— Mais uma pergunta, senhora Roberta. Por que a senhora demorou tanto a entrar em contato com a polícia?
Roberta olhava fixamente para um ponto aleatório na parede, acima do ombro do homem que a arguia.
— Não sei dizer…
A voz falhou, as lágrimas encheram novamente os olhos inchados.
— Tivemos uma pequena discussão… coisa de casal. Voltei sozinha ao hotel, tomei banho… depois fiquei olhando as fotos, bebi um pouco vinho, acabei pegando no sono…
O policial dirigiu-lhe um olhar duro, indiferente às lágrimas em seu rosto convulsionado e sem cor.
— E só acordou no dia seguinte às duas da tarde?
Conheci a Roberta na terapia. Não, eu não era o terapeuta clichê que se apaixona pela paciente fragilizada. Eu era o sujeito atendido às quintas depois dela.
Ela me cumprimentava sem me ver, como se eu fosse um objeto de decoração da sala de espera, até o dia em que nossa terapeuta saiu do consultório segurando-a pelo braço e me indagou:
— Ivan, explica pra Roberta o que é paz.
Eu não lembro exatamente o que respondi, mas a resposta veio na ponta da língua, apurada por uma sensibilidade que eu não costumava ter. Algo como a paz ser a certeza de que tudo vai ficar bem no final, só que num texto mais elaborado.
Foi então que ela se deu conta de que eu não era um abajur nem um jarro. Esboçou um sorriso de agradecimento e me encarou com aqueles olhos de gata. Fiquei animado, não foi uma expressão qualquer, havia um interesse da parte dela. Eu sabia que ela era casada. Sabia também, por experiência própria, que casamentos acabam.
Roberta queria engravidar, mas o marido pensava de outra forma. A discussão no alto do penhasco começou em tom de brincadeira por causa de uma divergência tola na escolha da regulagem da câmera fotográfica e evoluiu, como sempre, para essa outra diferença incômoda para a qual nos últimos tempos convergiam todos os embates entre eles.
Por isso Roberta voltou sozinha para o hotel. Por isso, embora estranhando a demora do marido, abriu uma garrafa de vinho enquanto editava as fotos feitas naquele fim de tarde. Por isso não percebeu que o lugar dele na cama permaneceu desocupado por toda a noite e acordou, mais que preocupada, irritada julgando que a pirraça de Pedro dessa vez havia ido longe demais.
Comecei a terapia para superar a sensação de fracasso com o término do meu casamento. Um dos motivos da separação foi o fato de a minha mulher não querer engravidar. Desconfiei que a Roberta era a mulher da minha vida quando descobri que ela era eu com sinal contrário, queria ser mãe e o marido se recusava. Escutava as queixas dela em quase todas as sessões pelas paredes finas de dry-wall entre a sala de espera e o consultório,
Fiquei bem nervoso quando ela aceitou sair comigo pela primeira vez, uns dois meses depois de o marido desaparecer. Estava grávida, eu já sabia. Havia escutado pouco depois do acidente ela contar para a doutora Lilian, nossa psicóloga, que a gravidez da qual ela suspeitava havia se confirmado nos exames de laboratório.
Passado um mês de buscas, nenhuma pista sobre o desaparecimento de Pedro havia sido encontrada. A hipótese mais provável era de que ele tivesse se afogado após sofrer uma queda ou ter sido arrastado por uma onda. Esse tipo de acidente acontecia com certa frequência no local.
Sem um corpo, Roberta não se considerava viúva. Assim como depois de procurar em todos os lugares possíveis um objeto perdido – um óculos, uma chave — o achamos em algum local improvável, Roberta acreditava que Pedro ainda pudesse ser encontrado. Fantasiava hipóteses tais como a de que ele pudesse ter batido a cabeça em uma pedra ao cair e estar vagando pelas ruas desmemoriado ou de que, tendo simplesmente a abandonado, acabaria sendo encontrado mais cedo ou mais tarde.
Só agora a polícia havia pedido que ela enviasse as fotos feitas naquele fim de tarde. Havia, sim, imagens de pessoas que, como eles, caminhavam pelas pedras aguardando o pôr do sol. Era isso que a polícia procurava. Em algumas fotos, via-se um casal ao longe; em outras um homem encasacado, a cabeça coberta pelo capuz, de costas.
Não havia notado antes a presença de um gato no local. Em mais de uma foto o animal aparecia bem nítido, iluminado pelos raios oblíquos do sol poente, uma aura dourada fantasmática acentuando seu porte extraordinário. Ampliou as imagens intrigada, o gato parecia-se assustadoramente com Troia, sua gata de estimação, presente da avó quando criança. Graúda, a linha de transição da cor do pelo bem definida, cinza no dorso e na cabeça, a barriga e as patas muito alvas.
A doutora Lilian era o tipo de terapeuta interessada em dar alta aos pacientes e parecia acreditar que juntar-nos era a maneira mais rápida de se livrar de nós. Lapidava-nos o interesse um pelo outro em nossas sessões individuais embriagando-nos com um chá de alecrim perfumado que, segundo a Roberta, continha um filtro de amor. Só magia para explicar a evolução acelerada de um romance tão desencontrado, dizia ela. Eu não concordava.
O problema era que para efeitos jurídicos, na ausência de um corpo, Roberta continuava casada e, resolvidas as pendências relacionadas ao acesso aos bens – à conta bancária, sobretudo — ela não parecia estar preocupada com isso. Eu era o namorado que fazia companhia e resolvia os problemas. Sempre disponível, fui a todos os pré-natais posando orgulhoso de pai da Beatriz.
Quando eu dizia que precisávamos resolver a situação, transformar a sucessão provisória em definitiva, ou sei lá o que tinha de ser feito para que pudéssemos nos casar, ela não se mostrava minimamente interessada e à medida que a Bia crescia meu incômodo só aumentava.
De sua longa história com Troia, Roberta contou à psicóloga apenas as bordas – como a gata entrara em sua vida e dela se afastara anos mais tarde — enquanto lhe mostrava as fotos e narrava seu assombro com a presença de um animal tão idêntico no cenário do acidente.
Contou que a avó a presenteara com a gata quando sua mãe estava internada, praticamente desenganada, com uma infecção grave da qual acabou morrendo. Como o pai morava em outro estado e não tinha estrutura para criá-la, Roberta ficou sob os cuidados da avó e a diligência de Troia, zelosa e ciumenta como uma mãe por seu filhote. Porque Pedro detestava gatos, deixou-a com a avó ao se casar, mas ela fugiu pouco tempo depois. Roberta não chegou a contar à terapeuta, mas depois de casada costumava sonhar com Troia com alguma frequência, sentindo estranhamente o pelo e o calor do animal como uma concretude entre ela e o marido sob as cobertas.
Mais do que com o relato, a doutora Lilian ficou muito impressionada com a aparência da gata. Era difícil mesmo acreditar que pudessem existir dois animais tão extraordinários. Chamou-a gata de luvas por causa das patas brancas em contraste com o dorso cinzento e observou a cor verde acastanhada dos olhos, exatamente o mesmo tom dos olhos de Roberta.
