Nasci com uma condição rara, alguns chamam de doença, mas não acredito nisso, digamos que é apenas a vida tentando retornar seu curso.
Hoje é meu octogésimo sexto aniversário, e tenho corpo de uma pessoa de oitenta e seis anos. Imagino que isso seria algo normal a centenas de anos atrás, mas hoje, no século XXXI, meu caso é algo único, ninguém havia envelhecido em mais de cinco séculos.
Pelo que aprendi nas aulas de História e Sociedade Antiga, no século XXV, cientistas descobriram como alterar o genoma humano e reverter a oxidação e envelhecimento das células. O processo recebeu o nome comercial de Gold Apple e era realizado quando a criança ainda estava no ventre da mãe. A alteração agia de forma ativa conforme o metabolismo se tornasse mais lento – por volta dos 24 anos -, estagnando completamente o envelhecimento e degeneração humana.
Nas primeiras décadas o tratamento era acessível somente aos multimilionários e pessoas do alto escalão, porém, com o passar dos anos, a economia sentiu a necessidade de mais pessoas trabalhando e menos idosos sendo um “gasto morto” para o governo – essa fala é deles, não minha – , afinal, se as pessoas não envelhecem, não há necessidade de aposentadorias e teremos trabalhadores e consumidores ativos por tempo indeterminado.
Como forma de suprir esse mercado e buscando tirar proveito desse nicho de pessoas que não podiam pagar pelo “suco de maça” – apelido pelo qual ficou popularmente conhecido processo-, grandes corporações financiaram a alteração genética daqueles que não tinham condições, em troca, tornavam detentoras de todos seus direitos sociais e trabalhistas, até que o financiado conseguisse pagar o procedimento realizado. Essa situação de trabalho escravo “consensual”, levava em sua maioria mais de cem anos de trabalho para ser sanada. Muitos cometiam suicídio antes disso.
Em pouco tempo quase toda população já possuía em seu DNA o fator de não envelhecimento, a partir da terceira geração geneticamente alterada, essa condição já era passada de pai para filho, sem a necessidade da intervenção humana.
Levou menos de 500 anos, desde a criação da Gold Apple, para que o último ser humano idoso morresse.
Como forma de controle populacional o governo estabeleceu que todo recém-nascido fosse feito estéril, só casais que cumprissem metas de trabalho, que beiravam o impossível, ganhariam direito de ter um único filho, que nasceria através de inseminação artificial, conforme data e condições pré dispostas pelo Estado.
Com o tempo, a imagem da pessoa idosa, porém, sabia, foi se apagando da sociedade. Todos possuíam a mesma idade, independentemente de serem pais, filhos, avós ou bisavós, todos possuíam 30 e poucos anos.
Não preciso me esforçar muito para explicar o quão espantoso foi quando cheguei ao quadragésimo aniversário e segui envelhecendo. Fiz exames e testes da mais variada estirpe, nenhum resultado apresentava nenhuma explicação válida entre a diferença de minha existência e a dos demais, a não ser as rugas e os fios brancos que surgiam novos a cada ano que passava.
Não pense você que sou desses caras que gosta de ser visto, pelo contrário, sempre preferi estar à sombra dos acontecimentos, e fiz tudo para permanecer assim, mas é impossível passar desapercebido quando seu rosto é o único que mostra através de sulcos na pele a história que você viveu até ali.
Fui capa de todas revistas na época. Tanto publicações holográficas, quanto de redes neurais, faziam questão de dar close nas rugas que me adornavam o sorriso.
Custei muito a entender porque eu os interessava tanto; pobre homem, destinado a envelhecer até morrer, o corpo cada vez mais frágil, o andar cada vez mais lento, o contador de minutos ligado desde que nasceu, esperando a hora de dar o sinal e desligar.
Pelo menos foi isso que pensei durante muito tempo, achei que tinham pena, quando na verdade, eles eram dignos de enternecimento, não eu.
Esqueci que um dia, pensei ser como eles e minha existência também era sem sentido. Quando não se tem pressa da vida, tudo o que você realmente gostaria de viver fica para amanhã. E apesar de você ter a eternidade pela frente, esse amanhã nunca chega.
