A coluna de soldados romanos atravessava o bosque. O passo era vigoroso mas no rosto era visível o cansaço. De todos eles, Agripius era o mais velho. Tinha 45 anos, estava prestes a terminar o seus destacamento na Britannia, sedento de voltar a casa, depois de dez anos de ausência. Mais do que o dever de servir Roma, tinha sido um vazio imenso que sentira alma que o fizera alistar-se. Tinha, entre os colegas da centúria, as únicas pessoas que considerava irmãos, agora que os seus dois irmãos de sangue tinham morrido. Como única família tinha o filho, numa aldeia a norte de Roma, na Gallia Cisalpina, atual Lombardia. A peste tinha-lhe levado a esposa e os seus dois outros filhos. Ficara Actius, a quem Agripius ensinara tudo o que sabia. O rapaz aprendeu a montar e a usar a espada como um mestre, mas o pai sentia uma necessidade insaciável de partir, de desafiar a morte que não o quisera levar. Quando Actius fez sete anos, deixou-o entregue a uma família de amigos e partiu para se alistar. Nesse dia, Agripius sentiu que morrera uma segunda vez, depois da morte da mulher e dos filhos lhe ter roubado a alma.
Mesmo sendo considerado um velho, Agripius era tido como um dos melhores soldados, o que tinha a agradecer ao seu pai, que o tinha instruído nas artes da guerra desde que tivera idade para empunhar uma pequena espada de madeira. Era relativamente baixo e entroncado, tinha a força de um ferreiro e a agilidade de um atleta.
Estava agora profundamente cansado da guerra e das atrocidades que o obrigavam a fazer em nome de um César que não tirava o cu do seu trono, a milhares de quilómetros de distância. Queria voltar para a sua aldeia, para o seu filho. Mesmo sendo velho, Agripius poderia voltar a casar e ter mais filhos. Envelhecer pacatamente a ver o trigo crescer na companhia de filhos e netos. Que mais poderia pedir um homem?
Estava mergulhado nestes pensamentos quando os rebeldes atacaram. Estavam escondidos na mata que conheciam melhor do que ninguém. Um deles esmagou o crânio de Plinius com um golpe de maça. Agripius perfurou-lhe o peito com a sua lança. Saindo da formação, lançou-se então ao ataque. Estava no seu elemento, no meio da vegetação. Matou dois rebeldes e capturou outro, de longos cabelos loiros. Não teria mais de 17 anos e era quase um gémeo do seu filho. Agripius tinha recebido ordens para não fazer prisioneiros (eles fariam o mesmo), mas não conseguiu matar este jovem. Contra o conselho dos seus companheiros, fez dele o seu escravo. Por alguma razão, Malek aceitou o seu fado com resignação. Mesmo assim, Agripius demorou algum tempo até ter confiança suficiente nele para conseguir dormir sem ter receio de represárias. Malek sabia que lhe devia a vida e demonstrou sempre a sua gratidão.
Uma noite, uma bruxa apareceu a Agripius num sonho. Era a mulher mais bela que ele tinha visto, mas ele sabia reconhecer uma bruxa quando via uma, mesmo num sonho. Agripius prestava homenagem aos deuses antigos, os mesmos que César perseguia, e as bruxas eram personagens comuns – mais do que o mal, eram mulheres que tinham uma ligação muito forte à Deusa Mãe, Gaia.
Ela agradeceu-lhe o facto de lhe ter salvo a vida do filho, Malek.
“Como recompensa, venho dar-te um aviso: regressa o quanto antes se queres ver o teu filho com vida.”
No sonho, a bruxa esvaiu-se numa nuvem de fumo. Agripius acordou aflito. Como centurião que era, não podia, simplesmente, ir-se embora. Ainda faltavam seis meses para que o seu destacamento acabasse. Em seis meses, Actius podia estar morto. Decidiu acelerar esse processo, com a ajuda de Malek.
* * *
“Agora”, disse Agripius, colocando a mão junto a uma rocha. Na sua mente havia um único pensamento: regressar a casa. Malek levantou no ar uma pedra grande e, sem tirar os olhos da mão de Agripius, esmagou-lhe o polegar da mão direita. Depois, fugiu. Agarrando a mão ferida, Agripius esperou que ele estivesse longe para começar a gritar. Dado o alarme, dois soldados saíram em busca de Malek, mas não o encontraram. Aquela floresta era o seu domínio. Regressaram para junto de Agripius, que regressava ao acampamento.
“Não foi por falta de aviso”, disse-lhe Peronius, um romano de ascendência nobre que tinha caído em desgraça por causa do jogo.
