Beto coçou o nariz com o dedinho e lançou a meleca para longe. Depois, coçou as suas partes intimas e sentou como se fosse o rei da Inglaterra em uma cadeira giratória apodrecida.
Na sua frente, a TV de tubo estava a um metro de distância. O homem observava alguns pinguins se equilibrando em uma calota de gelo enquanto um locutor narrava a situação. Beto tinha um salgadinho de queijo e um refrigerante de dois litros prontos ao seu lado na bancada.
A noite ia ser boa. Só precisava ficar acordado durante todo o expediente. A loja de conveniência “Compre Mais” não recebia clientes suficientes durante a tarde, imagina na madrugada.
O chefe Tom vestiu seu sobretudo e olhou diretamente para Beto.
— Olha aqui, Beto, vê se não pega mais chocolate na merda da prateleira, senão vou começar a te cobrar… o salgadinho é por conta da casa, mas o chocolate não, ouviu?
Beto desviou os olhos da TV e estremeceu ao encarar seu patrão. Os olhos do chefe eram escuros e o cabelo estava penteado para trás, semelhante aos mafiosos antigos dos filmes do Martin Scorcese.
— Pode deixar chefe — gaguejou, se endireitando na cadeira como uma criança assustada. — Não vou pegar mais chocolate.
Tom manteve a face séria.
Luiza, a namorada de Beto, tinha lhe avisado bem cedo sobre os “negócios” obscuros do patrão, sua mercadoria ilegal e seu temperamento agressivo. Era melhor obedecer a ele sem reclamar.
— Outra coisa… eu já tranquei o congelador e a porta dos fundos, o seu trabalho está aqui na frente, entendeu?
— Sim senhor.
— Ótimo. Logo de manhã você tem um voo, lembra? Não se esquece, garotão!
— Ora se não me esqueci! Muito obrigado pela oportunidade, chefe Tom.
Se tinha uma pessoa que ajudou Beto a reestruturar a sua vida nos últimos tempos era o grande Tom.
A oportunidade era uma viagem até a Colômbia. Parece que o chefe planejava expandir os seus negócios para fora do Brasil, e quem ele decidiu contratar para ajudar ele? O bom e velho Beto do atendimento. Dois mil reais fácil no bolso, apenas para levar um carregamento. Moleza.
— Não há de quê — O dono da loja retirou um papel formal do bolso, balançou ele em frente a Beto. — Esse é o seu bilhete de embarque, não perca ele, ouviu?
— Mas nem ferrando! — Beto colocou o bilhete no bolso mais fundo de sua calça jeans suja.
— Bom trabalho, garotão! Nos vemos daqui alguns dias. — Ele deu um tapa amigável no ombro do atendente, assim como o dono de um cachorro faz carinho em seu animal de estimação. Mesmo Beto tendo trinta e poucos anos, ainda era chamado de “garotão”, e para falar a verdade, até que gostava.
— Boa noite, chefe.
Tom esbarrou na porta dupla e fez o sino tilintar.
Beto olhou em volta. O estabelecimento não era tão pequeno para sentir piedade. Havia meia dúzia de freezers guardando cervejas, refrigerantes e energéticos. Uma seção só de salgadinhos e outra de produtos matinais, como achocolatados, café e açúcar. Tinha até um açougue e um lugar para comprar pão. Uma porta levava para o banheiro e para um corredor em direção aos fundos: a área restrita.
Lá fora, alguns postes atacavam o asfalto com sua luz amarelada e o estacionamento estava vazio.
O atendente da noite relaxou. Assistiu alguns documentários, ocupando uma hora e meia, depois trocou de canal para assistir algum filme de comédia besteirol. Riu quando um homem se vestia de mulher e fazia piadas machistas e impróprias. Devorou o salgadinho que o chefe Tom tinha separado para ele, achou o gosto meio estranho, mas comeu do mesmo jeito. Economizou o refrigerante de uva para durar a madrugada inteira.
