EntreContos

Detox Literário.

Vigilância (Pedro Paulo)

 

Diante do caos, qualquer pessoa tratará de tentar encontrar ali alguma ordem, traço inconfundivelmente humano. Era assim para Henrique Fontes e havia mais de uma forma de encarar a ordem que criara. Olhos fechados, daquela vez ele escolhera escutá-la: o contato dos uniformes com a pele, o suspirar de cansaço e o fôlego puxado pelos que levantavam peso, além das ocasionais conversas cochichadas, ritmadas pelo olhar severo do gerente. Ouvidos atentos encontrariam no meio disso tudo uma constante, sua obra prima, maestrina daquela orquestra: a linha de montagem, deslizando suavemente, a servir a gradual construção dos produtos da fábrica.

Abrir os olhos não trouxe nenhuma revelação. Ele já sabia onde tudo estava, cada peça em seu lugar, cada um dos operários alocados à sua tarefa específica, a contribuição de cada um contabilizada por eles por minuto e, pelos contratantes das Indústrias Fontes, por drones de artilharia. Resguardado atrás da cabine da administração, nenhum dos trabalhadores sabiam da sua presença e era justamente nesse fato que estava o admirável: não importava. Todo o trabalho era extraído em seu completo potencial e nenhum deles ousaria se desviar maior tempo de sua labuta do que já calculado. Não existe aproveitamento completo, mas existe o máximo.

Entre ele e a janela, um painel repleto de monitores possibilitava a vigília sobre cada trabalhador individualmente, mas aquilo era para a gerência. A Henrique Fontes animava apenas o panorama. Quase se assustou ao chamado do general. Apesar da irritação, dirigiu-lhe o típico sorriso que dizia: o cliente tem sempre razão.

─ Em que posso ajudá-lo, general?

O militar ostentava uma prancheta e a apatia burocrática de um funcionário estatal. Sentaram, Henrique munido de seu sorriso empresarial.

─ Não confunda a nossa preocupação por insatisfação, senhor Fontes, mas…

─ São as fábricas nordestinas, não é? ─ Não deixou o prazer de vê-lo surpreso contaminar seu sorriso ─ É mesmo conveniente que me dirija respeito, afinal, a produção está de acordo com o especulado no contrato. Não é o meu lado que descompensa, mas o seu. ─ Inclinou-se um pouco para frente, como se fosse partilhar um segredo. ─ A guerra não vai tão bem, não é? Não temos como produzir drones para substituir todos os soldados e estes, infelizmente, morrem. Ora, produzíssemos drones o suficiente para vencer a guerra, seriam meus trabalhadores que morreriam. ─ Uma risada curta e aguda o devolveu ao encosto da cadeira e só o visível desconforto do general a fez genuína. ─ Mas o problema mesmo é o método… é só pedir, general, a V-35 reduziria aquele planetinha à poeira estrelar.

─ Existem tratados diplomáticos, senhor.

─ Certo, querem mais drones, não é? É possível. Basta aumentar as horas de trabalho, um pouco da remuneração, e o governo deixar a comida entrar. ─ Um tapinha na perna. ─ Deixar o monstro da inflação fora de casa, não é? 

─ Os trabalhadores não…

─ O quê?

─ Eles não poderiam… reagir?

Foi a vez de Henrique Fontes de se surpreender.

─ Não, jamais! Afinal, eu só elevaria as horas de trabalho nas fábricas-colônias, o que já atenderia à sua demanda.

─ E o que tem a ver?

Não queria provocar o general, mas era evidente que o militar já passara a fantasiar com a possibilidade de esganá-lo desde que Henrique mostrou seu conhecimento sobre os rumos da guerra, então não poupou o tom professoral em seu discurso.

─ As fábricas-colônias são de outra ordem, general. Os operários destas residem nas vilas operárias, construídas apenas para a sua residência. No entanto, existem restrições do contrato para que tenham a moradia: devem ser casados, não devem ingerir álcool, devem se submeter às mínimas dez horas de trabalho, parte do salário é para a manutenção dos parques, etecetera, etecetera… Tem que seguir toda a cartilha do bom trabalhador do século XXII.

─ Sim, já ouvi sobre os seus currais. ─ O general abandonara a polidez, para o seu divertimento.

─ Mas veja, se existe um contrato, é como qualquer outro negócio, e estou no meu direito de verificar se o acordo está sendo cumprido. ─ Apontou para os monitores, cujas telas alternavam entre os rostos cansados dos operários. O militar acompanhou com insolência, mas então entendeu, de boca aberta. ─ É comum que saiam da linha, sabe? Qualquer um, o presidente eleito e a puta da esquina, cumprem suas agendas na rua, são quem tem que ser… Mas é dentro de casa, entre as paredes sagradas do lar, que se acham seguros, onde podem ser eles mesmos. E nós temos leis contra esse tipo de autonomia, não temos? ─ Também abandonara a máscara. Seu sorriso era sinistro, pura malícia. ─ Conheço todas as casas das vilas operárias e todos que vivem nela. Conheço meus trabalhadores. ─ Batia com a ponta do indicador na têmpora, seus olhos reluziam num azul artificial. ─ Alguns perceberam, é claro, e tentaram avisar aos outros… Confesso que não me importei em procurar saber o que aconteceu a eles quando os encaminhei ao Ministério da Defesa. O ministro me retribuiu o favor ao não perguntar como eu soube o que eles planejavam. É esse tipo de paz nacional pela qual nós prezamos tanto quando estamos em guerra, não é?

A boca do general estava ainda mais aberta. Henrique Fontes de repente pareceu o mesmo empresário que o recebera minutos antes.

─ Então devo aumentar a produção em trinta por cento. Mais alguma coisa, general? 

─ Ah… perdão. Embora tenhamos plena confiança em sua administração, senhor Fontes, o alto escalão imaginou se não seria apropriado que visitasse as fábricas em que as horas seriam elevadas… para levantar a moral.

A proposta alargou o seu sorriso.

─ Um tour? Ótima ideia!

Aperto de mãos, tapinhas nas costas, Fontes dispensou o general. Agora se voltava ao painel de monitores. Sem precisar de nada mais do que um piscar de olhos – que ainda brilhavam daquele modo desnaturado – metade das telas se ocupou de um único operário. Era jovem, vigoroso, feições maduras, barba malfeita. A outra metade das telas exibiam a sua ficha, com o tipo sanguíneo, dados médicos, origem, idade… Ele era casado e é claro que a esposa também trabalhava em uma de suas filiais. Era tão jovem e bonita quanto ele. Dos olhos brilhantes ao cálculo frio e a maneira mecânica de falar, muitos que conheceram Henrique pessoalmente o chamaram de robô. A ereção que subia por debaixo da calça, no entanto, era completamente natural.

