EntreContos

Detox Literário.

O Auto do (In)feliz Natal (Caliel Alves)

 

Há alguns anos, nos festejos natalinos, o senhor Agnaldo saía às ruas vestido de Papai Noel. Fazia mágicas no intuito de arrecadar dinheiro para comprar brinquedos, que depois seriam distribuídos no orfanato Cosme & Damião. Gerido pela igreja local, contando com um pequeno convênio com o município e doações esporádicas, o lugar era humilde. Os diretores não podiam gastar dinheiro com brinquedos, caso contrário, não sobraria para pagar as contas.

O idoso, gostando de crianças e não tendo mais apoio da sua família, se pôs como voluntário da instituição. Doava todo o seu tempo e amor àquelas crianças. O número de adoções entre eles era muito baixo, a não ser quando eram bebês de zero a dois anos, brancos e sem irmãos mais velhos.

Naquela semana, acordou cedo, fez um café ralo e o bebericou de uma vez só. Vestiu-se como Papai Noel, colocou creme dental no rosto, para que o tom de pele ficasse mais próxima à do bom velhinho. Guardou também os utensílios numa sacola de nylon e saiu depois de uma oração fervorosa ao bom Deus.

Pegou duas conduções para chegar à Praça da Matriz, no centro comercial.  O lugar possuía inúmeras lojas instaladas. Muitas de marcas famosas, onde artistas e modelos internacionais posavam com sorrisos artificiais para fotos cheias de efeitos gráficos.

Embora não soubesse, não poderia permanecer ali. O Sindicato dos Comerciários locais, através de seu braço político na Câmara Municipal, por meio de Lei Orgânica, tomou resolução de que na semana do Natal, mendigos, pessoas em estado de drogadição, alcoolismo ou artistas de rua não poderiam permanecer no Calçadão em horário de funcionamento das lojas. De acordo com os bons homens que propuseram a lei, o objetivo era criar um clima de segurança e aumentar o fluxo de clientes e a receita municipal com os tributos das vendas no feriado.

Agnaldo não sabia que o direito à liberdade de expressão estava cerceado. Ao menos, não havia placa ou manifesto que indicasse o ato de inconstitucionalidade explicitamente. Por isso, chegou à Praça da Matriz em plena manhã e pousou seus objetos na rua. O local estava cheio e as pessoas dispersas.

Eram crianças espevitadas comendo algodão doce e mães apressadas teclando frenéticas em seus smartphones. O homem continuou tentando atrair a atenção do público. E após muito tentar, conseguiu. Estava tão entretido com sua mímica que não percebeu estar sendo vigiado por dois seguranças da loja em frente, uma grife conceituada. Eles vinham se aproximando com seus cassetetes na mão.

O público se divertia e depositava moedas na sacolinha, que ia se enchendo de esperança e sonhos.

De súbito, o senhor Agnaldo foi interpelado por um dos seguranças. Como não desejava sair do personagem, gesticulou freneticamente. Um dos leões de chácara entendeu aquilo como uma tentativa de agressão e deu-lhe um safanão. O idoso se ergueu do chão enraivecido, empurrou o atacante, que caiu ao chão. O outro segurança deu um golpe em sua têmpora, e antes que pudesse queixar-se da dor, foi envolvido com um mata-leão.

Por mais que tentasse falar, não podia. Sua garganta era apertada pelos braços do brutamontes. O fôlego da juventude e a resistência já não mais existiam no seu velho corpo. Alguns dos expectadores pediram para que a violência gratuita terminasse, mas temeram se envolver além das palavras. O outro segurança manejava um taser. Alguns transeuntes paravam para gravar o ato de violência, outros até mesmo tiraram selfies, postando as fotos nas redes sociais com legendas pouco lisonjeiras sobre o senhor Agnaldo. Num intuito altruísta, alguns dos expectadores ligaram para a polícia ao invés da SAMU. 

Por fim, o agredido saiu num rabecão. Durante cinco minutos inteiros, ficou sem respirar, teve uma parada cardíaca três minutos antes de morrer.

