EntreContos

Detox Literário.

Meu nome é Alma, talvez porque não a tenha (Ana Maria Monteiro)

Dizem, “com o tempo se esquece”,
Mas isto não é verdade,
Que a dor real endurece,
Como os músculos com a idade.

O tempo é o teste da dor,
Mas não é o seu remédio —
Prove-o e, se provador for,
É que não houve moléstia.
Emily Dickinson – Tradução de Aíla de Oliveira Gomes

 

Que foi, Alma? não te vou prender, disse ele sorrindo. E algo me acometeu, como uma luz, ou talvez uma escuridão, ou ambas.

***

Leonardo e eu fazíamos um belo par, todos nos apontavam na faculdade – ele, já finalista de medicina e eu a iniciar em direito, ele, por vocação e eu porque “nunca se sabe quando é que faz falta um bom advogado”, dizia, mas não sabia o meu porquê, agora sei.
O curso dele desagradava-me, nunca gostei de médicos, sempre associei a sua imagem a corvos agourentos, um presságio de morte. Mas Leonardo Jordão era diferente, alto, bonito, garboso, o seu porte era um pouco old fashion, talvez devido à sua ascendência americana, de que discretamente se orgulhava. Apaixonámo-nos desde o primeiro dia, creio. Mas levámos algum tempo a trazer o amor à superfície, sou uma mulher de muitas camadas e existe sempre outra por debaixo da mais recente, outra que nunca me permite saber se já cheguei onde queria e, uma vez lá, sinto a presença da seguinte, ameaçadoramente à espreita. Ele dizia, mais tarde, em tom de brincadeira que o fulgor do meu cabelo ruivo o hipnotizara, eu não dizia nada, sempre soube que é melhor não dizermos o que queremos nem o que pensamos.
Leonardo não compreendia o meu horror a médicos e dizia, Nem sequer vou ser um médico desses, vou especializar-me em psiquiatria, quero compreender a mente dos desalinhados, mas eu não queria saber, até porque nem compreendia a aversão que sentia pelo curso que ele escolhera, agora sei.
No fatídico dia em que disse aquela frase, Leonardo aparecera-me à porta impante de orgulho e vestido com um fato preto que lhe ficava absurdamente grande em largura e pequeno em comprimento e trazia na mão esquerda uma maleta daquelas que já ninguém usa e que, soube-o depois durante o julgamento, tinha comprado nessa mesma manhã na feira da ladra a um daqueles feirantes que vendem coisas que ninguém sabe donde saíram nem como lhes chegaram às mãos e que sempre se aproveitam da ingenuidade dos raros clientes que por vezes lhes calha encantarem-se com alguma dessas velharias. Uma maleta de médico do século XIX! Leonardo estava feliz, eu gritei, fiquei possessa e nesse momento voltámos a juntar-nos as três, eu, a Mary e a Nancy. E depois ele disse, Que foi, Alma? não te vou prender.
Não me recordo do que sucedeu em seguida, não sei. Foi a claridade e a escuridão e nós as três em uníssono de novo, movidas pelo horror despertado pela maleta, com as suas facas e aparelhómetros clínicos diversos. Não abri a janela, disso não posso esquecer-me. Lembro-me do sangue, vermelho como as flores do quintal do Sr. Kinnear, que a Nancy apanhava naquela primeira manhã em que entrei ao seu serviço, como os quadrados das minhas colchas que toda a vida cosi compulsivamente, num frenesim que me acalmava e aplacava fosse lá o que fosse que sempre me atormentou, como uma memória, corta a maça, Alma, corta a maça para saberes com quem vais casar, mas eu sabia, ia casar com Leonardo. 


Sou famosa e não compreendo porquê, a humanidade evoluiu muito pouco nestes quase dois séculos que me separam de quando fui Grace, os humanos são ainda presas do mesmo fascínio por sangue, por experimentar um prazer mórbido e amoral face ao hediondo, que os repele e atrai em simultâneo, sem que nem saibam dizer qual das sensações prevalece ou lhes é mais querida – têm fome de sentir. 

Leonardo morreu, foi morto e esquartejado no hall de entrada de minha casa, estávamos só nós, os amantes apaixonados e Leonardo desfez-se em sangue, as vísceras espalhadas por cima do tapete que teve de ir para o lixo, recordo-me bem de como isso me incomodou, o tapete inutilizado por sangue e vísceras. E a alma dele não teve como sair para a liberdade, pois que não abri a janela, tal como com Mary.
Mary sorria dentro de mim, feliz e Nancy já não me olhava de olhos esbugalhados e saídos das órbitas por força do meu lenço que James me pediu para a estrangularmos e acabar com o que ainda lhe restava de vida, era de novo a Nancy levemente arredondada que se deixava envolver voluptuosa pelos braços fortes e morenos do adorável Sr. Kinnear, e Leonardo, mesmo agora uma massa informe, recuperara o rosto do Dr. Jordan com quem vim a descobrir que tinha laços sanguíneos obscuros. Desconfio que fosse seu tetraneto de um possível filho bastardo e cuja existência nunca foi mencionada, talvez de uma das filhas do Sr. Diretor, quem sabe? Que interessa! O passado está enterrado e, embora nunca morra, há segredos que se lhe juntam na cova e não temos como desenterrar. Se não há como saber, não merece a pena pensar no assunto.