Também não precisou se mover para contatar o gerente lá embaixo, que o atendeu pelo fone auricular imediatamente.

─ Ao dispor.

─ Aquele trabalhador da fileira seis, posto quatro. Sim, aquele. Encaminhe-o à cabine, quero fazer uma proposta.

Enquanto o trabalhador subia para a cabine, Henrique já se esforçava para manter aparente a sua polidez patronal. Queria já ter prontas as palavras com as quais amaciaria aquele rapaz, mas outras conjeturas em sua mente eram mais persistentes. Estava longe de ser a primeira vez que brincava com operários e esse lazer já lhe custara alguns deles. Inventor que era, esforçava-se para que cada uma dessas ocasiões fosse uma novidade, mas Henrique já ostentava mais de uma centena de anos e ficava cada vez mais difícil de se surpreender. Já conseguia escutar os passos do rapaz e aquelas dúvidas permaneciam em sua mente. Era medo, outro traço inconfundivelmente humano.

Henrique recebeu o rapaz com um sorriso afável.

***

Os pequenos gestos fizeram falta naquela noite, mas Ângela foi paciente. Requentaram o almoço para o jantar e enquanto ela narrava seu dia no trabalho, ele apenas acenava com a cabeça. Ele nem sequer a olhava e também não a tocou antes de deixar a mesa. Tentavam a gravidez tinha alguns meses, desde que souberam que as Indústrias Fontes visavam instalar escolas nas vilas operárias, e aquela era uma das noites reservadas. Mas ocupavam as camas nas noites não reservadas, também. Não se seguravam.

Já bem tarde, a TV desligada, ele se sentava à beira da cama, ela vinha do banho. As gotículas d’água refletiam a luz que vazava pelas persianas, orientando os olhos brilhantes de seu marido pelo seu corpo nu, brilho que não era só reflexo, mas também desejo. Ele a tocou na cintura, deixou a mão escorregar pela nádega, provocativo beliscão. A mão voltou a passear, a outra a convidava pela cintura. Ângela estava entregue como sempre estivera e não se lembrava de já não ter estado. Ela fechara os olhos, cedera ao toque, ao calor, ao tremor. Arquejou quando ele lhe tocou na umidade entre as pernas, os dedos dela correram pelo crespo de seus cabelos… e a mão dele se afastou.

Não foi mero afastar, mas um movimento brusco, arrependido. Ele se vestiu tão rápido quanto se levantou e a deixou para trás. Ângela escutou a porta da frente bater. Seu corpo se retraíra, ela sentia frio e posicionava as mãos à frente do corpo como quem escondesse algo. Confusão, frustração, tristeza… a sucessão de infortúnios não tardou a alcançar a raiva. Sem nem mesmo se secar, vestiu-se e foi atrás dele.  

Ele caminhava a passos largos e duros, sem olhar para trás. Ela vinha o seguindo numa desvantagem de uns vinte metros, quis gritar, mas já sentindo os olhos dos vizinhos a acompanharem, aguardou que chegassem na praça.

Leandro, pare já!

O marido obedeceu e se voltou para ela, enfim olhando para trás. Os olhos brilhavam, mas eram lágrimas. Abraçou-o como se esquecida da ira que a acometera um minuto antes. Ele retribuiu, um abraço apertado bem-vindo numa noite fria que só agora ela começava a sentir, estremecendo. Pegou-o pela mão.

─ Vamos para casa conversar…

Mas ele resistiu ao convite. Balançou a cabeça, tão enfático que a assustou.

─ Não… eles estariam escutando.

Ela não precisou falar nada para que ele soubesse que ela não entendera. E então ele explicou.

De início, achara graça, mas pouco a pouco a convicção de Leandro foi a convencendo.

─ Lembra do Jorge? Lembra que ele e a esposa saíram do nada, sem aviso?

Ela se lembrava. Não gostava do sujeito, ele e o Leandro eram amigos e era esse Jorge que sempre dava um jeito de arranjar ou até fabricar bebida dentro da vila. Reunia os casais e bebiam às escondidas, fugidos dos síndicos que rondavam as casas. Ela desaprovava, mas Leandro gostava, então não falava nada… e agora Jorge tinha sumido. Mas não foi só ele. Ramon, Carlos, Margarida… todos foram movidos para outras filiais. É claro que Ângela levantara a possibilidade de ser coincidência, mas Leandro argumentara que quando Jorge contou de ter descoberto o monitoramento das casas, eram justamente os sumidos que estavam presentes.

Ângela percebia, então, aquilo que Leandro também entendera. Estavam sentados num quiosque, ela apertada contra o seu peito, cercada pelos seus braços. Soltou-se de repente. Olhou-o nos olhos, constatando que a mesma dor estava também nele.

─ Lê, isso significa que…

─ Que eles têm vigiado.

Ela puxou as roupas por cima do corpo como se pudesse se cobrir ainda mais, ele só baixou a cabeça. Ficaram assim por alguns minutos, até ela perguntar.

─ E agora?

O olhar do seu marido se tornou sombrio.

─ Eu soube que ele está fazendo um tour…

─ Ele quem?

─ Henrique Fontes em pessoa. Soube que logo ele vai estar aqui.

***

O discurso havia sido feito em cima de um púlpito, diante de todos os trabalhadores que, mesmo virados para Henrique, reservavam-se em seus postos predeterminados. Harmonia, trabalho e patriotismo, as palavras de ordem para aqueles tempos de guerra. As expressões deles não se alteraram e um olhar mais atento aos operários revelava um vazio em seus olhares, como se apenas aguardassem pelo final do discurso. A câmera flutuava entre eles, alternando entre os melhores ângulos para a composição da propaganda que circularia no país. Aplaudiram ao fim, como tinham sido instruídos a fazerem.

Agora resguardado na cabine da gerência, indagava quanto tempo mais demoraria para que pudesse substituir todo o trabalho braçal humano pelos autômatos, apesar das leis contra essa modernização. De trilha para as suas reflexões, rolava a linha montagem e, por isso, nos milésimos de segundo precedentes à explosão, escutou o súbito silêncio que se fez com a parada da esteira pela qual passava todo o processo de produção dos drones de artilharia. Depois ouviu o estouro.