Os seguranças foram chamados a depor, mas como haviam evadido antes da guarnição policial chegar e, se apresentaram por livre e espontânea vontade no dia seguinte com bons advogados, foram acusados de homicídio culposo, sem intenção de matar. O julgamento foi procrastinado durante uma década inteira. As testemunhas arroladas pelo Ministério Público não compareceram. As câmeras de segurança do local do crime, por coincidência, “estavam em manutenção.” Os vídeos e fotos postados na internet foram considerados inconclusivos e os seguranças foram absolvidos por falta de provas. A bolsa de dinheiro nunca foi encontrada, por isso o homem não foi considerado um artista de rua ou coisa parecida, tido como um louco ou militante político radical. O corpo de Agnaldo não foi identificado ou procurado por parentes e amigos. Foi enterrado como indigente.

No orfanato Cosme & Damião, as crianças deram sua falta. O lugar nunca mais foi o mesmo. Embora os diretores tenham se empenhado em encontrar o seu mais dedicado voluntário, ele nunca foi encontrado. Os registros de Agnaldo em ONGs de desaparecidos nunca surtiram efeito, as campanhas nas redes sociais também não. Mas mesmo assim, até hoje, toda a instituição espera pelo seu retorno.

Para marcar essa esperança, e as crianças são as melhores em exercitar tal espírito, todas escreveram para o projeto Adote uma Cartinha, programa de doação voluntária dos Correios. Pessoas escolhem cartas deixadas por crianças da comunidade carente e compram os seus presentes. Para evitar fraudes, as cartas são lidas por uma coordenadora e depositadas numa cesta na recepção em envelopes especiais.

Quando os funcionários foram pegar os envelopes, viram a mulher regar a mesa de trabalho com lágrimas. Cem cartas de crianças e adolescentes do orfanato Cosme & Damião foram recebidas. Todas pediam uma única e mesma coisa: “Querido Papai Noel. Agnaldo, o nosso amigão, está desaparecido. Por favor, traga ele de volta nesse Natal, nós o amamos muito”.

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20 comentários em “O Auto do (In)feliz Natal (Caliel Alves)

  1. M. A. Thompson
    15 de dezembro de 2019

    O Auto do (In)feliz Natal é um conto bem curtinho sobre um idoso, o senhor Agnaldo, que saía às ruas vestido de Papai Noel e fazia para arrecadar dinheiro para comprar brinquedos que depois seriam distribuídos no orfanato Cosme & Damião. Acontece que nesse dia as coisas não saíram conforme o esperado. Enquanto se apresentava o idoso foi interpelado e agredido pelos seguranças da loja em frente, acabou detido e conduzido em viatura policial e veio a óbito momentos depois.
    Os seguranças foram inocentados e no final do conto lemos sobre uma funcionária que se emociona após ver cem cartinhas do orfanato pedindo pela volta do Sr. Agnaldo.
    O conto é bem curtinho e a história se resolve aos supetões. Poderia ter usado o limite de linhas para desenvolver melhor.
    Pelo que entendi o idoso se vestia de papai Noel mas fazia números de mímica, usando pasta de dente no rosto.
    Muito estranha essa descrição, pois o que se usa é pasta d’água e não faz muito sentido um papai Noel fazendo mímica.
    A não ser que eu tenha entendido errado e ele faz a mímica sem estar vestido de papai noel e se veste de papai Noel só quando vai entregar os presentes. A forma narrativa não foi a que mais me agradou, porque alguns termos como “sindicato dos Comerciários locais, através de seu braço político na Câmara…” quebraram a harmonia da narrativa. Achei desnecessário.

  2. Adauri Jose Santos Santos
    15 de dezembro de 2019

    Comentários: Gostei da estória no geral, faz a descrição das ações com leveza e uma boa qualidade. O Enredo é bem legal e tem um bom impacto no final, realmente o leitor consegue sentir empatia pelo personagem. Se era esse o objetivo principal, parabéns. Achei o título um pouco fora do contexto, esse conto mais parece uma crônica do que um auto, em minha opinião. Com algumas mudanças pontuais pode ficar bem melhor. Há falhas de revisão. Boa sorte!

