EntreContos

Detox Literário.

A Obradora e a Onça (Catarina Cunha)

O trem abriu as portas na estação com um suspiro. Patrícia pegou o vácuo do aglomerado de pessoas para entrar no vagão feminino. Peito, braço, bolsa, troca de suor e desodorante floral. Melhor passar por isso do que ter sua virtude assediada em outros vagões. Não conseguiu sentar, agarrou no suporte central disputando espaço com esmaltes descascados de vários matizes. Respirou fundo e começou a pregação: E Jesus disse: bem aventurados os filhos de Deus… Ouviram-se vários “améns” e alguns “cala a boca”. Patrícia estava acostumada, nem todos estavam ainda preparados para aceitar o Criador no coração, há de se perseverar na salvação das almas. Com a mão direita livre abriu a bíblia e escolheu um salmo aleatório: Sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência. Tiago 1:3.  

Patrícia era caçula entre oito irmãos de uma família de evangélicos, sendo ela a única mulher. Mal alcançava a pia quando a mãe morreu e deixou para ela uma bíblia e um monte de homens para cuidar. Foi crescendo na solidão de uma família grande de trabalhadores. Estudou só o fundamental e passava suas horas cuidando dos afazeres domésticos e cantando louvores. Um dia acordou com quarenta anos sem nunca ter namorado. Ficou literalmente para titia, já que os irmãos lhe deram vários sobrinhos, que aos domingos enchiam a casa de barulho feliz. Agora, restou-lhe só o pai doente para cuidar, a pregação da palavra de Deus e alguns sonhos secretos. 

O balanço do trem roçava peles e, principalmente, as protuberâncias. Era comum sentir seios e nádegas alheias colarem no corpo como apêndices provisórios. Sentiu que os peitos que  roçavam no alto de suas costas não seguiam os solavancos do trem. Era algo mais lento e ritmado. Tentou dar um passinho à frente sem sucesso. Ai Jesus. O balanço do trem foi dando uma quentura na espinha e a pressão aumentou. Não ousou olhar e nem reclamar. Não havia espaço entre tanto estrogênio para conforto. O trem dava uma chiada ameaçadora antes de parar nas estações, onde nova horda de mulheres entravam. Uma mão segurou em sua cintura e manteve-se assim, firme, evitando que o movimento as separasse. Com a nova leva acomodada era impossível se mexer, mas os dedos quentes de unhas longas alcançaram sua barriga por baixo da camisa. Pensou nos próprios pneus e encolheu o abdome envergonhado. Pai nosso que estais no céu. O indicador da mão distraía-se  no umbigo com movimentos circulares. Fez uma curva mais longa subindo até a base do sutiã e descendo em vertigem até o elástico da calcinha, sem que o cós da saia oferecesse qualquer resistência. Santificado seja o vosso nome. A mão seguiu navegando entre pelos e dobrinhas encontrando um mar inexploradamente caudaloso. Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca. Mateus 26:41. Maré vai, maré volta, maré vai, maré volta, maré vai, vai, vai… Seja feita a tua vontade, assim na Terra como no Céu.  O coração quicava no sutiã enquanto um fio de suor quente deslizava da nuca para o vão entre os seios, encontrando a bíblia exausta e amassada. Uma lambida no pé da orelha despertou Patrícia. Tentou olhar para trás. Quem é você? A mão delicadamente evitou que se virasse. O nariz afastou seus cabelos e o ar adocicado soprou em seu ouvido. Eu sou a tua Ttyffanny, com dois tês, dois ípsilos, dois efes e dois enes, tudo em dobro só para você; até amanhã, meu docinho. Só agora percebeu que realmente Ttyffanny era muito alta e generosa. Conseguiu olhar para baixo e ver enormes sapatos dourados tipo plataforma, as pernas fartas e bronzeadas saiam de um tubinho de oncinha colado ao corpo. Morreu de vergonha das próprias unhas quadradas numa rasteirinha com o calcanhar ressecado. Não conseguiu ver o rosto,  pois nesse momento a porta do trem se abriu e aquela manifestação de Deus desapareceu na multidão. 

Patrícia percebeu que a bíblia caíra no chão aberta. Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém separa. (Mateus 19:6). Grata pela benção, pelo resto de seus dias, todas as manhãs no trem, só lhe restava agora esperar a volta do milagre.

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51 comentários em “A Obradora e a Onça (Catarina Cunha)

  1. Ana Maria Monteiro
    18 de setembro de 2019

    Bravo, Catarina! Não tanto pelo conto de que gostei (mas preferia ter visto a beatazinha ainda mais desmascarada), mas pela atitude.
    A sua paciência para alguns comentadores deixou-me de olhos em bico; dizer a este último que é graças a pessoas como ele que consegue força para continuar a escrever é mesmo digno de se lhe tirar o chapéu.
    Parabéns pela postura – eu não aguentava. Aliás, não aguentei. Foi por energúmenos destes e doutros que deixei de participar.

    • Catarina Cunha
      5 de março de 2020

      Agradeço o gentil apoio, mas já estou acostumada com todo tipo de comentários. Acho divertido quando consigo mexer com o leitor, para o bem ou para o mal.

