1. O desaparecimento do Cavaleiro das Trevas
Quando a noite cai sobre Gotham, não é apenas a luz do sol que desaparece. Também se recolhe, apressadamente, a multidão que fervilhava ruidosamente pelas ruas da grande metrópole.
Não há um toque formal de recolher, mas o comando é dado pelo senso de autopreservação dos moradores. Durante a noite, a criminalidade assume as ruas. É o momento em que as famílias de trabalhadores se reúnem para conversar sobre o dia, ajudar os filhos nas tarefas escolares e assistir a programas na tv. E, pelas janelas, observam, temerosas, a movimentação suspeita de vultos.
Durante anos, houve um alento: Batman. O combatente que surgia das sombras e, tomado por um senso de justiça, derrotava criminosos. Ainda que a cidade continuasse perigosa, sua atuação trazia esperança aos moradores de Gotham. O Cavaleiro das Trevas, diferente da polícia local, era eficiente e seus punhos foram responsáveis para enviar vilões para o Asilo Arkham, o presídio/ hospital psiquiátrico.
O problema é que os rivais de Batman eram muitos. Gotham é palco permanente de disputa por uma complexa teia de forças. Há máfias de diversas origens, como as tradicionais famílias italianas Falcone e Maroni, a russa Dimitrov e a mexicana La Eme. São organizações que varrem de sangue os bairros de Gotham, perpetuando seus negócios escusos.
Além das máfias, há inúmeras gangues, que se alternam entre a colaboração com as máfias e a busca por um espaço próprio. Esses grupos são formados por jovens que, sem grandes perspectivas na cidade em decadência econômica, aderem ao crime como alternativa ao desemprego. A liderança das gangues costuma ser ocupada por facínoras que, apesar de flagrantes distúrbios mentais, gozam de popularidade. É o caso das gangues do Coringa, do Duas Caras, do Charada, do Pinguim e de tantos mais. O clima de convulsão social faz de Gotham um ótimo ambiente para a profusão de psicopatas.
Essa situação faz com que os poderes institucionais (legislativo, executivo e judiciário) sejam meros coadjuvantes na cidade. Representam, em suma, apenas uma pequena fração de suborno nas despesas dos criminosos. Mesmo a polícia possui eficácia comprometida por seus agentes corrompidos. A única instituição que parecia funcionar em Gotham era o Batman.
Porém, há semanas não havia relatos da aparição do Homem Morcego. Não havia mais bandidos amarrados em cordas com a marca do herói e a taxa de crimes aumentava. O que gerou boatos de que a saúde de Batman estava fragilizada. Ele poderia, inclusive, estar morto.
Os indícios, além do sumiço recente, indicavam sua última aparição: um confronto com o Duas Caras. O vilão e sua gangue haviam promovido uma tentativa de assalto a um banco no Centro Financeiro de Gotham. Batman conseguiu frustrar a ação, que culminou em mais uma prisão de alter ego de Harvey Dent. Porém, ao ser levado pela polícia, o ex-promotor público comemorava: havia alvejado o Homem Morcego com ao menos um tiro.
O que poderia ser mera bravata ganharia contornos dramáticos com o misterioso sumiço de Batman nas semanas seguintes. Com medo de perder o aliado, o comissário Jim Gordon acendeu o bat-sinal em algumas noites. O holofote com o símbolo do morcego era um chamado para que Batman o encontrasse em um local combinado. Mas a tentativa de contato foi ignorada.
Era a confirmação do que Gotham mais temia: Batman estava fora de combate. Os mais pessimistas já decretavam sua morte. Assim, a cidade imersa na escuridão, se viu ainda mais vulnerável, enquanto os vilões preparam para efetivamente toma-la para si.
2. Um inimigo inesperado
A sala de reuniões presidencial da Wayne Tower já estava ocupada pelos 12 membros de Diretoria Executiva quando Bruce chegou. Tinha o porte de atleta lesionado, já que se apoiava em uma muleta. Ele trajava um impecável terno italiano, solene como a ocasião. A iluminação reduzida destacava a projeção do Power Point “Atualização econômica: o futuro da WayneCorp”, que seria apresentado por Lucius Fox. O CEO abandonou o tablado de apresentação e foi pessoalmente receber o chefe.
– Senhor Wayne! É bom ver que está se recuperando!
– Obrigado, Lucius. Sim, estou bem melhor. A muleta é só um cuidado para não forçar as costelas partidas. E como está o clima apor aqui?
– Já estivemos melhor, como o senhor pode imaginar.
Bruce acompanhou Lucius até o tablado. E, então, se dirigiu aos demais participantes da reunião.
– Pessoal, boa tarde. Peço desculpas pelo atraso. Como vocês sabem, sofri um acidente praticando kitesurf há três semanas e rompi duas costelas. Ou seja, está confirmada a nossa suspeita de que usar o colete salva-vidas não é o suficiente para nos deixar seguros.
A resposta à piada do chefe da empresa foi discreta. Apenas algumas risadas por educação.
– Apesar da licença médica, estive em contato com Lucius e acompanhei a conclusão deste relatório. Passo, portanto, a palavra para nosso CEO, Lucius Fox.
Lucius agradeceu e começou a sua apresentação. Páginas cheias de números vermelhos e gráficos em curva descendente. A Wayne Enterprises, após anos de operação deficitária, vivia seus últimos dias. Bruce, embora ciente da situação, tinha o semblante abatido ao ouvir a exposição dos dados. Era melancólico ver a empresa bilionária diante de uma eminente falência. Seus cabelos grisalhos haviam se multiplicaram e o rosto mostrava mais marcas do que se esperava do homem vaidoso que não completara 40 anos.
