Um quadro. Eu e o Carlos, lado a lado, retratados em tinta a óleo sobre uma tela de 120 centímetros de largura por 80 de altura. Segundo o Juninho, nosso filho, um belo presente pelos nossos 20 anos de casamento.
A minha reação inicial foi de desconcerto.
— Como assim nosso? De nós? Eu e seu pai lá, no quadro?
Ele só balançou a cabeça e levantou as sobrancelhas, como se me parabenizasse pela óbvia constatação.
— Não, filho, não precisa.
— É claro que precisa. É meu presente pra vocês.
Ele parecia decidido, mas fiz uma nova tentativa, apelando ao seu bolso.
— Isso é caro, Juninho, e você acabou de começar o estágio.
— Relaxa, mãe, o pintor é pai do Lelo, vai fazer um preço legal. Já tá tudo certo.
— Tá bom, Juninho, a gente aceita — disse em meu nome e em nome do Carlos, que permaneceu em silêncio o tempo todo, sem reação nenhuma, como se sua cara não fosse ocupar a metade da tela que lhe caberia.
Durante o jantar, mal concentrei-me na comida e na conversa pouco animada à mesa. Estava pensando na tal pintura.
— Vai ser de rosto?
— Rosto?
— A tela. Eu e seu pai.
— Isso o seu Silveira vai ver.
— Silveira?
— O artista. João Silveira. Ah, ele vem sábado pra fazer a foto.
— Mas é foto ou tela?
— Tela, mãe, é tela. O Lelo falou que ele gosta de conhecer os modelos primeiro e fazer a foto ele mesmo, aí ele pinta copiando a fotografia, uma coisa assim.
— Modelo — repeti, ajeitei o cabelo como se já estivesse diante da câmera.
— Que hora ele vem? — perguntou Carlos, manifestando-se pela primeira vez sobre o assunto.
— Às nove.
— Esquece, sábado tenho futebol.
— Pô, pai, cancela o futebol um dia, é meu presente pra vocês — disse o Juninho, jogando o presente novamente em nossa cara.
O Carlos não respondeu, mas bufou, e eu me fiz, repentinamente, de contente.
— Vai ficar lindo, filho, obrigada.
Nos três dias que faltavam para a visita do tal artista, revirei o armário em busca da roupa perfeita que ficaria para a posteridade naquela tela. Não me importei muito com a calça porque tinha para mim que seria um retrato do busto para cima. A blusa, sim, deveria ser perfeita.
Quando sábado chegou, e o pintor tocou a campainha, eu vestia uma bela camisa de seda azul e uma calça preta, e o Carlos, uma camisa branca riscadinha de azul, no mesmo tom, e calça cinza. Estávamos combinando.
João Silveira, chegou nos encarando profundamente, analisando nossos rostos sem pudor, como se fossemos já um mero retrato. Tentei dissimular o constrangimento, mas o Juninho, do sofá, zombava da minha timidez. Enfim, além de nos fitar descaradamente durante todo o tempo em que esteve em casa, nos fez perguntas esquisitas sobre nossa vida particular, levantando a sobrancelha sempre que ouvia a resposta. Quando soube dos meus 44 anos, ergueu as duas, e eu não entendi o que aquilo significava.
Ao fim do interrogatório, pegou a máquina fotográfica como se empunhasse uma metralhadora e pediu que nos colocássemos a frente da parede branca. Juninho levantou-se do sofá e veio nos ajeitar, talvez eu parecesse mesmo sem jeito. Quando o artista mirou a lente em nós, eu não sabia que cara fazer, se sorria, se ficava séria, se entortava um pouco a cabeça.
Repreendendo-me por não ter deixado um espelho à mão, pensei em pedir ao Juninho que fosse buscar um no meu banheiro, mas o artista interrompeu minha iniciativa solicitando que eu e o Carlos aproximássemos as cabeças.
— Mas sem encostá-las — gritou.
Fiquei tão preocupada em não tocar a cabeça do Carlos que quando veio o flash eu nem percebi se estava sorrindo.
João Silveira olhou o visor da reflex e deu pequenas balançadas na cabeça, mas eu não consegui decifrar na hora se aquilo era um assentir de aprovação.
— Quer fazer outra, não sei se sai bem? — perguntei, ajeitando os cabelos.
— Não, senhora, gosto do primeiro click. Se a gente fica refazendo, vai perdendo a naturalidade.
— Mas e se eu saí de olhos fechados? Posso ver? — Agitei as mãos, ansiosa.
— Os olhos estão abertos, pode ficar tranquila. Está tudo certo.
Virei para o Carlos, para suplicar com o olhar que ele me ajudasse a convencer o artista a nos mostrar a fotografia, mas ele já estava de costas para mim, indo em direção à cozinha. Soltei um suspiro desanimado e apressei-me em questionar quanto tempo demoraria para vermos o quadro pronto, já que até então não havíamos tido a chance nem ao mesmo de colocar os olhos na fotografia.
— Em um mês. Entro em contato com o Carlos Júnior — respondeu enquanto dirigia-se à saída, levando consigo seu único clique e deixando comigo uma ansiedade quase incontrolável.
Na semana seguinte, cheguei a sonhar com o tal quadro, horrível. Além dos olhos fechados, eu exibia um decote indecoroso graças à camisa aberta até a metade, e o Carlos sustentava um sorriso exagerado. Acordei assustada e aliviada, mas aquilo aumentou a minha aflição.
Felizmente, ou não, a minha espera apreensiva foi abreviada quando, um dia, quase uma semana antes da data combinada, Juninho chegou em casa na companhia do Lelo, filho do pintor. Eu os surpreendi na porta da sala, carregando casa adentro a enorme tela, que pareceu-me ainda maior do que eu havia imaginado.
— Pai — gritou, Juninho, assim que colocou os olhos em mim. —Vem pra sala que tenho uma surpresa.
Eu estava estancada na porta da cozinha para a sala quando o Carlos tocou meu ombro e os meninos desviraram o quadro, com certa destreza, numa espécie de coreografia ensaiada. Num reflexo, coloquei as mãos sobre a boca e fiquei encarando a pintura a óleo sobre a enorme tela de 120 por 80 centímetros. Na imagem, tão cheia de cores e detalhes que a faziam assemelhar-se a uma fotografia, estava Carlos ao lado dela, uma mulher que eu não reconheci de pronto.
— Gostou, mãe? — Ele sorria largamente. — Fala alguma coisa.
