Tudo na vida é muito fugaz. Quais são as coisas que permanecem, quais as que nos motivam a mais? Há momentos que lembraremos por mais tempo e outros que esqueceremos em alguns anos; dias; minutos. O que fica então, de verdade, marcado em nós? Tudo passa. Nossa vida passa.
Havia coisas que Wang não gostava de pensar, não gostava sequer de cogitar, mas assim como as coisas não permanecem para sempre, alguns pensamentos nos cercam de tal forma que se escondem no fundo de nossas almas. O que pode ser um tanto contraditório. Como algo poderia estar tão intrinsecamente enraizado dentro do nosso âmago e ao mesmo tempo sentirmos como se nada fosse realmente durar para sempre?
Ele ouvia as palavras sendo ditas ao fundo enquanto sua mente vagava por estradas que só o levariam a um profundidade agonizante, uma que ele não sabia sequer cogitar de onde vinha, mas que, contraditoriamente, parecia vir de muito longe. Muito antes.
Até que uma frase o fez saltar da cadeira, olhos arregalados e coração disparado, parecendo querer saltar de sua garganta. Ele não sabia sequer se estava respirando. Aquela frase. De onde vinha? De longe. De antes.
– Sr. Wang, posso lhe tirar alguma dúvida?
– Repita isso.
– Perdão?
Wang olhava diretamente nos olhos do homem. Por algum motivo não se lembrava de onde estava, o que estava fazendo ali, ou quem era tal pessoa. Parte de seu cérebro gritava dizendo que devia respeito aquele homem simplesmente por sua posição acadêmica de alto reconhecimento, a outra parte estava em uma espiral de sentimentos que eram inclassificáveis e incompreensíveis.
– Repita a frase.
Sua voz adotara um tom que jamais havia possuído, uma força que não sabia conciliar a si mesmo. Seu semblante tomara uma forma jamais retida por aquele rosto. O coração doía, uma dor que parecia vir de muito longe. Muito antes.
– Se refere a expressão muitas vezes traduzida de forma leviana pelo vocabulário ocidental? Ah, sim, compreendo sua indignação, realmente a tradução parece que não abrangente todo o significado e peso das palavras. A expressão [我曾經把你當做我畢生知己], geralmente traduzida para “Eu costumava pensar em você como uma alma gêmea para toda a vida”, como mostrada, pode trazer um significado muito mais aprofundado. Pode-se ver que a expressão pode passar significado de “alma gêmea”, porém devido a profundidade epistemológica das partículas contidas na frase podemos ter significados distintos. Por exemplo os ideogramas 知己 zhiji, traduzidos literalmente para “aquele que me conhece”, pode ser considerado totalmente válido. Para nós ocidentais do século XXI a palavra Amor – 愛 ai – é considerada e tida como a forma mais alta e perfeita de um relacionamento, porém nos conceitos da China antiga tal visão não existia e em vez de termos a palavra 愛 ai, amor, com tal, teríamos 知 zhi, saber, conhecer. 知 zhi seria a forma e sentimento mais profundo em que duas pessoas poderiam se relacionar; a base do mais sólido relacionamento. Como dito em poemas onde o relacionamento fosse tal, no evento da morte de uma das entidades pertencentes a tal relacionamento a outra jamais retornaria ao seu estado anterior; onde a música não seria mais tocada, pois a única pessoa que capaz compreendê-la havia deixado esse mundo, por exemplo. A profundidade era tanta que valeria a pena morrer por tal relação.
– Podemos então verificar que tais partículas podem ser traduzidas para “alguém que compreende a melodia de minha alma”.
– Agora, para os ocidentais a expressão almas gêmeas tem um certo peso, não há como negar, porém devido a complexidade dos ideogramas componentes da frase, esse significado parece não capturar completamente a profundidade de tal…
Almas gêmeas. Aquele que compreende a melodia da minha alma. 知己 zhiji. Wang sequer registrou o que estava fazendo. Seu corpo se movia por conta própria, seus pensamentos pareciam se alternar entre as frases e a necessidade de desvendar tudo aquilo. Algo o puxava, o ordenava a andar. Respiração entrecortada, pés caminhando, trotando, correndo. A mochila caída já não importava. Suas pernas, correndo, importavam.
