EntreContos

Detox Literário.

À Margem (Alexandre Coslei)

Calor. Uma gota de suor brotou na minha testa. Reforçada por outras gotas, ela marchou densa pelo meu rosto, num obstinado trajeto que encerrava a intenção suicida de saltar do alto do meu queixo. Assim que desembarquei em Manaus, fui recepcionado pelo choque térmico. A primeira vez que eu pisava ali, o ar de janeiro na Amazônia parecia composto por brasas. Caminhei em busca de um táxi. Um sujeito baixo e calvo correu aos gritos na minha direção.

– Pramil, doutor. Pramil. Doutor vai voltar a ter fôlego de garoto. – O escandaloso duende fenício conseguiu, ao mesmo tempo, me rotular como velho e impotente. E ainda se considera um vendedor.

Constrangido e sem saber como me desvencilhar daquela situação, respondi com a primeira mentira que me ocorreu.

– Perdão. Sou pastor e estou indo realizar um culto. – O careca arregalou os olhos e se afastou sem dizer nada. 

Que ele tenha acreditado em mim é compreensível, mas você deve esperar para me conhecer com mais apuro antes de qualquer conclusão. Prefiro manter uma relação honesta entre nós dois. Tenho mais de cinquenta anos, perdi o emprego e sou um fracassado. É uma confissão pesada, difícil, eu sei, mas prefiro que seja assim. Fui traído por todas as mulheres que tive, não posso gerar filhos e alcancei este ponto da minha vida sem perspectivas de estabilidade. Quando recebi a rescisão, somei com as reservas da poupança e só conseguia relembrar do Nicolas Cage no filme “Despedida em Las Vegas”. Há os que consideram uma obra depressiva, para mim é inspiradora. Não, não enlouqueci. Não seria digno lamentar o pouco que me restava da vida. Detesto a melancolia explícita, segui pelo hedonismo sem pensar demais nas consequências. 

Arranjei uma amante. Amante. Uma mulher casada que conheci no Tinder. Diana. Linda. Ruiva. Diz ser descendente de escoceses. Inacreditável ter se interessado por mim, pelas minhas fotos. Hoje ninguém mais se interessa por ninguém, a imagem é que define as relações. Barrigudinho, grisalho, não compreendia o porquê daquela mulher afirmar que estava apaixonada. Nunca tive sorte no amor nem na guerra. No fim, aceitei a graça, reservei hotel e comprei a passagem para Manaus. 

Calor. Um calor diferente do calor do Rio. Manaus nos queima por dentro. Eu quase não suportava pensar, o cérebro só reproduzia a sentença da insuportável sensação. Calor, calor, calor. Esta cidade deve ter sido fundada em cima de um vulcão ativo, brincava com a minha imaginação. Quando entrei no táxi e entreguei-me ao sopro gelado do ar-condicionado, não consegui conter o suspiro. Acredite, o orgasmo tem várias formas de expressão. Rumei para o hotel Líder, que oferecia preços aceitáveis e quartos decentes, de acordo com a pesquisa que realizei pela Internet. Ao descer do carro, fui envolvido novamente pela ardência da atmosfera, corri para o saguão levando minha mochila com poucas peças de roupa, fiz o check-in, peguei as chaves e subi afoito. A visão do quarto confirmou seu conforto simples, mas honesto. Eu precisava dormir antes de entrar em contato com Diana e avisar sobre a minha chegada. 

Horas depois fui despertado pelo ronco do meu próprio estômago. Decidi explorar os arredores em busca de algum restaurante. É sempre estimulante explorarmos um lugar desconhecido. Fui percebendo que Manaus é uma cidade de prédios baixos, feios, com aparência envelhecida, casas e sobrados mal conservados, gente humilde circulando nas calçadas. O mais interessante, é uma cidade sem relevos expressivos, um terreno de insistência horizontal. Como um carioca da gema, a ausência de montes ou montanhas ao alcance dos olhos me causou uma inesperada desolação. Entre as montanhas e o mar, a alma do carioca se desenvolve na bossa poética. Euclides da Cunha tinha razão, na Amazônia, em Manaus, a falta de verticalidade se apresenta como um paradoxo opressivo. Esbarrei com um bar que emanava o aroma aconchegante de comida caseira. Pedi um contrafilé com fritas e me senti num banquete monárquico. Sentado numa cadeira dura, em frente a uma mesa azul de ferro com a inscrição “A Boa” na superfície, o paladar consolava todos os sentidos. 

Voltei para o hotel. Repeti o banho para limpar a camada de suor que me recobria. Vesti o melhor traje que trouxe e liguei para Diana. Não atendeu. Esperei alguns minutos, quem sabe o marido estivesse por perto, mas ela havia me garantido que ele viajaria. Telefonei outra vez e tocou até cair a ligação. De novo e nada. O celular apita, um SMS. 

“Perdoe-me, desisti do nosso encontro. Não posso fazer isso.”

O quê?! O sangue engrossou nas minhas veias. A ansiedade misturada à desorientação e às horas de viagem tomou meu raciocínio. Que sacanagem é essa? – pensei. 

Atordoado, liguei a TV para tentar focar minha atenção e organizar o caos do pensamento. 

– Que pilantra tratante – gritei. 

