Era uma vez… A história de uma menina. Uma menina quase moça que já pensava em namorar. Porque lá pelas bandas do agreste/sertão nordestino é assim:
“Mandacaru quando fulora na seca é sinal de que a chuva chegou ao sertão, e menina moça quando enjoa da boneca é sinal de que o amor chegou ao coração. Então ela só quer, só pensa em namorar. Não usa mais meia comprida, não quer mais usar sapato baixo, só quer vestido bem cintado, não quer mais vestir timão”.¹
Quer logo entrar na moda. Só vestidinho de chita cheio de florzinha e para o pescoço, trancelim e perfume de água de cheiro.
O pai desconfiado levou a menina ao doutor. O doutor mexeu, cutucou, depois de examiná-la todinha chamou o pai de lado e disse: não se apoquente, mas o caso é sério… Essa menina precisa se casar, mas tem um jeito: arrume um jegue pra ela se distrair, pra ela passear, que ela tira essa peitica de pensar em namorar.
— Mas eu num posso… Sou um homem pobre não tenho como sustentar tal luxo.
— Pois então arrume outro jeito dessa menina se curar, se não o único remédio é se casar.
O pai saiu todo macambúzio, ressabiado das idéias e, puxando a menina, arrastando-a para os lados deu-lhe um repelão:
— Trate de arrumar um jegue pra você se distrair dessas ideias malignas de namorar, está me ouvindo Solange! Jegue é bicho que não falta nesse lugar… E eu não posso comprar.
— Deixe está meu pai, não se avexe. Eu só tô precisando desarná² essa coisa de namorar, pois não sei que coisa é essa que vive a me incomodar. É tanto comichão que faz arrepiar…
— Vá, vá pra casa… Eu não posso te acompanhar, preciso trabalhar.
Então se foram; o pai por um lado e a menina por outro. A caminho de casa ao passar pela beira do rio, entre as moitas de mato, ouviu de repente um:
— Ei, psiu!…
Solange parou, olhou em volta e nada viu. – assustada perguntou:
— Quem é?…
— Sou eu…
Mais assustada ainda, voltou a caminhar. Parou, escutou, escutou… E de novo perguntou:
— Eu quem?…
— Eu, o jegue encantado!…
— Jegue encantado!… Que bicho é esse?… Eu já ouvi falar de serpente e sapo encantado, mas jegue nunca ouvi.
— Pois é, comigo deu errado. A bruxa era míope me confundiu com um sapo.
Então o jegue deu um pulo de detrás da moita, bem na frente da menina, que tomou um susto danado. Mas o olhar do jegue era tão triste, tão meigo, tão pidão… E a menina tão boa, tão alesada, se curvou para ouvi-lo.
Então o jegue contou que era na verdade um príncipe encantado, mas amaldiçoado. Fora transformado em jegue por uma bruxa malvada e vingativa com poderes mágicos, e que fazia qualquer coisa virar qualquer coisa. E só se transformaria de novo em príncipe se uma donzela boa e bonita o beijasse. A menina acreditou e logo beijou o jegue, mas em vez de príncipe o jegue virou sapo. – indignada, Solange gritou:
— Você me enganou! Você não é príncipe coisa nenhuma!…
— É que você não beijou de verdade, você deu só um cheiro! Devia ser um… Sabe como que é né…
— Ah!… Vá se catar… Vá lamber sabão!… – e foi embora, deixando o sapo pulando feito besta pela beira do rio.
Tempos depois andando pelo mesmo caminho, pela beira do mesmo rio, Solange escuta outro:
— Psiu!… Olá, como vai a senhorita!… Como vai a formosa donzela?… Que bons ventos a trás a beira desse belo rio?…
Solange temendo e esquecida do caso do jegue julgou ser um dos salteadores da região, que viviam a assaltar a população do sertão, mas logo descobriu ser a mesma voz do “psiu” do jegue, então se aproximou bem devagarzinho tentando ouvi-lo de novo.
E contou a mesma história: que era um príncipe transformado em jegue por uma bruxa malvada e vingativa com poderes mágicos, que fazia qualquer coisa virar qualquer coisa e que só se transformaria de novo em príncipe se fosse beijado com um beijo caprichado por uma donzela e etc. e tal. A Solange concordou, mas com uma condição:
— Não me enrole com essa história de príncipe se quer me conquistar cative-me. Assim como disse a raposa para o Pequeno Príncipe: “A gente só dar valor as coisas que se cativa.” – disse Solange, soberba, esbanjando sabedoria para provar que entendia de príncipe. Pois acabara de ouvir, pela televisão, uma miss contar a história de um príncipe pequeno. – e acrescentou: As pessoas hoje em dia não querem mais perder tempo em conquistar as pessoas. Querem fazer amigo da mesma forma como se estivesse comprando uma mercadoria na feira. Mas amigo de verdade não se compra, se conquista com afeto. É por isso que a gente hoje em dia vivemos tão só. Por isso meu caro príncipe jegue se queres uma amiga de verdade me seduza!
— Que é preciso fazer? – perguntou o jegue principezinho.
— É preciso se aproximar com calma, suave. Primeiro sentas um pouco afastado de mim. Então eu te olharei com um olhar de afeto e tu não dirás nada. Depois você senta mais pertinho, e eu continuo sem dizer nada… E assim vais se achegando. Os corpos se falam por si, sabia?… No outro dia sentas mais pertinho. E a cada dia te sentirás mais perto… Este é o meu segredo… – e finalizou empolada – É muito simples, as pessoas só se veem bem com o coração. O essencial não é visível pelos os olhos.
— Está bem, vou fazer como me pedes! Mas me beija logo, que já tô ficando aperreado.
— Tudo bem, mais com uma condição, beijo de língua não!…
— Tá bom, vá lá!… Nos beiços. Vamos ver o que acontece.
Tac, stac! A Solange tacou-lhe o beijo nos beiços.
Vruuu!… Vupt!… – O jegue virou um calango de sete cores. E sem dá satisfação, de tão indignado que ficou, saiu pulando por entre as moitas de amoreiras, gritando:
— Bom dia sol! Bom dia flores! Bom dia todas às cores!… Diabo de moça mais besta, sô! Vai morrer e não sabe o que é um beijo de verdade
A nova aparição do jegue aconteceu três anos depois, A Solange caminhava tranquilamente pela beira do mesmo rio, pensando feliz da vida em seu primeiro emprego como pau-de-virar-tripa de porco no mercado municipal da cidade quando ouviu outro:
— Quem é?…
— Sou eu sua idiota!… Não reconhece minha voz não!
