Aluguei um pequeno apartamento no Bixiga, precisava me concentrar e escrever. Suas duas janelas davam a um estreito prisma de ventilação onde o sol era visível apenas por duas hora, escondendo-se atrás da empena alta do prédio. Escreveria um livreco sobre lendas amazônicas, algo definitivo, dizia o meu editor. Amigo do meu pai, ele pagava bem, então fui em frente. Por que não? Ruim era não saber nada sobre folclores e nada sobre Amazônia. Mas tudo ficava bem quando imaginava que aquele projeto me traria trabalhos menos desprezíveis.
Logo que me mudei percebi que meu vizinho de frente me arruinaria com músicas a todo volume. Levantei a persiana. Lá estava ele, um cara comprido, de sunga, cabelos cacheados, dançando as músicas do Roberto Carlos. Bebia e dançava o dia todo. Ao me ver me acenou e pôs no peitoril da janela um grande veado de louça. Desci a persiana; ele subiu o som. Passei a chamá-lo de senhor R.C.; ele não roubaria a minha concentração.
Ao lado do veado apareceram dois copos de cerveja. Um garotão maciço, de braços mais grossos que minhas coxas, vivia com ele. Brilhavam na meia-luz, dançando coladinhos. Desci o vidro da janela, ele me acenou, desci também a persiana.
Liguei meu toca-discos. Renaissance: Ashes Are Burning. Depois, mudei para Incredible String Band: The Hedgehog’s Song. Precisava de um clima de floresta para escrever sobre os monstrinhos da Floresta Amazônica. Veio Gently Tender. Muito chata. God Dog. Idem. Cousin Caterpillar. Negativo. Não me permitia escrever. The Circle is Unbroken. Depressiva demais, me suicidaria se continuasse ouvindo aquilo.
Lá fora, competindo comigo, Roberto Carlos berrava. De volta ao Renaissance: Carpet of the Sun, Let it Grow, Ashes Are Burning por cinco vezes, depois, Sheherazade. Se escutasse aquilo seguidas vezes o mundo voltaria ao normal. Olhava pela fresta da persiana e lá estava o veado e sua galhada. Imaginei que um vento enviesado pudesse derrubá-lo; mas, só calmaria.
Não podendo abrir a janela, não tinha a luz do dia. Duas luminárias me faziam suar como um animal de hipódromo, como aqueles dois trepando no apartamento vizinho. Aumentei o som: Sheherazade era meu antídoto.
Eu não entendia nada de folclore amazônico, mas avançava inventando histórias:
As estrelas são os olhos dos bichos, os grãos, os nós que fazem as redes, as bolotas do babaçu, as castanhas de caju, as areias dos rios: tudo que é pequeno um dia será grande, gigante; todos serão estrelas.
As fases da Lua são as artes de uma aranha que mora em seu lado escuro. Com sua grande teia ela faz subir até lá um tatu, depois um jacaré, e, logo depois, um grande jaguar de nome Oka, que lá chegando faz a Lua inteira desaparecer.
Um pote colocado diante do sol faz a noite chegar à Terra.
No céu há plantações, árvores, mato, bichos, tudo.
Que diabo de texto era aquele? Tatu, jacaré, jaguar, aranha. Bichos, olhos dos bichos. A Lua. Fases da Lua. Um pote de barro. Olhei novamente pela persiana e o veado de louça com sua galhada brilhava sob a Lua: nenhum jaguar havia subido ao céu naquela noite. O senhor R.C. e seu amigo dançavam bebendo cerveja. Eu precisava de uma cerveja e não tinha nenhuma.
Por volta das oito da noite a campainha tocou. Era uma garota gorda que morava no meu andar, no 820. Imensa, cabelos pacificados no alto da cabeça por uma bandana vermelha com bolinhas pretas. Vendo-a pelo olho mágico me pareceu maior do que era. Abri a porta.
— Oie! Oie! Sou Olívia.
Trazia com ela um vinho barato.
— Sim…
— Trouxe vinho.
Rápida como um raio, entrou quicando sobre o piso da saleta, empurrando-me com seu corpo pesadão.
— Estou trabalhando. Agora não posso…
Ela começou a beber do vinho pelo gargalo. Usava sandálias Havaianas com pés esparramados dentro delas, duas pizzas de borda dupla.
— Posso sentar? — disse enquanto se sentava.
— Estou trabalhando, já disse — fui ríspido.
Olivia não se incomodava com um não, agora não, de jeito nenhum, nem se lhe desse um murro no nariz. A música do senhor R.C. continuava alta, a conversa daqueles dois entrando pela janela que ficara aberta. Riam, gargalhavam. Ninguém trepa dando gargalhadas, talvez estivessem apenas brincando de ver o sexo um do outro. Tudo bem.
Olivia foi à janela e gritou:
— Parem de sacanagem, filhos da puta!
