Há um desejo que move todo o universo, uma energia multicolorida que vive sob as estruturas que interliga os seres vivos e não vivos, formando um só organismo composto pelo Todo, conhecido por diversos nomes: Deus, Brahman, Mãe Natureza ou o Absoluto. Mas que podemos chamar de Nós. Há muitos pontos desconhecidos em Nós, difíceis de desatar e revelar seus mistérios, um deles é o que determina as impressões. Como um sistema nervoso, cada parte da energia do desejo é conectada ciclicamente a outra, seja ela próxima ou em extremidades diferentes, mas não se trata de uma conexão simples, está mais para um rio de tinta que cruza com dezenas de outros rios, desaguando num mar de aquarela, cor sobre cor. Uma mistura por vezes clara, mas que no acúmulo se torna escura, densa e pouco decifrável. Assim se dá as emoções e sentimentos, impressões que se desenvolvem com o amadurecimento do ser, interno e externamente, a exploração de cada sentido em um dos muitos pontos de Nós. De todos nós.
Uma Fábula de Nós
O jovem Timothy não nasceu exatamente de uma virgem, mas certamente era a promessa de um rico casal provinciano. Após anos tentando engravidar e entre calorosas brigas e discussões, a mãe recebeu com entusiasmo a notícia de que esperava um filho. O próprio pai pensou que não escutaria mais as chacotas dos amigos no bar, que diziam ser incapaz e impotente. Mas como um Big Bang, o nascimento de Timothy foi desordenado e gerou algo totalmente imprevisível. A sorte não sorriu para a promessa de salvação de uma família já desgastada pelo tempo. O parto longo e difícil entregou a Timothy suas primeiras sensações e, mais importante, o primeiro presente da vida em Nós: o tato. Deixar o líquido amniótico de sua mãe, escorregar (com certa dificuldade, sim), vagina afora e sentir na pele o ar frio dos hospitais, sem discernimento se dádiva ou maldição ter recebido o sopro da vida, descobrindo pelo toque, pelo tapa, o poder do choro. E chorou por horas a fio, para piorar sua situação. Com deformações nos pés e nas mãos, os órgãos comprimidos, a boca torcida e os dentes apontando, o pequeno Timothy foi tudo o que seus pais não sonharam. E assim como o tato afaga, cuida e protege, ele também bate, afasta e abandona. Defeituoso, como os médicos o chamaram, em seu terceiro dia de vida foi deixado ao relento num terreno baldio distante o suficiente para que ninguém escutasse seu choro, sua súplica por um colo. Os pais de Timothy criaram um novo nó ao abandoná-lo, mas como numa linha, ao torcer uma parte ela certamente encurtará e aproximará tantas outras. E foi assim que três moradores de rua ouviram o choro incessante que vinha do outro lado da calçada.
Entre as ruas e uma comunidade hippie, Timothy encontrou seu lar sob as tendas do Circo Prisma. Sim, o destino clássico para todos os diferentes e excêntricos. Mas por mais que fosse anormal demais para a sociedade, fora dos padrões ou do perfil desejado pelos próprios pais, que certamente espelharam no filho sequer nascido muito dos seus sonhos e frustrações, ele tampouco era interessante demais para as apresentações circences. Era a criança feia, como o público o chamava, que ajudava a entregar os tickets. Mas apesar da timidez, do medo até mesmo de dirigir o olhar às pessoas, dos pés tortos escondidos em botas gastas e as mãos tortas sob grossas luvas, que vez ou outra arriscava pegar um saquinho de pipoca, Timothy explorou bem o ouvir, o segundo presente que é dado ao ser criança. Escutou incansáveis “respeitável público”, as ordens do Senhor Trutão ou as conversas às escondidas de Maria e Joaquina, as misteriosas gêmeas siamesas. Gostava de imitar os trejeitos de Sebastian, o Mágico, e aprendia através da imitação. Poderia não ter lugar de fala em nenhum dos dois mundos, ninguém ouve os choros de uma criança mesmo, mas Timothy nutria a vontade de conhecer seus verdadeiros pais e poder escutar deles uma palavra que fosse. Sempre fingia, como Sebastian, retirar de uma cartola um cartão com o endereço deles, dizendo ao público imaginário que pegaria um Trem Expresso e Mágico rumo ao antigo lar.