Abri a janela, botei a cabeça para fora, queria respirar, aspirar serenidade, mas a temperatura fumegante foi um tapa na cara do meu histerismo. Anoitecia. Saí do quarto, a inquietação tornou o ambiente claustrofóbico. Fui caminhar mais uma vez pelo entorno do hotel. O que fazer? Paguei quatro dias de estadia adiantados e a passagem de volta também estava marcada para daqui a quatro dias. As lâmpadas das ruas se acenderam, replicavam-se naquele plano infinito. Manaus refletia uma capital triste, me provocava um vazio que eu não conseguia decifrar. Cercada pela floresta, tudo potencializava a solidão. Avistei um táxi parado no ponto, aproximei-me e perguntei ao motorista se ele conhecia algum bar ou boate em que eu pudesse encontrar mulheres de boa vontade, ele entendeu e exprimiu a resposta com um sorrisinho que pairava entre o deboche e a cumplicidade. Manaus é conhecida por ser um polo libertino. Entrei no carro e ele acelerou para reconduzir o meu destino naquela cidade. 

Você pode perguntar a razão de um sujeito que foi recém-rejeitado pelo amor decidir-se pelo abraço da prostituição. É sina. Se eu fosse escritor, seria um Sade tropical. Náufragos e meretrizes se atraem como mercúrio. O taxista não havia rodado muito quando aportamos em um bar numa via estreita, de iluminação pálida. Paguei a corrida, ele sussurrou que ali estavam “as melhores” e me desejou boa sorte.

 Procurei um canto estratégico naquele antro, sentei-me e pedi uma cerveja. Avistei logo a morena de negros cabelos longos, corpo descomunal, cercada por dois sujeitos com fachada de bancários. Quando ela adivinhou meus olhos, rebateu com um flerte nu de qualquer inocência. Eva deve ter lançado o mesmo olhar para Adão quando provou do fruto proibido. A garota saiu de onde estava e veio em cadência firme na minha direção.

– Está sozinho por quê?

– Estou visitando, sou do Rio – respondi acanhado.

Ela não fez cerimônia, acomodou-se à minha frente dizendo que amava cariocas e puxou conversa. A ampulheta do tempo esgotava os grãos de Cronos enquanto ela me contava a sua história. Não suponha que é algum tipo de discriminação da minha parte, mas toda prostituta carrega em si um evangelho, são narrativas similares justificando o caminho que tomaram, só muda a autoria. Alcoolizados por meia dúzia de latões e duas doses de Salinas, nos beijamos. Beijo de línguas enroscadas, com troca de saliva e olhos bem fechados. Confesso, naquele contexto eu corria o risco de me apaixonar. Após um longo período de bolinação, perguntou-me o que eu queria. Falei que queria muito ir para a cama com ela, mas também pensei em conhecer mais a cidade, vi pouco de Manaus. Ela se levantou bruscamente dizendo que iria me mostrar o lugar mais lindo da cidade. Aceitei e saímos de mãos dadas do bordel. Outro táxi, corrida mais longa. Comecei a divisar prédios altos, condomínios rebuscados, luzes coloridas, burburinho de gente, de bares e uma imponente praia emoldurando o cenário. 

– Bem-vindo à Ponta Negra – me informou a menina.

Andamos a pé pela faixa de areia até a beira da presença majestosa do Rio Negro. A hora avançada, o silêncio cortado somente pelo chacoalhar da correnteza constante do rio trazendo o eco de outros tempos e de outros lugares dos quais roeu as raias da terra. Ficamos estacados, mudos, enraizados à margem do rio, duas criaturas à margem da vida. Eu e Juci, este era o nome dela.

Retornamos ao hotel onde eu estava hospedado. Roçar de corpos, beijos infindáveis, gemidos. O sexo foi prejudicado pela embriaguez, mas consumou com entusiasmo a nossa convergência. Amanheceu, tomamos café juntos, paguei o que ela me pediu e nos despedimos. Não me arrependi de ter alugado aquela ilusão, me fez bem. Atravessei o resto do dia sozinho, deitado e de ressaca. Almocei no quarto, comi pouco. A imagem vultosa do Rio Negro badalava na minha mente. Pedi à recepção que me trouxesse um jornal, li sem concentração. Anoiteceu. Dormi exausto do nada. 

No dia seguinte, a rotina não foi diferente, mas me organizei para adiantar o meu regresso ao Rio de Janeiro. A cena da Ponta Negra continuava pulsando em mim. Uma fixação. Eu precisava voltar, precisava rever o rio. Uma atração irrefreável me puxava. A tarde caía rápido, chamei um táxi.

– Boa tarde, amigo. Quero ir à Praia da Ponta Negra.

Alguns minutos de viagem e eu contemplava novamente o portentoso Rio Negro. Ajeitei-me num local de menos agitação e encarei aquela água escura como se fosse um buraco liquefeito. Perdi a noção das horas. Senti a água me convocando, as correntes que atravessavam para o oceano me chamavam, ânsia de romper o limiar da praia num mergulho. Entrei no rio furtivamente, como se estivesse hipnotizado pelo canto de Iara. Longe, o Sol alaranjado submergia suave na desfocada distância da borda oposta, num sublime e despudorado acasalamento que pariu a noite. Éramos três elementos distintos reunidos naquele ménage à trois sensorial. A água morna me seduzia com a sensualidade das curvas desejadas de uma mulher. 