Agripius fingiu concordar. Claudius, o Físico, observou-lhe o polegar esmagado e achou que era melhor amputá-lo. A operação foi feita quase de imediato. Claudius era dotado de uma força sobre-humana e um espírito de aço, habituado a ver homens sofrer. Agripius sentiu o metal na sua carne sem um único lamento, habituado como estava à vida da guerra. A verdadeira dor veio depois, mas também essa foi suportada em silêncio. Regressou com os restantes feridos para Londinium, onde embarcaram para Roma.
* * *
Chegou a Ombrinia por altura das colheitas. Encontrou as pessoas muito perturbadas. Aquela povoação já tinha passado por muitas provações, mas nos últimos tempos a situação tinha-se tornado crítica. Dizia-se que Egronte, um demónio que habitava as cavernas das montanhas, voltara a atacar as aldeias que ficavam no seu sopé, entre elas Ombrinia. Foi pelos seus estreitos caminhos desertos que Agripius chegou à sua casa. Durante a longa viagem tinha acalentado o sonho de ver o filho à sua espera, mas encontrou-a abandonada.
Um homem aproximou-se dele com um sorriso pálido nos lábios.
“Bons olhos te vejam, meu bom amigo. O vento trouxe-me a novidade, mas não quis acreditar. Infelizmente, chegaste tarde. Já derramámos lágrimas pelo teu filho e pela sua noiva, Hirina.”
Agripius deixou-se cair no alpendre empoeirado. Salius era pouco mais velho do que ele, teria os seus cinquenta e cinco anos, mas o tempo tinha sido mais cruel do que para Agripius. Só conseguia andar agarrado ao cajado, encurvado, e era quase cego.
“Cheguei tarde… Pensava ter chegado a casa, mas sem ele não tenho casa, nem vida. Como foi, meu velho amigo?”
“Foram os demónios que habitam os nossos montes. Os filhos de Egronte. Desceram à aldeia e levaram quatro dos nossos jovens, um deles Hirina. Actius, o teu filho, herdou o teu carácter de guerreiro e juntando mais de vinte homens subiu o monte. Nenhum deles regressou. Há uma semana que as nossas mulheres velam por eles num pranto que inunda o vale.”
Agripius fitou as montanhas de rocha quase negra. O ódio transforma-lhe o rosto. Salius afastou-se. Agripius foi até às traseiras da casa. Por baixo de uma nogueira havia as marcas de três sepulturas. Deixou-se cair de joelhos. Os espíritos de duas crianças e de uma mulher esbelta rodearam-no, dançando à sua volta. Agripius sentia a sua presença, tal como tinha sentido enquanto estivera na guerra. A esposa sussurrava-lhe frequentemente palavras de incentivo ao ouvido, quando ele dormia, e ele tecia-lhe delicadas juras de amor em sonhos.
Entrou na casa vazia. Deixou-se ficar, sentado num banco da cozinha, até conseguir ver à sua frente a esposa e os dois filhos. Sentiu uma grande vontade de se juntar a eles. Pegou na espada que tinha escondida no alforge e apontou-a para a barriga. Bastaria um movimento para rasgar a barriga, tal como tinha feito tantas vezes ao serviço de César.
Fechou os olhos.
Apertou com força o punho da espada com as duas mãos. Sentiu a lâmina a penetrar na carne. Depois, pousou-a no chão. Abriu uma garrafa de vinho e embebedou-se. Nessa noite, voltou a ver a bruxa nos seus sonhos.
“Desistir da vida nunca resolveu nenhum problema, Agripius”
“E o que eu posso fazer sozinho?”
Ela aproximou-se dele. No sonho, ele conseguia sentir o seu perfume a jasmim.
“Nunca ninguém está verdadeiramente sozinho. Mas a tua tarefa não será fácil. Egronte é um desafio digno dos deuses.”
“Eu sou apenas um homem, considerado por muitos um velho.”
“No futuro, Agripius, um homem da tua idade será considerado um jovem.”
“No futuro, o meu filho estará vivo?”
A bruxa olhou fixamente para ele e segredou-lhe ao ouvido: “Depende apenas de ti. A morte não é muito diferente da vida. Há coisas bem piores que ela. Tens de esquecer todos os teus medos, até mesmo o medo de perder Actius. Só assim poderás salvá-lo. Terá, no entanto, o seu custo. Egronte não larga os seus troféus sem pedir nada em troca. ”
* * *
Agripius acordou estremunhado, mal o dia tinha nascido. Recordou o que a bruxa lhe tinha dito. Saiu de casa e começou a subir o monte, completamente desarmado.
