Chovia intensamente quando Toninho acordou banhado em suor. O garoto levantou e foi até o banheiro trocar de roupa e secar o suor na toalha de rosto. Ele sabia que sua mãe ficaria brava, mas o que ele podia fazer? Ficar molhado a noite toda? Fez xixi e voltou correndo para a cama, os raios iluminavam o quarto de tempos em tempos e ele sempre teve medo destes flashes no meio da escuridão. E se aparecessem ‘coisas’que não podiam ser vistas pelas pessoas nestes momentos? Toninho queria correr de olhos fechados, mas isto não era possível, tropeçaria em alguma coisa. Enfim, o menino conseguiu voltar para baixo de seus cobertores e ali, seguro e aquecido e seco, tentar não pensar no sonho que tivera, aquele sonho repetitivo e assustador e do qual ele jamais falara com alguém.
Naquela semana, como em várias outras daquele ano, a família de Toninho se via envolvida num assunto sinistro. Quantas famílias no mundo presenciavam mortes de crianças, sem serem da área médica, nem trabalharem com orfanatos ou qualquer atividade ligada a crianças? Pois é, mas eles estavam repetindo um padrão e isto os assustava. A família Gairaldi era numerosa, morava num casarão antigo comprado pelo chefe da família, Sr. Antonio, num leilão muito proveitoso. Era constituída pelo casal e cinco filhos e com eles moravam duas sobrinhas que vieram do interior e um primo solteiro que se oferecera como um zelador para ter a manutenção do casarão sempre em dia. Na verdade, Lúcio era um babá para as crianças Gairaldi.
— Querido, você verá os advogados hoje? — D. Ernestina indagou enquanto servia a xícara de café com leite ao marido.
— Sim, meu bem. São os últimos trâmites para darmos fim a mais este caso escabroso.
— Vontade de não falar mais disso, sabe, Antonio. Fico muito nervosa! E as crianças percebem, andam tão agitadas que é difícil fazê-las dormir.
— Agora já passou. Vamos esquecer.
— Desde que não aconteça de novo, né tio? — Manuela entrou na sala, silenciosamente, como sempre fazia para poder escutar o que se conversava e se intrometer. Era sua marca pessoal.
— Manuela! Não fale isso, veja o que você faz com sua tia! — Exclamou Sr. Antonio, correndo para salvar a geleia que quase escapara das mãos de sua esposa.
— Se acontecer novamente, juro que morro! — a pobre senhora, saiu esbaforida para chorar em seu quarto.
O marido soltava olhares repreensores para a sobrinha enquanto ocupava-se, ele mesmo, de rechear seu pãozinho com a geleia de laranja, suspirando de alegria por tê-la salvado de um desastre. Desperdiçar aquela guloseima seria realmente uma tristeza.
Lúcio fôra liberado para limpar o terreno onde o pequeno corpo foi encontrado, ele fez um belo serviço de jardinagem logo de manhã bem cedo para que as crianças quando viessem brincar não lembrassem do que houvera ali. Embora ele as despistasse para correr e atazanar noutros lados da propriedade, mas, crianças, parece que são onipresentes em todos os recantos.
E lá vieram elas, na correria, acompanhadas de perto por Susana, a prima companheira das brincadeiras e travessuras. A especialidade dela era acobertar as traquinagens com o intuito de não amofinar D. Ernestina, a pobre tia era tão nervosa! Lúcio julgava nunca ter visto criatura mais pacienciosa do que Susana, ela havia nascido para ser mãe…
— Tudo certo por aqui? — A moça vinha ofegante depois de afugentar alguns dos infantes fingindo-se de monstro que persegue criancinhas.
— Sim, Lúcia. Parece que nada aconteceu, o jardim está até mais vistoso nessa manhã, a chuva fez tudo rejuvenescer!
— Que bom! Agora vamos tratar de entreter estes anjos até a hora do almoço.
Naquela manhã, como sempre, Toninho brincava com os irmãos, mas notava-se um esforço da parte dele em participar da algazarra. Volta e meia ele sentava-se no chão e ficava olhando ao longe, até ser empurrado pelos outros a brincar. Isto não passava despercebido por Lúcio e Susana, nestes dias, eles sempre procuravam conversar com o garoto, mas este não dava margem para nenhum assunto. Lúcio pensava que poderia ser devido aos casos das crianças encontradas por ali, o menino estava crescendo a percebendo muito mais os acontecimentos.
