[A1]
Seus pastéis eram sucesso na praça, assim como sua generosidade: sempre distribuía alguns para as crianças, principalmente as mais gordinhas.
Sabia que cuidar da matéria-prima era o segredo do negócio.
[A2]
O pelotão adentrou a floresta, erguendo tochas e brandindo mosquetes. Estavam à sua caça.
Ele sorriu, observando o apontar da lua cheia que prenunciava o banquete.
[B1]
Ele estava nervoso, tentando esconder o volume entre as pernas, admirando a presa brincando com bolhas de sabão, nenhum adulto à vista.
Ela estava calma, saboreando o momento, o sorrisinho infantil quase revelando os longos caninos que formigavam em antecipação pelo sangue que saciaria sua sede.
[B4]
Tocava com alma, sozinho na noite, numa esquina vadia. Era a última vez. Às três da manhã deixaria aquela encruzilhada para brilhar nas principais orquestras do planeta.
Sem alma.
[C1]
Observou com ternura o rosto do marido enquanto desembainhava o punhal. Conhecia como ninguém o valor do casamento: os seus eram breves, e lhe rendiam fortunas.
[C2]
Não sentia remorso algum enquanto preparava o altar — ele a amava, só não conseguia enxergar. O ritual abriria seus olhos, a esposa sequer poderia ser um inconveniente.
Mas foi bastante conveniente precisar de um coração humano como oferenda.
[D1]
Ela via seus sonhos se materializando nas páginas do livro. A capa de pele humana e as letras escritas com sangue não a intimidariam. Na floresta próxima à cabana, o demônio ria; por mais óbvios que fossem os sinais, a ganância dos seres humanos os cegava.
Seria uma alucinante noite de diversão.
[D3]
Carregava uma pequena mala numa mão e um universo inteiro na outra. Dois séculos após sua morte, finalmente pudera deixar aquela casa. Agora era o espírito da menina de quem ela tomara o corpo que lamentaria entre aquelas paredes, assombrando os pais que choravam seu desaparecimento.
[E1]
Papai
Mamãe
Jorge
Ferveu o caldeirão.
Tia Cássia
Camila
Sorveu com gosto o líquido fumegante que fez seu sangue borbulhar.
Tio Rubens
Vovô
Artur
Saiu para a noite com a lista daqueles que deveriam tê-la amado, mas que apenas se ocuparam em feri-la.
Carol
Ágatha
A vingança seria um prato que ela comeria quente.
[E4]
Acordou. O mundo estava vazio. Nenhum ser humano restara. Restou-lhe apenas refletir sobre sua assombrada existência.
O mundo acordou. As pessoas seguiram. Ninguém se daria conta de sua não-existência assombrada.
Pingback: Resultados do Desafio Microcontos 2021 | EntreContos
Olá caro autor/autora
Terror, terror e terror, algumas notas de humor(?!), tenho tendência a não gostar tanto deste gênero, minha avaliação dão deve passar por aí, fique tranquilo(a)., mas estão bem escritos e cumprem o proposto, aquele receiosinho de um conto amedrontador. Funcionam bem como micros e consigo ver os estímulos sem precisar ficar retomando as listas para conferência, mas não sobressaem tanto, tanto assim.
Sua coleção merece destaque por garantir uma identidade a quem escreve e por certamente agradar quem aprecia o gênero. Para não deixar de destacar meu favorito, B1 realmente me deu aquela aflição da iminência da tragédia.
Parabéns e boa sorte!
Olá, Penny Dreadful.
Os seus micros são muito bons, todos eles dentro do clima de horror, terror e fantástico, que, lamento, são géneros que não costumo apreciar (exceto o fantástico que, esse sim, gosto muito), mas isso em nada irá desmerecer a minha análise, uma vez que você demonstra mestria na escrita e no género. Essa sua capacidade de mostrar sem dizer é fantástica. Destaco particularmente B1, não tanto pelas características anteriores, mas antes pelo salto que dá do horror para o terror e onde este proporciona alívio ao leitor; de facto, após o horror do primeiro parágrafo relativo ao pedófilo, o terror que nasce ao perceber o que irá suceder-lhe traz uma sensação redentora. É difícil destacar favoritos, até porque existe uma diversidade grande por onde escolher: existe a precisão cirúrgica em C1, a redenção que já referi em B1; a surpresa inesperada em vários. Mais fácil dizer o que gostei menos, C2. Você constará da minha lista, isso eu sei.
