tudo sob uma névoa amarela.”
– Faltou crase:
“Abanou a mão ao ouvir um zunido junto a orelha.”
– Faltou algo:
“Pegou a navalha raspou a barba do lado esquerdo.”
– “Estava na entrada, recepcionaNdo os convidados.”
– Faltou crase:
“Vincent era avesso a vida social”
– Oração perdida, sem verbo, estranha:
“Henry de Toulouse- Lautrec, Claude Monet, Paul Gauguin, Paul Cézanne, Theodore Gericault e outros pintores conhecidos, além de negociantes de arte.”
– Vírgulas erradas:
“…o seu gabinete ou mesmo, o seu dormitório. Temos na sala contígua, canapés e champanhe para servi-los.”
– Vírgula separando sujeito e verbo:
“Van Gogh, pegou um croissant.”
– Faltou vírgula:
“Se eu sou cavalo você é um asno fedorento”
– “Toda pessoa tem uma personalidade dividiDa,”
– Esta frase não faz sentido. Parece que a menina vai pintar o retrato.
“que abordou uma menina órfã nas ruas e a convidou para ir ao cemitério pintar o retrato dela.”
Pode ser corrigida de muitas formas, tipo “a convidou para ir ao cemitério, onde ele pintaria seu retrato”:
– “Esplêndida”:
“Uma pintura explêndida que ele deu a Gray.”
– Construção estranha. Não seria “Proibiu Basil de vê-la?”:
“Gray escondeu a tela e proibiu de Basil vê-lo.”
– Aqui tem um “Gray” em cada frase. É muito Gray:
“Basil Hallward, pintou o retrato do senhor Gray. Ele estranhou que, depois de alguns dias, Gray escondeu a tela e proibiu de Basil vê-lo. Basil queria expor o seu trabalho, mas Gray não deixou que ninguém o visse. O que aconteceu com a pintura para Gray não deixar ninguém ver?”
– “Façam o favor” e “mostrar-lhes”:
“venham comigo, faz o favor. Quero lhes mostrar uma coisa.”
– Vírgula separando sujeito e verbo:
“e que a decadência do corpo, suas paixões, vícios e pecados, fossem transferidos para o retrato sobre a tela,”
– “Soaram”, “transformou-se”
“Novamente soram exclamações de horror e surpresa. Hugo Laverne, aliás, Dorian Gray, se transformou no velho que havia na pintura e o retrato voltou a ser o que era quando foi pintado por Basil Hallward, o belo retrato de Dorian Gray.”
– Vírgula separando sujeito e verbo:
“Um segredo terrível, o levou a matar Basil Hallward.”
– Houve ainda vários erros de formatação, como aqui:
“Uma breve pausa e um gesto ─ Temos ali o senhor Eugéne Delacroix, que abordou uma menina órfã nas ruas e a convidou para ir ao cemitério pintar o retrato dela. Por que o cemitério, um lugar praticamente deserto? Quais foram seus reais motivos?
Enfim, conto dentro do tema, trama muito criativa. Só não é muito o meu estilo favorito de escrita, mas eu não sou especialista de nada nesta vida. Pode ser que eu apenas não saiba apreciar como deveria; não seria a primeira vez.
Parabéns e boa sorte no desafio.
Conto bem escrito. Quanto a qualidade do texto e adequação do tema não tenho objeções, com as correções que já foram apontadas aqui. Já quanto ao uso das figuras históricas combinado com uma história de ficção já existente, tenho algumas considerações. O conto não se declara como uma história fantástica a não ser quando faz referência explicita ao Retrato de Dorian Gray. Isso faz das imprecisões e incongruências históricas coisas bem desagradáveis, já que elas vão sendo lidas como erros graves. A presença de Van Gogh em Paris quando corta a orelha, por exemplo. Ele estava em Arles e ainda dividindo uma casa com Gauguin. Isso vai tornando a leitura mais e mais desagradável até que o leitor chegar ao ponto de poder dizer: ah! Ok, é uma situação completamente inventada e fantástica mesmo, vale qualquer coisa…
Com isso não estou dizendo que não se possa escrever um romance sobre Abraham Lincoln, caçador de vampiros, por exemplo. Claro que é possível, e já se fez. Mas as regras do jogo nesses casos estão sempre explicitadas desde o início. Isso poderia ser corrigido apenas com alguma mudança no título, que deixasse claro a natureza daquilo que o leitor vai encontrar depois.
Boa sorte!
Olá, Plínio! Obrigado por compartilhar A Face Oculta conosco ❤
Nossa, eu adorei seu conto! No início, eu não fazia ideia do que estava lendo (e pessoalmente adoro leituras que saem completamente do comum). Só consegui compreender sua proposta no meio, e dos três contos que li até agora, o seu é de longe o mais subversivo.
– PONTOS POSITIVOS: A dinâmica entre Vincent e o zunido é sensacional. Cria expectativa, instiga o leitor, muito bom!
Reimaginar personagens clássicos é sempre um desafio, mas você tirou isso de letra! Criou situações e diálogos bem humorados que me fizeram rir em vários momentos.
“─ Que o senhor inventou?
─ Exatamente.
─ Pois é um estilo bem esquisito.”
GARGALHEI!
Sua escrita é fluida, tem um ritmo muito bacana.