À noite, o sonho tinha se repetido e o menino não conseguia pensar noutra coisa. O rosto desfigurado coladinho no dele, o hálito quente e mal-cheiroso tão perto, quase tocando a pele de Toninho e o grito tão agudo e tão nítido: ‘Kirai!’ e aquele ser que parecia ser uma menina com cabelos compridos e negros, voava de costas em direção à janela e esta se quebrava num estrondo espalhando estilhaços por todo o corpo de Toninho. Ele olhava pra si mesmo, ensanguentado e coberto de cacos de vidro cravados em seu peito e braços e pernas mas não sentia a dor dos cortes. Só o pavor. O garoto acordava certo de que todos viriam socorrê-lo, mas ninguém vinha e ele também não gritava, tinha medo de que acabaria chamando a assombração de volta.
— Sr. Antonio, minha sincera recomendação é a de que o senhor pense em se mudar desta moradia. Não pode fazer bem para sua família conviver com esta situação.
— Caro, doutor advogado, apesar disto ser extremamente desagradável seria muito difícil eu conseguir outra propriedade num curto espaço de tempo.
— Ademais, o senhor precisaria encontrar algo aqui na cidade mesmo. As investigações precisam que toda a família esteja sempre acessível a prestar depoimento. Quem sabe uma saída temporária, uma casa alugada?
— Vou conversar com minha esposa, mas, sinceramente, não vejo muita possibilidade de fazer isto. Essas coisas demoram e os traumas permaneceriam tanto numa casa quanto em outra. O doutor acha que estes corpos não cessarão de aparecer no meu quintal?
— Não há como saber! É um mistério total e além de tudo as suspeitas recaem sobre os moradores do casarão, especialmente os homens.
— Eu e Lúcio. Eu sei. Se saíssemos e os crimes continuassem a acontecer, tirariam as suspeitas de cima de nós…
— A priori, diminuiria as chances de serem vocês os causadores das mortes.
— Mas estas crianças mortas nem são daqui da região!
— É um fator bastante atenuante para vocês, uma vez que nenhum de vocês tem viajado nos últimos tempos.
— Que mistério, meu Deus! — Seu Antonio, descansou a cabeça entre as mãos num gesto derrotado.
Dos tempos e dimensões o que pode o homem saber? Tocaias e isolamento do local, não evitaram com que os corpos aparecessem no jardim do Sr. Antonio. Um por vez. Vigiaram as entradas e saídas da cidade, investigaram a colônia japonesa em São Paulo mas não possuíam muitos recursos, sequer recursos humanos para uma operação pente fino mais apurada. O foco principal seria flagrar o crime, então o revezamento de policiais nos arredores e dentro dos jardins do casarão era constante. Porém até mesmo as autoridades já cogitavam algo sobrenatural.
O que ninguém podia ver era o momento exato em que um corpo de uma criança de descendência japonesa, a julgar pelas características, aparecia jogado ao chão, entre os arbustos, onde havia pouca iluminação. Os peritos concluíram que as crianças eram, literalmente, atiradas pois a queda causava uma depressão no solo e seus rostos desfiguravam-se parcialmente com o impacto. Na verdade, eles chegavam ali já mortos, chegou-se a um consenso de que morriam em torno de duas horas antes de serem desovadas no pátio da família Gairaldi, por asfixia.
No começo da semana Lúcio costumava fazer compras para a família no empório do centro da cidade. Sempre eram necessários novos utensílios, apetrechos para consertos, brinquedos e guloseimas para encher a despensa. Ele nunca prestara atenção, mas havia estatuetas de tamanho médio para jardins naquela loja, enquanto andava pelo corredor onde elas estavam dispostas ao chão foi pensando que aquilo poderia divertir as crianças e de repente, Lúcio percebeu que havia algumas de deuses japoneses.
Havia um folheto explicativo em cada estátua de um Deus japonês: ‘EBISU — Patrono do trabalho, é também guardião dos agricultores, assim como das crianças pequenas no Japão.’, ao ler isto, o rapaz teve uma ideia. Ao chegar a casa, ele foi logo conversar com D. Ernestina.