  2. Edileide Macedo
    18 de setembro de 2019

    Sensacional¡!!!Criativo, sensual, super bem roteirizado, dinâmico, interessante …um sopro dentro do vagão . Adorei!

  3. Fil Felix
    17 de setembro de 2019

    Um mulher evangélica, na casa dos 40 e solteirona, entra num vagão feminino e começa a pregar, mas uma presença misteriosa começa a toca-la.

    Um conto curto, leve e até mesmo ácido. Aborda vários temas atuais, como o vagão feminino, a pregação gratuita e o abuso sexual no transporte público. O intuito aqui não é o da condenação, mas seguir por outro viés. Na vida da mulher ocorre um verdadeira milagre, quase como uma aparição, algo que a toca e a transforma. Quase uma transubstanciaçao. Também aborda o universo feminino, no aperto do trem, seios roçando, fios de calcinha, saltos alto e esmaltes preenchem o ambiente. Aposto que suas pregações nunca mais serão as mesmas sem esse toque que é, definitivamente, divino. Patricia teve seu momento Pantanal, conhecendo a onça em forma de mulher

  4. Catarina Cunha
    17 de setembro de 2019

    Estou feliz pelo reconhecimento deste meu conto como a melhor técnica utilizada na séria A. E também por me manter lá entre os 10+. Muito obrigada.

  5. Thiago Barba
    15 de setembro de 2019

    Patrícia, uma garota evangélica, entra num vagão só para mulheres, com muita gente dentro e lá passa por uma experiência homo afetiva.

    Gosto muito de contos curtos. Até prefiro eles pra falar a verdade. Não por preguiça de ler, ou falta de tempo, gosto de ver histórias sintetizadas. Adoro ver universos enormes exposto em poucas palavras. Acredito que a apresentação da personagem e o que lhe sucedeu, já mostra um grande conflito estabelecido, demonstram uma ótima transformação da personagem. Acho ótima a sacada da bíblia no chão com os dizeres finais.

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      Minha alegria é saber que existem leitores de contos curtos por prazer, e não preguiça. Muito obrigada por seus comentários.

  6. Gabriel Bonfim
    15 de setembro de 2019

    O conto é sobre a “nova experiência” de Patricia no trem.

    O que posso falar sobre seu conto é que ele tem uma desrição interessante kkk mas como não sou muito adepto no “sabrinesco”, me restrinjo a falar que não foi satisfatório.

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      Acho que o seu comentário também não foi satisfatório. kkk. Tudo bem. Muito obrigada.

  7. Amanda Gomez
    14 de setembro de 2019

    Resumo 📝 A história de patrícia, um quarentona que viveu a vida inteira cuidado dos irmãos e sonhando secretamente. Evangélica tem por hábito fazer uma pregação no trem, indo pro trabalho? não vem ao caso. Num dia de “sorte’’ no vagão feminino, Patrícia é surpreendida por “ solavancos” tem um momento íntimo ali mesmo, enquanto recita versos da bíblia.

    Enredo🧐 Apesar de curtinho ( como é bom achar um desse tamanho) tem muita história aqui, temos a visão clara de como foi e é a vida de Patrícia, o que passou na infância, a generosidade roubada que só quem não tem opção dispõe. Cuidar da casa, dos irmãos e de quem mais viesse… sendo embalada apenas por sonhos secretos. O texto pende para uma comédia e a cena do assédio… é um assédio, né? foi inesperada. Isso é positivo, mesmo que a cena seja bizarra pra dizer o mínimo. A carência da personagem fica evidente quando ela passa a desejar que isso lhe aconteça toda vez. Como se esperando um milagre.

    Gostei 😁👍 Gostei da escrita, das frases de efeito, das referências ao cotidiano. Da personagem.

    Não gostei🙄👎 Talvez da ambiguidade da cena do “Assédio” fiquei sem saber o que sentir. Embora isso conte como ponto positivo ao autor que soube extrair isso de mim.

    Impacto (😕😐😯😲🤩) 😯 Teve momentos de identificação e surpresa, é um texto que fica algum tempo na mente depois de ler.

    Tema (🤦🤷🙋)🤦 Não considero sabrinesco.

    Destaque📌 “Pensou nos próprios pneus e encolheu o abdome envergonhado. Pai nosso que estais no céu.’’

    Conclusão ( 😒🤔🙂😃😍) = 🙂 Texto bem executado, com notas de humor e um clima cotidiano agradável. Infelizmente não encontrei o que considero sabrinesco. Mas deve está aí em algum lugar…

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      Gostei de você ficar sem saber o que sentir. Acredito que só a dúvida constrói. Muito obrigada por seus comentários.

  8. Gustavo Azure
    14 de setembro de 2019

    RESUMO
    Patrícia pega o vagão feminino e faz a pregação, entretanto, para sua surpresa, uma mão começa a acariciar seus desejos escondidos. E isso lhe pareceu muito bom.