A janela da cabine rachou e o susto o fez cair sentado. Os autofalantes passaram a repetir uma série de impropérios com o seu nome e antes que pudesse tomar algum apoio, seguranças já o içavam pelas axilas para colocá-lo de pé. Um deles se encarregara de levá-lo até o carro. Chegou a colocá-lo no banco passageiro, mas aí a porta se fechou sobre os dedos do homem, que caíram partidos sobre o seu colo, respingando sangue em sua calça. O carro andou em marcha ré, deixando o segurança gritante para trás. Os olhos de Henrique brilharam intensamente, mas o carro não parou, o esforço só deu dor de cabeça. À frente, o volante se movia para a esquerda sozinho, redirecionando o veículo. Havia pelo menos uma vintena de anos que optara pelos carros automáticos, mas sempre os controlara. 

Do rádio, saiu uma voz.

─ Henrique Fontes. 

Ele piscou, confuso, mas entendeu que estava sendo sequestrado. Não era o primeiro atentado que sofria e tampouco a primeira tentativa de sequestro, por isso, não fraquejou.

─ Seja quem for, existe um fundo específico para quitar a…

─ Sabemos que o senhor tem vigiado. – Henrique então compreendeu. Perplexo, não percebia que o carro se dirigia ao incêndio que se formara com a explosão. ─ E agora, somos nós que vigiamos o senhor.

O empresário, dono de mais de uma centena de anos e de um império internacional, estremeceu. Percebeu para onde o carro seguia, mas não foi isso que o chocou.

─ Por favor, diga o seu nome. ─ Suplicava, o azul em seus olhos sobressaindo na careta tenebrosa na qual o terror transformara o seu rosto. ─ Não precisa parar o carro, só me diga o seu nome. ─ Henrique se jogou sobre o painel, esmurrando-o. ─ NÃO É JUSTO. EU TENHO QUE TE VER!

O carro não parou. O rádio, mudo.

***

Não houve nada mais nos noticiários do que o incidente com o empresário Henrique Fontes. Repercutiam as homenagens e as investigações policiais quanto ao hackeamento do carro e a autoria da explosão. Ângela e Leandro não assistiram ou pensaram em assistir aos jornais. Dedicaram-se apenas um ao outro.

Cegos na escuridão do quarto, guiavam-se pelo prazer. Ele a tinha na ponta da língua, ela entrelaçava suas costas com as pernas, puxando, incitando. Balbuciava o seu nome. Para os dois, a noite não teve fim. Estavam juntos, ninguém os vigiava.

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38 comentários em “Vigilância (Pedro Paulo)

  1. Ricardo Gnecco Falco
    15 de setembro de 2019

    ____________________________________
    CONTO AVALIADO: Vigilância
    ____________________________________

    Olá Ford; tudo bem?
    O seu conto é o décimo oitavo trabalho da Série B que eu estou lendo e avaliando.
    ————————————-
    O QUE ACHEI DO SEU TEXTO
    ————————————-
    Gostei da história e da forma que você utilizou para demonstrar, aos poucos, a personalidade ‘inumana’ do empresário.
    Gostei das interações entre as personagens, seus diálogos ficaram bem críveis e me aproximaram do universo do conto.
    O protagonista, Henrique, ficou um anti-herói na medida certa; sem se tornar caricato. As personagens Leandro e sua esposa, Ângela, também foram bem dosadas na história, mesmo não sabendo (nós, os leitores), como ele foi capaz de planejar e, principalmente, executar a missão de sequestro, hackeando o carro do empresário que, com o volante se movendo para a esquerda, sozinho, rumou para as chamas da destruição. 😁
    Enfim, curti o trabalho e desejo ao autor boa sorte no Desafio!
    Bem, pra finalizar… As regras do Certame exigem que eu faça um resuminho da história avaliada, para comprovar minha leitura. Então, vamos lá:
    ——————————
    RESUMO DA HISTÓRIA
    ——————————
    No futuro, um empresário dono de várias fábricas que possuíam contratos com a área militar do governo acaba sendo sequestrado e morto por empregados que descobriram que ele espionava-os em suas casas. (Nota: 3,5)

    • Pedro Paulo
      20 de setembro de 2019

      Olá, Ricardo. Fico feliz que tenha gostado e que tenha julgado ter havido um bom desenvolvimento com as personagens. Agradeço pelo comentário!

  2. Fil Felix
    15 de setembro de 2019

    Henrique Fontes é o dono de um linha de produção que explora trabalhadores, em troca de dar moradia e serviço, abusa nos horários, vigia dia e noite, inclusive nas residências, entre outras coisas. Até o momento que sofre um atentado.

    O conto segue um viés bastante conhecido em histórias sobre o futuro envolvendo grandes corporações, ditadura e vigilância. Nesse caso, a empresa que trabalha para a manutenção da guerra explora seus trabalhadores e evita qualquer tipo de rebelião vigiando todos eles, inclusive em casa. Claro que cedo ou tarde isso dá ruim. Na literatura temos vários exemplos de situações semelhantes, como 1984, Admirável Mundo Novo, V de Vingança ou O Conto da Aia. No caso do conto, temos um recorte envolvendo a privacidade, o que esse nível de vigilância prejudica a intimidade de cada um. Um recorte interessante e que gera interpretações, principalmente sobre leis trabalhistas. O final não chega a ser feliz, mas pelo menos dá cabo do Henrique.

    • Pedro Paulo
      20 de setembro de 2019

      Olá, Félix!

      Das obras que citou, li “V de Vingança” e “O Conto da Aia”, nenhuma duas tendo oferecido alguma inspiração direta a mim enquanto na autoria deste conto. De todo modo, agradeço pelo comentário e pela atenção ao que tentei trazer de mais particular, que é o impacto da vigilância sobre a vida privativa de pessoas comuns.

  3. Fabio Baptista
    15 de setembro de 2019

    RESUMO: Henrique, um CEO frio e calculista (desculpe, não resisti), é contato pelo General e entram em acordo de aumentar a produção de drones em 30% para ajudar na guerra.
    O general pede que Henrique vá até os trabalhadores, para elevar o moral. Ele aceita a proposta com malícia, parecendo ter algum plano diabólico.
    Um casal de trabalhadores, cientes de que Henrique monitora o interior das casas, promovem um atentado que acaba com a vida do empresário.

    COMENTÁRIO: Acho que esse foi o conto com potencial mais desperdiçado do desafio. A ambientação é excelente, a escrita é muito boa (apesar de um pouco lenta, sobretudo no início) e os personagens, apesar de estereotipados, são marcantes.
    Mas senti que tudo ficou desconexo, sem motivos convincentes ligando os pontos da história. Henrique precisava da proposta do general para ir até a colônia? Acredito que não, mas isso pareceu ser necessário em dado momento. Quem foi o trabalhador que Henrique chamou? Leandro? Acredito que sim, mas não ficou claro e soou desconexo do restante… nesse momento eu pensei que viria algo no estilo “proposta indecente”. Foi nesse momento que Leandro descobriu sobre a vigilância, daí a mudança de comportamento? Também acredito que sim, mas não me pareceu muito claro.
    Era tão simples assim promover um atentado?