“Esquece todos os teus medos”, dissera a bruxa.
As armas são a mais pura demonstração do medo. A espada ficara no chão da cozinha, o escudo encostado a um canto. Subiu apenas com a roupa que vestia e três pequenas bolsas atadas à cintura. Ao pescoço levava o colar que pertencera à esposa. Percorreu os caminhos sinuosos, próprios apenas para as cabras que por ali abundavam no passado. Agora, não via uma única. Os tempos tinham mudado. O mundo já não era o mesmo. Ou teria apenas envelhecido?
Chegou à entrada da caverna. Dela exalava um cheiro intenso a podridão. Agripius teve um momento de hesitação. Tirou da bolsa que trazia presa ao cinto um pedaço de pirite e uma barra de ferro rugoso. Com eles acendeu um archote que encontrou no chão, e seguiu em frente.
O barulho de aquilo que pensou ser um animal fê-lo parar, mas rapidamente o engano se desfez: não era um animal, mas uma mulher que se arrastava pelo chão com o corpo dilacerado, sem uma perna, um braço quase arrancado e o que restava das entranhas ao pendurão. O que mais o impressionou foi a expressão do seu rosto: um sorriso demoníaco que contrastava com os olhos sem vida. Agripius pegou na segunda bolsa que tinha à cintura, regou a mulher com óleo e atirou-lhe o archote aceso. Ela transformou-se numa fogueira que se extinguiu rapidamente num uivo demoníaco.
Agripius ficou na penumbra. Tinha apenas luz suficiente para ver por onde andava. Sem medo, avançou. Sentiu outras presenças mais à frente. Corpos retorcidos que ele esperava não ser o seu filho passavam por ele como se não existisse.
Notou uma agitação crescente neles.
Medo. Não podia sentir medo. Mas o medo de ter perdido o filho era mais forte do que ele. Tentou dominá-lo como quem domina uma fera enraivecida. Tinha de se transformar numa rocha. A rocha não tem sentimentos – mas também não tem descendência, nem se vê no escuro no meio de cadáveres que a ignoram.
Chegou a uma galeria mais iluminada, que parecia não ter saída. Era o fim da linha. Ali não havia monstros, e não encontrara o seu filho.
Medo. Não podia sentir medo.
Deitou-se no chão. A noite chegou, mas parecia que até a própria noite tinha medo daquele lugar, porque a fraca luminosidade não se alterou. Agripius conseguia vê-los chegar, alguns arrastando-se penosamente, outros em passo de corrida, atropelando-se uns aos outros para serem os primeiros a chegarem até ele, que os enfrentou apenas com o olhar.
E eles pararam. Não estavam à espera de que alguém os enfrentasse, especialmente um velho desarmado.
No meio deles, com o mesmo olhar sedento de sangue, estava Actius.
Não o via há dez anos e não tinha havido um único dia desses dez anos em que ele não sonhasse com o reencontro.
Agora que o tinha visto, Agripius fechou os olhos para mais nada ver. Era a altura de pôr de lado os seus medos. O medo da morte, ele nunca teve. Agora que sabia que o filho era um deles, nada mais existia. Pegou na terceira bolsa que tinha presa ao cinto e bebeu o veneno. Foi ao corpo de um Agripius já morto pela cicuta que os mortos-vivos se lançaram, e da sua carne se saciaram até eles próprios sucumbirem.
Egronte deu-se por vencido com o sacrifício do velho Agripius e não mais apareceria por aquelas terras.
Olá autor(a)!
Antes de expor minha opinião acerca da sua obra gostaria de esclarecer qual critério utilizo, que vale para todos.
Os contos começam com 5 (nota máxima) e de acordo com os critérios abaixo vão perdendo 1 ponto:
1) Implicarei com a gramática se houver erros gritantes, não vou implicar com vírgulas ou mínimos erros de digitação.
2) Após uma primeira leitura procuro ver se o conto faz sentido. Se for exageradamente onírico ou surrealista, sem pé nem cabeça, lamento, mas este ponto você não vai levar.
3) Em seguida me pergunto se o conto foi capaz de despertar alguma emoção, qualquer que seja ela. Mesmo os “reprovados” no critério anterior podem faturar 1 ponto aqui, por ter causado alguma emoção.
4) Na sequência analisarei o conjunto da obra nos quesitos criatividade, fluidez narrativa, pontos positivos e negativos, etc.
5) Finalmente o ponto da excepcionalidade, que só darei para aqueles que realmente me surpreenderem. Aqui, haverá fração.
Dito isso vamos ao comentário:
TÍTULO/AUTOR: 17. Os filhos de Egronte (Agripius)
RESUMO: A história de Agripius, um velho de “45 anos” para os padrões da época, que parte em busca de vingança.