Conforme Beatriz ia se desenvolvendo uma nova inquietação começou a me atormentar. A garota não lembrava em nada o pai. Para mim isso era um fato. Roberta dizia que o formato do rosto dos dois era parecido, o mesmo queixo afilado, mas eu não conseguia enxergar nenhuma correlação entre as mandíbulas quadradas do pai e o rosto ovalado e miúdo da Bia.
Também notava que a Roberta parecia evitar as visitas da família do pai. Ela dizia que não, era um afastamento natural; os familiares do marido, sim, aos poucos se distanciavam, argumentava. Queriam esquecer a tragédia, era normal evitarem as situações e pessoas que pudessem lembrá-la, acrescentava. Eu não achava nada disso natural, nem normal.
A outra coisa que me incomodava cada vez mais era o desinteresse da Roberta. Como se ela tivesse alguém por fora que, digamos, resolvesse as necessidades dela. A nossa vida sexual nunca tinha sido uma maravilha. No princípio eu relevava, óbvio, porque ela estava grávida. Mas depois de quatro, cinco meses do nascimento da Bia não dava.
Eu já dava uma conferidinha básica nas redes sociais dela desde antes dos nossos primeiros encontros, mas foi nessa época que mergulhei de verdade na vida digital da Roberta.
Para a doutora Lilian, Ivan e Roberta eram como pão e manteiga, uma combinação óbvia e prática, bem ao alcance de sua influência enérgica. Sabia que o luto de Roberta ia passar um dia e, entendia, seu papel como psicóloga era acelerar a cadência dessa marcha natural. Roberta acabou aceitando sair com Ivan por conta da insistência dela.
Para Roberta, grávida, era oportuno ter um homem com quem contar. Assim como fora oportuno casar-se antes de perder a avó, a única família que lhe restara já que com o pai nunca pudera contar. Além disso, Ivan era uma companhia agradável.
Por motivos pragmáticos, acolheu, mesmo com certo desconforto, a proposta dele de morarem juntos na casa dela. Entrava no oitavo mês de gravidez, a barriga disforme entre eles, quando juntaram os chinelos. O estranhamento inicial harmonizou-se assim que Bia nasceu, como se a menina fosse a peça que faltava para o sucesso do lego existencial que montavam, ao menos na opinião dela.
A doutora Lilian vibrava à distância. Após o nascimento de Bia, os dois já não frequentavam o consultório, mas Roberta mandava notícias, prometendo visitá-la assim que pudesse.
Bia já havia completado cinco meses quando essa visita aconteceu. O casamento nessa altura já dava sinais de que azedava. Foi a terapeuta quem recomendou mudarem de ambiente por uns dias sugerindo uma viagem curta de férias.
É claro que encontrei uma porrada de coisas suspeitas nos perfis de twitter, facebook, instagram da Roberta. Deu um pouquinho de trabalho, mas também fucei o whatsapp dela. O e-mail foi a parte fácil, ela usava uma senha bem idiota.
Atravessava madrugadas obcecado em descobrir alguém que pudesse ser o pai da Bia, provavelmente o mesmo cara com quem ela me traía agora. A privação de sono afundava minhas olheiras e embaçava minha sanidade. Achei vários candidatos.
Desencavei coisas antigas, a Roberta não excluía nada. Flerte com conhecidos da juventude, com colegas de trabalho, um costume de espalhar charme gratuitamente, típico de mulher vadia. Uma coisa saltava à vista: a quantidade de seguidores homens nas redes sociais dela era muito, mas muito mesmo, maior que a de mulheres. Só isso já me embrulhava o estômago.
Mas o mais bizarro mesmo foram umas imagens que encontrei remexendo o computador dela. Fotos sensuais, ela posando com uma gata. Só de calcinha, a gata pela frente, entre as pernas, uma medalhinha cor-de-rosa no pescoço, a linguinha encostada no mamilo dela. Ou então nua com um lençol cobrindo a perereca, a boca entreaberta, a gata roçando a barriga, as coxas dela. Explorei as fotos uma a uma, a garganta seca, o pau duro, receoso de encontrar alguma coisa ainda mais perversa.
Aquilo me abalou, jamais conseguiria olhar para a Roberta da mesma forma. Dali para sempre, entre nós haveria sempre a sombra daquela gata.
Roberta escolheu uma casa na serra, Bia ainda era muito pequena para uma temporada na praia. Ivan não demonstrou grande entusiasmo com a viagem, mas não se opôs. Não saberiam dizer quem sugeriu que viajassem em dois carros, mas foi dessa forma que partiram em uma manhã sem sol. No de Roberta, os incontáveis apetrechos de bebê enchendo a mala e o banco de trás; no de Ivan, além dos objetos pessoais, o notebook em cujo drive ele armazenava criteriosamente tudo que havia coletado sobre o passado de Roberta.
Só aceitei viajar porque calculei que a Roberta não iria sozinha. A casa é isolada; a estrada, muito sinuosa. Apesar de tudo, me preocupo com ela.
Nosso relacionamento está cada vez mais complicado. Ultimamente comecei a suspeitar inclusive que ela possa ter assassinado o marido empurrando-o penhasco abaixo. A história de ela ter demorado a chamar a polícia por causa de ter bebido uma garrafa inteira de vinho nunca me convenceu. Comigo ela mal consegue beber duas taças! É muito angustiante imaginar que a mulher com quem você vive é capaz de cometer uma coisa dessas.
A conversa entre os dois acabou acontecendo em uma noite fria e chuvosa. Bia dormia no andar de cima, os dois haviam acabado de jantar, Roberta bebera menos do que suas duas habituais taças de vinho; Ivan, o restante da garrafa, o suficiente para destravá-lo além do que seria conveniente de seus receios em confrontá-la.
Roberta constrangeu-se menos com as indagações sobre sua conduta do que com a invasão abusiva de sua privacidade.
— Isso foi antes de eu casar, nem conhecia o Pedro. Não fazia ideia que essa bobagem ainda estava salva… — explicou, ainda calmamente.
— Coisa de rede social, não tenho nada, nunca tive, com nenhum desses caras! — a voz dois tons acima, a paciência perto de se esgotar.
Quando ele mostrou na tela do notebook as fotos dela com Troia, Roberta finalmente compreendeu o absurdo daquela conversa. Horror – constrangimento e asco misturados — além de tristeza antecipada. Depois daquilo nada mais seria possível, nenhum tipo de relacionamento restaria daquele desastre. Ainda se deu o trabalho de explicar — a voz interrompida pelos soluços — que as fotos haviam sido feitas por ela mesma usando um tripé, na intimidade do seu quarto, com sua gata de estimação, experimentando o que aprendera nas aulas de fotografia, nunca as havia mostrado a ninguém.
— Você é louco… — sussurrou por fim numa voz inexistente para o homem de olhos fundos e transtornados em que Ivan havia se transformado.
Subiu as escadas e se trancou no quarto onde Beatriz ronronava alheia à confusão no andar de baixo. Enxugou as lágrimas, abraçou-a por trás e afagou com delicadeza sua cabeça, os pelos finos arrepiando-se ao contato com seus dedos mornos. A menina virou-se encostando a ponta do nariz gelado em sua face ainda transtornada pelo choro e ela foi aos poucos se aquietando.
Não demorou muito, ouviu Ivan arrancar com o carro.