O Power Point de Lucius indicava alguns motivos para a bancarrota. Havia a crise econômica mundial, impactando empresas tradicionais. Também ocorriam divergências políticas entre os Estados Unidos e a China, país que concentrava etapas de produção das indústrias Wayne. E, por fim, os gastos da empresa, que só aumentavam ao longo dos anos.
– Então, Conselho, nossa única saída é decretar a falência. Assim, poderemos negociar nossas dívidas com o governo e o mercado. Vai levar algum tempo, mas será um caminho para, quem sabe em alguns anos, voltarmos a operar.
O silêncio que se seguiu era compreensível. Os membros da Diretoria eram funcionários que haviam participado da fundação da empresa por Thomas Wayne. Não era fácil se desfazer de uma parte tão importante de suas vidas. Bruce Wayne pediu a palavra.
– Obrigado pela detalhada explanação, Lucius. Como você mesmo observou, não temos muitas opções a partir de agora. Ainda assim, como praxe, vamos dar uns dias para vocês analisarem os dados e voltaremos a nos reunir para aprovar as próximas medidas administrativas.
Margareth Wings, decana do Conselho, pediu a palavra.
– Eu preciso desabafar. É muito triste para mim viver essa situação.
– É triste para todos nós, Margareth.
– Não, Sr. Bruce, me perdoe a indelicadeza. A maioria de nós esteve ao lado do seu pai na consolidação dessa empresa. O senhor… Bom, o senhor não tem noção dos esforços necessários para chegar até aqui. O senhor recebeu isso de presente. E fica brincando de surf, ou sei lá o quê, enquanto a WayneCorp agoniza. As festas, os gastos não declarados todos os anos. O senhor nunca entendeu o legado que o seu pai lhe deixou.
– Margareth, eu entendo sua frustração.
Bruce não tinha argumentos para se defender. Até concordava com a aliada de seu pai. Aquele legado nunca foi sua prioridade. Delegou a Lucius Fox as decisões mais importantes da corporação até recentemente. Com a crise, se dedicou mais aos negócios, dando suporte ao difícil trabalho de seu CEO. Mas o empenho tardio não foi o suficiente para apagar a imagem de bon vivant.
Era só fachada, mas Bruce não podia assumir isso. Tampouco poderia declarar que prezava, sim, a WayneCorp, mas apenas como uma forma de viabilizar o projeto que realmente o motivava: combater ao crime. E que estava, sim, devastado por abandonar o que dava sentido à sua existência.
Com o clima pesado, Bruce encerrou a reunião. Com o abraço mais forte que suas costelas partidas permitiam, se despediu do aliado Lucius. Agora que a falência era pública, Bruce Wayne precisava tomar algumas medidas. Entre elas, a mais difícil: aprender a viver sem de Batman.
3. A despedida do herói e o ressurgimento de Coringa
No carro, em uma das últimas viagens que faria com motorista particular, Wayne pensava nas pessoas com quem precisava falar. Não eram tantas, ele concluiu, fazer amigos nunca foi uma prioridade. Quando seu celular tocou, ele pediu ao motorista para subir o vidro isolador de som.
– Olá, Dick, como vai?
– Bruce, o que há com você? Por que está ignorando minhas chamadas?
– Dick, são tempos difíceis para mim.
– Eu vejo os noticiários, cara. Sei que se feriu na briga com o Duas Caras. Mas a cidade está pensando que você morreu! Precisamos dar uma resposta. O Coringa…
– Garoto, me escuta. Eu tenho notícias para você e elas não são boas. A WayneCorp está nas últimas. Quebrou, já era. A falência deve ser divulgada nos próximos dias.
– Nossa, Bruce, eu sinto muito.
– Obrigado. E, como você deve imaginar, isso nos impacta diretamente. Não poderei continuar te dando aporte financeiro. Você foi um grande parceiro nesses anos, como Robin e agora como Asa Noturna. Muitos daqueles bandidos só foram pegos graças à sua ajuda. Eu o agradeço por isso.
– Poxa, Bruce, eu não sei o que dizer.
– Não tem que dizer nada. Quero que reflita sobre o que é melhor para você. Se vai querer continuar atuando como Asa Noturna ou deixará o combate ao crime. Eu adianto que estou abandonando o Batman.
– Não! Bruce, você não pode fazer isso. Gotham precisa do Batman!
– Dick, eu não posso continuar. Desde que os recursos da empresa reduziram está difícil. Na minha luta contra o Duas Caras, meu cinto de utilidades estava vazio. Apenas serviu, basicamente, para segurar minhas calças. Eu só tinha alguns batrangs e uma corda. Minha visão noturna estragou no meio da batalha e não tenho previsão para consertá-la. Como serei o Cavaleiro das Trevas sem enxergar no escuro?
– Mas, Bruce, os bandidos… Não sei se você acompanha, mas o Coringa está publicando vídeos na internet.
– Eu sei, ele tem um Canal no Youtube agora, não é?
– Sim, mas não é disso que estou falando. Há vídeos em outras plataformas, gravações violentas em que o bando dele agride políticos e empresários. O Coringa diz que, com a morte do Batman, ele agora é o herói de Gotham e que vai limpar a cidade da corrupção.
– Eu não estava sabendo.
– Tudo bem. Mas veja, não podemos deixar a cidade nas mãos desses facínoras. Ele tem muitos seguidores, Bruce. Por mais cruel que seja, as pessoas se sentem representadas por esse tipo de violência.
