─ Lá vem ele, falou rindo e abrindo os braços.
O netinho de onze anos não se fez de rogado e partiu para cima dele com o mesmo gesto festivo.
─ Oi vovô Theo, gritou.
Ele ficou em dúvida se continuava como estava ou colocava as duas mãos nos respectivos ouvidos. O pai, atrás, confirmava no gesto.
─ Calma, abraçando, levantando-o e jogando, parcialmente, para o alto (supino de sessenta e agachamento de oitenta facilita) com olhar feliz dele e alegria contagiante. – Tudo bem, filho?! Abraçando.
O garoto aprovou, porque fez o mesmo nos dois como se fizesse parte da mesma idade e irmandade. O avô soltou e o menino saiu correndo, antecipando o grito antes de chegar na cozinha.
─ Oi vovó Miriam.
Parcialmente assustada, riu e abriu os braços.
─ E a Lindinha!?
Ele abraçou mais um pouco, desfez e deu de ombros para o assunto. Ela sorriu mais um pouco, mediante a comprovação dos certos ciúmes que todos conhecem, mas respondeu, prontamente e com detalhes.
─ A mamãe foi comprar no shopping um vestido para ela ir “na” festa com a gente. Na festa vovó, a senhora não vai?!
─ Não estou sabendo de nada, Vitinho.
─ A festa do meu amigo da escola, meu melhor amigo, confirmando com a cabeça.
Não deu tempo porque ouviu o marido gritar. Foi até a porta e o viu, como sempre, ajoelhado e braços abertos, com toda a alegria possível.
─ Minha Linda, lindinha do vovô.
E a menina, sete aninhos, uma graça, antes de chegar até ele, girou duas vezes, segurando a barra do vestido, florido, parando e chegando aos poucos, salientando o cuidado que ele deveria ter em abraçar. Ele o fez, fingindo apertar e piscando para o filho. A nora, da porta da sala, mesmo antes de entrar, mesmo carinho no olhar. A pequena mais do que satisfeita. Ele continuou assim até que a pequena passou a mão nos seus cabelos grisalhos, ainda fartos, desmanchando. Ele adora quando ela o faz, diferente com respeito a qualquer outro ser humano. E, lentamente, arrumou. Ela desfez e mais duas dessa visita inusitada e pronto. Ele largou. Ela pegou na sua mão direita e foi puxando por ele. Parou um pouco, perto da nora, com olhos marejados e, discreta e amorosamente, fez a mão esquerda deslizar pelo seu rosto, com o lado externo deles, lentamente, comprovando o quanto a admira e respeita. O filho sabe como é isso. Lembranças e saudades comprovam em cada segundo do seu pensamento.
─ Chega, vô.
Afirmou com ênfase ao verificar uma atenção maior para a mãe e a irmã. A avó esperou a menina chegar e fez festa e ele apreensivo.
─ Chega, vó.
Todos sorriram e ele não pestanejou em sentar-se à frente da televisão, ligar e desconsiderar a todos.
***
─ Oi Zico, tudo bem?!
Chegou eufórico, como sempre na atividade normal do dia a dia que lhe parece estar sempre quente e em ebulição.
─ Tudo bem, Vitinho. Viu só o tanto de presente que eu ganhei, mostrando a enorme caixa, devidamente embalada em papel celofane, azul brilhante. ─ Vem, vamos…
─ Zico, filho, aonde você vai? Tem certeza de que todos os seus convidados já chegaram!?
A mãe, atenciosa nesse detalhe em atender primeiro ao pedido dele de convidar todos os colegas de classe e indo e voltando de deixar o pai, a mãe e a irmã na mesa já separada com outros dois casais e mais duas crianças. Na verdade, os adultos à mesa, porque a criançada já se colocou juntas, conhecidas ou não, no fundo do salão, onde o que não falta são brinquedos para todos os gostos.
─ Tem razão, mãe. Oi, Ivete, já estão todos aqui?!
A menina verificou nas duas folhas e dois somente faltantes. Atenção e esperou mais um pouco, não sem deixar o aflito do Vitinho partir para a farra. E dá-lhe cutucão, apertos, pequenos empurrões.
─ Eles chegaram, o Vitinho percebeu e apontou.
Duas senhoras e um casal. Foram apresentados e os dois riram da situação e depois se comportaram, na verdade com medo da descompostura da mãe.
─ Viu só, confidenciando, o Farofa tem duas mães.