Sua infância se deu em meio aos trailers improvisados e sob as tendas do Circo Prisma, viajando de cidade em cidade, conhecendo os mais diversos tipos de gente, dos mais exigentes da cidade grande aos mais simples dos confins desse mundo, geralmente os que ficavam mais deslumbrados pela magia do circo e do desconhecido. Deixou de ser a criança feia da bilheteria e se tornou o jovem faz tudo. Certo dia viu entrar no estacionamento, logo após uma apresentação, um burguês engravatado, o tipo que pensa conhecer tudo e a todos, com sua equipe de fotógrafos, roteiristas e assistentes, avisando com pompa que faria um filme. Ou, melhor dizendo, uma espécie de falso documentário, retratando aqueles à margem da sociedade. Em seu olhar, as aberrações do circo viviam à parte da civilização. Não passava por sua cabeça, muito menos na de Timothy, que sociedade pode ser um termo bastante abstrato. E por mais que tenha enxergado toda sua vida, a visão na juventude é um tanto diferente. O convite para participar de um filme, praticamente uma releitura qualquer trash, foi a chance de se tornar dono de si e fugir daqueles que o criou, a rebeldia adolescente de mostrar ao mundo do que é capaz, independente de suas deformações ou de sua timidez. Superaria tudo isso pelo sonho, pelo desejo de um futuro diferente. A juventude, recheada de desejos, da visão e a sensação de existir um mundo de possibilidades pela frente. E nada como a ficção para mostrar as alternativas e oportunidades que existem em Nós.
Há um período, dito pela sociedade, em que os indivíduos se tornam adultos. Mas a realidade é que em Nós a maturidade vem de maneiras e em tempos diferentes para cada um. Timothy nao estrelou o filme trash, foi apenas uma das diversas pessoas que apareceram no pseudo-documentário. Nem tão próximo ou tão distante da margem estabelecida pelo diretor dessa mesma sociedade. E a vida não guarda lugar para os intermediários, os que ficam no meio. Quem senta nos bancos da frente e próximos ao motorista ganha visão privilegiada da pista e de onde se quer chegar, como também quem senta nos bancos de trás, destinados aos solitários ou aos baderneiros, que seguem o fluxo da viagem e só levantam chegando ao destino. Os bancos do meio, esses sobram para os que chegaram atrasado. Entretanto, Timothy ganhou certo apreço por uma parcela pequena da audiência, digamos que… por suas pequenas deformidades nas mãos, pés e boca. Não demorou a ser convidado para encontros com pessoas cujos fetiches eram tão diferentes quanto o próprio garoto, mas que davam o acolhimento que sempre sonhou receber. Com a chegada da maioridade, o quarto e penúltimo presente lhe fora dado. Além do dito normal, Timothy era como uma prostituta, um artista ou um escritor, vendendo suas ideias e se entregando aos outros de corpo e mente abertos, em busca de certo afeto e prestígio. A lembrança de quando era criança, a vontade de encontrar os verdadeiros pais, os sonhos da juventude, nada disso fazia diferença para a vida longe do Circo, que foi seu verdadeiro lar. As contas, as responsabilidades que vieram com a vida adulta, o aluguel vencido, tudo se misturou ao paladar de poder dizer o que se quer, de não mais experimentar, mas sim de saber o que precisa ser feito, a experiência dada em Nós.
O Jardim das Memórias Vivas
A velhice também tem seu tempo certo de vir e independe de idade. No caso de Timothy, devido suas complicações, ela chegou um tanto cedo. O mal funcionamento de suas células causaram, perto dos 30 anos, uma doença autoimune que prejudicou o funcionamento de seus órgãos sensíveis. É na velhice, também, que os quatro presentes de Nós para a vida são tomados: a visão não é a mesma e o futuro não parece tão distante; o ouvir se transforma no contar; o paladar já não aceita todos os gostos como antes; e o corpo trêmulo, rugoso e delicado não suporta mais o toque e a descoberta da infância. Timothy não chegou a enrugar, mas sentiu tudo falhar, entrando em colapso. E ao mesmo tempo em que são tomados, há o derradeiro presente, o quinto sentido das impressões que também é ponte: o olfato.
