EntreContos

Detox Literário.

Ô Bira! (Catarina Cunha)

 

— Ô Bira, essa cômoda aí amarrada no fusquinha é pra quê?

— Fusquinha não, o nome dele é Goiaba. Ele não gosta de ser chamado desse nome aí. O móvel eu tô vendendo. Uma belezura no verniz. Pra senhora é cem pratas.

— Tá de onda comigo? Te conheço desde que tu fazia frete de entulho no burro sem rabo.

— Sessenta e não se fala mais no passado que dá azar.

— Cinquenta, entrega lá em casa e assunto encerrado. 

— Fechou. Se fui pobre não me lembro, se fui rico me roubaram.

 

O valente biscateiro subiu a ladeira íngreme no maior medo do fusquinha não aguentar o tranco e descer de ré. Suspirou aliviado quando estacionou em frente ao prédio da cliente. O pior tinha passado. Quando percebeu os quatro lances de escadas, para subir com a cômoda na corcunda, comentou com o fusquinha:

— Olha pra isso Goiaba, rico não tem motivo pra sofrer então arranja. Artista é que gosta de morar em escadaria, todo castigo é pouco, como já dizia meu cunhado toda vez que me via. Se Jesus aguentou a cruz o que ele faria com uma caixinha de oito gavetas? Molinho, levaria pendurada nos beiços. Eita, esse troço tá parecendo queijo suíço. Vou meter querosene que os bichos morrem doidões e a dona nem repara. 

— … 

— É por isso que eu gosto de você, Goiaba, não fica por aí falando besteira. 

Encheu o móvel de querosene, botou a carga nas costas e foi vencendo degrau por degrau. A cada passo uma via crucis com o querosene escorrendo pelo lombo, junto com o pó de cupim. Quando chegou ao destino e a mulher abriu a porta encontrou um Bira à milanesa,  preparado sem nenhum capricho. 

— Taí, doutora, missão dada é missão cumprida.

— Ué, Bira, o que é esse pó amarelo fedendo grudado no teu corpo?

— É um tratamento francês a base de pó de fada para amaciar pele de burro. 

— Sei… Coloca a cômoda aqui do lado da janela. Espera aí, essa coisa tá parecendo um pombal de cupim. Sacanagem comigo. Tira isso da minha casa já. Perda total que nem minha confiança em você.

— E eu tenho que entender  de bicho escondido nos intestinos da madeira? Só falo do que entendo. Por exemplo, eu não sei nadar no mar, só entendo de coisa seca. Lá no sertão os peixes nadam na poeira e eu aprendi com eles. Agora bota uma farinha aqui na minha frente pra senhora ver se eu não domino a danada?

— Tá querendo me enrolar com essa besteira de peixe e poeira. Eu quero o meu dinheiro de volta. 

— Quando eu cheguei aqui no Brasil, porque sou estrangeiro lá da Paraíba, fiquei maluco. Não podia cometer um pecadinho porque todo lado que eu virava o Cristo tava lá em cima do morro de olho em mim. Desde lá, e isso já tem mais de légua de vento, só faço e falo a verdade, com Jesus no meu cangote direto. Quero morrer com um raio agora na fuça se estiver mentindo, ou eu não me chamo Jeovane, com “J”.

— teu nome é Geovane, com “G”, né?

— Jeovane,  com “J”. Tem gente que escreve errado, daí eu ensino. Os moleques lá na roça não sabiam falar o meu nome e eu também não sabia explicar e nem soletrar. Então pra encurtar a prosa, que eu não sou de falar muito, eu adotei o nome Bira, que era um cachorro que eu gostava muito, Ele rodava que nem um peão atrás do próprio rabo e morreu de tanto comer xiquexique. Eu chorei muito quando ele fechou os olhinhos,  e também teve um jegue chamado Nestor que…

— Tá bom, tá bom, já entendi, Jeovane com “J”.

— Pode me chamar de Bira…

— Chega! Quero saber como é que a gente fica. Cadê o meu dinheiro?

— A senhora eu não sei, mas tem dias em que fico muito ruim, mas na maioria dos horários eu sou muito gente boa, principalmente quando eu durmo. E esse negócio de devolver dinheiro é muito complicado, não estudei tanto assim. Qual o time da senhora mesmo, que eu já ia me esquecendo?

— Esquecendo do que, Bira?

— ????

— Tá, tá, meu time é Botafogo e eu estou sem um pingo de paciência com você. Mas o que isso tem a ver com nossa transação aqui?