─ Grande coisa. Vamos logo, eu quero aproveitar ao máximo, falou esperto.
Passou pelos pais dando adeusinho e lá se foram os quatro para o fundo.
***
O celular tocou e ele atendeu:
─ Alô!
─ Oi vô, não precisa gritar.
─ Por que não, insistindo na prática. Rindo (a vingança do velhinho) sem som.
─ Olha só, vô, deixa eu contar o que aconteceu na festa!
Irritado com o segundo grito.
─ O que eu posso fazer por você, provocou. (Eu acabo contigo hoje, estou com o pensamento em dia, agora à noite e durante toda a madrugada) ─ Pode falar, criatura.
─ Olha só, vô, se você vai ficar tirando sarro eu não falo mais nada.
─ Será um prazer…. está bem, eu escuto.
─ Então, na festa…, mas antes disso fala para a vovó que eu adorei a macarronada… estava uma delícia…desculpas por ter saído bravo da sua casa… vou poder voltar quando!?
Ouviu a risadinha, sarcástica e avaliou, pensando: (essa criatura, esse moleque é mesmo danado)
─ Sua mãe está aí, não é, mandando você falar isso tudo!?
─ Acertou em cheio. Vamos no estado amanhã, quer dizer, quase hoje, são onze e meia e a minha mãe disse para eu ligar só amanhã…. mas sabe como é, quando eu estou disposto eu desobedeço…. e quando fico de castigo por ser desobediente….
─ Dá um tempo, você vai falar sobre a festa ou sobre você?! Calma, respira fundo.
─ Olha só vô, tinha carrinho, roda gigante de três metros de altura… para os menores, claro, porque eu e os meus amigos… sabia que eram vinte e cinco da minha classe, dez meninas e eu não me dou bem com duas delas, só porque são bonitinhas são bestinhas… sabe como são as mulheres… vô, você está aí, vô?!
Rindo a mas não se conter, segurando na boca para não emitir som, tirando a mão, lentamente, escondendo o rosto da tela e disparando em contraponto ao neto.
─ Estou, claro que estou, não está ouvindo não eu tentar falar?! Tem um garoto que até nem respira.
─ Pô, vô, tem horas que você é pior do que eu.
Ele concordou somente com a cabeça e um largo sorriso.
─ Então, tinha os carrinhos de eletricidade na bunda, sabe, aqueles que ficam com uma chapa…. o bate-bate, sabe como é?! Bem, tinha balanço, estrutura de uma máquina de subir e despencar, maior legal, salgadinhos, bastante garçom e garçonete e a gente pegando de montão para comer. Minha mãe veio ver e foi embora logo, porque as crianças…. elas gritam para fazer qualquer negócio… então, vô, sabe…
─ Não, não sei não, você não me contou ainda…
─ …. o que?! Ah, deixa para lá…. eu fiquei muito feliz, nunca me diverti tanto, quer dizer, já é claro, no estado de futebol…
─ No estádio…
─ …. também, com você e o papai… o estádio, já entendi…
─ … se entende, porque não fala certo, já está em idade de saber das coisas… (acabo contigo hoje, pestinha)…
─ … e já sei, já sei, estádio…. então, o bolo de aniversário era do nosso time, com trave, goleiro, três jogadores de cada lado… claro, né, o bolo era grande, enorme, mas não cabe todo mundo…. e cantaram os parabéns, ele ficou todo vermelho de vergonha e nós tiramos o maior sarro dele…. doze anos, vô, ele está ficando velho… daqui a dois meses o senhor vai ter um neto mais velho um ano…
─ …. pronto, pronto, respira, está falando de vários assuntos ao mesmo tempo…. respirou?!
─ Desliga, desliga, vocês dois já estão há mais de meia hora conversando.
Olhou para ela dando atenção um mínimo que seja para tentar reordenar o cérebro a pensar corretamente, o que há de mais valia. A esposa, queridíssima, companheira da sua velhice e o neto, companheirão da sua alegria ao tentar aborrecê-lo.
─ Um instante só.
Gritou de volta porque o garotinho estava berrando no celular, por ele.
─ Vô, vovô o que foi?! Fala comigo, olha só você só sabe me criticar…
─ Está vendo, Miriam, está escutando, não é? Já vou terminar.
Achando graça na situação, já que não é a primeira e não será a última, até a condição do garotinho encontrar uma namorada e ter menos insistência com ele (eu não sei se me divirto mais com ele ou com ela) e, durante o pensamento, viu o celular mudar de mão.