    CONSIDERAÇÕES
    A protagonista é apresentada de uma forma bem construída e busca justificar algumas de suas atitudes perante ao ocorrido no vagão. Entretanto, a justaposição constantemente de elementos antagônicos deixa a personagem com uma complexidade. A outra personagem que aparece na trama, apesar de ter um “aparição inteira” pouca, ela é bastante marcante e forte, o que condiz com sua atitude.
    Apesar do ambiente em si não ter sido descrito, as pessoas em volta no vagão fazem o ambiente e as descrições do aperto em alguns trechos são o suficiente para sentir a claustrofobia e até o inconveniente entre os corpos amontoados.
    Toda a narrativa se constrói dentro de contradições que levantam questionamentos sobre a intenção real de Patrícia e até mesmo o autor. Isso é muito positivo, pois enriquece a narrativa, mas também suspende o leitor a dúvidas. Ela foge do vagão para fugir do assédio dos homens e sente-se a vontade sendo assedia por outra mulher; virgem que sempre ateve-se ao que era tradicional, até mesmo sua religião, e expõe ao ter contatos íntimos em público; sua fé em Deus e a crença que Ele lhe concedeu uma graça na forma do que seria considerado um pecado por sua religião. A fuga do vagão comum pode até mesmo simbolar a fuga dela de si, já que esmagada pela construção social e por suprir o papel de mãe negou-se como filha.
    O conto é bem curto, mas é o suficiente para mostrar a que veio. É possível sentir toda a conclusão da história com o final e também compreender várias lacunas com a descrição de sua infância.
    NOTA 4,3

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      Você acertou um dos objetivos do conto: “a justaposição constantemente de elementos antagônicos deixa a personagem com uma complexidade.” Muito obrigada por seus comentários.

  9. Leo Jardim
    14 de setembro de 2019

    🗒 Resumo: uma crente prega num no vagão feminino lotado do trem. Acaba sendo surpreendia pelas carícias eróticas de Ttyffanny, que vai embora deixando gostinho de “quero mais”.

    📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫): é bastante simples, mas gostosa de ler. Não é daquelas tramas que nos tira da cadeira, nos faz chorar ou nos deixa pensando ao fim. Mas faz rir e esse era o objetivo.

    Como sugestão de melhoria, poderia ter desenvolvido mais o “trauma” que o furacão “Ttyffanny” causou na vida dela, como ela passou a buscá-la e como isso afetou sua vida e sua fé.

    Além disso, senti falta de uma quebra dos estereótipos. É legal quando eles são usados, mas fica melhor ainda quando são quebrados e novas camadas são acrescentadas.

    📝 Técnica (⭐⭐⭐⭐▫): escrita madura, repleta de ironia e com pouquíssima (ou nenhuma gordura).

    ▪ as pernas fartas e bronzeadas *saíam* de um tubinho de oncinha colado ao corpo

    🎯 Tema (⭐▫): acho que faltou um pouquinho mais de erotismo pra ser Sabrinesco. E de romance também.

    💡 Criatividade (⭐▫▫): nada contra uso de clichês e estereótipos. Eu adoro usar. Mas, para fugir do comum, é preciso dar mais profundidade aos personagens e mostrar que são mais que uma caricatura. Esse conto, por ser curto e direto, acaba não fazendo isso.

    🎭 Impacto (⭐⭐⭐▫▫): um texto que cumpre objetivo de divertir. Não cheguei a gargalhar, mas gostei dos personagens e da situação envolvida. A trama um tanto rasa, porém, acabaram não deixando o impacto maior.

    😏 Pitadas Sabrinescas: gostei da comparação de nádegas e seios com “apêndices provisórios”.

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      Lembraste bem, eu poderia dar continuidade às aventuras de Patrícia. Mas, se o fizesse, somente eu seria a detentora dos sonhos dela. Com o final aberto todos os leitores compartilham o futuro de Patrícia. Muito obrigada por seus comentários.

  10. angst447
    13 de setembro de 2019

    Conto com estilo próprio (catarinesco, eu diria) e de extensão reduzida. Que sentido teria colocar mais palavras quando a mensagem já foi transmitida com sucesso?
    Só fiquei em dúvida se a Ttyffanny era uma mulher muito grande ou se era um homem transvestido – Gosto mais da segunda opção, mas depois me fala qual foi a sua intenção.
    Não encontrei falhas ortográficas na sua narrativa, mas também não me empenhei na busca. A leitura flui fácil, pois o conto possui um ritmo confortável – sem correr demais, nem ficar moroso nas descrições (sabrinescas).
    Inserir o contraste/conflito de Patrícia entre a postura “certinha”, escorada no texto bíblico, e a libido a flor da pele,, foi o ponto alto da trama. As contradições humanas, quem nunca?
    Parabéns pela sua participação e boa sorte na classificação. 🙂

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      Que ousadia sua me rotular um estilo “catarinesco” e… acertar! Kkk Experiência é posto. Muito obrigada por seus comentários.

  11. Carolina Pires
    12 de setembro de 2019

    Resumo: Uma mulher de quarenta anos, crente fervorosa, entra no vagão só de mulheres no metrô, e começa a “pregar” a palavra de Deus. Sente alguém roçar o peito nas suas costas e a tocá-la por debaixo da roupa. A mulher, Ttyffanny, se mantém em um mistério e sai sem mostrar o rosto, deixando a obreira sonhando com o próximo encontro.