Timothy, velho não em idade, mas como indivíduo chegando ao fim de sua vida, se viu preso à uma cama de hospital, sem tantas possibilidades ou coisas a se fazer. Sua mente iniciou um lento processo de caminhar rumo ao Jardim das Memórias Vivas, visualizando um infinito jardim de lembranças, cada flor emanando sua fragrância de um momento especial. Sentiu o perfume adocicado das mulheres com quem dividiu a cama, de uma época de experiências e serenidade. O cheiro das pipocas doces vendidas na garagem do Circo Prisma dominaram seu nariz, a nostalgia de uma época onde a inocência e a ingenuidade eram tão perigosas quanto gostosas de se viver. E assim, de flor em flor, sua mente passeou por inúmeras memórias, se distanciado cada vez mais do seu corpo físico e se aproximando de uma eterna bruma que cobria o restante do jardim. O conglomerado de nós formados por Timothy foram desatados do universo, fazendo com que sua linha fosse esticada novamente, surgindo quase como nova. E antes de adentrar por completo na bruma, pôde sentir um último aroma… dessa vez bastante distinto, gelando suas narinas. Um cheiro novo, mas ao mesmo tempo familiar, que remetia aos seus primeiros dias, ao abraço carinhoso que ansiava. Um cheiro de hospital, como no dia em que nasceu. E assim retornou ao verdadeiro lar e novamente abriu seus braços para receber o primeiro presente, dando seu primeiro passo e sua primeira impressão de todos Nós.
Um conto bonito, muito bem escrito, e que estimula a co-autoria do leitor ao não detalhar por demais a trama, que passou na minha cabeça como um filme no qual o texto funciona como narração. Os diversos sentidos da palavra nós são explorados de forma muito inteligente, ora como pronome ora como substantivo, ligando as duas acepções ao conceito apresentado na história. Enfim, um belo trabalho.
É sobre um bebê que nasce com deformações e é abandonado pela família, vindo a ser resgatado e passa a trabalhar em um circo. A narrativa remete a reencarnação, gostei da escrita, mas as tais memórias vivas não fizeram sentido para mim.
O conto narra a história de Timothy, um menino que abandonado pelos pais depois de três dias de nascido por conta de algumas deformações no seu corpo. Timothy acaba sendo criado por pessoas de um circo.
É um bom conto. Bem diferente de todos que eu li aqui no desafio. Ele tem uma pegada mística, espiritual, com o tal dos Nós, que eu achei intrigante. A narrativa tem um tom poético em muitas passagens, a trama é simples. O nascimento, crescimento e morte de um individuo com deformações pelo corpo, que morre jovem em decorrência de uma doença autoimune. No entanto, Timothi viveu sua vida do jeito que ela podia ser vivida, sem reclamar de sua aparência, só mesmo com o desejo de reencontrar seus pais biológicos. Talvez tenha me escapado algum algo a mais que o autor ou autora quis propor, mesmo assim, achei um bom conto. Boa sorte no desafio
Resumo: Menino nasce com defeito e é rejeitado pelos pais. Criado por artistas de um circo, sua infância se dá em meio aos trailers e sob as tendas de um circo chamado Prisma, viajando por várias cidades, ele conhece os mais diversos tipos de gente. A velhice chega cedo para ele que acaba seus dias preso a uma cama de hospital.
Comentários: Gostei da história no geral, é bem interessante e em alguns momentos intrigante. Gostei do enredo como um todo, pois em vários momentos traz algumas metáforas inusitadas. Explorar a questão da vida e da morte utilizando um personagem marginalizado casa bem com a crítica à ideia da sociedade dita perfeita. Achei que os parágrafos ficaram muito longos, reveja isto e a estória ficará bem melhor. A escrita é boa, mas tem alguns problemas de revisão.
O Jardim das Memórias
Adaga
Resumo:
A história da vida de Timothy, começo, meio e fim.
Comentário:
Não classificaria como Conto e talvez assim daria uma nota maior…
Tem muitas considerações filosóficas (?) que cansam um pouco a leitura.
De resto, merece nota pela Linguagem, pelos ambientes, pela dissimulação, afinal, o desejo de descobrir suas origens biológicas não acontece, ele descobre que seu espaço de entrada e saída do mundo é o seu verdadeiro lugar.
Resumo: defeituoso e abandonado por seus pais ainda bebê, sendo ‘adotado’ por mendigos, homem acaba entrando em um circo e, sempre esperançoso em conhecer seus genitores, no derradeiro momento de sua vida reconhece, apenas, o cheiro de hospital, remetendo-o ao dia de seu nascimento.
Impressões: bem escrito, com divisões que enaltecem cada uma das partes do trabalho. Enredo grande, porém que o autor soube desenvolver de forma coesa na obra. Não encontrei erros gramaticais nem lapsos na sintaxe. O conto se encerra de forma leve, em contraste com a história de vida da/o personagem/protagonista retratada/o.