A doutora Lilian soube do acidente no dia seguinte por uma prima de Ivan, sua paciente também. A mulher enviou-lhe uma mensagem comunicando que ele havia falecido e Roberta estava internada em choque. Em seguida à mensagem, uma foto do carro no fundo de um despenhadeiro, completamente destruído, cercado pela mata. No canto da imagem ampliada com a ponta dos dedos, entre os galhos partidos, uma gata, o dorso cinzento, o abdômen e as patas muito alvas.
O conto abre com um interrogatório policial logo interrompido – o que de fato seria interessante, salvo que o interrogatório não mais é retomado. Note-se que a narrativa inicialmente adota um estilo de discurso típico dos contos policiais, com formato de relato. No entanto, e apesar dos elementos característicos presentes, a história não assume propriamente o gênero, dando menor enfoque ao desaparecimento de Pedro e deixando o caso sem solução, bem como não provendo quaisquer indícios capazes de incitar a imaginação do leitor a despeito de alguma solução para o mistério ao redor da gata. São introduzidos, além dos elementos policiais, outros de psicologia, esoterismo e romance, sem que, no entanto, o autor opte por qualquer dos gêneros, resultando num conto incongruente, segmentado, inconclusivo e de trama mal engendrada em que nem mesmo o foco narrativo é sólido.
Notas gerais:
1. “— Não sei dizer… (quebra de linha) A voz falhou, as lágrimas encheram novamente os olhos inchados.” (A narrativa poderia vir na continuidade da fala, com travessão, mas sem quebra de linha, afinal a fala que se segue é da mesma interlocutora)
2. “— Tivemos uma pequena discussão…(A vírgula seria mais adequada) coisa de casal. Voltei sozinha ao hotel, tomei banho… (Novamente, abuso das reticências) depois fiquei olhando as fotos, bebi um pouco (de) vinho, acabei pegando no sono…”
3. “O policial dirigiu-lhe um olhar duro, indiferente às lágrimas em seu rosto convulsionado (Se buscamos o significado de “convulsão”, concluímos que “convulsionado” não é dos termos mais adequados neste contexto) e sem cor.”
4. “Conheci a Roberta na terapia. (Boa quebra de cena, valorizando a introdução. Ponto positivo) Não, eu não era o terapeuta clichê que se apaixona pela paciente fragilizada (Creio que o clichê seja o oposto, paciente se apaixonar por terapeuta).”
5. “Ela me cumprimentava sem me ver, como se eu fosse um objeto de decoração da sala de espera (Analogia ruim, afinal pessoas não cumprimentam objetos decorativos)…”
6. “— Ivan, explica pra Roberta o que é paz. (Não é propriamente uma indagação)”
7. “Eu sabia que ela era casada. Sabia também, por experiência própria, que casamentos acabam. (Bacana. Adiciona indiretamente um cinismo ao narrador-personagem)”
8. “A discussão no alto do penhasco começou em tom de brincadeira por causa de uma divergência tola na escolha da regulagem da câmera fotográfica e evoluiu… (Frase longa, mal construída e inadequadamente inserida no contexto)”
9. “Por isso, embora estranhando a demora do marido, abriu uma garrafa de vinho enquanto editava as fotos feitas naquele fim de tarde. Por isso não percebeu que o lugar dele…” (As “explicativas”, com boa iniciativa de estilo na repetição da expressão “por isso”, são interessantes, pois remetem à cena introdutória”, não obstante, novamente as frases sejam mal construídas. Provavelmente ficariam melhor com revisão temporal dos verbos para o pretérito mais que perfeito: “Por isso Roberta voltara sozinha para o hotel…)
10. “Um dos motivos da separação foi o fato de a (da) minha mulher não querer engravidar.”
11. “Desconfiei que a Roberta era a mulher da minha vida (“Mulher da minha vida” = clichê ruim)”
12. “Escutava as queixas dela em quase todas as sessões pelas paredes finas de dry-wall entre a sala de espera e o consultório, (Ao invés de comprometer a verossimilhança da história com um arranjo tão improvável, o autor(a) poderia ter providenciado uma aproximação dos personagens a partir da apresentação indireta de ambos pela terapeuta, lá atrás. Ademais, o fato de ele ser o paciente posterior a ela, não favorece o diálogo entre ambos e assim, o autor passa a contar tudo de forma excessivamente direta. Seria oportuna, por exemplo, uma situação em que, logo após atender Roberta, a terapeuta comunicasse um imprevisto que justificasse o cancelamento da sessão dele, propiciando assim uma oportunidade dos dois conversarem e descobrirem essas “coincidências”.
13. “Fiquei bem nervoso quando ela aceitou sair comigo pela primeira vez, uns dois meses depois de o marido desaparecer. (Começa a contar eventos diretamente, ao invés de “fazê-los acontecer” ante o leitor, e a narrativa vai parecendo amadora e enfadonha)”
14. “Assim como depois de procurar em todos os lugares possíveis um objeto perdido – um óculos (Uns óculos ou um par de óculos, “óculo” refere-se a uma lente apenas), uma chave — o achamos em algum local improvável (o que foi encontrado? Os óculos? Novamente, é plural “os achamos”)…
15. “Só magia para explicar a evolução acelerada de um romance tão desencontrado, dizia ela. Eu não concordava. (Deveras fantasioso, ademais, a informação é inserida sem contextualização)”
16. “É claro que encontrei uma porrada de coisas suspeitas nos perfis de twitter, facebook, instagram (todos substantivos próprios, exigindo inicial maiúscula) da Roberta. (Até aqui, a alternância de foco narrativo parece injustificada e prejudicial)”
17. “Uma coisa saltava à vista: a quantidade de seguidores homens nas redes sociais dela era muito, mas muito mesmo, maior que a de mulheres (aparentemente faltou um complemento ao substantivo, já que ela, Roberta, supostamente também era uma mulher).”
18. “Ou então nua com um lençol cobrindo a perereca (expressão chula, prejudicial ao estilo), a boca entreaberta, a gata roçando a barriga, as coxas dela. Explorei as fotos uma a uma, a garganta seca, o pau duro (parece que o estilo descamba mesmo para o vulgar),”
19. “Apesar de tudo, me preocupo com ela. (Súbita alternância temporal)”
20. “Bia dormia no andar de cima, os dois haviam acabado de jantar, Roberta bebera menos do que suas duas habituais taças de vinho; Ivan, o restante da garrafa, o suficiente para destravá-lo além do que seria conveniente de seus receios em confrontá-la. (Frase mal construída, ademais, a troca de foco narrativo é injustificada)”
🗒 Resumo: uma mulher perde o marido em circunstâncias desconhecidas. Entra na terapia e conhece um rapaz e acabam se relacionando. Ele se vê ciumento e descobre diversas fotos estranhas da mulher com uma gata de patas brancas, que também havia sido vista no dia do “acidente”. Eles viajam, brigam e o novo marido acaba morrendo também, vítima da gata de luvas.
📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫): uma trama elaborada e bastante complexa, talvez um pouco maior do que cabia no espaço disponível.
Alguns pontos que quero destacar:
▪ Não houve surpresa ao descobrir que a gata essa a assassina, ficou meio óbvio desde ela foi mencionada. À partir dali, fui lendo apenas para confirmar o desfecho.