Parabéns pela excelente participação e boa sorte no desafio.
Olá, Penny! O terror não me atrai mais tanto como antigamente, rs, mas foi bom ver micros nessa temática, quebrando um pouco do estilo do que estava lendo até agora por aqui. Gostei especialmente de A2 e B1, gratas surpresas a partir da palavra e da imagem. Gostei da estrutura de E1.
[A1]
Kkk que sacanagem com as criancinhas. Boa ideia. Gostei do desfecho.
[A2]
Muito bom este também. Um microconto que deixa algo sem ser dito mas que é facilmente compreendido, um dos segredos, na minha opinião, de um bom microconto.
[B1]
Aqui você manteve a mesma temática do anterior, também muito bom. A informação dos longos caninos, assim como, no anterior, da lua cheia, já nos colocou no contexto desejado.
[B4]
Este está bom, mas não tanto quanto os anteriores. Não houve uma surpresa.
[C1]
Gostei deste, mas a palavra breves me incomodou… valor (valores) breves?
[C2]
Gostei do da ideia, legal o final. Gostei do uso das palavras inconveniente em contraponto com o conveniente.
[D1]
Um bom texto, com enredo, personagens, suspense. Não entendi o porquê de separar a última frase em outra linha, foge um pouco do formato de um microconto.
Não entendi esta parte “por mais óbvios que fossem os sinais”
Bem nojento esse livro ai…
[D3]
Aff que horror!!! Mais um micro com a temática do terror/horror com uma história completa em poucas palavras. Só achei que o uso da referência ficou um pouco forçada, você nitidamente escreveu a primeira frase, que nada acrescenta ao micro, apenas para fazer uma conexão com a imagem.
O final foi uma boa sacada, gostei.
[E1]
Muito bom esse, adorei. Sugestão: ficaria melhor escrito sem pular linhas.
[E4]
Interessante este. Gostei da ideia.
Olá, Penny Dreadful!
Gosto bastante dessa série e gostei que o conjunto faz jus ao pseudônimo, trazendo uma coleção de micros com pequenas histórias de terror e suspense, abordando as mais diversas criaturas do nosso imaginário dentro do gênero. A primeira metade da coleção é muito boa, já começando com A1 e o “pastel de carne”, uma versão até abrasileirada do famoso carrinho de sorvete americano. O assassino e possivelmente canibal. Muito bom. A2 apresenta nosso lobisomem, B1 traz o vampiro pedófilo, numa primeira vista. C1 brinca com a questão do “até que a morte os separe”, mostrando que também há espaço para o “terrir”.
Mas como seguem um mesmo nicho, a partir da segunda metade acaba perdendo um pouco o fôlego, sinto que se tivesse sido mais conciso em 5 teríamos um impacto maior. De qualquer forma, uma ótima coleção de micros, uma escrita boa e fácil de ler, sem muitas firulas e bastante objetiva, deixando claro a mensagem que quer passar, algo que as vezes temos dificuldade. Gostei bastante!
Uau!! um escritor(A) de terror aqui.. levei um susto! nao esperava por isso, um ou outro conto,tudo bem, mas todos!! estou chocada!
e o q é pior.. todos magnificos!! serio mesmo.
chocou, arrebanhou ou arrebatou? kkkk
Parabens!
vamos lá
A1, aprendeu com a bruxa da casa de doces, muito bem.. hehe (me fome de pasteis… afff)
A2..uau… um pelotão com banquete de lobisomen. divide a ceia ae, camarada!
B1.. aqui a gente pensa que a ‘comida’ seria no significado figurativo e pedofilo (desgraçado) mas não era, a boa e velha degustação de uma menina vampiro! ótimo!!
B4.. aqui nao tem refeição mas o demônio levou mais um! parabens pra ele!