Conta a história de um bebê que é abandonado pelos pais, por nascer defeituoso e longe daquilo que considerariam “ideal”. Cresce no circo, sendo conhecido como o menino feio. Morre solitário, assim como nasceu.
Técnica: 4,5
Criatividade: 4,5
Impacto: 4,0
Conto sensível, belo e certeiro. Escrita muito apurada. Gosto dos parágrafos longos, sendo um diferencial estético entre os contos neste certame.
Não tenho muito a falar do conto. Gosto muito, não me causou maior impacto, talvez por gosto pessoal, mas em geral, um dos melhores contos na minha opinião.
Resumo:
É um desejo que movimenta todo o Universo, uma energia que liga tudo e que alguns chamam de Deus e o autor chama de “Nós”. Após esse prólogo, muito profundo, vamos enfatizar, o autor inicia a fábula contando a vida de Timothy e, filho tardio de um casal rico, descartado no lixo, por causa da sua aparência incomum, resgatado por hippies e adotado pelo circo – lar das aberrações; na literatura, os circos sempre surge como destino dos excêntricos como aliás, pontua o próprio autor. Seguiu a vida nesse ambiente cigano e o trem corre enquanto o autor faz citações dos sentidos: tato, audição, visão… Timothy participa de um filme trash, se prostitui para um seleto grupo de fetichistas e morre cedo. Antes de capitular, preso a um leito hospitalar, inicia um passeio no recém-descoberto jardim das memórias vivas, repassa a vida e parece principia um novo ciclo nesse fim.
Considerações:
Tive dificuldades… É alta a proposição filosófica para discussão dos sentidos e das energias que sustentam nossa existência tênue.
RESUMO: Vida de uma pessoa passando pelas agruras de uma infância difícil, seguida de fuga, uma velhice precoce e sua morte prematura, se reunindo ao conceito espiritual estabelecido na história.
COMENTÁRIO: O conto é escrito com boa técnica e gramática irretocável, mas a meu ver, peca no storytelling.
Eu sou muito apegado ao enredo de uma história, altos, baixos, idas e vindas, reviravoltas. A vida de qualquer ser é recheada delas, mas é necessário se chamar a devida atenção para elas. No conto em questão, o que li foi apenas o triste relato da vida de um deficiente físico. Um relato sem emoção.
Os parágrafos, extremamente longos, contribuíram para essa sensação, tornando o texto enfadonho para mim. Devido à falta de empatia na narrativa, não torci por Timothy, nem sofri por ele. Me peguei indiferente, lendo o conto mais por obrigação do que por entusiasmo. Tanta coisa interessante e digna de nota aconteceu na vida do protagonista, mas foram narradas com frieza e distância. Talvez a intercalação de pontos altos e baixos e um ponto de vista em primeira pessoa tornem a história mais interessante, claro, a meu ver.
Um abraço!
RESUMO: Um garoto filho de um casal já de idade avançadas, mas que há muitos anos tentavam ter filhos. Finalmente a gravidez vingou dessa vez, mas o garoto que nasceu era deformado e por conta disso os pais optaram por abandoná-lo. Deixaram-no em um terreno baldio. Uma companhia de circo que passava por perto, ouviu o choro do garoto e o dono do circo resolveu adotá-lo. O garoto cresceu e passou a vender bilhetes e, nos momentos de folga, gostava de imitar mágico. Mas, seu grande sonho era conhecer seus pais biológicos. Devido à sua doença, ele envelheceu bem antes do tempo e aos trinta anos já estava com a saúde bastante debilitada. Foi levado ao hospital e ali, sozinho da mesma forma que chegou ao mundo, morreu, sem conhecer seus verdadeiros pais.
CONSIDERAÇÕES: Conto bem escrito, enredo interessante. Não diria que prende muito a atenção do leitor, entretanto, é meu ponto de vista e de forma alguma eu tiro o mérito do conto. O final do conto é bastante inusitado e nos faz sentir aquela pena do personagem, nos faz “sofrer” um pouco com ele.
RESUMO: Vida de uma pessoa passando pelas agruras de uma infância difícil, seguida de fuga, uma velhice precoce e sua morte prematura, se reunindo ao conceito espiritual estabelecido na história.
COMENTÁRIO: O conto é escrito com boa técnica e gramática irretocável, mas a meu ver, peca no storytelling.