– Robin, Dick, eu entendo. Mas pense comigo. Em todos esses anos, o que conseguimos? Prendemos essa corja algumas vezes e, em seguida, vimos novos crápulas surgirem e os antigos fugirem da prisão. É um trabalho inútil… E, sinceramente, eu vi a morte muito perto desta vez. A bala partiu duas costelas e se alojou perto do pulmão. Sem recursos, continuar essa luta seria suicídio. Faça como eu. Ainda dá tempo para termos uma vida normal.
– Bruce, me desculpe. Mas eu não posso deixar o Asa Noturna. Não vou abandonar Gotham. Estou investigando sobre a atuação do Coringa e, quando encontrá-lo, vou agir.
– Faça como quiser. Como eu te disse, infelizmente não poderei fornecer mais equipamentos e armas para você.
– Eu me viro, Batman.
A insistência e a ingenuidade eram marcas da personalidade de Dick. Bruce se sentia um pouco culpado por demiti-lo anos atrás do posto de Robin. Não se importava com os boatos maldosos, mas quando o Charada espalhou cartazes pela cidade, com montagens pornográficas dos dois como um casal gay, sentiu que aquilo prejudicaria o combate ao crime. Parte da força do Homem Morcego era o medo que os bandidos sentiam dele. Ser chacota não era uma boa estratégia.
***
Bruce chegou à Mansão Wayne no princípio da noite. Assim que cruzou a imensa porta de madeira maciça, seu mordomo, Alfred Pennyworth, retirou o casaco do patrão.
– Sr. Wayne, espero que tenha sido uma boa reunião.
– Na medida do possível, Alfred. Não era um assunto fácil. Decretaremos falência em breve. Não existe alternativa.
Bruce foi cruzando a casa em direção à área externa, de onde poderia ver o imenso jardim. Mesmo com a iluminação, as sombras dominavam o quintal.
– Alfred, dentro de alguns meses terei que vender essa mansão, os carros, me desfazer de todo esse patrimônio. Provavelmente sobrará o suficiente para comprar uma kitnet no centro de Gotham. Por mais que me doa, terei que dispensá-lo. Não terei mais renda para pagar seu salário. Farei todos os contatos possíveis para arrumar um novo emprego para você.
– Não se preocupe, Sr. Bruce. Eu tenho minha aposentadoria.
– Sempre serei grato a você, Alfred. Sem o seu zelo, eu jamais sobreviveria à perda dos meus pais. Obrigado.
– Sr. Bruce, não há o que agradecer. Foi uma honra. E eu continuarei à disposição para colaborar com o Batman. Meus conhecimentos em medicina de guerra ainda poderão ser úteis.
– Não haverá mais Batman, Alfred. Eu não posso combater o crime sem os instrumentos tecnológicos que minha fortuna proporcionou ao longo desses anos. Não dá. Eu não nasci em Krypton, tampouco sou filho de deusas. Meu superpoder era o dinheiro. Sem ele, não existe Batman.
– Mas o senhor está pronto para isso? Para abandonar sua identidade secreta?
– Tenho tentado me convencer. Estou me preparando para abandonar essa mansão, meus hábitos e, claro, deixar de ser o vigilante de Gotham. Por mais que esse lugar seja bonito, quando penso em minha infância o que me vem em mente é dor, a tristeza de perder meus pais. Ser o Batman me livrou desse conflito. Tinha a ilusão de que eu poderia salvar a cidade, deixá-la um lugar melhor, como meus pais gostariam que ela fosse. Assim, a morte deles faria sentido. Não tem funcionado. A cidade continua um caos.
– Estaria pior sem você, Sr. Wayne.
– Talvez. Sinceramente, não creio que esteja pronto para desistir do Batman. É como tirar um fardo das costas e descobrir que ele está ligado à sua espinha dorsal. Não sei se terei suporte para viver uma vida normal.
***
Bruce dormiu mal naquela noite. Quando adormeceu, teve um pesadelo: ele fugia por um labirinto. Corria nu, com o corpo embebido em suor e orvalho. Estava encurralado e não conhecia a saída. Quando, finalmente, caiu fatigado, teve que encarar o seu perseguidor: um imenso morcego.
Durante o café da manhã, assistiu ao noticiário. Coringa foi tema de uma reportagem que enfatizava sua crescente popularidade na internet, enquanto aumentavam os crimes atribuídos a ele. Um vereador havia sido espancado naquela noite por um grupo de pessoas fantasiadas de palhaço.
Além daquela notícia, Bruce também se impressionou com a investigação sobre uma chacina na região portuária de Gotham. Aparentemente, ninguém sabia de nada. A criminalidade festejava a ausência de Batman.
Antes de sair de casa, ele recebeu mensagens de Dick Grayson. O Asa Noturna sugeria que eles tentassem um financiamento coletivo para manter as atividades como combatentes do crime. Para o jovem, a população de Gotham se mobilizaria para os heróis continuarem a atividade.
Bruce não respondeu. A experiência na Fundação Wayne o ensinou que as pessoas só participam de filantropia quando há jantares de alta gastronomia.
Ele já havia pensado nessa alternativa para continuar a luta contra o crime. Também cogitou procurar o poder público e se oferecer para ser um agente oficial do Estado. Afinal, era interessante para a cidade que Batman continuasse em atividade. Mas logo rechaçou a ideia. O jogo político o engoliria em intrigas.
Ainda era manhã quando Bruce foi para a casa de Talia. Era a conversa que o deixava mais tenso. Temia que a garota se revoltasse ao saber da falência da WayneCorp, que reduziria significativamente a pensão de Damian.
Ser visto em festas com belas mulheres fazia parte da persona Bruce Wayne. Quanto mais superficial fosse o personagem, menor as chances de desconfiarem de sua identidade secreta.