Hoje sei porque sempre acreditei que casaria com um homem com o nome começado por J, a maçã revelou-o há muitas décadas, não calhou ser o Jeremiah, não foi o Dr. Jordan, não foi o James McDermott, claro, que bem o desejou, mas foi enforcado acusando-me dos atos que lhe foram imputados; houve o Jamie Walsh, com ele casei, mas ficou lá para trás sem qualquer brilho e por isso não conta; poderia agora ter sido o tetraneto do Dr. Jordan, que apesar de Leonardo era Jordão, que o Dr. Jordan também só o era de apelido, pois que o seu nome era Simon. Corta a maçã, Claire, corta a maçã, Alma. Nunca cortei nesta vida, mas agora sei de quem era a voz, querida Mary que nunca me abandonaste, amiga maior e melhor não tive nem quis, continuamos juntas.


As prisões do século XXI são um luxo, mas aborrecem-me de morte. Talvez a memória me atraiçoe, os anos suavizando o ardor das vergastadas que já não recebemos, mas agora as presas têm permissão para falar e são balofas, desinteressantes e insuportáveis. Apanhei a pena máxima e a prisão não é no meio do campo, nem posso ir trabalhar para casa do diretor, tenho de passar aqui os dias. Quase consigo sentir falta dos guardas e das guardas de outrora – porcos, imundos, ordinários; agora são elas, as presas e não tenho como fugir-lhes, estão em todo o lado, dividem a cela comigo, falam alto no refeitório e também só dizem ordinarices e velhacarias e fumam e fazem contrabando e algumas também tentam aproximações sexuais, metem-me nojo. Perdi as mordomias que em tempos tive e durante o julgamento ninguém quis saber da minha beleza, nem da minha educação, sou uma reles presidiária comum, com algumas vantagens, pois sou organizada e laboriosa e deixam-me ajudar na biblioteca da prisão e trabalhar na lavandaria, onde coso a roupa interminavelmente rasgada e rota de velhice e de brigas sem sentido que surgem do nada, só para aliviar as tensões de mulheres afastadas dos filhos e das famílias e sem os homens que são muitas vezes a causa que  as lá levou, umas mataram-nos outras tentaram, todas que já conheci tiveram motivos válidos menos eu, mas ninguém quis saber disso, ninguém se preocupou com as tareias que levavam dia após dia, com os murros, os pontapés, os filhos perdidos ainda nas barrigas devido aos maus-tratos, ninguém se preocupou se eram ameaçadas, perseguidas. As pessoas acreditam que as mulheres se emanciparam e ocupam um papel igual ao dos homens na sociedade de hoje, mas estão enganadas, está tudo na mesma, só que agora é mais bem disfarçado, existe a ilusão de que se emanciparam, só porque podem votar, ter amantes e trabalhar e, em termos relativos, ser ainda mais escravizadas e estigmatizadas do que eram antes.


O meu advogado tentou alegar insanidade temporária, fiquei furiosa, vê-se bem que ele nunca passou por um hospício, nunca lhe mediram a cabeça para perceber se era um assassino nato e incurável, ou apenas um homicida movido pela ganância. Eu já vivi isso tudo uma vez e não quero mais, ele disse, Os hospícios já não são o que eram, até o nome é diferente, mas eu sei bem como tudo mudou tão pouco, como as palavras mudaram e vestiram as verdades de outras cores e promessas, mas nada mudou, os humanos são os mesmos de sempre, vivemos com mais conforto, mas albergamos os sentimentos e pulsões de sempre e, quem pode, abusa como sempre sucedeu. Por isso, durante o julgamento, mostrei-me circunspecta, clara, lúcida, concisa – escolhi a prisão deliberadamente. Só não me recordo do que fiz, desta vez não me recordo mesmo. Quando a Nancy e o Sr. Kinnear foram assassinados, lembrava-me bem, mas fiz-me de esquecida e escapei à pena de morte, apesar de ter penado 29 anos, desta vez será menos, com o meu bom comportamento, saio dentro de uma década ou pouco mais e ainda vamos muito a tempo de prosseguir com as nossas vidas.