C1, a viúva negra… ^^
C2.. demorei um pouquinho pra entender,no ritual pra conquistar o amado q nao a amava, o coração da esposa deste seria o ingrediente principal.. boa. tomara q o feitiço vire contra a feiticeira :p
D1, nao entendi muito . nao… haviam pessoas incautas na floresta à noite? o q o livro fará ou como o livro se fará? novamente vejo um conto inspirado na imagem do livro, mas q nao usou a imagem do cao e da menina, apenas o livro em si…ahh q pena, nao pude apreciar este micro… 😦
D3 tb não me conectou.. acho q os estimulos visuais nao lhe ajudaram… entendi a ideia, mas o texto me pareceu uma anotação q a gente fa qd tem a ideia, agora faltaria desenvolvê-lo no espaço e no formato d e um micro, sorry, mas tive q dizer isto..não me devore!!
E1 absolutamenete fabuloso!! nao sei nem o q dizer.. dê esta ideia ao Oswaldo.. ele é bonzinho demais!! kkkk
E4, universo paralelo… bom, mas nao brilhou.
apesar dos contos D2… sua coleção de textos de terror, vai pra minha coleção de favoritos, com a máxima certeza.
Abraços
correção: ‘um pelotão como banquete’
Confesso que só descobri a série sinistra do pseudônimo depois de pesquisar no Google. Espero contos contextualizados.
A1 – o humor negro tem seguidores. Eu gosto. A2 – Lógico que gostei. Quero ser seu amigo B1 – Sensacional virada no conto. Infelizmente precisei reler para entender. Putz, ainda estou impactado. B4 – com esse autor(a) nada é obvio. Mandou super bem ou mencionar, sem dizer, do pacto dos artistas com o cascudo. C1 – estou com medo. Não sou afeto a filmes ou histórias de terror. Mandou bem, de novo. Acabe logo com isso! C2- Muito sangue para o meu gosto. ”a esposa sequer poderia ser um inconveniente” merece ser reescrito pq enfraquece o impacto. D1/D3 – talvez os mais fracos contos do conjunto. E1 – muito bom, mas previsível por estar invertido. A linha como caldeirão deveria ser o fechamento, a surpresa. O fechamento clichê jogou om água fria na fervura. E4 – sem comentários. Achei sensacional a uniformidade do conjunto proposta pelo pseudônimo. Parabéns.
Oiiii. Achei interessante como todos os microcontos seguiram a linha do gênero terror e como juntas elas forma uma coleção de pequenas histórias de terror completas. As histórias surpreenderam, com destaque para a primeira em que no final descobrimos que a mulher provavelmente fazia pastéis das crianças(A1) e para a da menina que era observada pelo homem que queria lhe fazer mal, mas que no final descobrimos que ela era uma pequena vampira (B1) e aquele assustador da menina que ficou no lugar da outra(D3). Parabéns pela coleção de microcontos e boa sorte no desafio.
olá, Penny Dreadful. Primeiro preciso lhe dizer que não sou aficcionado pelo gênero de terror. Mas devo também lhe contar que seus microcontos estão muito bons. Você os construiu de maneira bem legal. Parabéns. Creio mesmo que estou diante de alguém que estará no pódio do nosso certame Entrecontos. Caso tenha um microconto que eu possa destacar (ainda mais), diria que o B1 se supera. Já o A2 eu considerei que está um ponto abaixo dos demais. Fica com o meu abraço e o meu renovado parabéns.
Olá caro autor ou autor.
Contos bem escritos que puxam bem para o terror, o macabro, assustador e até mesmo o insólito. Em primeiro lugar escrever sobre esses pontos é difícil, para dizer o mínimo. É necessário apostar, esconder, mentir e até mesmo ludibriar o leitor. É necessário algum talento para dar o verdadeiro tempero de medo a um amontoado de palavras. De maneira nenhum é uma coisa simples de fazer. O horror e o terror não se resume a sangue, tripas, monstros ou assassinos em série. Um exemplo do bom terror é seu primeiro, o A1, onde apenas uma palavra composta muda totalmente o texto, muda o final e muda nossa experiência com o choque e pavor do terror real e original. Isso é escrever um bom terror! Porém nem tudo são flores, depois desse ótimo começo os textos caíram de forma acentuada, hora caindo no óbvio, hora esbarrando no piegas. O assombro se perde e a experiência se prejudica com ideias mais longas e mais enfeitadas que deveriam ser.
PS: A referência à Evil Dead foi entendida pelo capitão aqui. Kkk
Parabéns pelo trabalho e sorte no concurso.