— É que, por obra e graça de meu padim padre Cícero, e do Cristo que não me desgruda das costas, tenho aqui, no meu veículo de frete, uma encomendada especial para a senhora, diretamente da central administrativa das nuvens celestiais. 

— Caramba, Bira, que mosaico lindo com o escudo da estrela solitária. Amei. 

— É da madame, ordem divina, eu só obedeço. 

— Tudo bem, homem de Deus, mas você ainda me deve um frete. E tira essa mansão de cupim daqui.

— Não quero nem saber quem morreu, eu só quero é chorar. 

— E vê se não vende essa cômoda de novo para outro otário.

— Claro que não. Vou fazer um criadouro desses bichos lá em casa para alimentar o meu tamanduá de estimação. 

— Kkkk… Tu não toma jeito mesmo. Toma cá mais uns trocados para a cerveja.

— Sorte de paraíba na chuva é goteira na sala. É por isso que lá em casa tem um monte de balde. A senhora não está precisando de um balde?

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22 comentários em “Ô Bira! (Catarina Cunha)

  1. M. A. Thompson
    15 de dezembro de 2019

    Um conto bem curtinho sobre Bira, um vendedor e dono de um carro de nome goiaba, que tenta passar a perna em uma senhora vendendo-lhe uma cômoda repleta de cupim. Um conto cheirando a crônica que não disse à que veio, parece incompleto.

  2. Adauri Jose Santos Santos
    15 de dezembro de 2019

    Resumo: Homem vende um móvel para uma senhora e recebe o dinheiro adiantado. Quando a dona recebe o móvel percebe que o mesmo está cheio de cupins, desiste do negócio e pede o dinheiro de volta. O homem então dá outra mercadoria.
    Comentários: Gostei da história no geral, é interessante e tem um diálogo bem legal. Nos chama a atenção a linguagem utilizada pelo personagem principal que usa metáforas bastante divertidas. Não gostei muito da construção dos diálogos porque em alguns a gente não sabe quem está falando o quê. A escrita é boa, mas tem alguns problemas de revisão.

  3. Elisabeth Lorena Alves
    15 de dezembro de 2019

    O Bira
    Goiaba
    Resumo
    Um paraíba esperto que só tenta vender uma cômoda cheia de cupim para uma cliente e acaba vendendo um escudo pelo mesmo preço.

    Comentário
    Interessante.
    Linguagem informal. Texto cheio de idéias pré concebidas sobre a inocência e a esperteza do povo nordestino.
    Gostei do narrador ser o fusca, perdão, o Goiaba.

  4. Ricardo Gnecco Falco
    15 de dezembro de 2019

    Resumo: vendedor de uma cômoda repleta de cupins consegue dar a volta em uma cliente insatisfeita (como todo botafoguense), graças a boa lábia.

    Impressões: um conto cheio de estilo e que desce macio e reanima como um Dreyer… (rs!). Uma aposta interessante em um Desafio onde a formalidade e o tom mais “clássico” costuma aparecer (e se consagrar) com maior frequência. Gostei do formato e, mesmo sem grandes reviravoltas ou colossais trajetórias de heróis, o final acaba surpreendendo devido os trocados a mais ganhos pelo protagonista bom de bico. Parabéns pela coragem de arriscar e pela boa execução de seu trabalho! E boa sorte no Desafio! 😉

  5. Jowilton Amaral da Costa
    15 de dezembro de 2019

    O conto narra a história de Bira, um paraibano que mora no Rio de Janeiro, e que vive de fazer biscates.

    É um bom conto. O Bira une a sagacidade sonsa do sertanejo com a boa malandragem do carioca, tornando-o um personagem muito bom e daqueles que todo mundo acha que conhece alguém parecido. O conto é bem narrado, com bons diálogos e algumas tiradas bem engraçadas. Boa sorte no desafio.

  6. Thiago Barba
    13 de dezembro de 2019

    Jeovane (o Bira) faz a entrega de um móvel cheio de cupim com o seu fusca Goiaba.

    Técnica: 4,5
    Criatividade: 4,0
    Impacto: 4,0

    Texto de leitura gostosa. Funciona muito bem. Por conta da técnica, fico com um sorriso no rosto durante toda a leitura. Confesso que se o conto fosse longo, talvez ele me cansaria, por isso ele ganha pontos por ser curtinho. Curto e certeiro.
    Única coisa que me fez frear a leitura, foi a utilização do cachorros “fechar os olhinhos”. Meu cérebro não conseguiu acreditar no momento que aquele personagem não falaria assim. Sei que tudo é possível na realidade e, caso fosse uma pessoa real, poderia falar assim, mas o personagem criado, o modo que ele fala e reage, parece não ser possível essa frase.