— Prima, você sabe que eu vi no empório hoje? Uma estátua japonesa…
— Nossa, Lúcio! Não quero saber de nada dessa gente, pra que tocar na ferida? Eu mereço isso? — Ela já começava a tremer ao lembrar da procedência das crianças misteriosas.
— Calma, Ernestina… É um Deus deles… diz que protege as crianças. Entendeu? Quem sabe ele traz paz para esta casa, prima?
— Uma estátua. Vai trazer paz? Deixa Antonio saber disto…
— A estátua pode nada fazer, mas o que ela representa, quem sabe afugenta o criminoso?
— Hum.. ele pode ver e perceber que há proteção nessa casa. É isso que pensas, primo?
— Mais ou menos isso. — Lucio respondeu com um sorriso condescendente.
— Pois, compre! Coloque lá naquela área onde tem os arbustos malditos, antes que eu os mande cortar todos fora!
Uma semana se passou, a vigilância continuava ativa nas imediações do casarão mas a família tentava seguir seu ritmo normal, até mesmo seu Antonio, evitou falar com o advogado e sequer cogitou novamente a ideia de mudar-se. Ele não admitiria, mas estava um pouco confiante de que a estatueta comprada por Lúcio poria fim ao pesadelo. Em seu desespero acreditava em tudo, ele mesmo se consolava assim. Porém, o destino seguia seu plano tétrico e numa manhã nebulosa de quarta-feira, ouviu-se o baque já conhecido. Era outro corpo infantil que caía no jardim…
Todo alvoroço e correria novamente, policiais e peritos por todo lado e alvoroço na cozinha preparando chás e infusões para acalmar D. Ernestina à beira de um colapso.
Quando Lúcio foi vê-la no quarto onde estava refugiada e assistida por uma empregada que lhe fazia compressas na cabeça, ela apenas disse, num resmungo:
— Essa sua estátua, hein, Lúcio… — E fechou os olhos desejando só abri-los novamente quando tudo tivesse passado.
“O oceano estava calmo, suaves ondas chegavam à praia num marulho gostoso de se ouvir. Uma brisa beijava o rosto de Toninho que sorria. Chamou sua atenção uma figura saindo de dentro d’água, era um homem e ao menino lhe pareceu familiar a medida que se aproximava. A criança estava fascinada com aquela figura, ele trazia um grande peixe aos ombros e um enorme sorriso no rosto.
Ele disse: Aishiteru! E abriu os braços para abraçar Toninho.”
Neste preciso momento o menino acordou. Demorou dois minutos para lembrar-se de onde conhecia aquele homem e de um salto vestiu as chinelas e correu para o jardim. Parou em frente à estatueta, instintivamente lhe fez uma reverência e disse:
— Bom dia, Ebisu! — Abrindo os braços e completando o gesto que não pode ser realizado no sonho.
Ficou um bom tempo olhando com carinho para a divindade a sua frente o sentimento era de amizade. Depois sentou, nunca tirando os olhos do novo amigo e de repente, ele viu o mesmo homem que vira saindo do mar. Não era uma estátua, ele sorria e sentou também e começou a falar…
— Minha criança, você tem sofrido bastante com uma visita bem feia que vem lhe ver durante a noite, não é? Ela é uma Onryo, ela está muito triste e por isto vem incomodar você. Mas eu quero que você saiba que ela vai parar de assustá-lo, minha criança. Agora eu vou cuidar de você e de seus irmãozinhos.
— Por que ela está triste? Por que ela é tão feia? Eu tenho muito medo!
— Ela foi muito machucada, por isto parece ser feia. Por isto que ela é triste, muito triste. E esta tristeza deixa a Onryo brava, muito brava.
— Mas não fui eu quem a machuquei!
— Não, minha criança. Isto aconteceu há muito, muito tempo atrás e foi num lugar muito, muito longe daqui. Mas você já esteve lá e ela pensa que você é uma das pessoas que a machucou. Mas, ela não pensará mais isto. Eu vou mandá-la embora.
— Obrigada, Ebisu. Isto é tudo o que eu mais quero. Que ela vá embora! E, agora, você é meu amigo?
— Sempre, minha criança, sempre amigos…
O menino pensou um pouquinho, olhando para o chão.
— Eu nunca fui a um lugar bem longe daqui. — E olhou de um jeitinho indagador a Ebisu.
— Foi há muito tempo atrás, menino. Você não consegue se lembrar.