Não havia destino. Não havia porquê. Não havia nada. Só o muito longe. Muito antes.
Seus ouvidos zumbiam e seus olhos nada viam. Respiração arfada. Pulmões levados ao extremo. Coração descontrolado. Pernas ardendo. Ele corria sem saber para onde, por que ou para quem. A frase o fazia perder os sentido, a noção, a visão. Teria que achar. Mas o que? Teria que correr. Mas para onde? Teria que ver. Mas o que? Teria que encontrar. Mas quem?
Almas gêmeas. Aquele que compreende a melodia da minha alma.
Que infernos significava aquilo? Já não sabia. Não sabia quem era. Onde estava ou para onde ir. Não sabia seu tempo ou seu estado. Não sabia se encontrava-se muito longe ou muito depois. Mas tinha que achar, encontrar, ouvir.
Por onde? Qual caminho deveria seguir, qual direção? Ele corria a esmo, sem uma direção exata, mas algo lhe guiava, direcionava. Corria. Era perigoso. Correr a esmo no meio da cidade sem olhar nada ao redor. Cidade? Corria entre árvores e montanhas. Entre prédios. Corria por rios. Entre carros. Mas corria. Onde estava? Para qual lado? Através de quais rios, quais lagos? Atrás de quantas montanhas? Atravessando quantas avenidas? Respiração arfante. Coração gritante. Na garganta.
Então ouviu, e de lá vinha, uma direção mais certa, por ali, gritava seu coração. Suas pernas já não mais lhe davam suporte, e ainda assim corria. Para muito longe. Muito antes. Podia ver vestes negras como a noite e outras brancas como a neve. Podia sentir o aroma do vinho proibido e o sabor da pimenta que nunca comera. Podia ouvir gritos e choros, risadas e promessas, regras recitadas e quebradas.
Uma promessa de sempre velar pela justiça e viver sem arrependimentos.
Ele precisava encontrar; precisava ver e ouvir. Onde? Onde estava? Ouvindo a melodia, deixando que ela o guiasse. Deveria olhar ao redor, andar, correr? Não, correr não era o suficiente, não mais. Precisava olhar, ver. Precisava estar. Seus passo corridos, respiração arfante, coração ardente. Estava ali, ao seu redor. Seus olhos percorriam seu entorno e seu corpo tremia pelo esforço. Sentia-se perdido.
Suas mãos escorregaram por seus cabelos, puxando os fios, buscando um momento de claridade. Por qual caminho? Pelo caminho aberto e certo? Ou pelo caminho estreito e escuro? Não. Não importava por onde. A melodia o guaria, a canção os conectaria e o levaria. Deixou-se voltar, sentir o que há muito não sentia e ali estava. O caminho, o único caminho. Arfante ele tornou a correr, suas pernas ardendo. Sua alma lhe guiava. Ele chegaria.
E chegou. Não importava onde mas chegou. Ali estava. Uma música. Uma canção cujo nome já não mais recordava, mas que sabia; guardada estava, no fundo de sua alma. Puxando-o. Levando. Guiando. Algo que parecia conter um nome. Uma fita. Uma fita branca com símbolos de nuvens. Nada fazia sentido.
Mas ali estava. Havia caído e depois de muito retornado. Perdido e levado. Mas a melodia ainda estava lá. Sendo compartilhada onde quer que estivessem. Haviam se perdido e reencontrado. Através do tempo a conexão permanecia pura. Desde muito antes. Muito longe.
Seus passos agora leves e trêmulos. Em sua frente, finalmente, a melodia. A fita, uma flauta. Um olhar. Um olhar que havia perdido. Esquecido. O nome, como havia esquecido o nome? Não poderia. Jamais esqueceria. Por eras e eras aquele nome permaneceria gravado em sua alma.
– Wei Ying.
A música parou e a flauta foi abaixada. O corpo a sua frente lentamente voltou-se para si. Ali no meio de uma rua movimentada, sem sequer saber onde ele havia encontrado algo que muito havia perdido, mas que jamais deixaria, jamais se desvencilharia.
Os olhos eram os mesmos. Os mesmos de muito longe. Muito antes.