— O que é que você quer?… Não me venha de novo com aquela conversa de miolo de pote!
— Beijo, beijo!… Eu quero beijo… Enquanto eu não virar príncipe de novo eu não sossego. – e contou a mesma história: bruxa malvada, vingativa, com poderes mágicos, donzela. Que fazia qualquer coisa virar qualquer coisa, e tal.
Solange comovida, mais uma vez beijou-o, dessa vez na testa. Que o fez transformar-se num príncipe, mas um príncipe tão feio, tão horrendo que mais parecia Quasímodo, o Corcunda de Notre Dame. Solange protestou, pois esperava um príncipe mais bonito. O príncipe fez pouco do seu desdém, dizendo:
— Ué, pra quem vive beijando jegue!
— Deixe de falação e me diga uma coisa que nunca tive a curiosidade de perguntar… Tu tens nome de príncipe ou de jegue?
— Meu nome é meio de príncipe e meio de jegue…
— Como assim?…
— Meu nome é Flor de Pêssego. Porque, segundo minha mãe, a Rainha Magalina, quando eu nasci parecia a flor de um pêssego. Mas quando a bruxa me transformou em jegue, aproveitou o gancho, e me botou o nome do Cavalo Alado Pégasso, da Mitologia Grego-Romana, que também tinha alguma coisa de bruxo, pois é sabido que Pégasso deu um violento coice numa montanha, e onde bateu seus cascos nasceu uma fonte de águas cristalinas. Em seguida transformou-se numa constelação que vive lá no céu infinito, no espaço sideral.
— Que lindo!… Que coisa mais comovente, mas vê se da próxima vez fica mais bonitinho. – e saiu correndo desembestada pela pradaria de lajedos.
Anos depois, a história é a mesma, mas a Solange agora é uma jovem mulher que passeia as margens do Rio Tietê, já em São Paulo, e empregada como gondoleira do Supermercado Barateiro, quando escuta outro “Psiu”, vindo de detrás da pilastra da ponte da Freguesia do Ó. Dessa vez ficou entusiasmada, mas sem demonstrar exaltação, apenas surpresa:
— Você de novo!
— Pois é não tenho achado coisa melhor. – e contou a mesma história:
Jegue, bruxa com poderes mágicos, etc. e tal. Antes que ele continuasse com a lenga-lenga, Solange foi logo dizendo:
— Mas precisa ser donzela?
Não. Não precisava. – disse o jegue com firmeza. – Os tempos são outros… Sabe como é hoje vivemos tempos modernos.
Entretanto, o beijo não serviu pra nada. O jegue ficou como estava não mudou em nada. Solange ficou amargurada. E disse melancólica:
— Sabe Flor de Pêssego, queria muito que você me conquistasse de verdade, mas você só trapaceia com essa mania de beijo!
— Ora, não fique assim, venha cá, sente-se aqui perto de mim, depois mais pertinho do jeito que você me disse, lembra?… Venha que eu vou tentar te cativar, mas você vai ter que me beijar pra valer, sem pudor!…
— Não, agora não, eu vou pensar. Da próxima vez que você aparecer, quem sabe! – e se foi embora.
Anos depois, Solange, agora passeando num Shopping. De trás de um carrinho de pipoca, escuta o mesmo ‘Psiu’, a mesma história: bruxa vingativa, poderes mágicos, que fazia qualquer coisa virar qualquer coisa, com a diferença que não precisava mais ser donzela.
— Olhe aqui você está me cansando com essa história, alguma coisa você aprontou. – disse Solange já abufelada (4) da vida.
E deu um chute no jegue. E procurou esquecer aquele relacionamento que a perseguia desde a adolescência, e que nada de concreto se realizava. Ela que tanto esperava um príncipe na vida, já estava dando por perdido todo aquele tempo de embromação daquele jegue mentiroso.
Tempos depois, já com uma consciência feminista; casamento já não tinha tanta importância. Enquanto tomava umas cervejas na calçada de um boteco com umas amigas, indo ao banheiro ouviu outro “Psiu” por trás do espelho. Era Flor de Pêssego. Que conta a mesma lenga-lenga. A história da bruxa vingativa, e acrescenta:
— Um beijo, só mais um beijo e farei de ti a mulher mais feliz do mundo. Serás a mulher de um príncipe!
— Ah, meu amigo, príncipe hoje em dia já não vale muita coisa mais não. Mas pensando melhor… Eu acho que dá pra ganhar um dinheiro com você, nem sei por que não pensei nisso antes… Olha só, um jegue que fala! Você faz ideia do quanto eu posso ganhar com um jegue falante, te apresentando em programas como “Se Vira nos Trinta”, em circo, em eventos empresarias, em festas de aniversário de criança, hem!…
— Não. Não faça isso pelo amor de deus!… No Faustão não! Mande-me para as profundezas do Inferno. Eu juro! Eu sou um príncipe, acredite! Você só tem que perder esse pudor de roça e me beijar na boca. Eu te imploro, pela última vez. Eu te namoro, eu caso com você, faço qualquer coisa, mas para o Faustão não!
Mais uma vez comovida com aquela ladainha, aquela súplica do jegue. E vai que ele seja um príncipe mesmo. Solange não pensou duas vezes, fechou os olhos e tacou um beijo do tipo saca-rolha na bocarra do jegue. Chupou tanto a manga que engoliu o caroço. Em seguida, o que se viu foi uma explosão e uma luz brilhante, assim como um trovão e um relâmpago rasgando os céus em dia de tempestade. E num estalo, numa fumaça mágica salta a sua frente aquele principizão lindo, maravilhoso! Coberto de areia prateada e lantejoulas, montado num belo cavalo branco e espada na mão. Solange de tanta emoção e extasiada caiu fulminada, parecia que não ia acordar nunca mais.
O príncipe por sua vez, logo que se viu gente saiu à galope em grande disparada .
Hoje o que se sabe do príncipe é que virou cantor sertanejo. Da Solange: Que vai a todos os Shows de artistas country na esperança de encontrá-lo. Ver se ele não quer discutir a relação. Mas como os artistas já conheciam a fama da dita maluca, deixam avisados à segurança de que era para barrar qualquer branquinha contando uma história de que desencantou um jegue que virou príncipe e faz qualquer coisa virar qualquer coisa, era para chamar o pessoal do manicômio.