Talia era uma das garotas que o acompanhavam em eventos sociais e, no dia seguinte, estampavam capas de revistas. Só que, por descuido dos dois, ela engravidou.
Ao ver o pai, o pequeno Damian correu para seus braços. Era um menino bonito de dois anos, com grandes olhos negros e contornos delicados. A criança era muito carinhosa.
Para surpresa de Bruce, Talia reagiu bem.
– Sem problemas, Bruce. Eu sou grata a você, de toda forma. Engravidar de um bilionário me deu muitos seguidores nas redes sociais. Eu não seria hoje uma das maiores influencers de Gotham sem você. O seu dinheiro não vai fazer falta.
Com o pequeno no colo, Bruce se sentiu ainda mais inseguro sobre abandonar Batman. Afinal, pensava muito no passado, no combate ao crime como vingança pela morte dos pais. Mas, e o futuro? Abriria mão tão facilmente da esperança de deixar uma cidade melhor para o filho?
Antes de ir embora, porém, uma ideia lhe ocorreu.
– Talia, como funciona essa história de influencer?
4. O novo herói de Gotham
O cenário minimalista, com duas poltronas e uma mesa de centro, poderia indicar uma atração fracassada, com baixo orçamento. Mas quando Arthur Fleck, o Coringa, surgia, seu magnetismo tomava conta da tela. Sua risada ecoava com vigor, enquanto ele gesticulava e dançava teatralmente.
Os vídeos diários, postados no canal do Youtube, eram assistidos por milhões de internautas em poucas horas. E compartilhados diversas vezes.
Era contraditório, mas o carisma do Coringa se alimentava da ausência de seu arquirrival. Enquanto Batman era um guerreiro da justiça, tão tripudiada na metrópole, o personagem de Arthur representava a subversão de qualquer ordem. Com discursos efusivos, ainda que sem muito nexo, Coringa se tornava ídolo em uma cidade carente de um horizonte para seguir. Seu nome começava a ser especulado como possível candidato à prefeito para Gotham.
Ele fazia uma transmissão ao vivo quando as janelas do estúdio foram quebradas. Coringa e Arlequina, que fazia as gravações, julgavam-se seguros em seu esconderijo, uma discreta casa no bairro de Midtown. Com um chute, o invasor entrou, imponente, com uma roupa em que o preto dividia espaço com o azul e o dourado, em um design bastante moderno. A capa, entretanto, fora mantida. Um segundo invasor, também mascarado, veio em seguida.
Foi uma ação rápida e calculada. Com movimentos plásticos, Batman e Asa Noturna dominaram os vilões sem armas, apenas com técnicas de imobilização. No dia seguinte, enquanto os noticiários repercutiam a prisão de Coringa, uma conta no Instagram, @obatman_oficial, apresentava o vídeo com a ação dos heróis. Recebeu milhões de visualizações.
A estratégia deu certo. A ideia era aproveitar a visibilidade do canal do Coringa e impor a ele uma derrota humilhante diante de seus seguidores. Assim, derrotavam o inimigo e iniciavam a construção da popularidade do Batman. A mensagem que dariam ao público era a de que, apesar de todo o carisma, o Coringa era fraco.
A conta na rede social foi rapidamente abastecida com fotos em estúdio do Homem Morcego, com detalhes do novo uniforme. Um consultor de imagem sugeriu a mudança nas cores, para uma melhor comunicação com o público jovem.
Foi um sucesso. Em poucos dias, marcas faziam fila para expor no Instagram do herói. Que continuava com a identidade oculta, mas agora poderia ser visto em eventos patrocinados. Batman era fotografado treinando em academias, tomando whey protein e circulando por Gotham em carros esportivos.
Foi uma mudança drástica e Bruce se sentiu estranho no início. Afinal, era a descaracterização do Cavaleiro das Trevas. Parecia um preço muito alto para manter o herói ativo. Por sorte, ele estava acostumado com a exposição pública de Bruce Wayne. Só precisou misturar os personagens.
O objetivo de continuar a combater o crime foi alcançado. Ao transformar Batman em influencer, ele conseguiu recursos. Empresas forneciam armamentos de alta tecnologia gratuitamente para ele, apenas pela exposição da marca. Batman® passou a licenciar diversos produtos, de shampoo a revistas em quadrinhos.
Com o tempo, Bruce passou a achar natural a exposição pública de seu personagem. Se era o preço para continuar em ação, tudo bem. A batalha era árdua, mas valia a pena. Afinal, era o que mais gostava de fazer. Lutar pelos seus pais, por Damian e, sobretudo, para matar o tédio.
O Batman perde sua empresa e se vê obrigado a virar influenciador tanto para recuperar sua riqueza quanto para superar Coringa que também enveredara pela vida virtual.
Olá, Bob! Parabéns pelo texto. Olha, digo que seu conto fora a segunda fanfic “raiz” que encontrei nesse certame. Gostei da pincelada modernosa que deu na história e confesso que seria verossímil se o Homem-Morcego realmente existisse nos dias de hoje e ficasse pobre: com certeza viraria influenciador porque pensa num dinheiro! Aliás, fora isso que mais chamará minha atenção em seu texto, o fato do Batman ter ficado pobre e, para mim, esse seria seu ponto fraco pois sem dinheiro não conseguiria jamais voltar a ser o super-herói de antes. No que tange à gramática e narração: você domina bem sua narrativa, gostei da divisão em capítulos, e não encontrei nenhum erro gramatical. Boa sorte!