[Penny Dreadfull]
[A1] Ótimo micro fantástico sem necessariamente mostrar algo sobrenatural.
[A2] A mesma técnica do anterior aplicada com a mesma habilidade. Agora ao invés de uma bruxa de João e Maria, um lobisomem.
[B1] A inversão no fim ficou melhor com a mistura de histórias.
[B4] Micros são isso ai mesmo, a última frase. Duas palavras para mudar tudo.
[C1] Uma viúva negra, das mais práticas.
[C2] Continuação do anterior? Fixação por casamentos mal sucedidos? Só sei que funcionou.
[D1] Imagem interessante mas enigmático demais para um micro. Ou eu que apenas não entendi.
[D3] Pesado, direto e bem feito. Que final triste!
[E1] Gostei dos nomes em cada linha. Dá pra imaginar ela andando e citando os nomes enquanto começaria sua vingança.
[E4] Um micro com a típica história de fantasma. Gostei e ficou bem feito.
Micro: Ótimo fluxo mantendo a integridade e intensidade das palavras.
Conto: Terror sofisticado e de bom gosto. O B1 está uma pérola de terror fofo. Os demais mantém o bom nível.
Destaque: Sutil jogo de palavras mostrando mundos paralelos:
“[E4]
Acordou. O mundo estava vazio. Nenhum ser humano restara. Restou-lhe apenas refletir sobre sua assombrada existência.
O mundo acordou. As pessoas seguiram. Ninguém se daria conta de sua não-existência assombrada.”
Olá, caro autor.
Para minha avaliação, utilizarei dois critérios principais: se o microtexto é uma HISTÓRIA e o IMPACTO que ela provocou.
Uma sequência de arrepiar. Muito bem escritos e com efeito aterrorizante, ou seja, muito efetivos na geração do impacto.
[A1] Um texto simpático esse. O impacto não foi tão grande, ao menos até lembrar da imagem do autor e imaginar as piores coisas (affff) É isso mesmo? Putz. As crianças gordinhas eram parte da receita? Veremos mais à frente se confirmo minhas suspeitas terríveis de ótimos contos de horror.
[A2] Amei esse. Um lobisomen (ai que medo!) Ai que micro bom!
[B1] Sério isso? Que nojento esse início. E que sensação boa depois! Não sei nem o que dizer desse conto, ou seja, funcionou.
[B4] Essas sua ultimas frases….quando penso que acabou a coisa mais sem graça do mundo, vem uma tacada. Maravilha.
[C1] Uau! Que frieza, Gelei daqui.
[C2] Esse está um nível abaixo dos demais, talvez pelo excesso de explicações no final. Tente reescrevê-lo de modo mais seco, mais objetivo….talvez.
[D1] Um texto arrepiante, mas confesso que não entendi muito bem quem é a personagem central, tão pouco o enredo. Ficou enigmático, e não considero enigmas para o leitor uma boa estratégia para um micro.
[D3] Ai que medo. Um bom micro. Achei demasiado longo, com uma lentidão de explicações no final, mas bom.
[E1] Fantástico. Efeito aterrorizante. Não gosto de vingança em lugar nenhum, mas num micro como esse, é mais que típico.
[E4] Um trocadilho interessante para encerrar. Não contente em brincar com as palavras e com a nossa imaginação, brincou com os mundos. Acho que o “restaram…restou-lhe” na sequência não ficou muito legal.
Gostei demais da conta. Parabéns.
Prezado(a) Penny Dreadful:
Microcontos de terror, uau! Um diferencial e tanto neste certame… principalmente porque, mesmo tendo existência individual, seus contos têm uma unidade temática e estilística, quase são episódios de um mesmo seriado (como Além da Imaginação ou Contos da Cripta). Destaque positivo para A1, para a inversão de expectativa da pasteleira, e para o C1, pela “Barba Azul” ou Miss Landru. O que menos gostei foi o E4, a meu ver um tanto apressado e fora da linha dos demais. Sucesso, parabéns!
Olá,
Seus contos são muito bons. Gostei do tema macabro adotado. Você consegue gerar surpresa muito bem. Algumas vezes, parece que o resultado será um, mas em uma reviravolta surpreendente aparece o final inesperado, sendo isso feito de forma magistral. Meu preferido foi o B4, que brinca com a palavra “alma”, e com aquela lenda de músicos que entregam a alma ao diabo para ganhar fama ou domínio do instrumento.