Nesse período, também pensou em Luiza. No seu corpo, no seu amor, e nas suas promessas. Tinha vergonha de admitir, mas Beto estava apaixonado.
A primeira vez que se encontrou com ela foi durante um turno da tarde, quando trabalhava em outro estabelecimento, alguns meses atrás. Tinha saído para comer um lanche no horário de almoço e esbarrou com uma mulher de cabelos loiros e maquiagem detalhada. Vestia uma pequena jaqueta de couro e salto alto.
Por incrível que pareça, não demorou muito para eles se darem bem.
Saíram muitas e muitas vezes. Almoçando no shopping e devorando milk-shakes como se fosse água. Luiza comia como Beto, mas não engordava. Ela amava documentários com curiosidades irrelevantes e comédias idiotas. Foram ao cinema mais do que podia se contar nos dedos, e já se beijaram uma boa dezena de vezes. Ela era perfeita.
A mulher também apresentou ao Beto o seu atual patrão. Pagava bem, além de presentear seus funcionários com propostas únicas, como a viagem para a Colômbia. Foi um achado! E o melhor de tudo: ela trabalhava perto do Compre Mais, ou seja, costumavam se ver frequentemente no estacionamento.
Em poucos dias, Beto tinha certeza que iria se casar com Luiza, e já estava procurando dinheiro para poderem morar juntos.
A sua vida estava encaminhando como um trem bala! Não podia reclamar.
Começou a assobiar de felicidade enquanto mudava de canal, perdido no mundo virtual da televisão.
Quando a sua garrafa de refrigerante estava pela metade e o relógio alcançava as duas horas, o sino da porta tocou.
Beto se virou para atender o cliente e só teve tempo de pensar: “Fodeu”.
Um soco na cabeça o fez perder o equilíbrio de sua cadeira. Meteu a testa na quina da bancada e o seu peso esmagou as suas costelas. Uma agonia crescente começou a produzir calafrios nas extremidades de seu corpo. Sentiu uma mão segurando o seu ombro e outra apertando o seu pescoço.
O atendente foi arrastado até um canto ao lado de umas latas de feijão, e foi pressionado contra a parede.
Sua visão estava turva, e a dor na cabeça começava a bagunçar a sua audição. Decidiu fechar os olhos e fingir a morte, mas um tapa o assustou para longe de sua atuação.
— Acorda, desgraçado — disse a voz rouca de uma mulher.
A primeira coisa que Beto viu foi os olhos verdes de uma figura mascarada: a sua torturadora. Notou que a bancada estava a alguns metros de distância, uma trilha de sangue se arrastava pelo chão sujo da loja. Havia refrigerante de uva se misturando com o liquido vermelho, e os farelos de salgadinho boiavam no meio daquela bagunça.
— É o seguinte porquinho, você vai cooperar comigo? Ou eu vou ter que arrancar um bacon de você? — Ela segurou uma faca na mão. Não era uma faca de cozinha, era aquele tipo de arma feita para espetar atendentes noturnos, curta e com uma serra discreta e enferrujada perto do punho.
— Eu… sou só o atendente… pode pegar tudo o que você quiser… por favor não me machuca mais — Beto começou a soluçar, com as suas lágrimas ofuscando sua visão. Não sabia se implorar era uma boa ideia, mas de uma coisa ele tinha certeza: queria viver, mais do que nunca queria viver.
— Cala a boca porquinho, senão eu deixo a sua cabeça mais vermelha do que já está.
Beto levantou a mão e apalpou o seu crânio. Percebeu que sua cabeça estava menor, e imediatamente entrou em desespero. Ofegava como se fosse um ventilador quebrado.
— Cala a boca dele logo — disse uma voz masculina.
Beto olhou atrás da torturadora e viu duas outras figuras, altas e corpulentas.
A mulher se levantou muito rápido e o chutou no estomago. Beto se retorceu de dor e se calou, mordendo os beiços para não chorar mais.
— Procura lá nos fundos, deve estar no congelador, eu fico de olho nele.
