Sou uma carcaça. Tenho trezentos anos. Quem pensa ser eu algo sobrenatural, está se enganando. Os antigos viviam horrores, e ter essa idade não significa nada. Já vi de tudo, menos a morte. Provavelmente morrerei virgem e sã. A carapaça da idade não escondeu meu caráter. Ele foi alterado durante a vida. E continua sendo. A essência permanece quase intacta. São os malefícios que há degeneram um pouco. Meus olhos são reconhecidos pelos familiares, mesmo aqueles que sucumbiram. Eu, não. Jamais reconheço figuras. A lembrança edificou algo estranho nesse caminho. De coisas, já não lembro mais. Pessoas, também. O que é viver plenamente e anular vivências? Adoro palhaços. Devido ao sofrimento. Personagens cômicos têm a eficácia necessária à redenção da alma. Lógico. Pareço experiente, mas não sou. Já me apaixono por todas as gerações. Isso não me destrói, pois o meu ofício é a velhice. Os jornais já imprimiram infindos artigos meus sobre o assunto, e o palhaço de quinhentos anos agora mora comigo. É meu professor. Ensinou-me a arte de bater punheta em dias santos… Para uma velha isso é uma dádiva. Guardei o meu segredo a sete-chaves, porém a funcionabilidade da vagina segreda cabimentos inesperados. A siririca, em si, deve ser sempre voltada ao bem. Procuro evitar fantasiar a perversidade, e quando impossível, vou ao cemitério colher inspirações. Quando eu morrer. Estarei perto do silêncio. A lembrança da juventude diz que o melhor já passou. A complexidade exige capricho. Procuro amar o velho. Aperfeiçoo o tempo. Podemos de tudo um pouco. Beber, tomar drogas, trepar… Pena que o auge sexual diminui. Quero voltar a ser jovem. É mais legal. Tínhamos ótimas turmas. Agora, tudo é mais difícil. Sou mais solitária e a degeneração assusta. O que de pior pode ainda acontecer? Enxergar menos? Ter mais algum obstáculo? Ficar caquética? Gostaria muito de educar crianças. Sempre escrevi para adultos como jornalista. Não tinha espaço na folhinha infantil. Acostumei aos anciãos. Dia cinco de setembro farei trezentos e um anos. Parabéns pra mim. Vou fazer um bolo, colocar uma vela solitária e chorar sobre o passado. Não restou mais ninguém da minha família, e o fato de nunca ter tido filhos apressou o estado solitário. Quando me olho no espelho, vejo a mesma pessoa. Só que transformada. O reflexo me convida à morte. Luto pela vida. A voz dita à desdita. Canto tomando birita. Ele isola a alma na imagem bendita. Foco a mente nos verbos gozados. Onomatopeias, puns e princesas. Na outra vida serei a Gal Costa dos enforcados, a dama do lotação do rosto corado, a dama de um vagabundo famoso, o brócolis, o alho e o cheiroso. Ordeno a piada. Ela vem de farda. Cruel e violenta. Sei disso. E me aplico. A fidelidade é capaz de um livramento valioso. Ensino capachos, peixes e despachos. Cobro pela verdade. Prosperidade. Ressuscito a igualdade. Serafins, querubins, anjos, arcanjos, potestades, principados e impérios modelam a hierarquia simplíssima. Terei asas. Não abrirei outro parágrafo. Sou o cinema e o talco. A alegoria e o mendigo descalço. Pago pela alegria e forneço o inusitado. Tenho culpas e sou de todas as religiões. Faço macumbas gritando sobre o mármore nu. Comungo em uma ilha imaginária. De um futuro sem máculas. Procuro palavras difíceis. Seduzo através da santidade. Quero quinhentas palavras. Concedo a boa educação, este escrito, e a aventura acontece. Acendam os holofotes, liguem as câmeras. Venha contracenar comigo. Somos galinhas velhas e frangos apaixonados. Não botamos mais ovos. O certo é esquecer o medo da maldita, a morte. Fiz para ela uma trança. Ela veste a carapuça e desaparece senil. É louca e tem dois sexos. Prefere ser homem, mas é mulher. Foi jovem e trabalhou pra caralho. Evite cacarejar demais. A morte está a nos escutar. É sofrida. Lunar. Surgiu um ovo do espaço sideral. Talvez tenhamos morrido. Os trezentos e um ficaram guardados num baú. Quantos anos temos agora? Conte o número