Não falei nada, nem a mão da boca eu tirei.
— Ela tá emocionada — disse o Carlos, debochado, enquanto aproximava-se da tela.
Eu fiquei com receio de chegar perto demais, mas o Juninho começou a agitar a mão em chamamento, pedindo que eu fosse até ele para receber o presente. Quanto mais eu me aproximava, mais aquela imagem se mostrava destoante do que eu conhecia como eu. Quando estava tão perto a ponto de sentir o cheiro da tinta, desviei o olhar e virei para o Carlos, tentando descobrir em sua feição de admiração e contentamento se ele estava fingindo naturalidade para não magoar o Juninho e não desrespeitar o Lelo ou se ele estava sendo um imbecil sincero. Até que seu comentário fez-me crer que ele estivesse zombando de mim.
— Mas isso está uma maravilha, filho. —Deu um cutucão no meu braço. — Igualzinho a gente, amor. Impressionante.
Eu achei mesmo impressionante porque o Carlos a óleo estava realmente idêntico ao real, perfeito, o que me fez ficar ainda mais cismada com a discrepância da minha imagem retratada ali. Não que eu estivesse feia, com a cara sem graça, havia até um sorrisinho simpático, o meu cabelo estava arrumado, o problema é que na pintura eu parecia… velha.
Quando meu filho perguntou mais uma vez se eu havia gostado do presente, eu só consegui dar um leve sorriso e abanar a cabeça. Comecei então a pensar em qual seria o destino da tal tela, que logo no início eu havia decidido pendurar na sala de jantar. Logicamente, eu não poderia recusá-la, dizer que estava mal pintada, esbravejar a minha pouca semelhança com a figura retratada ou jogá-la fora. A melhor solução seria colocá-la em um lugar fora da minha vista, um cômodo onde eu não precisasse ir diariamente, mas logo Juninho revelou que sua intenção era outra.
Com a ajuda do Lelo, ele subiu até o andar de cima, entrou no meu quarto e pendurou o quadro sobre a cabeceira da minha cama, onde antes havia uma bela paisagem das montanhas. E eu não pude dizer nada.
Quase não dormi aquela noite e, a partir da manhã seguinte, sempre que ia arrumar os lençóis, eu ficava analisando a obra de arte que havia deliberadamente invadido o meu quarto, reparando nas rugas nos cantos dos olhos, nas olheiras pronunciadas e no rosto caído.
Um dia, o Carlos surpreendeu-me encarando a pintura.
— Cacá, você não me achou estranha?
— Estranha? No quadro?
Assenti com a cabeça e uma espécie de gemido afirmativo.
— Está linda, amor. Como sempre.
Aquela resposta pareceu-me muito vaga, e eu insisti.
— Mas não tem nada de errado? Essas… — disse, apontando na direção dos olhos.
— Essas o quê?
— Rugas, Carlos, estas rugas.
— Não seja neurótica, eu também tenho várias.
E foi assim que terminou aquela conversa. E foi ali que começou o meu envelhecimento. Carlos foi para a cozinha e eu fui para o banheiro. Acendi a luz do teto e aquela luminária que fica em cima do espelho. Aproximei bem o rosto com certo receio de olhar diretamente onde as marcas do tempo haviam sido sinalizadas naquela tela maldita. Foi quando eu as vi, as rugas, os pés de galinha a adornar meus olhos terrivelmente tristes e assustados.
Sai do quarto evitando encarar o quadro, com raiva dele e das rugas recém-descobertas. No dia seguinte, após a infeliz contemplação da obra, contemplei, com igual melancolia, a imagem real diante do espelho do banheiro, constatando que as bochechas caídas que davam um ar cansado à minha imagem a óleo também estavam presentes na minha cara, em carne e pelancas.
Em doses homeopáticas, fui descobrindo que a mulher na tela, com um sorrisinho simpático, era muito semelhante a mim mesma. Até que descobri que éramos idênticas.
Não sei se por coincidência ou maldição, passei a sentir-me mais cansada, as costas passaram a doer com frequência, os joelhos começaram a ranger ao descer escadas e a vista, de repente, exigiu lentes de leitura. Já o Carlos continuava o mesmo, com as mesmas rugas pinceladas no quadro que eu já conhecia.
Até que chegou o momento eu que, já conformada e habituada às minhas marcas de envelhecimento, eu parei de acender a luz em cima do espelho do banheiro e a analisar tão meticulosamente o meu rosto marcado pela passagem dos anos. Deixei também de encarar o quadro sobre a cabeceira todas as vezes que esticava os lençóis na cama.
Hoje pela manhã, dez anos após o quadro ter sido pintado, eu estava arrumando a cama quando percebi que a moldura estava toda empoeirada, fui passar um pano e acabei encarando a pintura, como há muito tempo eu não fazia. Ali, em óleo sobre tela, com um sorrisinho simpático, ao lado do Carlos, com as cabeças próximas, mas não encostadas, percebi que eu até que estou bem para a minha idade. Senti-me até remoçada.
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Excelente! Gostei da forma como mostra que a percepção que a gente tem de si mesmo se distorce com o tempo. E como pode ser triste negar-se à realidade. Parabens.
Olá, Antônio. É isso mesmo, que bom que leu e que tenha gostado. Muito obrigada.
Boa noite! Uma noite de paz e Abençoada!
Prendeu minha atenção até a última letra, sem me decepcionar. Muito verdadeiro, descrevendo a preocupação vaidosa feminina, em contraste com o desleixo “aparente” masculino. Detalhes deliciosos da ansiedade da mãe, suas expectativas e sua aparente decepção com a obra.
Até o fim, uma deliciosa leitura!
Oi, Pedro, que legal te ver por aqui. E que delícia ler este comntário tão incentivador. Muito obrigada.
Olá, Fernanda.
Este é o segundo conto do desafio que eu leio. Assim como o primeiro, que é da minha querida Paula, encontrei neste seu texto uma feliz aposta na naturalidade. Um conto sem rebusques, sem lirismos, sem construções metafóricas e blábláblá, que por muito tempo neste mesmo concurso garantiam altas pontuações. Que bom, sou sempre muito a favor de quebrar os paradigmas. Estava na hora de investir em outras seduções.
Sabe, há um bom tempo, não lembro quanto, li numa revista que ao olharmos para um espelho nos enxergamos cinco vezes mais bonitos do que realmente somos. Isso explica o quanto nos estranhamos quando nos deparamos de súbito com um espelho na rua. Tudo porque nosso cérebro não teve tempo para preparar o enganador habitual.