Resumo: Batman desaparece, deixando Gotham desamparada e achando que ele morreu em seu último conflito. No entanto, Bruce está vivo, apesar de ferido, mas devido à negligência e à crise econômica que abala o mundo, a WayneCorp está indo à falência, ameaçando o futuro do super-herói. Quando tudo parece perdido, Bruce/Batman resolve tentar a vida de influencer digital e vender produtos com sua marca para bancar seus apetrechos e permitir que combata o crime.
Comentários: Engraçado pensar em como Batman se vira no meio de uma crise econômia, já que seu superpoder é o dinheiro, mas achei um pouco extremo o quão rápido ele sairia de uma mansão para um kitnet (faltou um pouco de planejamento financeiro aí, morcegomen). Acho que poderia investir mais no cômico e tentar deixar mais engraçado, tem potencial para melhorar.
11. O Fim de Batman (Bob Finger)
Original: Batman
Resumo: Um Batman decadente, espécie de Eike Batista de Gotham City, está falido e perde espaço para os vilões, que aprendem a usar as redes sociais como ferramenta de relacionamento com a população. Por fim, ao invés de desistir, como queria, Batman se torna um digital influencer, transmitindo suas ações de contenção do crime como ferramenta para likes e subscriptions, e para continuar sua missão.
Comentário: o autor parte de uma realidade atual transportada ao universo de Gotham – e, ao invés do leitor pensar “que bacana, Batman está em nossos dias”, a sensação foi de “que tempos são esses, em que até o Batman não é mais o mesmo, tem que mendigar likes”. Se foi essa, efetivamente, a intenção do autor, está de parabéns. Não fiquei bem certo disso, mas seria uma abordagem bem criativa. Na parte técnica, sem apresentar destaques, a narrativa flui bem e os diálogos são suficientes para passar informação e levar a história adiante.
Olá, Bob Finger.
Resumo da história: Batman está desaparecido desde um confronto com Duas Caras e Gotham afunda no crime. Depois, numa reunião da WayneCorp, ficamos sabendo que a empresa está por pedir falência, o que leva Bruce a desistir de seu papel como paladino da justiça. Dick resolve continuar a combater o crime como Asa Nortuna, enquanto o Coringa está fazendo sucesso com vídeos violentos na internet. Batman finalmente encontra na internet um meio de subsistência e como continuar na ativa.
Análise do conto:
a. criatividade. 3/5 – achei a ideia criativa, mas o final foi um tanto abrupto, resolvendo-se com muita facilidade.
b. personagens. 3/5 – Batman, Asa Nortuna e outros poderiam ter mais camadas no texto.
c. escrita. 4/5 – a escrita é boa e limpa, sem erros aparentes, embora sem muitos voos também.
d. adequação ao tema. 5/5 – é uma fanfic de Batman.
e. enredo – 2/5 – a primeira parte do conto é enfadonha, por concentrar-se muito no “contar” e pouco no “mostrar”, o conto melhora depois, mas volta a usar um final um tanto fácil para arrematar a história. O humor sutil não teve muito efeito.
Boa sorte no desafio e abraços!
Resumo
Após um confronto com Duas Caras, Batman fica ferido e desaparece de Gothan. Mas o que o tira de cena realmente é a falência da Wayne Enterprises, que financiava a luta dele contra a criminalidade. Apesar da insistência de Dick (Robin), Bruce desiste do Batman e Coringa ganha notoriedade, mergulhando a cidade no crime. Com o uso das redes sociais, Coringa fica cada vez mais poderoso, até que Batman e Asa Noturna o enfrentam em frente às câmeras e o ridicularizam. Então, Batman começa a se beneficiar das redes e volta a defender a cidade,
Comentário
O texto é fluido, com uma escrita impecável, parágrafos bem desenvolvidos, personagens bem construídas.
Gostei das tiradas cômicas, que deram leveza ao texto. Muito boa a sacada de ter incluído as redes sociais e influencers no seu enredo, pois tornou a história atual, divertida e inusitada. Gostei muito deste parágrafo: “Na minha luta contra o Duas Caras, meu cinto de utilidades estava vazio. Apenas serviu, basicamente, para segurar minhas calças. Eu só tinha alguns batrangs e uma corda. Minha visão noturna estragou no meio da batalha e não tenho previsão para consertá-la. Como serei o Cavaleiro das Trevas sem enxergar no escuro?”
Legal o seu desfecho de seu conto também, bem criativo.
O ponto negativo é que o início ficou um pouco cansativo, descritivo demais. O texto ganha agilidade no meio e acaba tendo um final um pouco corrido demais.
Gramaticalmente, encontrei apenas este deslize: candidato à (a) prefeito.
Resumo: FanFic espelhado em um dos clássicos filmes de Batman. No enredo Batman é uma empresa, e como empresário encontra-se em falência que, por tal motivo, vai abandonar Gotham City. Mas, por fim, torrna-se um influenciador de pessoas com grande sucesso nas redes sociais.
Gramática: Nada que desabone, a narrativa flui sem percalços.
Comentário Crítico: Como o esperado para esse tipo de desafio, mas um conto da linha dos heróis fantásticos, e ou, ficção científica baseado nos pesonagens do mundo do simples entretenimento. O desaparecimento de Batman assusta a cidade, que praticamente a deixa entregue aos bandidos da noite. Enquanto a falência de sua empresa se reúne para discutir a falência. O autor conhece o estilo de abordagem desse tipo de temática. Eu, por não ser um aficionado desse modelo de trama não tenho como fazer um comentário com um maior apuro, apenas reconhecer as habilidades do autor com o tema. E a forma de expor uma trama bem conduzida.