    Então, Mateus, o que dizer? Bem, sinto muito, mas eu não gostei… Sei lá, na real eu achei bem esquisito. Mas vejo alguns pontos positivos no conto. Para mim foi inevitável associar a personagem principal, Patrícia, com a Macabea de “A Hora da Estrela”. Mas achei que o seu personagem ficou um pouco estereotipado. Será que foi uma crítica sua ao estereótipo beata evangélica? (o perfil beata a diverge de Macabea). Talvez. “Pneus” na barriga, “calcanhar ressecado”, “unhas quadradas”, “rasteirinha”, bíblia na mão. Por fora a mulher que aponta o pecado alheio, mas por dentro é tão gente como a gente, com “alguns sonhos secretos”. Fiquei pensando: talvez a Ttyffanny tenha ouvido a voz de “razão” exacerbada da obreira ressoar pelo vagão e resolveu “brincar” com os desejos ocultos dela. Talvez. Ou, quem sabe, tenha se aproximado da mulher de quarenta mais por compaixão, por inferir que se tratava de um corpo sem experiências sexuais. Talvez. Ou tenha realmente desejado a beata, por que não? Talvez.
    Interessante também foi sua abordagem quanto à situação sem saída que as mulheres encontram no transporte público de forma geral. Digamos que Patrícia não tivesse gostado do contato físico da mulher de oncinha. Ou seja, ela evitou os outros vagões para fugir de possíveis abusos dos homens e encontrou o mesmo tipo de abuso, mas dessa vez causada por uma pessoa do mesmo gênero. Mas que diferença isso faz? Continua sendo uma violência e invasão.
    Também achei interessante a forma como a narrativa em terceira pessoa se misturou ao pensamento da personagem. Você conseguiu intercalar frases como “Ai Jesus” e “Pai que estais no céu” no meio da narrativa, misturando a cena com as sensações que invadiam a mente da personagem. Recurso interessante. Gostei muito. Já esse narrador, desconfio total dele, Mateus. Eu não fui com a cara dele, não. Expressões como “ficou literalmente para titia” e “enchiam a casa de barulho feliz”. A primeira me remete a uma expressão machista retrógrada que não está interessada em ouvir a voz (opinião) da personagem principal: uma mulher (fruto da escolha ou não) não ter filhos deve mesmo receber esse tratamento ridículo? E o que falar de “barulho feliz”, sendo que é um amontoado de criança catarrenta gritando na cabeça de uma mulher, cansada, de quarenta anos? E foi exatamente essa minha birra com este narrador que “salvou” o seu conto na minha perspectiva. Sem dúvida ele é a voz que tem mais vida e opinião no seu conto, Mateus, embora preconceituosa e parcial. Claro que entendo ser de total intenção sua, por isso, ponto alto do seu conto.
    O fato da personagem abrir a bíblia em qualquer salmo no início (agindo com improviso) conversou perfeitamente com a bíblia caindo, aleatoriamente, em uma parte específica que foi interpretada da maneira como bem quis a personagem. Depois fiquei pensando, será que ninguém viu esse “vuco-vuco” todo no vagão lotado? Será que tudo não passou da imaginação da Patrícia? Para finalizar, tenho que ressaltar que gostei de algumas construções. Elenco, a seguir, as melhores: “como apêndices provisórios”; “abdome envergonhado”; “bíblia exausta e amassada”.

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      Talvez você tenha razão em tudo isso. Talvez a vida seja esse amontoado de clichês. Talvez eu tenha conseguido mexer com você como eu gostaria que todas as mulheres se sentissem mexidas. Muito obrigada por seus comentários.

  12. Renan de Carvalho
    11 de setembro de 2019

    Uma obradora com mais de quarenta entra no vagão feminino e começa a pregar a palavra. em meio ao aperto do vagão ele sente um toque que vai aos pouco se apossando de seu corpo. E quando já quase não consegue aguentar tenta ver que é sua bolinadora e descobre a figura trajando oncinha, mas não consegue ver seu rosto. Ela encara como obra de Deus e decidi ir ao encontro de sua amante todos os dias.

    Gostei desse conto. Conto dinâmico, tangenciando a linha da crônica pela linearidade do cotidiano comum. Bem desenvolvido e instigante. Um abraço.

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      Amo escrever contos, mas tenho um caso escabroso com crônicas. Muito obrigada por seus comentários.

  13. Fernando Cyrino
    9 de setembro de 2019

    Olá, Mateus, você me traz a história da moça que ficou pra titia, cuidando dos afazeres de Deus, tanto na pregação quanto nos cuidados com o pai idoso e doente, que no metrô, hora do rush, sofre (sofre?) explícito assédio sexual no interior do vagão feminino lotado. Uau, que conto bacana você escreveu. Um enredo criativo e surpreendente na medida em que esse tipo de assédio costuma acontecer por parte dos homens (parece-me que esses vagões foram criados exatamente para conter esse tipo de abuso). Gostei muito dessa sua mudança de enfoque, gerando-me surpresa e indo ao encontro sugere-me a sua narrativa, dos sonhos secretos da nossa personagem religiosa. O título é um verdadeiro achado. A obradora, que caça pessoas para Deus, se torna a caça da felina que se posiciona, com longas unhas às suas costas. Quero lhe dizer também, Mateus, que gosto da maneira como você manipula as palavras. Curto demais as frases curtas (epa, ficou estranho pra danar esse curto as curtas) e notei que você as utiliza muito bem. Um conto para as cabeças do nosso concurso. E tudo no lugar certo, economia de palavras, nota-se ter sido uma narrativa limada, cortada, recortada, as palavras exatas, cada uma no seu lugar correto. Nada fora do lugar, nada sobrando, nada faltando. Um sabrinesco e tanto no meu modo de ver a literatura erótica. Sem baixarias e muito menos apelações. Sua narrativa traz-me com leveza a surpresa, o medo e o encanto (o prazer) propiciado pelos seios em suas costas e as mãos ousadas invadindo e tomando conta do seu corpo até então fechado. O fecho que você dá à narrativa ficou excelente. O anseio de que aquele milagre pudesse de novo se repetir em alguma manhã nos vagões femininos do metrô. Parabéns pela sua competência e capacidade de contar uma bela de uma história.