  3. Elisabeth Lorena Alves
    15 de dezembro de 2019

    O alto do infeliz Natal
    Leila Carmelita

    Resumo.
    O desaparecimento de um artista de rua que se fantasiava de Pai Natal para conseguir presentes aos órfãos de um asilo da infância só é percebido pelas crianças que o esperavam.

    Comentário.
    Mais uma história de invisíveis. De cortar o coração. O incrível mesmo é que só quem nada tem é que entendeu o espírito do Natal: os órfãos que contavam com a amizade do velho Agnaldo.
    História triste porque é exatamente assim que tratam os pobres, velhos e órfãos. O texto é uma navalha bem direcionada, de corte preciso no sentimento e crenças do leitor. Infelizmente é assim que acontece tudo. A adoção. As vendas seguras no Natal. A injustiça. A demora em se levar réus aos tribunais. Criminosos letais recebendo benefícios mil por terem advogados bons e ricos. Um mar de lama.

  4. Ricardo Gnecco Falco
    15 de dezembro de 2019

    Resumo: o conto narra a história de um senhor que costumava visitar um orfanato e que tentava ajudar as crianças de lá fazendo apresentações artísticas na rua, até ser ferido mortalmente por seguranças de lojas e enterrado como indigente, deixando saudades nas crianças do tal orfanato, que acabaram se juntando e escrevendo uma centena de cartas para o “papai noel” trazê-lo de volta à instituição.

    Impressões: é um conto natalino bem triste, principalmente por sabermos que nem sempre a ficção se distancia da realidade; muitas vezes, até funcionando para atenuá-la. O texto está bem escrito, narrando a trajetória dramática de um personagem-herói comum (nem tanto, infelizmente), utilizando uma linguagem compatível com o mesmo. Algumas vezes, jurisprudências são criadas com intuitos nefastos, mas sempre muito bem escondidos por trás de máscaras de “justiça”, como no caso recente da decisão a respeito da Prisão após Segunda Instância… Resta-nos, ao menos, a esperança de que, ao final, o Bem vencerá o Mal. Parabéns pelo belo trabalho e por trazer este tema ao Desafio!

  5. Jowilton Amaral da Costa
    15 de dezembro de 2019

    O conto narra a história de Agnaldo, um idoso que se vestia de Papai Noel e fazia algumas mágicas de rua para angariar dinheiro para comprar presentes para as crianças do orfanato Cosme e Damião. Em uma dessas apresentações de rua o senhor Agnaldo foi assassinado por dois seguranças de uma loa do centro da cidade.

    O conto tem um teor de denuncia e me pareceu que deve ser baseado em fato real. Acho que a denuncia e a reflexão são necessárias. Em termos literários o conto deixa a desejar, na minha opinião, claro. Ficou parecendo mais um relato do que uma peça literária, não me causando tanto impacto assim. Não percebi nenhum erro gramatical. Boa sorte no desafio!

  6. Thiago Barba
    13 de dezembro de 2019

    Um senhor que faz papai noel nas ruas para ganhar dinheiro para comprar brinquedos para crianças de um orfanato, é morto por seguranças no calçadão e “desaparece” perante a sociedade.

    Técnica: 2,5
    Criatividade: 3,5
    Impacto: 2,0

    A técnica utilizada no conto, está abaixo da média de outros contistas deste certame. O que me fez perder interesse na história e ter que reler o conto. O conto não me dá atrativos estéticos, o que para mim é o principal fator para apreciar uma leitura, por conta disso vai muito o impacto que o conto poderia ter sobre mim.
    Cai ainda mais o impacto, a falta de fazer o leitor acreditar na história. Não acredito nesses personagens que chegam para bater em um senhor e acabam matando ele, pois não acredito nesse motivo. Até poderia acreditar se, com habilidade de escrita, deixasse este motivo verossímil.
    Acho boa a luta política do texto e me traz uma boa simpatia por ele, mas o modo que foi escrito, me afasta muito do que acredito ser um bom texto.