Sou ateu por opção ponderada, porém, o instinto romântico me faz suspeitar de alguma entidade mística, impalpável, velando e impelindo o meu enredo. Envolvido pelo rio, não sei expor com clareza, mas ouvi um som semelhante ao de uma caneta sendo largada com força sobre uma folha de papel, baque abafado e seco. Um arrepio percorreu minha espinha. Pressenti que aquele que me concebeu nestas páginas talvez tenha desistido do personagem. Na meia-idade, cercado por múltiplos horizontes, eu não tinha horizonte algum. Sem propósito, sem amigos, todas as mulheres me abandonaram. Por que ele não desistiria de mim? É justo. Estou por conta própria agora, mergulhado na mornidão do Rio Negro. Finalmente, posso definir a próxima virada da trama, a derradeira. As palavras se dissolveram como o barro empurrado para o mar. O céu se trancou no negrume das águas, igual a um caderno que se fecha confinando ideias e anotações. Tudo se dissipou. Despareci.

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21 comentários em “À Margem (Alexandre Coslei)

  1. Ana Carolina Machado
    4 de julho de 2020

    Oiiii. Um conto sobre um homem que vai até Manaus se encontrar com uma mulher que arrumou no Tinder. Ele chega a reservar hotel e tudo, mas a mulher do Tinder manda uma SMS dizendo que não pode fazer aquilo. Após isso ele se envolve com uma prostituta e eles vão para perto de Rio Negro. Ele adquire uma fixação pelo rio e volta lá em outra ocasião. No fim ele entra no rio e reflete sobre a realidade dele, faz a reflexão sobre ele ser um personagem criado por alguém.
    A narrativa é bem conduzida principalmente o momento que fala das primeiras impressões dele sobre a cidade e sobre o calor que faz lá. A frase do texto que diz: “Manaus nos queima por dentro ” foi bem elaborada e reforçou a questão da temperatura alta que é característica do lugar. Mas acho que o final poderia ter focado somente nas reflexões sobre a própria vida dele, sem os momentos que sugere que ele suspeitava que era um personagem criado por alguém. Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.

  2. Angelo Rodrigues
    1 de julho de 2020

    À Margem (Orestes)

    Resumo:
    Uma aventura amorosa frustrada em Manaus. Um homem frustrado por uma série de derrotas corre atrás de mais uma aventura, que também se frustra. Experimenta um amor comprado. A magia do lugar o seduz ao ponto de se deixar engolir pelas águas do rio que conheceu.

    Comentários:
    Gostei do texto. Elegante na escrita e no trato com os personagens. A condução é primorosa, não deixando margem a que a crítica seja desabonadora. Às vezes o autor experimenta escapadas linguísticas, mas mantém a mão firme ao fazê-lo, seguro de que sabe usar cada palavra.

    A mansidão que experimenta faz fluir até ele uma série de considerações acerca da vida do seu protagonista. Algo o puxa e o suga para baixo. Ao experimentar as águas do Rio Negro, ele sente que deve se entregar. Não se frustra com isso, encara – possivelmente – a morte como um sono que chega lentamente e o conduz à derradeira desistência, passando a ideia de que se sente acolhido pela morte.

    A forma de abordagem do tema foi fundamentalmente circundante. A Amazônia é um grande cenário para a experiência pela qual o personagem irá passar. Ele poderia estar no Vale do Loire, nas margens do Guaíba, ou mesmo na borda do Rio Negro. Isso não importa, porque o que importa é a abordagem do personagem, da condução elegante com que o leitor foi conduzido.

    Parabéns pela seleção finalista e boa sorte no desafio final.

  3. Fheluany Nogueira
    1 de julho de 2020

    O protagonista viaja para Manaus, onde encontraria uma namorada virtual; mas ela cancela o encontro. O homem procura diversão com uma prostituta e sai com ela para conhecer a cidade. Apaixona-se pela Ponta Negra, às margens do rio Negro. Depois, para passar o tempo, volta ao local. Ali, em um estalo mental, fica convencido de que é um personagem, cujo autor se desistira dele. Mergulha no rio e se perde.

    O uso da metalinguagem e a intertextualidade foram recursos bem utilizados e que fizeram um diferencial para este texto, no desafio. Outro ponto forte está na ambiguidade do título e das cenas da Ponte Negra: às margens do Rio versus às margens da sociedade. Gostei também da forma como foi construída a ambientação, do tom melancólico e das comparações com a cidade de origem do narrador.
    Parabéns pelo trabalho. Sucesso. Abraços.

  4. Cirineu
    1 de julho de 2020

    Como não me proponho a ser um arbítro oficial, não redigirei resumo. De qualquer forma, creio que o teor dos meus comentários ratificam a minha leitura.

    TÍTULO E INTRODUÇÃO
    Título um tanto quanto inócuo, ainda que incialmente incite o questionamento (à margem de quê?) é rapidamente esquecido, posto que finda à leitura não se encontre efetivamente uma resposta.
    Nota: 6

    PERSONAGENS
    Durante a maior parte da narrativa o protagonista se nos parece insonso, alguém incapaz de incitar carisma ou repulsa, mas tão somente indiferença. Demais personagens são meros figurantes.
    Nota: 5

    TEMPO E ESPAÇO
    Bem, não sei quantas vezes eu li “Manaus”, mas cansei-me de uma cidada ilustrada basicamente pelo calor e geografia plana. De forma geral, as descrições espaciais não foram boas o bastante para reportar minha imaginação aos ambientes e cenários
    Nota: 6

    ENREDO CONFLITO E CLÍMAX
    Talvez seja complicado associar um conflito a um personagem que não tem um “moto” específico. Em contrapartida, lguém que viaja do Rio (supostamente) à Manuas para encontrar-se com uma amante até então virtual parece ter potencial para entrar em boas confusões, porém o autor aparentemente optou por não fazer uso disso. É um enredo segmentando, com conflitos menores e clímax pouco convincente.
    Nota: 5
    TÉCNICA E APLICAÇÃO DO IDIOMA
    Narrativa linear, sem grandes pecados, salvo, alguns clichês, bem como analogias e metáforas pouco criativas. Seu ponto alto seria o discurso diretamente dirigido ao leitor, a referência a si mesmo enquanto personagem, um tanto de metaliteratura. Sem marcas de estilo.
    Nota: 6