Já não quero ser advogada, continuo a fazer colchas, são um sucesso, tenho imensas encomendas das guardas que arranjam maneira de diminuir as minhas horas na lavandaria e assim disponho de mais tempo para as fazer. Não ganho muito, mas as refeições são melhoradas, nunca me faltam cigarros que negoceio com as outras reclusas em troca de me deixarem em paz e tenho algum dinheiro que vou juntando. É minha intenção continuar a fazer colchas por toda a vida, nada me dá mais prazer e calma.
Vou guardando alguns retalhos mais especiais para a minha própria colcha que farei com eles, a minha Árvore do Paraíso, adornada, na cercadura, por algumas serpentes entrançadas (não podem faltar) e de olhos bem pequeninos para que observem sem ser vistas e com muitas maçãs, vermelhas e vivas como sangue a pulsar e acrescentarei um recorte branco, disfarçado de nuvem, pela Mary, um da minha farda de prisioneira e outro de um estampado florido, que ficará na base do tronco, quais flores campestres de que a Nancy tanto gostava e bem no centro da Árvore irei acrescentar um quarto quadrado especial, preto, que foi do fato do Leonardo e ainda está manchado pelo sangue dele, será um olho no tronco da própria Árvore e irá unir-nos aos quatro indelevelmente. E vamos ficar assim os quatro, todos juntos para sempre.

Quando eu morrer, por favor, abram a janela.

Minha vida terminou duas vezes antes de findar.
Ainda falta saber
Se a imortalidade está a guardar
Um terceiro fôlego para mim
Tão grande, tão impossível de conceber
Como estes que duas vezes já foi a minha vida
Tudo o que do céu podemos saber é a despedida
E é tudo que do inferno precisamos ter.
Emily Dickinson – Traduzido pelo autor

 

Nota final: a história relatada no livro é baseada em factos. Grace Marks, nasceu na Irlanda e migrou para o Canadá ainda criança. Ficou órfã pouco depois e começou a servir como criada. Profundamente marcada pela morte precoce da sua primeira e única amiga, Amy, Grace aceitou o convite de Nancy Montgomery, governanta na casa do Sr. Thomas Kinnear, para trabalhar lá e aí conheceu James McDermott  e  Jamie Walsh. Nancy e o Sr.  Kinnear eram amantes e foram ambos assassinados em 23 de julho de 1843, supostamente por James e Grace, então com 16 anos. James foi condenado à morte e enforcado, Grace, em parte devido à sua idade e beleza invulgar, em parte devida à  suposta fraqueza do seu sexo, facilmente influenciável, foi condenada a prisão perpétua. Esteve internada por alguns anos num hospício e mais tarde cumpriu pena na penitenciária provincial de Kingston, em casa de cujo diretor trabalhou e onde foi longamente analisada por médicos, clérigos, entusiastas de espiritismo e outras personalidades respeitáveis que, no seu conjunto, acabaram por lhe conseguir obter o indulto em 1872. Supõe-se que depois disso, Grace terá contraído matrimónio com Jamie Walsh, que se sentia bastante culpado pelo testemunho prestado em tribunal contra ela, movido por ciúmes, pois estava apaixonado por ela. Nunca se soube o que se passou ao certo e o assunto dividiu a opinião pública durante o resto do século. Terá sido uma mulher perversa? Uma vítima forçada pelo verdadeiro assassino? Uma louca? Sofreria da, ainda desconhecida, esquizofrenia e teria múltiplas personalidades? A sua amiga Amy teria existido e morrido, ou seria fruto da sua imaginação? Terá convertido Nancy em mais uma das suas personalidades adquiridas? Nada sobre Grace Marks é definitivo, além da sua origem, envolvimento nos assassinatos e factos concretos; a mulher que foi, permanece um mistério. 

Considerei relevante o esclarecimento acima e espero ter conseguido fazer jus a Grace e a Margaret, mas desejo que o conto seja meritório por si mesmo.

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15 comentários em “Meu nome é Alma, talvez porque não a tenha (Ana Maria Monteiro)

  1. Andreas Chamorro
    12 de setembro de 2020

    O conto trata-se de uma história verídica. Grace narra um tanto de seu passado mesclando com seu presente na prisão, as vicissitudes que fizeram ser condenada e seu dia-a-dia na penitenciária.

    Olá, Claire! Parabéns pelo texto! Olha, confesso que me surpreendi ao descobrir que era verídica essa história, me deu uma certa curiosidade em ler este livro da Artwood, ainda não li nada dela mas tenho muita vontade, seu conto ajudou. Gostei muito da narração ser em primeira pessoa, pois conseguimos notar que Grace (como bem diz no título) é uma pessoa muito fria e calculista. Esta não tem um pingo de dó de seu ninguém, nem dos homens que supostamente amou. O texto foi muito bem escrito, a única coisa que fugiu um pouco à minha compreensão fora a tal maçã, ela via o futuro no maçã? Bem, fora isso é realmente um ótimo conto. Sobre a gramática não encontrei nenhum erro, muito pelo contrário, você tem um exímio vocabulário! Novamente parabéns! Boa sorte!