  7. Cicero G. Lopes
    12 de dezembro de 2019

    Resumo:
    A Sr. Agnaldo é voluntário de uma ong que abriga órfãos e todos os anos à época do Natal, ele se veste de Santa Claus, faz umas pantomimas e recolhe doações para as crianças. Desta vez deu ruim! O Sr. Agnaldo não sabia da resolução que os vereadores e o Sindicato dos comerciantes publicaram, proibindo, entre outras, as apresentações artísticas. Resultado; o Sr. Agnaldo foi interpelado, agredido, e morto pela guarda municipal, depois enterrado como indigente, jamais foi reconhecido. Somente as crianças do orfanato sentiram sua falta e encaminharam centenas de cartas para o programa de doação voluntário dos correios pedindo retorno do bom velhinho.

    Considerações: Ah, sei! Era para ser comovente, tocante, arrancar lágrimas… Não foi! O mundo está duro, seco, frio e a cada dia insensível demais para histórias como essas. Acho que esta é a mensagem que a autora pretende nos passar.

  8. Rafael Penha
    12 de dezembro de 2019

    RESUMO: Em meio a uma montanha de burocracias, artista de rua querido por muitas crianças carentes é covardemente agredido e morto por seguranças de uma loja. Assim, as crianças carentes passaram a escrever cartas de natal, pedindo pelo retorno do artista, que nunca acontecerá.

    COMENTÁRIO: Este texto que na minha opinião, é mais jornalístico do que necessariamente um conto, foi escrito de forma criativa. No início, foi hábil em exibir o mundo em que está inserido, imerso em burocracias que objetivam unicamente atrapalhar ou corromper andamentos de qualquer sistema.
    A história fala muito mais do seu mundo do que de qualquer personagem em particular, e demonstra de forma aterradora a realidade que vivemos. A narrativa é fria, quase uma reportagem, provavelmente essa foi a intenção, mas eu senti falta de um pouco mais de desenvolvimento de personagem, ou de motivações.
    O final é terrível, desprovido de qualquer esperança e se o ponto do autor era, de forma muito pouco lírica, demonstrar que o mundo é cruel, ele acertou em cheio.

  9. Claudinei Ribeiro Novais
    12 de dezembro de 2019

    RESUMO: O senhor Agnaldo atuava como voluntário no orfanato Cosme e Damião, instituição mantida pela Igreja Católica, mas sem grana para comprar outros itens, além do alimento necessário. A fim de arrecadar fundos para o orfanato, o senhor Agnaldo decide se vestir de Papai Noel e ir até a praça da cidade fazer espetáculo e, assim, conseguir um dinheiro extra para a instituição. Mas, ele não sabia que a lei orgânica da cidade não permitia tais tipos de manifestação na praça. Enquanto ele estava fazendo suas apresentações, dois seguranças se aproximaram e o agrediram, levando-o ao óbito.
    O senhor Agnaldo foi enterrado como indigente e ninguém da família ou do orfanato ficou sabendo o que teria acontecido. Quanto aos seguranças que o agrediram, foram inocentados por falta de provas.

    CONSIDERAÇÕES: Trata-se de um conto interessante e sem erros gramaticais aparentes. Outro fato interessante, é que estamos no mês de dezembro e o conto vem bem a calhar com a época natalina. Quanto aos acontecimentos, o fato de citar a solicitação das gravações das câmeras dos comércios próximos tanto tempo após o ocorrido, pareceu um tanto inverossímil, já que os HDs que mantêm as gravações de câmeras não costumam arquivar imagens com mais de dois meses, por simples questão de armazenamento mesmo, pois as gravações mais antigas vão cedendo espaço para as gravações mais novas. Mas só fiz essa observação porque meu HD, embora grande, não suporta manter a gravação de todas as câmeras por muito tempo. Mas, quem não tem sistema de câmeras de vigilância, talvez nem saiba disso… De modo geral, conto bacana e bastante oportuno.

  10. Rosário dos Santoz
    11 de dezembro de 2019

    Resumo: Homem caridoso decide arrecadar dinheiro para ajudar um orfanato, sem saber que no lugar e época onde estava arrecadando dinheiro era proibido fazê-lo. E por não ter o conhecimento de tal inconstitucionalidade acabou morrendo.

    O que vi: Uma história triste, tocante e infelizmente com inspiração contemporânea.
    Fiquei indignado no clímax. Put@ assassinato frio.
    O final se resume a um nó na garganta.
    Parabéns pelo conto.