Mas aquela menina é uma destemida, mesmo depois de todos os despropósitos por que passou, continua obstinada. Viveu um tempo pendurada no celular, telefonando para todos os telefones da lista na tentativa de encontrar aquele príncipe/jegue cabra safado, que a usou despudoradamente… Desgraçado.
Desgostosa da vida, e agora acreditando que, de fato, príncipe existe sim senhor! E aproveitando de sua experiência como viradoura de tripas, fez das suas próprias tripas coração. Comprou uma passagem de avião, – só ida – para Londres, em 48 suaves prestações.
Lá chegado foi passear as margens do Tâmisa e logo avistou um príncipe. – desta vez foi ela quem tomou a iniciativa – Escondeu-se atrás de um quiosque e mandou ver um forte: “Ei, psiu!…”
— Who, me?
— Sim você mesmo, o senhor não é um príncipe?
— Yes I am!
— Então, quer casar comigo?
Casaram-se.
Têm três filhos londrinozinho: Charles, Willians e Phillip. Três principezinhos. Para não perder a mania de passear a beira de rios, e manter as boas lembranças, (ela) vivem a passear as margens do Tâmisa. Principalmente quando o verão inglês cai num domingo.
…E foram felizes para sempre!
Moral da história: não tem.
Apenas que cada um tire as suas próprias conclusões: é verdade ou mentira que príncipes existem?
1) Trecho da música, Xote das Meninas, de Zé Dantas e Luiz Gonzaga
2) No nordeste significa: aprender, praticar, treinar; exercitar.
3) No nordeste significa: irritado; fora de si; perdendo a paciência.
Resumo: Menina passa a vida na espera de um príncipe encantado, sendo constantemente enganada por um “sapo”. Ao crescer vislumbra a possibilidade de que estão certos os que dizem que não há príncipes, então os que dizem que há… no fim, talvez ninguém esteja certo mesmo, já que ela acaba com um.
Protagonista/Herói: Solange – Nota: 2 de 2
Todo o desenvolvimento de Solange ficou bem representado, desde seu desenvolvimento sexual na infância até a busca por um príncipe encantado na fase adulta. A descrença na existência de príncipes e a aceitação do que viria a ser a realidade também demonstra um amadurecimento: a perda do romantismo diante do mundo real. A redescoberta de príncipes (sertanejos ou não) pode ser entendida (ou eu entendi pelo menos) como uma desconstrução das certezas sobre a vida.
Ao longo de toda a narrativa Solange apresentou um desenvolvimento coerente e foi bastante carismática.
Antagonista/Vilão O sapo – Nota: 2 de 2
O sapo foi uma figura interessante. O li como uma representação de todos os homens que fingem ser o que não são para as meninas inocentes, os falsos príncipes.
Como nossa protagonista, manteve-se coerente ao longo de toda a narrativa, inclusive em sua fuga ao final, revelando-se cafajeste mesmo transformado em gente.
Mudança de Valor – Nota 2 de 3.
A mudança de valor é exatamente o que o nome sugere. A transição entre acontecimentos positivos e negativos que acontecem durante a história, gerando tensão no leitor.
A mudança de valor nessa história está relacionada com a inocência e com a sagacidade para ver as coisas como são. Em cada nova investida de nosso príncipe sapo percebemos a tensão na história.
As investidas, por sua vez, são leves e originais, envolvendo o leitor com facilidade (ou este leitor pelo menos)
O que a história queria, o que a história fez: 2,5 de 3
.
Bom, vamos lá, lembrando que essa parte é, acima de tudo, palpite meu.
É uma história infantil que busca alcançar também um público adulto. Esse tipo de “camada” sobre “camada” diferencia as histórias infantis daquelas que podem ser relidas diversas vezes ao longo do crescimento do leitor.
Síntese: Uma história que, acredito, possa divertir adultos e crianças, oferecendo interpretações distintas (mas planejadas) para todos.
Nota final: 4,3
Olá, Leandro, grato pelas lisonjas e a nota ao meu texto. Você só confundiu de vilão, que não é o sapo, mas o Jegue. Mas isso é o de menos. Boa sorte para você também no desafio.
“Moral da história: não tem” – Hahahaha me escangalhei de rir.
Solange é uma menina chegando á flor da idade e que procura por um príncipe para servir de marido. Ela encontra um jegue que deve ser beijado com vontade para virar príncipe. Ela não o beija muito bem e ele vira de jegue sapo, de sapo calango, de calango um príncipe quasímodo… até que, por fim, com o passar dos anos, virou um galã de novela que saiu cavalgando virar cantor de sertanejo. Cansada daquilo, ela deu em cima do primeiro príncipe inglês que encontrou, casou-se com ele e teve três filhos.
Moral da história: não tem (hahahahah muito bom).
Esse conto me parece um conto de comédia que foi esquecido de ser enviado no desafio de comédia, rs rs rs. Mas não deixa de ser infantil também. E muito engraçado! Tadinha da Solange, sempre atrás de seu príncipe, descendo as expectativas até casar-se com o primeiro que encontrou (em Londres, o que não é de se jogar fora).
O conto está muito bem escrito, muito bem humorado e bem estruturado. E, o melhor, me fez rir. Aposto que faria rir uma criança também, o que é a ideia disso tudo.
Parabéns!!
Olá, Marco, grato pelas lisonjas ao meu texto. Só uma pergunta: um conto infantil não pode ser engraçado, assim como não se pode fazer uma comédia infantil?
A Donzela e o Jegue
Resumo: A história de uma donzela “namoradeira” que busca transformar o jegue em um príncipe para alcançar sua felicidade.
O conto faz uma espécie de releitura do clássico príncipe transformado em sapo pela bruxa má, etecetera e tal…. Aqui a grande sacada foi usar o Jegue e usá-lo para uma estória mais “abrasileirada”. Uma fábula sem qualquer moral, segundo o autor (será? Achei algo de que quem acredita sempre alcança) que brinca com alguns clichês.
Frase destaque: “E aproveitando de sua experiência como viradoura de tripas, fez das suas próprias tripas coração.”
Curti muito: A criatividade e a escolha dos personagens.
Não curti muito: Falta aos diálogos um pouco de agilidade e humor, as rimas involuntárias ou não, fazem o fácil ao rimar com o verbo, sempre com o “ar”. Uma espécie de cordel mais apurado serviria muito bem ao conto.
Também não achei muito interessante as notas de rodapé, nem o aviso destacado da “moral da história”. Mas, enfim, entendo que essa é uma escolha exclusiva do autor, tentar facilitar a vida do leitor.