    Enfim… faltou um pouco de liga entre as partes do conto.

    NOTA: 3,5

    • Pedro Paulo
      20 de setembro de 2019

      Olá, Fábio!

      Uma amiga minha, leal primeira leitora, também comentou que o conto carecia de uma conexão entre suas partes. Aproveitando que falo diretamente com o chefe em um conto que opõe trabalhador versus patrão, digo que isso talvez tenha a ver com o DIMINUTO limite de palavras! (aquele emoji da luazinha)

      De qualquer forma, respondendo a algumas das questões: eu acredito que o diálogo com o general tenha sido instrumental, pois é nele que identificamos alguns importantes à ambientação da trama, como a guerra e a economia nacional voltada à produção, e também o controle e a perspectiva de Henrique sobre seus operários. Além disso, o funcionário chamado pelo magnata não era Leandro, mas eu inseri essa cena na história para dar entendimento da perversão sexual de Henrique e também sobre os seus medos ainda presentes apesar de ele ter ultrapassado os cem anos. Chamo atenção que na introdução de Leandro ficou esclarecido como ele teria descoberto da vigilância.

      Para além do que observou sobre a falta de ligas, reconheço outros defeitos no conto como uma desproporção entre a dedicação que coloquei em certas partes, a introdução se alongando, como bem observou no início do seu comentário.

      Agradeço!

  4. Marco Aurélio Saraiva
    15 de setembro de 2019

    Henrique Fontes é um mega empresário, todo de um conglomerado interplanetário de fábricas de drones militares. A guera é o seu negócio. Ele vigia seus operários em cada mínimo detalhe – mesmo na privacidade de suas casas. Leandro havia descoberto a vigilância invasiva e perdeu o conforto de tentar fazer um filho em Ângela – afinal, haviam olhos por todo o lugar. Para resolver o problema – não só o seu, mas o de uma dezena de outros planetas – ele realizou um ataque terrorista e matou Fontes. Agora, podia fazer seu filho em paz.

    É um conto e tanto! Henrique Fontes é um personagem bem criado e trabalhado, e até mesmo Leandro, que tem bem menos espaço no conto do que ele, tem personalidade. A ambientação é a chave aqui: você a criou muito bem, e logo nas primeiras linhas do conto. A opressão é genuína; a vigilância constante incomoda até mesmo o leitor. O conto tem início, meio e fim, algo que tenho visto tornar-se cada vez mais raro por aqui. Muito bom!

    Sua técnica é muito boa. Você usa em doses corretas o linguajar rebuscado e as metáforas simples. É uma linguagem acessível e fluida, que conduz o leitor e o leva até o final do conto sem perceber o tempo passar. Notei um ou outro problema com a revisão, com algumas palavras faltando e erros de digitação, mas foram breves e não atrapalharam muito a leitura.

    Parabéns!

    • Pedro Paulo
      20 de setembro de 2019

      Agradeço pelo comentário, Marco!

  5. Daniel Reis
    14 de setembro de 2019

    Categoria: FC distópica
    Numa linha de produção industrial das Indústrias Fontes, no século XXII, o administrador Henrique Fortes controla os empregados que montam os drones de artilharia. Da frente de seu painel de controle, vigia o andamento dos trabalhos, até a chegada do General, que vem tratar do andamento da guerra, das fábricas no nordeste e das condições de cumprimento de contrato entre as partes para o andamento da guerra interplanetária. O general questiona se os empregados poderiam se sublevar, e Henrique garante que as fábricas colônia tem outra ordem social, com regras severas. Mas o general questiona que o controle não abrange o interior do lares, ainda que o administrador insista na fidelidade dos trabalhadores. Acordam elevar a produção em 30%. Na saída do general, concentra-se em escolher um empregado, ao qual quer fazer uma proposta indecente. À noite, com sua esposa, o empregado Leandro conta a Angela que receberão a visita do chefe. Volta para o pronunciamento do chefe, falando em harmonia, trabalho e patriotismo, mas pensa em substituir os humanos por robôs. Ao se deslocar com um carro autômato, é sequestrado, e após entender que estava sendo vigiado também, seu carro explode. As homenagens não são vista por ngela e Leandro, que agora se dedicam um ao outro.
    PREMISSA: achei a premissa um tanto desgastada, a do mundo dominado por guerras e corporações maldosas, com uma ação de sequestro e morte.
    TÉCNICA: a narrativa é clara e precisa, mas parece que a história passa raspando em alguns temas, como o abuso do chefe e a situação política do momento em que ocorre.
    EFEITO: uma história um pouco lenta e com pouca ação, pelo menos na parte inicial, e com um final um pouco desconexo – fiquei na dúvida se eles se libertaram ou foram libertados do jugo da corporação.

    • Pedro Paulo
      20 de setembro de 2019

      Olá, Daniel!

      De fato, não foi o único comentarista a observar essa “base comum” da qual parti e, tendo lido os comentários, concluí que talvez coubesse ao conto o slogan de um “clichê (até que) bem escrito”.

      Quanto à sua dúvida, a resposta é dedutiva até para mim, pois o fim de Fontes não significaria o fim das indústrias Fontes. Em paralelo, é mencionado que o magnata tinha mais de uma centena de anos, então o impacto de sua morte poderia ser muito maior à empresa que levava o seu nome.

      Agradeço pelo comentário!

  6. Shay Soares
    14 de setembro de 2019

    Resumo
    Um dono de uma fábrica de drones de artilharia é assassinado por (justa causa? haha) funcionários que descobrem que são vigiados pelo chefe.

    Sensação
    Senti que o conto ficou devendo, parece que ficaram faltando alguns pedaços de história na narrativa. Não que não tenha dado para entender, deu, só penso que teria ficado mais rico se um pouco mais complementado.

    Narrativa/Técnica
    Para mim rolou um conflito aqui, tem passagens muito bem escritas, com boa fluidez, boa história e daí, do nada, um clichê XD Eu também entendi, racionalmente, o malvadão que Henrique era, só não fui convencida disso pelo conto, o texto não conseguiu me passar essa intensidade.

    Título
    Apropriado, não causa muita curiosidade.

    • Pedro Paulo
      20 de setembro de 2019

      (hahaha)

      Entendi, Shay. Devo trabalhar para um conto integralmente bem escrito.

      Agradeço!