▪ A estruturação de narrador onisciente e do personagem é uma boa sacada, mas em alguns momentos ele não acrescentou, só repetiu ou endossou a narração anterior. Acabou desperdiçando espaço precioso.
📝 Técnica (⭐⭐⭐⭐▫): boa descrição de cenas e alternância de narradores mostra que o autor tem domínio da pena.
Fiz apenas algumas anotações durante a leitura:
▪ *para* essa outra diferença incômoda *para* a qual (repetição de sons muito próximos)
▪ Frase confusa: Assim como depois de procurar em todos os lugares possíveis um objeto perdido – um óculos, uma chave — o achamos em algum local improvável, Roberta acreditava que Pedro ainda pudesse ser encontrado. (dá pra entender o significado, mas trava a leitura)
🎯 Tema (🆓️): suspense 😧 e gatos 🐈
💡 Criatividade (⭐⭐▫): na média.
🎭 Impacto (⭐⭐⭐▫▫): gostei do conto, mas o final previsível acabou diluindo um pouco o impacto.
RESUMO:
Psicóloga usa método de terapia revolucionário e apresenta um paciente ao outro em seu consultório de paredes finas. Um romance nasce daí.
Ela, uma mulher viúva (e suspeita de ter matado o marido), grávida (apesar de não querer ter filhos). Ele, um sujeito paranoico (ciumento), divorciado.
Entre todos esses acontecimentos, a presença de uma gata misteriosa. No final, o homem (Ivan) morre num acidente e tudo leva a crer que a gata foi responsável, como parece ter sido responsável também pela concepção da menina Beatriz.
COMENTÁRIO:
O conto está bem escrito e a intercalação de narradores foi um recurso interessante. Há várias “dicas” ao longo do conto (olhos felinos, nariz gelado, ronronava…) que levam para o lado sobrenatural, indicando que de alguma forma a menina era filha da gata e que, pelo menos interpretei assim, a própria Roberta era de certa forma a gata, como se estivesse possuída ou transmutada.
Foi uma boa ideia, mas curiosamente esse lado sobrenatural acabou tirando um pouco o foco e o conto nadou na superfície de vários assuntos sem mergulhar em nenhum: investigação, ciúme doentio, invasão de privacidade e terror. Tudo está lá, mas eu não saberia definir exatamente qual a pegada do conto.
Estou bem menos chato para inverossimilhanças, mas alguns pontos me incomodaram, principalmente os métodos da doutora Lilian e as paredes que permitiam um paciente ficar escutando a conversa do outro. Tudo bem, deve ter consultórios fundo de quintal assim, mas Roberta parecia uma mulher de posses… e pacientes pareciam não faltar para Lilian. Enfim…
Teve a questão da idade da gata, recebida quando criança e viveu até o casamento. Isso me travou num primeiro momento, mas entendo que até reforce o lado sobrenatural do animal.
NOTA: 3,5
Resumo: Na terapeuta, Roberta conhece Ivan, seu novo marido. O antigo, Pedro desapareceu, aparentemente porque ela queria ter filhos, e ele não, e ela engravidou. Aparentemente havia se afogado ou levado pelo mar. A partir de fotos, tiradas no dia do desaparecimento, viram a presença de um gato no local, parecido com Troia, a gata de estimação ( e de patas de luvas) que ela havia ganho da avó e que havia sumido muito antes. Com o nascimento de Bia, a filha do desparecido, Roberta foi mudando e o relacionamento deles começa a deteriorar. E a menina sequer parecia o filho de Pedro. Pesquisando Roberta, Ivan encontrou indícios de relacionamentos anteriores, e ao confrontá-la, numa viagem, acabou indo embora, e se acidentou, morrendo. Perto del, numa foto, havia uma gata igualzinha ao outro caso.
Método de avaliação: “Análise Jacquiana”
Receita: Policial noir com sobrenatural.
Ingredientes: ciúme, relacionamentos, terror psicológico. E uma gata, que é essencial e inexplicado da história.
Preparo: a meu ver, o conto ficou um pouco confuso na execução ao alternar os trechos narrativos de Ivan (em itálico) e do narrador onisciente. Ainda mais que sabemos, ao fim, que esse narrador acabava morto.
Sabor: um conto bem preparado, porém com algumas arestas. Sugeriria retomá-lo num crescente de ciúme de Ivan, e com mais ênfase no símbolo da gata na história, deixando um pouco mais passado…
Frases motivacionais (quase aleatórias) do Eric Jacquin (ou coisas ele possivelmente diria) :
“O melhor tompêrro da comida é a fome.”
Comentários Última fase
A Gata de Luvas. (Hello Kitty)
Resumo: Um conto construído com duas modalidades que se cruzam. A história de Roberta e os comentários de Ivan. Apesar do contraste dos estilos, a leitura foi fácil e rápida. A história é envolta de mistério e sobrenatural, o prólogo já dá o tom do que está por vir. Gosto muito do fato de que as coisas não precisam ser explicadas. Em minha opinião, essa força de mistério agrega muito mais ao suspense do que explicações fáceis cuspidas ao leitor. E nesse mesmo sentido, entendo que o final funcionou muito bem. As características de “gato” na filha descritas no final e essa implicação de zoofilia, sugerindo um romance “além da imaginação” foi bem legal. Casal homem e animal não é inédito por aqui, mas com gata acho que é a primeira vez.
Comentários cretinos e aleatórios:
Um consultório com paredes de dry wall e uma psicóloga que continua a sessão na sala de estar e ainda pede ajuda para outro paciente, uma psicóloga casamenteira! rs. O mundo está perdido mesmo.
A pessoa que usa “perereca” não tem o direito de usar “pau duro” no mesmo parágrafo, rs!
Conclusão: Um conto que me divertiu. Inesperado e com boas sacadas. Parabéns.
Olá Hello Kitty,
O conto é interessante, mistério, dúvidas e um desenrolar curioso. Entretanto, em muitas partes eu fiquei muito confuso sobre quem era quem.
O ponto de vista da narrativa muda muito rápido e sem aviso, o fato do narrador ser o mesmo para os dois lados torna a narrativa ainda mais confusa.
Há também uma profusão de nomes: Ivan, Roberta, Beatriz, Pedro, Lilian… Isso também contribuiu para a confusão quanto quem estava falando de quem ou para quem.
Não entendi a importância da tal gata para a história, a não ser que alguma metáfora me tenha passado despercebida (o que é bem provável). A gata é mencionada várias vezes mas não vi seu papel na narrativa.
Gostei do mistério sobre a morte do marido de Roberta, foi bem explorado e deixado em aberto (ou nem tanto) até o final.
O final me pareceu bom, mas ao mesmo tempo, sem sentido. Talvez ficasse mais chocante ou interessante se Roberta tivesse causado o acidente de Ivan.
Gostei do conto, porém, com estas ressalvas.
Roberta, em luto após o desaparecimento do marido, passa a frequentar a terapia. Nesse ambiente, ela conhece Ivan, paciente da mesma analista. Eles iniciam um relacionamento com Roberta já ciente da gravidez. Ivan fica desconfiado de que ela possa ter caso com um outro homem, já que a criança, Beatriz, não se parece em nada com Pedro, o marido desaparecido. A investigação sobre o possível acidente que matou Pedro descobre a presença de uma gata na cena do desaparecimento, mesma gata que Ivan encontra em fotos sensuais com sua namorada. Após ser tomado pelos ciúmes, vasculhando registros virtuais da esposa, Ivan confronta Roberta, episódio que provocará um novo aparecimento da gata de luvas.