Olá, Sollberg, grato pela apreciação feita ao meu conto, tanto as positivas, quanto as negativas. Quanto as notas de rodapé, enquanto você reclama outros exigiram que tivesse mais explicações por alguns termos não comuns. Parabéns a você também pelo seu conto.
Boa noite! Uma menina da roça precisa encontrar um jegue para deixar de ter o famoso comichão. E o conto percorre a vida dela, conforme vai crescendo e encontrando o jegue em diferentes momentos.
O conto passeia pela comédia mas tenta se travestir de juvenil, no modo de contar. Confesso que fiquei com um pouco de dificuldade em encaixá-lo no gênero. O texto possui alguns erros no meio e também se repete um pouco, outro ponto que não curti tanto. Em contra-partida, ele é um conto bastante aberto e que, literalmente, convida o leitor a tentar desvendar e/ ou interpretar toda a história, que é bastante caricata, à sua maneira. O jegue e a moça podem ser tudo o que quiser imaginar, como as situações que passamos na vida ou até mesmo as diferentes pessoas que passam por ela. Nesse aspecto, achei bem interessante.
Olá, Fil, grato pela apreciação ao meu texto. Mas só uma pergunta: um conto infantil não pode ser engraçado, assim como não se pode fazer uma comédia infantil?
Resumo: Solange está ficando mocinha e seu pai, preocupado, recebe o conselho do médico de que ele precisa arranjar um jegue (?) para ela se distrair. Então ela encontra um jegue encantado, que fala, e que seria um príncipe encantado. Ele pede um beijo, e se transforma num sapo. A menina fica injuriada. Na segunda vez, tempos depois, ela pede que ele a seduza, mas ele insiste na necessidade do beijo e vira um calango. Tres anos depois, mesma história, com um beijo na testa ele se transforma num príncipe feio. Anos depois, reencontram-se o jegue e ela, já não mais donzela, vê ele continuar um jegue depois do beijo. Novamente, anos depois, no shopping, novo encontro e o dispensa com um chute. Mas ele insiste e dessa vez ele se torna um príncipe mesmo, e dá no pé. Ela passa a procurá-lo, até em Londres, e dessa vez encontra um príncipe de verdade e com ele vira parte da família real inglesa.
Premissa: conto infantil, com várias referências ao folclore e ao modo de falar do Nordeste, que tornam a ambientação adequada. A história é circular e repetida, com a mesma situação em diferentes tempos com diferentes resultados. Uma clara metáfora do amor romântico e dos encontros e reencontros do amor durante a vida.
Técnica: texto limpo, ainda que com alguns excessos explicativos e referenciais, mas parece que o autor foi desenvolvendo a ideia à medida em que escrevia, e no final não encontrou moral alguma. Também achei dispensável o “Apenas que cada um tire suas próprias conclusões…”.
Voz Narrativa: misturando referências, o texto tem uma narrativa anárquica e bem-humorada, ainda que guarde algum rancor como farsa. Não consegui encaixar em que faixa infantojuvenil teria atratividade, pois tem mais relação com a metáfora do amor adolescente para quem está na vida adulta.
Olá, Daniel, grato pela apreciação ao meu texto. Tudo de bom para você também.
Resumo: menina quase moça precisa se casar (segundo um médico) para sossegar o facho. Passa muitos anos encontrando um jegue mágico que lhe pede um beijo para que vire um príncipe; como ela reluta e o engana, ele se transforma em diversos bichos. No fim, quando ela finalmente cede, o jegue se transforma em príncipe e vira cantor sertanejo, fugindo para fazer shows e a abandonando.
Impressões: estou certo de que existe público para esse tipo de narrativa descompromissada, que passeia entre o informal e o lúdico. Contudo, eu mesmo não curto muito esse estilo e isso, felizmente ou infelizmente, acaba pesando bastante no meu julgamento. O texto pretende ser uma espécie de conto de fadas moderno, com um linguajar simples e direto, com (algumas) boas tiradas, mas para mim acabou parecendo um tanto cansativo. Esses encontros que se sucedem acabaram tirando o pouco de graça que havia no começo, transformando a leitura num esforço desnecessário. E o mais curioso é que os próprios personagens admitem isso. Uma opção do autor, que respeito, mas que não funcionou comigo. Espero que outros possam gostar. No mais, boa sorte no desafio.
Olá, Gustavo, grato pela leitura do meu texto, salientando que realmente é difícil agradar a todos. Mas a alguns já é o bastante.
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RESUMO
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Moça começa a ser assediada por um jegue que lhe pede um beijo para voltar a ser príncipe.
Após diversos encontros, o jegue se torna príncipe e vai tocar música sertaneja.
A moça, já não tão moça assim, vai à Inglaterra e se casa com um príncipe.
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ANOTAÇÕES AUXILIARES
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– menina quase moça pensa em namorar e o pai a leva a um médico (oi???)
– o médico receita que o pai dê um jegue para a moça se distrair (oi???????????????). Cara, desculpe, mas foi inevitável não pensar putaria nessa parte kkkkkkkkkkkk
– a menina encontra um jegue encantado
– era um príncipe transformado em jegue por uma bruxa…
– a moça dá um selinho e o jegue vira sapo. O jegue diz que para virar príncipe precisava de um beijo mais… caliente…
– o sapo virou jegue de novo e voltou a paquerar a moça
– a moça dá dicas de paquera para o jegue (tá querendo, né, safada! kkkkkkk)
– com um beijo na boca, o jegue vira lagarto dessa vez… fico imaginando o que a moça precisará fazer para a transformação em príncipe… (nota de ponto mais avançado na leitura… era só beijar na testa… exatamente o que eu tinha imaginado…)
– tempos depois, o jegue sempre volta
– muito tempo depois, o jegue vira príncipe, vai embora e vira cantor sertanejo
– a moça vai para a Inglaterra e usa o truque do “ei, psiu” para fisgar um príncipe inglês
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TÉCNICA
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Há um grande mérito nessa narrativa que é o de prender a atenção do leitor.
Há algumas falhas também, algumas perdoáveis por aparecerem em falas recheadas de regionalismo, outras não. Para o tipo de história bem despojada, casou bem.
– É por isso que a gente hoje em dia vivemos tão só
– pelos os olhos
>>> algumas coisas deixei passar com a desculpa do regionalismo nas falas. Mas essas daqui saltaram muito aos olhos.
