O barco estava quase pronto. Em outras terras só faltaria por um nome e mandar para a água, mas não ali. Ali faltava o mais importante. Haveria uma caçada, e se ela fosse bem-sucedida aquele barco tocaria as águas do Amazonas.
O fim da tarde pintava de vermelho as águas do rio, abrindo caminho para a noite sem Lua. A ausência de luz ajuda a localizar a caça, mas o verdadeiro trabalho vem depois disso. Dois homens guardavam as ferramentas, mas apenas um sairia naquela noite. O barco era de Caio, e é o dono do barco que deve caçar.
— Já separou as armas, fio? — Perguntou o mais velho. Seu João, homem experiente, já teve dezenas de barcos, e já passou dezenas daquelas noites na floresta. Um sobrevivente sem igual.
— Já sim, tio. Afiadas igual dente de piranha.
— E a pinga?
— Tá aqui. E o fumo também.
— Só falta o cipó enrolado.
Caio riu. Não sabia se deveria ou não responder Tio João. Afinal, ele era o veterano ali, grande pescador, grande construtor, por consequência grande caçador. Mas Caio, um jovem moderno daqueles que estudou na cidade grande e por algum amor a terra voltou pra seguir pescando nas águas do Amazonas, tinha dificuldade em aceitar certas superstições. Ao menos parte delas. A modernidade, que não fez com que ele abandonasse a tradição, também fazia com que o rapaz prestasse atenção nos fatos. Os três últimos pescadores que entraram na floresta levando novelos de cipó não voltaram. Quando se caça algo conhecido por sua curiosidade, não faz sentido levar sempre a mesma novidade.
Um instante pra pensar e Caio se calou sobre o assunto.
— Vou providenciar antes de ir, Tio.
— É sua primeira caçada, e espero que não seja a última.
— Deus te ouça.
— Deus não, que Deus não se mete nesses assuntos. Aqui no mato são outros poderes. O que importa é você estar preparado.
Não estava. Mas nunca estamos prontos pra fazer o que tem que ser feito. O que nos resta é agir da melhor forma possível, aprender com os erros e seguir em frente. Neste caso, com os erros dos outros, já que ninguém volta sem a caça.
Entrou na mata densa, na noite sem lua, no desconhecido, sabendo o que fazer: vagar pela floresta, fora das trilhas demarcadas, tentando fazer o melhor para se perder. Dessa forma, segundo dizem, ele o encontraria. Depois disso era o processo, a caçada em si, a disputa. Controlar e dominar, lhe disse tio João. Controlar e dominar o que? Ninguém dizia. Ninguém fala sobre a caçada que fez e sobreviveu, as orientações são sempre vagas.
Caio não tinha um relógio nem contava seus passos. Fez o melhor que pode pra se perder ouvindo a floresta cantar a noite. Gritos e sussurros de toda a vida que ali se movia na sua dinâmica cotidiana.
Um brilho distante foi o sinal. Caio o segui ficando cada vez mais perdido. Um brilho tremeluzente, dançante, saltitante. O brilho do fogo. Seguiu com cautela. Se aproximando cada vez mais, tentando não ser visto. O brilho parou e Caio avançou, devagar e tentando não fazer barulho. O brilho aumentava, tomando conta da noite.
De perto, os cabelos de fogo da criatura eram ofuscantes. A noite se tornava dia ao seu redor. Um dia claro e quente de verão. Caio olhou para os cabelos, como pode, e para os pés, as duas marcas mais conhecidas da sua caça.
— Você não é um curupira! — Gritou Caio.
A criatura se virou num salto, com olhos curiosos escaneando Caio.
— Claro que não! sou O Curupira. — Disse O Curupira. Sua voz parecia o som da mil animais noturnos tentando se comunicar na escuridão. Se a Amazônia tivesse uma voz, seria aquela.
— Mas seus pés. — Caio constatava o óbvio. Tirando o incêndio que fazia as vezes de cabelo, esvoaçante como em queda livre, o Curupira era como um menino comum, talvez doze ou treze anos. Pintura vermelha sobre a pele acobreada. Nada dos detalhes mais assustadores sobre aquele que Caio deveria assassinar. Sim, agora parecia mais assassinato do que caçada.
— Vocês são engraçados. Encontram no meio do mato um cara com fogo no lugar de cabelos, e tudo que conseguem pensar é que os pés não são como vocês imaginavam. Se eu tivesse que fazer sentido, eu nem existia. Vocês têm dificuldade de entender essas coisas. Falando nisso, como você me achou?