─ Vitinho, neto querido, chega por hoje, já são onze e quarenta e cinco minutos para ser exata e, se você e o seu avô não pararem com isso, vou ligar para a sua mãe, está me ouvindo?! Chega por hoje… vou desligar.
─ Não, vó, olha só, só mais um minuto, um minutinho só para eu poder falar um assunto sério para o meu avô, por favor, estou implorando… mãe, já sei, vou desligar…
─ Está bem, então, um minutinho.
Riu, mas afastou para o garotinho não ver, dois assuntos: o marido acompanhando na risada, dedões para cima concordando do fato de a nora ter surpreendido o meliante, teimoso como uma…(depois eu verifico quem e o que é), disputando e evitando do marido pegar, afastando-se da cama, onde ele fica estatelado. Outro assunto é que os dois têm sentimentos contrários ao que melhor aproveitar: ela corrigindo provas dos alunos, do período normal e do pessoal semianalfabeto do curso noturno. Prazer em ver e sentir o quanto eles se esforçam para melhorar a leitura e a compreensão de texto. Velhice deve ser igual à criança: brincar de aprender, de não se sentir sozinha, de poder participar da vida alheia, valendo fofocas, avisos de levar o guarda-chuva, tricô, crochê, pintar pano de prato para as feiras beneficentes. Nada melhor do que isso tudo para se sentir próspera, atuante e vencedora.
Ele, alguns projetos na assessoria que faz como próspero engenheiro, arquiteto, com curso de filosofia para o gasto diário, como afirma e o faz suplantar a mulher no sentido de querer amar nos momentos mais inoportunos, tipo final de noite, após as deliberações com o neto. Não existe velhice tranquila.
─ Pronto, chega Miriam, passa que eu vou terminar.
Disfarçando do riso, ficou sério e colocou o rosto para o menino ver.
─ Então, vô, tudo bem aí com a sua namorada!!!… meio ciumenta não é não?!
Afastou e o casal segurou a gargalhada com a provocação.
─ É sim, falou rápido.
─ Sou mesma, seu pestinha.
Puxou o celular e sacrificou o pouco de controle que tem sobre ele com a língua para fora.
─ Aí, vó, gostei. Não vou fazer de volta porque a minha mãe está do meu lado, mas vou ficar devendo… e a risada, sonora, alegre, entusiástica sobrou para os dois lados. ─ Vem, Lindinha, manda um beijo para o vovô e a vovó.
A pequena olhou um tempo, esnobando o fato, segurou nele e vendo do outro lado os dois dando adeusinho e beijinho. Desconsiderou e largou o aparelho que o irmão mantinha retido, mas fez um beicinho e saiu andando.
─ Que mal educada… sabe vô, agora deixa eu perguntar o assunto…
─ Você tem dúvida que eu vá deixar?! Manda logo…
─ … que é o seguinte: o que você acha de mais importante que aconteça em sua vida na velhice… sabe, uma situação que considere boa, legal…
─ Tá, já entendi…. vejamos: que você e eu envelheça, lentamente…. é, lentamente…
Silêncio, vendo o garoto franzir a testa e finalmente, como sempre, um grito de vitória.
─ Entendi!!! Legal. Para a gente aproveitar a amizade mais tempo juntos… legal… chau vô, chau vó, um beijão. Boa noite!!!
Desligou. Um tempo parado, emocionado.
Retornou rápido à realidade. Jogou as provas para o lado, tirando da cama e puxando a sua Miriam adorada. Vai amá-la com todo o amor do mundo. Lentamente.
Olá autor(a)!
Antes de expor minha opinião acerca da sua obra gostaria de esclarecer qual critério utilizo, que vale para todos.
Os contos começam com 5 (nota máxima) e de acordo com os critérios abaixo vão perdendo 1 ponto:
1) Implicarei com a gramática se houver erros gritantes, não vou implicar com vírgulas ou mínimos erros de digitação.
2) Após uma primeira leitura procuro ver se o conto faz sentido. Se for exageradamente onírico ou surrealista, sem pé nem cabeça, lamento, mas este ponto você não vai levar.
3) Em seguida me pergunto se o conto foi capaz de despertar alguma emoção, qualquer que seja ela. Mesmo os “reprovados” no critério anterior podem faturar 1 ponto aqui, por ter causado alguma emoção.
4) Na sequência analisarei o conjunto da obra nos quesitos criatividade, fluidez narrativa, pontos positivos e negativos, etc.