Boa sorte.
Olá, Penny!
Olha, eu adoro terror, seja no audiovisual, seja na literatura. Então, quando vi seu pseudônimo, pensei que teria uma experiência maravilhosa. Eu gostei, sinceramente. Você escreve muito bem, sabe o que está fazendo. Eu poderia encarar seus textos como clássicos, releituras de situações marcantes, mas não consegui tirar da cabeça que era tudo um tanto genérico. Os acontecimentos, a tentativa de criar um impacto no final, etc. Fiquei com essa sensação. Li antes, outro dia, reli hoje mais cedo e fiz uma releitura agora, antes de comentar. Mesmo assim, a sensação continuou. Pelo domínio na labuta, fiquei com a sensação que poderia entregar muito mais do que entregou. Parece que foi proposital e vai funcionar muito bem com algumas pessoas, mas tem micros aí que denunciam sua criatividade. Eu adoraria vê-la em ação. Imagina uma cidade, com várias situações insólitas e sinistras acontecendo, num macro que não prejudicaria a individualidade do micro. Você poderia ter desenvolvido algo do tipo, com enredos mais originais e com certeza honraria o pseudônimo.
Meu micro favorito é E4. Apesar da premissa desse texto ter sido usada bastante nesse certame, o tom de terror deu um charme extra para a situação. E fiquei imaginando o qual agoniante seria essa solidão assombrosa, com o mundo continuando, apenas eu, sozinho, num mundo vazio, tendo apenas eu e eu. Gosto bastante da ideia. Não de ficar sozinho, claro, mas do conto, hahaha.
Parabéns pelo trabalho. Ele é ótimo, não se engane, eu apenas queria algo a mais, pois senti que você poderia entregar isso.
Confesso que quando vi o pseudônimo referente às publicações de terror Penny Dreadfuls fiquei com receio. Afinal, já vi o uso antes e confesso que as publicações não foram como as esperadas. No seu caso foi diferente. Seus contos estão bem ambientados nos subtemas que escolheu, possuem uma linguagem crível, estão estruturados de forma correta e convencem muito bem.
[A1] traz o terror sutil, imperceptível até o momento em que a ruptura textual acontece e percebe-se que é um conto de canibalismo. Embora use palavras no contexto denotativo, o que é uma grande sacada, o conto é de uma credibilidade monstruosa.
[A2] traz a manta semântica perfeita que aponta para um tempo distante do leitor – tochas e mosquetes – e ao mover-se dos primeiros personagens temos já desenhado clímax e desfecho: “Ele sorriu, observando o apontar da lua cheia que prenunciava o banquete.”
A falsa inocência daquela que o monstro acredita que vai abater em[B1] é um espetáculo de subversão, em uma virada preciosa a doce menina é a caçadora. Perfeito.
[B4] também traz um conto bem escrito, mas meu preconceito com que destrói músico é maior do que minha veia de pesquisadora, por isso, não curti. Entretanto, como conto tem toda estrutura e tem uma ruptura interessante.
[C1] também é um conto perfeito. A ternura em uma viúva-negra deu até um calafrio na alma. Perfeito! Como também o é o conto em [C2]. [D1] também é muito bom.
D3] é assustador. O uso da imagem descontextualizada, movendo-se depois para o tema deu a riqueza necessária para que esse fosse o seu melhor conto. Parabéns!
A lista de [E1] é perfeita. A construção mista entre listas de nome e procedimento para a vingança dá toda a credibilidade necessária para que esse seja também um conto espetacular.
[E4] também funciona bem. Gostei dessa ideia de suma “não-existência assombrada” porque passando para o plano das possibilidades, é a representatividade daqueles que vivem a eterna invisibilidade da existência
Parabéns!
Sucesso no Desafio.
Olá, Penny Dreadful.
Tô sentindo um cheiro diferente… É carne humana no calderão ou seria cheirinho de campeã no desafio? Tô na dúvida.
Muito interessante a sua coleção. A escolha temática dá força, coerência. Faz o leitor mergulhar em um universo de terror, no qual crianças são a carne do pastel de amanhã ou escondem caninos que vão devorar o tarado da praça. Você tem habilidade com narrativas curtas, talvez seja alguém que pratica essa escrita diariamente, ein?