Caio apontou para o próprio cabelo, um tanto confuso com toda aquela conversa.
—Ah sim, isso! Aquele safado-de-uma-perna não me passa o contato de quem faz os gorros dele, aí fico por aí com uma tocha na cabeça. — O Curupira ajeitou as madeixas flamejantes, dando um nó e fazendo um coque impossível. — De que adianta despistar as pegadas, fazer as folhas fecharem minha trilha, fazer os animais tocarem quem me caça, não é mesmo? — Ele riu. Seu riso era um coral de pássaros em época de acasalamento.
Depois do riso, o silêncio.
O silêncio já estava ali, mas só então Caio o notou, em contraste com um riso que ocupava os espaços. Era o silêncio que a floresta faz quando há algum predador à espreita. Caio já não tinha tanta certeza sobre quem era a caça naquela situação.
— E então, o que você veio fazer aqui? — perguntou o Curupira.
Houve um grito no meio da noite. Um som estridente, um grito de horror. O canto de um pássaro conhecido por pressagiar tragédias.
Quando Caio voltou a olhar para a frente, a noite já estava de volta, escura como graúna.
—Droga!
Caio seguiu noite a dentro. Respeitava a tradição, mas na comunidade se falava de um pequeno monstro devorador de crianças. Não uma criança, exceto pelo que poderíamos chamar de cabeça quente, comum.
Caio pensava na imagem que viu. Visagem, como alguns diziam, agora fazia sentido. Teve medo de não conseguir cumprir sua sina. Nunca havia matado sozinho. Uma vez ajudou o pai e os tios a caçar uma onça que rondava a comunidade. Ouviu tiros e rugidos, mas não ficou pra ver o corpo. Noutra vez, quando o cachorro da vizinha o mordeu, seu pai ofereceu a espingarda e o cão amarrado.
— Tem que mostrar pra eles quem manda!
Caio não conseguiu. O cachorro tinha olhos que imploravam pela vida, e a mordida no braço, apesar de ter doído, não causou o ódio que havia nos olhos do pai. Vagando na noite lembrava dele, que sempre lhe disse o quanto o achava fraco e mole. Enquanto estava estudando, nas poucas vezes que conversaram, ele fazia questão de lembra-lo do que pensava.
A ida pra cidade grande só piorou a visão do pai sobre Caio. Construir o barco, caçar sua carranca, pescar como o avô fazia era também uma forma de Caio mostrar para ele que não era fraco e mole. Fraco e mole talvez fosse seu pai, que criava gado e nunca teve coragem de enfrentar a mata escura e a fúria das águas.
Mas no meio da floresta, no escuro, Caio duvidava.
Parou. Reparou em dois pontos brilhantes, poucos metros a sua frente. Fumaça e o brilho alaranjado da brasa começaram assurgir.
— Merda! — Disse o curupira, tirando da cabeça uma panela de ferro, com o topo já vermelho e dois furos no lugar dos olhos. — Tá vendo! Sem um gorro igual ao do Saci eu não consigo me esconder, nem com esse gorro de ferro que me deram eu consigo. Ele também queima.
Havia frustração na voz do Curupira, mas também outra coisa.
Caio não falou. Não havia o que dizer.
— Você veio me matar?
Caio desviou o olhar. Se lembrou do cachorro da vizinha, que morreu mesmo Caio tendo escolhido não matar. Seu pai fez “o que era preciso”.
— Já não sei mais o que vim fazer aqui, me contaram…
Curupira já não estava mais ali.
—Diabo!
A noite estava de volta. O breu, as estrelas, a ausência da lua. E o silêncio. Intenso, uma personagem a mais na nossa história. Um silêncio que ocupa espaços, faz da ausência de som sua presença. Cada passo de Caio soava para ele como os fogos de Copacabana. Um estrondo de folhas amassadas e galhos quebrados. Não poderia seguir sua presa sem ser notado. O Silêncio não permitiria.
Foi quando correu. Não poderia se esgueirar, logo correr seria a saída. Galhos arranhando o rosto, a floresta iluminada pelas estrelas se transformando em um borrão pouco uniforme. Correu esperando que, ao invés de rastrear sua presa essa o encontrasse. Se ele realmente encontrava aqueles perdidos nas matas, Caio daria tudo de si, se perdendo por completo.
Correu por séculos.