5) Finalmente o ponto da excepcionalidade, que só darei para aqueles que realmente me surpreenderem. Aqui, haverá fração.
Dito isso vamos ao comentário:
TÍTULO/AUTOR: 2. Lentamente (Raio)
RESUMO:O conto descreve a relação de um neto com seus avós através de diálogos.
CONSIDERAÇÕES: Este conto não me agradou nem um pouco porque os diálogos são confusos e a história é fraca. O que me parece é que o autor tentou ser engraçado e talvez tenha tentado reproduzir situações do seu próprio dia a dia.
O problema é estar de fora e não achar graça nas brincadeiras entre os dois e foi o que aconteceu. Além disso o texto é repleto de frases com dupla interpretação, contribuindo ainda mais para eu não o considerá-lo o meu preferido.
Essa indefinição aparece desde as primeiras frases:
“- Lá vem ele, falou rindo e abrindo os braços.
O netinho de onze anos não se fez de rogado e partiu para cima dele com o mesmo gesto festivo.”
Lá vem ele quem? O avô ou o neto? Se for o neto que ia em direção ao avô e a fala é do avô, então não havia necessidade de dizer que o neto partiu para cima dele, pois já estava explícito que partia.
Na sequência:
“Ele ficou em dúvida se continuava como estava ou colocava as duas mãos nos respectivos ouvidos”
Continuava como estava deve ser parado, então quem ia a quem? Ou eu estou no modo burro ou a narrativa foi mal construída.
Mais uma frase confusa:
“O garoto aprovou, porque fez o mesmo nos dois como se fizesse parte da mesma idade e irmandade.”
Não consegui descobrir nem o que ele aprovou e nem quem são os dois. Se fosse Enem eu reprovava.
Depois da festa, quando o neto liga para contar como foi para o avô, os diálogos sugerem um jogo entre eles que não faz sentido para quem está de fora:
“- O que eu posso fazer por você, provocou. (Eu acabo contigo hoje, estou com o pensamento em dia, agora à noite e durante toda a madrugada) – Pode falar, criatura.”
Por estem motivo eu acho que o autor/autora descreveu situações do seu cotidiano, porém que só fazem sentido neste contexto.
No final percebe-se que o conto (ou crônica?) teve por finalidade passar a lição de que precisamos nos dedicar mais a quem nós gostamos.
NOTA: 3.0
Independentemente da avaliação aproveito para parabenizar-lhe pela obra e desejo sucesso na classificação.
Boa Sorte!
2. Lentamente (Raio)
Tema: relacionamento neto/avô.
Resumo: depois de uma festa de aniversário, o neto Zico conversa ao telefone com seu avô. Em essência, o que ele quer saber é o que o avô quer, na velhice, e ele diz que quer que passe lentamente.
Técnica: O texto procura uma certa coloquialidade, que eu acho bem interessante, porém abusa muitas vezes do gerúndio e de construções frasais muito resumidas ou mesmo truncadas (– Tudo bem, filho?! Abraçando).
Emoção: em muitos momentos reforçando o cotidiano, o texto não deixa de ter um viés emotivo e sincero. Porém, a história linear, sem muitos obstáculos, não apresenta surpresas maiores.
Resumo: Um avô muito apegado aos netos ouve sobre a festa em que seus netos estiveram e filosofa sobre a vida!
Olá, Raio!
Você possui uma forma de escrever que lhe é muito peculiar e me é difícil de entender, mas passando a barreira do estranhamento, eu gostei do conto, os personagens são fofíssimos e a ideia central do conto é maravilhosa! Envelhecer lentamente, tanto o avô como o neto! Gostei demais dessa sacada! Aproveitar cada segundo, amar com entrega e profundamente! Viver enquanto se está vivo e aproveitar cada segundo de prazer e de felicidade! Muito bom!
Parabéns e boa sorte!
As observações de um avô sobre o seu neto, suas visitas, ligações telefônicas, sua maneira ciumenta de ser com a mãe e a irmã, sua vidinha social de criança. E o seu grande desejo na velhice diante da vida que passa diante de si.
Nota 3,0
A escolha de contar uma história por meio de cenas e com predominância de diálogos é perigosa. Tanto pode dar muito certo quanto não tocar o leitor como se gostaria. Creio que a leitura, em muitos momentos, fica truncada pelo esforço em visualizarmos a cena e entendermos o contexto dos diálogos. A ideia é boa. Mas creio que, nesse caso, os aspectos positivos e negativos se entrelaçam.