Era a minha guerreira enfrentando meus algozes. Terminando de beber o vinho, ela atirou a garrafa na direção deles, quase acertando o veado sobre o parapeito. A garrafa se quebrou na parede e desceu oito andares. Ela começou a enrolar um baseado e se deitou no sofá.
Voltei ao quarto e ao texto. Talvez Olívia fosse uma doida inofensiva. Ouvindo Renaissance continuei a escrever:
Quando o grande jaguar Oka passeava pela Terra, com medo dele, o feiticeiro Kamuchi prometeu fazer mulheres para lhe ofertar. Derrubou árvores de madeira vermelha, moeu-as no pilão até torná-las pó. Depois soprou esse pó e viu que só havia feito homens. Matou-os a todos. Voltou à floresta e trouxe árvores de madeira branca. Moeu-as no pilão até torná-las pó, que voltou a soprar. Do pó nasceram as mulheres que Kamuchi ofertaria ao grande jaguar Oka.
Um jaguar, um monte de homens e mulheres, um feiticeiro, um pilão. Que diabo de lenda eu inventava? Em que matagal eu havia encontrado aquele feiticeiro que gostava de soprar? Aumentei o som, pus um disco do Cat Stevens. Vejam como a mente atormentada produz assombros: Jaguar, raposa, guaxinim, rato, gato, cat: Cat Stevens: Father and Son, Wild World, Morning Has Broken, Peace Train, Moonshadow. Aplacava desgraças. Poderia voltar à saleta, pois Olívia nunca estivera em meu apartamento, eu sonhara um sonho doido.
Bem, Olivia dormia no sofá e havia tirado a roupa, um tubo de pano com alças, jogado sobre uma cadeira. Gorda e lânguida, estava com o púbis à mostra, uma floresta de pelos negros escondendo um inacessível sexo. Afundada no sofá, dormia como um anjo.
Deixei-a e fui ao bar do seu Emílio, um italiano das antigas. Precisava comer. Ao retornar encontrei a minha vizinha do 802, dona Speranza, uma velha italiana. Estava com sua porta entreaberta e tinha nas mãos uma vassoura. Fingia varrer sobre seu tapetinho Welcome. Era seu posto de dia inteiro.
— Boa noite. Como vai o senhor?
— Boa noite, dona Speranza.
— É novo aqui?
— Não, dona Speranza. Faz algum tempo que moro aqui.
— Às vezes me esqueço.
— Acontece.
— Tenho um filho que é da sua idade.
— É mesmo?
Pus a chave na fechadura.
— Ele não pôde vir me ver hoje.
— Ocupado…
— Trabalhando… viaja pelo mundo todo…
Virei a chave, empurrei a porta. Ela passou a vassoura sobre seu tapetinho Welcome, eu entrei.
— Boa noite, dona Speranza — fechei a porta.
Olívia havia ido embora. Levou com ela duas garrafas de vinho que eu guardava para tomar com Darlene quando ela retornasse de viagem. Darlene mora no 801, é aeromoça numa companhia holandesa. Acendi a luz, liguei o ventilador de teto e meus textos se espalharam pelo chão. Apaguei a luz e fui dormir.
Pela manhã, dona Speranza me aguardava com sua vassoura. Varria seu tapetinho.
— Dona Speranza.
— Já viu sua porta?
— Porta?
— A sua… — apontou com a vassoura.
Minha porta estava toda rabiscada. Tinha corações, flechas, bichinhos, pênis, vaginas, palavrões e trechos de poesia.
— Foi a menina do 820, Olívia, a gorda…
— Imagino…
Notei que havia versos de Rilke. Retornei ao apartamento: além do vinho, Olívia levou com ela As Elegias de Duíno e Sonetos a Orfeu. Era roubo, mas era também disseminação cultural. Precisava esquecer aquilo, me concentrar. Voltei à porta.
— Ela mora no 820, a gorda Olívia…
— Depois eu limpo.
— Foi ela, a gorda do 820.
Apertei o botão do elevador.
— Olívia. 820. Sei — disse a ela.
Entrei e indiquei o térreo. Quando deixava o prédio, o senhor R.C. e seu amigo maciço chegavam. Ao me ver ele começou a cantar Amada Amante. Tinha uma voz bonita, embora bêbada. Por volta de duas da tarde retornei. Minha porta estava lavada. Dona Speranza me esperava enquanto varria seu tapetinho Welcome.
— Limpei sua porta.
— Não precisava, dona Speranza. Obrigado.
— Meu filho telefonou. Está viajando.
— Uma pena…
Pus a chave na fechadura.
— Foi a menina Olívia, do 820.
— Imagino que sim…
— Ele vem me ver mês que vem.
— Ótimo, dona Speranza.