de cabides. Escolha um figurino. Faça um drink. Vou preparar a cocada… Para chegar a mil palavras deveria me oferecer a você, mas Deus não deixa. É ciumento. Disse que vamos rejuvenescer e brincaremos como crianças com outras crianças, e estas crianças serão os nossos próprios pais. Seremos o que desejamos ser. Não vai haver tristeza. Então, devo estar relando ao purgatório. Ainda preciso entender o inefável. Aliso minhas penas de galinha, e agora, ela bota um ovo. Choco o bendito. O tempo passa e ele se quebra. É o pinto. Os frangos dão assistência. Até a próxima cena não envelheceremos mais. O pinto é bonito. Talvez aprenda muito com ele. Vou chamá-lo de Toco. Surgiu do além. Provavelmente um anjo disfarçado. O fim de tudo isso não é o paraíso. É o éden. Um dos frangos foi realmente ao purgatório. Nós não. Continue a filmar. São quinhentos anos de glória merecida. Vamos festejar. Convide todos os amigos, as celebridades e os palhaços. Ponha a pamonha no fogo, acenda a fogueira que eu preparo os andrajos. Convide o moço pobre, a tia dele, o Papa e o corno. Afinal ele é filho de Deus. Conte até três e enfie a pica no bolo. É cenário. Coma a atriz e não esqueça o suborno. Afinal a ficção não descarta nada. Até a próxima parte. O que seria isso? Eu arrisco –Serão os mistérios gozosos…
obrigada a todos
15. Envelhecer (Ana Li)
Contos de uma noite de verão, de uma velhice anunciada…
Bonito texto, bonita escrita.
Pontuação: 3,8
valeu amigo
15) Envelhecer
Tem 300 anos, seu ofício é a velhice. Reside com o palhaço de 500 anos. Relembra o passado quando jovem. Muitas imaginações, elucubrações sobre si, dizendo-se ter muitas facetas, lembranças loucas. Finda dizendo que tudo “serão os mistérios gozosos…”
ANÁLISE: Narrativa louca, desconexa. Crio ser essa a intenção, um desenrolar de ideias soltas para fazer um todo, mas a magia desse desenrolar possível quando escrito dessa maneira, à mim, pelo menos, não conectei.
Um fluxo de consciência. Diz-se algo e, depois, outra coisa que não tem a mínima relação com o dito anterior, mas reflete o pensamento da personagem. Reflete, principalmente, a maneira como são tecidos esses pensamentos. É uma protagonista de 300 (quase 301) anos, que vive com um palhaço de 500. Muito mais se originou desse longuíssimo devaneio, mas faltou a costura de um enredo, algo pelo que se esperar. Não se vai a lugar nenhum e, enquanto perfeitamente adequado ao fluxo de consciência, já não parece tão cabível ao certame.
Olá, Ana Li.
Resumo da história: acompanhamos o fluxo de pensamentos de uma velha senhora, acerca dos mais variados assuntos: sexo, palhaços, etc. Não há uma história, propriamente, mas uma coleção de reflexões muito heterogênea.
Não sei se definiria o texto como um conto: pois não há exatamente uma trama, personagens, conflito, clímax, etc.
Boa sorte no desafio!
obrigada!
Resumo: Aparentemente, reflexões e mais reflexões sobre a vida e a existência.
Olá, Ana.
Serei bem sincero: não entendi bulhufas. E olha que li três vezes. A escrita, em si, não é ruim. Somente a desorganização do texto que me incomodou, manter a leitura num único parágrafo, num verdadeiro brainstorm, realmente me cansou. Sua narrativa é levemente poética, mesmo com toda a putaria no conto, há certa poesia no ar.
Porém, o pior de tudo, Ana, é que seu texto não parece um conto. Não tem início, meio e fim. Não tem uma trama ou personagens definidas. Parece uma enxurrada de ideias e reflexões sem conexão direta que foram colocadas no papel. Não tem forma, é muito fluído. Talvez seja algo avançado para mim, mero leitor, mas realmente admito minha incapacidade de extrair maiores informações do conto.
Enfim, não gostei muito da leitura ou da execução, foi meio cansativo até escrever esse comentário, pois não sabia exatamente o que falar. Desculpe.
Resumo: Uma mulher de 300 anos conta sobre a sua solidão e sobre sobre vida nessa idade. Aprendeu muitas coisas, entre elas, bater siririca.