  2. Daniel Reis
    11 de setembro de 2020

    2. Meu Nome é Alma, talvez porque não a tenha (Claire)
    Original: Grace Marks
    Resumo: Alma é uma psicopata de múltiplas personalidades ou inocente? A partir da narrativa que envolve Leonardo, médico e primeira paixão, e a existência em si de Mary e Nancy em si, esquartejado brutalmente. Presa, fala sobre a vida na prisão e filosofa sobre o papel das mulheres na sociedade atual. Sabemos que Nancy e Kinnear também foram assassinados por ela, que deixa de querer ser advogada para fazer colchas. A nota final explica muita coisa sobre o contexto da obra.
    Comentário: bem escrito em Português-PT, o conto utiliza-se da primeira pessoa na narrativa, o que ao mesmo tempo que nos dá uma visão privilegiada da percepção da protagonista, contamina a veracidade e lógica dos fatos narrados (em tese, ela seria realmente uma mente perturbada). Na parte técnica, o parágrafo que se inicia com “Hoje sei porque sempre acreditei que casaria com um homem com o nome começado por J…” me pareceu confuso, com excesso de personagens secundários que não temos clareza que papel desempenharam na história. De qualquer forma, parabenizo o(a) autor(a) pela participação.

  3. Fernanda Caleffi Barbetta
    10 de setembro de 2020

    Resumo
    Alma parece assumir várias personalidades, como a de Grace e Mary, durante o decorrer da história. Seu namorado, Leonardo, um médico recém-formado é morto em sua casa mas não fica claro o que aconteceu. Na mesma ocasião, matam também a governanta Nancy. Ela vai para a cadeia e quando o advogado sugere alegar insanidade, ela prefere a prisão.

    Comentário
    Uma pena tremenda eu não ter lido o livro em questão, pois tenho a certeza de que aproveitaria melhor a leitura do conto. Mas isso não afetará a sua nota. Foi uma ótima ideia a de colocar uma nota explicativa ao final do texto, pois ajuda na compreensão, ponto positivo pela preocupação com o leitor.
    O conto é muito bem escrito, interessante e envolvente. A sua escolha pela primeira pessoa foi bastante acertada, nos aproximando da personagem e dos seus pensamentos, que conduzem o enredo.
    Destaco a inclusão dos poemas ao longo do texto, o que enriqueceu ainda mais a narrativa.
    “Mas levámos algum tempo a trazer o amor à superfície, sou uma mulher de muitas camadas e existe sempre outra por debaixo da mais recente, outra que nunca me permite saber se já cheguei onde queria e, uma vez lá, sinto a presença da seguinte, ameaçadoramente à espreita” – que lindo isso! Parabéns.
    O conto é escrito de forma fluida, porém, alguns períodos me pareceram longos demais, faltou fôlego ao leitor. Não que seja errado, mas fica um pouco confuso e cansativo. Exemplo: “No fatídico dia em que disse aquela frase, Leonardo aparecera-me à porta impante de orgulho e vestido com um fato preto que lhe ficava absurdamente grande em largura e pequeno em comprimento e trazia na mão esquerda uma maleta daquelas que já ninguém usa e que, soube-o depois durante o julgamento, tinha comprado nessa mesma manhã na feira da ladra a um daqueles feirantes que vendem coisas que ninguém sabe donde saíram nem como lhes chegaram às mãos e que sempre se aproveitam da ingenuidade dos raros clientes que por vezes lhes calha encantarem-se com alguma dessas velharias.”

    Maça – maçã

    Sou famosa e não compreendo porquê (o porquê)

  4. Paulo Luís Ferreira
    9 de setembro de 2020

    Resumo: Baseado em um clássico romance, “Chamavam-lhe Grace” o qual foi baseado em um fato real.

    Gramática: Detectei alguns problemas de digitação como estes:(frenesim) Não seria Frenesi – impante (?) – maça (ã). Mas no todo nada que desabone gramaticalmente.

    Comentário Crítico: Apesar do resumo dado pelo autor ao final, o conto em si é um tanto cofuso para sua compreensão plena. Muito por falta do conhecimento da obra original. (O que é de se esperar em desafio como este, pois impossível é que nós todos participantes tenhamos conhecimentos da maior parte das obras citadas pelos autores concorrentes. Sabe-se que houve um assassinato por uma adolescente, a qual não se sabe, se em verdade, é culpada ou inocente. E que há uma analogia há séculos passados e os dias contemporâneos: como a incorporação da protagonista em ter assumido a identidade da protagonista, uma provável assassina do romance original. E que o enredo entrelaça algumas memórias. E muito perceptível fica certa aversão à medicina, que deve ser uma nuance da obra original, o que não fica muito claro este porquê. Preciso é que se tenha um maior conhecimento da obra inspiradora ao conto, para se ter uma avaliação melhor abalizada.