Eu sou muito apegado ao enredo de uma história, altos, baixos, idas e vindas, reviravoltas. A vida de qualquer ser é recheada delas, mas é necessário se chamar a devida atenção para elas. No conto em questão, o que li foi apenas o triste relato da vida de um deficiente físico. Um relato sem emoção.
Os parágrafos, extremamente longos, contribuíram para essa sensação, tornando o texto enfadonho para mim. Devido à falta de empatia na narrativa, não torci por Timothy, nem sofri por ele. Me peguei indiferente, lendo o conto mais por obrigação do que por entusiasmo. Tanta coisa interessante e digna de nota aconteceu na vida do protagonista, mas foram narradas com frieza e distância. Talvez a intercalação de pontos altos e baixos e um ponto de vista em primeira pessoa tornem a história mais interessante, claro, a meu ver.
Um abraço!
Resumo: Menino nasce com deformações e por isso é abandonado pelos pais. Resgatado ele passa a viver em um circo, mas sem deixar de sonhar com o reencontro entre ele e os responsáveis por colocá-lo naquela imersão de sensações muitas vezes dolorosas, outras poucas, prazerosas.
O que vi: Tirando o detalhe que uma fábula tem como personagens principais animais agindo como pessoas, o restante da história é bem feito, tocante e agridoce.
Arrisco dizer que você buscava uma personagem para representar a sinestesia da existência terrena (uma bem sofrida, no caso), ao mesmo tempo em que falava sobre o transcendental, sobre a metafísica.
Seu conto me fez lembrar de dois filmes: Freaks (1932) e O Curioso caso de Benjamin Button (2009). Foi como se eu tivesse lido uma mistura de ambos.
No mais, parabéns pelo conto!
Olá, Adaga, boa sorte no desafio. Eis minhas impressões sobre seu conto.
Resumo: Casal tem um filho cheio de deficiências físicas, em virtude deste infortúnio a criança é abandonada, para em seguida ser adotada por uma família de circense.
Gramática: A leitura flui sem problema de gramática aparente.
Comentário crítico: Uma narrativa cheia de pretensões metafóricas e conceitos subjetivos. Um personagem formado por alegorias fantasiosas bem próprio do estilo fantasia, mas ficando só no personagem. O tema e o enredo nada tem de fantasia ou misterioso, uma fábula? Como o autor (a) o prenuncia? Também não. É um conto sem pretensões.
Resumo
Uma narrativa reflexiva sobre a existência a partir da vida de um garoto fisicamente deformado e rejeitado.
Técnica
A princípio não me pareceu com um conto, principalmente pelo início teórico sobre origens e a unicidade do universo que mais pareceu um ensaio mais exotérico ou de alguma outra teoria sobre a existência.
Acredito que todo o primeiro parágrafo poderia ser abolido e a narrativa iniciaria com mais cara de ficção.
A linguagem é boa e bem construída.
Criatividade
Sem dúvida é uma história inusitada, muito diferente.
Impacto
Esperei um pouco mais já que trata-se de um autor com vocabulário e conhecimento peculiares. Em especial, a virada para o lado sexual não caiu tão bem, na minha opinião. Pareceu forçar para criar um drama que se encaixe nas tendências atuais de sexualizar tudo nas histórias.
Perdoe-me se não captei tudo o que deveria na sua história, parabéns pela linguagem rica e pela coragem ao trazer uma narrativa tão fora de padrões.
Olá, autor!
Que conto lindo! Profundo, cheio de significado, humano e espiritual. A vida de um ser humano mostrada de maneira poética e crua. Um conto triste e ao mesmo tempo esperançoso, uma mistura da realidade feia e cruel com a beleza e doçura que a vida pode ter. Um conto em que a mensagem que passa ultrapassa os limites da técnica. Muito bom! Parabéns e boa sorte!
A história de Timothy desde a desejo de seus pais darem à luz um bebê, que nasce deformado e é abandonado, até sua morte precoce.
Tive a impressão de já ter lido essa história em algum lugar. Talvez isso de menino-deformado/rejeitado-acolhido-por-um circo tenha dado essa impressão.
O que valoriza o conto, diria, é inteligência do autor em escolher um título lindamente poético e introduzir a história por meio de um prólogo enigmático.
O enredo linear é valorizado pelo tom de fábula e pelas alusões ao despertar dos cinco sentidos no protagonista. Infelizmente esses recursos não foram suficientes para me conectar à história. Os parágrafos um pouco longos também não ajudaram muito.