Achei bem legal a maneira que utilizou para mostrar a realidade do envelhecimento paulatino que acabamos não percebendo dada a sua lentidão. A tela serviu como o espelho da realidade na vida da protagonista.
O fato dela, dez anos depois, se achar bem na tela onde estava dez anos mais moça, mostra que, mesmo depois do impacto que a verdade lhe trouxe, a mulher continuava se iludindo. E assim a vida segue, bem como a vaidade. Nem vou mentir que bato umas 20 selfies para conseguir que uma delas me agradem. A idade chega mesmo para todo mundo.
Beijos.
Que comentário interessante, Iolandinha. Além da delicia dos elogios e da constatação de que compreendeu o q quis passar, trouxe informação. Muito legal. Muito obrigada ❤️
*Correção, “uma delas me agrade” e não “me agradem”, como escrevi equivocadamente.
Um belo conto sobre a descoberta do envelhecimento. Ninguém se vê envelhecendo, esse é um processo lento, mas todos os dias envelhecemos (e também morremos) um pouco. Percebemos que os anos já se acumularam quando, fora a degeneração física, vemos fotos de alguns anos atrás, quando inesperadamente vemos nossa imagem repentinamente refletida em um espelho casual, quando nossos filhos já estão tendo filhos e etc. etc. Esse conto chamou-me a atenção por ser um retrato do momento em que percebemos que estamos envelhecendo, um momento algo tênue e sem hora marcada para acontecer.
Parabéns pelo conto. Atribuo-lhe a nota 4,0.
Obrigada pelo comentário. É isso mesmo, de repente nos descobrimos outros…rsrs. Abraço.
10. Em óleo sobre a tela (A mulher do quadro)
Coincidência ou maldição? Era ela ou não, na tela? Mais velha do que pensava, mas, uns anos depois, e o hábito tudo faz… mais nova do que parecia.
Muito bom texto, um bom final num encadeamento de passado, presente e futuro.
Pontuação: 3,8
Oi, Sérgio, ela era sim, mas de uma maneira que ela não se enxergava. Obrigada pela leitura e comentário. Abraço.
Após ver-se refletida em uma pintura a óleo, mulher entrando na meia idade se dá conta do próprio envelhecimento.
Eu diria que dentre todos os contos que li o seu foi o que mais objetivamente abordou o tema do desafio. Mérito seu que se reflete igualmente de forma objetiva no fato de ter ficado entre os finalistas.
Seu conto é preciso em captar esse fato tão corriqueiro que nos acontece a todos, sobretudo nas mulheres, de nos acharmos mais velhos nas fotos, as mesmas nas quais, passado um ou dois anos, nos acharemos lindos e perfeitos. Daí uma forte identificação do leitor com a sua narrativa. Um motivo adicional para reconhecer o acerto do seu argumento.
Sobre a narrativa, estranhei a voz do seu narrador a princípio. Pareceu-me uma narradora grave demais para alguém em torno dos 44. Daí que enquanto lia fiquei achando que um narrador em terceira pessoa talvez funcionasse melhor. No último parágrafo, a descoberta que a narradora na verdade é uma mulher na faixa dos cinquenta, melhorou um pouco essa percepção.
A linguagem é direta sem grande recurso à figuração, o que contribui para o efeito de gravidade da narradora que citei acima.A história está bem contada e consegue produzir o efeito esperado. Notei alguns poucos deslizes insignificantes na revisão.
O grande mérito para mim foi realmente seu argumento absurdamente certeiro. Parabéns pelo trabalho e pelo resultado obtido. Um abraço.
oi, Elisa, obrigada pelo comentário detalhado e generoso. Sim, ela já tinha seus 54 quando contava a história. Achei interessante esta sua percepção a respeito do tom da protagonista e de como vc a enxergou mais velha desde o início. Muito obrigada. Bjs.
Olá.
Resumo 📝 História de uma mulher que depois de receber um retrato seu de presente do filho, passa a sofrer um tipo de estress e desilusão com sua aparência. Ela não se reconhece na imagem. Nega o próprio envelhecimento. E persiste nessa fuga de realidade por toda a vida.
Gostei 😁👍 Olá, um texto extremamente pontual, parece feito por alguém perfeccionista pois dá a impressão que tudo que o autor pensou foi executado com sucesso. Gostei muito da escrita, da estrutura, dos diálogos, dos personagens tão críveis e da forma como o autor nos levou até o entendimento do desfecho. Até ela dizer que se achava velha na imagem eu fiquei na dúvida se ela realmente não estava sendo trollada por todo mundo rsrs. A intensidade do choque que ela teve ao ver o quadro foi palpável, convence o leitor de cara…e todo o processo até ela entender que sim, era ela, mas que não, ela não ia aceitar, foi feito com bastante naturalidade. O final preenche todas as lacunas com uma certa delicadeza. Surpreende a sua maneira e deixa aquela sensação de pena da personagem…mas de compreensão também.
Não gostei🙄👎 Não desgostei de nada em específico. Na verdade não gosto da ideia de ter que escolher entre os dois contos… e não poder reaver a minha nota, por mais que eu vá preferir o outro conto, não gostaria de dar menos que 5 pra você. E nessa fase de comparação, queria aumentar a nota do outro…enfim, desculpe a divagação em pleno comentário. 😁
Destaque📌 “E foi ali que começou o meu envelhecimento. Carlos foi para a cozinha e eu fui para o banheiro. Acendi a luz do teto e aquela luminária que fica em cima do espelho. Aproximei bem o rosto com certo receio de olhar diretamente onde as marcas do tempo haviam sido sinalizadas naquela tela maldita. Foi quando eu as vi, as rugas, os pés de galinha a adornar meus olhos terrivelmente tristes e assustados. “
Conclusão 😮 = Texto muito bem escrito, executado com propriedade pelo autor. Bons diálogos e a protagonista é muito bem desenvolvida.
Muito obrigada pelo comentário tão animador e incentivador, Amanda. Fico feliz que tenha gostado e o tenha enxergado desta maneira tão generosa. Obrigada. Bjs.
O TEXTO É BONITO. 1 FILHO RESOLVE DAR DE PRESENTE 1 QUADRO AOS PAIS. PARA ISTO CHAMA 1 PINTOR AMIGO. NOTA 4,5
Obrigada, Julia.