Hello Kitty, você possui boas ideias para uma história de suspense, de mistério. Pude imaginar, facilmente, “A Gata de Luvas” ganhando uma adaptação noir, com trilha sonora bem afiada em gerar tensão. Se você gosta do estilo, sugiro que se aprofunde, pois tem potencial. A história é agradável, prende a atenção do leitor, que vai, a conta gotas, construindo a narrativa com os indícios que o autor vai deixando.
Por outro lado, acredito que o texto merecia um maior amadurecimento. Por exemplo, o narrador em terceira pessoa permeada pelo relato do Ivan. Em tese, funcionaria bem, daria um tom bem contemporâneo ao seu conto. Mas ficou pouco convincente. Não vi justificativa para o artifício. Talvez seria melhor ter feito a história toda na primeira pessoa – combina mais com o gênero do conto. Também me pareceu um pouco didático demais como algumas informações foram dadas, como a cor dos olhos da gata ser a mesma dos olhos, o “felino do desastre” ser tão inexplicavelmente parecida com Troia. Sugiro, em futuros trabalhos, sugerir mais do que dizer.
O lado obsessivo de Ivan poderia ter sido mais abordado – afinal, qual foi o motivo que o levou à terapia? Se foi o quadro de ciúmes, essa terapeuta estava louca ao reunir esse casal, ein? Aliás, acredito que seja bem pouco ético um psicólogo unir pacientes… Mas isso não importa.
Achei a parte da “perereca” e do “pau duro” excelente. Ali, você construiu um quadro perfeito de seus personagens: a relação doentia de Roberta com a gata e o não menos doentio Ivan, ciumento e obcecado por descobrir algo sobre sua namorada.
Ah, também sugiro uma revisão mais apurada nos próximos desafios. Acho que você errou um bocado no uso de vírgulas.
Em resumo, gostei do conto e por ver potencial, lamento que ele tenha tido um acabamento pouco maduro. Boa sorte no desafio, Hello Kitty!
Resumo: a história de dois pacientes de um consultório que acabam se cruzando e casando, mais com uma sombra que vão persegui-los até o fim, a misteriosa morte do ex-marido da moça.
São duas narrativas por ponto de vistas diferentes e ao mesmo tempo, diferenciados pela formatação. É um modelo que vejo bastante aqui no EC, porém me senti perdido em alguns trechos, com as cenas ficando uma em cima da outra ou quando surgiram vários personagens secundários. O mistério do conto é a morte do ex-marido e o envolvimento de uma estranha gata no acidente. Os dois se unem pela vontade de ter um filho, numa pegada meio Bebê de Rosemary, e que é revelado ao final, a união que a mulher tem com a gata e sua filha, repetindo o episódio do ex-marido.Um conto de mistério interessante, que aborda um pouco o erotismo com o macabro e sobrenatural. Por ser uma narrativa curta, acredito que poderia enxugar nas informações de personagens secundários (a psicóloga, por exemplo, parece tratar metade da família).
Resumo: Roberta e Ivan fazem terapia com a mesma profissional. Os dois começam um envolvimento logo após o desaparecimento do marido de Roberta, Pedro. Com o tempo, Ivan torna-se obcecado por Roberta, vasculhando redes sociais em busca de indícios de que talvez estivesse sendo traído. Ele sofre um acidente e morre após uma discussão por conta das fotos sensuais da mulher com sua antiga gata desaparecida. Uma gata muito parecida com a sua antiga gata, Troia, é encontrada na cena do desaparecimento de Pedro e da morte de Ivan.
Um conto, sem dúvidas, muito interessante e que instiga a curiosidade do leitor desde o começo. Fiquei curiosa, tentando descobrir nas entrelinhas a chave para todo o mistério envolvendo os personagens principais. A desconfiança de Ivan, no início, me pareceu com a postura do famoso Bentinho de Dom Casmurro: vasculhando fotos, vendo diferenças físicas entre Beatriz e o Pedro desaparecido, a quase certeza – senão certeza mesmo – de que estava sendo traído. Mas o mistério envolvendo a gatinha Troia levou as coisas para um caminho diferente, ao meu ver. Os termos escolhidos para definir características da Beatriz (“ronronava”; “pelos finos arrepiando-se”; “nariz gelado”) fizeram que eu comparasse a menina a um felino, acredito que isso foi bem proposital do autor. O que isso quer dizer? Que tipo de “entidade” seria essa gata Troia? E foi exatamente por se tratar de algo tão incomum, que eu achei seu conto bem interessante e fora da curva. Leitura sem truncamento e que eu fiz em pouco tempo, visto pela minha curiosidade em desvendar o mistério, acompanhando o fluxo gostoso da narrativa. Parabéns!
Espero, do fundo do seu coração, que entenda minha crítica como algo que some na sua jornada como escritora.
Resumo: Apesar de gostar de passar as férias na praia, a vida de Roberta se parece muito com a serra que passou as últimas férias com Ivan. Fria, de difícil acesso, solitária. Mesmo depois de fazer o mesmo com Pedro, juntou-se com Ivan por conveniência. Era útil, oras. Nessa vida, parecia se importar muito com um único ser: sua gatinha Troia, que sumiu sem deixar pistas e estava, aparentemente, presente em todas as tragédias de sua vida a partir de então. O começo e o fim se casam, em momento trágicos, e não sabemos, no final, qual o destino reservado pela protegida de Troia.
Querida escritora, seu conto é pesado. Trata de questões psicológicas com certa vivacidade e realismo. A frieza de Roberta, que se viu, desde nova, sozinha no mundo, sem grande participação da família, é um espelho das ações da personagem. O apego e as paranoias de Ivan, revelados desde o momento onde interpreta erroneamente o olhar de Roberta quando se conhecem oficialmente. São pormenores que enriquecem os personagens e a trama. E o mistério contido nas tragédias, pintado pela presença de Troia nos acidentes, é capaz de acender o interesse do leitor.
Por incrível que pareça, são nos detalhes, também, que encontramos as rachaduras dessa obra. A psicóloga que procura dar alta nos pacientes, que é algo definido pelo próprio indivíduo que passa pela terapia, não pela terapeuta, principalmente pelo fato da pessoa não estar internada num manicômio, que são comandados, em geral, por psiquiatras. A falta de precisão em situar as cenas, como o penhasco onde Pedro e Roberta brigaram, que é fácil de relacionar muito mais com um lugar montanhoso, mas parece que era um penhasco na beira do mar. Essas falham entram em conflito com os acertos. E aquilo que enriquece a trama acaba não sustentando toda a leitura. Uma rápida pesquisa iria te ajudar no primeiro caso, até entrar num fórum sobre psicologia e entender um pouco o cenário de consultórios particulares dessa respeitosa profissão. Sobre o segundo caso, tenho esse conselho: tente reler o texto como se fosse um leitor de primeira viagem, sem conhecimento da história. Assim, ficará mais fácil entender quais são os elementos importantes do cenário para ajudar o leitor a criar a cena. Não superestime os leitores, nem subestime. Tente criar um cenário harmonioso para que a leitura seja agradável para a maioria.