Lentamente
Resumo
O texto fala sobre o relacionamento de um menino com seu avô.
Comentário
A mensagem do seu conto é muito bonita, foi muito acertada a sua escolha de tratar do relacionamento próximo entre duas pessoas de gerações diferentes que possuem em comum o amor que sentem um pelo outro.
Faltou fluidez no seu texto, não sei se pela falta de pontuação, pela escolha equivocada de algumas palavras ou o fato de ter concentrado muita informação em parágrafos que poderiam ter sido melhor divididos, mas algumas partes não foram muito bem compreendidas por mim.
Há um problema também na pontuação das falas. Entre a fala e o verbo dicendi, vai um travessão. Exemplo: ─ Lá vem ele ─ falou rindo e abrindo os braços. Isso também dificultou o completo entendimento numa primeira leitura.
Olá,
Resumo 📝 Basicamente interações do avô com seus netos e esposa. Situações rotineiras de dia a dia, a relação com o neto e as conversas que lhe dão ânimo pra continuar.
Gostei 😁👍 Gostei do final… a pergunta do neto e sua resposta. O significado para os dois. Ficou bonito. Deixando de lado a dificuldade de leitura, é um texto bem… real, dá pra se identificar com os personagens.
Não gostei🙄👎 Acredito que a escrita e a estrutura dela é premeditada, não são erros… ou coisas que escaparam a revisão. É o jeito que o autor gosta de escrever. E assumir um estilo é corajoso, principalmente quando este pode afastar o leitor. Gosto da escrita ‘’ tradicional’’ das pontuações, dos apontamentos de diálogos, tudo arrumadinho, aliás sofro pra conseguir fazer isso bem. Então, sim! Foi uma leitura difícil e nada prazerosa, é como montar um quebra cabeça sem disposição nenhuma pra isso. A história está ali… os personagens, a mensagem… mas eles não estão em harmonia então tudo fica em segundo plano e o que resta é a confusão. Não quero ficar aqui criticando a escrita de ninguém, mas é impossível passar por esse texto sem falar isso. Fico pensando em como seria esse conto no ‘’padrão’’ enfim…
Destaque📌 “─ Entendi!!! Legal. Para a gente aproveitar a amizade mais tempo juntos… legal… chau vô, chau vó, um beijão. Boa noite!!! “
Conclusão = 😵Um texto com uma escrita ousada, que prejudica o entendimento e a fluidez da história. Com algum esforço você consegue vislumbrar o plano de fundo e até cativar-se com ele.
Temos aqui um conto que retrata o cotidiano da relação entre um avô e seu neto de onze anos. Gostei do texto no sentido de mostrar a relação de um avô e seu neto, as pequenas disputas e rusgas que vem da intimidade entre ambos. Percebi cumplicidade entre ambos e, particularmente, gostei disso. Devo dizer que senti dificuldades com os diálogos, acredito que eles deveriam ser mais claros. A história proposta corre de maneira linear sem percalços, talvez a presença de algo que criasse um leve clima de suspense enriquecesse mais o enredo.
Parabéns pelo conto. Atribuo-lhe a nota 3, 0.
LENTAMENTE (RAIO)
Resumo: O enredo mostra a relação existente entre neto e avós. Reunião de família, eventos e ligações que mostraram o elo existente entre os personagens. Os detalhes ficam por conta da festa de aniversario do neto que fora muito bem descrita.
Comentário: Gostei da narrativa, mas achei que a história se prendeu um pouco nas ligações. Mesmo assim, a escolha de palavras foi muito bem feita. O objetivo é exatamente este, cativar o leitor pela proposta do tema.
Boa sorte no desafio.
Neto visita avôs antes de comparecer à festa de aniversário de coleguinha de escola e depois liga para o avô para contar como foi a festa.
Gostei demais dessa história despretensiosa que narra um episódio cotidiano do relacionamento entre avôs e netos. Também gostei muito do realismo impresso nas conversas e nas reações dos personagens.
Assinalo, entretanto, alguns problemas com a técnica. Algumas construções me demandaram um releituras para compreender a sintaxe, nem sempre com sucesso. Com o exemplo, cito as ambiguidades no seguinte trecho: “Parou um pouco, perto da nora, com olhos marejados e, discreta e amorosamente, fez a mão esquerda deslizar pelo seu rosto, com o lado externo deles,” as ambiguidades: no seu rosto (rosto do avô ou da nora?) e com o lado externo deles (deles quem, dos olhos?).