Resumo: Uma mulher ganha de presente do filho um quadro em óleo sobre tela seu e de seu marido. Descobriu quando viu o quadro que estava velha.
Olá, Mulher do quadro!
Parabéns por ter sido uma das finalistas! Eu já havia lido o seu conto e gostei bastante!! Esse momento onde a imagem mental que temos de nós mesmos é desbancada pela realidade é realmente triste… Por isso eu já tento me adaptar as mudanças e atualizar minha imagem mental sempre… Kkkk
O conto é muito bom de ler, é fluído, direto, sem melodrama nem afetação. Os personagens são muito reais e críveis, a protagonista é extremamente bem construída, e nos identificamos muito com o seu drama, querendo ou não, todos vamos passar por isso.
Ótimo conto! Parabéns e boa sorte!
Obrigada pela leitura, Pri. Que bom que tenha gostado do texto e escrito um comentário tão positivo e animador. Bjs.
Grupo 2 –- Etapa Finalistas – Em óleo sobre a tela (A Mulher do Quadro)
Nota 5,0
Análise:
Gramática – excelente texto. A cronologia e as etapas da história estão muito bem organizadas e cadenciadas, uma assunto talvez difícil de escrever e explicar ficou muito bem colocado e claro, numa fácil leitura e de muita fluidez
Criatividade – excelente. Um texto realmente inovador e que descreve bem o tema envelhecer. No dia-a-dia, não nos damos conta que o tempo está passando. E o texto, de forma muito criativa, demonstra que situações inusitadas, que quebram a rotina, como um presente de pintura a óleo, nos coloca de fronte a uma outra realidade, difícil, certamente, de reconhecer: o envelhecimento
pontos positivos – história 100% inserida no tema envelhecer
pontos negativos – não há
Olá, Eneida. Que ótimo que tenha encontrado tantos pontos positivos e nenhum negativo. Fico feliz. Abraço.
Casal ganha um retrato de presente dado pelo filho. A obra surpreende a mãe, que parece ter reconhecido as marcas da idade a partir daquele momento, passando a refletir sobre aquilo por um tempo até esquecer. Um dia, ao retomar a imagem em uma situação corriqueira e depois de 10 anos, sente-se bem ao sentir sua juventude de então.
O conto faz uso de metalinguagem ao tratar da imagem que nos reconhecemos a imagem vista em nós pelo artista – e a imagem que buscamos passar para os outros. Bastante reflexivo em todos os sentidos, escrito de forma bem simples, sóbria, sem floreios, profissional. O escritor parece em um ensaio de teatro no qual nos traz elementos como um movimento de sobrancelha previamente combinado entre seus personagens e nos brinda com tal descrição, o que acontece em grande parte do texto. Enfim, um bom conto.
Oi, Felipe, muito bom o seu comentário, obrigada.
Em óleo sobre tela (A mulher do quadro)
Resumo: Filho presenteia sua mãe e seu pai com um quadro a óleo. A mãe se desconserta com a imagem que vê. Aos poucos se descobre tal como o quadro que lhe foi pintado.
Comentários: Conto bom de ler. Não é um conto com surpresas. Sua estrutura conduz ao final esperado – o que só acontece ao término da leitura. Tem uma pegada inversa ao Retrato de Dorian Grey, que, ao contrário de envelhecer mantendo o retratado sempre jovem, aqui, o jovem (a jovem) vai se modulando lentamente ao quadro, percebendo-se nele como algo fiel ao que seu rosto mostrava. Creio que a mulher se vá descobrindo como o que realmente era, quebrando a ilusão de não envelhecer, surpreendendo-se com o fato de que as rugas e as papadas chegam para todos que permanecem vivos.
Boa sorte no desafio.
Oi, Angelo, obrigada pelo comentário. Não imaginei que o meu final (ela se ver no quadro pintado dez anos antes e por isso sentir-se rejuvenecida) fosse o esperado …mas tomara que não o tenha decepcionado. Não é o único que cita Dorian Grey, mas não me inspirei na obra. Obrigada e abraço.
O conto mostra que a maioria das pessoas estão velhas fisicamente, mas não na mente, esta, não envelhece. O conto foi bem escrito, com diálogos e narração perfeitas. Parabéns pela classificação.
Muito obtigada, Antônio. Abraço
Olá, autor.
Um casal recebe do filho um presente. Um quadro pintado em óleo sobre tela, que a princípio causou um sentimento de choque e desconexão, mas que quando observado atentamente levou a mulher a um encontro com a própria identidade. Um conto sobre aceitação.
AVALIAÇÃO: Utilizo os seguintes critérios: Técnica + CRI (Coesão, Ritmo e Impacto) sendo que, desses, o impacto é subjetivo e é geralmente o que definirá se o conto me conquistou ou não.
Técnica: O autor opta por um texto intimista, narrado em primeira pessoa, o que nos revela as cenas e os outros personagens de modo a permitir que o leitor complete os sentidos. Linguagem acessível, fluida, sem grandes rebuscamentos. Os diálogos são muito bem utilizados e conferem ação à narrativa. Chamou-me a atenção o distanciamento do marido em relação às incertezas e angústias da esposa. Isso ficou bem marcado pela linguagem utilizada. Um enredo com uma boa trama profunda.
CRI – O texto recorta uma parte da realidade e a desvela, aprofunda, o que é essencial num bom conto. O ritmo é leve e acompanha a narrativa intimista. O impacto é muito gostoso, alguns toque leves de comicidade e muita sensibilidade.
Parabéns, um abraço.
Oi, Lú. Legal a sua forma de avaliação. E que bom que foi positiva rsrs. Quis realmente colocar todo o foco nela. Era algo íntimo demais para que o marido tivesse uma participação mais intensa. Não quis dispersar a atenção além do íntimo da protagonista. Mas legal saber que para vc ficou esta deficiência. Bjs.
Nota – 4,5
Muito boa a ideia do quadro como consciência da protagonista sobre o passar do tempo. Um “O Retrato de Dorian Gray” ao inverso. Já que a imagem na tela se manterá com 44 anos, enquanto a modelo continuará envelhecendo. Parabéns! Mas, como meu critério na primeira fase foi comparativo, nada mais justo usá-lo na segunda fase também. “Amanhã Vou ao Cinema” mostrou mais força narrativa e nos inseriu de forma mais incisiva no universo da velhice.
Oi, Valéria. Agardeço seu comentário e análise. Abraço.