Com o tempo seus pais, irmãos, filhos, não fazem diferença entre si, todos vivenciam as mesmas coisas, vivem da mesma forma, possuem o mesmo estilo de vida, tem a mesma idade aparente. Todos iguais. Cada dia é só mais um dia de trabalho.
Um corpo tão jovem quanto o seu, não consegue traduzir a vida que tem ali por trás; Olhos que não envelhecem, não falam das belezas que enxergaram; Pernas resistentes não sabem dizer com sinceridade o caminho que fizeram até ali; E um rosto sem marcas, nunca contará boas histórias.
Durante muito tempo me julguei amaldiçoado por envelhecer, mas hoje, na reta final de meu caminho aqui, percebo que amaldiçoados são eles. Por ter a maldição dos eternos, e não envelhecer, nunca saberão a felicidade que esta no sabor agridoce de se viver de verdade.
— Muito Obrigado Sr. León por sua entrevista. Em nome do site Entre Contos gostaríamos de ressaltar que nos sentimos lisonjeados por ter aceitado nosso convite. Assumo, que antes de conhecê-lo, desconfiava de certo “exagero” das línguas que lhe falavam respeito. Mas devo admitir que nunca estive em presença de alguém tão vivido e de alma tão jovem, quanto o Sr.
Ponce de León morreu poucos dias após a entrevista. Nosso site ganhou muita notoriedade com a publicação e subimos de C2 para B1 no ranking em nosso sistema solar. A morte de León foi o maior destaque já visto na mídia, sendo noticiada em todo universo observável. Somente nosso entrevistador e os amigos mais próximos obtiveram a honra de presenciar a sua despedida. Encerro nosso artigo especial sobre as comemorações de 100 anos do Dia de León, com a fala de nosso repórter, nas linhas finais do Neurolivro Bibliholográfico A Maldição do Eternos.
“ …e quando o brilho em seu olhar se apagou, tendo a partida como seu único caminho, um sorriso sincero lhe estampou o rosto, mostrando que até ali, na morte, foi mais vivo, do que qualquer eterno, jamais poderia ser.”
Olá autor(a)!
Antes de expor minha opinião acerca da sua obra gostaria de esclarecer qual critério utilizo, que vale para todos.
Os contos começam com 5 (nota máxima) e de acordo com os critérios abaixo vão perdendo 1 ponto:
1) Implicarei com a gramática se houver erros gritantes, não vou implicar com vírgulas ou mínimos erros de digitação.
2) Após uma primeira leitura procuro ver se o conto faz sentido. Se for exageradamente onírico ou surrealista, sem pé nem cabeça, lamento, mas este ponto você não vai levar.
3) Em seguida me pergunto se o conto foi capaz de despertar alguma emoção, qualquer que seja ela. Mesmo os “reprovados” no critério anterior podem faturar 1 ponto aqui, por ter causado alguma emoção.
4) Na sequência analisarei o conjunto da obra nos quesitos criatividade, fluidez narrativa, pontos positivos e negativos, etc.
5) Finalmente o ponto da excepcionalidade, que só darei para aqueles que realmente me surpreenderem. Aqui, haverá fração.
Dito isso vamos ao comentário:
TÍTULO/AUTOR: 11. A Maldição dos Eternos (Ponce de León)
RESUMO: Um conto de ficção científica em que no futuro o estranho é não morrer.
CONSIDERAÇÕES: A ideia do conto foi boa, a execução deixou a desejar no sentido de que não me envolveu como poderia. Posso dizer que faltou emoção no texto. Fiquei com a impressão de ler uma narrativa inverossímil e cabe ao autor justamente convencer o leitor de que o absurdo é possível.
NOTA: 4.0
Independentemente da avaliação aproveito para parabenizar-lhe pela obra e desejo sucesso na classificação.
Boa Sorte!
Num futuro distante, em que as pessoas não mais envelhecem, um homem começa a envelhecer e se torna uma celebridade por isso. Essa condição o faz refletir sobre a vida e sobre a maldição de não se envelhecer e não morrer nunca. E sobre a beleza da vida finita.