  11. Priscila Pereira
    7 de dezembro de 2019

    Olá, autor!
    Que conto triste!! O final me emocionou…
    O pior desse conto é que é extremamente verossímil… Muito triste mesmo…
    Um retrato exato das injustiças da vida, do descaso, da falta de empatia, da falta de amor e da inocência das crianças. Parabéns e boa sorte!

  12. Paulo Luís
    6 de dezembro de 2019

    Olá, Leila Carmelita, boa sorte no desafio. Eis minhas impressões sobre seu conto.

    Resumo: Idoso travestido de Papai Noel trabalha no comércio local arrecadando fundos para uma comunidade religiosa, a fim de comprar presentes para as crianças nas festas natalinas. Quando é agredido por seguranças de uma loja, espancado e morto. Em cujo incidente, os culpados são inocentados por falta de provas, apesar das inúmeras testemunhas e evidências.

    Gramática: Leitura sem tropeços gramaticais que desabone.

    Comentário crítico: Um enredo tendencioso, beirando o apelativo dramático. Com um argumento que não convence. Forçado por demais.
    Em momento algum a trama se sustenta.

  13. Elisa Ribeiro
    3 de dezembro de 2019

    Homem idoso é voluntário em um orfanato. Sem posses e com pouca renda, veste-se de Papai Noel e faz mágicas para angariar rendas a fim de comprar presentes de Natal para as crianças do orfanato. Sem saber que estava em local proibido, é agredido com seguranças e aca morrendo no embate. Certo Natal, as cartas ao Papai Noel enviadas pelas crianças do orfanato causam comoção nos responsáveis pela sua leitura.

    Uma história de Natal triste com um final comovente que evoca o espírito natalino. O conto é bem curtinho e me pareceu ter sido escrito meio às pressas.

    A linguagem é direta e neutra o que, se por um lado combina com a atualidade da trama, por outro não ajuda muito no que parece ser a intenção do conto de comover o leitor.

    Os personagens, tanto o protagonista, Sr. Agnaldo, como os personagens não individualizados — a multidão, os seguranças, as crianças — não são muito desenvolvidos o que acaba prejudicando o envolvimento do leitor.

    O enredo embora convencional, é interessante pelos aspectos da sociedade contemporânea que retrata. Infelizmente a história ficou muito curta e o enredo que poderia ter rendido mais acabou ficando prejudicado.

    Enfim, me pareceu uma história escrita somente para participar do desafio e que tem potencial para uma reescrita. Talvez como um auto de Natal de verdade, como o título sugere.

    Um abraço.

  14. Luis Guilherme Banzi Florido
    2 de dezembro de 2019

    Bom dia/tarde/noite, amigo (a). Tudo bem por ai?
    Pra começar, devo dizer que estou lendo todos os contos, em ordem, sem saber a qual série pertence. Assim, todos meus comentários vão seguir um padrão.
    Também, como padrão, parabenizo pelo esforço e desafio!

    Vamos lá:

    Tema identificado: crítica social, cotidiano

    Resumo: uma crítica social sobre a hiprocisia que vivemos. Agnaldo, um senhor voluntário de um orfanato, é covardemente assassinado pelos seguranças de uma loja, que saem impunes.

    Comentário: cara, seu conto é tão, mas tão real, que eu podia ter me enganado e aberto uma aba de site de notícias por engano. infelizmente.

    A leitura foi bem triste e oprimente (como você provavelmente planejou). A mensagem é clara e direta, e muito verdadeira. Fiquei até um pouco revoltado, o que mostra que sua escrita é empática, me fez mergulhar de cabeça na história.

    O texto curto combinou com o estilo direto e duro, seco e sem o desejo de amaciar ou deixar mais confortável para o leitor.

    Os seguranças, além de representarem os próprios seguranças truculentos que a gente tá vendo despontar (ainda mais que o normal) por aí, representam em última instância a propria sociedade, com sua hipocrisia disfarçada de moral e bons costumes.

    As pessoas, que apenas observavam e gravavam, também foram uma incômoda constatação. Além de não ajudarem, ainda postaram coisas nas mídias sociais pra ganhar like.