Minha impressão foi a de um autor talentoso e criativo que infelizmente contou uma história que me soou pouco criativa e cuja narrativa não me cativou.
Um abraço.
Bom dia/tarde/noite, amigo (a). Tudo bem por ai?
Pra começar, devo dizer que estou lendo todos os contos, em ordem, sem saber a qual série pertence. Assim, todos meus comentários vão seguir um padrão.
Também, como padrão, parabenizo pelo esforço e desafio!
Vamos lá:
Tema identificado: drama, poético-metafórico
Resumo: a história de Thimoty, jovem que nasce deficiente, é abandonado pelos pais, se junta ao circo, vive inúmeras experiências em seus curtos 30 anos de vida. Tudo contado do ponto de vista de Nós, a entidade da vida.
Comentário: seu conto é lindíssimo e profundo. Gostei! Vamos por partes.
Pra começar, gostei muito da definição de Nós, dada como prefácio do conto. Concordo plenamente com ela. Como Budista, acredito que a entidade da vida (que chamamos de Lei Mística, e você chamou de Nós), é a natureza que pulsa na vida. Você transmitiu essa ideia de forma impecável, tanto no prólogo quanto nos dois capítulos, pela vida de Thimoty. Muito bom!
O conto todo é carregado de uma tristeza-beleza poética e metáforas excelentes. Gostei muito de ler.Tudo é bonito e se encaixa bem. O conto não se limita ao campo das ideias, pois você consegue contextualizar tudo e tornar palpável pela vida do rapaz.
Na verdade, eu diria que toda a vida de Thimoty é uma metáfora sobre a vida em si. Nela, vemos todas as surpresas e inconstâncias da vida, a forma como todos os nós se atam e desatam num emaranhado incompreensível, mas perfeito.
O parágrafo final me arrepiou. O retorno dele a Nós, fazendo a passagem final pelo jardim das memórias vivas, foi a cereja no bolo. Excelente.
Como nem tudo são flores no jardim das memorias vivas, rsrs, tenho alguns apontamentos.
Primeiro, existem alguns mínimos errinhos gramaticais ou de revisão, como:
– “Fugiu daqueles que o criou” (criaram)
– “preso à uma cama” – retirar a crase
Além disso, outra coisa que notei é que o conto se torna um pouco confuso em alguns pontos. Acredito que isso seja característico desse tipo de história, mas acho que algo que contribuiu pra esses pqeunos momentos de confusão são os parágrafos muito longos. Pra mim, parágrafos longos demais começam a cansar a leitura, e tornam umas partes confusas. Talvez umas quebras de parágrafos fossem úteis. Mas isso é opinião particular.
Enfim, apesar desse pequenos (e insignificantes, comparados à beleza do todo) apontamentos, foi um excelente conto. Gostei muito, me emocionei e me fez refletir.
Parabéns e boa sorte!
O Jardim das Memorias Vivas
Resumo: Um nascimento complicado e a notícia de que Timothy não possui uma imagem física perfeita. Em razão disto teve uma vida cheia de problemas. Foi viver em um circo por causa das suas deformidades. Neste local pareceu ter tido um pouco de felicidade. Padeceu sob a cama de um hospital ao descobrir ser portador de uma doença auto imune. Termina seus dias nas lembranças dos poucos momentos bons e no desejo de reencontrar seus pais.
Pontos Fortes: As memorias e os laços descritos me agradam. A fase do circo revela que mesmo em meio a tantas desgraças, algo de bom pode surgir.
Pontos Fracos: O narrador matou o personagem nos mais diversos aspectos. Eu imaginava que isso fosse acontecer para que no final sua virada fosse triunfal para a vida. Uma pena… Nada do que cogitei aconteceu. O texto está muito apertado. Frases que poderiam ganhar novos parágrafos dariam melhor sentido a leitura.
Comentario Geral: Quando eu comecei a ler o texto, achei estar lendo uma reflexão, um livro de auto ajuda (por sinal, gosto muito), isto me chamou a atenção. O uso da palavra vagina no meio de termos que me pareciam quase espirituais quebrou este clima. Dali em diante eu soube que o narrador se perdeu um pouco nas colocações que queria fazer.
Espero que veja esta analise como um ponto construtivo, pois, só quem cria o texto sabe que tipo de leitor quer atingir.
Também espero que isto não seja desestimulante. Tem pontos excelentes no texto, apesar de, achar a vida de Timothy uma desgraça geral.