Nota: 4,5
Um conto sobre o valor de se envelhecer em ambiente futurístico. Sem passar, contudo, nenhuma atmosfera envolvente sobre o tema, exceto as considerações sobre as marcas do tempo no corpo. Outro com final que deixa a desejar mediante o narrado até então. Soou um pouco forçado. Não a citação final, bem entendido, perfeita. Creio que sem o diálogo final e o último parágrafo, ganharia mais em força discursiva.
11. A Maldição dos Eternos (Ponce de León)
Tema: Nessa história, é justamente o contrário do natural: um sujeito de 86 anos que envelheceu tanto que parece ter 86 anos. Ficção científica.
Resumo: entrevista com o sr. de León, o único humano depois de 500 anos a envelhecer, em que ele conta as premissas do processo de retardamento do envelhecimento, primeiro dos ricos, depois de todos, com os detalhes sociais, econômicos e culturais envolvidos.
Técnica: um conto bem escrito, com uma premissa diferenciada. Só acho que o excesso de necessidade de explicações e o final da história, com o entrevistado finalmente morrendo, ficou meio forçado.
Emoção: interessante, porém não consegui me conectar com o drama do personagem. Ele parece aceitar com resignação demais sua condição.
Resumo
No século XXV foi descoberta uma forma de fazer com que as pessoas parassem de envelhecer aos cerca de 30 anos. Ponce de Leon, no século XXXI descobriu que não seguia a regra e estava envelhecendo normalmente. Aos 86 anos deu uma entrevista a um site dizendo sobre a sua sorte por ter aproveitado a vida finita e sobre como os demais estavam amaldiçoados pela maldição dos eternos.
Comentário
Muito bom o seu texto, fluido, coerente, empolgante. Muito interessante a sua ideia e a forma como ela foi conduzida.
A mensagem que passa, contrapondo a vida eterna e a finita, foi muito bem colocada. Concordo que a vida não teria graça se ela não tivesse fim. Legal também ter inserido questões sobre trabalho, poder e ganância.
No final, a citação entre aspas é uma poesia. Parabéns.
Pena ter dado pouca atenção à revisão, que gerou alguns deslizes como:
a (este a seria há, mas é desnecessário já que tem a palavra arás) centenas de anos atrás
suco de maça (maçã)
sabia – sábia
tem (têm) a mesma idade aparente
esta – está
Assumo, (tirar vírgula) que (vírgula) antes de conhecê-lo, desconfiava de certo “exagero” das línguas que lhe falavam (a) respeito.
Mas devo admitir que nunca estive em presença de alguém tão vivido e de alma tão jovem, (tirar a vírgula) quanto o Sr (senhor).
Um corpo tão jovem quanto o seu, não consegue traduzir a vida que tem ali por trás; Olhos que não envelhecem, não falam das belezas que enxergaram; Pernas resistentes não sabem dizer com sinceridade o caminho que fizeram até ali; E um rosto sem marcas, nunca contará boas histórias. – após o ; sugiro usar letra minúscula.
Olá,
Resumo 📝 A história de um homem com uma síndrome rara dentro da realidade do mundo em que vive. Ele envelhece enquanto toda a humanidade permanece jovem e biologicamente imortal.
Gostei 😁👍 Um texto relato muito interessante, li muito rápido e apreciei cada pedaço dele, não é uma trama original, mas é muito bem executada. Escrita ótima e o personagem muito bem construído também. Gostei da entrevista, da fala, dos pensamentos. A maioria dos contos aqui são sobre isso, lembranças, devaneios, saudosismo, aqui acho que você explorou isso com leveza e cuidado de não se tornar piegas. Gostei do mundo como plano de fundo, imaginar essa realidade. As passagens que mostram como as pessoas lidavam com essa figura fora do padrão foi interessante, as capas de revistas, o foco das rugas, coisas que ele eles nunca saberiam o que era. A questão social/trabalhista. Um texto redondo.
Não gostei🙄👎 De nada em específico, histórias sci/fi sempre pendem mais detalhes, mas entendo o limite. Queria ter sabido mais da vida pessoal dele. O relato é quase impessoal.