Neste conto absolutamente perfeito, Bruce Wayne é informado de que as empresas vão entrar em falência. Depois se ver sem recursos, Bruce torna-se influencer, conseguindo assim fundos e apoios para continuar a sua luta.
O texto está muito bem escrito e demonstra que o autor tem conhecimento da saga de Batman (quem não tem?). O ritmo mostra que tem experiência na estruturação da narrativa, conseguindo que o leitor não consiga parar de ler – este é, afinal, o objectivo de qualquer escritor, que foi conseguido com êxito neste texto. A inteligência do mesmo texto começa a dar provas pelo próprio pseudónimo. “Bob Finger” é um nome formado pelos nomes dos dois autores de Batman. Depois, outra prova de inteligência é a forma como consegue sair do cliché da saga, a invulnerabilidade do heróis baseada na sua riqueza. Neste conto ele vê-se desprovido da sua invulnerabilidade e consegue vencer mesmo assim, provando que tem mesmo o estofo dos verdadeiros heróis, aqueles que lutam todos os dias para conseguir viver de uma forma digna.
O fim de Batman (Bob Finger)
Resumo: A derrocada do homem morcego por um dos inimigos mais cruéis da humanidade e seu ressurgimento no melhor estilo empreendedor.
Inicialmente, cumpre ressaltar que o conto cumpriu integralmente a proposta do desafio criando um novo capitulo, moderníssimo, para a consagrada história do homem-morcego. Provando que a saga é absolutamente inesgotável.
No começo o autor faz um grande preâmbulo sobre Gotham, provavelmente para facilitar para os leitores que não possuem tanta familiaridade com a obra original. Sim, eles existem!
Em seguida, retira do bat-cinto uma ótima sacada. Em “um inimigo inesperado” ficamos diante de um algoz cruel, real e perigoso. Um vilão que derrubou impérios, nações, governos, industrias e empresas, o maquiavélico capitalismo selvagem. Sim, por meio de suas malditas mãos invisíveis, observamos a queda do herói e o ressurgimento de seu antagonista.
No entanto, ao fim, em mais uma grande tirada do autor, temos um libelo a favor do empreendedorismo, onde o herói se aproveita do momento e subverte ao seu favor as novas ferramentas do mercado. Vemos aqui, Batman sobrevivendo de publicidade e recebidos, o que é absolutamente genial. Também observamos uma crítica atilada quando o cavaleiro das trevas cogita tornar-se um agente do Estado (o que certamente renderia uma outra grande fanfic, imagine ele preso nas entranhas da burocracia, adquirindo peças por leilão, vivendo com orçamento e falta de material?)
Ou seja, é um texto de duas camadas. Uma história de super-herói e criticas para todos os lados.
No que diz respeito a parte técnica, não tenho maiores apontamentos. A estrutura por capítulos e a linguagem direta foram bem aproveitadas tendo em vista o tipo de história. O texto possui bastante fluidez, casando perfeitamente com essa bomba de entretenimento. Meu único porém seria com relação aos diálogos, que poderiam ser melhor explorados com uma pitada maior de sagacidade e ironia, típica dos quadrinhos. Aqui, o sarcasmo está mais evidenciado no próprio texto corrido.
Parabéns pelo grande trabalho e boa sorte!
RESUMO
Os negócios de Bruce vão mal e ele tem que decretar falência. Ao mesmo tempo, o o sumiço de Batman torna-se fonte de boatos sobre a possível morte do herói. Com a falta de recursos,ele pensa em se aposentar como como Homem Morcego. Coringa se aproveita da situação e começa a publicar vídeos na internet, fazendo-se passar como o novo herói de Gotham, ao prometer limpar a cidade da corrupção. Dick Grayson, ex-Robin, o Asa Noturna o não concorda em abandonar Gotham aos criminosos. Talia, a mãe do filho de Bruce,explica ao ex-milionário o que é preciso fazer para se tornar um influencer de sucesso. Batman e Asa Noturna voltam À ativa, e os noticiários repercutem a prisão de Coringa. Uma conta no Instagram apresenta o vídeo com a ação dos heróis, o que rende milhões de visualizações. Torna-se um sucesso a ideia de transformar Batman em influencer, mesmo sendo necessário haver uma descaracterização. Assim Bruce Wayne pode lutar contra o crime e ainda matar o tédio.
AVALIAÇÃO
Fanfic de Batman, o Cavaleiro das Trevas. Não assisti aos últimos filmes com Batman, então não sei se estou bem a par das novidades. Na minha memória, prevalece o seriadinho de TV bem tosco da dupla dinâmica Batman e Robin.
O conto está bem escrito, com pequenas falhas de digitação, nada assustador.
O ritmo da narrativa faz pensar em HQ, com quadrinhos sucessivos e muita ação, mesmo que haja momentos de introspecção do Bruce Wayne.
Os personagens estão bem caracterizados e agem de acordo com o que se espera deles, mas a leitura se torna muito leve e fluída devido aos toques de humor inseridos na trama.
Gostei bastante da criatividade em buscar soluções para que Batman pudesse se reinventar, e obter recursos através das redes sociais. Tornar o Homem Morcego em influencer foi uma bela sacada, que aproxima a ficção á realidade do leitor.
Boa sorte no desafio e que o Homem Morcego nos proteja.
A Wayne Enterprises faliu e não havia recursos para Batman e seu comparsa continuarem a defender Gothan City. Ao explicar a situação para a mãe de seu filho, Bruce soube do trabalho de influencer. Aprendeu sobre isto e desbancou o youtuber Coringa, conseguindo recursos para continuar a combater o crime, mesmo estranhando a exposição pública de seu personagem.