– E sem dá satisfação
>>> dar
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TRAMA
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É um nonsense total, praticamente uma sátira (não sei até que ponto intencional) aos contos de fadas.
Parece mais uma história feita para adultos (inclusive provavelmente renderia uma boa comédia se tivesse umas piadas mais “pesadas”) do que para o público infantojuvenil, mas considero adequado ao tema.
Os encontros com o jegue acabam se repetindo muito, tentaria limar um ou dois.
– Jegue é bicho que não falta nesse lugar… E eu não posso comprar
>>> se tem tanto jegue, não deveria ser barato?
– Ué, pra quem vive beijando jegue!
>>> essa foi boa! kkkkkkk
– No Faustão não
>>> kkkkkkkk
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SALDO FINAL
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Um conto bem divertido que pecou um pouco na revisão e nas repetições dentro da trama.
NOTA: 3,5
Olá, Fábio, grato pela apreciação ao meu texto, só pelas risadas que você deu, já valeu.
A Donzela, o jegue Encantado e um Príncipe Inglês – Manduca
O início é o que cativa. O meio é o que sustenta. O final é o que surpreende. O título é o que resume. O estilo é o que ilumina. O tema é o que guia. E com esses elementos, junto com meu ego, analiso esse texto, humildemente. Não sou dono da verdade, apenas um leitor. Posso causar dor, posso causar alegria, como todo ser humano.
– Resumo: Solange se vê presa num relacionamento confuso com Flor de Pêssego, o jegue encantado. Entre encontros e desencontros, quando tudo se revela (ele era um príncipe), a moça descobriu que estava numa relação abusiva. A partir de então, busca uma solução para sua dor de abandonada procurando um príncipe inglês.
– Início: Interessante. O ponto forte do conto é a abertura para inúmeros caminhos. Quando o pai da menina a leva ao médico, fiquei intrigado e curioso para o que viria a seguir.
– Meio: Decepcionante. O início rico em possibilidades me animou, mas a falta de criatividade do autor me deixou um pouco triste. Uma grande reciclagem de ideias, unidas com uma narrativa divertida. Ao menos, a leitura não cansou.
– Final: Fraco. Talvez o autor tenha se perdido no meio da história. Deixou rolar, sabe? Fiquei com essa sensação. Solange foi usada e abandonada pelo jegue encantado. E num frenesi danado atrás dele, e doida pra ter um príncipe só para ela, viaja para Inglaterra atrás de um “exemplar”. É meio divertido, mas forçado demais, sabe?
– Título: Simples. Gosto de títulos dessa natureza. Infelizmente, não foi feito de uma forma que instiga a imaginação, por ser direto demais, mas não é um título horrível, haha.
– Estilo: Divertido. É uma narrativa simples, bem leve, que diverte e guia o leitor naturalmente através do conto. Esse é o ponto mais forte do conto.
– Tema: Inconclusivo. O tom divertido aproximo o público mais jovem. Mas o dicionário aplicado na história, assim como alguns elementos da trama, de fato, não combinam. Acho interessante inserir elementos que apenas pessoas mais vividas e maduras conseguem compreender, mas eles não podem determinar o entendimento final da história. É como em “Onde Vivem os Monstros”, está ali, mas também não está. É só uma aventura para a criançada, mas para os adultos é a representação do amadurecimento. Fiquei dividido, nesse ponto.
– Conceito: Bronze.
Olá, Tikkun, agradecido pela leitura do meu texto, entretanto achei um tanto contraditório seu comentário, ora não é criativo, ora é engraçado e divertido, não entendi o que realmente você achou do que leu.
Resumo: A Donzela, o Jegue Encantado e um Príncipe Inglês (Manduca)
Caraca… difícil resumir! É o seguinte, a história começa muito bem, pois é uma boa ideia, mas caro autor(a), para que se alongar tanto? Por que? Que pena, ficou maçante, sabe, ao extremo!
Ficou repetitivo, chato, redundante e com isso concluo que se ter uma boa ideia nem sempre é o bastante, e o bastante às vezes basta!
É um conto de uma menina, de um jegue que é um príncipe que é beijado duas mil vezes e em cada vez ele engana a moça, e ela se engana, e os dois vão se reencontrando e psiu, e beijos, e beijos e enganação e sapos e coisa e tal e não acaba mais! Chato, mas é isso! No final, uma tentativa de amenizar, mas… sem sucesso! Desculpe, não colou!
Eu dando uma de “Henrique Fogaça” Menos é mais!
Observações:
Sou um homem pobre não tenho como sustentar tal luxo. – Sou um homem pobre(,) não tenho como sustentar tal luxo.
A gente só dar valor as coisas que se cativa.” – A gente só (dá) valor as coisas que se cativa.”
. Querem fazer amigo da mesma – . Querem fazer “amigos”
É por isso que a gente hoje em dia vivemos tão só – É por isso que (nós), hoje em dia, vivemos tão sós.
O essencial não é visível pelos os olhos. – pelos olhos
Tudo bem, mais com uma condição, beijo de língua não!… – Mas com uma condição]
E sem dá satisfação – dar
Bom dia sol! Bom dia flores! Bom dia todas às cores! – Bom dia, sol! Bom dia, flores! Bom dia, todas às cores!
anos depois, A Solange caminhava tranquilamente pela beira do mesmo rio – anos depois. Solange caminhava tranquilamente pela beira do mesmo rio,
no mercado municipal da cidade quando ouviu outro: – no mercado municipal da cidade(,) quando ouviu outro:
— Sou eu sua idiota! – — Sou eu(,) sua idiota!
Alado Pégasso, – Pégaso
Avaliação: (Para os contos da Série A-B não considerarei o título, as notas serão divididas por 5 para encontrarmos a média. Porém teremos uma ordem de peso para avaliação caso tenha empates… Categoria/ Enredo / Narrativa / Personagens / Gramática.
Infantil/Infanto: de 1 a 5 – Nota: 1,5 (sei lá, indeciso)
Gramática – de 1 a 5 – Nota 1,0 (não sei se por opção, mas os equívocos gramaticais me incomodaram bastante?)
Narrativa – de 1 a 5 – Nota 2,0 (O conjunto prejudicou o talento)
Enredo – de 1 a 5 – Nota 1,0 (Redundante, a forma como aconteceu infelizmente não agradou)
Personagens – de 1 a 5 – Nota 1,5 (complicado julgar, pois para mim ficaram chatos)
Total: 7,0 / 5 = 1,4
Olá Manduca; tudo bem?
O seu conto é o segundo trabalho que eu estou lendo e avaliando.