Olhos que já transbordaram amor, dor, perda e sonhos. Olhar que capturara sua alma para todo o sempre, que vira tudo e não vira nada. Olhos que o guiavam a uma dor profunda e duradoura, mas que o acolhera, tempos depois, e o reconstruíra.
Podia recordar-se de um sorriso; de alguém que mudara tudo, de alguém que desafiara seus conhecimentos, arrancara suas regras e remodelara suas crenças. Lembrava-se de caminhos tortos e perigosos, que levaram-no a uma perda que tinha gravada no peito a ferro e fogo. Lembrava de decisões que foram chicoteadas em seu corpo e rasgaram sua alma.
Via fitas. Uma branca e uma vermelha. Uma flauta e um guqin. Montanhas e coelhos. E via aquele um sorriso. O sorriso que mudou tudo e todos. Um sorriso que havia mudado tudo o que sabia e tudo o que acreditara.
Mas nada disso mais importava. Lá estava o sorriso, os olhos. A alma. Aquela que compreende a melodia de sua alma. Seus olhos viam além, num mundo distante, onde ele usara branco e o outro, preto. Uma era distante onde haviam se separado e reencontrado.
Como agora.
Muito passou. Ou pouco. Mas os olhares permaneciam como numa vida distante. Conectados e cheios de significado. Cheios de amor. Olhos de quem conhecia tudo. Olhos que o conheciam.
– Lan Zhan
Uma fita foi estendida e em seus dedos pousava novamente. A fita de seu clã. Já passaram-se eras. Muito tempo. Muito longe. Mas agora tudo estava bem. Seu Wei Ying. A música de sua alma.
Quem disse que tudo é passageiro? Quem prova que nada permanece? Como negar algo que está a centímetros de seu corpo, mas que vem de tão longe, de muito tempo. Nós esquecemos muitas coisas em nossas vidas, algumas tão fugazes que jamais serão lembradas, que passarão em um piscar de olhos para nunca mais retornar.
Mas há coisas, coisas que permanecem. Elas são gravadas em nossa alma, e mesmo que momentaneamente as esqueçamos, elas permanecem ali até que estejamos prontos para reencontrá-las. Até que possamos retornar a elas.
E assim era.
Retornaríamos àquele que compreende a melodia de nossa alma. Assim como Lan Zhan e Wei Ying.
Finalmente estavam retornando a Gu Su.
Wang está meditando até que escuta uma melodia conhecida, então sai andando à procura da origem do som quando, após certo percurso, encontra sua “alma gêmea”
Olá, Suíbiàn! Parabéns pelo seu texto. Destacando os pontos positivos primeiramente: gostei demais do onirismo do seu conto, pois dá a impressão de que o narrador está descrevendo um sonho e esse tipo de narrativa muito me agrada. Não conheço a obra original mas o conto me despertou uma admiração pelos personagens, principalmente na elucidação da diferença entre a visão oriental e ocidental do Amor. Em relação à gramática e narração: encontrei alguns erros singelos de pontuação mais pela falta de uma última revisão, porém em nada atrapalhou a compreensão; o autor focou no interior da personagem o que dificultou um tanto na ambientação, só não identifiquei se fora propositalmente ou não. Boa sorte!
Resumo: O conto é uma reflexão sobre os mitos de origem oriental de almas gêmeas, e suas traduções para o ocidente que não englobam todo o seu significado, enquanto um personagem viaja além do tempo e espaço de encontro ao seu amor verdadeiro, se trata de dois amantes de um mangá, Lan Zhan e Wei Ying.
Comentário: Não entendi muita coisa; algumas reflexões interessantes, curiosidades, fizeram com que a leitura fosse proveitosa; bom ritmo, boa escrita, mas a história continua confusa pra mim, poderia ter colocado um pouco mais de contexto.
12. Zhiji (Suíbiàn)
Original: The Untamed’ (anime)
Resumo: A partir de uma digressão em sala de aula sobre a diferença entre o significa do que é o amor na expressão japonesa, Lan Zhan se vê em busca de Wei Ying, como “alma gêmea para toda a vida”.