CONSIDERAÇÕES: É um conto medieval sobre as aventuras de Agripius. Como todo conto medieval tem batalhas em nome de reis, bruxas com predições, volta para casa após as batalhas, preocupação com a família, demônios que atacam as aldeias.
Após ter chegado de mais uma batalha e se deparar com a família morta por um ser sobrenatural, orientado por uma bruxa, Agripius parte em busca de vingança.
O final revela que se tratava mesmo era de mortos vivos e para eliminá-los Agripius usou a estratégia de ingerir veneno que seria fatal após ter sido comido.
Achei que seu conto teve muitos elementos para pouco espaço de texto e a história acabou um pouco espremida, pouco desenvolvida, sem algo que eu possa destacar como original. Também considerei o uso da palavra cu desnecessário.
NOTA: 3.0
Independentemente da avaliação aproveito para parabenizar-lhe pela obra e desejo sucesso na classificação.
Boa Sorte!
Resumo: centurião abandona sua legião depois de receber um aviso por meio de um sonho; volta à sua vila, em busca do filho lá deixado, para saber que o rapaz desapareceu numa montanha, numa missão de resgate. O centurião, ao subir até lá, encontra uma caverna, onde todos, inclusive o filho, se tornaram uma espécie de vampiros a serviço de um ser demoníaco chamado Egronte.
Impressões: gosto de ambientações na Roma antiga. Bastante. Por isso comecei o conto com a expectativa lá no alto. Até certo ponto, essa antecipação se confirmou, coincidindo com o instante em que Agripius sobe a tal montanha para encontrar o rebento desaparecido. Quando ficou claro para mim que tudo era um plano do tal Egronte, que queria transformar todo mundo em vampiro de um exército das trevas, confesso que fiquei um pouco frustrado, porque o conto revelou-se por demais sobrenatural. Não que eu não tenha percebido esse elemento antes, como no sonho de Agripius, ainda na campanha, mas até então isso só parecia ser parte de sua personalidade, aliás comum para o homem antigo, aferrado a superstições. O conto, porém, abraçou esse aspecto, o que para mim, como disse, foi um tanto decepcionante.
De qualquer maneira, a história está bem contada e deve agradar os fãs desse tipo de narrativa, cheia de mistérios ocultos e reviravoltas, ainda mais porque há um substrato histórico bastante conhecido. Nesse aspecto, a prosa fluida e direta, que não arrisca mergulhos mais profundos na psique do protagonista, serve bem como elemento aglutinador da epopeia.
O conto, em todo caso, falha no que se refere à abordagem do tema do desafio. A velhice, ou melhor, o envelhecer, é tratado apenas tangencialmente, quando se refere à idade de Agripius, um homem já idoso para a época, aos 45 anos. Mas não há, demais disso, qualquer menção às dificuldades ou ao enfrentamento do ocaso do corpo. Agripius jamais se vê diante de sua desconstrução por conta da idade. Na verdade, tudo gira em torno da ofensa a sua integridade física por conta dos ataques dos mostros-vampiros.
Em todo caso, como eu disse, isso não torna o texto menos interessante. À revelia do tema, permanece um conto bacana e que deve entreter a galera que curte uma jornada de herói.
Nota: 3,5
Um soldado romano em batalha é avisado num sonho por uma bruxa que deve voltar para casa antes que seu filho morra. Após uma artimanha para poder voltar como ferido, descobre que tanto o filho quanto sua noiva haviam sido levados por demônios da montanha e que a aldeia os tinha dado como mortos já. Após outro sonho com a bruxa, decide enfrentar desarmado o grande demônio para resgatar o filho. Ao chegar na caverna em que os demônios vivem, vê que o filho virou um deles e então se suicida.
Nota: 4,0
Mais um conto que foge ao tema. De qualquer forma, uma narrativa que prende o leitor e o mantém atento à história. Bem concebido, apesar de termos a impressão de que estamos diante de duas histórias, uma que começa na guerra e esperamos acontecer algo além do retorno do soldado e outra, que já seria o conto propriamente dito. Entendo que funciona, para o autor, como uma preparação. Mas a divisão é nítida. Um ponto negativo a ser solucionado, ao meu ver.
17. Os filhos de Egronte (Agripius)
Tema: resgate em Roma antiga.