Os dois outros homens desapareceram pela porta que levava aos fundos. Beto quase conseguia ver o sorriso por baixo da máscara da assaltante. Ela levou a faca até a orelha dele, e começou a enfiar ela fundo em seu ouvido.
— Se você gritar alguma coisa, corto o seu tímpano e arranco a sua orelha fora.
Beto começou a rever as suas decisões. Lembrou de seu pai e sua mãe, ambos mortos em um acidente de carro. Pensou em Luiza, a sua razão de viver. A sua viagem para a Colômbia ia salvar a sua situação financeira. Imaginou o seu casamento com o amor de sua vida: as flores, os convidados, uma praia com a areia quente. Talvez uma ilha, com muito camarão, refrigerante e salgadinho. Depois só conseguiu continuar a chorar baixo.
Ouviu vozes masculinas irritadas.
— Tem um congelador trancado.
A mulher levantou Beto, segurando ele pelo pescoço. Ambos cambalearam por um corredor escuro. O atendente não prestou muita atenção, as dores ainda o dominavam. Conseguiu ver a péssima iluminação de um banheiro, mas continuaram em frente. O armazém dos fundos estava cheio de caixas empilhadas e prateleiras vazias.
Foi jogado em cima de algumas caixas, quebrando elas. Ficou depositado lá, tonto e semiconsciente.
Uma porta de ferro alta levava até o congelador, e lá dentro, o espaço era tão amplo quanto o de um pequeno banheiro. O grande Tom costumava guardar os grandes pedaços de carne para o açougue, além de outras coisas importantes para o seu “negócio”.
Um dos homens segurava um cortador pesado na mão, do tipo industrial e vermelho. O tipo que conseguia cortar cercas em um filme de assalto, ou até arrancar dedos do pé em uma cena de tortura. Forçou ele contra o cadeado, pressionando até começar a gemer de esforço.
Tink! O cadeado caiu no chão, despedaçado.
— Boa, vamos pegar logo o carregamento e ir embora — disse o outro homem, segurando as duas portas de ferro do congelador e abrindo elas como se fossem o portão do paraíso.
O frio invadiu o armazém.
— Merda… é só uma das prostitutas do Tom — disse a mulher, olhando em direção ao congelador.
Bastou Beto olhar de canto de olho para notar o cadáver congelado. A figura era conhecida: uma linda mulher que tinha o conquistado a alguns meses atrás.
Se arrastou em direção ao corpo de Luiza como um zumbi a procura de carne.
— Não… não pode ser… meu amor… — gemeu o atendente, estendendo a mão para tentar entrar no congelador. Os olhos escuros dela olhavam para o teto, os cabelos loiros congelados como espaguete duro. Estava até vestindo maquiagem e sua jaqueta chique. Beto queria salvar ela, talvez não fosse tarde demais para ir até o hospital. Talvez ela ainda estivesse respirando.
— Olha isso, que tristeza, o porquinho se apaixonou por uma das putas — a mulher chutou Beto para longe do caminho. Ele gemeu ainda mais alto, tentando protestar, tentando avisar para ela parar de chamar Luiza daquilo.
— Se liga — um dos assaltantes apanhou alguma coisa no chão: o bilhete de embarque tinha deslizado para o chão enquanto Beto estava se arrastando. — Ele ia viajar daqui a cinco horas para a Colômbia…
A mulher de olhos verdes fitou o corpo molenga de Beto com seus olhos verdes.
— É mesmo? Então era você que ia levar o carregamento…
Beto não respondeu, apenas continuou gemendo. A torturadora ajoelhou ao lado do atendente, seus rostos separados por alguns centímetros. Ela retirou a máscara, revelando uma face jovem de cabelos escuros e sardas na pele branca. Sua expressão estava fria como a de um réptil.
— Eu vou precisar das drogas, e vou precisar delas agora, preciso ferrar com os negócios do seu patrão — ela levou as mãos até a barriga de Beto, expressando um sorriso perturbador. — Você não carrega só gordura na sua barriga, não é porquinho?