Alguns microcontos foram um pouco previsíveis para mim, como o primeiro. Essa coisa de pastel de carne humana é mais comum do que deveria. É o risco do recorte temático: a gente sabe que uma história de horror tende a ter a perversão da mulher que mata o marido, a amante que arranca o coração da esposa traída e o pelotão que vira banquete na floresta. Mas isso não atrapalha – a gente ama ler histórias e “adivinhar” o ruma que elas vão tomar.
Parabéns pela coleção! A2, B1 e B4 são meus prediletos.
Boa sorte no desafio!
só depois de ler todos que entendi “matéria-prima” do A1. gostei de todos, sem exceção, curtos, simples, plot twist que funcionaria muito bem se os contos não tivessem o mesmo estilo. depois do terceiro, as conclusões já eram esperadas. isso não é uma critica pois caso não fosse um concurso, os micro contos seriam lidos um a um, separadamente. difícil escolher um melhor. adorei A2, B1, D1, C2. parabéns, ótimos contos, boa sorte.
Microcontitos que me lembraram as histórias que eu contava para meus sobrinhos, escondida da mãe deles, claro, quando eram bem jovens. Gosto. Aliás, para mim é no terrorzinho que as micronarrativas funcionam melhor. Mesmo nos mais simplesinhos, como B4, vc conseguiu gerar um efeito bacaninha. Meu preferido foi E1. Como adoro terror e sou uma autêntica bobonauta, seu nome provavelmente figurará no topo do meu voto. Sorte! Abraço de Feliz Páscoa!
E sangue o que vcs querem? É Penny, mas pode lhe chamar de Tarantino ou Jordan Peele. Com você, vou fazer diferente e listar os contos, que da sua coleção, considerei mais fracos: C2 e D1, mais porque alguma coisa me escapou. Viu? Somente dois. O resto adorei. Criatividade a todo vapor. Parabéns e boa sorte.
MICROCONTOS – 2021 PENNY DREADFUL
A1: Microconto enxuto e conciso com um final intrigante. Gostei.
A2: Conciso e eficiente.
B1: O tema da agressão e do perigo inesperado se repete, mas eu o acho demais. Para mim isto não combina bem com o estímulo da imagem.
B4: Ideia interessante. Acho que tem potencial que precisa de mais elaboração.
C1: Eu não sei se quero ser seu amigo com tantas fantasias violentas. Mas este microconto deu muito certo, sucinto e com efeito.
C2: Putz, essa violência parece o tema da sua coleção mesmo. Mas desta vez não funcionou na minha opinião: o microconto não me convenceu, um pouco sem graça e sem tensão.
D1: Não vejo boa coerência entre o estímulo e o seu microconto. E repete sempre a mesma narrativa: um relato inocente seguido por um anúncio de desgraça/violência iminente.
D3: Novamente um pouco rebuscado demais para o meu gosto; para mim com fraca conexão com a imagem da menina.
E1: Gostei deste microconto, acho até o melhor em relação a interpretação do estímulo e da solução inovadora encontrada.
E4: Não entendi bem este microconto. Os humanos desapareceram e depois sugiram? Ideia interessante, mas mal elaborada.
Para meu gosto, muita violência nos microcontos com narrativas seguindo o mesmo padrão, mas ainda com certo charme.
Parabéns pelo trabalho arrepiante e boa sorte no desafio!
Ilustração e pseudônimo apresentam de forma certeira a coleção de micros — pequenas estórias de terror e fantasia. Mas acho que o valor delas está acima de “1 Penny”.
Escrita competente, personagens consagrados, bem dosados o sarcasmo e o suspense.
Preferido? — a viúva negra, o mais conciso.
Parabéns e boa sorte no desafio! Abraço.
Pequeninas histórias de terror, tem de tudo para os adoradores do horror. Se eu tiver pesadelos, posso culpar você?
Tudo bem escrito, com requintes de tortura…
Apenas me incomodou um pouco a repetição do verbo em “Nenhum ser humano restara. Restou-lhe […]”
Meu favorito, cruzes, foi o primeiro que me surpreendeu – tadinhas das criancinhas fofinhas.
Parabéns pela participação e boa sorte.