Resumo: Agripius, um centurião romano na Britânia, tem um sonho em que uma bruxa ordena que ele retorne a Roma se quiser ver único filho vivo. Faz com que seu escravo simule ter quebrado seu dedo e fugido, para sair da linha de batalha. Ao chegar na cidade, descobre que o filho subiu a montanha e não mais retornou. Entre se matar e resgatá-lo, decide subir desarmado. O filho foi contaminado pela maldição de Egronte e o pai se suicida.
Técnica: a história, bem ambientada e pesquisada, parece claramente uma sinopse de obra maior. Com elementos de Gladiador e mistério/sobrenatural, na forma da bruxa, mantém o leitor entretido até a última linha.
Emoção: uma história interessante, que se não emociona, entretém. E isso já é bastante, nesses tempos.
Agripius é um centurião que luta há dez anos nos exércitos de roma. Tendo perdido a esposa e dois filhos para a praga, tudo o que lhe restaram foi seu filho Actius e um vazio no peito. O vazio ele preencheu com as batalhas, e agora queria voltar para ver o filho. Uma bruxa o visitou em sonhos recorrentes, pedindo para que voltasse para casa o quanto antes. Ele assim o fez, apenas para encontrar sua cidade amaldiçoada por um demônio, que ele mesmo derrotou através do próprio sacrifício.
Caramba…! Que habilidade você tem que contar uma epopéia destas em tão poucas palavras! Foi como ler um livro! Gostei muito da sua escrita, de como você nos mostra Agripius em uma longa jornada desde a morte da família até o próprio sacrifício. Gostei também desta visão da velhice – a velhice nos tempos antigos, onde os quarenta e tantos, ainda mais para um soldado, já era o tempo extra. Conto muitíssimo interessante, com um personagem muito bem construído e que me prendeu até o final.
Por opinião pessoa, não gostei do final. Mas simplesmente por quê acho que torcia por Agripius e o conto não é um conto feliz – pelo contrário, é um tanto sombrio, que vemos o personagem principal descer em um espiral de infortúnios até a sua morte. Mas, parando para pensar, a vida também é assim para muitos, não é?
Enfim, gostei muito da leitura. O conto merece um pouquinho mais de revisão, já que vi uns problemas de digitação e umas palavras erradas mas, sinceramente, não atrapalharam em nada a leitura!
Olá, autor.
A história de um guerreiro Romano atormentado pela perda da esposa e filhos e que retorna para junto do filho que restara. Ao chegar na aldeia, recebe a notícia de que o filho subiu à montanha habitada por um terrível demônio para tentar salvar outros jovens. O pai sobe à procura de seu filho e depara-se com ele transformado em zumbi. Então ele entrega a sua vida como sacrifício e o demônio não mais ataca os povos daquele lugar.
AVALIAÇÃO: Utilizo os seguintes critérios: Técnica + CRI (Coesão, Ritmo e Impacto) sendo que, desses, o impacto é subjetivo e é geralmente o que definirá se o conto me conquistou ou não.
Técnica – Um texto bastante fluido e bem escrito. Uma junção de histórias de guerra com elementos sobrenaturais que estão bastante em voga hoje em dia, em especial nas séries e filmes. A escolha do início vai logo ao ponto, apresentando o personagem e o final surpreendente, mas sem exageros.
CRI – O texto é coeso, tem uma sequência confortável para o leitor e um ritmo adequado ao tema. O impacto foi bem positivo, fugindo da maioria dos textos do certame que optaram por uma narrativa mais reflexiva e intimista.
Ótimo conto, parabéns.
Resumo
Durante a guerra o soldado romano Agripinus encontra entre os rebeldes um rapaz muito parecido com seu filho e poupa a sua vida, tornando-o seu escravo. Em sonho, uma bruxa agradece-o por ter poupado a vida do rapaz e, em troca, avisa que ele deve voltar o mais rápido possível à sua casa para salvar seu próprio filho. Quando consegue retornar à sua casa ele já não encontra mais seu filho que foi guerrear em Egronte. Agripinus vai até lá em busca de seu filho e se depara com mortos-vivos, entre eles, seu filho. Então, toma um veneno e deixa que os mortos=vivos o devorem e morram. Com isso, o inimigo desiste de atacar sua cidade.
Comentário
Legal ter escolhido a fantasia para contar a sua história sobre o envelhecimento, boa sacada. A sua história é boa, o texto não possui problemas relevantes de gramatica, mas traz alguns trechos um pouco confusos, como:
“tinha sido um vazio imenso que sentira alma que o fizera alistar-se”
“Agripius prestava homenagem aos deuses antigos, os mesmos que César perseguia, e as bruxas eram personagens comuns – mais do que o mal, eram mulheres que tinham uma ligação muito forte à Deusa Mãe, Gaia.”