  7. Catarina Cunha
    14 de setembro de 2019

    O que entendi: Um empresário administra uma fábrica de drones soldados. Os operários são explorados ao máximo e controlados em suas vidas pessoais também. Um casal se revolta com o monitoramento e, aparentemente, sequestram o empresário e o matam.

    Técnica: Muito descritiva e explicativa para o meu gosto, mas tem o seu valor.

    Criatividade: Passeia tranquilamente no mundo FC e tem potencial para crescer.

    Impacto: Leve, embora eu tenha gostado do fim de Henrique
    .
    Destaque:” Não existe aproveitamento completo, mas existe o máximo.” – Síntese do conto. Lembrei da teoria da “mais-valia” de Karl Marx.

    Sugestão: O diálogo entre o general e o empresário ficou confuso para mim. Talvez por ser entremeado com explicações do narrador, o que prejudica o fluxo. Sugiro rever essas explicações.

    • Pedro Paulo
      20 de setembro de 2019

      Olá, Catarina!

      Eu sempre achei e temi que não eu não tivesse diálogos críveis o suficiente, então tendo a atentar ao que apontam neles. Por isso, um especial obrigado!

  8. rsollberg
    13 de setembro de 2019

    Uma distopia onde os humanos só servem a um proposito. Um empresário ditador que busca lucro e poder a qualquer preço, O abuso da autoridade escancarada à espera de uma revolta. O castigo que tarda, mas não falha.

    Como diria Winston Churchill, “o preço da liberdade é a eterna vigilância”, essa máxima tem sido cada vez mais o pilar dos governos autoritários ficcionais ou não.
    O primeiro paragrafo busca situar o leitor, contando a história através das sensações visando criar uma sinestesia, mesclando um olhar de fora com uma perspectiva de dentro, de quem “sente o contato do uniforme com a pele”.
    Uma pegada de Aldous Huxley, Philip K em “espere agora pelo ano passado” e Margaret Atwwod, atraindo a atenção máxima do leitor que quer compreender esse mundo estranho. Uma distopia que já foi muito mais distante. Nas entrelinhas uma crítica atual, que cabe ao leitor encaixá-la onde melhor entender. Será que Marcos Pontes com Henrique Meirelles tem alguma relação com Henrique Fontes?

    O texto é muito bem escrito, as pontuações dos diálogos com gestos e expressões foram muito bem empregados. Fácil de ler, fácil de entender. Algumas passagens foram bem exploradas:
    “Qualquer um, o presidente eleito e a puta da esquina, cumprem suas agendas na rua, são quem tem que ser… Mas é dentro de casa, entre as paredes sagradas do lar, que se acham seguros, onde podem ser eles mesmos. E nós temos leis contra esse tipo de autonomia, não temos?”
    “Harmonia, trabalho e patriotismo, as palavras de ordem para aqueles tempos de guerra.” Mais uma referência bem empregada em tempos de mundo macondo.
    No que diz respeito ao final, creio que destoou do resto do conto. Ficou meio apressado, meio gratuito. Nem mesmo o ranço que o autor despertou no leitor com relação ao protagonista, conseguiu garantir a força necessária para o sequestro.

    Em minha opinião, faltou espaço para a conclusão mais apurada. Uma vingança mais detalhada que despertasse uma sensação de”final feliz” na gente.
    No entanto, sem dúvida estamos diante de um bom conto de distopia que sabe usar todos os elementos necessários, dentre eles a crítica atilada ao momento.

    • Pedro Paulo
      20 de setembro de 2019

      Agradeço pelo comentário e pelo destaque dado às passagens!

      Aliás, “Henrique Fontes” está para “Henry Ford”! A dedução foi bem-vinda, porém.

  9. Priscila Pereira
    13 de setembro de 2019

    Resumo: Um empresário que desenvolveu uma rotina quase escravocrata em suas fábricas, mantém os empregados em constante vigilância e acaba assassinado por um deles.

    Olá, Ford, coincidentemente o meu conto também é o último da minha série e tem a palavra vigilância… rsrsrsr tomara que nós dois fiquemos bem classificados 😀
    Olha, seu conto é um pouco confuso, não sei se entendi muito bem tudo que você queria passar com ele, a parte com o general e quando o empresário manda chamar o empregado, não sei muito bem o que se passou, depois o texto deslancha e consegui entender bem. Acho que precisava de mais ambientação e mostrar melhor esse mundo que supus ser no futuro. Os personagens também ficaram rasos e necessitavam de maior aprofundamento. O final eu achei um tantinho inverossímil… como com tanta vigilância um empregado conseguiu colocar fogo na fábrica, sequestrar o patrão e matá-lo? Achei ingênuo, desculpe 😦 . Desejo sorte!

    • Pedro Paulo
      20 de setembro de 2019

      Oi, Priscila!

      A parte do diálogo com o general serviu a uma introdução ao protagonista e à ambientação, em que apostei nas sutilezas, como a menção à guerra e as breves observações sobre a natureza do contrato entre as Indústrias Fontes e o Exército.

      Quanto ao que chamou de ingenuidade do final, é mesmo uma observação compreensível, embora eu não ache que um dia eu escreva uma “heist story”, como vemos em, por exemplo, na “La Casa de Papel”.

      Agradeço!

  10. Luis Guilherme Banzi Florido
    12 de setembro de 2019

    Boa tarde, amigo. Tudo bem?

    Conto número 55 – e último (estou lendo em ordem de postagem)
    Pra começar, devo dizer que não sei ainda quais contos devo ler, mas como quer ler todos, dessa vez, vou comentar todos do mesmo modo, como se fossem do meu grupo de leitura.

    Vamos lá:

    Resumo: numa sociedade no século XXII, estilo 1984, o dono de uma linha de produção controla seus funcionários e rastreia seus movimentos. Ao fim, acaba sofrendo um atentado e morre após a explosão de sua fábrica.

    Comentário:

    Seu conto foi bastante visual. Por algum motivo, talvez a soma das boas descrições e de filmes recentes desse estilo que assisti, consegui visualizar claramente todas as situações, enquanto lia.

    Acredito que um motivo também seja a grande semelhança do seu conto com o livro 1984.

    Assim como no clássico, aqui vemos uma sociedade de controle total, voltada à produção e com todas as liberdades individuais negadas. Além disso, também vemos o desaparecimento de qualquer um que tente se opor ao poder vigente. Os trabalhadores são obrigados a trabalhar para viver, num regime de quase escravidão, e não sentem nenhuma alegria em viver. Até para transar eles têm dia certo hahahaha.

    Devo dizer que essa semelhança com a obra clássica me fez sentir que a história era pouco original.

    Por outro lado, gostei bastante da ideia de contá-la do ponto de vista do ditador, e não do oprimido. Foi interessante conhecer a personalidade megalomaníaca e de auto afirmação de Henrique. Você retratou bem sua construção como personagem.