Em óleo sobre tela (A mulher do quadro)
Resumo:
A história narrada pela mulher do quadro. Mãe e pai vão completar 20 anos de casamento e o filho decide presenteá-los com uma tela que retrataria os dois. A tela chega, a mãe fica atônita com a imagem dela. A partir daí, passa a observar as rugas, as marcas do tempo no corpo. Ao final, com um desfecho suave, percebe-se confortável na realidade.
Comentário:
É impressionante como que a capacidade de trabalhar com palavras transforma um acontecimento singelo numa fonte inesgotável de meditação. Neste texto, a sutileza contida em cada diálogo constrói a fortaleza da verdade contida na história contada. A mensagem da aceitação, o abrandamento da dicotomia entre “ser” e “parecer” velho.
Confesso que, com o narrar tão fluente, tão real, tão palpável quanto subjetivo, durante a leitura, cheguei a passar a mão no rosto, nas bochechas caídas, nos pés-de-galinha fincados no canto dos meus olhos. E me peguei sorrindo!
Que escrita linda. Que maneira encantadora de “dizer” as coisas mais simples, que facilidade para contar pensamentos que, de tão simples e tão “primitivos”, teimamos em externar com “rococós”. Aqui, cada diálogo, mesmo que tenha aparência “banal”, traz uma carga de significado. É preciso saborear cada palavra. Nenhuma está aí sem sentido. Cada qual carrega o seu propósito, exerce uma função. É preciso catar o que tem de subjetivo, linha por linha.
Mulher do quadro, parabéns pelo trabalho. Parabéns pela sensibilidade, pela competência que você tem na lida com a escrita. É apaixonante. Este é outro texto que eu gostaria de ter escrito.
Obrigada pelo presente! Isso mesmo! Oferecer um trabalho desta magnitude é um presente para o leitor.
Boa sorte na decisão!
Abraços…
Oi, Dona Rê, esse seu comentário mostra a grandeza do seu coração e a capacidade de encontrar a parte boa e salientá-la. Agradeço demais. Seu comentário me deixou muito feliz. Abraço.
A narradora é uma mulher de 44 anos que descobre que está envelhecendo quando vê a pintura de um artista representando ela mesma e o marido. Primeiro em negação, ela acha a pintura mal feita, mas com o tempo descobre que sim, ela tem rugas e pés de galinha. No final, 10 anos depois, ela se olha no quadro e se acha jovem – apesar do quadro ainda retratar uma imagem sua de dez anos atrás.
Gostei muito do conto, especialmente de como ele fala destes detalhes pequenos que estão presentes em nossas vidas. Apenas nós mesmos temos acesso a todas as versões de nós mesmos. Quando vemos outras pessoas em fotos, elas são exatamente como as conhecemos. Mas quando vemos a nós mesmos em fotos, costumamos achar que “esta não é a melhor versão, poderia ter ficado melhor”.
O conto fala sobre a descoberta do envelhecimento. Acompanhamos como a personagem identifica que está, finalmente, ficando velha. E isto é assustador para muitos – mas para ela, especialmente. O mais legal é o fato escondido de que ela parecia já saber que iria ver uma versão diferente do que ela esperava. Isso se reflete no nervosismo intenso que ela sentiu desde a proposta do filho para que um artista a pintasse em um quadro. Isso fala muito daquela nossa negação – que sentimos sempre que olhamos para o espelho e “decidimos não ligar a luz de cima”. Quando estamos ficando gordos mas encolhemos a barriga para nos convencer de que ainda falta um pouco. Quando estamos ficando velhos mas viramos o rosto em ângulo onde as cãs ou as rugas ficam escondidas. A gente sabe… mas não quer ver. E foi assim com a personagem deste conto.
Por fim, a enganação volta a atacar no final quando ela, com 54 anos, vê-se na pintura de 44 e se acha jovem – ela trás pra si aquela imagem, como e fosse verdade ainda hoje.
É por isso, eu acho, que o seu conto é tão bom: ele fala de sentimentos do dia a dia, sentimentos verdadeiros que a maioria das pessoas têm mas que escondemos ou simplesmente nunca falamos com ninguém. É um mergulho na vida privada; toca nas feridas. Muitíssimo interessante.
Quanto à escrita: maravilhosa. Nem exageradamente rebuscada, nem simples demais. Bonita, clara, fluida, sem erros. Li até o final e nem senti o tempo passar. Parabéns!
Olá, Marco Aurélio, nem sei como agradecer este comentário tão generoso. Muitíssimo obrigada pela leitura atenciosa. Ganhei o dia.Obrigada.
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10. Em óleo sobre a tela (A mulher do quadro)
Coincidência ou maldição? Era ela ou não, na tela? Mais velha do que pensava, mas, uns anos depois, e o hábito tudo faz… mais nova do que parecia.
Muito bom texto, um bom final num encademento de passado, presente e futuro.
Pontuação: 3,8
10) Em óleo sobre tela
Filho de 20 anos presenteia os pais com quadro pintado a óleo. O motivo do quadro é o próprio casal baseada em foto que o próprio artista bateu em dia e horário previamente combinado. Ao chegar o quadro, a mãe do rapaz não se reconhece na tela. Viu-se velha ali. Foi nesse presente que começou seu envelhecimento. Precisou passar um tempo para ela reconhecer que ambas eram idênticas.
ANÁLISE: Narrativa bem construída. Texto claro que cria expectativa sobre o que está por vir. Excelente e criativo conto! Maravilhoso! Um assunto muito real, simples e profundo. Parabéns ao escritor!
A nossa idade reflete o que somos, será que essa casca que carregamos desde que nascemos realmente é condizente com o que há por dentro?
Achei um bom texto, esta bem escrito e fluido de ler.
Não trás nada marcante ou inovador, mas é honesto e entrega muito bem o que se propões!
Parabéns pela escrita, boa sorte.
Obrigada, Rafael. Abraço
Resumo: Casal recebe uma tela do filho como presente de 20 anos de casamento e a mulher não consegue acreditar que seja tão velha como foi retratada no quadro.
Desenvolvimento do Enredo: Gostei bastante. O enredo foi bem executado, ficou bom de ler e nada cansativo. A narradora-personagem foi criada com muita segurança. Há um leve toque de humor em algumas passagens. Há alguns errinhos mínimos de pontuação e acentuação, nada que atrapalhe o desenvolvimento do conto.