Assim que entrei o senhor R.C. pôs um disco do Roberto Carlos a todo volume. Eu batia os pés seguindo a música, querendo me acalmar. Liguei meu toca-discos. Jaguar, raposa, guaxinim, rato, gato, cat: Cat Stevens, depois, James Taylor, depois, Joe Coker, depois, o doido do Donovan cantando Wear Your Love Like Heaven. Reuni os textos que ficaram espalhados pelo quarto e recomecei:
O feiticeiro Kamuchi, encantado com a beleza das mulheres que criara, ofertou ao grande jaguar Oka apenas as duas mais feias que fizera a partir do pó das árvores brancas, Nimagakaniro e Ichoge, que Oka levou para sua toca. No caminho, Ichoge tentou subir numa palmeira, mas caiu e morreu. Ficou apenas Nimagakaniro, que tendo fome, engoliu os ossos do dedo de um índio Bakairi, e logo depois morreu. O jaguar Oka lhe abriu o ventre e dele retirou os gêmeos Kari e Kame.
Ah, estavam ali, Kame e Kari, meus vizinhos, o comprido e o maciço, gêmeos nascidos dos ossos de um índio Bakairi. Pus isso em perspectiva: a mente atormentada produz assombros.
Por volta das dez da noite Darlene chegou. Voltava da Holanda. Sempre trazia com ela um pouco de erva. Dizia comprar em Amsterdam, mas acho que ganhava de um amante que tinha no serviço de apreensão de drogas do aeroporto. Dizia adorar fumar da erva no Vondelpark, passear por lá. Ficamos conversando, fumando e trepando até de madrugada.
Darlene tinha um outro amante, um grandalhão holandês que trabalhava com ela. Ele sempre a visitava depois que ela retornava de alguma viagem. Dizia que ele era um cara violento. Deixou comigo a erva que trouxe e retornou ao seu apartamento temendo que o holandês chegasse e não a encontrasse em casa.
Eram três da madrugada e minha cabeça girava sob ventos selvagens. A música do senhor R.C. havia parado. Suspendi a persiana e abri a janela querendo retirar do quarto aquela morrinha doida. Quis voltar aos textos, mas meus olhos não ajudavam, estavam secos, arenosos. Fui dormir.
Já havia escrito metade do livreco e estava satisfeito com aquelas bobagens sobre monstrinhos amazônicos. Na editora todos gostaram. O editor ficou maravilhado; um doido varrido com muita grama, eu pensava. Tinha pressa de acabar com aquele sofrimento. Continuei:
Kari soube que o grande jaguar Oka havia engolido seu irmão, Kame, e inventou um meio de revivê-lo sem precisar matar o jaguar. Oka e Kari correram juntos por muito tempo até que o jaguar, cansado, vomitou. Do seu estômago saiu um rato que, antes de o jaguar o comer, havia engolido Kame. Apavorado, Oka fugiu e deixou o rato. Kari soprou os ossos do rato morto. Do sopro renasceu seu gêmeo Kame.
— Dormi bem esta noite — disse Kame, muito feliz.
— Você não dormiu, idiota, você foi engolido por um rato que foi comido pelo jaguar Oka — disse Kari.
Então os gêmeos correram juntos, até que Kame vomitou. Do estômago de Kame saiu um grande jaguar que, antes, havia comido um rato. O jaguar fugiu e deixou os ossos do rato. Kari soprou os ossos e fez surgir o grande deus Enorê.
Um povo com mania de soprar e vomitar. Um deles seria forte como o amigo maciço do vizinho, seria Kari, de ótimos pulmões. O outro seria Kame, o comprido, cabelos cacheados e tanga. Faltavam ainda o jaguar e o rato. Fui dormir.
Pela manhã voltei ao bar. Dona Speranza, com sua vassoura, estava à porta. Cumprimentei-a e segui em direção ao elevador. No quarto andar entrou outra velha italiana, dona Vanna, que vivia trancada com o marido no 405. Ele usava uma cadeira de rodas, embora pudesse andar. Viviam com centenas de aves soltas pelos cômodos. Seus cabelos, um emaranhado alto de fios grisalhos, estavam sempre cheios do cocô das aves, suas roupas também, um fantasma sujo do qual todos fugiam.
Olhei seus cabelos e imaginei soprá-los como faria o monstrinho Kari, fazendo aquela imundice desaparecer. Chegando ao térreo saí correndo.
Naquela manhã mamãe me ligou. Era meu aniversário de vinte anos.
— Quando você volta pra casa?
— O Bixiga é tudo de bom, mamãe.
— Me diga quando.
— Um dia, mãe.
— Não pode me dizer quando?
— Um dia é quando…
— Seu pai não está bem…
— Papai nunca está bem, mãe. Não se preocupe.