Funcionou.
A corrida foi interrompida. Caio não soube bem pelo que, só sentiu as pernas se atrapalharem debaixo de si e o impacto macio do chão da floresta nas suas costas. Rolou por uma pequena clareira, coisa rara nessas terras, e quando parou era dia novamente. O Curupira, parado no alto de um galho, rindo. Seu sorriso também era fogo, assim como os olhos. Fogo antigo, que não pode ser apagado.
—Já ia embora?
— Não — respondeu Caio levantando. Viu que por poucos centímetros não atingiu o que sobrou de uma arvore cortada, um toco ainda com as raízes cravadas na terra, lutando, se segurando ao chão onde cresceu. Se sentou ali.
— Só corri pra você me achar.
O Curupira riu alto e desapareceu, surgindo atrás de Caio, que podia sentir o calor, mesmo o Curupira estando a uma boa distância, muito longe do seu alcance.
— O que você quer?
— Já não sei mais.
— O que veio buscar?
— Uma carranca pra meu barco. Um nome pra ele. Já não sei se consigo.
— E como você conseguiria isso?
Caio pegou a pinga e o fumo.
—Presentes! Não ache que vai me conquistar assim tão fácil, mas aceito.
A garrafa e o saco plástico desapareceram das mãos de Caio. Ele não sentiu alguém os pegando, nem notou o Curupira saindo do lugar. A noite tirou os presentes de suas mãos.
— Vamos! Se você quisesse só me agradar você teria deixado isso ai na entrada da mata, não entrado na mata. O que você quer?
Caio tirou o novelo de cipó da sua sacola. Ainda não arriscou pegar em armas.
— Me caçar? É isso?
Caio concordou com a cabeça enquanto o Curupira ria.
— E com um novelo de cipó? Na segunda vez que você pega um desses já não tem mais graça.
—Eu sabia! — Havia tristeza e felicidade na voz de Caio. — Posso pelo menos tirar uma foto sua? — Caio sabia que quem falhava morria, mas na hora do desespero esquecemos das coisas importantes.
— Não dá. Meu fogo queima isso, já trouxeram pra mim câmeras, nenhuma funcionou.
— Não é uma dessas.
Havia alguma esperança, quem sabe, talvez.
Caio tirou o celular do bolso. Não era um modelo novo, mas dependendo de quem olhasse, poderia ser uma novidade.
Os olhos do curupira se tornaram um par de jabuticabas, refletindo as estrelas, mas de um outro céu, estrelas nunca vistas por gente de carne, osso e ausência de mágica.
— O que é isso?
— É uma ferramenta, é um brinquedo, é uma câmera, como as que você viu, mas sem filme, e serve pra falar com quem está muito longe, sem ter que gritar.
— Telepatia? Humanos não fazem telepatia!
— Não é telepatia. Não sei explicar. Dá pra ver quem está do outro lado também, mas aqui isso não vai funcionar, não tem sinal, mas posso te mostrar a câmera.
O Curupira sumiu, e voltou a aparecer na frente de Caio, tomando o telefone da sua mão. Virou de costas e se abaixou, tomado por completo pela sua novidade. Tocava na tela, aprendendo mais rápido que uma criança a navegar pelo sistema operacional da coisa. Caio admirou a beleza da cena, mas sacou suas facas da bolsa.
Essa era a hora, o momento pelo qual buscou. O Curupira só poderia ser abatido enquanto distraído, caso contrário era sabido ser feito impossível. Caio mirou na cabeça de fogo, precisaria de toda sua forca num movimento preciso. A posição era perfeita. Deu mais um passo e hesitou.
Entrou na floresta esperando encontrar um monstro, algum tipo de animal violento ou fera mágica. Mas encontrou um menino com cabelos de fogo, muito inteligente e curioso. Não era a mesma coisa. Matar pra comer, pra se defender, era até aceitável, mas isso era outra coisa. Era assassinato. Caio guardou suas armas e se virou pra partir.
— Parabéns. — Disse o curupira — Vou fazer sua …
O Curupira disse um nome. Soava parecido com carranca, mas era outra coisa, tinha sons que a boca humana não foi feita pra reproduzir.
— Não entendo.
— Achei que você era esperto. Mate o Curupira e faça a sua Carranca. Não funciona assim, afinal, é a lenda Do Curupira, no singular. Eu sou um só desde a primeira vez que um humano veio me ver.
— Então você faz as carrancas?