Comentários: Conto de 1 única oração e inúmeros parágrafos curtos. Não sei como se chama esse estilo de escrita, só sei que não me agradou muito. Peço desculpas ao autor, mas não consegui pegar o fio da meada. Quanto ao tema, não sei se se adequa, pois trata-se de uma pessoa velha e em nenhum momento li algo relacionado ao envelhecimento em si.
Resumo — Fluxo de consciência de uma mulher de 300 anos levemente senil.
Técnica — Incômoda no início pelas frases fixas, secas. Com o adiantar do parágrafo único (gostei, não quebrou o ritmo) os pensamentos, lembranças, esquecimentos e desejos vão se amontoando, misturando e acelerando. Fazer isso, sem perder as rédeas da história, é difícil e aqui foi bem executado. As rimas ficaram meio assim-assim, mas tá valendo.
Trama — Deve ser mais ou menos assim o raciocínio de quem chega aos 300 anos. Gostei por fugir do lugar comum e padrões estéticos.
Impacto — “Disse que vamos rejuvenescer e brincaremos como crianças com outras crianças, e estas crianças serão os nossos próprios pais.” Linda síntese do conto.
Então… achei interessante a organização do texto, porém, achei que deixou ele travado e sem conexões de interesse entre um parágrafo e outro.
Esteticamente ficou parecendo mais uma obra de escrita experimental, quanto conto, não me contou nada.
Ah “momentos” de metáforas poéticas interessantes, inteligentes e reflexivas, o que da um brilho a escrita, porém, para mim quanto leitor, não é suficiente para segurar o texto.
Parabéns pela obra, boa sorte!
Resumo: Um fluxo de consciência, onde a frase seguinte muitas vezes parece não ter nada a ver com a anterior.
Desenvolvimento do Enredo: Em minha opinião não há um enredo, é apenas um fluxo de consciência, em certos momentos divertido, em outros perturbador, em outros provocador… Não está fora do tema, a meu ver, mas… não consegui compreender o sentido disso tudo, o porquê do texto. Quem estaria tendo esse fluxo de consciência? Em certo momento, parece que fez o texto só de pirraça, não me leve a mal, como nesse trecho: “Para chegar a mil palavras deveria me oferecer a você, mas Deus não deixa. É ciumento.” E logo em seguida uma parte que eu gostei bastante: “Disse que vamos rejuvenescer e brincaremos como crianças com outras crianças, e estas crianças serão os nossos próprios pais. Seremos o que desejamos ser.” Gostei, mas não entendi e até me desculpo por isso.
Composição das personagens: Acredito que não possa chamar o narrador/a narradora de personagem. Me deu a impressão de ser alguém até mesmo transtornado, em outros momentos me pareceu transcendental, até, caso realmente tenha a idade toda que diz.
parágrafo inicial: Bem, o texto todo foi escrito em um parágrafo imenso. Como certo trecho de uma música do Raul: “Eu sou o início, o fim e o meio”, e talvez seja isso mesmo, se a gente escolher qualquer frase dele para começar e terminar, alterar as ordens, pra mim dá na mesma.
Finalização: como eu disse, o texto termina como começa, sem um sentido que se possa dar a ele. Aguardo o autor/a autora para dizer o que significou isso tudo.
olá-sou atriz. então as emoções contidas no texto superam o indefinido- experimente cantar sem ver resultados.é um ato heroico- sou- e instrumentista tb, talvez tenha sido isso. evoé
Este texto é imensamente belo e confuso. Nunca chegamos a saber de quem se trata, num emaranhado de imagens poéticas bem escritas. No final ficamos apenas com isso: sem nenhuma certeza além da certeza de ter lido um texto belíssimo. A ideia com que fiquei foi a de se tratar de um edifício ligado às artes, mais propriamente de um teatro. Se acertei ou não é irrelevante. Sendo um exemplo de prosa poética apenas a beleza interessa. O autor o a autora estão de parabéns. Convido mesmo a ler um autor português que escrevia textos igualmente desconcertantes e belos: Herberto Hélder. Um poeta transcendental, tal como transcendental é este texto.
valeu amigo-escrevi de sopetão-revisei 1 só x bj
RESUMO:
Narradora diz ser uma carcaça, alguém (ou algo) que completará 301 anos em setembro. Revela-se solitária, a chorar sobre o passado. Mora com um palhaço de quinhentos anos. A galinha bota um ovo, e a narradora o choca. Nasce um pinto que ela chama de Toco, “surgiu do além, provavelmente um anjo disfarçado”.