Voltei aos monstrinhos, que naquela altura dos dias já não me pareciam tão absurdos:
Com o passar dos anos Enorê tornou-se um deus poderoso, reinando sobre a floresta. Um dia ele cortou um tronco, esculpiu nele uma figura e fincou-a no solo. Depois cortou uma varinha e fez o mesmo. Passados dias, voltou à terra e soprou sobre o tronco e sobre a varinha. O tronco tornou-se homem e a varinha tornou-se mulher. Chamou-os Zaluiê e Hoholaialô. Enorê, um pai por criação, perguntou-lhes o que queriam da Terra. Zaluiê, o homem, quis uma espingarda, um boi, um cavalo e uma pá. Hoholaialô, a mulher, não quis nada. Disse que não saberia usar a arma, do boi não queria carne ou leite, e nunca montaria um cavalo. A pá lhe pareceu pesada demais. Preferiu descansar.
Naquela mesma noite acordei com o barulho de socos e gritos na minha porta: Polícia! Abra essa porta! A primeira coisa em que pensei foi no pote de erva que Darlene tinha deixado comigo. Alguém nos denunciara. Corri ao olho mágico e vi a silhueta de um grandalhão socando minha porta. Fui ao basculante do banheiro e despejei a erva de Darlene pelo prisma de ventilação, oito andares abaixo. Voltei à porta e já não havia ninguém. Era o desgraçado do holandês de Darlene me sacaneando.
Passado algum tempo, Olívia retornou. Trazia vinho barato novamente. Lembrei da erva perdida e imaginei que ela pudesse me ajudar. Talvez soubesse como eu poderia conseguir de volta a erva de Darlene.
— Quero trepar — ela disse.
Tirou a roupa, o mesmo tubo de pano que vestia da outra vez. Pensei naquela floresta escondendo um sexo inacessível. Algo me intimidava, mas precisava ser tolerante.
— Você tem de me arrumar um pouco de erva — eu disse.
Olivia me levou a um apartamento em nosso prédio, um lugar insalubre no terceiro andar. Não imaginava que fosse tão fácil e tão perto. Os vendedores eram um casal discreto e cordial de velhos. A mulher nos fez sala enquanto o marido foi buscar o tanto de erva que encomendei. Na sala em que ficamos havia um São Jorge cercado por lâmpadas vermelhas; uma estátua de Iemanjá descansando num nicho azul; um vaso com arrudas e quadros desbotados com flamboyants. Da cozinha saía um cheiro de feijão refogado com cebolas, alho e louro.
Olívia conversava com a velha num diálogo animado, chamando-a de tia Alzira. Paguei pelo que precisava e voltamos ao meu apartamento. Coloquei a erva num Tupperware, e o escondi no fundo do armário. Policial algum, falso ou verdadeiro, me faria jogar aquilo novamente pelo basculante do banheiro.
— Agora vamos trepar — ela disse.
Notei que seus dentes eram grandes e amarelos, como os de uma mula, e tinha olhos embaciados, com artérias que pareciam pulsar.
— Preciso trabalhar.
— Você me deve isso.
Algum tempo depois terminei o livro:
Vivendo no ócio e na preguiça, Hoholaialô tornou-se uma mulher cruel. Com fome, acabou por comer dos bichos apenas os olhos, dizendo serem muito macios. Mortos os bichos, ficaram vivos os olhos na barriga de Hoholaialô, que de tão inchada que ficou, explodiu e morreu.
A terra comeu sua carne e o vento espalhou pelo mundo aqueles olhos sempre vivos, que voaram em direção ao firmamento. Eles agora são as estrelas que os homens podem ver; a luz dos olhos dos animais. O azul, o amarelo, o vermelho; as cores, o céu dos Mundos.
Entregando o texto ao editor, o livro foi lindamente ilustrado e publicado em edição limitada de mil volumes. Seria um brinde que uma empresa agropecuária, reiteradas vezes denunciada por destruir a Floresta Amazônica, daria aos seus clientes e fornecedores.
Logo depois comecei novos projetos com aquela editora. Nada mal; o dinheiro entrava.
Havia dois anos que eu estava vivendo no Bixiga quando dona Speranza morreu, esquecida em seu apartamento. Descobri seu corpo após observá-la por três dias, imóvel em sua cama. Podia vê-la por meio da coincidência entre os basculantes dos banheiros.
Filho algum apareceu para resgatá-la, não foi ao velório ou deu providências ao corpo. Fiz uma coleta de dinheiro no prédio e a sepultamos no alto de uma parede de concreto, a três metros do chão. Mandei fazer uma epitáfio em nome daquele filho que talvez sequer existisse: ‘Mãe amada e nunca esquecida’. Tinha algo de culpa naquilo quando sabia que não visitava minha própria mãe.
Olívia às vezes ainda aparece, mas já não tira a roupa. Depois de um tempo recolhida a uma casa para doidos, tornou-se Filha do Senhor. Um dia me devolveu o livro de Rilke. Diz que não bebe nem fuma, mas come além da conta. Não sei se quer trepar comigo, não toca no assunto. Gosta de dormir no meu sofá. Seu corpo e seu hálito cheiram aos químicos dos remédios que toma.