Ainda que o humor seja um ponto forte, seu conto foi além das piadas.
“Robert não deu ouvidos às palavras de Gericault e continuou: ─ Atitude típica dos desajustados.”
Frase rápida e aparentemente despretensiosa, mas que estimula reflexão e ainda deu personalidade ao Robert.
Gostei do final com um tom de realismo mágico, contribuiu ainda mais para a subversão.
– CONSIDERAÇÕES: Não é bem um ponto negativo, porque não prejudicou a nota que dei ao seu trabalho, mas eu acho que por ser um conto, teve personagens demais. Eu deixaria umas duas de fora, já que o final é bem mais centrado em apenas uma personagem. No fim das contas, umas ficaram bem mais desenvolvidas do que outras.
Encontrei alguns erros de escrita, talvez por falta de uma última revisão. Exemplo: “personalidade dividia”.
~Comentário aleatório: por pouco não escrevi utilizando a mesma inspiração que você. Cheguei até a fazer o rascunho de um conto inspirado no Dorian Gray também.~
Parabéns! ☮
Olá! Tudo bem?
Seguindo os passos da melhor revisora de todos os tempos, a dileta Claudia Roberta Angst, farei considerações sobre seu conto na forma de A-R-T-E:
A = A arte em si = A arte aparece com sucesso no conto: deparamo-nos com a pintura e com a literatura.
R = Razões para ODIAR o conto (porque sou desses) = O elemento fantástico (terror), empobreceu o conto.
T = Trabalho de escrita/narrativa = A escrita é boa: está bem encaminhada.
E = Então, autor[a] = Achei primorosa a ideia de retratar o desprezo que os especialistas em arte quase sempre dedicam aos contemporâneos.
Parabéns pela participação e boa sorte no desafio!
Olá, Plínio, tudo bem?
Farei considerações sobre seu conto na forma de A-R-T-E:
A = A arte em si = O conto abordou a Pintura como arte, logo respeitou o tema proposto pelo desafio. Também fez referencia à literatura – a obra de Oscar Wilde – O Retrato de Dorian Gray.
R = Revisão = pequenas falhas:
– junto a orelha > junto à orelha
– o triangulo da toalha > o o triângulo da toalha
– personalidade dividia > personalidade dividida
– explêndida > esplêndida
– faz o favor > fazendo o favor
– soram exclamações > soaram exclamações
T =Trabalho de escrita/narrativa = O conto apresenta linguagem simples e clara, sem grandes surpresas. Narrativa sem nada de extraordinário, mas que também não desaponta. Percebi um viés de literatura juvenil, leitura ligeira e agradável
O tom de história policial, explorando o suspense e descoberta de assassinato e troca de identidade, torna a narrativa instigante. Boa utilização do recurso de imagens, destacando as obras dos pintores e a ilustração do romance de Oscar Wilde [que também virou filme, outra arte].
E = Então, autor[a] = Talvez não seja o meu conto favorito de todo o desafio, mas está bem escrito e foi bem-sucedido na sua missão de entretenimento.
Parabéns pela participação e boa sorte no desafio.
Ambientação= No tema. Artes Plásticas.
Escrita= Normal, sem floreios desnecessários.
Enredo= Baseado em histórias reais, realidade e ficção. Pintores reais interagem numa exposição de arte, fictícia.
Considerações Gerais= Gostei da estrutura com as imagens ilustrando o texto. Embora não tenha muita originalidade, é um bom conto.
Resumo: Pintores históricos e personagens literários reunem-se em uma mostra de arte independente. Um grande segredo é revelado.
Comentário:
Caro Plínio. Que conto gostoso, uma aula de história da arte, bastante criativa na forma de juntar figuras históricas que creio que você deva admirar. Imagino seu deleite durante a escrita.
O destaque do seu conto foi o enredo, ao meu ver, bastante inventivo ao interagir com diferentes figuras históricas visando chegar em Dorian Gray, um personagem de um livro que aborda nossa relação com a capacidade que a pintura , e outras artes, possuem de cristalizar nossa juventude, um momento estático da nossa vida. Gostei desse caminho, embora a condução não tenha sido das melhores em alguns momentos.
Me explico.
Por mais interessantes que sejam as figuras históricas, mais a frente, elas perdem a relevância tornando-se uma muleta para preencher o texto com informações sobre história da arte. Senti isso com mais força após a revelação do sobrinho de Basil. As revelações e reviravoltas também acabam tendo pouco impacto, pois amontoam-se no fechamento do texto. Embora você tenha sugerido que Dorian, antes de ter o nome revelado, parecia mais jovem do que o normal, essa pista solitária não me preparou o suficiente para ser surpreendido pela revelação.
Outro ponto é a legenda nas imagens. Pode não ser interpretado como um problema, mas me incomoda quando a ilustração informa dados que já foram ou serão apresentados no texto: se os personagens citarão o nome e autor dos quadros, por que colocá-los legendando as imagens? Elas, sozinhas, teriam um impacto narrativo muito mais poderoso.
Há algumas repetições e confusões com as referências durante o conto, mas nada que prejudique a leitura. Uma revisão mais atenta evitaria o erro.
Gostei da viagem. Um pouco mais de esmero, seria um grande conto!
Boa sorte.