Destaque📌 “Esqueci que um dia, pensei ser como eles e minha existência também era sem sentido. Quando não se tem pressa da vida, tudo o que você realmente gostaria de viver fica para amanhã. E apesar de você ter a eternidade pela frente, esse amanhã nunca chega.”
Conclusão = 😉Texto pontual, bem escrito que soube contar bem a história dentro do limite. Bom personagem e a forma de entrevista deixou agradável a leitura.
Resumo: Um homem descobre que é mortal em uma sociedade futurista de imortais.
Olá, Ponce!
Que legal o seu conto! Gostei muito mesmo! Com certeza ser eterno aqui na terra deve ser uma maldição mesmo…
O conto está muito bem escrito e pensado. Uma história muito boa, e o personagem principal é muito bem delineado e aproveitado! A ambientação é muito boa e a mensagem que o conto passa é ótima. Viver a vida, fazê-la fazer sentido, aproveitar cada segundo.
Ótimo conto! Parabéns e boa sorte!
A MALDIÇÃO DOS ETERNOS (PONCE DE LEÓN)
Resumo: Uma formula magica, inventada e vendida para que as pessoas não envelhecessem. Eis que o personagem acabou contrariando seus efeitos e a pessoa veio a envelhecer revelando por trás a trama da narrativa.
Comentario: Um conto fictício (creio que um tanto SCI-FI). Ser o único num mundo de pessoas que não envelhecem fez do personagem uma espécie de herói de seu tempo. Achei o final perturbador. Tratava-se de uma entrevista?
Me pareceu que fez uma homenagem a alguém do site Entre Contos. Pode nos revelar o que o levou a criar esta finalização fugindo um pouco da conduta adotada pela sua escrita?
Boa Sorte no desafio.
Olá, autor.
A história de um homem diferente de todos que viveu no século XXXI. Num mundo em que a ciência evoluiu a ponto de impedir o envelhecimento, ele teimou em deixar a vida seguir o curso. No final do texto, descobrimos que trata-se de uma entrevista feita pelo site EntreContos (quem sabe pelo quadrineto de um organizador atual kk).
AVALIAÇÃO: Utilizo os seguintes critérios: Técnica + CRI (Coesão, Ritmo e Impacto) sendo que, desses, o impacto é subjetivo e é geralmente o que definirá se o conto me conquistou ou não.
Técnica – Confesso que estava pronta para comentar que o texto mais parecia uma crônica ou matéria jornalística (ou uma entrevista) e que, portanto, faltaria ação. Logo descubro que tudo faz parte do show e que a técnica é exatamente essa, e surpreendeu-me muito positivamente.
O modelo de FC, de volta para o futuro não ficou batido aqui já que o autor soube inserir elementos completamente inusitados. A parte do Estado opressor se mantém como na maioria das narrativas de FC, aliado a uma exploração capitalista da qual esse Estado se alimenta. Gostei de ver mais gente concordando comigo que Estado controlador e inchado é uma praga.
CRI – O texto foca no aspecto do envelhecimento, ainda que inusitadamente, e não divaga para outros temas, o que o torna bastante coeso. O ritmo é bom e o impacto, como disse, fica por conta da surpresa no final e fechando com um parágrafo bastante poético e marcante, o que torna o texto um dos meus favoritos até aqui.
Parabéns.
Ponce de Leon vive em um mundo onde não se morre mais de velhice – e ele foi abençoado com o dom da morte. Ninguém entende o por quê mas ele envelhece e morre normalmente. Primeiro achou ser uma maldição mas logo notou ser uma bênção: sentia que todos o invejavam. E o conto é a última entrevista que ele deu, ao site Entre contos (que, daqui a muitos séculos, espero que ainda tenha nossos contos escondidos em um lugar no labirinto da internet!)
É uma história interessante, mais uma reflexão do que qualquer outra coisa. Esta ideia de que a morte é uma bênção, não uma maldição, é um tanto explorada em dezenas de outras histórias. Você a explorou bem aqui, especialmente no parágrafo abaixo:
“Um corpo tão jovem quanto o seu, não consegue traduzir a vida que tem ali por trás; Olhos que não envelhecem, não falam das belezas que enxergaram; Pernas resistentes não sabem dizer com sinceridade o caminho que fizeram até ali; E um rosto sem marcas, nunca contará boas histórias.”