— Ah…
A família havia despertado e deu pela falta do menino, Manuela foi quem o encontrou conversando com a estátua. Sem fazer ruído, ela ficou ouvindo as palavras de Toninho e se aproximou…
— Garoto, você está conversando com quem? – Ela perguntou num tom calmo, quase sussurrando.
— Com meu amigo Ebisu.
— Posso conversar com ele também?
Toninho que olhava sempre para o homem sentado a sua frente, perguntou a ele:
— Manuela pode ser sua amiga também?
— Claro, minha criança.
Toninho disse a Manuela que fizesse a reverência. A moça não entendeu, então o menino fez o gesto e ela estranhou, mas repetiu.
Ela olhou para a estátua, pois não via o homem sentado e perguntou:
— O senhor sabe quem são as crianças que são encontradas neste jardim?
Ela esperou, mas não ouviu nada.
— Toninho, ele me respondeu?
— Claro. Você não ouviu?
— Não.
— Ele disse que a Onryo os joga aqui, eles vem de muito, muito longe. Ela está muito brava. E triste, muito triste. E quer ver todo mundo triste também e assustado.
— Quem é Onryo?
Toninho lhe explicou tudo o que a divindade lhe dissera. E que seu amigo Ebisu iria mandar a Onryo embora.
— Então, as crianças vão parar de aparecer aqui?
Ele balançou a cabeça dizendo que sim.
— Ah, que bom, priminho querido! Você é especial, sabia? — E Manuela o abraçou com muito carinho.
— Então, você tinha estes sonhos horríveis e não contou nada para ninguém?
— Não.
Lúcio apareceu procurando por Toninho, a moça pediu para que o menino entrasse para tomar café porque ela precisava conversar com o rapaz.
Semanas depois, com a vida tendo voltado à rotina e as suas preocupações normais, D. Ernestina lembrou-se se indagar:
— Antonio, você vai providenciar o ginásio das meninas? Elas estão na idade de ingressar.
O marido, levantando os olhos do jornal matutino, observou Susana servindo seu suco, seus olhos se cruzaram.
— Estamos ansiosas para voltar aos estudos! — Disse Manuela, voltando da cozinha.
— Sim, queridas. Mês que vem abrirão as matrículas. Não me descuidarei de vocês, fiquem tranquilas.
Chovia intensamente quando Susana acordou, aos gritos. Os adultos correram a acudi-la. A moça olhava para si mesma, com os olhos arregalados e chorando copiosamente.
— Eu estou ferida, ferida!
Lúcio dizia, repetidamente, que não, que fora apenas um sonho. Mas ela chorava sem parar. D. Ernestina saiu e voltou com um copo de água com açúcar. Só depois de bebê-la foi que a moça conseguiu falar mesmo tremendo muito:
— Havia uma menina aqui! Era horrível, o rosto todo machucado, mas ela gritou alguma coisa e voou até a janela e os vidros quebraram… Os cacos me cortaram toda, havia muito sangue!
Susana voltou a chorar, recebendo o abraço de Seu Antonio.
— Foi um pesadelo, já passou.
Manuela e Lúcio trocaram olhares, afastaram-se e chegando à porta, sussurraram ao mesmo tempo:
– Onryo!
Bom dia, Anorkinda! Gosto muito de mitologia japonesa e das histórias de terror envolvendo espíritos, yokais, maldições. Então gostei da abordagem jovem sobre o tema. Inclusive lembro desse tipo de estátuas no Templo Zulai que tem aqui em SP. A ideia de crianças serem mortas num lugar e terem seus corpos arremessados para um outro, caindo no Jardim de uma família, é muito interessante a abre o texto para diversas interpretacoes: maldição de rancor, pacto, Ovnis? Visualmente, gostei muito. A ambientação da casa e seus moradores também ficou boa, podendo se estender numa história maior. Particularmente, não gostei do final, que é mais abrupto, não deixando aquele gostinho de suspense no ar, que é sempre bom em contos de terror e suspense.