Beto sabia o que se seguiria: suas tripas iriam rolar pelo chão, e o carregamento dentro dele seria perdido. Despertou de medo.
Apanhou um pedaço de madeira que tinha se despedaçado de uma das caixas e golpeou a torturadora com ferocidade na cabeça. Ela rugiu de dor e caiu para o lado, xingando com todo o seu vocabulário.
Era gordo, mas também era forte.
Se levantou com dificuldade, os assaltantes o olhavam com um certo receio. Atacou um deles com o outro lado de sua arma: a parte que tinha pregos. O pedaço de madeira grudou na máscara do assaltante como Velcro, espalhando sangue pelo chão e amassando um de seus olhos. Ele morreu na hora.
Beto não parou para pensar no segundo homem. Apenas correu.
Esbarrou com uma das paredes e pegou impulso em direção ao corredor. Sua consciência ia embora com cada pontada. Não pensava em um plano, não pensava em seu futuro, só queria viver mais alguns minutos, só isso. Ouviu o som de passos rápidos o seguindo. Não havia jeito dele vencer os assaltantes na corrida.
No meio do corredor o segundo homem alcançou ele. Agarrou Beto pelo colarinho de sua camisa e o jogou em direção ao banheiro minúsculo da loja.
O atendente caiu sentado em cima do vaso sanitário. A iluminação do banheiro piscava, mostrando a forma do assaltante diante de Beto. “Por favor não me mata, por favor só me deixa ir, vai embora…” pensava ele, tremendo e levando a mão até a cabeça ensanguentada para conter a dor.
Decidiu chutar. Se encolheu em cima do vaso e chutou em direções aleatórias. Seus gritos eram agudos, parecendo mesmo com um porquinho.
Quando acertou o assaltante no saco sem querer, Beto viu a sua oportunidade.
Correu e investiu contra o seu inimigo, jogando ele para o chão do corredor e fazendo sua cabeça quicar no chão.
Cambaleou em direção à loja, escorregando no sangue misturado com refrigerante e derrubando uma prateleira cheia de café e açúcar. Sem pensar direito, Beto pegou alguma coisa em cima do balcão e abriu as portas duplas.
Lá fora, os grilos dominavam a paisagem.
Tropeçou na calçada e caiu no meio do estacionamento. O rastro de sangue agora se estendia desde os fundos da loja, seguia até os alimentos à venda e terminava nas faixas amarelas que separavam as vagas dos carros.
— Seu porquinho desgraçado.
A louca surgiu de dentro da loja, tinha um rasgo gigante na testa. Olhava para Beto como uma predadora. A faca na mão, segurando com o punho fechado e rígido.
Ela enfiou a lâmina nas costas do atendente, fazendo ele rugir de dor.
Quando virou seu corpo e apontou a lâmina para a barriga do Beto, ele decidiu agir.
Usou a única coisa que tinha em suas mãos: um pacote de salgadinho. Enfiou a embalagem na cabeça da torturadora e sentou em cima dela, pressionando seu pequeno corpo com o seu peso.
Tomou uma facada profunda na perna, mas logo segurou o braço da mulher com o outro braço.
Apertou o pacote de salgadinho com força, prendendo a cabeça dela e vendo suas convulsões para tentar se libertar.
Pressionou com força, bateu com a cabeça dela no asfalto, depois com mais força… e mais força.
Levou um tempo para ela desistir e finalmente entregar a sua vida.
A figura de um leão comendo queijo sorria para Beto na embalagem do salgadinho. Ele deitou de costas no estacionamento, respirando fundo, deixando o seu sangue pintar o asfalto. Depois enfiou a mão dentro do pacote, procurando pelas migalhas que sobraram.