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F Falhas de revisão Esta é a parte que menos importa na minha avaliação. Só para constar mesmo. > São os malefícios que há degeneram um pouco.> São os malefícios que A degeneram um pouco.
I Impacto do título Título = tema do desafio. Nada mais a declarar.
C Conteúdo da história Pesquisei o ano de 1719 (já que a narradora diz que fará 301 anos em setembro), mas não achei nada. O final cita os “mistérios gozosos”, tem alguma relação com o terço? O conto é um amontoado de palavras, rimas e frases até com melodia. Talvez o(a) autor(a) tenha tido a intenção de causar impacto com uma ideia/enigma que eu não captei.
A Adequação ao tema Falou-se em envelhecer? Certamente que sim.
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E Erros de continuação Não sei nem onde começa, como saber onde continua, e como então saber se há falhas? Outra coisa que me incomodou foi a falta de uma narrativa, o conto parece ser mais um relato, uma descrição de si mesma e do mundo (ou loucura) que a cerca.
M Marcas deixadas Estranhamento e um certo encantamento por essa verborragia sem nexo aparente.
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C Conclusão da trama “Até a próxima parte. O que seria isso? Eu arrisco –Serão os mistérios gozosos…” Ou seja, não houve uma conclusão.
A Aspectos quanto à originalidade do conto Original sim, mas às custas de todos os meus neurônios detonados.
S Sugestões Não saberia nem como começar… Primeiro preciso entender alguma coisa antes de poder opinar sobre algo. Portanto, neste caso, prefiro não opinar.
A Avaliação final Deve ser um texto maravilhoso, com camadas e camadas de significados e símbolos inerentes à condição humana e profana, mas eu careço da capacidade para entender tal complexa obra. Sinto muito.
valeu mesmo assim- há degeneram um pouco pq há noçao de tempo- ainda n tenho certeza da conclusao. fico horas fazendo isso.
Olá, Autor(a),
Tudo bem?
Resumo – Escritorx tece reflexões sobre a decrepitude e a falta de sentido do mundo e da própria vida.
Um texto com forte tom irônico, e que apresenta, propositalmente, lacunas a serem preenchidas pelo leitor e sua “bagagem” ou conhecimento de mundo. Assim, para cada um dos leitores a interpretação do texto será diversa, como propõem alguns teóricos da literatura. Como leitora, entretanto, mais que isso, como escritora e artista que também sou, sempre acreditei em um texto, ou obra de arte, como algo que, efetivamente, completa-se apenas após sua passagem por uma “peneira” que é o olho do leitor, espectador. Indo um pouco mais além, acredito que a literaridade de uma obra funciona como uma espécie de gatilho para a abertura de uma porta, capaz de produzir prazer no(a) leitor(a), independente da apreensão total de cada uma das camadas impressas pelo(a) autor(a). Neste sentido o texto é 100% bem-sucedido, e, genuinamente belo.
Quem é essa figura de 300 anos, que carrega nos ombros toda a amargura “do velho” diante de seu fim? Todos a conhecemos de perto, em nosso convívio, com o velho “mal-humorado” e ácido, livre de filtros de linguagem ou pudores, seja um vizinho, um avó, quem sabe nós mesmos. Figuras cheias de arrependimento, mais pelo não realizado, do que pelo, de fato, feito em vida.
Parabéns pelo trabalho.
Beijos
Paula Giannini
obrigada
😉
Resumo: Um jovem idoso de 300 anos decidi-se informar do que viu, do que não viu, dar alguns conselhos, e mandar todo mundo a merda.
Gramática: Eu nem me atrevo a dizer que encontrei algum erro. Vai que a noite, enquanto durmo ele venha me cobrar. É melhor ficar quieto.
Avaliação: Não é um conto. É um panfleto de impropérios, ora de indignações, ora de sacarmos. Pornográfico. Poético. Caudaloso. Rancoroso. Infantil. Vagabundo. Glorioso. Homem. Mulher. Trans. Eunuco? Bonito. Feio. Enfim, um tapa na cara e outro na bunda de todo mundo. Bravo!
sou trans sim e muito bela, viu?
A narradora afirma ter trezentos e ser uma virgem adepta da siririca, de resto é um liquidificador de palavras – eu não me sinto capaz de um resumo.