  5. Jorge Santos
    8 de setembro de 2020

    Olá Claire. Achei o seu conto profundamente perturbador, por tratar de uma faceta obscura da natureza humana – a capacidade de provocar actos hediondos.
    Resumo: Alma, estudante de Direito é apaixonada por Leonardo Jordão, aluno finalista de Medicina, que pretende optar pela especialidade de psiquiatria. Ela sonha casar com ele, mas acaba por matá-lo de uma forma violenta. É condenada à prisão perpétua onde nos seus pensamentos nos revela ser a reencarnação de Grace, uma criada que duzentos anos antes tinha assassinado o patrão e sua amante.
    Pontos fortes: O relato intimista, pausado, bem estruturado. A narrativa é muito forte, com detalhes macabros que prendem o leitor. O relato fica em aberto, deixando espaço para que a imaginação do leitor preencha os pontos em falta.
    Pontos fracos: Falta alguma revisão, tanto a nível da pontuação como da gramática.

  6. Leticia Oliveira
    29 de agosto de 2020

    Resumo: Narrado em primeira pessoa, o conto introduz com o impasse entre uma mulher e seu noivo, Leonardo. Ele estuda medicina, o que ela não gosta. Certo dia, ela assassina Leonardo com a instrução de suas personalidades complementares/amigos imaginários, que depois descobre-se que foram outras vítimas suas. Ela fica famosa após ir para a cadeia e tece reflexões sobre variados assuntos. Por fim, ela encontra uma atividade que ajuda a suportar o tempo na cadeia: tece colchas. Nessas colchas, inclui homenagens às suas vítimas (das quais ela fala com carinho).

    O conto nos faz adentrar a psiquê de uma mulher que me pareceu no mínimo insana, que nega para si mesma suas ações violentas. Ela nos conta que é uma pessoa que possui incontáveis camadas, e isso fica claro ao longo do conto, tanto nas palavras utilizadas, quando na forma de descobrir certas partes do passado dela, é como se estivéssemos tirando as camadas uma a uma durante o texto, e mesmo no final ela ainda parece um mistério. A escrita me agrada, e o enredo é muito interessante, apesar de não conhecer o livro da Margaret Atwood, a história real de Grace é realmente interessante. Ótimo conto!

  7. Fabio Baptista
    29 de agosto de 2020

    RESUMO:
    Mulher (Alma) assassina violentamente o amante (Leonardo) e é presa. Recusa-se a ser defendida alegando insanidade.
    Na prisão convencional, recorda-se dos eventos macabros de suaS vidaS.

    COMENTÁRIO:
    O conto está muito bem escrito. Dentro de um estilo que não me agrada devido à densidade, mas que não deixa de ser muito bom por isso. Há algumas peculiaridades do Português-PT, mas só o “maça” me incomodou, ainda mais depois de ser apresentado como “maçã” depois.
    A história contada acabou, na minha opinião, exagerando na dose de obscuridade. Intencionalmente ou não (afinal, falávamos de loucura) as coisas se tornaram muito confusas, com uma profusão de nomes indo e vindo, que não permitiram visualizar o quadro completo.
    Há outras dúvidas que ficam como por exemplo se Alma era imortal, se era algum tipo de reencarnação, possessão ou somente loucura.

    Eu não gostei, não foi meu tipo de leitura, mas reconheço que, dada a obra original, certamente o(a) autor(a) fez um bom trabalho.

    NOTA: 4

  8. Anderson Do Prado Silva
    27 de agosto de 2020

    Resumo:

    Uma mulher comete um crime sem entender muito bem o porquê. Depois, é revelado que a alma que habita seu corpo fora antes de outra criminosa.

    Avaliação:

    (Autor, não leia o presente comentário como crítica literária, pois se trata apenas de uma justificativa para a nota que irei atribuir ao texto.)

    Não conheço a obra de Margaret Atwood. Na Netflix, assisti apenas ao trailer de “Alias Grace”.

    Gostei muito do estilo desse conto (enunciados e parágrafos longos), mas não sei se é o “estilo” de seu autor ou a “imitação” (para cumprir as imposições do Desafio FanFic) do estilo de Margaret Atwood. Num ou noutro caso, parabenizo o autor. Ficou muito bom!

    Gostei da ideia apresentada no enredo, mas achei o enredo, em si, mal executado, talvez em decorrência dos limites imposto pelas três mil e quinhentas palavras. Para tornar os limites ainda mais estreitos, o autor decidiu usar epígrafe e epílogo, além de ter inserido uma “nota final”. Tudo isso se somou e limitou o espaço que o autor tinha para desenvolver o enredo. O autor também teve uma dificuldade para ambientar leitores que não conheçam a obra de Margaret Atwood: o conto vazou recheado de informações para ambientar o leitor, e o resultado final é que o texto, em alguns momentos, cansa um pouquinho.