Comentário: o texto, ainda que muito erudito e conhecedor do universo explorado na fanfic, deixa ao leitor desse trabalho uma árdua tarefa em interpretar quem são e o que fazem os personagens, para mim, ao menos, ilustres desconhecidos. Também os descritivos de reações fisiológicas me parecem excessivos (ouvidos, respiração,pulmões, coração, etc.). Infelizmente, não me encantei com o universo ou com a história. Mas parabenizo o autor pela escrita, em geral.
Olá, Suibian.
Resumo da história: Wang vagava sem rumo, mergulhado em pensamentos. Ao recordar-se de uma conversa, alguém cita as diferenças de significado de expressões chinesas para amor: ai e zhi. A segunda palavra é muito mais profunda, e significa “conhecer”. Daí Wang divaga sobre certo Wei Ying e seu amor por Lan Zhan, que eram almas gêmeas, cujas almas estavam em sintonia.
Análise do conto:
Um comentário: minha análise ficou prejudicada pela falta de contexto. Imagino que seja um fanfic de anime ou mangá, mas eu desconheço os personagens e referências.
a. criatividade. 3/5 – o conto é praticamente divagação e memórias, não consegui perceber elementos criativos em relação ao original, pois não reconheci a fonte.
b. personagens. 3/5 – Wang é interessante, mas não tem muitas camadas.
c. escrita. 4/5 – a escrita é boa e correta, há algumas descrições belas e interessantes.
d. adequação ao tema. 2/5 – acho que o conto falhou ao posicionar o leitor quanto ao contexto, e é difícil saber se é uma boa fanfic ou não.
e. enredo. 2/5 – não há exatamente enredo, tudo parece um fluxo de pensamento/sonho/memória.
Boa sorte no desafio e abraços!
Resumo
Perdido em seus pensamentos, o sr, Wang é levado a um momento do passado em que discutia sobre almas gêmeas. Começa então a correr a algum lugar em busca de algo que não sabia o que era. Até que encontrar seu grande amor.
Comentário
O texto traz uma mensagem muito bonita, gostei especialmente do desfecho do seu conto: “Mas há coisas, coisas que permanecem. Elas são gravadas em nossa alma, e mesmo que momentaneamente as esqueçamos, elas permanecem ali até que estejamos prontos para reencontrá-las. Até que possamos retornar a elas”. Bonito isso. Parabéns.
Infelizmente não conheço a história que serviu de base ao seu conto e não pude compreender elementos como as fitas branca e vermelha, por exemplo.
Algumas partes do texto ficaram confusas, especialmente no trecho do diálogo, que pareceu deslocado no enredo, além de ter ficado muito cansativo e explicativo.
A parte em que o persoinagem corre para algum lugar foi uma boa ideia, mas, apesar de bem escrita, ficou longa demais, repetitiva.
Achei esse parágrafo contraditório: “Havia coisas que Wang não gostava de pensar, não gostava sequer de cogitar, mas assim como as coisas não permanecem para sempre, alguns pensamentos nos cercam de tal forma que se escondem no fundo de nossas almas. O que pode ser um tanto contraditório. Como algo poderia estar tão intrinsecamente enraizado dentro do nosso âmago e ao mesmo tempo sentirmos como se nada fosse realmente durar para sempre?” – em um momento são coisas distintas, em outro coexistem.
Encontrei vários deslizes que passaram na revisão.
Notei também a falta do acento grave, exemplos: devido a complexidade, Se refere a expressão,
devido a profundidade.
Resumo: Indivíduo ensimesmado com as coisas da vida dialoga consigo a essência dos termos, das frases ditas, pensadas e seus reais sentidos entre as cultura. Uma FanFic da Mitologia Chinesa.
Gramática: Uma linguagem irrepreensível. Fluida, poética.
Comentário Crítico: Um conto em forma de ensaio sobre os idiogramas orientais e os sentimentos? (Almas gêmeas. – Aquele que compreende a melodia da minha alma. – Que infernos significava aquilo? – Muito antes.) Um interessante trabalho espelhado na Mitologia Chinesa. A narrativa é bonita e muito bem construída. O difícil é acompanhar o enredo, para quem não é um aficionado desse estilo literário. Entretanto não se pode negar a qualidade do trabalho, visto o autor dominar a matéria com maestria. Gostaria de ter um melhor conhecimento dessa cultura. E, nisso me foi muito útil, pois é o que vou fazer, procurar me inteirar de conhecer melhor esta inusitada narrativa.