— Para quem no meu teste. Os outros eu mato mesmo, essa parte é verdade. — O Curupira respondeu com toda a sua naturalidade e estendeu a mão para um tronco caído, já apodrecendo. Quando o tocou ele ganhou vida, suas cores se transformaram, os olhos, os dentes, o nariz, todos surgindo de dentro da madeira. Era grande, longa. Ele a levantou como se fosse feita de papel. Caio precisaria de toda a força de seus braços para levar a carranca até seus ombros.
— Obrigado.
— Só não conte a ninguém. Nosso segredo é parte do acordo.
O Curupira se virou e desapareceu na mata escura.
Caio amarrou a carranca nas costas e notou que não saberia pra onde ir. Toda aquela caçada, aquela corrida sem rumo. Estava de fato perdido. Talvez tivesse que esperar o sol nascer pra tentar se orientar. Então Caio ouviu a voz do Curupira, como se viesse da própria terra.
— Siga as brasas.
Na sua frente surgiu uma trilha de pegadas. As folhas nelas estavam em brasa, brilhando vermelhas na noite. As pegadas estavam invertidas, como de alguém que tivesse partido da comunidade para dentro na mata. Ouviu a voz mais uma vez, a última:
— Houve uma cadela que foi assassinada. Chamava Luna.
Quando Caio chegou na comunidade o dia já se preparava pra amanhecer. Tio João o esperava sentando num toco perto do barco.
— Muito bom.
Ele se levantou e foi ajudar caio a instalar a carranca em seu lugar derradeiro.
— Tio João, só estamos nós aqui. Será que posso falar do que aconteceu lá?
Tio João baforou seu cachimbo, pensativo.
— É um trato, e um símbolo. Os outros espíritos sabem que a carranca é dele, e nos deixam em paz. Alguns fazem os peixes chegarem mais perto, outros fazem o vento soprar a favor e outros evitam as tempestades. É um acordo que não deve ser quebrado falando dele por aí.
— Não se fala como matar um curupira.
— Isso.
Com a carranca no lugar, tendo pintado um nome na proa que ainda não havia secado, e ainda sem dormir, Caio saiu e pescou pela primeira vez no barco chamado Luna.
A história é sobre um garoto chamado Caio que possui a missão de caçar curupira, no final, ele passa no teste e consegue a carranca.
A descrição da natureza é ótima e eu amei a conclusão, gostei de como a modernidade foi misturada com o mito antigo, além disso, uma solução criativa é muito mais interessante do que uma violenta. Senti que faltou algumas palavras em alguns lugares ou uma tensão que me envolvesse mais, mas nada além disso.
Um conto infanto-juvenil, uma fábula, uma lenda adaptada à modernidade. Alguns erros remetendo à pobreza vocabular e deixando a nítida impressão de que o autor não releu o próprio texto. De forma geral e ainda que o estilo se mostre ainda bastante cru, uma leitura agradável se consideramos o suposto público alvo. Entre outras coisas, falta principalmente cadência. A narrativa é demasiado linear e não enfatiza, nem acrescenta, suspense aos pontos altos do enredo. Ademais, os personagens, até por seu potencial carisma, poderiam ser melhor explorados.
Caio, um moço da cidade, entra na mata orientado pelo tio no intuito de matar o lendário curupira e sair de lá com sua carranca. Mas ao se deparar com um menino de cabeça de fogo, o inesperado acontece e, Caio tem sua vida preservada pelo Curupira que pressente a boa indole do rapaz ao desistir de mata-lo quando teve sua chance. O rapaz é agraciado com a carranca tao desejada e nomeada de Luna pelo próprio Curupira que também enxergava além do coração de Caio. O desfecho ocorre quando Caio consegue encontrar a saída da mata, carregando sua carranca, guiado pelo menino de cabelos de fogo. Gostei do conto. É criativo e carrega uma mensagem muito boa. Parabéns. Abraço.
RESUMO: tio e sobrinho saem para um ritual de caçada, na qual Caio, o sobrinho, deve entrar na mata para “se encontrar”. O menino, que viveu na cidade, estava confuso e não sabia o que deveria caçar. Até que encontrou o Curupira, que ficou encantado com um aparelho de celular, usado por Caio para uma emboscada. Contudo, Caio não conseguiu matar o menino de cabelo de fogo e, por isso, foi recompensado pelo Curupira. No fim, o menino tenta conversar com o tio sobre o assunto, mas ele não permite, dizendo que trato é trato.