Me lembrou um pouco a série “American Horror History”. Tem uma temporada inteira com histórias do tipo.
Resumo:
Narra a história de Timothy, muito aguardado por seus pais, mas dispensado por estes logo após ter nascido com uma série de deformidades. Encontrado por moradores de rua, acaba num circo, não como atração, pois não era “estranho” o bastante para tal, mas como ajudante e faz tudo. Ansioso por reencontrar seus pais biológicos, o protagonista não tem tal sorte, seu corpo passa a definhar precocemente e, acamado num hospital, vive experiências extra-sensoriais antes de deixar esta vida.
Comentários:
Um conto difícil, não tão somente por sua hermeticidade, supostos significados sublinhares, mas inclusive pelas construções mal elaboradas. O autor opta por introduzir com uma teoria, na forma de preâmbulo, que transita entre religião e fantasia (remetendo inclusive ao charlatanismo) e apresentando-nos uma divindade denominada Nós (trocadilho de efeito negativo, ao meu ver).
Numa narrativa linear, a história de vida do personagem é utilizada apenas para corroborar a teoria fantástico religiosa previamente introduzida, tendo os sentidos papel relevante neste processo. Timothy resulta um personagem caricato, estereotipado, sem individualidade ou carisma, um mero instrumento.
Em suma, nem história, nem personagem, nem teoria, nem tão pouco a técnica e estilo incitam ou empolgam, de forma que a leitura não se faz propriamente um exercício prazeroso.
Minhas notas:
Título e Introdução: 5
Personagens: 5
Tempo e Espaço: 5
Enredo, Conflito e Clímax: 5
Técnica e Aplicação do Idioma: 6
Valor Agregado: 5
Adequação Temática: 10
Nota Final: 2,8
Observação:
As parciais, baseadas nos critérios, variam de 0 a 10, mas possuem pesos distintos na composição da nota final, que varia de 0 a 5.
Conto extremamente belo que narra a vida de Thimoty, um bebé com problemas físicos que é abandonado aos três dias de vida para ser adoptado por uma companhia de circo.
Começa por definir o “Nós”, um conceito religioso que define o ser humano e tudo o que o rodeia como sagrado. O início de vida de Thimoty fez-me lembrar dois casos que agitaram a opinião pública em Portugal: o bebé sorriso, que nasceu sem parte da cabeça devido a um erro de diagnóstico, e o bebé que foi atirado para o lixo depois do parto pela mãe sem abrigo. Estas situações mexem connosco, com a concepção do que a vida deve ser desde o inicio, um acto natural de amor. Também o conto mexe connosco ao colocar no plano central uma criança abandonada, o ser mais desprotegido do universo.
Concordo com a criação do “Nós”, sendo muito crítico quanto à concepção tradicional antropomórfica de Deus, que mais não é do que a explicação para a natureza e todos os seus fenómenos. A explicação é de tal forma global que acaba por não explicar o único facto que realmente interessa explicar nesta era científica que derrubou tudo o que era mito: a própria natureza de Deus.
Resumo
Uma narrativa reflexiva sobre a existência a partir da vida de um garoto fisicamente deformado e rejeitado.
Técnica
Não me pareceu com um conto, principalmente pelo início teórico sobre origens e a unicidade do universo que mais pareceu um ensaio exotérico ou de autoajuda.
Acredito que todo o primeiro parágrafo poderia ser abolido e a narrativa iniciaria com mais cara de ficção.
A linguagem é boa e bem construída.
Criatividade
Sem dúvida é uma história inusitada, muito diferente.
Impacto
Esperei um pouco mais já que trata-se de um autor com vocabulário e conhecimento peculiares. Em especial, a virada para o lado sexual não caiu tão bem na minha opinião. Pareceu forçar para criar um drama que se encaixe nas tendências atuais de sexualizar tudo nas histórias.
Perdoe-me se não captei tudo o que deveria na sua história, parabéns pela linguagem rica e pela coragem ao trazer uma narrativa tão fora de padrões.
Sensível e interessante seu conto. Bonita a forma como descreveu a vida e a morte. Parabéns.
Que lindo este trecho: “Os pais de Timothy criaram um novo nó ao abandoná-lo, mas como numa linha, ao torcer uma parte ela certamente encurtará e aproximará tantas outras.”
Obs: esta não é uma leitura obrigatória para mim neste desafio, por isso não há resumo. É apenas a minha breve impressão sobre o texto.