Agora entramos na parte técnica… A habilidade para criar os personagens cria um triste contraste com a forma do conto. É um potencial que ainda não amadureceu. Há muitas falhas de digitação, pontuação imprecisa, frases com construções frágeis e palavras mal encaixadas ou duvidosas. Usar o verbo “arguir”, por exemplo, quebrou o ritmo da leitura, exatamente por se proceder o artigo “a”. Trocá-lo por “questionar” iria manter a fluidez da frase. Às vezes, o simples basta, Kitty.
Você escreve bem, mas ainda toma algumas decisões erradas, o que é normal para uma escritora amadora. Eu faço o mesmo e não me envolvo como deveria. Estamos todos evoluindo. A leitura, para mim, não foi muito agradável por causa da parte técnica. E alguns detalhes que fogem da realidade me incomodam um pouco. Parece desleixo, sabe? Mas gostei muito da construção dos personagens. Se a habilidade de escrita acompanhasse a psiquê sólida dos protagonistas, tenho certeza que sairia um conto muito bom.
Continue escrevendo, sempre!
O que entendi: Uma gata ciumenta assombra a vida de sua dona através do olhar doentio do marido. A mulher, viúva do primeiro marido morto misteriosamente, tem uma filha e dá pouca atenção para o segundo; que acaba morrendo em um acidente. Por loucura, coincidência ou premeditação, a gata está na cena das duas mortes.
Técnica: excelente. O ir e vir do fluxo narrativo, alternando de narrador, é intenso e neurótico, como o próprio conto.
Criatividade: Uma história simples, mas contada de uma forma inteligente e “fora da caixinha”.
Impacto: positivo. Mais pela indução dos pensamentos subjetivos do que pela história em si.
Destaque: “Explorei as fotos uma a uma, a garganta seca, o pau duro, receoso de encontrar alguma coisa ainda mais perversa”. Receoso, mas querendo encontrar. Não precisou dizer.
Sugestão: Eu daria mais cenas enigmáticas ao gato com Ivan, mas isso é só viagem minha. Está muito bom enxuto assim mesmo.
Resumo: Garota cujo marido desapareceu misteriosamente num despenhadeiro conhece rapaz inseguro no consultório psicológico. Mesmo com ela grávida, eles se juntam e passam a compartilhar a vida, até que essa união se esfria. O rapaz encontra fotos íntimas da garota e deduz, de alguma forma, que ela deu cabo do ex-marido sumido. Numa viagem, ambos discutem e o rapaz sai no meio da noite, de carro, para morrer num acidente. Em ambas as mortes — e também nas fotos — surge a figura de um gato.
Impressões: Achei o conto muito bem escrito e envolvente, a obra bem pensada e desenvolvida por alguém que sabe muito bem aonde quer chegar. O drama psicológico do inseguro Ivan casa muito bem com o ar misterioso que ronda Roberta, permitindo ao leitor preencher boas lacunas sem perder o fio da meada. A presença do gato nas cenas-chave ficou interessante, porque obriga quem lê a levantar suas próprias hipóteses, não se tratando de algo de mão-beijada. Pode ser que se trate apenas de coincidência, mas pode ser também um elemento sobrenatural, um espírito que protege a garota, ou mesmo uma projeção dela mesma. Cheguei até a pensar que poderia ser um alter-ego da menina Beatriz… Enfim, é algo que enriquece a narrativa porque convida o leitor a pensar, algo que, para mim, é fundamental num bom texto.
Parabéns e boa sorte no desafio.
Resumo
Roberta e Ivan faziam terapia de casal com uma psicóloga. A história de amor de ambos tem um início conturbado e um final surpreendente. Roberta era casada com Pedro, com quem tinha um relacionamento conturbado. Grávida, seu casamento com Pedro finda com a morte do parceiro ainda grávida, ela aceita casar-se com Ivan e vive algum tempo casada, mas uma misteriosa gata parece estar interferindo em sua vida.
Comentários
Querido(a) entrecontista, esse é o primeiro conto que leio. Achei a ideia de dividir a narrativa entre um narrador personagem e um narrador universal muito boa. O binarismo mostrou duas formas de acompanhar os eventos que podem gerar interpretações diversas. O elemento de realismo mágico foi notório e a cor noir do conto me lembrou dos velhos contos detetivescos, onde não é necessário ter um policial ou um crime para termos um bom mistério a resolver. A ortografia e a gramática estão excelentes. Considero-o um texto enxuto e dinâmico.
Notas de Leila Carmelita
– A Gata de Luvas – 4,0
– A Hora da Louca – 4,5
– A Onça do Sertão – 3,6
– A Pecadora – 5,0
– App Driver – 1,0
– Estantes – 5,0
– Famaliá – 3,5
– Festa de Santa Luzia: Crônica de uma Tragédia Anunciada – 5,0
– Lágrimas e Arroz – 1,0
– Muito Mais que Palavras – 1,5
– Na casa da mamãe – 3,5
– O Legado da Medusa – 4,5
– O que o Tempo Leva – 1,8
– O Regresso de Aquiles – 4,0
– O Vírus – 2,5
– Suplica do Sertão – 5,0
– Trilátero Ourífero – 4,5
– Uma História de Amor Caipira – 1,0
Contos favoritos:
Melhor técnica – Estantes
Mais criativo – Festa de Santa Luzia: Crônica de uma Tragédia Anunciada
Mais impactante – A Pecadora
Melhor conto – Suplica do Sertão
Resumo
Após o sumiço inexplicável do marido, Roberta começa a namorar Ivan, também paciente de sua terapeuta. Grávida quando o conhece, eles se casam e Ivan cria a menina apesar de perceber que Roberta não é bem a esposa que ele imaginava. Xeretando suas redes sociais ele descobre um envolvimento anormal entre ela e uma gata que ela havia ganho da avó. A gata também aparece estranhamente na cena do local onde o marido estava na última vez em que havia sido visto. Ivan confronta Roberta e acaba morrendo em um acidente, onde também aparece uma gata com as mesmas características da gata de Roberta.
Comentário
Uma ideia bastante inusitada. No início achei que seria um conto sobre a paixão entre Ivan e Roberta, com um “viveram felizes para sempre”, mas acabou enveredando para algo bem inesperado, o que me surpreendeu positivamente. Gostei de ter optado por um policial com um pouco de suspense, o que é raro aqui no desafio.
A escrita é fluida, gostei do fato de as duas narrações serem bastante diferentes entre si. A parte narrada pelo Ivan é bem despojada, descontraída, gostei. As narrações intercaladas me incomodaram um pouco no início, mas, depois, fluiu bem.
Esta parte “observou a cor verde acastanhada dos olhos, exatamente o mesmo tom dos olhos de Roberta” me deixou confusa… ela tb era um gato? Eu entendi que a gata tornou-se um “anjo da guarda” dela, inclusive fica claro no texto que a Roberta não estava a par do que a gata estava fazendo. Esse trecho me deixou confusa, pois dá a entender que ela era Troia ou outra gata de olhos da mesma cor.