CONSIDERAÇÕES: o que mais gostei do conto foi da sensibilidade. O tema e o espaço não me fizeram imaginar isso no começo da leitura. Fiquei perdida como Caio no início, buscando descobrir “o quê que tá acontecendo aqui” e até achei legal, porque significa que o autor ou autora me envolveu na história, passando para mim o sentido do personagem. Gosto disso, quando temos um contexto que justifique. Um parágrafo me incomodou. Muito. Aquele que começa com “Um brilho distante foi o sinal”. Por conta da repetição de palavras e porque acho que a sonoridade trabalhada nessa parte não foi “gostosa” como no restante do conto. Linda história e muito bem trabalhada.
Boa sorte!
Sinopse:
Caio, um jovem educado na cidade retorna para sua terra natal, buscando se mostrar superior ao pai enquanto busca seu respeito, assim como o da comunidade, se envolve com uma tradição, caçar a carranca que vai adornar seu barco. Seu tio João dá a ele poucas coordenadas, pois poucas pessoas sabem como acontece a caça da carranca e contra quem ela é travada. Assim, Caio se vê em uma floresta escura e silenciosa e diante de si uma das criaturas mitológicas mais fantásticas se faz presente. Hora da caça.
Opinião:
Achei espetacular esse conto. Não sei se essa tradição da carranca existe em algum lugar deste Brasil, mas parecia muito real. O(a) autor(a) conseguiu escrever com muita competência, mantendo um clima de mistério no começo e, lendo o conto, consegui imaginar a floresta escura e silenciosa e me vi dentro da história.
Um dos grandes méritos da narrativa, na minha opinião, é a valorização do folclore brasileiro. Já ouvi várias histórias sobre “O Curupira” e não me recordo de ter lido alguma onde ele se mostra tão poderoso e ao mesmo tempo um personagem tão simples. A descrição da voz e do poder dele é muito crível. Ponto para o(a) autor(a).
A forma como é escrito também favorece, pois foi relativamente fácil de ler. O segundo grande mérito desta historieta foi o fato de o(a) autor(a) usar palavras simples, ele(a) não tentou inventar moda, ou mostrar que é fodão(ona) utilizando termos difíceis ou “cultos”, se fosse culinária eu diria que ele(a) fez o melhor arroz com feijão e ovo frito, com uma carninha de panela. Uma dica, não sei se faz realmente diferença, mas quando os personagens falam, senti falta do coloquialismo, o(a) compositor(a) da obra optou pela norma padrão nas falas dos personagens, penso que uma pitada desse ingrediente enriqueceria mais os diálogos.
Em resumo, um conto muito coeso e lúcido, vemos o personagem encontrar um conflito cuja resposta estava dentro dele a vida toda, um senso de justiça para com a vida. Ele não passa por uma evolução, por assim dizer, pois não resolveu seus problemas com o pai e ainda o julga por não ter tido “coragem” de enfrentar a mata. De certa forma ele faz com o pai o mesmo que o pai faz com ele.
Uma dúvida, na hora em que Caio encontra o Curupira está escrito assim: “_Você não é um curupira!” Como se o personagem estivesse afirmando pra si mesmo, ou o que o(a) autor(a) queria dizer era “_Você não é um curupira?” como pergunta para a criatura. Perceba que a ideia muda de acordo com o ponto de exclamação ou interrogação. Se puder me esclarecer, agradeço.
Resumo – O sobrinho se prepara para uma caça utilizando um barco novo ainda sem nome. A façanha que dará o nome ao seu barco. O tio lhe orienta. Encontra um curupira. Relembra da passagem quando foi mordido por um cachorro da vizinha e que seu pai o incita à matá-lo. Foge, mas o curupira lhe aparece novamente. Mostra-lhe um celular que o atrai, além de lhe dar fumo e cachaça. Consegue a carranca que tanto quer, além do curupira lhe ajudar a sair da floresta. Porém, tem que guardar segredo.
Comentários: É um conto de ficção misturado com o folclore e a vida atual, é hilário o encontro de um curupira e um telefone celular Algumas passagens não são descritas com clareza.
Correções:
1. – Claro que não! Sou o curupira. Não seria: – Claro que sou o curupira!
2. …o som da mil animais noturnos… Não seria: …o som de mil animais noturnos…
3. … pescar como o avô fazia era também uma forma… Não seria: …pescar como o avo fazia, era também, uma forma,,,
4. …começaram assurgir. Não seria:…começaram a surgir.