Composição das personagens: Quem mais se mostra, digamos, é a narradora-personagem e provavelmente não poderia ser diferente. A ação entre ela e as outras personagens está no tom certo, a meu ver. O conto parece ter sido realmente para destacar somente a ela.
parágrafo inicial: O início do conto funciona. Eu gosto de terminar as leituras com um conto que, ao começar a leitura, sinto que vou gostar. E quando li o início tive a certeza de que poderia deixá-lo para o final, pois seria um “bom encerramento”. E foi mesmo.
Finalização: Até o final, o conto cumpre o que promete em sua simplicidade. Um final sem reviravoltas, mantendo o ritmo do restante do texto.
Oi, Bia, que maravilha ler seu comentário. Bastante incentivador e animador. Sim, o foco era para ser ela com ela mesma rsrs. Que bom que leu com tanta atenção e carinho. Obrigada, viu? Bjs
Oiiii. Um conto sobre um casal que ganha um quadro de presente do filho. A mulher se mostra preocupada de como ficaria na pintura, principalmente porque não conseguiu ver a foto que o pintor tirou. Quando chega o quadro ela começa a achar que a figura dela pintada está velha demais e planejava colocar o presente em um lugar mais escondido, mas o filho colocou a pintura no quarto. Devido a presença do quadro a mulher começou a se sentir envelhecer e seu corpo sentia a idade. No fim,após dez anos ela parece fazer as pazes com o quadro e com o ato de envelhecer, pois passou a achar que a figura pintada estava mais moça. A personagem principal foi bem construída assim como o momento em que ela começa a questionar a figura no quadro, provavelmente por ter em sua mente uma versão diferente do seu rosto. Uma reflexão sobre como envelhecer é algo complexo e que tem que ser assimilado aos poucos, no fim o melhor é fazer as pazes com o tempo assim como ela fez. Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.
Oi, Ana, é isso mesmo. Obrigada pela leitura atenciosa e pelo omentário. Abraço.
Resumo: Uma mulher recebe de presente do filho uma tela dela pousando ao lado do marido. Ao olhar para a pintura, não se reconhece na imagem. A mulher ao lado de seu marido em nada se parecia com ela, era mais velha e feia. Só depois de algum tempo rejeitando a imagem no quadro, foi que ela tomou consciência de que já estava envelhecendo e que sua juventude há muito lhe deixara.
Cometários: Um conto bem escrito, linguagem impecável e excelente escolha das palavras. Me fez lembrar a todo instante do livro “O Retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde, e por isso, já no meio da história, imaginei o que ia acontecer. Talvez o(a) autor(a) tenha se inspirado nessa história, no entanto, um conto gostoso de ler.
OI, Claudinei. Obrigada pelo comentário. Já citaram o Dorian Gray nos comentários, mas não me inspirei na obra. Inlusive o final é bem diferente, não entendi como sabia o aconteceria o comparabdo com a obra de Oscar Wilde. Mas fico feliz que tenha sido uma leitura prazerosa. Abraço.
Lê-se uma epifania que coloca uma mulher de frente com a própria idade. A maneira como o suspense é construído em torno do quadro por meio da expectativa com a escolha de roupa, passando pelo pintor misterioso e autoritário e chegando à revelação que toca a protagonista de uma forma singular que não é sentida por mais ninguém. Tudo isso imerge o leitor no impacto que a personagem sofre, fazendo com que simpatizemos e entendamos seu drama. O processo de aceitação também é envolvente, sendo interessante como, uma vez constatada, a idade parece se apresentar em todos os aspectos da vida cotidiana da mulher, cercando e sufocando. O final, no entanto, é o de completa aceitação e até regozijo. Achei um toque perfeitamente colocado o levantar de sobrancelhas do pintor. Parece que ele percebeu muito antes dela, dez anos antes para ser preciso, que ela estava era muito bem para a idade.
Ótimo conto!
Oi, Pedro. Legal ler a sua interpretação do meu texto. É isso mesmo. Muito obrigada pelo comentário tão animador. Abraço.
Em óleo sobre a tela é a história de uma mulher cujo filho oferece um quadro, seu e do marido. Quando ela recebe o quadro, não se reconhece, porque no retrato parece do que ela pensa que é. Com o passar dos anos, ela repara que, afinal, até está bem conservada.
Numa linguagem clara, a autora narra de forma perfeita uma etapa da vida de cada pessoa, homem ou mulher, que é a aceitação do nosso próprio corpo e do efeito da idade. A ideia que fazemos de nós próprios, cada vez mais adulterada pelo acumular de referências que vemos nas redes sociais, da perfeição, faz com que algumas pessoas se sintam infelizes. A aceitação, no caso deste conto, vem através de um quadro. Ela teve a má sorte de lhe ter saído um pintor realista, porque se tivesse sido alguém da fase do impressionismo nem sequer se reconhecia…
O conto é fluído e prende o leitor. A reviravolta final existe, na figura da aceitação – anos mais tarde ela passa a aceitar a imagem que tinha dez anos antes. A elegância patente em toda a narrativa seduz e cativa. Parabéns.
Oi, Jorge. Que beleza de comentário, muito obrigada. Sim, se fosse um impressionismo nem haveria conto rsrs. Abraço.
Resumo: Uma mulher encara seu envelhecimento a partir de um quadro pintado à óleo.
Olá, Mulher!
Gostei muito do seu conto.
A narrativa peca em alguns momentos, com tropeços na revisão que atrapalham a fluidez do conto, mas isso você resolve com uma lapidação mais cuidadosa. Não releve isso, pois o resultado final fica prejudicado, mesmo sendo perdoável. O ponto forte da leitura, ao meu ver, foi a naturalidade da narrativa em primeira pessoa. Você deu vida ao personagem. E isso é bem difícil de fazer. Muitas vezes, alguns escritores se tornam tão mecânicos, tão racionais, que escrevem maravilhas sem alma. Você pode ser aquele tipo de pessoa que escreve maravilhas com almas. O tipo de escritor que admiro.
Sobre a história, sua simplicidade e humanidade encanta. Você conduz tudo com tanta naturalidade que sentimos a resistência da protagonista em reconhecer o envelhecimento e, conforme desenvolve o conto, acompanhamos seu processo de aceitação. Esse é o ponto forte da história, que não brilha em complexidade ou criatividade, mas tem sua luz na sensibilidade. E amei a forma como você abordou o tema. Não é original, claro, mas combinou perfeitamente com o que pretendeu entregar.
Parabéns pelo trabalho! Ficou muito bom, em linhas gerais.