É a velha ideia de que a pressa da existência nos motiva a fazer tudo o que demoraríamos milênios para fazer se não tivéssemos tanta pressa. É “viver de verdade”. Eu discordo completamente desta ideia mas o tema aqui não é opinião, é apenas expor esta ideia assombrosa. E você a expôs muito bem.
O conto é bem escrito, com alguns problemas de digitação, acentuações faltando, um tanto de vírgulas extras onde não deveriam existir mas, em geral, uma leitura fluida e bonita. Gostei! =)
Olá Ponce de Leon.
Um homem envelhecido presta uma entrevista, evidenciando um mundo no século XXV onde a humanidade já não tem mais a obrigatoriedade de conhecer a morte indefinidamente.
A medicina conseguiu estabelecer o controle no DNA, estabelecendo um crescimento de até vinte e quatro anos, dando a condição de que, a partir desse momento, fazer com que pais, filhos, netos, bisnetos e muito mais, continuar com a mesma característica.
O senhor Ponce de Leon foi novidade por um tempo. Logo após a entrevista para o site Entrecontos, faleceu. Foi mais vivo do que qualquer eterno.
Uma homenagem ou o desafio em saber se o autor abusou da necessidade de vencer. Vendo bem, mereceria, até pelo inusitado, bem escrito, emocionante e generoso.
Sorte no desafio.
Parabéns!
Homem que foi um dos últimos humanos a manterem o envelhecimento narra como se deu tal processo em uma sociedade que descobriu o uma forma de não se tornar velho. Ao fim, morre, tornando-se estrela.
Achei criativo, embora o mote se verifique em muitos livros e filmes, mas o interessante aqui foi a abordagem do assunto, um tanto reflexiva e ao mesmo tempo fantasiosa. O personagem torna-se alvo de curiosidade justamente por algo que é o curso natural da vida, então isso veio a calhar no que condiz ao estranhamento que esse tipo de história busca causar.
No século XXXI as pessoas não mais envelhecem nem morrem. Inexplicavelmente, porém, o Sr. Leon envelhece e antes de morre concede uma entrevista em comenta sua experiência de ser mortal em uma sociedade de imortais.
Achei seu argumento maravilhoso. Gostaria de vê-lo desenvolvido em uma narrativa mais longa. No conto, embora a estratégia da entrevista tenha sido interessante, achei que a explicação da mudança na sociedade, o Gold Apple, e tal, ficou um pouquinho forçada dentro da fala do personagem. Minha sugestão seria extrair essa parte da explicação da entrevista e coloca-la na voz do narrador emoldurante, deixando para o narrador interno apenas as reflexões existenciais do personagem. Mas isso é só uma opinião que, embora reflita minha experiência de leitura, não tira o mérito da sua criatividade na concepção do enredo.
Achei seu texto tecnicamente bom, considero que a estratégia narrativa valorizou seu trabalho. Um ponto alto que destaco no seu conto são as reflexões do personagem acerca da passagem do tempo, sobretudo quando ele se refere ao envelhecimento nos diferenciar uns dos outros. O arremate poético ao final também me agradou bastante.
Parabéns pelo trabalho. Desejo sucesso no desafio e em tudo mais. Um abraço.
Caramba, Ponce de Leon, você me traz um conto bem forte. Uma ficção científica interessante. Um cara que começa a envelhecer num tempo e numa sociedade que todos permanecem jovens. Bastante criativo o seu enredo, parabéns. Gostei da história, gostei da narrativa. Pudesse eu lhe dar uma dica, Ponce, diria que fizesse uma última revisão no texto para sanar pequenos deslizes. Sim, eu sei que se trata do maldito corretor, mas é importante que sejam verificados, né? Bem, é isto, parabéns e o meu abraço, Fernando.
Resumo: a história de um homem que envelhece quando o mundo todo já conquistou a imortalidade.