Gostei da criatividade (desde o pseudônimo); é preciso estar na internet para conseguir recursos, hein? Calcando-se no realismo e uma pegada mais atual de contexto, a trama trouxe a dignidade que o Batman merecia. E, é claro, Coringa não podia ficar de fora como o antagonista incontrolável, megalomaníaco, contagiante e divertido.
A divisão em partes trouxe maior fluidez. Escrita boa, leitura divertida, uma brincadeira interessante com o texto.
Parabéns! Desejo sucesso no desafio. Abraço.
O conto é construído na sua forma como uma história em quadrinhos. Dividida em capítulos, é fácil imaginar a mesma história, folheando HQs do Batman.
Entretanto, ao meu ver, falta um pouco de coerência ao protagonista em suas ações. Ainda que o autor subverta o Batman em uma pessoa comum, a mudança de paradigma é demais. Não dá para conciliar um batman que não aceita entrar na política, por medo de troca de favores ou afins, mas aceita o uso de sua imagem e marca pela iniciativa privada. Leva a pensar nos efeitos disso, nos conflitos que poderiam existir entre a busca da justiça e a imagem econômica do ícone. E quando uma esbarrasse na outra.
Se ao menos o texto se direcionasse nesse sentido, o texto valeria mais.
Outra questão perigosa surge na tática usada pelo charada para separar a dupla dinâmica. o parágrafo pode ser interpretado de maneira a entender que houve preconceito. Afinal, seria tão ruim para os heróis serem um casal? Em épocas atuais, esse é um ângulo perigoso, que por não somar nada para o conto, poderia ter sido excluído. Sua exclusão traria mais lucros do que o potencial prejuízo por deixá-lo.
Por fim, fora um ou outro de revisão gramatical, a história mantém o ritmo e o equilíbrio. Acerta em trazer o universo do herói para os dias atuais, com o uso das redes sociais, mas talvez se atrapalhe um pouco quanto à coerência final do herói, ora desmistificado, ora guardião inquebrantável da Justiça. Essa dúvida poderia ser a camada mais profunda do conto, mas é deixada de lado pelo autor.
Nota: 3
Batman decide parar sua guerra contra o crime, uma vez que as empresas Wayne estão entrando em processo de falência. Dick Grayson não gosta da ideia, e decide pedir ajuda financeira pelas redes sociais. Assim, Batman passa a atuar na internet como influencer, podendo continuar seu estilo de vida heróico.
Oi!
Fiquei um pouco na dúvida em relação às suas intenções com esse texto. Por um lado, achei alguns trechos muito engraçados. No entanto, parece que não foram intencionais. Acredito que você tenha decidido atualizar Batman para os dias de hoje, mas alguns elementos trouxeram humor involuntário. Batman puxando ferro e tomando Whey? Numa kitnet? Cinto que só serve pra segurar as calças? O jeito que ele fala com Dick, super informal!
Se o conto tivesse uma pegada mais humorística, poderia ter investido mais nesses absurdos, e poderia ter ficado muito bom! Mas o uso da linguagem na maior parte da narrativa deu a entender que queria um tom mais neutro. Desse jeito, achei que o conto não encontrou bem onde se situar, e perdeu a oportunidade de ser algo mais memorável.
Achei a introdução no início desnecessária. Parecia mais pra mostrar conhecimento sobre o universo… essas coisas ficam melhor nas entrelinhas, na minha opinião.
Acredito que ainda falte a você escrever de uma forma mais natural. Você está tentando trazer insights modernos, fazer algo elaborado, mas não encaixou bem. Pelo menos foi essa minha impressão.
Espero ter ajudado
Resumo:
Batman sofre revezes (um ferimento e a falência) e se vê obrigado a se reinventar.
Avaliação:
(Autor, não leia o presente comentário como crítica literária, pois se trata apenas de uma justificativa para a nota que irei atribuir ao texto.)
O autor possui pleno domínio da língua e das técnicas de narração. É um escritor “pronto”.
O texto é divertido e criativo.
Não identifiquei erros graves de revisão.
O autor é tão, mas tão habilidoso, que poderia ter empregado suas qualidades como escritor para transitar fora do universo da literatura [ou cinema] de entretenimento.
A estrutura do texto é primorosa!
O final que o autor imprimiu ao texto foi brilhante! Será que é uma ideia original ou alguém já tentou fazer antes? Espero que seja cria de nosso entrecontista, porque foi muito bom! Tão contemporâneo esse final! Brilhante! Já é a terceira fanfic do Batman muito boa que encontro no desafio!
Em algumas passagens (nas quais há poucos diálogos), o texto é explicativo demais (muita informação). Nas passagens mais dialogadas, o texto é mais dinâmico!
Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio!
RESUMO:
Após levar um tiro do Duas Caras e quebrar as empresas Wayne, Batman, falido, decide se aposentar.
Incentivado por Dick Grayson e Thalia, acaba resolvendo o problema se tornando uma Gabriela Pugliesi do combate ao crime.
COMENTÁRIO:
Então… não podemos negar que o conto é criativo. Mas a criatividade não foi muito bem executada, na minha opinião.
Talvez, essa mesma ideia tivesse rendido um conto muito bom se a execução a levasse para o lado de uma comédia escrachada, com exageros que não deixassem dúvidas de que era uma sátira.
Aqui pareceu o tempo todo que era sério, que esse era um destino possível para o Batman sombrio que conhecemos, o que vai totalmente contra a natureza do personagem.
No geral a escrita é competente. Só precisa tomar cuidado com alguns verbos puxando parao presente e algumas distrações na revisão.