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      Curto fazer de uma história uma colcha de retalhos costurada à mão. Gostei de você perceber isso. Muito obrigada por seus comentários.

  14. Estela Goulart
    9 de setembro de 2019

    Patrícia entra no vagão de trem feminino e começa a pregar religiosamente. Sente alguém em suas costas e quando se vira sabe de Tiffany, o tal milagre.

    Vou tentar abstrair a parte religiosa e a sexual nesse conto para não causar alvoroço. Como sabemos, para alguns, o tema abordado, da forma como foi abordado, é muito ofensivo. O conto, utilizando do seu próprio palavreado, Autor, peca em muitos aspectos. Primeiro que, aparentemente, parece ter sido escrito sem nenhum cuidado. Em poucos minutos. Costuma-se falar da limitação de 2500 palavras, mas você não trabalhou em nada, e garanto que podia mais um pouco. Quem sabe, o conto tivesse ficado melhor. Você abusou do tema sabrinesco e deixou forçado. Não estou dizendo que isso não exista, mas no modo da narrativa foi muito forçado para o conto. Deu uma generalização enorme.

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      Uma pena que você não tenha gostado, porque deu um trabalhão enorme escrever este conto. Principalmente ao criar o narrador com uma personalidade bem diferente da minha. Vale salientar que este conto nasceu com mais de 2 mil palavras e me rasguei toda para deixar ele assim, enxutinho, para você. Tudo bem, espero escrever outros que te agradem. Muito obrigada por seus comentários.

  15. Elisabeth Lorena Alves
    8 de setembro de 2019

    Conto Sabrinesco, marcadamente homo-erótico.
    Resumo: uma mulher, solteira e sem sonhos, apresentada pelo narrador como evangelizadora, entra em um vagão feminino para cumprir sua missão e é molestada por outra mulher (?) e gosta da experiência.

    Comentário
    Texto bem escrito. Linguagem bem centrada na percepção religiosa da personagem. A visão feminina também está bem elaborada nos temores da personagem e embora não faça parte da avaliação, para mim esse texto foi escrito por uma mulher. A linguagem do universo feminino é bem delineada, tanto nos aspectos físicos quanto psicológicos, alcançando a ambientação cênica. O leitor divisa bem vagão diferenciado e motivo; desconforto com a bolsa; esmaltes variados e descascados; vergonha do corpo; percepção primiero das vestes da outra e por isso acaba sem ver o rosto.
    Pontos positivos: Estrutura narrativa bem construída.
    Pontos conflitantes: Narrativa rápida, agressiva, mas não chega ser um ponto negativo. Achei que por ser um texto corrido, ficou meio desfocado do gênero, mas como não dá para colocá-lo em outro espaço de escrita, não vou reclassificar, fica sendo Conto e segue a viagem.
    Personagem bem marcada. Ideias, aspectos físicos, religiosos e sentimentais. Confusa em si, não no texto, abortada de seus sonhos pela necessidade dos outros e pelo excesso de culpas. Sua vida é uma imposição de religião e responsabilidades que a impede de exercitar o não (capacidade de negar) e por isso ela opta pelo mais fácil, o vagão feminino, para não sofrer nenhum atentado; quando incomodada pelos apertos vai justificando: “Não ousou olhar e nem reclamar. Não havia espaço entre tanto estrogênio para conforto.”
    Mostrar sua condição de “Parentalizada” para suprir o papel de mãe e agora avó e cuidadora do pai é também um ganho narrativo. Assim como o final, uma odiosa e acertada *blasfêmia, que decreta na Bíblia esquecida ao solo, uma aprovação ao que aconteceu na composição férrea.
    É um texto cru, duro, abusivo, dá um tom bem marcado para o que por final acontece, porém tem algumas quebras interessantes: “Um dia acordou com quarenta anos sem nunca ter namorado” e “o trem abriu a porta com um suspiro”.
    Por abordar minha religião, fiquei incomodada, mas minha leitura, análise sucinta e nota não foram influenciadas por isso. Agora, maldade o nome da tal Tiffany, que sinceramente, dado as características apresentadas serem quase grosseiras, me deixou em dúvida sobre seu gênero – o que pelo texto é, sem dúvida uma marca do autor, ops, autora. Na verdade essa agressividade de escrita é bem linear e segue os acontecimentos atuais e de vivência anterior da personagem. Parabéns! E sucesso no Desafio.
    PS. *Blasfêmia. Obviamente minha percepção por eu ser cristã.