    Fiquei com uma certa dúvida. Me pareceu que o Henrique obrigou o rapaz a fazer sexo com ele, quando o chamou pra sua casa. Tem sentido, ou viajei?

    Senti uma forte crítica social, também, o que é meio inerente a esse tipo de história. Achei bem contemporâneo o assunto, aliás.

    Porém, tem algo no enredo que me deixou um pouco incomodado: o rapaz descobre que eles estão sendo vigiados. Logo depois, consegue armar um atentado ao Henrique. Como isso seria possível? Num regime de controle total, como esse exposto, em que mesmo o consumo de alcool ilegal pode causar a morte, em que momento e local o casal conseguiu planejar um atentado tão complicado? Se fosse algo simples, aconteceria antes, naturalmente.

    Não to dizendo que fosse impossível, e sim que gostaria que o conto expusesse o plano. Do jeito que está, me pareceu meu Deus Exmachina, sabe?

    De qualquer forma, um bom conto, interessante como normalmente é esse gênero.

    Parabéns e boa sorte!

    • Pedro Paulo
      20 de setembro de 2019

      Olá, Luis Guilherme!

      Fico feliz que tenha percebido a tentativa de inversão do protagonismo, o ditador em maior destaque. Quanto ao que te incomodou, eu argumento que não haveria espaço ou mesmo necessidade de uma descrição detalhada da elaboração do plano, o que daria em outro conto, mas que, ao mesmo tempo, é compreensível que fique como uma lacuna na história.

      Agradeço pelo comentário!

  11. Cirineu Pereira
    7 de setembro de 2019

    RESUMO: Num cenário futurístico (século XXII), um industriário vê crescer seu fornecimento de drones para forças armadas em guerra, precisando aumentar sua produtividade. Para tal, cria vilas operárias com regras rígidas. Tudo vai relativamente bem até que um casal de operários descobre que, nas vilas, mesmo dentro de suas residências, todos são monitorados e então, Henrique Fontes, o industriário, sofre um misterioso sequestro.

    TÍTULO E INTRODUÇÃO: Título reticente e pouco atrativo. A introdução, por sua vez, abre com uma pretensa frase de efeito, porém sem efeito, bem como as que se seguem, seja pelas construções ruins, seja pelo estilo pouco amadurecido. Nota: 6

    PERSONAGENS: Há alternâncias de foco, o industriário é relativamente bem delineado, apesar do estereotipamento e superficialidade. O general, por sua vez, é um mero figurante trazido à cena tão somente como ferramenta auxiliar de contextualização e de apresentação do “protagonista”. A seguir, são introduzidos Leandro e Ângela, igualmente superficiais e tipificados, mas protagonistas da segunda metade da história, e essa divisão de protagonismo me parece não ter ajudado o conto. Nota: 6

    TEMPO E ESPAÇO: O tempo é inicialmente marcado apenas para situar temporalmente a história, no restante do conto ele é tratado com pouca importância, tal qual o espaço, infelizmente, até porque o autor dispõe de cenários bastante promissores a conferir: a guerra, fábricas colônias, vilas de operários, o século XXII. Na temática FC os cenários costumam ser ricamente valorizados, servindo de elemento de deslumbramento do público. Porém aqui não são elementos capazes de promover tal deslumbre. O século XXII proposto pelo autor não é tangível para o leitor. Nota: 5

    ENREDO CONFLITO E CLÍMAX: O enredo é fragmentado e falho. O diálogo entre o industriário e seu cliente, apesar de possuir propósito, é deveras estéril e longo. Ao fim desse episódio, Fontes convoca um de seus colaboradores, sem conclusão e sem propósito aparente. O conflito pertence a Leandro e sua esposa, porém limita-se ao fato de terem sua privacidade invadida, não deixando claro qualquer risco concreto. O próprio clímax, representado pelo sequestro do industriário é inconcluso e injustificado. Nota: 6

    TÉCNICA E APLICAÇÃO DO IDIOMA: Apesar de não se observar grandes ou frequentes infrações às regras de ortografia e gramática, as construções são ruins e o estilo aqui se apresenta ainda bastante cru. Nota: 7

    VALOR AGREGADO: Há uma potencial crítica social e ao sistema, porém esta é quase, se não, despropositada. Não se observa elementos que, mesmo sutis, possam ter sido deliberadamente inseridos para suscitar a reflexão ou crítica. Nota: 5

    ADEQUAÇÃO À TEMÁTICA: Adequado à temática, apesar da pobreza de detalhamentos e superficialidade geral. Nota: 6

    • Pedro Paulo
      20 de setembro de 2019

      Olá, Cirineu!

      Quanto ao tópico inicial, deixou-me curioso com o critério que aplica a uma frase de efeito. Compreendo quando uma pode ser inconveniente ou carente de impacto, mas, ainda assim, não sei o que exatamente teria malogrado na maneira como introduzi ao enredo. E aqui incluo uma confissão: no desafio anterior, iniciei meu conto com uma morosa descrição, ponto que você observou com uma crítica que eu internalizei e me influenciou a optar por um início diferente dessa vez.

      Quanto ao observado no tópico de “enredo e conflito”, observo uma pequena confusão em algo que os demais leitores tiveram um grau menor de desentendimento. Fontes mandou chamar um operário comum, com intentos indecentes. Da mesma forma como foi com o general, a cena teve mais o intuito de apontar uma outra faceta do magnata.

      Ademais, não discordo tanto com as suas outras críticas. Agradeço pelo comentário.

  12. Evelyn Postali
    1 de setembro de 2019

    Caro(a) escritor(a)…
    Resumo: Henrique Fontes dono de uma fábrica de drones, mantém seus operários sob vigilância. Em um tour pelas fábricas-colônias sofre um atentado e é morto por um dos funcionários.
    Técnica: Linguagem apurada. Uma distopia? Ficção científica no meu entendimento e muito bem construída. Leitura marcada pela linguagem acertada e pelos detalhes desse contexto muito bem inserido nos diálogos e na construção dos personagens.
    Avaliação: Uma história dura, que nos leva a contextos além do texto. Lembrou-me 1984 ou o prenúncio da história de Orwell. Personagens marcantes e final acertado, apesar de anunciado em cena anterior. Conto linear, mas muito bem construído. Pode dar uma revisão final para rever algumas palavras e pequenos ajustes que não interferem no todo, mas que percebi. Parabéns pelo conto.
    Boa sorte no desafio.

    • Pedro Paulo
      20 de setembro de 2019

      Agradeço pelo comentário, Evellyn!