    VALOR AGREGADO
    Difícil encontrar valor agregado, salvo pelas referências geográficas, é entretenimento apenas.
    Nota: 5

    ADEQUAÇÃO À TEMÁTICA
    Então, a Amazônia está logo ali, mas não encontrei elementos que justificassem a temática. A história poderia se dar em Campo Grande.
    Nota: 5

    NOTA FINAL : 2,8/5

  5. Luciana Merley
    30 de junho de 2020

    Olá, autor
    Um homem de meia idade, desempregado, sentindo-se fracassado, parte para Manaus para encontrar uma mulher casada que conhecera pela internet. Ao chegar na cidade insuportavelmente quente, a mulher cancela o encontro e ele parte para novas aventuras na noite. Encontra e tem uma noite com uma prostituta, mas sente-se profundamente atraído pelo Rio Negro e sua aura misteriosa. Negro (sem luz) como tornara sua alma naquele momento.

    Um conto muito interessante. Farei minha avaliação considerando a técnica, a coesão, o ritmo e o impacto do texto.

    Técnica – Percebi que o autor tem experiência narrativa porque consegue lançar mão de uma linguagem despojada, atraente, sob controle, sem afastar-se para breguices ou clichês. É uma levada carioca o seu conto. Tem uma malemolência e uma despreocupação com requisitos morais, logo, apresenta um personagem bastante bem construído. Me incomoda um pouco a quantidade de adjetivos, mas que não interfere na qualidade do conto. Parece-me inverossímil que alguém parta do Rio a Manaus para encontrar-se com alguém, mas confesso que talvez eu não saiba o tamanho dessa solidão ou da loucura dos homens por um rabo de saia. Além disso, a literatura definitivamente não é feita de coisas prováveis. Eu gosto dessa forma de narrar em primeira pessoa e conversando com o leitor.

    Coesão – Captei que o conflito gira em torno da própria situação (de alma abandonada, fracassado) do personagem. A Amazônia não é o cerne do texto, mas é como se fosse (Rio Negro) uma outra personagem que completa a sua sofreguidão.
    Ritmo – De levada carioca, logo, muito gostoso de ler.
    Impacto – Gostei muito. Um texto bem diferente de tudo por aqui.

    Parabéns e muita sorte.

  6. soniazaghetto
    29 de junho de 2020

    Resumo: Homem vai do Rio de Janeiro a Manaus a fim de encontrar mulher casada que conheceu pelo Tinder. Acumula diversos fracassos e, desta vez não é diferente: a futura amante desiste dele. O homem busca uma prostituta e com ela passa a noite. Antes, ambos vão conhecer um dos pontos turísticos de Manaus, a Ponta Negra. No outro dia, o homem volta ao local, onde, afinal, descobre ser um personagem fictício de literatura, prestes a desaparecer por conta da desistência do autor.
    Avaliação: A estrutura do conto é interessante, o autor faz construções muito boas, cria imagens interessantes e em vários momentos alcança ótimos resultados. Belo vocabulário, narrativa ágil e condução segura.
    O final – embora não seja novo em literatura – foi bem executado. Certamente, se o desejasse, o autor poderia ter produzido algo mais elaborado na cena final, da autodescoberta do personagem. Entretanto, penso que optou conscientemente pelo abrupto, sem mais detalhes ou explicações, como se o escritor fictício (ou o real?) realmente estivesse cansado e resolvesse acabar rapidamente a história do personagem perdedor. Antes, deu-lhe uma breve noite de delícias.
    Bela concepção. Gostei bastante do jogo de palavras do título e do final que permite mais de uma interpretação.
    Parabéns.
    Boa sorte, Orestes.

  7. Jorge Santos
    29 de junho de 2020

    Olá, Finalista. Foi bom ter perdido para um texto com esta qualidade, que narra a história de um homem deprimido que se desloca para Manaus para se encontrar com uma mulher casada que encontrou no Tinder. Ela desiste e ele fica sozinho na cidade.

    Este foi um dos textos mais sublimes que li no Entrecontos. A qualidade nota-se logo no início, pela forma subTil como nos envolve na narrativa. Cada frase é impactante e transporta-nos de uma forma lenta e derradeira para a viagem do personagem, fazendo de nós tanto companheiros como cúmplices. No final do texto, o personagem pressente que até o próprio autor desiste dele, e dissolve-se de uma forma suave, que condiz com o resto do texto.

    Numa palavra: perfeito.

    Parabéns.

  8. Gustavo Aquino Dos Reis
    28 de junho de 2020

    Resumo:

    Um senhor de idade, desesperançado com o suposto fracasso de sua vida, ruma até Manaus para encontrar uma mulher que conhecera no Tinder.

    Impressões:

    Conto muito bem escrito e caprichosamente executado.

    Entretanto, com todo o respeito do mundo, eu achei o enredo um tantinho forçado. A ideia da ida a Manaus para um encontro pelo Tinder, e o fato desse encontro não ter se concretizado, ser o catalisador para o suicídio do protagonista, por exemplo, me pareceu algo muito puxado.

    Não que isso não possa acontecer.