Darlene passou a viver com o cara do aeroporto, o policial que lhe dava erva. Largou o holandês e a companhia aérea. Algumas vezes aparece para me ver. Tem sempre com ela alguns baseados. Diz que gosta de trepar depois de fumar alguns; antes também.
Mamãe me liga. Quer saber quando volto para casa. Ficou melancólica depois que papai a deixou.
— Quando você volta pra casa?
— Um dia, mãe, um dia…
Ao sair do meu apartamento, ver a porta sempre fechada de dona Speranza me faz lembrar das repetidas desculpas que dou à minha mãe, e penso que ela estará com a sua vassoura aguardando um estranho a quem dirá que tem um filho que nunca a visita, que está sempre viajando.
Olá autor(a)!
Antes de expor minha opinião acerca da sua obra gostaria de esclarecer qual critério utilizo, que vale para todos.
Os contos começam com 5 (nota máxima) e de acordo com os critérios abaixo vão perdendo 1 ponto:
1) Implicarei com a gramática se houver erros gritantes, não vou implicar com vírgulas ou mínimos erros de digitação.
2) Após uma primeira leitura procuro ver se o conto faz sentido. Se for exageradamente onírico ou surrealista, sem pé nem cabeça, lamento, mas este ponto você não vai levar.
3) Em seguida me pergunto se o conto foi capaz de despertar alguma emoção, qualquer que seja ela. Mesmo os “reprovados” no critério anterior podem faturar 1 ponto aqui, por ter causado alguma emoção.
4) Na sequência analisarei o conjunto da obra nos quesitos criatividade, fluidez narrativa, pontos positivos e negativos, etc.
5) Finalmente o ponto da excepcionalidade, que só darei para aqueles que realmente me surpreenderem.
Dito isso vamos ao comentário:
RESUMO:
O personagem é um escritor cuja personalidade pode ser entendida como a mente atormentada do título. Ele precisa escrever sobre a Amazônia (lendas). O conto é narrado em primeira pessoa em que descreve sua relação a vizinhança e a mãe, sendo, inclusive, um casal de vizinhos a inspiração para o tal conto.
CONSIDERAÇÕES:
Temos um conto dentro de outro, ou uma lenda dentro do conto. Me fez aprender que jaguar realmente existe no Brasil, inicialmente pensei que não. Teve uma frase iniciando com Me, um problema de colocação pronominal, pois não se pode começar frase com pronome oblíquo átono (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes)..
A história não amazônica é muito melhor que a história amazônica. Você conseguiria construir um pequeno livro com esse conto, pois cada personagem tem características não só únicas e inusitadas, como também interessantes que nos faz querer acompanhá-los à parte. Saber mais sobre eles fora dessa convivência com o narrador.
Confesso que a história em si é estranha, pouco verossímil, mas pela forma de narrar, pela construção das personagens, pelo descompromisso com personagens certinhos e irreais, é pelo conjunto da obra que estou atribuindo uma nota boa ao seu conto. Parabéns!
Independentemente da avaliação, aproveito para parabenizar-lhe pela obra e desejo sucesso na classificação final.
Boa Sorte!
18. A mente atormentada produz assombros (Hans Staden)
Resumo: escritor iniciante aceita trabalho sob encomenda, sobre lendas da Amazônia, no qual trabalha guiado somente pela invenção; enquanto isso, vive seu cotidiano “chinaskiano” com a vizinhança do condomínio, entre a vizinha idosa, a aeromoça e a garota alternativa.
Comentário: como PREMISSA, o autor parte da tradição dos mestres Fante e Bukowski para trabalhar a persona do autor maldito, que utiliza a escrita como meio de subsistência mas sem deixar de sonhar com a glória e a fama. Cabe notar aqui que a Amazônia, como tema, entra na história como Pilatos no credo – só de passagem, não como cenário, mas inspiração para a lenda criada. Na parte da TÉCNICA, o autor é muito hábil em manter a curiosidade do leitor e ao conduzi-lo ao universo criado, com linguagem direta e narrativa enxuta. O EFEITO NO LEITOR – eu, no caso – foi positivo, ainda que eu não consiga vislumbrar se o conto foi uma homenagem ou maneirismo. No primeiro caso, válido. No segundo, motivo para cuidar e buscar uma voz própria, mesmo que dentro do “universo de Bunker Hill”.
A Mente Atormentada Produz Assombros (Hans Staden)
Resumo:
A história de um escritor, do senhor R.C. e seu companheiro, de Olívia (vizinha gorda, do 820), de dona Speranza (vizinha que varria o tapete “Welcome”), de Darlene (aeromoça do 801), de dona Vanna (a velha com cabelo cheio de cocô de aves), da tia Alzira (que vendia erva)…
Comentário:
Um belo texto! O autor tem muita capacidade de narrar com fluidez. A linguagem utilizada dá um toque especial ao conto. Um narrar simples, direto, coerente com o teor. Não encontrei deslizes, tudo certinho.