– foram responsáveis para enviar vilões
>>> responsáveis por
– haviam se multiplicaram
>>> haviam se multiplicado
– O senhor recebeu isso de presente.
>>> lembrei do episódio recente “mas você trabalhou pra comprar ou ganhou do seu pai?” kkkkk
– aprender a viver sem de Batman
>>> sem ser Batman / sem o Batman
– ele agora é o herói de Gotham e que vai limpar a cidade da corrupção
>>> um palhaço dizendo que vai acabar com a corrupção? Já vi isso em algum lugar… kkkkk
– comprar uma kitnet no centro de Gotham
>>> é, não tá fácil pra ninguém
Ganha pontos pela criatividade e a escrita que não brilhou, mas também não comprometeu. A trama infelizmente deixou a desejar.
NOTA: 3
RESUMO: Há muito tempo, um tempo assombroso, que a noite não tem o seu principal vigilante, o Cavaleiro das Trevas. As indústrias Wayne beiram a falência e seu CEO, herdeiro das fortunas Wayne, é um quarentão tendo que lidar com o fim de suas glórias, entre elas as suas aventuras noturnas. Alguns aliados tentam persuadi-lo do contrário, o Coringa se torna uma ameaça efetiva, nas ruas e na mídia, mas não há nada a ser feito… Então, numa emboscada feita ao seu arqui-inimigo, Batman se torna uma logomarca para uma nova figura pública (como deve constar abaixo do seu nome e acima da bio), um herói das redes e do crowdfunding… o Batman agora é um digital influencer
COMENTÁRIO: Bom. Isso foi… inesperado. E não acho que de uma forma boa. Há uma frustração pessoal, de certo, pois havia uma expectativa para esse conto, mas minha leitura foi atenta e acho que consigo argumentar em torno da minha avaliação.
A narrativa: a abertura do conto é uma contextualização das forças que disputam Gotham, situando o Batman como um cavaleiro solitário a enfrentar a noite. Há um quê de expositivo que desperdiça espaço nessa abertura, tirando a força inicial do conto. Aliás, das informações que aparecem nessa introdução, muitas acabam compondo cenário, mas não são substanciais à estória que se quer contar. Estória essa que demora a ficar clara e que se apresenta melhor talvez na segunda seção. A aposentadoria do Batman e o dilema interno do homem por baixo do capuz. A partir daí, no entanto, nada acontece. Há uma trama paralela em que o Coringa se fortalece como uma figura popular em Gotham, mas o foco do conto é em Bruce Wayne e em conversas nada envolventes, que poderiam ser facilmente substituídas por diálogos mais afiados ou por simples descrições que registram a existência dessas conversas. Se apontei a falta de um impulso inicial para o conto, a força que deveria prender o leitor linha a linha não aparece ao longo da leitur. A narração também não empolga, sem construções elaboradas. Tratando-se da adaptação de um personagem dos quadrinhos, qualquer abordagem poderia ser usada, mas acredito que uma bastante apropriada seria uma com certo peso nas descrições ou, ao menos, com momentos de descrições grandiosas, de modo a fazer do conto tão imagético quanto a leitura de uma HQ. É só uma possibilidade dentre outras, mas aqui a narração não evoca nada mais do que os fatos que sucedem.
Adaptação: Mesmo com o foco em Bruce Wayne, há alguns personagens clássicos dos quadrinhos que são mais do que mencionados neste conto. Devo dizer que nenhum deles me pareceu uma adaptação certeira ou mesmo uma releitura. Bruce Wayne demitir Dick Grayson por piadas homofóbicas? Nesse episódio específico, abro parênteses, pois um Bruce Wayne de masculinidade frágil e amparada na violência é totalmente crível, mas, exceto talvez por esse momento do conto, esse traço não é realmente consolidado e presente no personagem. Ou seja, onde havia espaço para uma releitura satírica, não houve esse desenvolvimento, mas apenas uma situação mencionada que pareceu fora de lugar no conto. Quem é Bruce Wayne nesse conto para além de sua frustração? Não sou um ávido leitor dos quadrinhos, mas já li alguns, li o Cavaleiro das Trevas Retorna, que, inclusive, é parte da inspiração para o Batman de Ben Affleck, em que temos um Batman envelhecido e com outras ideias saídas de suas décadas de experiência… nada dos potenciais desenvolvimentos de um Batman experiente aparecem aqui, a não ser a frustração, que pelos problemas narrativos que apontei acima, não cativa o leitor.
Tom: Pela maior parte do tempo, o conto não parece adentrar em tom nenhum. Parece ater uma seriedade à qual falta impacto. Não dá para sentir pelo drama de Wayne ou visualizar a grandeza que é uma Gotham sem Batman. É tudo insosso. O final parece querer ser satírico e, na verdade, como mencionei acima, o conto às vezes parece querer seguir para esse lado, mas nunca adentrando totalmente. O final, que é algo completamente inverossímil, mas, devo admitir, inventivo, o conto parece realmente querer fazer acreditar que, sim, aquele é um possível desfecho para o Batman. O problema é que, aqui o Batman não tem muita substância e, assim, parece até ser possível que aquele é o final… mas, devo acrescentar, a existência dessa possibilidade se dá pelo vazio do conto, não por uma construção cuidadosa.
Veredito: O que eu acredito que tenha sido o principal problema foi uma indecisão: acho que o autor visualizou uma sátira, algo que certamente daria certo e seria interessante de se ler, mas tentou investir no conto um véu de seriedade que não corresponde ao que se lê e, pelo contrário, acaba não produzindo efeito algum. Se tivesse abraçado a caricatura, acho que o conto teria tido um resultado muito melhor.
Boa sorte.