  13. Fheluany Nogueira
    29 de agosto de 2019

    O empresário, dono de mais de uma centena de anos e de um império internacional, discute sobre a produção de armas e soldados-robôs com um general (Século XXII). Os operários das fábricas-colônias residem nas vilas operárias e são monitorados, individual e constantemente. Um casal descobre tudo e pensa que os casais sumidos tem alguma relação com isto. O patrão é sequestrado e morto. O casal, em paz, faz amor.

    Há uma mistura de ficção e sabrinesco. Pareceu-me que o conto critica o abuso imperialista e defende uma ideologia. Os personagens vivem em um estilo transreal, com uma megacorporação que incorpora elementos novos da tecnologia e suas consequências sociais, que afetam as relações interpessoais e a sociedade.

    Os diálogos são críveis, mas ocorrem alguns que acaba atrapalhando um pouco a percepção do todo, porque há uma dificuldade em saber quem disse o quê. A técnica empregada é segura, porém o prólogo se arrastou, na tentativa de criar o ambiente, tornando a leitura meio cansativa. O ritmo constante usado não confere tanto impacto e noto a intenção de emotividade, mas não chego a sentir. A narrativa não aprofunda as emoções e as personagens, ao meu ver, ficaram em dois extremos: revolucionárias ou apáticas.

    Parabéns pela participação. Sucesso. Abraço.

    • Pedro Paulo
      20 de setembro de 2019

      De fato, alonguei-me no prólogo. Ao mesmo tempo, discordo que exista a “defesa de uma ideologia” sem querer dizer que enquanto autor eu pudesse fazê-lo. É só que não há uma ideia bem delineada, mas um conjunto de conflitos: Henrique Fontes consigo mesmo, o casal com sua privacidade invadida.

      Agradeço pelo comentário, Fheluany!

  14. Gustavo Araujo
    26 de agosto de 2019

    Resumo: numa realidade distópica de um mundo em guerra, um empresário inescrupuloso tem contrato com os militares para produzir drones de artilharia. Esse empresário trata com mão de ferro seus operários, proscrevendo os que se revelam complicados ou aqueles de quem tem inveja. Paralelamente, um casal desses operários se julga em perigo, com medo de desaparecer, como ocorreu com seus conhecidos. Na outra cena, o empresário sofre um atentado e morre num incêndio.

    Impressões: o conto tem uma premissa interessante, mas a meu ver perde-se em excessos descritivos. A cena inicial, do empresário Henrique Fontes com o general, toma quase metade do conto, com diálogos que não acrescentam muito à trama. Entendo que a ideia foi conferir uma atmosfera opressiva à trama, mas talvez tenha havido certo exagero nisso. A realidade à la Big Brother é a mesma já vista em tantos contos, não representando novidade. Sim, os operários querem se libertar e para tanto atacam o empresariado malvado, tendo sucesso nessa empreitada, mas isso se resolve em poucos parágrafos. Outra coisa que me incomodou foi que os personagens não geram empatia. Não dá para gostar deles, não para se identificar com eles. Um conto será tanto melhor quanto mais essa identidade puder se estabelecer, algo que nos faça amar ou odiar os personagens, o que infelizmente não ocorreu aqui.

    A técnica empregada, por outro lado, é muito boa. A escolha de palavras, a estrutura narrativa, o apreço com a revisão, tudo isso salta aos olhos, revelando um(a) autor(a) esmerado(a) em fazer o melhor.

    Queria ter gostado mais deste conto, mas me vi prisioneiro de seus clichês. Os personagens são planos e estereotipados – o empresário insensível, o militar truculento, o casal assustado… Infelizmente não curti, apesar de tecnicamente muito bom. Espero que outros leitores possam apreciar a história melhor do que eu. De todo modo, desejo a(o) autor(a) boa sorte no desafio.

    • Pedro Paulo
      20 de setembro de 2019

      Olá, Gustavo!

      Outros leitores conseguiram achar mais originalidade, mas há mais de uma crítica quanto ao esteriótipo e os pontos comuns do gênero. Mas agradeço pelo comentário e fico feliz que tenha achado outros pontos positivos no enredo.

  15. Regina Ruth Rincon Caires
    26 de agosto de 2019

    Vigilância (Ford)

    Resumo:

    A história de Ângela e Leandro (casados), Henrique Fontes (proprietário das Indústrias Fontes) e do General. Sob a pecha de “Harmonia, Trabalho e Patriotismo”, as indústrias cuidavam de criar “mecanismos” para substituir todo o trabalho braçal humano pelos autômatos (drones). Os funcionários trabalhavam à exaustão. Há uma rebelião e Henrique Fontes é morto.

    Comentário:

    Um conto FC com salpico de erotismo. Apesar de compreender a intenção do autor em criar uma trama forte, percebe-se que há uma falta de clareza no desfecho. Notei a ausência de uma costura no enredo. Ficou difícil de compreender a organização do motim, é um fato totalmente novo na história e surpreende. Para tentar entender, é necessário retroceder na leitura e tentar pegar o fio da narrativa. Não consegui entender por completo. O autor mostra muita competência de escrita, não há deslizes. Achei linda a parte da narrativa que descreve o momento íntimo de Leandro e Ângela. É de um cuidado especial, parabéns!

    Boa sorte no desafio!

    Abraços…

    • Pedro Paulo
      20 de setembro de 2019

      Sim, Ruth! Outros também apontaram para a falta de nexo, ligas ou – palavra nova – costura entre as partes. Agradeço pelo comentário!

  16. Elisa Ribeiro
    24 de agosto de 2019

    O empresário Henrique Fontes controla os operários e a linha de produção de sua empresa. Controla também a privacidade de seus funcionários monitorando-os em suas casas.Um casal se dá conta do monitoramento a parir da suspeita de outros operários conhecidos, e o marido decide sequestrar o empresário enquanto ele realiza um tour pelas fábricas raptar. Livre do monitoramento o casal volta a desfrutar sua privacidade.

    Um argumento interessante, algumas cenas bem construídas e um personagem absolutamente desprezível foram para mim o ponto alto do conto. Não sei se me falhou a compreensão, mas achei pouco consistente a motivação do personagem Leandro para a ação de sequestro do empresário. Também achei que faltaram referências no texto à articulação da conspiração contra o empresário, resultando em uma cena de sequestro, na minha opinião, um pouco brusca.

    Com relação à linguagem, há algumas construções que me soaram estranhas e confusas, seja pela ambiguidade, seja pela mistura de temas nos mesmo período/ parágrafo. Também notei alguns probleminhas na revisão.

    Enfim, um texto que tem qualidades mas que ainda precisaria de alguns aprimoramentos, tanto no desenvolvimento do enredo como na organização da narrativa e no uso da língua.