O Jardim das Memórias Vivas
Resumo:
Narra a história de Timothy, muito aguardado por seus pais, mas dispensado por estes logo após ter nascido com uma série de deformidades. Encontrado por moradores de rua, acaba num circo, não como atração, pois não era “estranho” o bastante para tal, mas como ajudante e faz tudo. Ansioso por reencontrar seus pais biológicos, o protagonista não tem tal sorte, seu corpo passa a definhar precocemente e, acamado num hospital, vive experiências extra-sensoriais antes de deixar esta vida.
Comentários:
Um conto difícil, não tão somente por sua hermeticidade, supostos significados sublinhares, mas inclusive pelas construções mal elaboradas. O autor opta por introduzir com uma teoria, na forma de preâmbulo, que transita entre religião e fantasia (remetendo inclusive ao charlatanismo) e apresentando-nos uma divindade denominada Nós (trocadilho de efeito negativo, ao meu ver).
Numa narrativa linear, a história de vida do personagem é utilizada apenas para corroborar a teoria fantástico religiosa previamente introduzida, tendo os sentidos papel relevante neste processo. Timothy resulta um personagem caricato, estereotipado, sem individualidade ou carisma, um mero instrumento.
Em suma, nem história, nem personagem, nem teoria, nem tão pouco a técnica e estilo incitam ou empolgam, de forma que a leitura não se faz propriamente um exercício prazeroso.
Minhas notas:
Título e Introdução: 5
Personagens: 5
Tempo e Espaço: 5
Enredo, Conflito e Clímax: 5
Técnica e Aplicação do Idioma: 6
Valor Agregado: 5
Adequação Temática: 10
Nota Final: 2,8
Observação:
As parciais, baseadas nos critérios, variam de 0 a 10, mas possuem pesos distintos na composição da nota final, que varia de 0 a 5.
O JARDIM DAS MEMÓRIAS VIVAS- Resumo- A história de um homem que nasceu com deformidades. Ele é abandonado pelos pais. Encontrado por integrantes de um circo, passa a viver com eles, até se tornar adulto, quando por motivo de uma doença degenerativa, vem a morrer.
COMENTÁRIO – A introdução do conto me pareceu uma tese acadêmica, construída sob o pensamento de que no Universo existem energias que nos conectam com outras energias desconhecidas e outras conhecidas, como os sentimentos do ser humano. Claro, os animais também têm sentimentos, mas não tem consciência deles. A primeira frase do segundo parágrafo, ficou meio estranho, a informação não teve nenhuma importância se a mulher era virgem ou não. Pelo nome do personagem, Timothy, a história me parece ocorrer fora do Brasil. Timóteo seria o mais certo, caso fosse no Brasil. O autor tentou fazer uma metáfora, onde leis universais agem sobre as pessoas, mas no fim e ao final, não me surpreendeu. Alguns pontos ficaram obscuros e para apontá-los e discuti-los (apontei alguns) levaria muito tempo, não cabe aqui, tanto por tamanho, quanto por importância. O conto como está, ficou prejudicado pelo limite de 2500 palavras. Incentivo o autor a transformar a história num romance. Acho que ficaria muito bom. Sem as metáforas, é claro.
Vida e morte de Timothy que, por nascer deformado fisicamente, é abandonado pelos pais, cresce em um circo. Adulto, um tipo de prostituta, vendia ideias e se entregava aos outros de corpo e mente abertos, em busca de afeto e prestígio. Morre cedo, pelas limitações do organismo.
O texto trabalha com o sentimento de Deus e com os órgãos de sentidos de forma bastante abstrata, complexa, filosófica. O texto se inicia explicando a teoria do NÓS, a condição do nascimento do protagonista, depois explora um pouco da vida do personagem e finaliza no seu reencontro com NÓS. Realmente é muita coisa, mas as partes as partes estão dosadas, então não ficou a impressão de que está tudo espremido. Se o objetivo do conto foi apenas contar a trágica história do azarado personagem, o/a autor/a conseguiu com êxito.
A narrativa é sequencial e descritiva, deveria saber alternar melhor momentos com cenas (mostrar) e momentos com resumos (contar). O problema é que parece mais um ensaio do que um conto, muita informação retilínea. Por natureza, a história é melancólica, com a busca inconsciente do protagonista por resgatar seu lado humano, sentimental.
Parabéns pelo trabalho. Não notei problemas maiores de escrita. Boa sorte. Abraços.