5. E o silencio. Intenso, uma personagem…Não seria: E o silencio intenso, uma personagem…
Resumo – O sobrinho se prepara para uma caça utilizando um barco novo ainda sem nome. A façanha que dará o nome ao seu barco. O tio lhe orienta. Encontra um curupira. Relembra da passagem quando foi mordido por um cachorro da vizinha e que seu pai o incita à matá-lo. Foge, mas o curupira lhe aparece novamente. Mostra-lhe um celular que o atrai, além de lhe dar fumo e cachaça. Consegue a carranca que tanto quer, além do curupira lhe ajudar a sair da floresta. Porém, tem que guardar segredo.
Comentários: É um conto de ficção misturado com o folclore e a vida atual, é hilário o encontro de um curupira e um telefone celular Algumas passagens não são descritas com clareza.
Correções:
1. – Claro que não! Sou o curupira. Não seria: – Claro que sou o curupira!
2. …o som da mil animais noturnos… Não seria: …o som de mil animais noturnos…
3. … pescar como o avô fazia era também uma forma… Não seria: …pescar como o avo fazia, era também, uma forma,,,
4. …começaram assurgir. Não seria:…começaram a surgir.
5. E o silencio. Intenso, uma personagem…Não seria: E o silencio intenso, uma personagem…
Olá, autor!
Eu gostei bastante do seu conto! Bem original, com uma história gostosa de ler e com uma lição importante no final! Os personagens estão muito bem descritos e aprofundados, o curupira é uma graça e a ambientação é rica! Ótimo conto! Parabéns e boa sorte! Pena que não posso te dar nota, seria muito boa!
RESUMO: Caio adentra na floresta para matar um curupira. O curupira aparece para ele e depois de distrair-se com um celular, se convence que pode confiar em Caio. Caio decide não matá-lo e o curupira faz uma carranca pra ele colocar em seu barco de pesca.
CONSIDERAÇÕES: Alguns problemas de pontuação e erros de digitação no início, mas nada que uma revisão rápida não resolva. Criatividade e originalidade. É um ponto forte que a história se passe no Brasil, com a nossa mitologia que precisa ser muito mais explorada. Gostei muito de como o Curupira foi construído, com o coque no cabelo e uma certa arrogância que imagino que ele teria mesmo se existisse.
Resumo: Caio é orientado a entrar na floresta para caçar um ser que ele não sabe bem como é a fim de ganhar uma carranca. Se perde para ser encontrado pelo Curupira diversas vezes. No fim, tem a chance de matar a criatura, mas desiste, e descobre que passou no teste e ganha a carranca e um nome do ser.
Análise: O protagonista, Caio, não me cativou nem um pouco, em nenhum momento. Comecei a me interessar um pouco mais pela história quando o personagem Curupira apareceu, talvez o único com um pouco de “simpatia”. A narrativa foi um pouco monótona, não me agradou a maior parte da história. Gostei do final, porém. DO nome escolhido pro barco e da revelação que não matar era um teste do Curupira. As cenas na floresta do Caio se perdendo várias vezes foram um tanto repetitivas. Poderia ter um pouco mais de ambientação e agilidade.
Uma aventura por dentro da floresta amazônica e do nosso folclore. Existe algo de formulaico no enredo, no que desponta o protagonista “reavendo contato com suas raízes”. Nesse contexto vem o choque entre a tradição e a realidade, ao passo que a reconexão da personagem com as suas origens perpassa também por uma ruptura com outro elo relativo ao local de nascimento: a família. É um enredo reconhecível, mas que se valoriza justamente pela ambientação construída no enredo, presente especialmente nas descrições que nos guiam pela sensação de cautela, solenidade e medo que passam pela personagem quando ele se aventura pela floresta. As características que trazem o Curupira à imaginação foram muito bem escolhidas, em tudo contribuindo para a natureza folclórica e surreal dessa criatura, sempre destacada a sua íntima conexão com a floresta. Os sucessivos desencontros entre caçador e Curupira quebram um pouco do ritmo da história, embora sirvam para construir o clímax da verdadeira negociação entre eles. É só que acaba sendo que temos: diálogo – procura – diálogo – procura, deixando repetitivo. Além disso, há dois momentos em que o narrador fala por si e pelo leitor, usando a primeira pessoa do plural, ambas ocasiões em que transmite uma mensagem como se num “ensinamento da vida”. Acho que a intenção era dar profundidade à jornada da personagem e creio que poderia ter sido feito de forma mais sutil. Mas um ótimo conto, encarnando bem o nosso folclore.