    É que no conto, e ainda mais sendo ele relativamente curto (notei que tem apenas 1777 palavras), não funcionou tão bem ao utilizar essa premissa.

    Acho que o autor poderia ter se dedicado mais em encorpar a história, mostrar outros aspectos do protagonista e não simplesmente usar como escape a palavra “fracassado” para definir o pano de fundo da depressão do mesmo.

    E a revelação de que tudo não passava de um conto dentro de um conto, utilizada tardiamente, não me caiu muito bem.

    Agora, reconheço a capacidade de escrita do(a) autor(a) desse trabalho.

  9. marcoaureliothom
    27 de junho de 2020

    Olá autor(a)!

    Antes de expor minha opinião acerca da sua obra gostaria de esclarecer qual critério utilizo, que vale para todos.

    Os contos começam com 5 (nota máxima) e de acordo com os critérios abaixo vão perdendo 1 ponto:

    1) Implicarei com a gramática se houver erros gritantes, não vou implicar com vírgulas ou mínimos erros de digitação.

    2) Após uma primeira leitura procuro ver se o conto faz sentido. Se for exageradamente onírico ou surrealista, sem pé nem cabeça, lamento, mas este ponto você não vai levar.

    3) Em seguida me pergunto se o conto foi capaz de despertar alguma emoção, qualquer que seja ela. Mesmo os “reprovados” no critério anterior podem faturar 1 ponto aqui, por ter causado alguma emoção.

    4) Na sequência analisarei o conjunto da obra nos quesitos criatividade, fluidez narrativa, pontos positivos e negativos, etc.

    5) Finalmente o ponto da excepcionalidade, que só darei para aqueles que realmente me surpreenderem.

    Dito isso vamos ao comentário:

    RESUMO: Um sujeito conhece uma mulher amazonense no Tinder e vai do Rio de Janeiro para Manaus em busca de aventura. Lá chegando leva o cano, para não perder a viagem faz uso dos serviços de uma profissional do sexo e ao divagar na praia de Ponta Negra sobre sua miserável existência, suspeita ser ele personagem de um conto.

    CONSIDERAÇÕES:
    A ideia de o personagem suspeitar da sua existência enquanto personagem não é nova e poderia ter sido melhor trabalhada.
    O que soou inverossímil para mim foi o sujeito ter saído do Rio de Janeiro em busca de uma aventura, sem motivação maior que a solidão e baixa autoestima apresentada.
    Igualmente inverossímil foi a suspeita de ser personagem em um conto, após ouvir o som de uma uma caneta sobre papel. Por mais que tenha me esforçado não consegui imaginar esta cena, pois, ou teria sido um som altíssimo, estranho e ensurdecedor, ou algo bem sútil, facilmente confundido com qualquer outro som do local.
    Independentemente da avaliação, aproveito para parabenizar-lhe pela obra e desejo sucesso na classificação final.

    Boa Sorte!

  10. Daniel Reis
    27 de junho de 2020

    17. À margem (Orestes)
    Resumo: um homem de meia idade vai em busca de aventura sexual com uma mulher casada em Manaus, mas o encontro é frustrado. Passeando pela cidade, busca o prazer com uma prostituta que o leva a conhecer a praia da Ponta Negra. Onde, ao final, volta-se a encontrar com o rio Negro e com seu destino.
    Comentário: a PREMISSA é muito interessante, a do elemento externo que vem para o cenário e ali está “estrangeiro”, refletindo nas águas da Amazônia sobre suas frustrações e fracassos. A parte TÉCNICA é muito bem executada, e as situações são plenamente críveis e bem construídas. As reflexões filosóficas e a sensação do protagonista no calor da região são quase tangíveis. Finalmente, o EFEITO NO LEITOR é muito positivo, com uma história sólida e bem narrada. A título de sugestão, acho que a parte da interação dele com Juci poderia ser mais aprofundada, além dos limites do desafio. Parabéns!

  11. Regina Ruth Rincon Caires
    27 de junho de 2020

    À Margem (Orestes)

    Resumo:

    A história de Orestes, de Diana e de Juci. O personagem viaja para Manaus para encontrar a amante, novamente é desprezado e define o seu fim.

    Comentário:

    Este é um texto de escritor de mão cheia, pronto. Orestes, você não tem mais para aprender, trabalhe apenas para nos presentear.

    O enredo é perfeito, a estrutura é invejável. O recurso utilizado de mostrar o personagem em conta-gotas é estimulante. O leitor vira parceiro, companheiro de viagem. A linguagem atrai o leitor, hipnotiza.

    Uma linda história, trabalho de gente grande. Separei algumas frases que, de maneira especial, me fisgaram:

    “Acredite, o orgasmo tem várias formas de expressão.”

    “Entre as montanhas e o mar, a alma do carioca se desenvolve na bossa poética.”

    “Náufragos e meretrizes se atraem como mercúrio.”

    “A ampulheta do tempo esgotava os grãos de Cronos enquanto ela me contava a sua história. “

    “… mas toda prostituta carrega em si um evangelho, …”

    “Longe, o Sol alaranjado submergia suave na desfocada distância da borda oposta, num sublime e despudorado acasalamento que pariu a noite.”

    Esta última frase, como por encanto, me tocou. O sol no Rio Negro, sobre aquelas águas cor de Coca-Cola, é das mais lindas paisagens que já vi. O pôr do sol, dali, é um espetáculo único.

    E o desfecho do conto é maravilhoso, o desistir da vida. Que lindeza!