Sinopse:
Beto trabalha na loja de conveniência do grande Tom, aparentemente uma fachada para atividades escusas do patrão. Beto está apaixonado por Luiza e pensa em reerguer sua vida com ela. Para isso, pega um trabalho de transportar alguma coisa ilegal para a Colômbia. Enquanto espero fim do seu turno, tendo a viagem como consequência, a loja é invadida por três meliantes. Beto é torturado e descobre que sua namorada, luiza, já estava morta nos fundos da loja. Beto quer sobreviver a todo custo.
Opinião:
Esse conto Tem o quê muito… quase como um filme. A forma como é narrada, penso que facilmente poderia se transformar em um roteiro de um curta-metragem ou algo do tipo.
A narrativa é muito boa, tem ação, tem cotidiano, tem mistério. Não gosto de torcer para anti-heróis, mas o Beto me cativou e até gostei quando ele deu o troco nos bandidos, principalmente na torturadora, embora a continuação dessa história seria bem triste. Por algum motivo o grande Tom assassinou a namorada de Beto e talvez esse seria o destino dele também.
Você escreve muito bem, as associações que faz, o clima que criou… foi bem interessante
O Beto tem características muito reais por isso me solidário sei com ele. Achei muito bom a forma como ele foi concebido.
Parabéns pela belíssima história.
Salgadinho (Night Manager)
Resumo: Um atendente de uma loja de conveniência vai fazer uma viagem para a Colômbia a pedido do chefe. No dia anterior a viagem um assalto o pega de surpresa, revelando os negócios do seu patrão e a origem de sua namorada. Ele reage ao assalto, matando os três assaltantes, de forma bizarra.
Comentário: Desde o inicio fica óbvio o que vai acontecer. Isso não é necessariamente ruim, mas aqui atrapalha. São muito clichês usados só como clichês mesmos. O gordinho, o traficante patrão que engana sus empregados com grandes oportunidades, a bela garota apaixonada pelo cara estranho que na verdade está interessada em outra coisa, a revolta do atendente ao ver sua amada morta, talvez a melhor palavra seja tropos, mas mesmo assim, mais do mesmo. Não consigo ver o objetivo da história, o atendente noturno é pego no meio de algo maior, os assaltantes querem atacar seu patrão, e acabam pegando-o. A mulher no congelador é sim o clichê da mulher no congelador, ela esta ali só para isso, morrer sem motivo e deixar o personagem principal puto o bastante pra reagir e nos dar uma cena sangrenta no fim. Me pareceu um conto que tentou chocar pelas imagens brutas, de morte, sangue violência. Mas essas imagens não estão no ponto de sustentar o resto da narrativa, e a narrativa não sustenta as cenas no estado que estão.
Conclusão: Uma série de clichês que não chegam a render algo interessante. Parece que a pessoa que escreveu queria chegar nas cenas violentas, mas faltou uma narrativa pra acompanha-las ou que as cenas fossem mais potentes, capazes de segurar a história dessa forma.
Beto era porteiro de um empresário duvidoso. Estava apaixonadao por uma mulher qye conhecera recentemente. Mas no momento em que a loja foi atacada por uma mulher e dois homens, seu mundo caiu: sua amada foi encontrada morta e estava congelada numa das geladeiras do patrão, enquanto os invasores percorriam a local atrás de substâncias entorpecedoras’; em seguida uma luta de sobrevivência é travada no lugar seguida de morte.
Gostei. Imaginei todas as cenas como se estivesse nelas. Grande poder e persuasão. Triste, mas essa era a idéia né? Parabéns! Abraco.
RESUMO: Beto é atendente em uma loja de conveniência. Foi apresentado ao patrão pela namorada, Luzia. No dia seguinte iria para a Colômbia, fechar negócios para o patrão. Porém, naquela noite a loja de conveniência foi invadida por três pessoas: dois homens e uma mulher. Eles queriam atrapalhar os negócios do patrão de Beto, Tom. Conseguem abrir a porta do congelador e encontram o corpo morto de Luzia, que, segundo eles, era uma das prostitutas de Tom. É quando os três assaltantes descobrem que Beto irá para a Colômbia levar um carregamento de drogas. Em uma reviravolta, Beto atinge todos os assaltantes e mata a mulher sufocada.