O conto tem um forte viés adolescente, com ares de lenda urbana, misturando bem os temas do desafio. A maldição na casa dos Gairaldi é bem explicada pelos acontecimentos que se desenrolam, algo que parece ter um freio quando Lúcio surge com a estátua, mas que é retomada na última cena. A narrativa é ágil e até certo ponto competente ao criar o suspense. Direcionada que é ao público infanto-juvenil, o conto cumpre o que promete. Agora, se entendido como uma tentativa de cativar uma audiência mais calejada, mais experiente, pode resultar em frustração, dada a maneira direta como tudo se desenrola, com diálogos simples e personagens esquemáticos (à exceção de Toninho). Tendo a enxergar o copo meio cheio e por isso gostei do conto. Como diria minha filha, uma ótima creepy pasta. Parabéns, Kinda.
Boa noite!
Uma noite de paz e Abençoada!
O conto e a escritora são excelentes!
Quero continuação…
acabou? e o resto? quem é Lucia no começo do conto ou escritor confundiu com Susana? Bom mas deixa a desejar um final.
Conto: Kirai!
Autor: Sakka
Resumo: Uma família grande que mora em um casarão aos arredores de São Paulo sofre terríveis consequências sobrenaturais em sua casa. Toninho, um dos filhos do casal, tem muitos pesadelos com uma entidade e corpos de crianças japonesas mortas são encontrados em volta da casa sucessivamente. Lúcio, um primo, que trabalhava como zelador para a família tem a ideia de comprar uma estátua de um Deus japonês protetor das crianças que encontrou em uma loja. Embora a estatua tenha feito amizade com o Toninho e uma de suas primas, nada adiantou e a entidade continuou a infernizar a vida de outros moradores do casarão.
Opinião: Gostei muito dos nomes escolhidos pelo o autor, me deu uma sensação de identificação nacional, ajudando a contextualizar a história que ocorreu em São Paulo, mesmo tendo usado muitos elementos e símbolos da cultura japonesa com um roteiro bem hollywoodiano. A entidade do mal descrita como uma menina da cara cortada e cabelos longos e negros, me deu uma sensação de repetição, são características já muito usadas em filmes de terror e isso prejudica a personalidade da história. Muitos acontecimentos ficaram sem explicação, deixando a história um pouco confusa. Comportamentos de personagens não ficaram coerentes a situação e me pareceu algo muito artificial, parece que era apenas uma escolha do autor conveniente para o desenvolvimento da história, sem uma real justificativa.
Kiraí( Skka)
Noite chuvosa, relâmpagos, Toninho acorda vai ao banheiro.
O sonho repetitivo e assustador, o medo. O conselho do advogado.
A família grande, as mortes das crianças, corpos encontrados no quintal com rosto desfigurado. A menina voando em direção da janela. A procura pelo assassino das crianças que não são do bairro. A estatueta do Deus japonês colocada no jardim. A promessa que Onryo seria mandada embora.
O pesadelo de Suzana, Ebisu novamente.
Resumo: crianças parecem mortas no quintal da casa de uma família e uma das crianças faz amizade com uma estátua, que desvenda o mistério para ela. Depois de decorrido certo tempo, parece que não foi beeem assim.
Nesse conto aqui aconteceu exatamente o contrário: o começo estava bonzinho, instigante, dando aquela tensão do terror, mas do meio para o final, foi uma explicação sem fim, até que no finalzinho, veio algo que foi colocado no conto talvez só para classificá-lo como sendo de terror? Quero crer que esse texto é de alguém ainda iniciante, dando os primeiros passos e, no caso do terror, engatinhando… Eu mudaria o título, colocaria o nome dos deuses, lá, qualquer um deles, porque foi o que mais apareceu… Achei a ideia bem desperdiçada, podia trabalhar mais no texto.
Toques gramaticais:
Na verdade, Lúcio era um babá para as crianças Gairaldi >>> Na verdade, Lúcio era um(a) (espécie de) babá para as crianças Gairaldi. > Não chega a ser um erro, mas fica mais adequado. Ou apenas tirar o “um” também é uma opção.
mas, crianças, parece que são onipresentes em todos os recantos.>>> mas crianças parecem ser onipresentes em todos os recantos. (e se onipresentes significa estar todos os lugares, não necessitaria desse “em todos os recantos”, ficou meio redundante aí…
Achei um bom conto de terror, com subtema, folclore japonês. Gostei da escrita, o autor (a) tem habilidade em criar frases com sentidos e conexões logicas, claras e simples, de boa compreensão, permitindo uma leitura leve e agradável.
Boa sorte no próximo tema.