A idade das crianças também me pareceu um pouco desconectada do comportamento delas. Daria uns nove para o Vitinho e cinco, no máximo, para a Lindinha.
Chatices a parte, gostei da sua escolha em termos de enredo e da positividade da história que você me contou. Admiro também sua grande habilidade em representar com delicadeza as nuances do relacionamento cotidiano de uma família da qual eu poderia fazer parte.
Parabéns pela participação. Desejo sorte no desafio e em tudo mais. Um abraço.
Ei, Raio, cá estou eu dando tratos à bola com o seu belo e muito bem redigido conto. Com o fôlego do neto, não é mesmo? bacana, amigo. meu abraço fraterno e sucesso no desafio. .
Lentamente (Raio)
Resumo: O conto foca na relação entre neto e avô. O garoto, um raio, impertinente, ao final, propõe ao avô que envelheça lentamente para que ambos possam ter uma vida juntos mais próspera.
Comentários: Conto bem legal mostrando a relação entre a velhice e a infância, a pressa na pouca idade e a calma e o domínio na idade mais adiantada.
A ideia foi bem planejada, entretanto, me pareceu deixar farpas na leitura. Em certos momentos ficou difícil saber de quem se falava; ausência de conectivos que pudessem dar às frases a sua plena continuidade. Em alguns momentos, particularmente nos diálogos, o texto dialogal se confunde com a própria narrativa, tal como:
“─ Lá vem ele, falou rindo e abrindo os braços.”
“─ Eles chegaram, o Vitinho percebeu e apontou.”
Há outras que não relato.
Em outro momento, há a troca de interlocução, incomum na estrutura dialogal:
“─ Tem razão, mãe. Oi, Ivete, já estão todos aqui?!”
Há uma troca de valor nas palavras, quando:
… a mas (mais) não se conter…
Bem, era isso. Não entenda como críticas ao conto, que está bem legal, mas à forma como foi estruturado.
Boa sorte no desafio.
Oi, Raio! Ironicamente, onde escrevo este comentário tem relampejado e trovoado bastante. Agora, passadas as coincidências, vamos ao comentário.
Sendo o segundo texto que leio, senti o mesmo quando li o primeiro. No aspecto técnico, não me parece um conto, mais uma crônica. Lemos a conversa entre um avô e seu neto, sem termos ideia de para onde estamos indo e qual é, de fato, o enredo. Há um início e um fim, mas nenhuma “jornada”. Um diálogo poderia com toda certeza apoiar um enredo e um conto, mas aqui é apenas cotidiano. Além disso, por vezes a escrita pareceu embaralhada, sem uma marcação certeira nos diálogos, e eu não tive certeza do que estava acontecendo, especialmente na festa, com os apelidos e nomes que vieram. O trecho em que se deu a festa, na verdade, pouco contribuiu para a história. Se tomarmos que o diálogo entre avô e neto é o núcleo do texto, a festa apareceu ali apenas no início e a introdução, em que os pais e seus dois filhos visitam os idosos também não serviu para nada mais do que nos apresentar aos personagens e as relações deles entre si. Enfim, o tema envelhecer está sim, presente, mas mal parece ser abordado, dado que a sua presença se dá pelos personagens idosos, mas o ato de envelhecer em si é brevemente tocado no texto em seu final.
Acredito que deveria ter tido um cuidado maior com a construção textual, na hora de situar quem fala, quem é quem, quem age e também ao separar os diálogos, e também no planejamento do enredo, dado que parece um texto em que nada realmente acontece.
Olá, autor.
Um conto sobre a relação afetuosa entre neto e avô. O autor parece também querer explicitar o conflito de gerações, as diferenças de ritmo (como sugere o título e pseudônimo), o saudosismo e o aprendizado com essa relação.
AVALIAÇÃO: Utilizo os seguintes critérios: Técnica + CRI (Coesão, Ritmo e Impacto) sendo que, desses, o impacto é subjetivo e é geralmente o que definirá se o conto me conquistou ou não.
Técnica – Confesso que tive muitas dificuldades com o estilo de linguagem, nada fluída, bastante embargada e pedregulhenta. Em vários trechos tive que reler inúmeras vezes por não conseguir saber quem ou sobre quem se estava falando. Além disso, acho que pecou na utilização de muitos pronomes na tentativa de tornar o texto mais claro, o que não funcionou muito bem.