CONSIDERAÇÕES: gostei do conto, da forma como eles foi escrito, a forma como ele foi conduzido, com duas ressalvas. Quando vi que a assaltante era uma mulher imaginei que fosse Luzia e isso me decepcionou, mas não era e achei essa uma ótima sacada. Achei a reviravolta estranha, porque a mulher foi capaz de dominar Beto sozinha, mas ele sozinho enfrentou três pessoas. A segunda ressalva é que achei que o final terminou muito abruptamente. Eu colocaria alguma frase, algo que realmente finalizasse o conto, como, por exemplo, Beto embarcando no avião para a Colômbia.
1. Resumo
“Salgadinhos” é um conto que narra a historia de Beto, um funcionário de uma lanchonete de fachada de um traficante de drogas e o ataque o qual ele sofre na véspera da viagem a qual ele entregaria um contrabando na Colômbia.
2. Impacto
O impacto foi baixo. Não há nem aquela escrita poderosa e habilidosa, que arrebata o leitor pelo talento e qualidade, nem aquele sentimento, capaz de despertar a empatia. As sequências do ataque que Beto sofre não são poderosas o suficiente para prender a atenção do leitor.
3. Enredo
O enredo, na minha opinião, poderia ter ido por outro caminho, evitando o clichê típico do gênero da ação. Ao invés de um ataque que recaí na violência típica dos filmes de ação, teria sido muito mais interessante e ousado falar do ponto de vista ético do personagem.
4. Gramática
Acho que alguns deslizes gramaticais, de vírgula especialmente.
5. Pontos Positivos/Negativos
– Enredo comum, que não trouxe nenhuma inovação ou tentativa de sair da mesmice
– Não prende nem cativa a atenção do leitor
Olá, autor!!
Cara, que conto doido! Muito bom!! Dinâmico, rápido, cheio de ação, direto, com um toque de suspense, drama e humor! Muito bom!! Parabéns e boa sorte!!
Bom dia/tarde/noite, amigo (a). Tudo bem por ai?
Pra começar, devo dizer que estou lendo todos os contos, em ordem, sem saber a qual série pertence. Assim, todos meus comentários vão seguir um padrão.
Também, como padrão, parabenizo pelo esforço e desafio!
Vamos lá:
Tema identificado: ação
Resumo: Beto é atendente de uma conveniência suspeita, e acaba sendo atacado por assaltantes que procuram a droga escondida. Lutando pela vida, mata os três assaltantes e sobrevive.
Comentário:
Um conto com ritmo alucinante, bem característico de histórias/filmes de ação. Ele até que começa em ritmo normal, mas à partir da chegada dos assaltantes, ganha um ritmo frenético, com uma leitura rápida e clara. As situações da luta se formam muito bem na cabeça, algo que eu considero bastante difícil de fazer.
Sobre o enredo, eu achei um pouco estranho. Apesar de, como eu disse, as cenas de ação serem boas e descritas, achei a história um pouco difícil de acreditar.
Quer dizer, tudo bem que o Beto fosse um pouco tapado, mas tava muito na cara que tinha muita coisa errada, ali. Desde a namorada, que apareceu do nada, colocou ele na conveniência, e parecia boa demais pra ser verdade, até o chefe, que tinha jeito de bandido, trancava tudo nos fundos da loja, e queria que o cara levasse um carregamento pra Colômbia.
Se pensar que o Beto vivia assistindo reality shows, seria de se esperar que ele tivesse visto algum daquele de gente presa em aeroporto. Acho difícil crer que alguém de 30 e poucos anos aceite um trabalho desse tão fácil, sem questionar.
Outro ponto: a namorada parecia estar envolvida em algum rolo, e ter colocado o Beto na loja de propósito (é revelado que ela é prostituta e tal). :Nesse caso, pq ela teria alertado o Beto sobre o chefe ser envolvido com crime?