Nota: 4,0
Olá, Fabio, bom te ver por aqui. Obrigada pela leitura atenciosa. Algumas coisas podem ter passado na revisão, vou ler novamente, ainda não as percebi. Legal que tenha gostado. Abraço.
Olá, Autor(a),
Tudo bem?
Resumo: O incômodo de uma mulher, ao se ver retratada de modo realista em uma pintura.
Simples e irônica, esta trama traz elementos que fazem, inevitavelmente, lembrar a obra “O Retrato de Dorian Gray” – Oscar Wild. Tal alusão dá-se no sentido de a premissa trazer, mais que a ideia de um quadro retratando a protagonista (e seu marido), o confronto da mulher com sua própria imagem.
Se por um lado, na trama de Wild, acompanhamos o protagonista vaidoso que se vê envelhecer na tela, de acordo com a evolução do “apodrecimento” de seu caráter; no presente conto, percebemos que a vaidosa estranha-se na pintura, não por possuir algo que desabone sua conduta, mas, pela aparência realista e envelhecida da figura pintada em si.
Um jogo interessante do(a) autor(a), é mostrar que, para ela, o marido estava perfeitamente retratado, ao passo que ela não. O espelho engana…
Outro ponto chave, é o momento em que o quadro “se torna” mais jovem que a protagonista. Quem de nós não se achou bonito(a) em uma foto do passado que, anteriormente, odiava? Eu sim. Muitas vezes.
Parabéns por seu trabalho.
Beijos
Paula Giannini
Oi, Paulinha, obrigada pelo comentário em meu texto. Apesar de ter notado semelhanças, não inspirei-me na obra de Oscar Wild… mas gostei de sua análise comparativa. Obrigada pela ateniosa leitura. Bjs
Olá, Mulher Do Quadro.
Resumo da história: casal ganha do filho um presente, um quadro pintado a óleo, feito por um artista que é o pai de um amigo do garoto. Ambos reagem com alguma surpresa e algum tempo depois são visitados pelo pintor, que tira uma foto do casal. Quando o quadro fica pronto, contudo, a imagem realista da mulher envelhecida na pintura não corresponde à imagem mental da mulher, que não se reconhece, embora todos os demais tenham achado o quadro muito fidedigno.
Com o passar dos anos, no entanto, ao observar a imagem congelada no tempo, o quadro passa a agradá-la mais, por registrá-la cada vez mais jovem.
É um conto muito bom, muito sensível por perceber essas nuances da maneira feminina de sentir, de encarar o envelhecimento, que parece ser mais duro para as mulheres, desde muito pequenas orientadas a cuidar da beleza, para serem princesas, etc. A escrita é muito segura tbm, assim como os diálogos foram bem naturais.
Boa sorte no desafio!
Oi, Rubem, agradeço a leitura e o comentário. Abraço.
RESUMO:
Casal completa 20 anos de casamento e recebe de presente do filho um quadro, pintura a óleo sobre tela. A mulher não se reconhece no retrato, pois acha que foi retratada como alguém mais velho, com as marcas do tempo no rosto. Já o marido, Carlos, segundo ela, estava realmente idêntico ao real, o que a fez ficar ainda mais cismada com a discrepância da sua imagem retratada.Aos poucos, foi se acostumando com a pintura e até se identificando com a mulher do quadro. Foi se sentindo mais cansada, como se os sinais de envelhecimento chegassem de repente. Dez anos depois, admirou-se no retrato e concluiu que estava muito bem para a idade, até remoçada.
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F Falhas de revisão Esta é a parte que menos importa na minha avaliação. Só para constar mesmo. Não percebi nada de grave.
I Impacto do título Apenas a menção de uma pintura a óleo. Não chega a tirar o impacto do enredo.
C Conteúdo da história Interpretei que a mulher estava realmente envelhecida para os seus 44 anos, principalmente pela reação do pintor ao saber da sua idade. Entretanto, ela não se dava conta disso, sentia-se jovem e confiante. Ao se ver retratada como era, começou a sentir a velhice chegando e foi se acomodando a essa nova fase. Dez anos depois, era normal que se achasse renovada, remoçada na tela, pois era agora uma década mais velha. A tela funciona como uma espécie de espelho, em que ora ela se vê envelhecida, ora se vê remoçada. Tem alguma relação com o Retrato de Dorian Gray?
A Adequação ao tema O tema do desafio foi abordado adequadamente.
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E Erros de continuação Não chega a ser um erro, mas achei pouco provável um jovem de 19 anos (no máximo) ter a ideia de dar um retrato a óleo para os pais. Acho que nem se daria conta das bodas dos pais. Seria mais verossímil se fossem bodas de 25 anos e alguém quisesse presentear o casal com o quadro.
M Marcas deixadas Uma sensação divertida de perceber que se enxergar como se realmente aparenta não é algo fácil, pois sempre nos vemos de um modo diferente, através de uma lupa de subjetividade.
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C Conclusão da trama Desfecho bem humorado da mulher, agora cinquentona, de bem com a sua imagem, mesmo que se veja com anos a menos.
A Aspectos quanto à originalidade do conto Nada de muito original, mas também nada de tão reprisado.
S Sugestões Talvez mudar as bodas de 20 anos para bodas de prata (25 anos). E enxugar um pouco algumas passagens que me pareceram desnecessárias.
A Avaliação final Bom conto, revelando leve visão do envelhecimento.
OI, Claudia, legal a sua leitura atenciosa e seus comentários. Interessante ter citado a idade do filho. Eu queria um jovem realmente e acho que o texto ganhou com isso. Imagine este conto sem os diálogos e as ações de um jovem? Acho que o texto perderia o tom descontraido que quis intercalar com o tom pesado de outras situações. Mas agradeço e respeito a sua opinião. Bjs e obrigada.
Resumo: casal ganha do filho tela a óleo como presente de 20 anos de casamento. A mãe, ao se ver retratada não se reconhece na velhice que seu retrato transparece. Quando passa a se comparar diante o espelho as semelhanças do que ver e o que representa a tela. Ao cabo dos anos reconhece que de fato o retrato é a sua semelhança.
Gramática: Leitura fluente e dentro da formalidade, sem problemas gramaticais aparente.