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      Gostei de sua análise profunda dos sentimentos da personagem. Percebo que você soube separar sua posição cristã da obra em si, já que Patrícia viu um milagre e não uma blafêmea. Muito obrigada por seus comentários.

  16. tikkunolam90
    5 de setembro de 2019

    Resumo: Solteirona, Patrícia está pregando no metrô, no vagão exclusivo para mulheres, quando é assediada por uma desconhecida. Mesmos seguindo os valores evangélicos, gosta bastante e acaba esperando, durante suas pregações, pela aparição da abusadora que se tornou em sua deusa.

    É um momento, apenas um, com a imensidão da vida de Patrícia resumida em 4 parágrafos. Ficou a sensação de vazio, de incompletude, de ausência. Talvez isso, na vida da protagonista, era o resumo de sua vivência. Não sei se isso é uma qualidade ou defeito, sinceramente não sei.

    A narrativa não é muito cativante, apesar da boa forma e condução, incluindo o Português bem aplicado. Frio, como a vida de Patrícia, sem estilo marcante. Acredito que o espaço permitia um desenvolvimento melhor dela e de sua rotina e família. Muitas coisas nas entrelinhas, subentendidas, que poderiam continuar assim, mas eu precisava, ao menos, de maior aproximação para me envolver mais. Tudo ficou na superfície, sem conflitos internos com sua religião em relação ao ato pecaminoso, nem durante ou depois.

    É um texto difícil de comentar para mim, pois não senti absolutamente nada.

    Sobre a história e sua relação com o tema, faltou o elemento do romance, do amor, do carinho. É sexo, somente sexo, prazo, literalmente isso. Carnal, animal. Faltou o espírito do tema. Sem amor, sinceramente, não encaro como sabrinesco. É possível, ainda, que tudo aconteceu na mente de Patrícia, seus desejos negados, sua negligência com seu lado sexual, isso dependendo da interpretação que fizermos, claro.

    É uma boa história, nesse sentido, dá para tirar diferentes imagens de acordo com o ângulo visualizado. Talvez essa não fosse sua intenção, mas foi o que me pareceu. Mas costumo superestimar as pessoas ao meu redor, não sei.

    Sei que, de fato, não foi uma leitura tão prazerosa, mesmo que brilhante ao seu jeito. Parabéns pelo conto, pelo esforço depositado, pela contribuição ao desafio e por ser quem você é, pois, de certa forma, dá pra sentir identidade no texto.

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      Vejo a vida de Patrícia como um grande romance de frustrações libertas através do sexo. Muito obrigada por seus comentários.

  17. Paulo Luís
    4 de setembro de 2019

    Olá, Mateus, boa sorte no desafio. Eis minhas impressões sobre seu conto.

    Resumo: Uma irmã em cristo vive o suplício da luxúria em pleno vagão de trem superlotado. Em conformidade com os versículos da Bíblia, percebe tardiamente que fé e fraqueza da carne convivem em harmonia.

    Gramática: Uma leitura que flui correntemente numa linguagem rica de adjetivos, os quais super adequados aos termos. Sem o mínimo percalço que a desabone.

    Comentário crítico: Um conto que atende perfeitamente ao tema proposto, sabrinesco. Com o adendo de uma qualidade supra inteligente, para tema tido como de estilo literário menor. Não só satisfaz como desfaz essa falsa denominação pré-concebida. Um enredo desenvolvido com maestria por quem sabe o que quer dizer e como dizer. Belíssimo trabalho.

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      Sem dúvida o seu resumo foi o melhor de todos. Muito obrigada por seus comentários.

  18. Elisa Ribeiro
    25 de agosto de 2019

    Um delicioso mini-conto com sabor de crônica. Divertido, erotismo leve, final aberto. Adorei!

  19. A obradora e a onça

    Patrícia é evangélica e, oitava filha de um lar em que a mãe morreu jovem, ela entra no vagão feminino do metrô para ler trechos da Bíblia. No local, entre “améns” e hostilidades, ela prega espremida no vagão abarrotado, em um emaranhado de odores e sensações. Até que, entre orações, ela sente um contato não natural em seu corpo e uma mão que vasculha sua intimidade. Sem ver quem estava a “encoxando” – apenas o sapato plataforma grande, o vestido tubinho de onça e as pernas bronzeadas, Patrícia chega ao orgasmo e toma o contato como um milagre, pelo qual procura todos os dias a partir de então.

    Em primeiro lugar, vou ressaltar a coragem do autor em inscrever um conto bem abaixo das 2500 palavras. Tenho a impressão de que muita gente tende a tomar o teto como padrão, escrevendo narrativas mais alongadas do que o necessário. “A obradora e a onça” tem o tamanho certo, é bem escrito e possui uma narrativa com boa construção. Gosto da ideia de fazer uma releitura do sabrinesco para um contexto de diversidade – pelo que conheço das capas de “Sabrina”, “Julia” e “Bianca” os casais parecem bastante heteronormativos. Ainda assim, achei a história mais erótica do que necessariamente sabrinesca. Não me parece uma ideia muito correta romantizar um contato não consentido, ao menos a princípio, em um vagão de metrô. Mas foi interessante a forma como o autor faz uma relação entre o assédio, porque não deixa de ser um assédio, e a religiosidade da protagonista, que interpreta o contato como um milagre.