    O final, ainda que previsível, foi emocionante. O último parágrafo, com a leitura das cartinhas, que deixou com os olhos marejados.

    A escrita também é segura e sem erros significativos.

    Enfim, seu conto é uma crítica social crua e sem disfarces. Você não tentou camuflar com metáforas ou meias palavras, trazendo de forma direta a mensagem. pra mim, funcionou, mas sinto que vai ter muita reclamação nos comentários.

    Parabéns pela coragem e pela mensagem transmitida. Boa sorte!

  15. Fabio Monteiro
    1 de dezembro de 2019

    O AUTO DO INFELIZ NATAL

    Resumo: Um homem já de idade resolve se apresentar na praça publica de sua cidade para arrecadar dinheiro para o orfanato do qual faz parte. Ele é confundido com um militante, agredido e morto por seguranças de uma loja local. Foi enterrado como indigente por não ter conhecidos. As crianças do orfanato que ele toma conta pede no seu pedido de natal a sua volta.

    Ponto forte: O forte desejo de Agnaldo em manter o seu orfanato e levar alegria as crianças que toma conta faz o texto bastante emotivo. Sua dedicação a causa (algo raro hoje em dia) leva o leitor a experienciar emoções.

    Ponto Fraco: Não os notei.

    Comentário Geral: Forte ligação com os acontecimentos normais do dia a dia. Fatos que lembram uma vida injusta e cheia de diferenças entre as classes. Mães que ficam ao celular. Filhos que tem oportunidades que crianças de um orfanato não possuem. Politicas publicas contrarias a vida. O texto é excelente.

  16. Jorge Santos
    30 de novembro de 2019

    Olá, Carmelita. Este foi o conto deste desafio de que gostei mais até agora. Conta a história de um idoso solitário que para ajudar as crianças de um orfanato se mascara de Pai Natal / Papai Noel e vai vender brinquedos usados. Inadvertidamente vai para um local onde não são permitidos os artistas de rua e é abordado por dois seguranças que interpretam o seu comportamento como agressivo e o atacam. Ele acaba por morrer e é enterrado como indigente. Os únicos que sente. A sua falta são as próprias crianças do orfanato.

    O conto é escrito com maestria, tanto da linguagem como no ritmo. O leitor fica preso desde o momento em que lê o título – esta é uma das características das grandes obras. A actualidade está patente e lembra o filme Joker/Coringa. Também aqui a sociedade se encarrega de desvirtuar o que é puro.

    Nota máxima.

  17. Luciana Merley
    29 de novembro de 2019

    Resumo
    A triste história de um Papai Noel que foi tratado como um bandido.

    Técnica
    Encontrei muitas ressalvas ao conto. Achei o enredo muitíssimo dramático e sensacionalista, por vezes panfletário (“Agnaldo não sabia que o direito à liberdade de expressão estava cerceado”) e numa linguagem muito explicativa.

    Algumas contradições:
    – Lei Orgânica é um documento similar a uma Constituição, só que no âmbito municipal. Não traria legislação sobre a ocupação das ruas em tempo de festas.
    – Seguranças particulares agrediram um homem até a morte no meio de uma rua pública? Me parece inverossímil.
    – “tido como um louco ou militante político radical” – Mas ele não estava vestido de papai noel? O conto não traz nenhuma menção a ações partidárias do Senhor.
    – “Mas mesmo assim, até hoje, toda a instituição espera pelo seu retorno” – Em tempos de smartphones, a imprensa não noticiou? Alguém só é enterrado como indigente após vários meses ou anos de buscas oficiais por parentes ou amigos.

    Criatividade
    Não gostei muito da forma como foi contada, mas poderia ter sido uma boa história.

    Impacto
    A narrativa não me impactou positivamente.

    Boa sorte.

  18. Cirineu Pereira
    24 de novembro de 2019

    O Auto do (In)feliz Natal

    Resumo:
    Um idoso, para ajudar um orfanato, fantasia-se de Papai Noel e vai para a principal praça de sua cidade tentar arrecadar fundos. Desconhecedor das leis do munícipio, é interpelado por seguranças de uma grande loja. Por falha de comunicação e brutalidade injustificada dos agentes, o incidente resulta em ato de violência contra o idoso, que acaba por falecer.