Boa noite autor ou, muito provavelmente, autora. Este foi o comentário mais difícil de fazer até agora neste desafio. Procedi como nos outros em que não estava familiarizado com o tema, pesquisei, mas este universo do Untamed transcende-me. Devo estar a ficar velho para estas coisas. Devia ter-me ficado pelo DragonBall e Pokémon. Enfim…
Um lutador de artes marciais procura a sua alma gémea, encontra-se e partem juntos para a cidade de Gu Su. Pelo meio tenta encontrar o sentido para a vida, numa analogia da nossa própria vida (encontrar a nossa alma gémea e um sentido para a nossa existência). Confesso que tenho alguma dificuldade em aceitar este termo de alma gémea. Uma alma gémea é alguém igual a nós próprios. Quando encontramos alguém igual a nós próprios, encontramos alguém com os nossos defeitos e virtudes. Facilmente nos fartamos e o tédio instalasse. Os anglófonos preferem usar o termo “soul mate”, amigo da alma ou alma complementar, no meu entendimento.
Quanto ao conto propriamente dito, gostei das descrições, embora se tenha perdido nas divagações filosóficas. Preferia um maior ritmo e encontrei alguns erros que deveriam ter sido verificados com uma revisão mais cuidada.
Zhiji (Suíbiàn)
Fala, Suibian.
Resumo: Personagem com crise existencial, procura um motivo para viver. Compreendido o conceito de alma gémea. vai em busca de quem escuta a melodia de sua alma. Torna-se perene.
Inicialmente cumpre ressaltar que o conto cumpre o quesito de adequação ao tema, criando um capitulo para a história de “The Untamed” (que o coroa teve que procurar e se inteirar dos paranauês. Afinal, errado sou eu que não conheço.Pois pude observar que parece ser um dos redutos dos “fanfics” raiz)
Acho muito interessante a ideia do autor em trazer um Universo completamente diferente do que estamos acostumados, essa visão Oriental, em especial da China tão pouco difundida em terra tupiniquins. Também achei bem legal a parte das traduções e dos conceitos ali explorados. O lance da música que une, da melodia que só pode ser ouvida pela “alma gêmea” é muito bacana. O lance da efemeridade da vida e o que permanece. Questões que movimentavam (e movimentam) a filosofia em geral. Como o homem e as aguas do rio de Heráclito de Efeso.
Na parte técnica rolou uns sentimentos conflitantes, em algumas partes gostei muito, em outras achei um pouco travado. Gostei da linguagem caótica com frases curtas, repetições e uma série de perguntas que em determinado momento do texto emularam a confusão da corrida, da busca incansável, da aflição do personagem. Nesse sentido, penso que o autor acertou em cheio nesta parte. Porém, na outra parcela de texto onde não há essa atmosfera, onde há muito mais reflexão filosófica, penso que as repetições e perguntas cansaram um pouco. Em alguns trechos fiquei com a sensação de estar diante de palavras soltas e pontos finais. Ou seja, senti falta de uma estrutura para mesclar esses dois tipos de linguagem; descritiva e telegrama. Um código morse com mais fluidez.
Parabéns e boa sorte.
Wang medita sobre efemeridade. Assusta-se com uma frase e alguém conversa com ele. Não se lembra de nada, mas sente que deve respeitar o interlocutor. Continuam a conversa sobre “almas gêmeas” e os ideogramas zhi ji (o conhecer como forma mais profunda de relacionamento). Ele está desorientado, até que lhe veio uma melodia à mente e, com ela, Wei Ying e Lan Zhan (pessoas que mudaram tudo, que desafiaram seus conhecimentos, arrancaram suas regras e remodelaram suas crenças). Conclui que nada é efêmero e que retornaria àquele que compreende a melodia da sua alma, assim como Lan Zhan e Wei Ying.
Pesquisei muito até chegar a Mo Dao Zu Shi, anime chinês; história com pano de fundo histórico, alta fantasia e mitologia chinesa, com os personagens Lan Zhan e Wei Ying, casal canon na novel, depois de muita luta e chegaram à declaração. O romance (homoafetivo masculino) entre os dois não é o foco e está nas entrelinhas, como neste fanfic em que se sugere que Wang se inspira neles para retornar ao seu amor.