Boa sorte.
Avaliação dos Contos – A Caça
1. Resumo
“A Caça” é um conto que retrata a historia de Caio, um jovem que retorna para o campo com a missão de caçar o Curupira, sendo obrigado a retornar da caça com uma carranca, como prova de sucesso de sua missão
2. Impacto
O impacto do conto foi mediano. Ao final da leitura, a impressão mais marcante que tive da narrativa foi uma forte irregularidade no que toca alguns aspectos do conto, como o enredo e a gramática por exemplo. Não é uma história consistente, que consegue manter a linearidade. Por vezes, você se empolga e depois nem tanto. Ora a história é interessante, com bons parágrafos e descrições, enquanto outros não.
Um exemplo dessa irregularidade é o próprio Caio. Num determinado trecho, Caio é mostrado como um jovem estudado que havia retornado para Amazonas “por amor a terra”. Era um pescador, mas com um baixo pendor para a violência. Ainda assim, ele é escolhido por levar o totem para a vila.
3. Enredo
O enredo sofre com algumas irregularidades, ao meu ver. O Curupira não carrega por todo o tempo sua característica de irreverência, embora o teste que ele usa para determinar se o caçador merece ou não sobreviver é um tanto irônico, tal qual o Curupira. Para comprovar isso, pode ser utilizado o fato dele querer esconder sua cabeça em chamas com uma touca, quando ele pode simplesmente desaparecer quando bem entende (pelo menos isso foi o que compreendi). Claro, ser ou não fiel à mitologia construída ao redor das nossas figuras lendárias é algo que fica a critério do próprio autor. Contudo, penso que cada personagem carrega caracteristicas marcantes as quais não podem ser simplesmente mudadas (De novo, o meu ponto de vista).
Acho que também teria sido mais interessante focar nessa irreverência do Curupira. Para mim, na minha primeira leitura, a marotagem do Curupira surgiu como um rompante e depois apagou-se. Talvez, se fosse abordada por um maior tempo, com uma maior relação do protagonista Caio com o Curupira, teria saído de uma forma mais interessante
4. Gramática
Não sou um daqueles mestres da gramática, que se dói com os erros gramaticais e sai apontando-os um por um. Encontrei alguns deslizes, que com alguma revisão teriam sido sanados.
5. Pontos Positivos/Negativos
– O conto carrega momentos interessantes, como a relação do Curupira e o Caio. Contudo, foram poucos, o que provocou uma leitura um tanto travada.
– Irregularidade (desculpa, mas me incomodou bastante esses altos e baixos)
Complementando: esta não é uma leitura obrigatória para mim neste desafio, por isso não há resumo. É apenas a minha breve impressão sobre o texto.
Legal seu conto, gostei do fato de ter escrito um conto incluindo uma personagem do nosso folclore.Parabéns e boa sorte.
Garoto vai caçar o curupira e volta de mãos abanando.
Se não faz justiça ao que se espera de uma história que emana em primeiro momento uma tensão de horror, ganha por tornar-se uma história folclórica bem adaptada ao atual. Isso fica evidente na transferência de um elemento como o celular-esperto (podia ser malandro também) para as mãos do personagem cativante que se tornou esse curupira na história. É também na homenagem ao Menino Maluquinho, de Ziraldo – o curupira com uma panela na cabeça, que o escritor demonstra o bom referencial cultural, dando ao conto mais legitimidade. É, afinal, uma criação original e brasileira ao lado de outra, duas histórias de seres “encapetados” que convergem de forma criativa entre as linhas. É foi no papo de boteco entre protagonista e criatura, no vai-e-vem das aparições que mais parecem a vertigem causada pelo barco Luna que ao final fiquei me perguntando, dada à brasilidade da coisa, por que diabos o barco e a cachorra não chamam Lua? Mas aí vi uma outra homenagem aos irmãos latinos por meio dos vínculos entre os rios longos de nosso continente, e me dei por satisfeito.
Olá, Safado-de-uma-perna-só.