    Comentários:
    Um conto breve, repleto de crítica social. Praticamente não se observa problemas de ortografia, gramática ou quaisquer outros relativos à aplicação do idioma. Salvo por: 1. Algumas construções que poderiam ser melhoradas, como “O número de adoções entre eles era muito baixo, a não ser quando…” (exceto nos casos em que, salvo quando… etc.); 2. Pela contradição em “fez um café ralo e o bebericou de uma vez só…” e 3. Por não deixar claro a forma pela qual o protagonista ajuda o orfanato (tudo o que se diz é que o homem, uma vez na praça, dispõe utensílios no chão e faz mímicas, não explicitando a razão pela qual o público lhe faz “doações”. Nem mesmo fica claro se as “mágicas” – que se afirma, já na introdução – que ele fazia, seriam realmente truques de ilusionismo ou mera figura de linguagem).
    A narrativa é linear, econômica e tem caráter quase jornalístico (remete ao jornalismo policial), com racionamento de detalhes, abordagem direta e relativa neutralidade. A introdução, por sua vez, é pouco original em termos de recursos técnicos. O autor tenta apresentar o protagonista e ambientar imediatamente a história, soando pouco incitante ao leitor. Em suma, uma crônica jornalística orientada, arrematada de forma apelativa, com apelo dramático deveras direto e, consequentemente negativo.

    Em números:
    Título e Introdução: 5
    Personagens: 5
    Tempo e Espaço: 6
    Enredo, Conflito e Clímax: 7
    Técnica e Aplicação do Idioma: 6
    Valor Agregado: 8
    Adequação Temática: 10
    Nota Final: 3,2

    Observação:
    As parciais, baseadas nos critérios, variam de 0 a 10, mas possuem pesos distintos na composição da nota final, que varia de 0 a 5.

  19. Antonio Stegues Batista
    16 de novembro de 2019

    O AUTO DO (IN)FELIZ NATAL- Resumo- Um senhor aposentado se veste de Papai Noel e sai pelas ruas arrecadando dinheiro para um orfanato. Ao se posicionar na frente de uma loja no calçadão, seguranças batem nele. Ele é levado para o hospital mas não resiste e morre. As crianças do orfanato ficam muito tristes com o desaparecimento do velhinho.

    COMENTÁRIO- O conto é um drama do cotidiano. Uma imagem da ganância e insensibilidade dos comerciantes e o abandono dos mais fracos pelo governo. Um retrato da sociedade atualmente. Aliás, o mundo sempre foi assim e acho que nunca vai mudar. O conto é isso, um drama comum nos dias de hoje e não há muito o que julgar. A escrita é simples, a ideia é simples, sem grandes conflitos e embates psicológicos mirabolantes.

  20. Fheluany Nogueira
    12 de novembro de 2019

    Idoso que arrecadava para presentear, no Natal, crianças de um orfanato carente, acaba espancado e morto por seguranças de uma loja de grife. É enterrado como indigente. O processo libera os agressores. As crianças, em suas cartinhas, pedem a Papai Noel que o encontre.

    A ideia é boa e gera bastante reflexões, mas a execução poderia ter feito essa mensagem ficar melhor. O texto ficou muito contado e pouco mostrado. Gostaria de ter visto mais um auto, como no título (A palavra auto vem do termo actum, significando qualquer obra representada.). O narrador contou sobre as sensações dos personagens, mas o leitor quer ver acontecer. Assim, o fato de o texto ser muito contado tirou toda a boa emoção que poderia existir no final, perdeu-se muito do impacto.

    Outro ponto é que a narrativa se arrastou, muita explicação. As ações poderiam ter sido apresentadas com um pouco mais de riqueza. É difícil incluir falas quando a história gira em torno de um único personagem; não sei como explicar. As situações criadas eram para ser empolgantes, mas não consegui sentir o protagonista agindo de fato, parecia mais que as coisas “estavam acontecendo com ele” do que ele realmente fazendo as coisas.

    Parabéns pelo trabalho. Sorte na Liga. Abraços.

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Publicado às 1 de novembro de 2019 por em Liga 2019 - Rodada 4, R4 - Série A e marcado .
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