Um texto confessional e que parece mais um monólogo interior do que uma história. Concentra-se totalmente nas sensações do personagem, e a gente fica querendo saber o que está acontecendo. Por fim, o despertar do estado de torpor, um convite para reflexão.
Conto bastante enigmático, muito metafórico, que acaba gerando no leitor diversas interpretações, o que acabou pesando um pouco na leitura. Escrita boa, com algumas partes confusas. Senti que falta informação para a compreensão da ideia geral.
O texto, também, remete ao livro “Almas Gêmeas”, Nicholas Sparks, trazendo à tona a pergunta: por quanto tempo um sonho consegue sobreviver?
Parabéns e boa sorte no desafio. Abraço.
Bom, confesso que tive que pesquisar muito para tentar entender o universo ficcional do qual este conto faz parte. O anime tem uma história complexa e o autor, neste relato, entrega a descoberta do que nós, ocidentais, chamaríamos de amor verdadeiro.
A linguagem utilizada é bastante abstrata, o que leva o leitor a se perder um pouco, principalmente no início. A partir do meio, o leitor consegue entender que está em uma busca incessante e acompanha o protagonista para, ao final, encontrar sua “alma gêmea”.
Dos textos que li, foi o que mais encontrei falta de revisão gramatical. Porém, não prejudica o entendimento do texto.
Embora o texto seja coerente e as palavras consigam passar a emoção do personagem principal, o texto, de forma geral, confunde o leitor e ao fim não acrescenta nada, além de descobrirmos a existência do anime. Um conto raso.
Nota: 3
Wang, ao aprender sobre o conceito de amor numa aula de chinês, desperta para memórias adormecidas e sai numa busca. No final reencontra um amor antigo de vidas passadas.
Oi!
O conto, ao meu ver, recorre muito mais a uma narrativa poética do que a uma história de fato. Pouca coisa é descrita, e temos mais pensamentos, reflexões, sensações, etc.
Gostei mais da parte em que o professor explica as ideias de alma gêmea, e a contraparte chinesa do reconhecimento do outro. Esse trecho me trouxe reflexões.
Outro ponto que considero positivo é que você parece ter escolhido homenagear uma obra que gosta bastante. Não conheço a animação chinesa, e foi legal saber que existe.
Mas o conto, em geral, não me cativou muito. A linguagem poética não trouxe nada muito novo ou surpreendente para mim.
RESUMO
Ele não se lembrava de onde estava e quem era aquele mestre a quem sentia devia respeitar. Uma frase dita o desperta do transe, alo que os ocidentais traduziam como “Eu costumava pensar em você como uma alma gêmea para toda a vida”, mas que ele julgava que o significado se aproximava mais de “alguém que compreende a melodia de minha alma.”Lembrou-se de uma promessa feita – de sempre velar pela justiça e viver sem arrependimentos. Ele precisava encontrar; precisava ver e ouvir.. Uma canção cujo nome já não mais recordava o guiava, uma melodia compartilhada onde quer que estivesse. Chamou pelo nome que por eras e eras permaneceria gravado em sua alma – Wei Ying. Ele encontrara aquele que capturara sua alma para todo o sempre. Lan Zhan retornara àquele que compreendia a melodia de sua alma, Wei Ying.
AVALIAÇÃO
FanFic que parece ter se baseado no romance de Mo Xiang Tong Xiu “Mo Dao Zu Shi”. Foi o que eu achei ao pesquisar no Google e cheguei a videos bem bonitos no YouTube. Uma ideia bastante arriscada, já que são poucos os leitores que conhecem essa história, mas que foi trabalhada com muita maestria e poesia.
A descrição do laço amoroso entre os dois personagens é muito bem realizada e traz imagens muito interessantes. Um amor de almas, uma afinidade além do físico, a sintonia de melodias de almas.
O conto está muito bem escrito, elaborado com forte carga poética que combina muito bem com o tema escolhido pelo(a) autor(a). Não percebi falhas de revisão.
Não sei como termina a trama original, mas o seu final ficou perfeito. Final feliz com direito À confirmação do amor eterno.