    Originalidade: 5
    Domínio da escrita: 5
    Adequação ao tema: 3
    Narrativa: 4
    Desenvolvimento de personagens: 5
    Enredo: 4

    Total: 4,3

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      Um assédio é sempre um assédio. A diferença está em como a vítima trabalha isso. Muito obrigada por seus comentários.

  20. Fernanda Caleffi Barbetta
    19 de agosto de 2019

    Adorei o texto. Muito gostoso de ler, criativo. Muito boa a ideia de intercalar as orações no texto, o que o deixou divertido e interessante.Parabéns.

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      As orações estão dentro da personagem. Muito obrigada por seus comentários.

  21. Contra-analógico
    13 de agosto de 2019

    Sinopse: Em pleno trem, Patrícia, uma quarentona ainda virgem prega o evangelho com sua Bíblia surrada. Essa mulher reprimida sexualmente usa da sua fé e da palavra de Deus para confortar os seus dias. Mas, é justamente nesse trem que ela encontrará um motivo a mais para sorrir e encontrar prazer em sua vida pacata, recheada de responsabilidades e devoção.

    Comentários: Esse conto é curto, mas fantástico. Todos, sem qualquer exceção tem libido, impulsos sexuais, desejos, entretanto, muitas vezes reprimidos ou negados. Uma mulher evangélica e virgem nos mostra um pouco desse lado da vida mais beneditino, recheado de frustrações e envolto em dogmas. Apesar do conto ser protagonizado por duas mulheres, continuamos aí com uma certa romantização do assédio sexual, o que na minha opinião não é mais tão excitante assim, por isso não levará uma nota melhor, pois a protagonista parece ter gostado da situação ao invés de repensar a questão. O título do conto é um tanto estranho, geralmente se usa obreira, e não obradora. Numa das passagens do texto está bem aventurados, deveria ter um hífen aí. Já aqui, onde nova horda de mulheres entravam, deveria ser entrava.

    Notas de Contra-analógico:
    – A Bruxa: 1,0
    – A Hora Certa de Dizer “Eu te Amo”: 4,5
    – A Obradora e a Onça: 3,5
    – Às Cegas: 3,8
    – As Lobas do Homem: 3,0
    – De Forma Natural: 2,0
    – Espectros da Salvação: 3,5
    – Folhas de Outono: 2,0
    – Humanidade: 4,0
    – Love in the Afternoon: 3,0
    – Neo: 2,5
    – O Buquê Jamais Recebido: 2,5
    – O Dia Em Que a Terra Não Parou: 1,0
    – O Touro Mecânico: 2,0
    – Poá: 2,0
    – Rosas Roubadas: 1,5
    – Show Time: 5,0
    – Sob um Céu de Vigilância: 4,0

    Contos Favoritos
    Melhor técnica: A Hora Certa de Dizer “Eu te Amo”
    Mais criativo: Show Time
    Mais impactante: Show Time
    Melhor conto: Show Time

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      Entendo sua preocupação com a abordagem, politicamente incorreta, da questão do assédio. Mas foi proposital, a vida tem dessas coisas bizarras. Muito obrigada por seus comentários e revisão atenta.

  22. Luis Guilherme Banzi Florido
    8 de agosto de 2019

    Boa tarde, amigo. Tudo bem?

    Conto número 9 (estou lendo em ordem de postagem)
    Pra começar, devo dizer que não sei ainda quais contos devo ler, mas como quer ler todos, dessa vez, vou comentar todos do mesmo modo, como se fossem do meu grupo de leitura.

    Vamos lá:

    Resumo: mulher religiosa entra num trem feminino e, ao invés de fazer sua pregação, descobre os prazeres da carne com uma desconhecida.

    Comentário: bem divertido seu conto! hahaha. Gostei.

    Além das situações engraçadas, algo na forma como você escreve deixou a história toda bem divertida, o que tornou bem agradável de ler. A estrutura também é interessante e funcionou bem. Pensamentos, narração, pregação, palavras da protagonista e palavras de terceiros, tudo misturado, sem identificação. Poderia ser confuso, mas ficou bom! Tudo contribui pra criar uma sensação de algo insano acontecendo.

    Minha sensação é que o conto retrata uma mulher com sexalidade extremamente reprimida, primeiro pela criação, como a dona de casa desde criança cidando de um batalhão de homens religiosos (imagina a repressão que ela passava). Segundo, pela religiosidade em si, que certamente dificultou entender o que sentia. Acredito que muito mais por isso, que pelas dificuldades da vida em si, ela nunca teve um namorado.

    A cena sabrinesca foi boa, também. Sutil e com palavras bem escolhidas.

    A descoberta da sexualidade foi bem retratada. As cenas intercaladas de pecado x oração foram o ponto forte do conto, sem dúvida!

    Anotei duas coisas específicas pra falar, aqui. Primeiro, o conto tem tiradas excelentes em pequenas passagens, como “Ai jesus”. Ri muito nessa.

    Segundo, adorei o nome Ttiffanny hahahahaha.

    Enfim, belíssimo trabalho, com assinatura de Madame Cat. Acertei?