  7. Rosário dos Santoz
    13 de dezembro de 2019

    Resumo: Homem com muito apreço ao próprio carro vive de vender várias coisas. Nem todas em boas condições.

    O que achei: A estrutura é bem diferente dos contos clássicos, e não há um acontecimento diferenciado a ser mostrado. O que se têm é um frame do cotidiano de um sujeito com vocação pra Didi Mocó com toques de Zé Carioca. Um malandro simpático que dá seus pulos pra poder sobreviver.

  8. Cicero G. Lopes
    12 de dezembro de 2019

    Ô Bira!
    Resumo:
    Bira ou Jeovane com “J” é um biscateiro cheio de lábia e o conto traz a história da tentativa de venda de uma cômoda cheia de cupins.

    Considerações:
    É bem divertida. Parece uma crônica composta para ilustrar a esperteza do caboclo nordestino. Uma delícia de prosa, repleta de bordões e graça.

  9. Rafael Penha
    12 de dezembro de 2019

    RESUMO: Um esperto nordestino vende um móvel cheio de cupins. Após entregá-lo, a cliente percebe a trama e reclama, mas o esperto e falante homem tem outras formas de manter o dinheiro da barganha.

    COMENTÁRIO : O texto deixa o clima da história totalmente a cargo dos diálogos, não há descrições ou pensamentos, mas mesmo assim, apenas com a malandragem do protagonista, podemos enxergar o local e até imaginar sua aparência.
    Alguns dos espirituosos diálogos são estranhos, desconexos, obviamente, intencionalmente pelo autor, para demonstrar a capacidade de Bira de engambelar, mas confesso que engambelou até a mim, pois em alguns deles me perguntava como as pessoas caem no papo mole.
    A narrativa lembra as crônicas, leve, descontraída, despretensiosa, e aqui, o texto alcançou esse objetivo.

  10. Claudinei Ribeiro Novais
    12 de dezembro de 2019

    RESUMO: Um paraibano bom de lábia andava comercializando produtos em seu fusca. Num dia desses, vendeu uma cômoda e quando ele foi fazer a entrega, a compradora percebeu que o móvel estava cheio de cupim, rejeitou a mercadoria, e solicitou o reembolso do valor pago. Ocorre que o Bira não tinha mais o dinheiro disponível e tentou negociar, oferecendo outra mercadoria a fim de apaziguar a situação. Por fim, graças a sua lábia, Bira ainda conseguiu arrancar uns trocados extras da clientes.

    CONSIDERAÇÕES: Linguagem fluida, gramática ok e conto bastante interessante. O fim deixou um pouco a desejar, diferente do início do conto, passando a impressão de que o(a) autor(a) acabou o contos meio às pressas. Mas, a forma dinâmica do estilo utilizado, torna o Bira em uma pessoa familiar, como se já o conhecêssemos de algum lugar ou como se fosse um conhecido do nosso bairro, o que é um ponto bastante positivo.

  11. Priscila Pereira
    7 de dezembro de 2019

    Olá, autor!
    Muito divertido seu conto!! Esse personagem é muito bom!! O conto está bem escrito, rápido, fluido, interessante. Um cotidiano divertido e muito bem contado. Parabéns e boa sorte!!

  12. Paulo Luís
    6 de dezembro de 2019

    Olá, Goiaba, boa sorte no desafio. Eis minhas impressões sobre seu conto.

    Resumo: Biscateiro de bugiganga e trambiqueiro vende móvel bichado de cupim para cliente. Ao perceber que o malandro tenta lhe “passar a perna”, pede o dinheiro de volta, mas ele enrola, enrola, e acaba ganhando na conversa mole.

    Gramática: Linguagem cheia de ditos populares, (clichês) mas que não ofende na narrativa, gramática sem problemas aparente.

    Comentário crítico: O enredo força a barra pra ser engraçado com o uso de sentenças de cunho populares. Mas não passa disso. É apenas engraçadinho, um tanto parecido com uma piada comprida. Nota:

  13. Elisa Ribeiro
    3 de dezembro de 2019

    As peripécias do simpático biscateiro Bira e seu fusquinha Goaiba tentando vender e entregar para uma cliente uma cômoda velha e infestada de cupins.

    Os pontos altos aqui estão na empatia despertada pelo personagem Bira e pelas divertidas tiradas espalhadas ao longo do texto.