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O QUE ACHEI DO SEU TEXTO
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Gostei bastante da pegada “cordel” que o texto apresenta. Muito bem apresentado, o conto possui uma regionalidade marcante e que dá corpo à narrativa. Existe um tom que tende bastante para o lado da comédia, embora misturado a uma certa crítica social, com meandros temporais. Alguns erros de Português foram propositalmente inseridos, pois estão relacionados à licença poética das falas das personagens, para exatamente dar mais credibilidade às suas personalidades. O caráter “fabuloso” da história também traz um grande significado para um tema tão realístico como o que é abordado no texto – o crescer e a transformação dos sonhos/anseios em constatações práticas da vida adulta em sociedade. Foi uma boa leitura e deixo, portanto, os meus parabéns pelo trabalho ao autor! E desejo-lhe boa sorte no Desafio! 🙂
Bem, pra finalizar… As regras do Certame exigem que eu faça um resuminho da história avaliada, para comprovar minha leitura. Então vamos lá:
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RESUMO DA HISTÓRIA
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O conto narra a transformação de uma menina do interior em uma mulher da grande-cidade; com todos os ritos de passagem que a vida – e o amadurecimento – (lhe) oferecem.
A Donzela, o Jegue Encantado e um Príncipe Inglês (Manduca)
Resumo:
A história da menina do agreste (Solange) que busca um “jegue” para “fugir” da fixação que tem por “namorar”. Conheceu o jegue Flor de Pêssego. O jegue afirmava que se tornaria um príncipe se ela lhe desse um beijo, que o beijo quebraria o encanto da bruxa. A menina tentou várias vezes, mas isso não aconteceu. A menina cresceu, foi para São Paulo. Flor de Pêssego continuou seguindo Solange. Um dia, depois de um beijo “mais caprichado”, o jegue virou um “príncipe lindo”, e virou cantor sertanejo. Não quis saber de Solange. Ela viaja para Londres, encontra um príncipe e, FINALMENTE, o casamento acontece.
Comentário:
O título “casa” bem com conto infantil. O pseudônimo deve ser uma homenagem a Evaldo dos Santos (Manduca), músico que foi executado, tendo o carro cravejado de balas pela Polícia Militar do Rio de Janeiro. Ou pode ser o sinônimo de pescador infortunado lá pelas bandas do Nordeste do Brasil. Ou pode ser um indivíduo nascido em paragens do Acre, ou do norte de Minas Gerais. Também não fechei a questão.
O texto começa trazendo uma homenagem a Zé Dantas e Luiz Gonzaga, compositores do “Xote das Meninas”, e, de imediato, coloca o leitor no ambiente do conto. A história desvenda caminhos inesperados, traz uma sequência de reviravoltas que cabe exatamente nas cabecinhas imaginativas das crianças. Percebi que há alguns deslizes de uso da crase, trocas de “traz” por “trás”, “dá” por “dar”, algumas concordâncias confusas (não sei se intencionais). Aprendi novas expressões regionais, como exemplo: miolo de pote = conversa besta. Muito interessante. É um texto criativo, mescla o simplório remoto e a atualidade. Dinâmico.
Parabéns, Manduca! Gostei da leitura…
Boa sorte no desafio!
Abraços…
🗒 Resumo: uma menina vê, repetidamente, um jegue falante que diz ser um príncipe. A cada encontro, a menina, que vai crescendo, não lhe dá um beijo sincero e ele não se transforma num príncipe bonito. No fim, qdo ela decide o beijar de verdade, ele vira um lindo príncipe, mas acaba desprezando ela. Para não ficar de mão abanando na própria história, acaba conquistando um príncipe inglês.
📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫): é uma sátira aos contos infantis e se desenrola de forma divertida e agradável. Gostei bastante das interações dela com o jegue que virava alguma coisa e depois voltava a ser jegue pra atormentar a menina de novo. Como ele voltava? Tinha que ser sempre a coitada? Sei que é um conto de fadas, mas como explicou algumas coisas, poderia explicar outras também.
Não gostei muito do final. Na verdade, percebi que são dois finais: no primeiro ela se ferra totalmente, pois qdo o príncipe consegue o tal beijo, some e deixa ela a ver navios. Nessa parte, achei incoerente com o desenvolvimento dela (feminista e tal) ficar correndo de show em show atrás do príncipe que não queria nada com ela.
Parece que o autor também achou que esse final não ia agradar ninguém e resolveu criar um outro logo depois, qdo ela, numa situação pra lá de forçada, conquista um príncipe britânico real. O problema desse segundo é que ficou corrido e muito forçado, parece que existe só pra não deixar a protagonista na mão depois da sacanagem do príncipe-jegue.
A moral da história e o último parágrafo só alongaram ainda mais o fim, que já estava enorme. Veja: o clímax ocorre qdo o jegue finalmente vira um lindo príncipe. Conte qtos parágrafos vieram depois desse. Vários e mais um diálogo. O ideal é que a história se encerre bem próximo ao clímax ou acaba sofrendo da síndrome dos múltiplos epílogos.
📝 Técnica (⭐⭐⭐▫▫): o texto é gostoso de ler e tem todo um regionalismo nordestino, principalmente no início, que arranca bons sorrisos. Não descontei pontos por isso, mas eu evitaria as notas de rodapé. Acabam travando o texto e são dedutíveis pelo contexto. O que o autor precisa trabalhar melhor é a pontuação. Anotei alguns erros enquanto lia, mas acredito que tenha perdido alguns enquanto estava preso à leitura.
▪ Quer logo entrar na moda *interrogação* Só vestidinho de chita cheio de florzinha e *vírgula* para o pescoço, trancelim e perfume de água de cheiro
▪ está me ouvindo Solange *interrogação*
▪ *À* caminho de casa *vírgula* ao passar pela beira do rio
▪ Olá, como vai a senhorita *interrogação*
▪ Que bons ventos a *trazem*
▪ Não me enrole com essa história de príncipe *ponto* Se quer me conquistar *vírgula* cative-me
▪ Por isso *vírgula* meu caro *príncipe-jegue* *vírgula* se queres uma amiga de verdade *vírgula* me seduza
▪ Bom dia *vírgula* sol! Bom dia *vírgula* flores! Bom dia *vírgula* todas às cores
▪ pensando feliz da vida em seu primeiro emprego como pau-de-virar-tripa de porco no mercado municipal da cidade *vírgula* quando ouviu outro
▪ Sou eu *vírgula* sua idiota!… Não reconhece minha voz *vírgula* não *interrogação*
▪ Pois é *ponto* Não tenho achado coisa melhor
▪ Sabe *vírgula* Flor de Pêssego
▪ abufelada(4) (era pra ser 3)
Sobre pontuação no diálogo, escrevi um artigo explicando a regra mais comum: http://www.recantodasletras.com.br/artigos/5330279
🎯 Tema (⭐▫): faz uma sátira com contos infantis, mas acaba ficando mais pra comédia e bastante saidinho…. estaria mais adequado no desafio passado.