    “Envolvido pelo rio, não sei expor com clareza, mas ouvi um som semelhante ao de uma caneta sendo largada com força sobre uma folha de papel, baque abafado e seco. Um arrepio percorreu minha espinha. Pressenti que aquele que me concebeu nestas páginas talvez tenha desistido do personagem.”

    “Finalmente, posso definir a próxima virada da trama, a derradeira. As palavras se dissolveram como o barro empurrado para o mar. O céu se trancou no negrume das águas, igual a um caderno que se fecha confinando ideias e anotações. Tudo se dissipou. Despareci.”

    Resumindo o conto é completo, cuidado para ser dado de presente.

    Parabéns, Orestes! Que beleza de trabalho!

    Boa sorte no desafio!

    Abraços…

  12. Gabriela
    27 de junho de 2020

    Um homem em seus cinquenta anos vai para Manaus para encontrar pela primeira vez uma amante que conheceu pela internet. Se descreve como uma pessoa que fracassou em todos os aspectos da vida.
    O encontro com a mulher não acontece e esse é seu ato final

    Desde o início o conto nos leva, parágrafo por parágrafo, a querer saber sobre esse homem.
    As descrições de seus sentimentos de menosprezo por si próprio, nos faz perceber uma pessoa deprimida. O fato do encontro não ter se realizado por desistência da mulher é para ele a confirmação de seus constantes fracassos.
    Desde a gota de suor que escorre por sua face, até a última linha, tudo é descrito e escrito com muita realidade e pungência.
    O rio Negro, inserido na Amazônia, entra no conto subliminarmente, porém atua no ápice da história, sendo escolhido pelo protagonista como sua última morada.
    Gostei muito!

  13. Fabio D'Oliveira
    25 de junho de 2020

    Resumo: Cinquentão fracassado vai conhecer amante do Tinder em Manaus e é abandonado. Vive os próximos dias num vazio existencial, divididos entre o Rio Negro, uma puta e vários nadas.

    Olá, Orestes!

    Sua escrita é madura. Ela é profissional, arriscaria dizer. Dosado, ponderado, com esmero e qualidade técnica inquestionável. A leitura fluiu naturalmente, sem entraves, e foi uma delícia conhecer essa história. Eu leria um livro de sua autoria facilmente. Há poesia, há reflexões, há humanidade. Você é um escritor nato.

    O enredo, também, revela toda sua maturidade como escritor. O desenvolvimento geral é impecável: personagens, ambiente, situações, reflexões. O conto me conquistou pela evidente humanidade nas linhas. A depressão do protagonista-narrador é tão intensa que você não precisa nomeá-la. Está presente em todas suas ações. O final, recheado de metalinguagem, deixa a história em aberto. E de uma forma muito gostosa. Pode ser a morte, a renovação, a desistência. Vários novos começos podem surgir desse final. Gosto disso.

    O único defeito, ao meu ver, é que a Amazônia não está em vigor no conto. A história é ambientada em Manaus, mas o foco é seu lado urbano, assim como as dores existenciais do protagonista, deixando de lado toda a essência da floresta. Senti que ela poderia ser ambientada no Rio de Janeiro, em Santa Catarina (trocando o calor pelo frio), até em Pernambuco, que continuaria quase a mesma coisa. Só mudar algumas analogias que se encaixaria, sabe? Não é uma história sobre a Amazônia, sobre a natureza. É uma história sobre depressão, sobre o fracasso de uma vida.

    Enfim, só não conseguiu a nota máxima por causa disso. Você escreve maravilhosamente bem!

    Parabéns e muita felicidade para ti!

  14. Tereza Cristina S. Santos
    24 de junho de 2020

    O conto fala de um homem carioca, cinquentão que teve vários fracassos na vida e vai para Manaus encontrar uma mulher casada que conheceu no aplicativo Tinder. No hotel, onde estava hospedado, recebe uma mensagem da mulher pedindo desculpas por não poder comparecer ao encontro marcado. Decepcionado, sai para conhecer melhor a cidade e vai parar no prostíbulo aonde conhece Juci. Ela o convida para passear na praia de Ponta Negra e depois eles passam a noite juntos no hotel, no outro dia ele volta para o Rio Negro e desaparece nas águas.
    O texto é bem estruturado, possui início, meio e fim. O autor consegue desenvolver as idéias com coerência. O argumento do texto está dentro do tema proposto

  15. Amanda Gomez
    24 de junho de 2020

    Olá

    Resumo 📝 Carioca de meia idade viaja até Manaus para encontrar uma mulher que conheceu pelo Tinder. Ele leva cano e para não deixar barato vai atrás de prostitutas para se satisfazer. Tem uma noite agradável, conheçe o rio negro e fica fascinado. No fim, devaneios o fazem voltar a este mesmo rio e o final fica a cargo da interpretação do leitor.

    Gostei 😁👍 Conto muito bem escrito, já no começo já demonstra total habilidade em descrições, faz uma ambientação urbana de manaus que me fez visualizar perfeitamente e até imaginar o calor, muito familiar pra mim. O autor também capricha do desenvolvimento do personagens, camada por camada vamos descobrindo um pouco mais dele, seus anseios, decepções, duvidas. De fato um personagem muito rico e verossímil. O enrendo relativamente simples é moldado de forma muito competente pela escrita segura e madura. O final deixa o leito a divagar junto com o personagem. Era de fato um personagem? ou o ultimo devaneio de um homem cansado da própria existência? Eis a questão.

    Não gostei🙄👎 De nada em específico.