Avaliação: Mais um belo conto retratando a velhice sem enveredar pelo lugar comum, e, aliás, um enredo originalíssimo. Muito bem desenvolvido, numa narrativa que mantêm o foco do enredo do começo ao fim. Onde cenário, personagens e narrativa, como a um quadro, se compõem perfeitamente. E para colorir melhor o quadro um humor sutil que engrandece em muito o conto. Esta foi a leitura mais fácil dentre as que li até agora. De todos os contos desta leva este talvez seja o mais bem acabado. Eu gostei da narrativa que o narrador dá para a protagonista. E do desfecho.
Oi, Paulo, agradeço demais o seu olhar e a sua generosidade durante a leitura do meu conto. Fico muito feliz com este comentário. Muito obrigada. Abraço.
Resumo — Casal ganha do filho um quadro em que ambos são retratados. A mulher tem dificuldade em ver sua idade devidamente representada na pintura. De alguma forma a pintura mexe com sua autoestima.
Técnica — O estilo é direto e o vocabulário simples, mas a mensagem subliminar foi bem orquestrada.
Trama — A luta no inconsciente da idade real contra a da idealizada ficou muito bem estruturada. O final, constatando a impossibilidade da personagem em assumir a própria idade, foi alfinete no olho.
Impacto — “Ao fim do interrogatório, pegou a máquina fotográfica como se empunhasse uma metralhadora e pediu que nos colocássemos a frente da parede branca.” – Sim, para algumas pessoas tirar uma foto é um verdadeiro paredão de execução na autoestima.
Olá, Catarina. Muito feliz com seu comentário. Obrigada pela leitura. Bjs
Olá, Mulher do Quadro, você me conta a história, interessante do impacto causado pelo presente do filho, como comemoração pelos vinte anos de casados. Uma pintura a óleo sua e do Carlos, seu marido. Ao receber o presente constata a total discrepância entre a imagem na tela e aquela que tinha de si mesma. O artista pintara uma mulher velha. Passados dez anos, numa oportunidade que teve de olhar em detalhe novamente o quadro, descobre que está até bem nele. Uma forma criativa você me trouxe de mostrar a dificuldade que temos em envelhecer. O quadro que há dez anos era desprezado porque mostrava uma mulher mais velha, agora, dez anos mais idosa, é visto com um olhar totalmente invertido. Você sabe contar a história, está tudo certinho, o tema, o enredo… Mas eu lhe conto, Mulher do Quadro, que faltou da minha parte o encantamento com a sua obra. Eu, infelizmente, e isto deve ser culpa minha, não consegui mergulhar na história. Assisti-a de fora, como expectador frio somente. Receba o meu abraço.
Oi, xará, obrigada pelo comentário. Pena ter faltado um algo mais que o encantasse. Abraço.
Um quadro, dado de presente pelo filho, com a imagem do casal, se torna uma tortura para a narradora, porque ela não se reconhece na velha cheia de rugas que o quadro retrata. Somente com o passar dos anos é que ela se costuma ao quadro que agora a retrata dez anos mais jovem.
Considerações: Ter a sua imagem congelada para sempre numa imagem, já foi a perdição de Dorian Grey— é que a imagem que concebemos como nossa é aquela a que já nos acostumamos e nosso cérebro parece agir como um filtro generoso que cobre nossas imperfeições, porém, quando essa imagem é confrontada com o registro impresso, o choque é inevitável. Me parece ser essa a sacada do autor (a) e o desenvolvimento é perfeito. Gosto quando aquilo que leio me coloca no lugar do personagem, e fazer isso não é fácil, então parabéns e boa sorte.
Ola, muito agradecida e contente com seu comentário no meu conto. Obrigada. Abraço.
Juninho, o filho da narradora e protagonista, resolve oferecer aos pais, como prenda de aniversário de casamento, um retrato do casal. Poderemos considerar dois momentos no tempo narrativo: o da ansiedade por parte da protagonista enquanto aguarda pelo quadro, e o de estranhamento e dificuldades de identificação depois de o ver. Este encadeamento de sentimentos, e os sentimentos em si, encontra-se muito bem conduzido e desenvolvido, o que por sua vez leva a uma óptica caracterização indirecta da personagem.
A personagem não é velha: é uma personagem que envelhece enquanto lemos, e que devido a um elemento exterior (o quadro, o confronto que tem com o modo como outros a vêem) é forçada a alterar a sua visão de si mesma, o modo como se identifica, a sua noção do “eu”. Não só é algo muito empático, como também uma das representações mais vívidas do tema do desafio.
Oi, Inês, que beleza de comentário e interpretação do meu texto. Fico muito agradecida. Abraço.
Olá A mulher do quadro.
Um libelo de como uma mulher pode se sentir quando enfrenta a própria vida, tumultuada pela aparição e constatação da velhice se aproximando, lenta e diretamente no rosto. Um quadro a óleo, feito de uma fotografia, permitiu ao artista retratar essa condição, exaltando, infelizmente, a “marca” do tempo.
Retratar a alma faz parte do conto, porque interfere diretamente no discreto pensar de uma mulher amadurecida e a traz, de repente, para uma realidade que não supunha haver em seus pensamentos. Construído um conto simples, singelo, amoroso e participativo com o marido, o filho, o artista e a sua condição de, encontrando o motivo, espelhar as rugas, os pés de galinha, enfim, o seu eu descoberto e, antes, adormecido.
Um diálogo coerente, uma sugestiva linha de pensamento e um final macio e aconchegante, na alma que sobressai e ampara um interior indulgente.
Parabéns! Sorte no desafio.
Oi, Cilas, que legal seu comentário e muito boa a sua interpretação. Muito obrigada. Abraço.
O filho presenteia os pais com uma tela retratando o casal. A protagonista-narradora não se identifica com a pintura, parecia-lhe uma mulher mais velha. Mas, aos poucos, olhando-se no espelho vai percebendo que era ela mesma e se sente remoçada.
O conflito principal é clássico: o próprio envelhecimento passar despercebido até que algo desperte para a realidade. Lembrou-me o RETRATO de Cecília Meireles. Como no poema, em primeira pessoa, o conto mostra a transição da vida. Assim, o desfecho, apesar de válido, eficaz e coerente, é previsível.
O texto traz um tom melancólico. O título se encaixa perfeitamente, porque a pintura simboliza algo estático, parado, eternizado. Uma leitura prazerosa, toda a narrativa está bem regida, com muitos pontos altos, ganha o leitor com boas descrições e o envolve.
Parabéns, bom trabalho! Abraço.🌹
Oi, Fátima, que bom ter proporcionado a você uma leitura prazerosa. Agradeço a leitura e o comentário. Bjs