Olá, Sakka!
A história de uma família que é assombrada por um acontecimento sem explicação, toda semana, crianças, todas orientais, são jogadas mortas em seu terreno. Um dos filhos tem pesadelos com uma entidade que mais pra frente sabemos ser a responsável pelas mortes. Ainda assim tudo permanece sem explicação. A policia e todos os especialistas da área tentam desvendar esse mistério sem exito.
Seu conto tem um plot bem interessante, original. Crianças mortas que são jogadas num mesmo lugar sem aparente explicação, todas orientais. Isso gera muitos questionamentos, causa um suspense e expectativas. Infelizmente acho que você não conseguiu sanar todas essas questões. Há um problema com a estrutura do conto, ele é confuso, tem umas pausas abruptas, muitos personagens sem necessidade, fiquei confusas algumas vezes pra entender quem é quem. Até mesmo a cronologia. Focou-se pouco no problema em si e deu mais espaço a cenas aleatórias e banais que não acrescentou a trama. Senti falta de mais resolução ao que estava acontecendo.
A chegada da ” entidade” para explicar foi interessante, já se esperava por algo sobrenatural, mas também achei autoexplicativa, não teve o impacto desejado. Talvez eu não tenha entendido algumas coisas, como a estátua, o homem que explicou tudo, porque assombrava Toninho e porque parou. E pq voltou com a outra meninas… enfim. O que eu queria entender é de onde essas crianças vinham, e porque eram jogadas ali. Se mostrasse casos de desaparecimento, se explicasse esse vida passada de Toninho, não sei.
Foi uma boa leitura, original em certos pontos, mas o desenvolvimento não supriu as expectativas.
Boa Sorte!
Crianças mortas, vindas de outro local estão misteriosamente aparecendo naquela região, através de uma estátua japonesa, de forte elo espiritual, um menino que tinha pesadelos constantes, acaba descobrindo o motivo, um espírito.
O início do texto, por conta dos temas deste certame, acabou me levando a pensar que seria infantil, mas logo percebi que seria de horror, mas por conta da linguagem, um horror infanto juvenil. Não sei se era o intuito de quem escreveu, mas para mim, ficou a impressão até o final de ser um conto de horror para este público por conta da linguagem.
Tive um problema de acompanhas a história com tantos personagens, não que seja uma quantidade exorbitante, mas acredito que se tornaria mais rítmico menos personagens, entra uma pessoa nova, tem uma breve apresentação dela e volta a história. Tudo bem essa apresentação, não tem nada de errado, mas eu comento nesse conto em si que os personagens freiam, tanto porque eu não senti necessidade de tantos personagens. Talvez com 4 personagens (pais e duas crianças), daria cabo da história sem perder nada do que foi escrito.
KIRAI (Sakka)
Um conjunto de acontecimentos trágicos permeiam a história. Uma casa mal assombrada. Um garoto que tem sonhos que o impedem de dar seguimento a sua vida. Inicialmente nos falam da história de Toninho que aparentemente tem medo do escuro. De fato, não é para menos. Coisas estranham aconteciam na sua família deixando-o a mercê de seus conflitos. A casa da narrativa é cheia de mistérios com personagens infantis mortos que vão se revelando. Um enredo obscuro que nos leva a pensar quem e por que matavam aquelas crianças. Duas entidades que se manifestam de forma diferente perturbam a sanidade de Toninho de demais personagens. Apesar das constantes manifestações e das tentativas de descobrir o que acontecia, parece que somente Toninho tem a chave para expulsar tais demônios de seus sonhos.
Pontos Positivos: Adoro narrativas com casarões antigos e histórias de terror. O uso do gênero incorporando a temática infantil associada a terror me agradou bastante.
Gosto de japonês e por isso entendi bem algumas partes.
Kirai: significa odiar alguém. Muito bem usado no texto e no titulo.
Aishiteru: Eu te amo. Amar alguém.
Ebisu: Tipica comida japonesa
Onryo: Esta desconhecia (São espíritos vingativos)
Pontos negativos: Tive impressão de que alguns diálogos não casavam com a história. Embora tenha lido três vezes, não sei bem quem estava falando em certos momentos. Talvez se em algumas partes o personagem fosse identificado ficasse bem mais fácil compreender.
Ex: Disse Toninho.