    Destaco também a linguagem descontraída e divertida. Coloquiais e populares, os diálogos soam verossímeis embora sem ofender as regras gramaticais. Acho bem desafiador dar conta disso na nossa língua, mas você o fez com muito sucesso.

    Embora simples, o enredo é bem sucedido em demonstrar a competência com que o personagem Bira, razão de ser da história, consegue se virar bem em sua vida precária.

    Um texto leve e despretensioso, com sabor de crônica. Leitura gostosa que embora redonda, poderia ter se estendido um tantinho mais.

    Parabéns e sucesso!
    Um abraço.

  14. Luis Guilherme Banzi Florido
    2 de dezembro de 2019

    Bom dia/tarde/noite, amigo (a). Tudo bem por ai?
    Pra começar, devo dizer que estou lendo todos os contos, em ordem, sem saber a qual série pertence. Assim, todos meus comentários vão seguir um padrão.
    Também, como padrão, parabenizo pelo esforço e desafio!

    Vamos lá:

    Tema identificado: humor, cotidiano

    Resumo: Bira, um vendedor de tranqueiras de lábia muito boa, enrola a cliente para quem vendeu uma cômoda cheia de cupins, e acaba ganhando dinheiro pra cerveja, ainda.

    Comentário: muito divertido! Gostei!

    O protagonista é extremamente carismático, um ótimo personagem. A escrita leve e gostosa me fez mergulhar na leitura, nem senti o tempo passar. A leveza na escrita combina com a personalidade de Bira, e narrador e personagem parecem seguir juntos numa dança gostosa de ler.

    O homem é carismático e divertido, e muito bom de papo. O tempo todo, tanto a cliente como eu sabíamos que ela ia ser enrolada, mas mesmo assim embarcamos na viagem hahahah. Ela, ainda que contrariada, não consegue resistir aos encantos do vendedor, tanto que acaba pagando até uma cerveja pra ele, no final.

    E voc~e foi muito habilidoso na construção desse personagem, pq os diálogos estão excelentes, e a personalidade do homem está pulsante no conto, mesmo sendo um conto curto e rápido. Isso não é facil de fazer.

    A linguagem regional também caiu muito bem. Até o carro meio que tem personalidade, né? hahahah. Adorei quando o cara fala com o carro, e o carro “responde” com reticências. Deu um charme pro conto essa parte.

    Enfim, excelente trabalho, adorei. Parabéns!

  15. Fabio Monteiro
    1 de dezembro de 2019

    Ô Bira (Goiaba)

    Resumo: Bira é um vendedor. Ele encontra uma senhora, vende uma cômoda que estava sob o seu fusquinha que, aliás, não gosta de ser chamado de fusca, ele o chama de goiaba. Quando vende a cômoda descobre que a mulher mora num lugar alto (4 lances de escadas). Para piorar sua situação ele descobre que o móvel está cheio de cupins. A mulher recusa a encomenda. Ele acaba a enrolando com outras bugigangas.

    Pontos fortes: Clássico do ponto de vista que já tivemos muitas biras na porta de casa com encomendas do tipo. O típico charlatão que vende o almoço para comprar a janta (se me permite comentar assim). O personagem é do tipo que tem lábia, isso chama a atenção.

    Ponto fraco: No dialogo a então senhora usa umas gírias que não achei adequadas ao texto (isso é questão de ponto de vista). “Tá de onda comigo”, “Fechou”. Isso me parece mais um termo masculino do que um usado por uma senhora de classe como me pareceu ter sido descrita sua personagem no texto.

    Comentario geral: A escrita é fluida, rápida, porém, genérica em alguns termos. Eu diria que simplificada demais para o certame. Algumas comparações feitas como “peixe que nada em poeira” chamam a atenção pelo fato de caracterizar o personagem. Gostei muito deste ponto. Mas, no quesito senhora malandra, devo dizer que, ficou a desejar.

  16. Cirineu Pereira
    30 de novembro de 2019

    Resumo:
    Edificado basicamente em diálogos, lembrando Luiz Vilela, Ô Bira! é um miniconto (praticamente uma crônica) cotidiano e bem-humorado do Rio em seus melhores tempos. Bira, um biscateiro nascido na Paraíba e residente no Rio, possui um Volkswagen carinhosamente batizado por Goiaba. Em certa ocasião, vende um móvel usado a uma conhecida sua, porém não consegue efetivar o negócio pois a peça está infestada de cupins. Descoberto o problema, a senhora exige estorno do valor previamente pago. Contrafeito, o biscateiro sagaz saca, como num passe de mágica, outro item de interesse da senhora e, com sua simpatia, faz-se ainda merecedor de uma gorjeta.