Gostei da forma como desenvolveu seu protagonista, fazendo com que torcêssemos por ele.
Interessante e surpreendente o final do conto, colocando o veneno como forma de matar os mortos-vivos.
Achei que a parte dos mortos-vivos não ficou bem explicada, demorou um pouco para entender que eram uma espécie de zumbi.
Olá,
Resumo 📝 História medieval de Agripius, um velho combatente de guerra que deseja voltar pra casa, para a unica família que lhe restara. Chegando lá ele descobre que o filho pode está morto. Vai até o local onde o filho sumira, guiado pelos conselhos de uma bruxa e lá encontra o filho e a morte.
Gostei 😁👍 Um texto bem complexo, terminei de ler sem ter uma opinião formada sobre o que gostar ou desgostar. Tem bastante história pra ser contada aí, a escrita está ótima, sobretudo a ambientação, conseguiu transmitir esse ar medieval as dificuldades da guerra e etc.
Não gostei🙄👎 Um texto longo e ainda assim insuficiente para contar a complexidade da história, tem muita mistura, guerra, misticismo, o personagem que ele salvou e que o leitor não chegou a conhecer, foi mais pra ter uma ligação com a bruxa…personagem essa que também não tem destaque apropriado. Enfim, muita informação, pouco desenvolvimento. Foi arriscado apostar numa história assim com duas mil palavras…e de algum modo ainda ficou longa rsrs. Sei lá. Não entendi o final… digo, nesses ‘’ zumbis’’ pq se transformaram isso, o que a bruxa ganhou mandando ele pra lá… como, quando, onde… enfim, perguntas.
Destaque📌 “Agora que o tinha visto, Agripius fechou os olhos para mais nada ver. Era a altura de pôr de lado os seus medos. O medo da morte, ele nunca teve. Agora que sabia que o filho era um deles, nada mais existia. Pegou na terceira bolsa que tinha presa ao cinto e bebeu o veneno.”
Conclusão = 🧐 Texto longo, cheio de lacunas, com personagens um tanto rasos, mas com uma escrita que conduz o leitor satisfeito para o desfecho.
Agripius é um velho soldado romano, um centurião. Um homem cansado da guerra e amargurado pela perda da esposa e dois filhos pequenos, só lhe resta um filho agora. Preocupado com o único filho que resta consegue voltar a este. Chegando em sua terra descobre que este foi levado por Egronte. Agripius vai em busca deste.
Gostei muito do conto ser situado durante a vigência do Império Romano. Você caracterizou muito bem o texto (nomes bem colocados, armas, localidades, etc). O texto fala que Actius aos sete anos já montava e dominava a espada, isso pareceu-me um pouco cedo demais (os espartanos, famosos pela vida militar rígida, começavam seu treinamento justamente ao sete anos), mas acredito que isso fica também como liberdade do autor. O personagem principal é velho aos 45 anos, bem colocado isso no texto, uma vez que a expectativa de vida naquela época era muito menor (alguns autores falam em 30 anos). Gostei de você ter propiciado ação ao texto e simpatizei de cara com o velho soldado. Em suma, gostei da trama.
Parabéns e atribuo-lhe a nota 3,5.
Resumo: Um soldado romano deixa seu filho e vai para a guerra e uma bruxa avisa-o para voltar se quiser ver o filho com vida. Ele volta e enfrenta um demônio que transforma as pessoas em mortos vivos.
Olá, Agripius!
Um típico conto que narra a jornada do herói. Achei o limite muito curto para desenvolver uma história como essa, poderia ter rendido muito mais sem o limite, assim como está ficou corrido e raso, não deu pra aprofundar muito, mas te parabenizo por conseguir contar tudo que pretendia, nada falta, e parece que foram muito mais do que as 2 mil palavras!
Precisa de uma revisão detalhada e no futuro, sem o limite, reescreva dando mais profundidade para os personagens! No mais é um bom conto!
Parabéns e boa sorte!
Olá Agripius.
Um velho guerreiro, na saudade de dois filhos e a esposa, falecidos. Uma luta, um jovem salvo por ele. Prestou-lhe um serviço, como reconhecimento por lhe haver salvo da morte.
O conto trata do retorno desse guerreiro para a sua aldeia, em busca do único filho vivo, que, através de um sonho, uma linda mulher – não bruxa – lhe avisou do perigo de não lhe tornar a ver caso demorasse para voltar.
Um pouco de aventura, uma sensação de “quero mais saber” e um final que surpreendeu favoravelmente.
Não está para o desafio como deveria, o ato de envelhecer e não já está assim considerado, mesmo com a idade de quarenta e cinco anos.
Sorte no desafio.