CRI – Entendi que trata-se de uma relação entre um neto bastante afetuoso, exigente, ciumento e seu avô, que de certo modo se enxerga nele, mas fica a dúvida se o neto é retratado quando criança e mais velho, ou se só como criança. Isso porque a linguagem do neto parece mudar totalmente e o autor insere um itálico em certo momento do texto. O ritmo é prejudicado pelas digressões e pela linguagem pouco fluída.
Sinto ter perdido algo, mas o conto não gerou em mim um impacto tão positivo.
Um abraço.
O neto abraça o avô com entusiasmo. Abraça também o pai e a avó. Vito, o neto, pergunta se a avó não vai à festa. Esta não estava sabendo de nada, quando chega sua irmã trazida pelo avô. Todos reparam na atenção dada a ela.
Zico e Vito estão na festa e conversam sobre os presentes. Discorre a festa.
Depois, Vito liga para o avô para contar sobre a festa. Conversam sobre muitas histórias. A avó intervém na conversa. Vito pergunta ao avô o que de mais importante para ele deve acontecer na velhice. este reponde envelhecer lentamente. Vito fica feliz , pois assim poderá aproveitar a vida com ele.
A narrativa é interessante, mas um pouco confusa. Não dá para entender de imediato o que está acontecendo. Nota 02.
Resumo: O cotidiano de um casal de idosos com os netos, quando eram crianças e depois de adultos.
Comentário: Achei o texto meio confuso, algumas frases têm palavras desconexas, isto é, parecem não ter relação com as outras que as torna sem sentido. Em algumas frases o diálogo está emendado com a narração, causando confusão no entendimento da leitura. Por exemplo; “ ─ A festa do meu amigo da escola, meu melhor amigo, confirmando com a cabeça”. O certo seria separar o “confirmando com a cabeça” com um traço e não com uma vírgula, assim, têm-se a impressão de que o amigo está confirmando com cabeça. Bom, pelo menos é o tradicional. A não ser que seja uma escolha do autor, não usar o traço.
O conto não traz nenhuma novidade, é uma história simples e corriqueira. O autor tem talento para criar as descrições e ações dos personagens, só precisa praticar mais na escrita, nas construção das frases. E procurar ser mais original nos argumentos.
Boa sorte.
Resumo: a relação entre o casal de avós e o casal de netos, com ênfase para o avô e o menino, que conversam e se chateiam deliciosamente.
Impressões: há um certo diferencial neste conto. A narrativa é um tanto truncada, mas revela algo muito interessante. Refiro-me à alegria. É comum que a velhice seja retratada de forma melancólica, já que se refere ao fim da vida, ao ocaso, quase sempre com amargor por conta da solidão que a encerra. Mas aqui o que se vê é a alegria, o pequeno prazer que brota da relação entre avós e netos, especialmente entre o avô e Vitinho, que fazem um jogo de provocação mútua que acaba gerando prazer e felicidade. O que vejo nestas linhas é algo a ser perseguido por nós que ainda estamos um tantinho longe desta fase da vida. O texto é autêntico, honesto e, claro, otimista, o que o torna especial. Há, ainda, o elemento emocional, revelado no fim, com o desejo sincero de que os dias passem lentamente. Impossível a qualquer um aqui não se lembrar dos avós, dos dias passados com eles — que pareciam eternos, mas que se evaporaram de pois que o tempo cobrou sua fatura. Enfim, é um conto que demanda atenção pela maneira como foi escrito, mas que se apresenta fiel ao que se propõe: mostrar que a velhice, que tornar-se avô ou avó pode ser uma fonte de felicidade quando o espetáculo está prestes a se encerrar. Parabéns ao autor e boa sorte no desafio.
Nota: 4,0
Theo e Miriam são avô e avó de Vitinho, um menino agitado e que ama muito seus dois avós. Theo os visita, vai a uma festa do amigo e tem uma longa conversa com o seu avô no telefone sobre a festa, sobre amizade, sobre mulheres e sobre a velhice. Theo desliga o telefone dando ainda mais importância ao tempo e á lentidão que ele passa.
O que mais gostei no conto foi a positividade e a ideia contrária da maioria: que o tempo é lento, e não rápido. Muita gente vê o tempo como algo que passa rápido demais para aproveitarmos da forma correta, mas aqui o tempo é visto como algo que deve passar lentamente e ser aproveitado de forma devagar.