O texto conta sobre a vida de Toninho e sua família, que passaram a ser atormentados por estranhos aparecimentos de corpos de crianças mortas em seu jardim. O aparecimento dos corpos colocava como suspeitos principalmente os homens mais velhos da família, que eram Lúcio, o primo zelador, e o senhor Antonio, tio de Lúcio e pai de Toninho e seus quatro irmãos. Toninho, acometido de pesadelos com uma sinistra figura, não poderia imaginar que se tratava de um espírito, uma espécie de alma penada, que o atacava em sonho e era a responsável pelas mortes das crianças lá deixadas. Por serem crianças de descendência japonesa, houve investigação no bairro japonês, mas sem nada conclusivo. Lúcio, intuitivamente, compra uma estátua do deus Ebisu, esperando que possa alcançar sua graça como protetor da família. Em um sonho, Toninho encontra um homem. Ao acordar, o menino lembra –se que já vira o rosto daquele homem, vai até a estátua e constata que fora Ebisu que vira. O deus aparece em espírito e explica ao garoto sobre Onryo, um espírito atormentado que por isso deseja espalhar dor. Ele promete proteger a família. Porém, Susana, uma das primas que moravam com a família acorda desesperada, gritando que estava machucada. Onryo atacara outra vez.
O que eu gostei no conto foi o fato de ter aprendido um pouco sobre a cultura japonesa. A ideia tema é muito boa. Porém, você escreveu de forma bastante amadora. O nome Kirai, a princípio, parece não dizer nada e não ter nenhum significado se não fosse gritado pelo espírito a Toninho uma vez. Eu tive que pesquisar kirai para saber que ligação teria com o conto e que significa ódio, basicamente. Você deveria ter feito isso, apresentado esses substantivos para o leitor enquanto contava o que acontecia. O mesmo para Onryo. Assim como você fez com o deus Ebisu. O fim também fica estranho, pois mostra que Ebisu não fez nada, a não ser dizer que faria. Você poderia ter explicado o porquê de Onryo ter aparecido de novo. Seus português é razoável. Precisa melhorar muito quanto à pontuação e estruturação das frases. Você separa por vírgulas muitas frases que deveriam formar orações separadas, únicas. Você também criou muitos personagens. Os quatro irmãos de Toninho só foram citados, não tiveram função na história. Susana e Manuela poderiam ser irmãs de Toninho.
Tive que procurar no “pai dos burros” o significado de Kirai, ainda bem que achei = “Te odeio”.
achei um ótimo conto de terror, o pior que não acaba, né. Vai continuar com as moças já que as crianças estão protegidas por Ebisu.
Olá, Sakka.
SINOPSE:
Estranhas mortes ocorreram na propriedade da família Gairaldi. Aparentemente, corpos de criança eram desovados ali. Logo, todos os membros são afetados com o fato, sobretudo as crianças. Há uma investigação policial em curso e sinais de elementos sobrenaturais, segundo as próprias autoridades. Toninho, um dos filhos, parece ser o mais afetado com os acontecimentos; seus pesadelos são recorrentes. Certo dia, Lúcio compra uma estatueta japonesa que, segundo ele, poderá proteger a todos; Toninho se afeiçoa a ela. Ebisu, uma entidade japonesa, subitamente aparece e lhe relata sobre o espírito (Onryo) que aparece em seus sonhos; ele pode ser visto apenas por Toninho. Uma terceira pessoa da família é acossada por Onryo.
ANÁLISE:
É interessante como a atmosfera de mistério se mescla com a de “amenidades”, ou seja, como os Gairaldis conseguem tratar de temas tão alheios aos terríveis acontecimentos em sua propriedade. É um modo de demonstrar que, afinal, estamos vivos e respirando enquanto fatos da realidade nos acossam. Esse ajuste entre mistério e cotidianeidades é um ponto positivo, sim, pois empresta verossimilhança à narrativa e deixa transparecer que o pretenso fato sobrenatural não “suga” o texto por completo. Há autores que desejam imprimir uma situação-pavor e acabam omitindo elementos periféricos básicos sobre as vidas de seus personagens que, a meu ver, não devem ficar de fora; felizmente, o desenvolvimento aqui é crível.