O enredo é bem atual, bem construído. Achei sensível a maneira que o autor traça o paralelo entre a mãe do escritor e a dona Speranza. Poético, triste. O mais triste é que é verdadeiro. Relações são problemáticas.
A história “amazônica” é muito criativa, caricata, coisa de “resultado da erva”. Mas é bonitinha!
O mais gostoso do texto, sem sombra de dúvida, é o caráter irônico imposto pelo autor. É um especialista na lida com sarcasmo, com zombaria. O preconceito é bem escrachado. Uma leitura deliciosa. Hans Staden, você vai longe…
O título é uma reflexão, bom. O pseudônimo é translúcido, tal e qual (taliquali).
Parabéns, menino(a)!
Boa sorte no desafio!
Abraços…
RESUMO:
Escritor bastante jovem instala-se no Bixiga, com o propósito de se dedicar a elaboração de um livro despretensioso sobre as lendas amazônicas. Seu intuito é frustrado pela interferência dos vizinhos e de seus relacionamentos conturbados. Tudo contribui para que o escritor adote uma nova linha de narrativa para o seu livro, criando sua própria mitologia amazônica.
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AVALIAÇÃO:
* T – Título: Instiga a imaginação. De quem é essa mente atormentada? E que assombros serão esses?
* A – Adequação ao Tema: O conto abordou o tema proposto pelo desafio? Acredito que sim, mas de uma maneira muito vaga.
…………………………………
* F – Falhas de revisão: Não percebi nada digno de nota.
* O – Observações: Conto muito bem escrito, possui ritmo e fluidez. Apesar de ser bastante descritivo, o texto não cansa e a leitura torna-se bastante agradável. A história – lendas amazônicas – contada dentro da sua narrativa é um tanto desconexa, mas creio que a intenção tenha sido essa.
* G – Gerador (ou não) de impacto: a relação com Dona Speranza (que tinha a esperança de ser lembrada por um filho que talvez nem mesmo existisse) é bem construída para retratar o conflito do escritor com a sua mãe. Foi o ponto que mais me impactou.
* O – Outros Pontos a Considerar: embora o tema do desafio tenha sido costurado Às pressas para que o conto se encaixasse nas regras, o autor fez com que cada um de nós experimentasse uma familiaridade com o sensação – e agora o que eu escrevo sobre isso? – Um risco e tanto!
Parabéns pela sua participação!
O conto destaca o jovem escritor que mora em um apartamento no bairro do Bexiga em São Paulo que tenta escrever um livro sobre as lendas amazônicas. Ele tem a concentração prejudicada pelo vizinho de frente e pela vizinha que atrapalha quando chega a casa. Telefona para sua mãe que sempre pergunta quando volta para casa, recebe a visita de uma aeromoça holandesa com quem faz uso de maconha e pratica sexo. O escritor consegue terminar o livro sobre as lendas amazônicas, agrada o editor e sua mãe continua aguardando até que ele volte para casa.
O texto é bem estruturado, possui início, meio e fim. O autor consegue desenvolver as idéias com coerência. O texto desperta a curiosidade do leitor. O argumento do texto está dentro do tema proposto.
Resumo: Um jovem escritor é contratado para escrever sobre as lendas da Amazônia.
Olá, Hans!
Seu conto é cínico, cruel, sem pudor e irônico. Adorei! Além disso, você escreve muito bem, sabe conduzir a história e seu humor negro é tão bem aplicado na narrativa que tudo flui naturalmente. Não me cansou, não desejei o final, poderia ler, sim, uma história mais desenvolvida nesse ambiente. Esse prédio daria ótimas histórias.
Agora, sobre o tema, aí complica. A Amazônia está presente duma forma muito frágil, como se fosse uma justificativa para encaixar o conto no desafio, principalmente quando o foco é a criação do livro e a rotina do protagonista nesse processo. A releitura da origem do mundo, de fato, foi muito interessante, mas não senti nenhuma ligação real com a Amazônia. Só usou elementos dela e da cultura regional. Isso, infelizmente, enfraqueceu seu conto neste certame, que poderia se sair muito bem num tema mais urbano.
Tenha mais foco, você poderia fazer algo tão bom quanto este conto e de acordo com o tema, pelo evidente cacife literário.
Te desejo toda a felicidade do mundo!
Resumo 📝 Um jovem escritor decide morar sozinho para conseguir terminar um ‘livreco’’ sobre a Amazônia. Acompanhamos sua rotina de escrita assim como os personagens ao seu redor.