Considerações
Como usei lá em cima o texto parece um liquidificador de palavras. Palavra que puxa palavra e assim, ao sabor da loucura e da bizarrice, do estranho… os pensamentos vão sendo expulsos ladeira abaixo… Tudo poderia ser apenas o pó que o espanador joga para o ar, mas, não, tem muita pérola, pedra preciosa e brilho. Em alguns momentos se forma um poema. No mais, onde encontro essa erva?
Oiiiii. Um conto sobre uma pessoa que afirma que vai fazer trezentos e um anos e que se sente solitária tanto por não ter tido filhos como pelo passar dos anos, durante a narrativa ela fala sobre um palhaço de quinhentos anos, sobre a morte e sobre outras reflexões. É interessante como a narrativa é como um monólogo apresentado em um teatro em que a pessoa que está no palco reflete sobre vários pontos da vida em um fluxo contínuo de palavras . Acho que talvez aquela frase que diz: “Até a próxima parte” pode ser uma referência ao próximo ato da peça. Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.
Ei, Ana Li, cá estou eu lendo e apreciando o seu tão denso, tenso e intenso conto. O fluxo de consciência forte, visceral da mulher carcaça de trezentos anos. A velha que já está sozinha por não ter gerado descendência, que é virgem e vê o mundo como um cenário. Legal você usar o conto fazendo até metalinguagem com ele. Gostei dos jogos de palavras, seu domínio linguístico é tremendo. Sua narrativa flui facilmente, sem trancos e isto enriquece o conto, eis que as ideias vão entrando sem que haja soluços. Bem gostei muito da sua história e da maneira como ela me foi contada por você. Muito bom mesmo. Meu abraço.
Olá Ana Li.
Oitenta e quatro (84) vírgulas (,) e cento e setenta pontos (.) nesse conto de dúvidas, dádivas, lembranças, incoerências, mudança de assuntos e de uma dificuldade imensa de simpatizar com a sofrida autora/personagem, entrecortado, fugidio, responsável por má vontade e desilusão. Ufa!!!
Em uma frase se confirma essa alusão de querer atingir um número de palavras, encontrando a esmo essa condição, como segue: “Para chegar a mil palavras deveria me oferecer a você, mas Deus não deixa”.
Convenhamos é cansativo, ainda mais em um desafio, tentar entender o motivo e como se faz para acontecer… olhar para cima, solicitar ajuda aos deuses por um mínimo de talento e… chega de lucubrações, já existem o bastante.
Sorte no desafio.
As divagações em primeira pessoa de uma criatura de 300 anos, sobre o tempo passado e a velhice. Afirma que quem a julga sobrenatural se encontra enganado, mas ao terminar o conto, é precisamente essa a desconfiança que se mantém: a de se tratar de um ente sobrenatural, possivelmente da mitologia cristã. O tom vago e as meia informações, sem muita indicação do exterior ao narrador, foram elementos que contribuíram para que não compreendesse quer o objectivo quer o foco da narrativa, o que levou a que não apreciasse a leitura. Ademais, o abuso de frases curtas originou uma leitura “aos trambolhões”, não tendo surtido efeito de ênfase que, suponho, tenha sido o objectivo.
Olá, Ana Li! Eu gosto muito do estilo com frases curtas. Acho que elas ditam o ritmo de um conto. Elas controlam quando acelerar ou quando frear a intensidade da narrativa. Mas entendo que aqui houve um certo excesso. Gostei demais da ideia, mas achei que ela ficou devendo um pouco na execução por conta disso. Há uma sensação de urgência que fica meio desconexa quando sabemos que o personagem já tem trezentos anos. Se o conto fosse menor o impacto teria sido bem mais positivo em mim!
É isso, boa sorte no desafio.
Uma reflexão sobre a idade, vida-morte e seu papel no mundo. Um desabafo que parece mais um monólogo interior do que um conto, concentrado nas sensações da protagonista. Confessional, fluxo de consciência, sem estrutura de conto, mas um bom texto. Tem potencial.
Interessante como a linguagem passa de poética a vulgar em alguns trechos. Ainda ocorre alguma metalinguagem como em “Não abrirei outro parágrafo” (se houvesse aberto, talvez a leitura ficasse mais fluida).
Parabéns pela participação. Boa sorte. Abraço.
nao gostei. nem do estilo, nem do conteúdo. e não entendi quem é o sujeito