Boa sorte no desafio e que os laços e fitas sejam estendidos sempre unindo aqueles que se amam. ❤
Resumo:
Sinto muito, mas tive dificuldade para compreender o enredo e tenho, portanto, dificuldade para resumir. Ao que me pareceu se trata de uma espécie de guerreiro ou ninja, algo ligado à cultura oriental (talvez venha dos animes, mangás, desenhos orientais, essas coisas), que passa por uma espécie de revelação e encontra sua vocação guerreira.
Avaliação:
(Autor, não leia o presente comentário como crítica literária, pois se trata apenas de uma justificativa para a nota que irei atribuir ao texto.)
Não consegui compreender o enredo, talvez porque, no contexto do desafio, não me ficou claro de qual ficção (“fic”) o autor seria fã (“fan”), de modo a justificar sua “fanfic”.
O autor pode aperfeiçoar seu domínio da língua e das técnicas de narração. Sugiro seguir escrevendo, lendo e participando de desafios para continuar se aperfeiçoando.
Caso se trate de um autor pouco experiente, sugiro simplificar sua escrita. Apenas no futuro, quando tiver mais domínio da língua e das técnicas de narração, tente aprofundar suas reflexões.
Parabéns pelo texto e boa sorte no desafio!
RESUMO:
A jornada de Lan Zhan em busca de sua alma gêmea, ou “Aquele que compreende a melodia da minha alma”.
Após se aconselhar com Sr. Wang, ele consegue encontrar Wei Ying e, juntos, retornaram a Gu Su (seja lá o que isso for).
COMENTÁRIO:
Pesquisando os nomes no Google, descobri que é uma Fic de “MODAO ZUSHI”, que eu nunca tinha ouvido falar.
Provavelmente por não estar familiarizado com o universo, o conto não funcionou muito bem para mim.
Tipo, a jornada de divagações e busca pelo amor é meio universal, mas não consegui me apegar à busca específica desse personagem. Tudo me pareceu bastante repetitivo e confuso, com um tom “enciclopédico” que me afastou.
Por exemplo, a explicação dos ideogramas é até interessante, mas soou muito forçada ali no contexto. No filme PI (só PI, não Aventuras de PI) tem um lance similar, do judeu explicando sobre a Cabala. Ali ficou algo bem mais orgânico e é um exemplo que eu costumo usar para construir diálogos explicativos sem soar como infodump.
A técnica é boa, o(a) autor(a) consegue criar boas imagens. Alguns problemas de revisão:
– levariam a um profundidade
>>> uma
– o fez *saltar* da cadeira, olhos arregalados e coração disparado, parecendo querer *saltar*
>>> melhor evitar essa repetição de palavras com proximidade
– De longe. De antes. / de muito longe. Muito antes.
>>> há uma linha tênue entre reforçar a ideia e ser repetitivo. Aqui pendeu mais para o repetitivo.
– parece que não abrangente todo
>>> abrange
– pois a única pessoa que capaz compreendê-la
>>> pessoa que capaz
– A melodia o guaria
>>> guiaria
– E via aquele um sorriso
>>> aqui até entendo que tenha sido proposital esse “um” pra dar sentido de “único”. Mas ficaria melhor sem, de qualquer forma.
NOTA: 3
RESUMO: Lan Zhan estava perdido de si próprio, mas não se encontrou. Encontrou Wei Ying e isso foi a mesma coisa que se encontrar, pois aquele o conhecia mais do que ninguém.
COMENTÁRIO: Belo conto! O diálogo a respeito da natureza do amor na tradição chinesa é arrebatador e dá a tônica da busca do protagonista pelo seu amado. Nesse sentido, parabenizo pela maneira como escreveu os sentimentos confusos do personagem, sobretudo um trecho em que ele não parece distinguir se corre entre montanhas ou avenidas. Além disso, a ideia de não conseguir mesmo perceber quem é sem o outro é um aspecto surreal que confirma o diálogo quanto “àquele que te conhece”. Assim, foi fácil imergir na sensação de desamparo da personagem, mesmo que, por consumir a maior parte do conto, pareceu um pouco repetitivo. Encontrei também alguns “lhes” mal colocados, já que os verbos eram transitivos diretos.
Boa sorte!