Gostei 😁👍 É um texto um tanto complexo, não é uma leitura fácil e rápida, mas tem seus méritos. Gostei de como o autor foi construindo a personalidade do personagem, aos poucos, usando outros personagens desse prédio. A velha esperança, o casal animado, a menina com alguns transtornos. Ele se mostra uma pessoa fria que não se abala com qualquer coisa. A própria historia que ele escreve é totalmente estranha e ele sabe disso. Mas sabe também que ela tem que ser dessa forma. Eu gostei basicamente dessa atmosfera de convivência no prédio.
Não gostei🙄👎 Foi muito cansativo ler o que ele estava escrevendo, não tem nenhuma ligação com o conflito em si, apenas mostra uma alusão ao título do conto. Tanto que agora, fazendo o comentário só lembro que tinha um rato que vomitava algo que comeu outro algo. E tinha algo sobre soprar também. E isso pesa bastante pq é apenas nesse conto dentro do conto que deveríamos encontrar o tema do certame. Não encontrei. Se encontrei, passou batido.
Destaque📌 “Ao sair do meu apartamento, ver a porta sempre fechada de dona Speranza me faz lembrar das repetidas desculpas que dou à minha mãe, e penso que ela estará com a sua vassoura aguardando um estranho a quem dirá que tem um filho que nunca a visita, que está sempre viajando.”
Conclusão = Um texto complexo que tem como centro a construção da personalidade de um jovem escritor com uma mente perturbada (apenas usando o título para reforçar). Peca no trato com o tema do certamente, mas entretém pela habilidade do autor em contar histórias.
RESUMO: Um escritor tenta conciliar as desordens à sua volta e dentro da própria mente enquanto escreve uma obra folclórica pautada em lendas amazônicas.
COMENTÁRIO: Este é um conto interessante. A princípio, a alternância entre a lenda e o cotidiano tumultuado da personagem parece confundir, mas enquanto se lê logo se percebe que é perfeitamente adequado ao que se quer passar, que é justamente o frenesi do método criativo. A insensibilidade da personagem além de construí-lo bem, também dá consistência ao caos que o rodeia, como se fosse mais fácil de ver coerência naquilo pelos seus olhos. Mesmo assim, não dá para ignorar os estereótipos que compõem o cenário, sobretudo nos personagens, mais resíduos da ambientação do que personagens em si e, dessa forma, descritos como é próprio. A escrita flui bem, tanto na narração dele como nas lendas. Minha crítica se direcionará à lenda, pois apesar da coerência com o tema, no conto em si ainda soa deslocada. E sim, eu percebi que o próprio personagem não vê muito sentido no que escreve e que isso é consistente com o seu alheamento a tudo. Ou seja, firma o caráter da personagem. Mas, mesmo assim, ainda pareceu algo solto, sem relação com o enredo, algo que cumpre o objetivo do certame, mas não serve ao enredo em si. Parece que ele poderia escrever sobre qualquer tema distante e obter o mesmo desconcerto, mas que não significaria nada. Entende-se, há pouco que signifique para ele.
Boa sorte!
Um jovem escritor que mora sozinho em um apartamento no bairro do Bixiga em SP, tenta escrever um livro sobre as lendas Amazônicas.
Sua concentração é perturbada po um vizinho de frente que coloca músicas de Roberto Carlos em volume alto enquanto se diverte com seu companheiro.
Uma vizinha chega e também o atrapalha.
Ela parece ser uma pessoa solitária que busca nele afeto e companhia. E sexo.
Quando sai do apartamento, encontra sempre uma velha italiana que varre o tapete da porta.
Entre as observações e irritações com a música e com o casal da janela em frente, o incômodo com a visita de Olivia e os diálogos com D. Esperanza, ele vai escrevendo a mais louca e absurda lenda sobre a criação dos homens na Amazônia.
Fala algumas vezes por telefone com sua mãe, que quer sempre saber quando ele volta para casa.
Recebe a visita de uma aeromoça holandesa com quem fuma maconha e faz sexo.
O conto termina com a morte de D. Esperanza que parece não ter nenhum familiar, a mudança de Olivia, e o término de seu livro, que por incrível que seja, agrada o editor.
A reflexão final é sobre sua mãe.
Sobre ela sempre o esperar, um dia, até que volte.
Interessante a forma como o autor escreve um conto sobre o tema pedido, que é a Amazônia, sem escrever absolutamente nada sobre.
Apresenta ao meu ver alguns estereótipos, não sei se intencionalmente.
A garota gorda, o casal de homossexuais, a italiana solitária e idosa, o policial corrupto.
Tudo se mistura e compõe uma singular estória.
Resumo= Escritor muda-se para o bairro Bixiga para escrever um livro com tema Lendas da Amazônia, onde vizinhos atrapalham sua criatividade, enquanto seus relacionamentos são conturbados, inclusive com a mãe.