Gramaticalmente, quase nenhum problema:
um óculos – uns óculos
sussurrou por fim (vírgula) numa voz inexistente ( vírgula) para o homem de olhos fundos e transtornados em que Ivan havia se transformado. – acho que neste caso, a opção pela subtração das vírgulas deixou a frase estranha.
Resumo: O marido de Roberta acabou de desaparecer e sua terapeuta a empurrou para cima de Ivan. Ele assume a gravidez da moça e começaram um relacionamento morno. Tentando descobrir mais sobre a moça, ele vasculha suas redes sociais e os arquivos de seu computador e descobre fotos sensuais tiradas com uma gata de estimação que sempre aparece nas fotos do local onde o marido de Roberta se perdeu. Em um confronto sobre as fotos os dois discutem e ele saí com o carro enquanto ela vai ficar com a filha que se transformou em gata? era uma gata o tempo todo? Não entendi essa parte… mas enfim, o cara morre em um acidente e nas fotos do local está a gata.
Olá Hello Kitty, olha… não entendi direito…
O conto é instigante, prende a atenção e gera curiosidade, mas não dá uma resolução aceitável, pelo menos pra mim, no final. Está bem escrito, sem erros que eu pudesse observar. A linguagem é fluida mas a história é confusa. Não consegui gostar muito, desculpe… e olha que eu amo gatos… mas prefiro a clareza nos contos. Depois me conta o que eu perdi, tá bom? Desejo boa sorte pra você!
E encontro mais um suspense neste desafio, em que de antemão destaco a habilidade de trazer a tensão com múltiplas perspectivas, algo corajoso, se levarmos em conta o curto limite de palavras determinado pelo certame. Enquanto descobrimos aos poucos a história de Roberta, acompanhamos também a jornada do cada vez mais psicótico Ivan que, na atitude desleal de invadir a privacidade da esposa, ao mesmo tempo possibilita ao leitor um entendimento maior da personagem, não ficando revelado o que realmente teria ocorrido ao seu marido. A percepção de que há algo de errado acompanha o conto do início ao fim, primeiro nas incertezas da história de Roberta e depois nas crescentes inquietações de Ivan. Aproveitando que trato disso, acho que o breve trecho no qual vemos a perspectiva de Lilian se tornou meio despropositado, pois serviu basicamente para reiterar uma informação anterior de que ela enxergava no casal a resolução do problema dos dois e, em seguida, para situar o leitor que a crise do casamento de ambos havia chegado a um novo nível, informação que eu imagino que poderia ser passada sem precisar trazer mais uma perspectiva para o conjunto. O mistério se mantém consistente até o final e as fotos com a gata assomaram como um elemento que deixou tudo ainda mais difícil de determinar, prendendo o leitor à possível resolução daquilo. Dito isso, achei o final um tanto frustrante, pois a gata, enfim, apesar de ter sido passada como importante à protagonista, acabou como uma espécie de maldição sem profundidade, que qualquer outra coisa poderia ter servido. No fim, a gata não enriquece a personagem de Roberta ou mesmo se enriquece enquanto personagem, servindo mais como um ponto narrativo, uma conclusão não tão satisfatória a um suspense bem construído.
Boa sorte!
A Gata de Luvas (Hello Kitty)
Resumo:
A história de Roberta, Pedro, Ivan, Bia (Beatriz) e Troia (gata). E mais a Doutora Lilian. As mortes suspeitas de Pedro e Ivan, a aparição da gata nos locais dos crimes, são elementos que compõem a trama.
Comentário:
O conto possui um enredo bem elaborado, uma narrativa de suspense que também brinca com a fantasia. Na escrita, apenas um desacerto de pontuação. A construção é bem cuidada, mergulha o leitor na tentativa de elucidação dos “crimes”. Achei interessante a figura da gata (Troia) no texto. Interessante e instigante. Se fosse um gato, teria alguma parecença com a novela da Globo, na qual o gato se transformava em homem. Não quero que este meu questionamento seja entendido como preconceito de relações homoafetivas. Nada disso. Refiro-me ao simples fato de tornar possível o relacionamento para que a fecundação ocorresse, para que Beatriz (Bia) nascesse. Tenho a impressão de que a filha Beatriz também seja filha da gata, há uma passagem que diz: “Beatriz ronronava”… Enfim, um bom texto, e, para quem aprecia fantasia, é uma ótima leitura.
Boa sorte no desafio, Hello Kitty!
Abraços…
A gata de luvas
Resumo:
Mulher que frequenta terapia encontra homem que também é cliente da mesma terapeuta. Ela tem problemas com o marido. Um dia o marido some e ela encontra apoio nesse homem que conheceu na antessala da sua terapeuta. Eles resolvem viver juntos. Um dia, depois de muita desconfiança por parte de seu novo marido, ela volta a ficar viúva.
O pano de fundo é uma gata herdada da avó, que parece estabelecer com ela uma relação protetiva ou de ciúmes extremos, que acaba levando seus homens à morte.
Comentários:
Caro Hello Kitty,
Conto que busca levar ao leitor a suspensão característica do leve sobrenatural. A gata, Troia, atua nas entrelinhas do conto como um elemento de transição entre dois mundos. Talvez o mundo real e o mundo dos desejos da própria Roberta, fazendo com que seus maridos, por ciúme – da gata -, faz desaparecer quando ela, a Roberta, se sente desagradada.
O conto está bem escrito, com algumas falhas tais como a ausência de conectivos ou erro de hábito, como por exemplo “… um óculos…”, quando deveria ser “… os óculos…, “… seus óculos…”, a depender do sentido que o escritor gostaria de dar ao texto. Isso não é problema que não possa ser resolvido com alguma supervisão.
Creio que o desenvolvimento do conto não esteja mal, embora pudesse prescindir do enrola-desenrola assumido pelo autor. A intercalação de vozes – narrador corrente e narrador histórico – não ajuda ao conto deslanchar com suavidade. Um vaivém que confunde ou atrapalha a fluência textual.
Algo que acredito deva ser revisto é o papel da psicóloga Lilian, dado que ela, como profissional, não deveria ter assumido um papel de alcoviteira entre os personagens, tampouco haveria chance de que as conversas fossem ouvidas através das paredes, que ela fosse uma terapeuta interessada em dar alta aos pacientes, que menos ainda haveria uma relação de confidencialidade entre cuidador e cuidada após o rompimento do contrato de terapia. O que quero dizer com isso é que o personagem Lílian ficou deslocado demais da necessária verossimilhança exigido de um terapeuta.
Por outro lado, a presença da gata atravessando o conto, como uma forma sobrenatural de representação estereotípica do cuidado para com Roberta, não ficou mal, embora não represente novidade.
Boa sorte no desafio.
Bom dia/tarde/noite, amigo (a). Tudo bem por ai?
Pra começar, devo dizer que estou lendo todos os contos, em ordem, sem saber a qual série pertence. Assim, todos meus comentários vão seguir um padrão.
Também, como padrão, parabenizo pelo esforço e desafio!
Vamos lá:
Tema identificado (ou tentativa de, hehehe): suspense, talvez, um pouco de mistério
Resumo: mulher perde o marido e conhece outro homem no consultório da psicóloga. O dois se envolvem, e aos poucos conhecemos um lado meio sinistro da mulher, e obcecado do homem. Aos poucos, também, vamos descobrindo uma relação bizarra dela com seu gato de infância, que parece envolvido na morte dos dois homens.