Enfim, achei que o enredo ficou com vários buracos que me atrapalharam pra me conectar à história.
A ação intensa é o ritmo rápido contrabalanceiam bem, tornando uma leitura bem agradável e divertida.
Parabéns e boa sorte!
SALGADINHO
Resumo: O atendente Beto se prepara para mais uma noite de trabalho. Diante do patrão que o deixa confortável mas também cobra pelo seus afazeres. Nem imagina o que o espera. é assolado por assaltantes a fim de obterem o carregamento que seria efetuado nos próximos dias. Descobre que a pessoas a qual imagina forma uma família está ali morta e congelada. Consegue se safar e se salvar.
Comentários: O enredo é muito bom, retrata a questão oculta dos negócios que muitas vezes estão debaixo do nariz e não são observados como deveriam.
Gostei da ideia do conto e da forma descontraída com a qual foi escrito. Diálogos bem engraçados e personagens bem caracterizados.
Obs: esta não é uma leitura obrigatória para mim neste desafio, por isso não há resumo. É apenas a minha breve impressão sobre o texto.
RESUMO: Beto trabalha em uma conveniência pelas madrugadas, esperando uma guinada em sua vida pela oportunidade dada pelo patrão, através de Luísa, o amor da sua vida, se vê em uma situação inusitada: um assalto na conveniência. No final a comida salva beto que sozinho, mata todos os assaltantes com um pacote de salgadinhos e uma tábua com pregos.
CONSIDERAÇÕES: Assim como os filmes que Beto assistia, a história lembra bem esses filmes de sessão da tarde, com um personagem cômico que consegue resolver bem os problemas, isso não quer dizer que seja ruim, pelo contrário. Beto é engraçado e o jeito que a história termina é original. Poderia até haver uma continuação explicando o porque de Luisa estar morta no freezer.
Olá, Night Manager.
Resumo do conto: Beto trabalha no turno noturno de uma loja de conveniência. Ele arrumou o trabalho através de Luiza, sua namorada. Tom, o dono da loja, parece estar envolvido com tráfico de drogas e quer que Beto vá à Colômbia no dia seguinte. Um assalto à loja acontece de surpresa, Beto fica muito ferido, descobre que Luiza está morta e congelada num dos freezers e que é prostituta. Os ladrões sabem que Beto ingeriu drogas (é “mula”) e resolvem cortá-lo. O gordo atendente finalmente resolve reagir e com sorte fere a mulher de olhos verdes, mata um dos homens e escapa. A mulher de olhos verdes alcança Beto e o esfaqueia nas costas, mas o gordo a sufoca com um saco de salgadinhos e a mata.
Considerações: a história funciona um tanto como humor absurdo. A fuga de Beto, a morte fácil de um dos homens, o chute no saco, o sufocamento com um saco de salgadinhos, etc. Os diálogos entre Beto e Tom levam-nos a crer que Beto é subinteligente ou levemente retardado, por não ter desconfiado da namorada (bonita) que o conquistou e arrumou seu emprego e tudo mais. A qualidade da escrita é boa e – como comédia absurda – o conto até funciona bem.
Nota: 7 (0 a 10).
Boa sorte no desafio!
Resumo:Beto é atendente de um loja e trabalha de noite, mas também é usado como transportador de drogas internacional. Certa noite, três meliantes o atacam em busca de um carregamento de drogas, mas ele consegue se livrar de todos eles. Mata a última com um pacote de salgadinho que ganhou do patrão.