💡 Criatividade (⭐⭐▫): sátiras deste tipo são até bastante comuns, mas não dá pra dizer que esse conto não tem personalidade. Tem até bastante.
🎭 Impacto (⭐⭐⭐▫▫): ganha muitos pontos aqui pelo jeito leve e divertido de narrar. Essa é a principal qualidade do texto e o autor deve trabalhar sempre em cima disso. Perde, porém, alguns preciosos pontos pelos finais inconsistentes e infinitos. No fim, ficou um gosto de frustração, porque gostei muito do que li, mas não do que ocorreu do meio pro fim.
O que entendi: Uma mocinha, doida pra dar, conhece um jegue enrolão, que nem trepa e nem sai de cima. Vira sapo, catenga, feioso e por fim príncipe fujão.
Técnica: O uso em parte do dialeto nordestino (que amo) deu uma leve e divertida malícia ao conto. Mas a execução da trama ficou um pouco engessada.
Criatividade: A premissa é deliciosa, brinca com o sonho do príncipe encantado de forma peculiar.
Impacto: Positivo. Eu me diverti com a total falta de compromisso com padrões estéticos pré-estabelecidos.
Destaque: “Solange não pensou duas vezes, fechou os olhos e tacou um beijo do tipo saca-rolha na bocarra do jegue. Chupou tanto a manga que engoliu o caroço.” – Imagem maravilhosa!
Sugestão: Enxugar o texto. Por exemplo, este parágrafo não acrescenta em nada e tira velocidade do texto, algo tão importante em contos juvenis: “Mas quando a bruxa me transformou em jegue, aproveitou o gancho, e me botou o nome do Cavalo Alado Pégasso, da Mitologia Grego-Romana, que também tinha alguma coisa de bruxo, pois é sabido que Pégasso deu um violento coice numa montanha, e onde bateu seus cascos nasceu uma fonte de águas cristalinas. Em seguida transformou-se numa constelação que vive lá no céu infinito, no espaço sideral.”
RESUMO: Moça, Solange sentiu a vontade de namorar, com a estranha sugestão do pai para que arranjasse um jegue, sucedendo exatamente o contrário, em que um jegue a encontrou, um jegue encantado, caso de uma história trágica que Solange vai escutar várias vezes ao longo da vida. Na verdade, Solanges, pois o tempo a altera e os repetidos encontros que terá com o amaldiçoado (encantado) terão distintos insucessos até o derradeiro beijo que o transformou uma última vez. O príncipe, no entanto, foge, Solange à espreita, a procura-lo no Brasil inteiro e no além-mar.
COMENTÁRIO: “Era uma vez”! Este conto mistura de forma bem divertida o tópos dos contos de fada com regionalismo e referências nacionais. A própria maneira pela qual a história é contada também reconhece e de forma sucinta satiriza as escolhas narrativas, contribuindo bastante para o tom humorado da leitura, de modo que a comédia fique bem distribuída entre o enredo e a técnica do autor.
Quanto ao enredo, o ganho é justamente na originalidade com a qual a velha história do príncipe encantado nos é mostrada, na roupagem de um conto nordestino, em que os meandros culturais servem não só à contextualização, mas também à caracterização da Solange e da própria situação em que se encontra, diante de um jegue encantado. A introdução do conto foi perfeita em nos situar na linguagem usada e no universo cultural das personagens. O desenvolvimento também se fez de forma muito acertada, dado que, embora levados a uma situação repetida, tínhamos sempre uma nova Solange, ao mesmo tempo que ansiávamos para ver a conclusão do seu encontro com o jegue encantado. Dessa maneira, uma dupla expectativa acompanha a leitura, esta bem gostosa pela boa técnica literária do autor.
Ao final, a surpresa compensou toda a espera, invertendo a situação de forma inesperada e engraçada e respondendo ao que o conto vinha construindo e, especialmente, ao modo como vinha fazendo. Parabéns e boa sorte!
A menina lá do nosso querido nordeste que vai virando moça e que quer namorar encontra um jegue encantado que a irá perseguir pela vida toda. Até que, um dia, depois de grandes vicissitudes e ela moradora de São Paulo se encontra pela última vez com o tal jegue em um bar. O beija de jeito e o bicho vira príncipe total. Eita, que ele sai em disparada no seu cavalo branco e se torna cantor sertanejo. A mocinha, que já não é tão jovem mais assim e muito menos donzela, vai para Londres e lá encontra seu príncipe, não encantado, mas real. E a história termina com eles vivendo felizes para sempre. Achei, Manduca, que poderia ter investido menos na letra da música no começo do seu conto. Trata-se de uma canção que é sabida por todos e não precisava que fosse repetida. Isto amarrou o conto. Também no final senti falta da nota número 4. Cá estou eu sem saber o que é abufelada. Também achei que deveria nos explicar o que significa pau de virar tripa de porco. Deveria ter ido para o glossário de notas na minha opinião. Um enredo que não me chamou muito a atenção. Citações como do Pequeno Príncipe que funcionaram como homenagem, mas que talvez tenham se dado de maneira um tanto quanto excessivas. Sim, achei criativa a sua história. Legal a sua criatividade. Você maneja bem o nosso idioma, mas tem alguns pontos nos quais os erros sobressaem. Fiquei até matutando aqui com meus botões se não seria o caso de querer usar, por exemplo a fala errada do jegue, mas isto não funciona, eis que o bicho é príncipe e tal figura jamais falaria errado. Então, achei que o seu conto precisa de um pouco mais de revisão. Uma história legal que poderia ser melhor trabalhada. Fico cá pensando se não aconteceu de você ter deixado para o final o envio dela e aí… meu abraço fraterno, Fernando.
Príncipe encantado, não sei
Mas homens jegue e príncipe sapo… Ah, isso tem aos montes por aí.