Comentário: gostei do conto!
A princípio, não sabia bem o que esperar da história. Não sabia muito bem que rumo seguiria, nem que fim ia levar aquela estranha relação entre os dois. Devo dizer que o desfecho foi bem legal e sinistro hahahah. Mas vamos por partes.
A escrita é segura e bem estruturada. Gramaticalmente o texto tá muito bom, e estruturalmente também. Achei um pouco estranha, porém, a escolha de narrativa, com dois narradores. Achei que, ao fim, fosse ter alguma relação com o enredo. Imaginei, por exemplo, que aquilo fosse uma espécie de diário do homem, que fosse revelar algo da história, sei lá. No fim, parece ter sido só uma escolha estética, mesmo. Não que esteja reclamando disso, só tô pontuando.
Sobre o enredo, achei que ganha muito em ritmo e interesse quando começa a aparecer a obsessão do cara. Aliás, voltando à questão dos dois narradores, acho que é um conto que funcionaria muito bem em primeira pessoa, todo contado do ponto de vista do cara.
Já escrevi um conto de terror sobre gatos aqui no EC, também. Adoro esses bichinhos sinistros, sempre com cara de estarem tramando algo hahahaha.
Achei bem bizarro o final, com o bebê meio metamorfoseado de gato. Parece que o gato e ela desenvolveram uma relação meio maluca, e o gato morre de ciúmes dela e elimina qualquer tipo de concorrência. Isso parece ter começado quando ela abandona o gato pelo primeiro marido. A questão que fica: será q ela sabe do que o gato faz? Acho que sim. Será que ela tem parte nisso? Não sei dizer.
Um porém que deixo é a postura e ações da psicóloga, que achei um pouco irreal por ser excessivamente antiprofissional.
Enfim, uma história muito interessante, que ganha tons bastante (e agradavelmente ) bizarros no desfecho. Parabéns e boa sorte!
RESUMO:
Roberta procura ajuda de uma terapeuta após passar por uma tragédia: o desaparecimento de seu marido, com quem havia discutido por causa do seu desejo de ser mãe. O sumiço nunca foi esclarecido, e a viuvez também nunca foi de fato confirmada. Nas fotos tiradas na viagem, descobre-se que havia um gato muito parecido com o bicho de estimação que Roberta teve quando solteira, com características bem distintas – uma gata de luvas. Roberta descobre estar grávida e encontra Ivan no consultório da doutora Lilian, que torce para que formem um casal. Ivan separado da mulher devido ao mesmo tipo de divergência – ele querendo ser pai e a mulher não – encanta-se por Roberta e assume o bebê como sua filha. Com o tempo, Ivan começa a suspeitar da mulher e resolve investigar suas redes sociais.
Descobre fotos bem sensuais com Roberta pousando com a gata. O casal discute, Ivan parte e sofre um acidente de carro fatal. Na foto, vê-se o carro no fundo de um despenhadeiro, completamente destruído, e no canto da imagem, uma gata, com dorso e cabeça cinzentas, e barriga e patas alvas.
AVALIAÇÃO:
Conto com tema de suspense, com algo de sobrenatural simbolizado pela presença da gata de luvas. Trama conduzida por dois narradores: um em terceira pessoa, que entrega o enredo ao leitor, sem se envolver, e o outro em primeira pessoa, como se fosse o relato (ou pensamento) de Ivan. O recurso empregado possibilita ao leitor acompanhar a trama sob dois pontos de vista – um mais abrangente, e outro mais subjetivo, mais pessoal.
Seria a gata de luvas um ser trevoso, responsável por se vingar dos homens que magoam Roberta? A ideia não ficou muito clara, mas quem sou eu para falar de uma gata misteriosa e sem nexo, depois do meu conto Capitu? Portanto, inseri o felino no imaginário como elemento plausível.
O conto está bem escrito, em linguagem simples, sem nenhuma surpresa ou falhas perceptíveis. Só me deparei com UM óculos – sendo que a palavra “óculos” está no plural. Então, seria melhor trocar por Os óculos.
Sua narrativa deixa a imaginação do leitor fluir, mas também o leva a um abismo de frustração, pois ao final, já se pode presumir que Ivan irá morrer. E o que tem isso demais, além da gata nas fotos? Se ao menos, pudesse ser o alter ego da Roberta, ou ela mesma transformada… Sei lá, para mim, ficou faltando uma ligação, um sentido maior para a presença da gata ali. Gosto de símbolos, de elementos que tecem a malha de suspense, mas aqui considero que foram mal aproveitados.
Quando pensei que haveria um clímax, a curiosidade revelou-se fogo de palha.
Parabéns por ter participado da última rodada do ano.
*********** Feliz Natal e um excelente 2020. ************
Car(x) autor(x)
Estou aproveitando esse desafio para desenvolver um sistema de avaliação um pouco mais técnico (mas não menos subjetivo). No geral, ele constitui nas três categorias propostas no tópico de avaliação: técnica, criatividade e impacto. A primeira refere-se à forma, à maneira com a qual x autor(x) escreve, desde o uso de pontuação, passando por ortografia e mesmo escolhas de estruturação. A segunda refere-se ao conteúdo, ou seja, a que o conto remete e quais as reflexões que podem ser levantadas a partir disso. Por fim, a terceira refere-se ao estilo, quais as imagens construídas e as emoções que elas evocam. Gostaria de pontuar, também, que, muitas vezes, esses critérios têm pontos de intercessão entre si, sendo que uma simples palavra pode afetar dois ou mesmo três deles. A pontuação final é dada, portanto, pela média dos três critérios, sendo que uma nota elevada em um deles pode elevar a nota final. Dito isso, prossigamos à avaliação.
Resumo: A história de dois divorciados/viúvos/largados que se encontram em um consultório psicológico e acabam construindo uma vida juntos. No entanto, a obsessão dele por ela e dela por uma gata (e da gata por ela, aparentemente) acabam por destruir o relacionamento.
Técnica: Pessoalmente, eu não gostei da alternância de narrativas. Sinto que elas não ofereceram muito ao texto e que as construções realizadas poderiam ser facilmente feitas em apenas uma forma. No final, o conto não proporcionou nem um afastamento/neutralidade dos personagens (terceira pessoa), nem um caráter pessoal/confessional (primeira pessoa).
Criatividade: Acredito que a discussão da obsessão amorosa foi desenvolvida ao longo do texto. Além da clareza dos atos de Ivan (e das consequências geradas por eles), há, ainda, a figura misteriosa da gata, que simboliza uma obsessão ainda mais profunda, antiga, carregada de ideia de posse. É uma sombra que paira sobre Roberta, controlando-a.
Impacto: A principal imagem do texto, é, sem dúvida, a da gata. Acredito que, apesar de trazer um sentimento ligeiramente sinistro, isso poderia ser ainda melhor desenvolvido. Acredito que com descrições mais detalhadas do animal nas cenas de discussão, por exemplo, poderiam criar uma aura ainda mais taciturna ao conto. Isso nos remonta ao primeiro critério, e me faz acreditar que caso escolhesse a narrativa em terceira pessoa, x autor(x) teria ainda mais sucesso em seu conto.