    Comentários:
    O personagem é bem delineado e carismático, ainda que, ao meu ver, se assemelhe mais ao estereótipo carioca do que a um verdadeiro paraibano. As falas do protagonista não trazem o regionalismo característico (talvez ele tivesse “inventado” que é paraibano). Enfim, sem as especificidades do linguajar nordestino, Bira é edificado basicamente por seus argumentos, por sua malandragem. Bom, mas poderia ser melhor. Sua interlocutora, em contrapartida, não tem o mesmo espaço. Poderia ter sido mais ricamente caracterizada, não tivesse optado o autor por ser tão econômico.
    Aliás, é o Rio, na minha interpretação, num de seus melhores períodos. Então caberia muito mais em termos de caracterização e ambientação. Novamente, também aqui a economia opera contra. Mas então, me pergunto, seria mesmo economia ou apenas um apagão criativo? Afinal, se o enredo é pobre, isso não é por si só um pecado. Caberia ao autor cadenciar a narrativa e rechear a história de forma positiva.
    Por fim, em relação à técnica e aplicação do idioma, apesar de não se perceber enlevos de estilo, salvo falhas reincidentes de pontuação, também não se percebe grandes atentados contra a língua escrita.
    O saldo remete a uma ideia e personagem com potencial, porém subutilizados.

    Em números:
    Título e Introdução: 7
    Personagens: 7
    Tempo e Espaço: 7
    Enredo, Conflito e Clímax: 6
    Técnica e Aplicação do Idioma: 7
    Valor Agregado: 6
    Adequação Temática: 10
    Nota Final: 3,5

    Observação:
    As parciais, baseadas nos critérios, variam de 0 a 10, mas possuem pesos distintos na composição da nota final, que varia de 0 a 5.

  17. Jorge Santos
    30 de novembro de 2019

    Jeovane com J, um biscateiro também chamado de Bira, vende um móvel. Quando entrega na casa do cliente este reclama porque o móvel está infestado de bichos.
    Conto com a temática humorística, passível de ser transformado num episódio da Porta dos Fundos. Faltou apenas aprofundar ainda mais a situação.
    A linguagem é cheia de regionalismos, mas nada que atrapalhe a leitura a alguém menos habituado, como é o meu caso. O humor está bem conseguido, retratando um tipo de pessoa à qual aqui em Portugal costumamos chamar de Chico-esperto, alguém que tenta tirar partido da ignorância dos outros. Por outro lado, estava especialmente interessado no conto por causa do nome. Aqui em Braga, um dos restaurantes mais famosos é, precisamente, o Bira dos Namorados.
    Achei curiosa a utilização do nome Goiaba para o carro e a utilização do mesmo nome para o pseudónimo. Desconhecia que os Fuscas (ou Carochas, como são conhecidos aqui) viessem com opção de escrita inteligente. Deve ser um extra…

  18. Luciana Merley
    29 de novembro de 2019

    Resumo
    A divertida história de um mascate nordestino e suas histórias.

    Técnica
    Muito leve e divertido. Personagem bem construído. Quem conhece mascate sabe que é isso aí mesmo. Mistura de esperteza com um pouco de doideira. Acho que o cerne do conto não é nenhum acontecimento em si, mas a própria personalidade do Jeovane com J e isso foi bem interessante de ver. O final não é surpreendente e nem precisa ser, mas fecha marcando bem a personalidade dele e deixando um riso como reação na leitora aqui.

    Criatividade
    Bem criativo e divertido.

    Impacto
    A leveza e a linguagem me impactaram positivamente.

    Parabéns e boa sorte.

  19. Cirineu Pereira
    24 de novembro de 2019

    Ô Bira!

    Resumo:
    Edificado basicamente em diálogos, lembrando Luiz Vilela, Ô Bira! é um miniconto (praticamente uma crônica) cotidiano e bem-humorado do Rio em seus melhores tempos. Bira, um biscateiro nascido na Paraíba e residente no Rio, possui um Volkswagen carinhosamente batizado por Goiaba. Em certa ocasião, vende um móvel usado a uma conhecida sua, porém não consegue efetivar o negócio pois a peça está infestada de cupins. Descoberto o problema, a senhora exige estorno do valor previamente pago. Contrafeito, o biscateiro sagaz saca, como num passe de mágica, outro item de interesse da senhora e, com sua simpatia, faz-se ainda merecedor de uma gorjeta.