Impressões: gostei deste conto. Há muito o que melhorar na parte gramatical, mas o enredo em si me fisgou logo de início. Como ocorre em muitas fábulas, a contextualização toma grande parte do texto, com as explicações se seguindo de forma didática até, fazendo com que o leitor se questione, no fundo, se esse mundo de imortais seria de fato interessante de se viver. É um paradoxo be instigante, na verdade, eis que a ciência busca constantemente a maneira de nos tornar eternos. Mas aí surge o dilema: para quê, exatamente? O conto joga com essas questões de maneira habilidosa. Gostei do fato de não haver explicação evidente para o envelhecimento do protagonista. Ele, por uma razão que se desconhece, é o único que está fadado a morrer pela falência de sua saúde. Pode-se pensar que isso é um infortúnio, mas o conto demonstra que não, que na verdade é nossa natureza finita que nos torna especiais. Não é, vamos admitir, um tema novo na literatura, mas convenhamos que a noção de “novo” perdeu-se há muito tempo. O conto, nesse sentido, usa bem os clichês do gênero e joga luzes sobre a questão de modo a oxigená-la. Um bom trabalho, em suma. Passando por uma revisão mais apurada poderá tornar-se ainda melhor. Parabéns e boa sorte no desafio.
Nota: 4,0
Um conto que versa sobre um homem que envelhece em uma sociedade futura onde a velhice já ficou para trás e é relegada aos livros de história. Antes de mais nada gostei bastante do título e do pseudônimo escolhido).
Devo dizer que gostei imensamente do seu conto. Você escolheu desenvolver um enredo tomando por base a FC. Construiu uma história fácil de ser lida e que para mim em momento algum se tornou cansativa. Gostei das ponderações do personagem acerca da maldição de se viver para sempre, certamente um mundo onde se vivesse para sempre (excetuando-se aqueles que morressem em função de acidentes) teria um contexto social infinitamente diferente do nosso. O personagem ao envelhecer passa a ser o diferente, aquele que porta algo que, para muitos, faltam conceitos explicativos, aquilo que é, em nosso mundo, o natural passa a ser antinatural, aquilo que escapa ao cotidiano.
Acredito que o conto poderia ser um pouco maior, explorando mais a subjetividade do personagem.
Pelo prazer proporcionado pela leitura do seu conto atribuo a nota 4,0 a ele. Parabéns e um abraço.
A ideia de uma sociedade livre do envelhecimento não é nova, mas digo isso apenas para dar o mérito ao autor de ter conseguido escrever um conto interessante, em que se narra a gradativa percepção da personagem quanto à natureza da sua condição, antes um alívio do que uma maldição. Aliás, é como sugere o título e o personagem interpreta que a maldição é dos eternos. É, portanto, um conto que por através da ficção científica, valoriza a velhice para o leitor. É interessante que, apesar de se ater ao genérico, há consistência no universo que vai sendo estabelecido. A menção ao EC foi uma inclusão engraçada e também coerente.
Muito bem.
Bom conto. Merece ir para a final.
Hoje faço 86 anos e tenho corpo de uma pessoa dessa idade, o que não acontece mais no século xxxi, onde as pessoas permanecem sempre jovens. Cientistas descobriram como alterar o genoma humano e reverter a oxidação das células.
Com o tempo, toda a população foi beneficiada. A partir da 3a geração essa condição é passada de pai para filho naturalmente. A imagem da pessoa idosa foi se apagando da sociedade. Quando fiz 40 anos segui envelhecendo. Fiquei famoso por isso.
Um corpo jovem não consegue traduzir a vida. Julgava ser amaldiçoado por envelhecer, mas hoje penso o contrário. Os eternamente jovens é que são malditos, pois nunca saberão a felicidade em viver a verdade.
O texto nos faz entrar em contato com a ideia de eterna juventude. O conceito é ousado. Porém, o personagem que envelhece amaldiçoa esta nova condição. Talvez por inveja. O velho acredita que envelhecer significa ter vivido a verdade, desconsiderando como os eternos jovens se adaptaram à essa circunstância. nota 02.