    Destaque📌 “Você pode perguntar a razão de um sujeito que foi recém-rejeitado pelo amor decidir-se pelo abraço da prostituição. É sina. Se eu fosse escritor, seria um Sade tropical. Náufragos e meretrizes se atraem como mercúrio. ”

    Conclusão = Um texto executado com bastante competência, leitura gostosa que entretêm do começo ao fim. Personagem crível e um final que agrada mesmo que dê aquela sensação de incompleto. Não é.

    Parabéns, boa sorte.

  16. angst447
    24 de junho de 2020

    RESUMO:
    Cinquentão carioca com histórico de uma sucessão de fracassos, chega a Manaus com o objetivo de se encontrar com uma mulher casada que conheceu por aplicativo. Logo na chegada estranha o calor e a falta de verticalidade da cidade. Recebe mensagem da amante virtual cancelando o encontro, o que o deixa perdido, sem perspectivas. Sai para conhecer a cidade e vai atrás de um prostíbulo, onde conhece Juci que antes do sexo, o leva para Ponta Negra, Às margens do rio Negro. Depois de um dia sem fazer praticamente nada, resolve voltar para Ponta Negra e tem um insight. Convence-se de que é um personagem, uma criação fictícia de um escritor que acaba desistindo do seu personagem. Fica hipnotizado pelo rio, mergulhando e se perdendo em suas águas. Para sempre.
    ………………………………
    AVALIAÇÃO:
    * T – Título: Ambíguo. Tanto serve para traduzir a ideia de alguém À margem da vida, da sociedade, como é o caso da prostituta e do próprio protagonista/narrador; assim como À margem do rio.
    * A – Adequação ao Tema: O conto aborda o tema proposto pelo desafio.
    …………………………………………………..
    * F – Falhas de revisão: Não encontrei falhas, apenas trocaria “daqui” por “dali” na frase “[…] estava marcada para daqui a quatro dias”.
    * O – Observações: Conto muito bem escrito, com narração em primeira pessoa e interação com o leitor. O(a) autor(a) possui muita habilidade com as palavras, sabendo como construir a trama com referências ao tema Amazônia sem parecer algo forçado.
    * G – Gerador (ou não) de impacto: O final foi brilhantemente elaborado e apresentado de forma gradativa, leva o leitor pela mão e o fazendo mergulhar junto com o narrador nas águas do rio Negro.
    * O – Outros Pontos a Considerar: a abordagem da marginalidade dos personagens associada À margem do rio Negro, com suas águas escuras, deu um toque muito especial ao conto. Assim como o narrador se descobrir um personagem, uma obra produzida por um Criador, que dependendo da interpretação do leitor, tanto pode ser um escritor como até mesmo uma divindade. O desespero do personagem é tamanho que ele se sente abandonado por Deus, ou por qualquer um que o tenha criado, e resume sua vida ao nada, a um rascunho apagado.
    Parabéns pela sua participação!

  17. pedropaulosd
    24 de junho de 2020

    RESUMO: Um homem frustrado e solitário se decepciona uma vez mais depois de ter sido deixado na mão por uma provável amante. Após se encontrar com uma prostituta e aproveitar um tanto da cidade e do encontro, considera sobre a sua própria criação enquanto personagem – no sentido literário, não religioso.

    COMENTÁRIO: Aqui, a escrita é primorosa, com construções impactantes que dão profundidade às frustrações da personagem, que justamente por isso é bastante cativante. Por isso, a perspectiva metalinguística que aparece no final é tanto surpreendente como também verossímil, pois a astúcia resignada é um traço latente que segue o protagonista até o fim, num final indeterminado que combina o próprio livre-arbítrio a ideia de que, se é um conto, em certo momento tem que acabar. Refletindo sobre a adequação ao tema, encontrei uma discussão interessante sobre a qual a opinião do autor poderia servir bastante, dado que o meu primeiro comentário não vem acompanhado de nota. Poderia me convencer (ocorreu-me que os comentários abertos dão aos autores e autoras a oportunidade de questionar). É o seguinte: a ambientação também é realizada com primor e se mantém fiel à escolha da primeira pessoa, pois ela se dá justamente pelo choque entre o personagem e a cidade, sempre numa comparação entre sua cidade de origem e o lugar onde está agora. O verticalismo versus o horizontalismo. Isso serviu muito para consolidar a presença manausense no conto. Mas é aí que vem a minha dúvida, pois o conto parece ser uma ótima estória passada em Manaus que, por sua vez, é parte do espaço amazônico, mas ao mesmo tempo uma abertura na floresta, algo que talvez a oponha. Não sou de Manaus, então não dou completa certeza à minha última afirmação. O que você acha?

    Boa sorte.

  18. antoniosbatista
    21 de junho de 2020

    Resumo= O personagem chega a Manaus para encontrar-se com uma mulher que ele conheceu por um aplicativo de namoro, mas a mulher cancela o encontro. Ele, então, vai a um prostíbulo, onde conhece uma garota de nome Juci, que o convida para passear na praia. Na volta eles vão para um hotel onde passam a noite juntos. Na manhã seguinte, Juci já tinha ido embora, o homem decide voltar a Ponta Negra, as margens do rio Negro, onde ele fica meditando sobre sua vida e se considera um personagem do conto.

    Comentário= O autor criou um personagem com um perfil psicológico bem marcante. A escrita é muito boa, não encontrei nada negativo. O argumento não é ruim, mas também não é excelente. Achei regular, por conta do final que deveria ser o mote principal do conto, isto é, a desconfiança do personagem sobre ser manipulado, desde o princípio, o que despertaria maior curiosidade e interesse do leitor em saber o que seria revelado no final. Boa sorte,Orestes.