    Não é um texto dinâmico. Não acontece muita coisa nele. A falta de diálogos e a natureza memorial agravam isso.

    O texto é bem escrito, com bom português. Revela um escritor competente.

    Parabéns pelo texto e boa sorte no desafio!

  9. Thiago Amaral
    26 de agosto de 2020

    O conto é sobre uma mulher que vive por centenas de anos (não entendi porque, será que dormi no ponto?), colecionando identidades e assassinatos. Ao longo do relato, faz uma série de observações, como a ausência de diferenças entre o papel das mulheres ontem e hoje, bem como a função dos presídios e manicômios.

    Oi!

    O que mais se destacou pra mim no seu conto foi a estrutura dos parágrafos e o uso de pontuação. Não que tenha um jeito certo de fazer, mas o modo como é feito influencia o ritmo da leitura e como o leitor vai entender a história. No meu caso, os parágrafos enormes o uso constante de vírgulas me deu a impressão de uma pessoa que falava rapidamente, sem muito tempo para pensar. Parecia alguém confuso e com problemas mentais! A julgar pelo histórico da personagem, achei que poderia ser proposital, mas, lendo a nota explicativa, parece que é o seu estilo de escrita, mesmo. Então eu recomendaria prestar atenção nesse ponto, dependendo de sua intenção com o texto.

    Não conhecia a história na qual você se baseou e boiei bastante ao longo da leitura. Tem vários nomes, e fiquei bastante confuso, tendo que voltar e tentar memorizar quem fez o que, quem é quem. Isso não é necessariamente ruim. De novo: Depende da sua intenção com o leitor. Deu pra captar nas entrelinhas os temas que você queria abordar e algumas coisas sobre a Grace, ou Alma

    A nota explicativa deu uma clareada e ajudou a entender. Mesmo assim, tive que ir na Wikipedia pra tirar mais algumas dúvidas hahaha Não sinto necessidade de gostar de tudo contanto que a viagem seja boa, então isso não era problema.

    Achei que você usou um bom vocabulário, distinto, e entrou bem na mente da personagem.

    Deu pra ver que você escreveu sobre um tema que te interessa bastante, o que é ótimo.

    Pra mim, no fim, foi como um relato misterioso, mas interessante, com alguns reflexões, mas que deixaram muitas dúvidas. Foi como uma preparação para conhecer Alias Grace.

  10. Rubem Cabral
    26 de agosto de 2020

    Olá, Claire.

    Resumo da história: Grace, uma mulher imortal(?) e com múltiplas personalidades ou outros distúrbios mentais, comenteu um assassinato e foi internada num manicômio, onde conversa com seus outros “eus” e borda colchas com símbolos de coisas de suas memórias: o ex-amante morto, janelas fechadas que impedem almas de partirem e que forçam-as a habitá-la, etc.

    Análise co conto:
    a. criatividade: 3/5 – o conto aparentemente dota Grace de uma nova indentidade e insinua o sobrenatural, através dos múltiplos “eus” que habitam a personagem. Não conheço a obra de referência, então não sei dizer sobre o quanto o enredo original foi expandido .
    b. personagens: 3/5 – a personagem principal com seus múltiplos “eus” e sua rica vida interior é bem desenvolvida, porém há muitos outros personagens e todos os outros apenas são sombras fúgidas, não deixando maiores impressões sobre esses.
    c. escrita: 4/5 – eu gosto deste estilo meio Saramago, com diálogos misturados à narração, pensamentos e ações sem delimitações exatas, etc.
    d. adequação ao tema: 4/5 – eu gostaria de ter maiores referências, mas certamente o texto emula bem um escrever antigo e com o rebuscado que faz parte de tal estilo.
    e. enredo: 2/5 – não gostei do autor ter usado uma imagem do livro ou ter dado explicações ao final. Seria preferível ter descrito e apresentado os personagens como se fossem seus, desenvolvendo a história a seguir, ficaria mais “orgânico” e natural.

    Boa sorte no desafio!

  11. rsollberg
    25 de agosto de 2020

    Meu nome é Alma, talvez porque não a tenha (Claire) Nota:

    Resumo: Relato da protagonista, Grace Marks, sobre o seu mais recente amor, e desamor, e as consequências dos seus atos.