    Ah, título muito bem escolhido!

    Parabéns e boa sorte!

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      Caramba, não consigo me esconder mais, nem com pseudônimo. Você e Claudia acertaram aqui minha autoria. Muito obrigada por seus comentários.

  23. Evandro Furtado
    7 de agosto de 2019

    A história de uma mulher no trem que é bolinada, mas gosta.

    O conto é bem curto e acaba não oferecendo uma reflexão mais profunda. Resume-se a uma mulher, claramente sexualmente reprimida, que vive fantasias lésbicas em um vagão de trem. Infelizmente, o conto acaba onde poderia haver maior desenvolvimento.

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      Pois é, gosto assim, com pouco desenvolvimento, mas intenso. Muito obrigada por seus comentários.

  24. Antonio Stegues Batista
    5 de agosto de 2019

    A OBRADORA E A ONÇA

    Resumo:
    O conto conta a história de Patrícia, mulher de meia idade, solteira, religiosa, que ao pegar um trem é assediada sexualmente. Apesar de ser religiosa e recatada, ela gosta.

    Comentário:
    O texto é curto, sem grandes pretensões. Não é nada original, impactante, ou deslumbrante, mas é uma história divertida, embora a religiosidade da personagem é um detalhe importante para o enredo, que mostra que a carne é fraca se a fé não for forte. Por outro lado, tirando a religião da história, (que me pareceu mais humorístico do que dramático) não faz diferença, é o cotidiano das mulheres que pegam trem lotado. O autor tem potencial, só precisa melhorar as ideias, ser mais criativo, ter ideias mais interessantes que possam cativar e provocar a admiração do leitor.

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      Vou me esforçar mais para desenvolver esse potencial. Muito obrigada por seus comentários.

  25. Pedro Paulo
    4 de agosto de 2019

    RESUMO: Patrícia se encontra em mais uma das pregações que a acompanharam durante toda a vida, desde que se dedicara ao cuidado dos irmãos e dos sobrinhos. É um trem, está cheio de gente, uma mulher é pressionada contra as suas costas, dando início às sensações que se inflamarão até o ponto seguinte. Não só a mulher está às suas costas como a domina daquele modo. Chegado o próximo ponto, Patrícia é deixada para trás, crente de ter vivido um desígnio de Deus.

    COMENTÁRIO: Acredito que deva começar por uma crítica relativa à adequação ao tema. O conto tem o erotismo, mas não tem o sentimento e, desse modo, torna-se episódico e sem a profundidade que prevê o tema sabrinesco. Com pouco desenvolvimento, não há tanto engajamento com a protagonista e o conto ganha algo meio anedótico, da “santa pecaminosa”, em que o humor é também sutil ao longo da narrativa.

    A escrita situa bem o leitor, combinando o que a personagem está pensando com aquilo que ela está sentindo. Além disso, a opção por uma descrição mais pautada em analogias serviu para não “hipererotizar” o conto. Tivesse o enredo mais elementos que engajassem o leitor, um erotismo mais pronunciado não me incomodaria, mas isso só destoaria ainda mais o conto do tema ao qual se propôs.

    Boa sorte!

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      O romance sabrinesco está dentro de Patrícia, bem trancado.Muito obrigada por seus comentários.

  26. Gustavo Araujo
    3 de agosto de 2019

    Resumo: solteirona evangélica adentra o trem lotado e é assediada por outra mulher, rendendo-se às investidas enquanto lhe vêm à mente trechos da Bíblia.

    Impressões: gostei do conto. É curto mas certeiro, como uma rapidinha. Em poucas linhas, o autor – ou a autora – nos ambienta, nos apresenta a protagonista e nos faz gostar dela, desse jeito evidentemente humano, cheio de contradições, em que o corpo quer uma coisa, mas a consciência talvez não. A cena do ataque também é descrita com muita habilidade, fugindo do vulgar, do erotismo barato, gerando uma sensualidade inesperada. Torci o nariz, contudo, para o clichê da “atacante”, mas foi só. Ótimo conto. Espero que seja bem lembrado. Parabéns e boa sorte no desafio.

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      “É curto mas certeiro, como uma rapidinha. ” Adorei! Muito obrigada por seus comentários.

  27. Higor Benízio
    3 de agosto de 2019

    Patrícia é masturbada por Ttyffanny no vagão feminino de um trem.
    Qual é o objetivo do autor(a) com um texto destes? Que quer dizer com isto?Que imagem quer passar? Que impulsos quer causar no leitor? Que inspirações e aspirações? Não consigo pensar em nada além de afetação infantil, sinceramente. Não vejo uma empatia sincera com a situação de Patrícia, ou beleza na construção de um cenário que poderia revelar nuances interessantes. Ao que me parece o escritor não entregou nada de si aos personagens, visto que tudo parece beirar o deboche.

    • Catarina Cunha
      16 de setembro de 2019

      E você, o que acha? Que impulsos o conto causou em você? Será que eu, como autora, consegui entregar a melhor parte de mim, o deboche? Muito obrigada por seus comentários sinceros. É graças a leitores como você que consigo força para continuar escrevendo.

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Publicado às 1 de agosto de 2019 por em Liga 2019 - Rodada 3, R3 - Série A e marcado .
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