  19. Anderson Do Prado Silva
    21 de junho de 2020

    Resumo: Homem viaja para a Amazônia para se encontrar com uma mulher, mas o encontro se frustra e, permitindo-se uma desorientação, ele conhece diferentes lugares e aspectos da região.
    Comentário: Ao tempo em que o criador largava a caneta sobre o papel, eu estava na iminência de desistir do texto. Eu não estava gostando do enredo nem do personagem (que estava me parecendo um homem vulgar de meia idade, embora senhor de alguma cultura; enfim, um homem triste e desamparado). Eu não estava conseguindo me cativar pela história, embora seu autor seja, visivelmente, excelente escritor, com bom domínio da língua e das técnicas narrativas. No entanto, foi no último parágrafo, no lugar exato em que o protagonista ouve “um som semelhante ao de uma caneta sendo largada com força sobre uma folha de papel, baque abafado e seco” e, na sequência, conclui “que aquele que me concebeu nestas páginas talvez tenha desistido do personagem”, que eu percebi o toque de genialidade do autor do texto. Foi esse final, absolutamente não esperado por mim, que salvou o texto e me fez sentir que valeu à pena seguir até o final. Não me preocupo muito com o desenvolvimento de um texto (desde, é claro, que seja tecnicamente correto), mas o que eu não suporto são textos que não possuam um bom começo e um bom final: enquanto um bom começo me motiva a ler, a seguir em frente, um bom final me faz sentir que valeu à pena meu tempo e dedicação com a leitura. Bem, neste texto, o autor foi salvo pelo gongo, arrebatando-me e convencendo-me da imperiosidade de ler outros textos seus. E o que dizer desse final: “O céu se trancou no negrume das águas, igual a um caderno que se fecha confinando ideias e anotações. Tudo se dissipou. Despareci.” Fantástico! Parabéns!
    O texto não possui erros de digitação, revisão ou gramaticais.

  20. Gustavo Araujo
    17 de junho de 2020

    Resumo: homem carioca, recorrentemente abandonado, vai a Manaus se encontrar com mulher que conheceu pelo Tinder; Leva o cano, mas não desiste: com um taxista vai a um prostíbulo onde conhece uma garota e com ela passa a noite, consumando seus desejos. Ainda extasiado no dia seguinte, deixa-se guiar por seus pensamentos e, no fim, regressando à Ponta Negra, reconhece-se como um personagem fictício de literatura, pronto para desaparecer, sucumbindo, uma vez mais, ao abandono que o persegue.

    Impressões: gostei bastante do conto. O início revela um autor acostumado a esse tipo de narrativa ágil, alguém com pleno domínio das palavras e, em especial, na descrição de cenários urbanos pontuados pelos pequenos submundos que deles fazem parte. No caso, temos aqui o baixo meretrício manauara. O autor, de fato, nos conduz sem deslizes pelas ruelas apertadas, pelos bares esfumaçados e pelo sexo meio improvisado, assim, de ocasião, tudo em meio a metáforas e jogos de palavras bem montados. Mas não é só isso. O conto é permeado por certa melancolia, na medida em que o protagonista-narrador, numa autocomiseração constante, passa as horas contemplando o horizonte achatado de Manaus com a orla curvelínea e sedutora de seu Rio de Janeiro, maldizendo sua sorte, seu destino de abandono constante. Mesmo passando horas agradáveis com Juci, ele se mostra incapaz de se reerguer, preferindo retornar às águas do rio, na Ponta Negra, numa espécie de ritual de sadismo. Nesse ponto, o conto ganha mais brilho porque oferece ao leitor duas saídas: a primeira, no sentido de que o personagem principal desiste de si mesmo e entrega-se às águas; a segunda, flertando com a metalinguagem, revelando-se uma criação proposital, obra de um escritor que dele desistiu também. Em qualquer caso, o fim é inevitável e fecha com competência inesperada um conto muito bem concebido. Parabéns e boa sorte no desafio.

  21. Emanuel Maurin
    13 de junho de 2020

    Olá Orestes, tudo de bom.
    Resumo:
    Um homem de pouco mais de 50 anos desempregado, desiludido pelos vários relacionamentos falidos com as mais diversas mulheres e que não podia ter filhos, conheceu uma mulher casada no Tinder. A suposta mulher morava em Manaus e o homem gastou tudo que tinha e foi para Manaus. Lá, a mulher não quis encontrar com ele, então o homem que já tinha pago 4 diárias no hotel, arrumou uma garota de programa, bebeu e foi com ela até a praia da Ponta Grossa, lá se maravilharam, voltaram para o hotel e fizeram sexo. No outro dia ele voltou para o rio e desapareceu misturando-se as águas. Pelo jeito se matou.
    A narrativa flui bem e o narrador explica detalhado a localização do personagem e apresenta Manaus de uma forma que da pra entender onde ele está. Eu gosto disto. Fiquei perdido quando o narrador mencionou o filme Despedida em Las Vegas, eu não assisti esse filme e fiquei imaginando o que aconteceu. Uma coisa que achei bem legal foi o narrador mostrar um personagem depressivo sem mencionar que ele sofresse de alma perturbação. No mais, se acertei no final e se de fato ele matou mesmo, gostei.
    Gosto de tragédia. Boa sorte.

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Informação

Publicado às 7 de junho de 2020 por em Amazônia, Amazônia - Grupo 1, Amazonia-Finalistas e marcado .
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