Gostei do seu conto. Um abraço
Resumo:
[Infanto-juvenil com viés de comédia]
Garota que quer namorar, da juventude à idade adulta, encontra um jegue que pede dela um beijo. Depois de muitas frustrações, ela finalmente consegue transformar o jegue num príncipe, que se manda e vai ser cantor sertanejo.
Comentários:
Caro Manduca,
Um conto de “era uma vez…” não necessariamente se torna um conto “infantil / infanto-juvenil”. Acredito que tenha sido o caso de “A Donzela…”.
É um conto onde o humor baseado na frustração dá a tônica dos desenlaces, e há muitos no conto, onde o autor trabalha a irrealização dos desejos do jegue.
Acredito que o conto precise de uma profunda revisão, cito onde.
Há rimas que propositais ou não, não acho que ajudem a levar adiante a narrativa, particularmente rimas verbais, em infinitivo (está cheio delas). Digo aqui que o problema não são as rimas, mas a impermanência delas, surgem, aparecem, surgem de novo e desaparecem mais uma vez. Quem seria eu pra falar mal de rimas quando Shakespeare tanto escreveu por meio delas em suas peças teatrais.
Há palavras que me confundiram bastante, dado que não soube precisar se erros de digitação ou termo “técnico” regional; alesada, por exemplo, que parece significar lesada apenas.
Há confusões entre os termos “trás” com “traz”, com “Que bons ventos a trás…”, quando deveria ser “traz”. Isto se repete.
Há também um “dá” quando deveria ser “dar”, e reporto como algo a ser revisado porque não é dito pelos personagens, mas pelo narrador.
Há problemas com as crases, por exemplo em “Bom dia todas às cores!”
Há mudança rotineira do uso do tu e do você, não havendo uma constância nos pronomes verbais, com mudanças entre retos e oblíquos. Na língua falada isso é bem comum entre nós, brasileiros, mas na escrita, talvez não fique bem.
“…olhar de afeto e Tu não dirás nada.”
“(VOCÊ) Vai morrer e não sabe o que é um beijo de verdade.”
Há um problema de temporalidade bastante sutil, pois Solange, de posse de um celular, faz uso de uma lista telefônica. Ligando pra quem? Para o passado num túnel do tempo? Acho que isso precisa ser acertado. Ou não há lista telefônica ou o telefone não é celular.
Há passagens curiosas, que se não são propositais, soam estranhas pois chegam ao hilário, quando a bruxa confunde um jegue com um sapo por ser míope. Seria uma comédia infanto-juvenil? Vou aceitar como tal.
Recomendo uma boa revisão nas pontuações e acertos na linguagem.
Não dou firmeza de que o conto se encaixe como uma luva no tema, talvez se encaixe como encaixaria uma luva de boxe. Mas está no jogo.
Parabéns pelo conto e boa sorte no desafio.
A Donzela, O Jegue e o Príncipe Inglês- é a história de Solange, uma garota que precisa casar. Ela encontra um jegue que diz ser um príncipe que foi transformado em jegue por uma bruxa má.
Se essa história era para ser como tema infantil, falhou. O tema infantil é um tema sobre inocência, brincadeiras de crianças, uma história para crianças para nós, leitores adultos, ler e julgar. Como falar em beijo de língua para uma criança de 7 anos? Dizer que Solange está com tesão e precisa casar? Que é para o pai arranjar um jegue para ela. O que ela vai fazer com o jegue? O médico mandou o pai arranjar um jegue e por coincidência, ou por um passe de mágica, o jegue aparece!
Penso que o conto é uma sátira sobre contos de fadas, bruxas e príncipes encantados. No mundo da fantasia,( já que havia uma bruxa e um príncipe), Solange não precisaria ir a Londres conhecer um príncipe de verdade. Acho que o autor tentou contar uma história infantil e se perdeu entre o mundo da fantasia e o regionalismo, sem o folclore nordestino. O jegue por exemplo, é um jumento que existe em toda parte do mundo, até na china! Achei que a ambientação da história se passar no Nordeste também foi um erro, porque começou de um jeito e terminou em outro. Histórias infantis podem ser ambientadas no mundo real, sem bruxas, fadas, gnomos e príncipes encantados. De qualquer forma, valeu pelo esforço. Não entendi a pergunta no final, já que no mundo existem 28 monarquias, com reis, rainhas e príncipes.
Boa sorte no Desafio.
Olá Entrecontista,
Tudo bem?
Resumo:
Uma moça casadoira passa a vida sendo perseguida por um jegue encantado. Porém, quando esta o desencanta com um beijo, ele foge, deixando que a moça faça suas próprias escolhas.
Meu ponto de vista:
Certamente, este texto é um “conto de fadas brasileiro”, tem muito humor, é cheio de referências, brincadeiras com clássicos sobre a amizade e o amor da literatura mundial. Porém, se me permite, fiquei pensando se ele realmente se enquadra no gênero infantil. Não que isso desqualifique seu trabalho, estou apenas refletindo. Contos de fadas têm príncipes e princesas e histórias de amor, então, acho que vou encarar como um sim, até porque o grande trunfo desta história, ao menos para mim, está na criatividade de seu(sua) autor(a).
Pensando em como se tem tentado subverter a imagem da princesa e a do príncipe, na literatura infantil atual, creio que o conto acaba sendo realmente bem-sucedido, pois quebra paradigmas, coloca o protagonismo nas mãos da “princesa”, é ela que escolhe o seu príncipe, e, desconstrói a imagem do sapo beijado virando um galã.
Parabéns por escrever.
Beijos
Paula Giannini
Olá, Manduca.
Resumo da história: acompanhamos as peripécias de um jegue que era um príncipe amaldiçoado e uma moça que teria o poder de reverter o feitiço com um beijo daqueles. Em função da falta de emprenho dos primeiros beijos, ela só conseguiu transformá-lo em outros animais e depois num príncipe horrendo. Quando finalmente o transforma num belo príncipe, o bonitão vira cantor sertanejo e deixa a moça a ver navios, até o dia em que ela finalmente descola um príncipe inglês para chamar de seu.
Prós: é uma história simples, com o encanto de histórias simples. Um conto de fadas com final feliz.
Contras: há um tanto por acertar quanto à qualidade da escrita (norma culta da língua). Tais escorregões são aceitáveis nas falas das personagens, que não precisam falar “certinho”, mas não num narrador que não é personagem. A história fica em “loop” por boa parte de sua extensão, alongando-a sem muita razão. Não compreendi como o príncipe revertia à forma de burro depois de ter sido transformado em calango, sapo, etc.
Boa sorte no desafio!