OS FILHOS DE EGRONTE (AGRIPIUS)
Resumo: Personagem de guerra que luta contra seus medos. O maior deles de encontrar seu filho morto.
Comentario: Texto épico que inicia com um cenário de guerra convencional, mas que muda para um cenário de sonhos e mitologias.
Me chama a atenção a escolha dos nomes dos personagens que enriquecem o texto ao estilo Game of Thrones. Fez isso de proposito?
Eu amo textos mitológicos. Adoro personagens com nomes extravagantes. Acertou em muitos pontos no que se refere a cativar o leitor.
Tomara que possa agradar o restante do publico em geral.
Boa sorte neste desafio.
Os filhos de Egronte (Agripius)
Resumo:
A história de Agripius, guerreiro de 45 anos, que havia perdido mulher e dois filhos para a peste. Depois de ficar 10 anos em combate, sonha com o retorno ao lar, para a namorada e para o único filho (que lhe sobrara). Quando retorna, o filho e a namorada estavam mortos, vítimas dos demônios, filhos de Egronte. No meio da história, existe Malek.
Comentário:
Texto com enredo muito interessante, bem criativo. Trata, de maneira sutil, o envelhecer, o tempo perdido. Narrativa triste, técnica bem estruturada, o autor mostra muita familiaridade com a escrita.
Pela elegância, percebe-se a linguagem lusitana. A colocação pronominal exata é invejável. Fui à pesquisa: pirite e archote. Bonito o uso de “nuvem de fumo”.
Há pequenos deslizes que credito a erros de digitação. Nem vírgulas bailarinas atrapalharam a leitura. Texto fluente.
Parabéns, Agripius!
Boa sorte no desafio!
Abraços…
Meu caro, Agripius, cá estou eu às voltas com o seu conto. Uma bonita forma de narrar uma forte história. Ficou bacana, quem sabe um pouco pesada. Talvez, fico pensando aqui, funcionasse melhor com menos palavras… Bem, essa foi a sua opção. Grande abraço desde o lado de cá do Oceano Atlântico.
A história e um velho soldado romano, que em meio a guerras, prisioneiros e bruxas, deseja reencontrar o único filho que lhe restou. Ao encontrá-lo já sem vida, é aconselhado por uma bruxa a vingar-se de Egronte, o responsável pela morte do filho.
Uma fantasia épica bem engendrada, ambientada na antiguidade romana, cujo convergência com o tema reside no fato de o protagonista ser um “velho” de 45 anos. Não é exatamente meu gênero de texto predileto, mas seu conto me entreteve e me proporcionou uma leitura muito agradável.
Bastante ação e descrições competentes se destacam, além da narrativa envolvente. Para mim, faltou um pouco de profundidade no protagonista, razão pela qual sua saga não provocou o impacto emocional que poderia ter provocado.
Parabéns pela participação. Desejo sorte no desafio e em tudo mais. Um abraço.
O conto, um épico, sucede em nos contar a história da rendição de um guerreiro que esgota seus dias de luta para alcançar a única coisa com a qual ainda se importa. Achei o início da narrativa um pouco dispensável, pois embora explique como se isentou seus deveres para rever a família, acho que há um excesso de informações que tiram o espaço do autor. Isto é, há 2000 palavras e ali foram desperdiçadas umas tantas dessas, com explicações e personagens nomeados que só aparecem com uma simples função narrativa, exceto a bruxa, a qual, de fato, retorna com uma função mais importante na narrativa.
Dito isso, a pressa já se nota no retorno do protagonista para casa, onde, depois de um breve encontro com um antigo amigo, toma coragem para ir encontrar o filho no refúgio dos demônios. Este que deveria ser o ponto climático da trama perde seu impacto pela pressa. Achei que o protagonista foi bem delineado enquanto personagem, tendo suas crenças, convicções e, especialmente, sua alienação ao novo estado das coisas como traços bem consolidados ao longo da narrativa. Minha implicância é tão somente com como a narrativa foi ritmada, no que acho que o início poderia ter sido melhor organizado para nos mobilizar ao conflito que move a trama. A busca de um homem pelo seu único filho.