Resumo do conto: Caio é um rapaz nascido na floresta, mas que cresceu na cidade, longe das tradições do mato. Seu pai tem dele a percepção de que ele é “mole”. Caio e o pai saem em uma caçada ao Curupira. Contudo, depois de vários breves encontros com o Curupira, Caio reage como reagiu quando criança; quando perdoou uma cadela que o havia mordido, e resolve não tentar matar o Curupira, que revelou-se um menino inteligente e simpático. De certa forma, por não ter tentado matar a criatura, Caio passou no teste e o Curupira o presenteou com uma carranca e com um nome para o barco: “Luna”, a cadela que Caio não teve coragem de matar qdo era criança.
Considerações: o conto é bastante bom. É sólido no uso dos flashbacks e ao construir o personagem principal. A fraqueza de Caio – ser piedoso – revela-se sua força. A escrita é simples, sem uso de muitas metáforas ou construções eleboradas, mas funciona bem. Há alguns pequenos escorregões, feito o uso de verbos no presente e no passado e um “escaneando” que ficou meio descombinado do restante do texto. Alguns cochilos como “Caio o segui ficando cada…” passaram despercebidos.
Boa sorte no desafio!
Nota: 8 (de 0 a 10).
Bom dia/tarde/noite, amigo (a). Tudo bem por ai?
Pra começar, devo dizer que estou lendo todos os contos, em ordem, sem saber a qual série pertence. Assim, todos meus comentários vão seguir um padrão.
Também, como padrão, parabenizo pelo esforço e desafio!
Vamos lá:
Tema identificado (ou tentativa de, hehehe): folclore
Resumo: rapaz entra na floresta com o objetivo de caçar o cururipa, mas acaba aprendendo sobre preservar a vida, e passa no teste. Assim, recebe com presente a caranca para seu barco e é liberado para voltar embora.
Comentário:
Você tem uma boa releitura meio modernizada da lenda do Curupira, aqui. O próprio Curupira se surpreende com a modernidade do celular.
O texto é gostoso de ler, com a boa ambientação criando um ambiente gostoso e familiar durante a leitura. O folclore brasileiro é realmente muito rico e apaixonante, e é sempre um prazer ler essa temática.
A representação do curupira também ficou boa, e a relação entre ele e Caio ficou bem construída, o que ajuda a criar um vinculo com a história.
A escrita é boa, mas deixou passar várias falhas de revisão, desde erros de pontuação, até o nome do garoto em letra minúscula (caio). Isso acaba dando umas travadas na leitura. Porém, como já falei, a escrita é boa e fluida, então acabamos passando pelos errinhos sem maiores problemas.
Desde o começo, tava na cara que o Caio não seria capaz de tentar matar o Curupira, e que tentar mata-lo seria um grande erro. Com a construção da personalidade do Caio e sua relação com o pai, durante a historia, fica mais claro o motivo de ele se lançar à missão, e isso cria uma boa ambientação pro desfecho, quando sua boa personalidade fica evidente, e isso possibilita que ele passe no teste do Curupira.
Enfim, é uma história bonita e leve, que flui rápida. Porém, devo dizer que provavelmente não me marcará muito, pois senti falta de um conflito ou clímax. Como tudo acabou se resolvendo fácil demais, não teve muita emoção que deixe a história gravada no leitor (pelo menos no meu caso).
Ainda assim, bom trabalho! Parabéns!
Rapaz sai para cumprir um ritual, o de matar o Curupira na floresta para obter uma carranca para seu barco. Ele acaba descobrindo que as coisas funcionam de outra forma.
Conto interessante, com algumas descrições muito boas e uma trama instigante. Acho que os diálogos poderiam ser melhores, mais naturais, e a situação do celular me pareceu um tanto banal.O personagem principal poderia ser melhor trabalhado em suas motivações também, bem como o próprio Curupira. A caçada em si, apesar de trazer belas imagens, acaba não transmitindo nenhuma tensão, algo que se poderia esperar pela pressão da situação. Ainda assim uma leitura agradável, pela clareza e bom ritmo
Conto
Reconto de Lenda
Caio busca um nome e uma carranca para seu barco. Para conseguir isso deve entrar na Floresta e convencer o Curupira a se deixar caçar.
Comentário
Texto de leitura rápida, com poucos erros, liberdade de “reconto” para a Lenda do Curupira.
Linguagem razoavelmente próxima ao mito do Curupira, com deslizes narrativos aceitáveis.
A percepção do menino de fogo como humano e infante e o receio de Caio em o exterminar, trazendo para essa construção de idéias a morte do cachorro que mordeu a personagem principal na infância, é um ganho considerável para a narrativa.
Gostei.