Caro(a) autor(a),
Microcontos com um pé no horror, na fantasia… Muito bem escritos, coesos, com boas escolhas de palavras, roteiro, trama, final surpreendente em alguns; em outros, o óbvio, mas bons igualmente. Os microcontos A1, A2, C1 são os destaques desse conjunto.
Boa sorte no desafio.
Penny Dredfull, gosto muito de A2 e B1. Achei ricos em suspense e bem escritos, com ótimas ideias para o clímax.
Os demais, ok, com exceção de E1, que não emocionou.
Parabéns e boa sorte.
Microcontos – 2021 Penny Dreadful
[A1] – Palavras: PRAÇA
Santa Rita, que conto de terror! Agora, o Chico Picadinho do pastel. Texto forte, horripilante.
[A2] – Palavras: PELOTÃO
Outro texto forte. Com a Lua Cheia, o lobisomem apareceria.
[B1] – Fotografias: a criança com bolhas de sabão
Este texto, não fosse o nojo que suscita com o abuso da criança, seria uma leitura legal. Mas a descrição do homem planejando o ataque dá um desconforto revoltante. Não é leitura agradável. O que não tira o mérito de ser um texto bem construído.
[B4] – Fotografias: CLARINETISTA
Um suicídio, uma “viagem”, uma transformação macabra?! Texto triste e bem escrito. O leitor decide.
[C1] – Frases: “Há coisas que são preciosas por não durarem.”
Eita! A “viúva negra” ataca! Texto curto e direto.
[C2] – Frases: “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos.”
Penny Dreadful, você seguiu a série ao pé da letra. É assassinato pra todo lado. Coração arrancado. Texto bem escrito.
[D1] – Ilustração: livro aberto
“A capa de pele humana e as letras escritas em sangue…”, carnificina danada. O enredo é muito bem elaborado.
[D3] – Ilustração: a menina com a mala
Escrita densa, a ideia é bem construída. A cacofonia incomodou.
[E1] – Músicas: A Lista (Oswaldo Montenegro)
Eu havia imaginado que o autor faria uma “sopa” dos desafetos. Brilhante ideia.
[E4] – Músicas: O dia em que a terra parou (Raul Seixas)
O despertar do “monstro”, da “assombração”. Fechou muito bem.
Penny Dreadful, tudo certinho, dentro do vidrinho. Sua criação seguiu uma linha de suspense, de terror. Coerente, bem pensado. Parabéns pelo trabalho!
Boa sorte no desafio!
Abraços…
Olá, Penny Dreadful.
Como seus micros tem uma unidade de gênero, preferi fazer um apanhado geral ao invés de comentar texto por texto.
O que dá força a essa coleção é justamente sua unidade temática. Temos aqui uma boa variedade de personagens típicos de histórias de terror: vampiro, lobisomem, fantasma, demônio, viúva negra, bruxa, de tudo um pouco. E um assassino de crianças, porque nunca é demais, rs. A sequência toda tem bem o climão pulp que você anuncia pelo pseudônimo.
Individualmente, os micros não têm grande destaque. Não há algum que realmente brilhe. Por outro lado, também não há nenhum que comprometa o todo. Ganha pontos pela regularidade.
A referência a Evil Dead poderia ser mais sutil. Mas tá valendo.
Boa sorte no certame.
Abraço.
A 1- Um micro impactante. Terrífico.
A 2- Lobisomem à vista!
B 1- A pequena vampira jantará essa noite.
B 4- Muito bom.
C 1- A Viúva Negra faz mais uma vítima.
C 2- Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos.
D 1- Correspondência um pouco dúbia com a imagem, mas está valendo.
D 3- Um drama forte e emotivo.
E 1- Uma lista de tarefas.
E 4- Um trocadilho magnífico.
Prezada Penny Dreadful. Só quem viu a série sabe quem vc é. Seus micros contos tem por subtema o Terror. Foi uma ótima ideia fazer algo diferente, sair do normal, aliás poucos autores foram originais em suas obras. Nem todos gostarão. A arte de escrever não é só poesia, tardes ensolaradas e chá com biscoitos. Parabéns.
Oi Penny Dreadful!
A-D-O-R-E-I seus contos de horror. Originais e aterrorizantes, cheios de estilo, bem escritos, bem direcionados.
Um dos meus preferidos.
Meu favorito foi o E1.