A Maldição dos Eternos (Ponce de León)
Resumo:
A história narrada por “Ponce de León” sobre a vida como mortal numa época de “imortais”. Ele (narrador), aos 86 anos, tinha o físico de 86 anos. Lá, na época, isso era inconcebível. Conto futurista, ambientado numa realidade bem posterior ao século XXV.
Comentário:
“e quando o brilho em seu olhar se apagou, tendo a partida como seu único caminho, um sorriso sincero lhe estampou o rosto, mostrando que até ali, na morte, foi mais vivo do que qualquer eterno jamais poderia ser.”
Que lindeza de construção poética. Um primor…
Bem escolhido o pseudônimo como Ponce de León, navegador espanhol que “buscava” a fonte da juventude através das expedições. Concernente.
Texto de FC bem elaborado, ideia interessante, trama muito bem amarrada. Acredito que uma revisão cuidadosa daria ainda mais beleza ao texto. Há deslizes graves que impedem a fluidez da leitura. A pontuação conturbada incomoda, exige que o leitor faça mentalmente a correção. E os erros de concordância, de colocação pronominal, de ortografia, ou outros, travam a história. O leitor perde a linha sequencial, o trecho requer nova leitura para ser entendido. Observe:
“Um corpo tão jovem quanto o seu, não consegue traduzir a vida que tem ali por trás; Olhos que não envelhecem, não falam das belezas que enxergaram; Pernas resistentes não sabem dizer com sinceridade o caminho que fizeram até ali; E um rosto sem marcas, nunca contará boas histórias.”
a (há)
“Não pense você que sou desses caras que gosta de ser visto”
“Por ter a maldição dos eternos, e não envelhecer, nunca saberão a felicidade que esta no sabor agridoce de se viver de verdade.”
“desconfiava de certo “exagero” das línguas que lhe falavam respeito.”
A narrativa cumpre a temática do desafio. Explora o ENVELHECER do mundo futurista. Bem pensado, boa exploração. Texto criativo.
Boa sorte no desafio!
Abraços…
Resumo; No século 31, as pessoas não envelhecem. As pessoas vivem eternamente nos seus 30 e poucos anos, porém, um dia, um homem ultrapassa a barreira d longevidade, constituindo-se numa espécie de fenômeno, comentada pela mídia. Ao morrer com 83 anos, sua morte é noticiada em todo mundo.
Comentário: O argumento não é ruim e dá material para uma história mais interessante da que nos foi apresentada. A inclusão de certas homenagens, tirou a postura séria da trama, tornando-a, engraçada. Não que as homenagens não sejam merecidas, é que estão fora do tema. A escrita é boa, a estrutura foi bem planejada, mas as referências me pareceram dispensáveis, menos, é claro, a de Ponce de Leon, conquistador espanhol que no inicio do século XVI, buscava a fonte da juventude.. A única coisa de destaque é a frase do final.
A Maldição dos Eternos (Ponce de León)
Resumo: Conto distópico contando a história de um homem que, a despeito do seu grupo social, envelhece e morre. Tudo se passa no Século XXXI, onde os livros, os sites, a comunicação, se tornaram bastante diferente de como conhecemos hoje.
Comentários: Legal o conto. Cria uma distopia futurística onde o homem (sempre) arranja um jeito de explorar o outro.
Bom ter usado o nome de Maçã Dourada, talvez em adição à maçã do pecado, onde o pecado seja exatamente a eternidade.
Aborda oportunamente alguns temas relevantes, como a permanência por tempo demasiado no trabalho, a vontade da manutenção da juventude, a vaidade de ser diferente na igualdade extrema. E lá estão os milionários e o “pessoal do alto escalão”. Parece que em dez séculos a coisa não mudou muito.
Bem construído, o texto nos remete de volta ao EntreContos. Legal que tenha sobrevivido por tantos anos.
Não sei se foi apropriado o uso do nome de Ponce de León, dado que pôs o conto dentro de uma mitologia moderna, em épocas diversas. León foi em busca da fonte da juventude, ao passo que nosso entrevistado-protagonista nega-se à eternidade por achá-la inoportuna ao ser humano.
Mas, tudo bem. Fica apenas esse ressalto sobre a oportunidade de nomeá-lo ou não da maneira como foi feito.
Boa sorte no desafio.