    Comentários:
    O personagem é bem delineado e carismático, ainda que, ao meu ver, se assemelhe mais ao estereótipo carioca do que a um verdadeiro paraibano. As falas do protagonista não trazem o regionalismo característico (talvez ele tivesse “inventado” que é paraibano). Enfim, sem as especificidades do linguajar nordestino, Bira é edificado basicamente por seus argumentos, por sua malandragem. Bom, mas poderia ser melhor. Sua interlocutora, em contrapartida, não tem o mesmo espaço. Poderia ter sido mais ricamente caracterizada, não tivesse optado o autor por ser tão econômico.
    Aliás, é o Rio, na minha interpretação, num de seus melhores períodos. Então caberia muito mais em termos de caracterização e ambientação. Novamente, também aqui a economia opera contra. Mas então, me pergunto, seria mesmo economia ou apenas um apagão criativo? Afinal, se o enredo é pobre, isso não é por si só um pecado. Caberia ao autor cadenciar a narrativa e rechear a história de forma positiva.
    Por fim, em relação à técnica e aplicação do idioma, apesar de não se perceber enlevos de estilo, salvo falhas reincidentes de pontuação, também não se percebe grandes atentados contra a língua escrita.
    O saldo remete a uma ideia e personagem com potencial, porém subutilizados.

    Em números:
    Título e Introdução: 7
    Personagens: 7
    Tempo e Espaço: 7
    Enredo, Conflito e Clímax: 6
    Técnica e Aplicação do Idioma: 7
    Valor Agregado: 6
    Adequação Temática: 10
    Nota Final: 3,5

    Observação:
    As parciais, baseadas nos critérios, variam de 0 a 10, mas possuem pesos distintos na composição da nota final, que varia de 0 a 5.

  20. Antonio Stegues Batista
    17 de novembro de 2019

    Ô BIRA! –Resumo- Um biscateiro vende uma cômoda para uma mulher, mas como o móvel está com cupim, ela o devolve e pede o dinheiro de volta. Bira tenta de todas as maneiras, levar vantagens.

    COMENTÁRIO- Um conto bem-humorado sobre um matuto sertanejo. O texto tem mais diálogos do que narração, ignorando as descrições dos personagens, que não é nenhum erro, é uma opção válida porque não se faz necessário. As situações não são nada engraçadas, mas as falas dos personagens, em certos momentos, são divertidas. Não é uma história ruim, mas também não é nada original, e não me impressionou como arte literária.

  21. Fheluany Nogueira
    12 de novembro de 2019

    Um biscateiro vende uma cômoda e quando vai entregá-la percebe que a madeira está esfarinhando, com cupim. A compradora pede o dinheiro de volta, ele tenta enrolar, mas acaba entregando a ela uma outra mercadoria. No final, a freguesa ainda dá a ele uns trocados para a cerveja, recomendando que não revenda a cômoda. O vendedor vai embora oferecendo baldes à venda.

    Uma comédia extremamente simples, narrada dando um ar de malandragem e desconfiança entre os personagens. O protagonista, de fato, é alguém que todo mundo reconhece, o tipo de vigarista que acaba conquistando, seus pequenos golpes são aceitos como coisa menor. Gostei da história do nome do protagonista e o tratamento que dava ao seu fusca.

    Temos quase uma anedota alongada, que se salva muito bem dada a habilidade do autor na escrita. Enfim, um conto leve, ingênuo, que se mostra eficiente em transmitir sensação de bem-estar. Divertido, apesar de ter achado que a freguesa se convenceu muito facilmente a comprar e a trocar as peças.

    Estilo e assunto se fundem. Bem escrito e estruturado. Gostei das descrições, do vocabulário, das cenas e da sátira ao comércio informal. Interessante também o ritmo empregado no texto e a leitura fluente.

    Parabéns, um tipo de humor inteligente. Boa sorte. Abraços.

  22. Fernanda Caleffi Barbetta
    7 de novembro de 2019

    Gostei de ler seu conto, bastante divertido. Destaque para: “Se fui pobre não me lembro, se fui rico me roubaram”. rsrsrs. Parabéns.

    Obs: esta não é uma leitura obrigatória para mim neste desafio, por isso não há resumo nem comentário mais aprofundado.

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Publicado às 1 de novembro de 2019 por em Liga 2019 - Rodada 4, R4 - Série A e marcado .
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