Parabéns e boa sorte.
Caro Penny, gostei do que fez, de manter um ritmo e tema em todos os contos. Como o título e a imagem sugerem, a toada é essa mesmo, de horror, ironia rápida, quase de terror trash. Claro que, assim como boa parte dos textos do desafio que optaram por se alongar em dez contos, nem sempre todos se sobressaem, caso de D3 e E4, que senti aquém dos demais, o último um pouco confuso enquanto D3, não sei, faltou um impacto maior e a imagem ficou clara demais durante a leitura.
Destaque:
“Observou com ternura o rosto do marido enquanto desembainhava o punhal. Conhecia como ninguém o valor do casamento: os seus eram breves, e lhe rendiam fortunas.”
Gostei demais de B4 também, mas C1 tem um jogo com a palavra valor, é mais enxuto e direto que os demais.
Parabéns e boa sorte no desafio!
Olá, Penny Dreadful!
Então, seus minis de terror anunciados pela imagem escolhida — ri desses anúncios aí — e pseudônimo (que liga mais a pasquim que a série), são bons. Mas minha avaliação vai misturar criticas e elogios, ok?
Temos lobisomem, vampiro, bruxa, fantasma, possessão, a referência a “Uma Noite Alucinante”… Todas as ideias são boas, todas as imagens igualmente boas, climão também dentro do terror/horro, mas houve algumas derrapadas na estruturação dos textos, seja pela explicação excessiva ou mesmo a descrição que retira a possibilidade de sugestão porque fecha o texto entregando o sentido mastigado, entende? Veja o caso do texto [E1] cuja lista vai ganhando sentido com a explicação mínima deixando o leitor alerta e prestes a deduzir que se trata de uma lista para travar vingança, mais aí vc insere “Saiu para a noite com a lista daqueles que deveriam tê-la amado, mas que apenas se ocuparam em feri-la.” e isso quebra as pernas do texto, relevando todo mistério mastigadinho. Em todo caso, a ideia é verdadeiramente boa e a lista brinca com o sentido que a canção oferece, além de flertar com outro estímulo que foi a ilustração da bruxa. Há também a mesma pressa e mastigação no texto da viúva negra, onde a mulher está prestes a matar o cara. Só faltou inserir o meme
Os melhores textos (pra mim) e melhores executados foram: [A1] pelo humor e por sugerir que o recheio é carne de gente, mas de forma simples que dar tom ingênuo a algo tétrico. Sempre um bom casamento de elementos. E também o [A2] que dá uma outra roupagem para pelotão, embora tenha o mesmo sentido, pelo menos está em época diferente. O plot é fechadinho e sem muitos chamativos, dessa forma só cumpre o papel de entreter e oferecer imagem de terror/horror. Já o [D1] o sentido cresce mais para quem conhece a referência “Uma Noite Alucinante”, para quem não viu o filme o efeito não é o mesmo, mas não perde a força. Se posso, sugiro que retire o pronome pessoal que inicia o texto, assim fica impessoal e pode tanto casar com a versão masculina ou o reboot com uma mulher. No [D3] temos uma possessão e é um exercício bacana verificar o estímulo e sentido que vc deu. O conto possui uma cacofonia que arranha quando a pessoa ler “Carregava uma pequena mala numa mão” = mamão. Já o [B1] o fato de sabermos que o pedófilo vai se dar mal, causa uma espécie de anticlímax, no sentido de terror que o texto pretende, pois o terror psicológico escolhido inicialmente já dava conta do recado ao inseri a criança sendo observada pelo predador. O do sacrifício é igualmente explicativo e o do saxofonista na encruzilhada cumpre bem o papel de oferecer imagem bizarra, só o impacto é que não é tão grande a ponto de se destacar.
No geral, achei que todos cumpriram o papel pretendido, estão dentro do gênero que vc anunciou e foram eficazes e ousados quanto a forma de trabalhar os estímulos, mas a estrutura fez perder pontos.
Parabéns e boa sorte!
Muito bom, muito bons mesmo, os contos. Especialmente o A1, E1 e E4. Em ordem, o humor, o humor s sádico e a decepção de não ser notado, no mundo parado ou não.No E1, a vingança, então, é genial.
Há uma uniformidade na apresentação e assunto dos contos. A mesma autoria os perpassa.