    Fala, Claire.
    Inicialmente, tenho tentado analisar a adequação ao tema. Nesse caso, resta claro que o conto atendeu perfeitamente a proposta do desafio criando um novo capitulo na vida de uma personagem famosa, ficção e história. Inspirada na obra da estupenda senhorinha vanguardista canadense Margaret Atwood, “Alias Grace”, que inclusive rendeu uma série na Netflix, o autor aparentemente traz um novo capitulo para ser acrescentado na história. A protagonista está livre e vivendo um novo amor. Através de reminiscências muito bem explorados ela vai tecendo esse estranho manto que da vida a sua estranha história. As lembranças nebulosas vão se avolumando durante o conto, no entanto, sem nunca aparentar pedantismo e explicações gratuitas. Em minha parca compreensão e conhecimento técnico entendi que foi um grande acerto não revelar motivações, tampouco ser explicito nas exposições. Ou seja, nesse diapasão o tom hermético do texto agrega valor e deixa para o leitor trabalhar um pouco suas sinapses.

    Na parte estética do conto, vejo que o autor optou por uma estrutura mais caótica, ou melhor dizendo, anárquica, que de forma proposital ou não, ajudou a estabelecer uma conexão com a personalidade da protagonista. Por estar acostumado e ser muito fã de Saramago não tive qualquer problema quando da leitura, tampouco fiquei engasgado nos diálogos sem marcação. Ainda que, talvez, em alguns episódios tivesse escolhido uma outra saída. Perspectiva pessoa apenas!
    Penso que o autor foi feliz na construção de um punhado de frases mesclando fluxo de consciência e estilo próprio, gerando uma voz especial para a personagem, destaco essa como exemplo “nunca lhe mediram a cabeça para perceber se era um assassino nato e incurável, ou apenas um homicida movido pela ganância”.

    Ademais, creio que o “prólogo” e o “epílogo” com os trechos da obra de Emily Dickinson casaram bem com a história e deram mais charme para o texto.

    Quanto ao título, tendo por base única e exclusivamente o gosto pessoal, não curti muito. Achei meio novela de rádio cheia de dramalhão, diametralmente oposto ao conceito do texto que não tem qualquer apelo fácil.

    Na revisão percebi apenas um “maça” sem acento. Arregalei os olhos quando vi um “frenesim” pois me acostumei a usar “frenesi”, mas descobri que segundo o léxico ambas estão corretas.

    Por fim, apesar de não curtir muito nota explicativa, entendo a opção do autor tendo em vista a variedade de leitores e seus respectivos ânimos. Portanto, Parabéns e boa sorte no desafio.

  12. Fheluany Nogueira
    25 de agosto de 2020

    Alma e Leonardo eram estudantes e estavam apaixonados. Ele é assassinado e Alma alega não ter memória do ocorrido, considerando-se reencarnação de Grace Marks. Ela não aceita que o advogado alegue insanidade temporária, faz uma análise da prisão no século XXI e espera, ao morrer, reencontrar-se com seus entes amados.

    A trama está adequada, com imagens fortes e uma premissa muito bem escolhida. A protagonista, em primeira pessoa, tenta se mostrar uma pobre criatura, presa ao passado, vítima de seu destino e que merece piedade e perdão. Como na obra original, o leitor tenta descobrir a verdade entre as peças que a mente pode pregar.

    Fiquei sem entender o que acontecia no começo. Devaneios e idas e vindas entre presente e passado me confundiram. Superada esta etapa, mergulhei na interessante prosa poética e versos citados.

    A narrativa destaca o sentimento melancólico da mulher que sofreu perdas, além de uma boa dose de sarcasmo. Um texto intenso, palpáveis a decepção e a ilusão. Uma escrita que brinca um pouco com a concentração do leitor e um final aberto que explicado melhor, pode ou não acrescentar “alma” à trama.

    Parabéns pelo trabalho e sucesso! Abraço.

  13. angst447
    25 de agosto de 2020

    RESUMO

    Alma e Leonardo Jordão formavam um belo par, ele estudando Medicina e ela Direito. Ela nunca gostou de médicos, pois os achava agourentos. Movida por memórias, talvez de outras vidas, Alma assassina o amado, tendo como testemunhas Mary e Nancy (os fantasmas que a acompanham). Leonardo foi morto e esquartejado no hall de entrada de sua casa. Em outra vida, Alma (ou Grace) fora acusada de assassinar Nancy e o Sr. Kinnear e escapou à pena de morte, mas teve pena de 29 anos. Dedicou-se a fazer colchas de retalhos, que faziam muito sucesso mesmo na cadeia. E seu principal objetivo de vida tornou-se costurar a sua Árvore do Paraíso, uma colcha de memórias da(s) sua(s) vida(s).