    Um abraço, amigo/a entrecontista.

    • Pedro Paulo
      20 de setembro de 2019

      Olá, Elisa!

      Quanto à motivação, acredito que é a soma de violação e oportunidade. Acho que, no geral, concebe-se o sexo como um momento íntimo cuja observação não consentida seria algo esmagador. Ao mesmo tempo, o breve diálogo entre Leandro e Ângela traz a informação colocada ainda na conversa com o general, de que Fontes estaria em tour e, dessa forma, eles teriam a chance de saber onde ele está. Seria a vez deles de ter informações privilegiadas, enfim.

      Agradeço pelo comentário!

  17. Fernanda Caleffi Barbetta
    16 de agosto de 2019

    Resumo
    Henrique Fontes é dono de uma empresa que produz drones de artilharia, armas para o exército atacar inimigos a nível interplanetário. O trabalho em sua empresa é altamente vigiado e bastante rígido. Inclusive ocorre a vigilância de seus funcionários em suas próprias casas. Um dia, quando Henrique está em sua cabine de gerência, ocorre uma explosão e, posteriormente, ele é preso dentro de seu próprio carro. Guiado remotamente, o carro vai na direção do incêndio provocado pela explosão.

    Comentário
    O conto é bom, a ideia é boa, mas eu gostaria que tivesse desenvolvido melhor cada um dos conflitos que foram apresentados. Não consegui entender muito bem qual era o foco principal, a fabricação das armas ao exército, a possibilidade de produzir uma arma mais letal, o trabalho quase escravo na fábrica, a crítica social, o relacionamento sexual do casal, a vigilância na casa, a conversa entre Henrique e Leandro que não entendi no que deu, o interesse em substituir os humanos na linha de produção, a revanche final. Não digo com isso que o conto seja ruim, não. A nota será boa, mas senti um pouco esse conflito de ideias e a falta de uma trama principal, uma história central.
    Somente um equívoco a ser apontado: Nenhum dos trabalhadores sabiam (sabia) da sua presença

    • Pedro Paulo
      20 de setembro de 2019

      Olá, Fernanda!

      Então, o operário convocado por Henrique não era Leandro! Mas essa confusão foi feita por outros leitores, então é demérito meu.

      Ademais, dos possíveis focos observados por você, denoto que o que seria central no enredo seria a violação da privacidade e o perigo potencial dessa “otimização” do trabalho dirigida por grandes empesas asseguradas pelos lucrativos tempos de guerra. O resto é ambientação.

      Agradeço pelo comentário!

  18. angst447
    15 de agosto de 2019

    RESUMO:
    Henrique Fontes, com mais de 100 anos, comanda uma indústria de drones de artilharia. Faz parte do seu esquema, a vigilância de cada funcionário, inclusive na privacidade do lar. Pressionado pelo general, Fontes decide aumentar a produção em 30%, sendo para isso necessário exigir ainda mais dos trabalhadores. Leandro descobre que vários funcionários sumiram, justamente aqueles que foram informados sobre a vigilância déspota. Com a ajuda de sua mulher, Ângela, ele elabora um plano que leva Henrique Fontes à morte, ao hackear seu transporte e provocar uma explosão. Assim, todos se livram da vigilância.

    AVALIAÇÃO:
    Conto FC, com uma breve passagem sabrinesca/erótica. Confesso que não dava muito por esse conto, mas ele me surpreendeu no bom sentido. O começo engana, mas aos poucos, a narrativa vai ganhando corpo e prende a atenção.
    Os personagens estão bem caracterizados, tendo o foco direcionado ao protagonista – Henrique Fontes – homem ou robô?
    Há uma espécie de pano de fundo que se assemelha à situação política/econômica/social brasileira. Ou viajei muito?
    Não encontrei falhas de revisão.
    O ritmo do texto é bom, apesar do começo mais lento. Não há entraves que dificultem a leitura, que se mantém fluida.
    Parabéns pela participação. Boa sorte!

    • Pedro Paulo
      20 de setembro de 2019

      Olá, Claudia!

      Fico feliz que tenha identificado os conflitos nos quais investi. Quanto ao pano de fundo e sua relação com nossa realidade, deixo a conclusão para outros possíveis leitores.

      Agradeço pelo comentário!

  19. Angelo Rodrigues
    5 de agosto de 2019

    Vigilância

    Resumo:
    Sociedade ao estilo 1984 onde um grande empresário domina parte da população. Há uma guerra inespecífica em andamento, demanda por armamentos é feita por militares. O povo se rebela e ataca o cara que controla tudo. Então o casal, provavelmente os responsáveis – direta ou indiretamente pela vingança libertária – vai para o quarto e passa uma noite maravilhosa fazendo sexo como devido.

    Comentários:
    Caro Ford,
    Conto de ficção científica com algum erotismo.
    Como disse no resumo acima, acredito que o conto tem uma pegada de Orwell, com os jeitos do Grande Irmão observando tudo e dando um jeito naquilo que precisa ser corrigido para que os lucros continuem entrando.
    O conto tem alguns flashes de crítica social, como a hipocrisia do patriotismo e coisa e tal. Tem o casal – ou parte – rebelde, essas coisas.
    Não tenho muita simpatia que um conto tão pequenino se faça com retrospectivas ou cortes no fluxo dos acontecimentos, num vaivém de fatos. Acho que confunde o leitor. Foi um pouco o que aconteceu comigo, que sentindo a mudança repentina de cenário, achei que algo andava mal com o conto. Mas tudo bem, é o estilo do autor, embora não ache que ajude na compreensão. Refiro-me à seguinte passagem:
    “… Já conseguia escutar os passos do rapaz e aquelas dúvidas permaneciam em sua mente. Era medo, outro traço inconfundivelmente humano.
    Henrique recebeu o rapaz com um sorriso afável.
    ***
    Os pequenos gestos fizeram falta naquela noite, mas Ângela foi paciente. Requentaram o almoço para o jantar e enquanto ela narrava seu dia no …”

    Bem, era isso. Notei alguns problemas de escrita mas não os achei relevantes, por isso não reportei aqui.
    Boa sorte no desafio.

    • Pedro Paulo
      20 de setembro de 2019

      Olá, Ângelo!

      Não foi o primeiro a apontar a dificuldade colocada pelos saltos espaço-temporais. Prometo que no próximo desafio, o último, escreverei um sem esse artifício. Fiz disso em todos, afinal.

      Agradeço pelo comentário!

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Publicado às 1 de agosto de 2019 por em Liga 2019 - Rodada 3, R3 - Série B e marcado .
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