Análise: Puxa, eu tava adorando seu conto. Teve grandes tiradas e ótimas construções frasais, e o melhor de tudo, era light e engraçado, mas de repente começou a surgir uma cena mais pesada e trash que a anterior, o que não combinou com o começo do conto. Eu tava gostando do clima light. Mesmo assim, devido ao incrível fechamento poético com o pacote de salgadinho, vou dar um desconto. Originalidade. De ponto negativo, não entendi porque Luiza foi morta. Ela apareceu no congelador mas nenhuma explicação foi dada e a cena pareceu não ter sentido algum na trama. Beto conseguiu virar o jogo um tanto fácil. Um contra três não deveria ser assim tão fácil, acho que você podia ter inventado umas distrações para que os outros 2 atacantes não interferissem enquanto ele atacava um deles. Várias coisas no seu conto me fizeram rir. No geral gostei muito, parabéns.
Atendente de uma loja de conveniências de propriedade de um traficante de drogas prepara-se para no dia seguinte levar um carregamento para o patrão. Ele é atacado por uma quadrilha rival e acaba precisando lutar por sua vida.
O conto traz ideias bacanas, mas acaba se perdendo em meio ao excesso de informação, com diálogos que não soam muito naturais e uma reviravolta muito óbvia. O tom que se parece buscar é algo próximo do humor negro, com momentos de terror, mas isso, ao menos para mim, não funcionou bem. O próprio título também não consegue criar expectativa e não traduz bem o que se vai encontrar na trama. Talvez enxugando algumas informações que não contribuem para o avanço da trama – a noiva e a forma como se conheceram, por exemplo- e buscando trabalhar mais as descrições de sensações e sentimentos, bem como os diálogos, o resultado poderia ser melhor. Há, no entanto, uma coisa digna de elogios: a construção do perfil do protagonista e suas motivações.
Atendente de mercadinho e barrigueiro é ameaçado por uma gangue, sofre pra burro, mas no fim consegue se vingar utilizando os produtos do próprio estabelecimento.
Há uma certa preponderância de um tipo de personagem como esse na ficção, coisa não tão recente. O tal fodidão fodido, aquele que não se responsabiliza pela própria podridão e a utiliza como artefato original de campanha marqueteira pessoal. A dupla de maconheiros Jay & Silent Bob do cinema de Kevin Smith, o tal Grande Lebowski, o pilantra de O Lobo de Wall Street, assim como, em escala mais ordinária, os amigões de filmes como Se Beber Não Case, principalmente o barbudinho. Esses personagens ressoam no protagonista desse conto e explico o porquê. Ora, se é um excluído que conta com a profissão de barrigueiro e mequetrefe de balcão para se dar bem, encontra êxito moral ao amar e querer manter um relacionamento com essa garota, a qual só conhecemos o nome e sabemos ao fim que está morta. Isso ocorre com Jay e Silent Bob, dois idiotas que só se masturbam e fazem besteiras, mas que de tão idiotas são bons de coração. No Lobo de Wall Street ocorre o mesmo, uma piada daqui, o estilo de vida absurdo, drogas, gritos, Rolling Stones, mas as questões mais profundas, sobre com a finança americana corrói tudo ao seu redor aburguesando uns poucos, estas se escondem. Esta armadilha se abre quando temos este tipo de personagem e, no caso deste conto, nota-se que a função não é uma crítica de costumes personalizada em seu protagonista, mas uma forma de colocá-lo de forma bacana dentro de um universo cosmopolita que envolve este tipo de sacana legal. Esta dubiedade nem sempre é entendida e vemos o tal charlatao como heroico. Destacou-se a figura fria da torturadora, assim apresentada como se saísse de uma caixa tarantinesca, e sua presença elevou a história, nada como um bom vilão. O roteiro fraco precisa de mais trabalho, inagurou-se aqui uma historia de mercado, pois toda trama ocorre neste espaço tão conhecido, o que não é ruim – como pode se ver no filme Trapped, onde um homem dorme no banheiro de uma loja de departamentos e acorda rodeado pelos Dobermans guardiões do local de madrugada, mas o mercado neste conto não foi um cenário impactante e essencial para as ações, assim como as correrias do atendente fugindo de seus algozes que, pedindo perdão pela comparação, saiu -se como um O Gordo e o Magro sangrento. Mas eu também gosto de Fofura. Abraço e parabéns pelo trabalho.