O desfecho, em minha opinião, é como um meio de história, algo que não é necessariamente um ponto negativo em se tratando de estrutura de conto… No entanto, dado o plot versar sobre as misteriosas mortes e o provável causador delas, acredito que não temos uma solução num enredo que poderia caminhar para esse sentido; temos a certeza de dois personagens sobre os fatos, quase uma cumplicidade. De qualquer forma, há aqui ganchos para uma continuação, e seria bem interessante lê-la. Alguns diálogos são demasiadamente formais, o que indica uma raiz ainda mais profunda, tradicional, dessa Casa. Não encontrei erros significativos; é uma escrita leve, fluida.
Desejo a você sucesso neste desafio.
olá Sakka, a obra Kirai fala sobre uma criança que tinha pesadelos e não contava para ninguém, relata corpos de crianças que eram jogados no quintal, que a família pensava em mudar de endereço por achar ser isto uma maldição. contudo uma estatueta de um deus que protegia crianças disse que isto vinha de Onryo e que este deus da estatueta iria falar com Onryo e não aconteceria novamente. E depois de algum tempo isto findou. Contudo, parece que a “maldição” passou para outra criança.
Sakka, gostaria que entendesse minhas criticas como construtivas. Eu, vendo assim (as críticas como construtivas), acho que crescemos e melhoramos nossos trabalhos.
A meu ver você tem um conhecimento sobre cultura do povo japonês e contou uma história. Sinceramente, acho que falta a você ler mais, seu conto é interessante, Porém, falta um pouco de experiencia para deixar sua obra mais chamativa para ser lida. Há necessidade de mais virgulas no texto. Acho que você escreveu uma palavra errada nesta frase; “O oceano estava calmo, suaves ondas chegavam à praia num marulho gostoso de se ouvir”… não sei se a palavra marulho existe ou é uma referencia ao mar, imagino que deveria se BARULHO, caso seja mesmo marulho, desculpe minha ignorância.
Na primeira rodada deste concurso, recebi críticas a minha obra, li, assimilei e tentei melhorar. Acho que estas apenas acrescem a nós como pessoas, que buscando sempre fazer algo melhor.
Resumo: KIRAI! (Sakka)
Esse é um conto que fala da história de uma família que vive em um casarão onde são encontradas crianças mortas no quintal, um caso estranho de crianças que aparecem mortas, mas que aparentemente são assassinadas duas horas antes e depois desovadas na casa… Ao passar dos fatos descobrimos que se trata de uma lenda japonesa e uma estátua acaba protegendo o local, ao mesmo é o que parece até que ao final do conto os pesadelos voltam e tudo parece começar novamente, Onryo parece estar triste de novo.
Bem, sinceramente um conto que eu pensei que seria melhor que o primeiro, mas que ao final me frustrou ainda mais, pois não tem terror também. Conto tinha uma boa premissa, mas se perdeu por vários fatores, um deles é o excesso de personagens. Outro detalhe são os diálogos, e a tentativa de abraçar o infantil ao terror que aqui não foi bem executada.
Também temos o detalhe de que o conto apresenta possibilidades e suspense quanto ao garoto e os pesadelos e ao final, passando depois para a prima dele.
Também não curti a tranquilidade dos suspeitos, se são suspeitos ( o tio e o Lúcio) não ficariam tão soltos assim, até por se tratar de morte de crianças, faltou uma elaborada melhor nisso, achei forçado demais.
É um texto mediano, que carece de um zelo maior.
parece que são onipresentes em todos os recantos. – Isso ficou estranho, talvez; parecem ser onipresentes em todos os recantos.
Pacienciosa – amofinar – Achei que quebraram o ritmo da leitura
Lucio ou Lúcio – Tem escrito das duas formas
Avaliação:
Terror: de 1 a 5 – Nota 1 (Sinceramente, a execução não me fez sentir terror algum)
Gramática – de 1 a 5 – Nota 4 ( Poucos equívocos)
Narrativa – de 1 a 5 – Nota 3 (Achei mediana, os diálogos também precisam melhorar)
Enredo – de 1 a 5 – Nota 3 ( A ideia é boa, mas não tem uma liga, também devido a amarração)
Personagens – de 1 a 5 – Nota 2,5 ( Muitos personagens, o número excessivo impediu que as personalidades e os personas fossem melhor desenvolvidos.
Título – de 1 a 5 – Nota 3,5 (Chamativo, mas não o bastante)
Total: 17 pts de 30 pts