Comentário= A escrita é boa, um bom argumento, mas não gostei do personagem tocar apenas música estrangeira, como se fossem melhores do que as nossas. Temos músicos consagrados que foram ignorados, a música de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, por exemplo (já que falou nele), Sentado na Beira do Caminho, tem letra e música sensacionais em termos de plástica e sonoridade. Não entendi as músicas citadas no conto, qual é a relação com o argumento. Talvez apenas um barulho para incomodar os vizinhos. Penso também, que o conto apenas menciona Amazônia, mas não aborda os seus mitos, optando, o autor, por criar um, que na realidade se tornou uma história com gênero fantasia. O argumento é bom, tem uma boa construção de personagens e situações, porém, falhou no tema. Boa sorte Hans.
Resumo: Escritor é contratado para publicar uma obra sobre lendas amazônicas e, enquanto narra suas peripécias literárias, narra cenas de seu cotidiano.
Comentário: O autor, tendo a possibilidade de escrever sobre qualquer tema da amazônico (e seus respectivos lugares comuns: animais ou índios e suas lendas; encantamento com a natureza ou desvanecimento com o desmatamento), optou por escrever sobre mim, ou melhor, sobre todos nós, desafiantes e desafiados. Quantos assombros não foram produzidos por mentes atormentadas neste desafio, uns com mais, outros com menos sucesso? Gostei muito do título e da abordagem do tema que o próprio título insinua e resume. O protagonista, que, ao longo do texto pareceu-me uma pessoa fria e insensível, muito me surpreendeu ao, no final, em um rompante de estrema sensibilidade, imaginar a mãe no seu próprio welcome. Mas o protagonista não chega ao extremo de, com sua delicadeza, tornar-se piegas, já que, ao mesmo tempo em que se preocupa com a sorte da própria mãe, não realiza qualquer promessa de se tornar mais próximo dela (o que, se o leitor quiser, pode até supor, mas, na real, não é dito expressamente pelo autor). Outro ponto em que a sensibilidade não deságua na pieguice surge quando o protagonista, apesar de cuidar do velório da velha Eperanza (que escolha de nome feliz!), faz colocar em seu túmulo, no alto de uma parede de concreto a três metros do chão, um irônico epitáfio.
O autor possui bom domínio da língua e das técnicas narrativas. O texto não possui erros de digitação, revisão ou gramaticais que possam ser percebidos por um leigo como eu.
Resumo: um escritor paulistano com bons contatos é convidado a escrever um romance sobre lendas amazônicas. No processo, vemos como se desenrola sua vida, seus relacionamentos, seus vizinhos, e como isso tudo caba se refletindo em sua obra não-tão-ficcional.
Impressões: gostei do conto muito mais pela pegada urbana do que pelo lado, digamos, amazônico. O modo como foi retratado a vida do escritor me lembrou muito a pegada do Murakami, em Norwegian Wood, por conta dos modos do protagonista. É alguém cujas características não nos agradam por completo, mas ainda assim uma pessoa de quem aprendemos a gostar à medida que a narrativa avança. Sua indolência, sua revolta com os vizinhos, a maneira como se relaciona com a namorada de ocasião, tudo isso lhe confere uma humanidade difícil de encontrar em qualquer obra literária, já que normalmente os autores optam por personagens unidimensionais. De fato, é como se fôssemos nós, os leitores, companheiros de quarto do narrador, testemunhas de suas pequenas vitórias e derrotas. Como bons amigos, talvez fiquemos frustrados por sua falta de coragem em avançar, em ser mais ousado, ou talvez o entendamos em suas opções em não se entregar demais e deixar que a vida o leve da maneira que quiser.
O ponto de fragilidade — não sei se devo chamá-lo assim, mas uso a expressão na falta de outra melhor neste momento — é a relação com o presente certame. Sim, lá estão o conto amazônico e os personagens deliciosamente surreais, baseados na fauna que cerca o narrador, mas a impressão que dá é que poderiam se relacionar com qualquer ambiente. Ou seja, poderiam habitar o deserto do Atacama ou mesmo as planícies do Tibete, não fazendo muita diferença para o resultado final, para a experiência do leitor.
Bem, pode ser que eu esteja redondamente enganado, e que a lenda de Kame e Kari realmente exista e que este texto seja uma espécie de releitura, mas foi essa a impressão que me ficou ao terminar. Uma leitura divertida, prazerosa, na qual me vi representado e com a qual me identifiquei várias vezes. Mas, na realidade, com uma relação bastante tênue com o tema do certame. Em todo caso, parabenizo o autor e desejo boa sorte no desafio.
Hans Staden
O personagem é escritor que mora em São Paulo e quando tenta se concentrar é atrapalhado por um casal de vizinhos que dançam e ouvem música no último volume. O escritor tem algumas namoradas, fuma maconha e seu prédio é bem movimentado. Depois de observar os vizinhos o escritor os toma como inspiração e cria uma trama sobre a amazônia tendo os dois como protagonista.
A narrativa flui sem perder ritmo. É um conto cheio movimentação e bem estruturado.
Boa sorte.