    AVALIAÇÃO:

    Um conto denso, intrincado, que exige uma leitura muito atenta. Texto bem escrito, com períodos longos e muitas ideias atreladas a cada parágrafo. Tudo muito bem costurado, mas que torna o texto tão rico que pode confundir o leitor desavisado. Até agora não tenho certeza se Mary e Nancy são parte da personalidade de Alma, ou se são apenas memórias fantasmas.
    Acredito que a base do seu conto seja a história de Grace, como você mesmo apresentou no final. Assisti á série Alias Grace, mas já não me lembro bem da trama. Sei que gostei bastante e que o final deixou em dúvida a natureza da personalidade da protagonista. Portanto, considero a sua escolha para o experimento fanfic bem interessante.
    Alma é um nome bastante peculiar para um personagem, pois parece abranger muito mais do que a vida de uma mulher. Seria a alma feminina, aprisionada por séculos de submissão? Ou ela própria seria uma colcha de retalhos formada de vários personagens e seus enredos?
    Percebi um sotaque lusitano na escolha de algumas palavras como “fato” no lugar de “terno” ou “traje”. Mas sem dúvida, o(a) autor(a) possui um vocabulário bastante vasto e que se sobressai pela sua riqueza.
    A fluidez da leitura talvez fique comprometida pela densidade da trama, que implica retomada ao texto para a compreensão das ideias apresentadas. Não é uma leitura fácil, mas dá uma grande satisfação quado se chega ao final com a sensação de se ter resolvido um enigma ou pelo menos parte dele.

    Boa sorte no desafio e que os céus protejam a sua Alma. 🙂

  14. Marcio Caldas
    24 de agosto de 2020

    A autora recria o universo de grace marks do livro “vulgo grace” de Margaret atwood a partir da visão transcendental da alma da protagonista.

    Passando a ideia de que o mesmo espírito incompreendido lá detrás, continua a vagar em novos corpos ainda experimentando certa ambiguidade pelo fatos cometidos ou não.

    De inicio, tive dificuldade de entender a trama e o resumo ao final ajudou bastante. Embora se encaixe no gênero fanfic, me deu mais uma impressão de continuação do que de fanfic.

    Além disso, o texto deixou um pouco de fora a grande marca do texto original que era a bertira de temas ainda atuais sobre a posição da mulher na sociedade.

    Por outro lado, a autora demonstra ter conhecimento e planejamento consistente para manter a coesão e incoerência necessárias para um texto que reflete o pensamento de alguém cuja sanidade está a prova.

    Confesso que fiquei um pouco atordoado com frases longas que dificultam o entendimento, mas fazem parte da estética e forma imprescindíveis ao ponto de vista pelo qual a história é contada.

    Assim, entre pontos positivos e negativos, minha nota é 4.

  15. pedropaulosd
    24 de agosto de 2020

    RESUMO: Ao que parece, uma reencarnação da figura questionável de Grace Marks, agora se dada no nosso século, acarreta mais um assassinato que a encarcera novamente, deixada aos seus devaneios que somam impressões de sua situação e da contemporaneidade com vislumbres do seu passado tormentoso, atravessado por assassinatos e mistério.

    COMENTÁRIO: Olá, Claire. Com a epígrafe indicando os possíveis efeitos do tempo, a princípio não se percebe muito o seu significado dentro do conto, mas este vem a ser retomado. Na verdade, o conto começa pelo meio, pois traz um trecho do parágrafo seguinte dando a ele uma conclusão que não está presente nesse parágrafo, marcada pela ambiguidade que parece ser a natureza de Grace Marks. Eu não conheço a história de Grace a não ser por cima e, apesar de coincidentemente ter o livro escrito por Atwood, eu não li ou vi a adaptação da Netflix. Então não conheço os personagens citados ou o estilo narrativo da obra, o que me levará a deixar de lado a parcela da nota que tomo da adaptação.

    A narrativa em primeira pessoa é vantajosa ao atribuir agilidade ao conto, indicando ações, contextualizando e dando visão ao que pensa a personagem. Mais do que isso, torna-se um próprio reflexo do caos interno da protagonista, que não sabe quem realmente é, e reflete no agora amparada em centenas de anos atrás, às vezes nem parecendo saber onde está, mas em seguida demarcando com exatidão a sua situação e suas impressões. Todas as suas reflexões fazem dela uma personagem intrigante e desconcertante, que nos faz querer entende-la, mas não permite a completa compreensão. Talvez esta seja impossível, pois nem ela mesma se entende.

    Quanto à sua nota, responderei o seguinte: da minha leitura, a profusão de nomes confundiu um pouco e o fato de aparecerem nas recordações confusas da personagem dificultou, mas uma primeira releitura dos trechos em que me perdi logo me deixaram mais situado, embora não realmente entendido de tudo que se trespassou. Se falta ao conto um enredo mais sólido, é dentro da personagem que realmente está a estória (ou as estórias), e viajar por dentro dessa mente sombria foi bastante interessante. Parabéns.

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Publicado às 24 de agosto de 2020 por em FanFic, FanFic - Grupo 1 e marcado .
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