Infelizmente essa idiea está em um texto escrito de forma muito confusa e com personagens meio artificiais. Ninguém no conto tem comportamento natural – especialmente Vitinho, que fala sobre assuntos e de uma forma que não remetem a uma criança. Theo e Miriam também… acho que todo mundo é “feliz demais” no conto, não sei dizer. Não soa natural.
A escrita é muito confusa, com pontuações que travam a leitura ou confundem o significado das frases, e com erros de tempo verbal. Por exemplo, os dois parágrados a seguir começam com a narrativa no pretérito e depois partem para o presente:
-> “…porque a criançada já se colocou juntas, conhecidas ou não, no fundo do salão, onde o que não falta são brinquedos para todos os gostos. ”
-> “Ele continuou assim até que a pequena passou a mão nos seus cabelos grisalhos, ainda fartos, desmanchando. Ele adora quando ela o faz, diferente com respeito a qualquer outro ser humano. ”
Além disto, o uso intercalado de vírgulas no meio do diálogo para compor narrativas e parênteses durante todo o texto confunde DEMAIS a leitura. A fala a seguir, por exemplo, foi tão confusa que até agora não entendo muito bem o que está acontecendo:
-> “─ Calma, abraçando, levantando-o e jogando, parcialmente, para o alto (supino de sessenta e agachamento de oitenta facilita) com olhar feliz dele e alegria contagiante. – Tudo bem, filho?! Abraçando. ”
Enfim, é um conto bonito e feliz (talvez feliz demais) mas que pede um pouco mais de refinamento para se tornar mais claro e com personagens mais verossímeis.
Lentamente (Raio)
Resumo:
A história de uma família, ou melhor, o retrato de um “episódio corriqueiro” na vida de uma família, deliciosamente descrito por um colega. O vovô, a vovó, a nora, a netinha, uma festinha de aniversário, a cumplicidade de trato e de conversa entre o netinho e o avô (principalmente). Percebi a realização de uma vida. Ali, deu certo. A velhice trouxe a paz, o bem-estar, o “valeu a pena”. Os dias são saboreados lentamente, e o amor também. Muito legal!
Comentário:
Um texto muito bem elaborado que retrata a intimidade dos momentos mais corriqueiros e “profundamente sérios” do meio familiar. A linguagem coloquial utilizada chega a emocionar pela perspicácia na descrição. O registro da fala é feito com grafite da alma. Muita sensibilidade no uso das palavras, nas pausas, nas interlocuções. É só prestar atenção, ler e reler cada diálogo. As entrelinhas falam muito mais do que o diálogo escrito. É preciso ler além das palavras escritas. Exige sensibilidade.
Agora, há vários deslizes. Escrita, concordância e principalmente pontuação merecem uma revisão cuidadosa. Não é agradável ler um texto em que seja necessário fazer mentalmente a pontuação. Ainda mais num texto sensível como este, que requer leitura “lenta” para saborear aquilo que está além das palavras. Mas não tirou o encanto do texto. Tudo se ajeita.
Percebe-se que o autor é bem familiarizado com a escrita, que cuida daquilo que faz, é norteado. Traçou uma linha de raciocínio e levou até o fim. Muita sensibilidade para pinçar, de situação corriqueira, os valores mais profundos que ali existem. Capta realmente aquilo que alicerça a vida: o amor.
O conteúdo do texto nada tem de lento, os diálogos são tão acelerados que podem ser comparados a uma “deliciosa” cabeça d’água. A leitura, sim. Deve ser lenta, reflexiva.
Aprendi mais uma coisinha: (supino de sessenta e agachamento de oitenta facilita)!
Parabéns, Raio! Você é extremamente sensível…
Boa sorte no desafio!
Abraços…
História afetiva entre avô e neto trocando ideias pelo telefone com participação da avó. Falam sobre a festinha, sobre a vida, para ao final o neto perguntar sobre a velhice e obter resposta conclusiva para o sentido do conto.
Por vezes não me pareceu plausível a maneira so menino falar, soando um pouco forçado, e a construção dos diálogos precisa de revisão, falas misturam-se com o texto corrido e dificultam quem lê.
Baseado na lentidão – o aproveitar do momento de maneira enfática – o conto aproxima-se de uma das discussões recorrentes nestes tempos de rapidez extrema e volatilidade de relações. Nesse ponto achei interessante e cativante a conclusão, embora o desenvolvimento da história (ou seja, o desenvolvimento destas personagens) tenha um ar caricatural.