Agripius era o mais velho soldado romano. Tinha 45 anos. Há 10 estava longe de casa. Tinha um filho chamado Actius. Sua esposa e outros filhos haviam morrido de peste. Quando Actius fez 7 anos foi que Agripius partiu. Deixou o filho com amigos. Era um dos melhores soldados. Cansado da guerra queria voltar. Rever o filho. Em combate Agripius matou 2 rebeldes e capturou outro, Malek, que passou a ser seu escravo. Uma bruxa apareceu em sonho agradecendo por ter poupado a vida de seu filho Malek. Professou que ele deveria retornar da guerra se quisesse encontrar seu filho com vida. Ele ainda precisaria permanecer 6 meses ali, mas decidiu acelerar o processo com a ajuda de Malek. Malek esmagou o polegar da mão direita de Agripius com uma pedra e fugiu. Precisou amputar o dedo. Chegou a Ombrinia e encontrou a aldeia perturbada por um demônio, Egronte. Não conseguiu rever o filho e recebeu a notícia que fora levado por Egronte. Actius saíra em combate e não retornara. Agripius entra na casa vazia e sentindo falta da família pensa em morrer rasgando a própria barriga com a espada. Desistiu. A bruxa apareceu novamente. Esta o alertou sobre Egronte. Agripius foi ao monte onde se localizava a caverna do demônio. Portando um archote entrou ali e viu uma mulher demoníaca dilacerada, e a queimou silenciando-a.Viu corpos fantasmagóricos. Chegou ao fim da caverna e não encontrou Actius. Permaneceu ali, e de noite chegaram mais seres e Actius estava entre eles. Agora era um morto-vivo. Agripius bebeu o veneno que portava e morreu devorado pelos seres que também sucumbiram. Egronte, vencido, não mais apareceu por aquelas terras.
O texto cativa e é criativo. A escrita clara e objetiva facilita a leitura. A narrativa permite visualizar as cenas da história nota 04.
Resumo: Um soldado romano, em missão na Britânia, desejando voltar para casa, pede para o escravo esmagar seu dedo, para que ele possa ser dispensado. Assim acontece e ele volta para o lar, e descobre que o filho foi raptado por um monstro que mora numa caverna. O monstro transforma as pessoas em zumbis. Para mata-los, Agripius entra na caverna e toma cicuta com o intuito de envenenar os zumbis quando eles o comerem.
Comentário: O argumento é simples e mal passa pelo tema principal. Há alguns erros como na palavra “represária”, o certo é represália. Quando um grupo de soldados é destacado do exército principal, ele é destacado para cumprir uma missão. Um destacamento só acaba quando todos os soldados morrem. Ou quando a missão é completada e eles voltam ao exército principal. “…estava prestes a terminar o seu destacamento (missão, tarefa dadas por seus superiores) na Britânia.” A parte do escravo que esmagou a mão dele com a pedra, poderia ser substituída por um ferimento em combate que decepou alguns dedos e foi dispensado. Achei o final muito simples. Mas o autor tem potencial para escrever histórias melhores e mais sérias. Aconselho evitar repetir a mesma palavra num mesmo parágrafo. Como por exemplo; …” regressavam para junto de Agripius que regressava (trocar para, voltava) para o acampamento”. Boa sorte.
Guerreiro, após receber revelação de bruxa, volta para ver seu filho e não o encontra. Após segunda revelação etílica, vai ao monte de peito aberto e vê que o filho não tinha mais volta. Então se mata e liberta a terra.
Achei que ao final a ideia misturada de morto-vivo e soldados romanos não combinou muito, até porque desde o começo não existem evidências de que isso vai acontecer, ficou meio abrupto. A carga emocional do conto foi bem administrada, algo difícil, e algumas construções são ótimas como a que diz que até mesmo a noite tinha medo do local. Enfim, um texto que pecou na construção do todo, mas tem momentoa pontuais muito bons.
Os filhos de Egronte (Agripius)
Resumo: Guerreiro em luta pretende voltar a ver a família. Quando retorna sabe que tudo para ele estava acabado. A partir dos sonhos que tem com uma bruxa, resolve ir à caverna onde habitava Egronte. Tudo resolvido, o monstro malvado não voltará a atormentar os homens por um bom tempo.
Comentários: Conto bem escrito e bem estruturado, de linguagem correta também. Creio que o autor tenha escrito algo na forma de uma Ode ou Elegia com viés puxado ao Clássico, quase uma Odisséia de Agripius.
Dei um pouco pela falta do conceito do certame, dado que o tema seria Envelhecer. Nada sobre isso é tratado no texto, ainda que o protagonista envelheça. Não é a velhice o tema central tratado, mas a busca de Agripius em direção à família, logo em seguida a dar um fim ao terror que os perturbava, que vinha da caverna onde Egronte tinha seu lugar.
Bem conduzido, o texto tem momentos poéticos, aventura, um gosto pelo passado heroico das grandes personalidades dos livros míticos. Acertou bem nessa condução.
O texto é bom, tem força, mas tem também esse desvio quanto ao tema.
Boa sorte no desafio.