Enquanto assistia a criatura comer o cadáver de um desconhecido, seu rosto assumiu uma expressão cartunesca. Os olhos aumentaram, as pálpebras encolheram e o cérebro perguntou: “que merda é essa?”.
“Não vê que é um javali?”, seu lado lógico respondeu. “Uma criaturinha desgraçada, feroz em uma luta, deliciosa em um banquete”.
Só que aquele não era um javali comum. Tinha quatro ou cinco vezes o tamanho de um homem, fazia um som que mais parecia uma trova tocada pelo demônio e tinha um certo prazer por carne humana.
O javali arrancou a cabeça e mastigou. O barulho do crânio partindo fez Broman tremer.
“Pelo topete de Barth”, sussurrou entre dentes.
Lentamente tentou voltar. Nem em um baralhal de anos conseguiria vencer aquela coisa. O terreno não lhe favorecia, era estreito demais, acabaria esmagado em uma árvore, seria um fim deveras melancólico para Broman, o bárbaro.
Só lhe restava a fuga. Não gostava daquilo, não era um covarde. Broman era conhecido por esmagar crânios, decepar membros e derramar o sangue de seus inimigos como se fosse uma tarde de bebedeira. Lembrou o que ouviu certa vez numa taberna: “É melhor viver como um covarde do que morrer como herói”.
Besteira! Que tipo de imbecil não ia querer uma morte heroica? O
sonho sempre fora morrer em uma batalha gloriosa e ganhar o favor dos deuses.
E onde tinha glória em ser esmagado por um javali gigante no meio da floresta?
Por sorte estava numa posição favorável, o vento soprava na
direção oposta ao javali, se fosse rápido, a criatura não captaria seu cheiro. Deu dois passos para trás quando escutou um risinho.
Broman viu os olhos vermelhos do javali faiscarem com a luz da lua. O porcão começou a ter espasmos, como se tivesse um ataque epilético, debilmente, o focinho formou um sorriso macabro.
“É claro”, pensou o bárbaro. “Uma criatura do inferno.
A floresta foi tomada por uma onda de destruição, o javali parecia mais uma catástrofe, ele lançava árvores para o alto como se fossem simples gravetos. Broman forçou 100% da sua capacidade, mas não era o suficiente, o javali se aproximava.
“Rameira que me partejou!”, gritou saltando no tronco de uma árvore, com um rápido impulso, mudou de trajetória. Em menos de um segundo a árvore explodiu, o javali não conseguiu parar a tempo e avançou por mais alguns metros.
Broman gargalhou, agora forçava 120%. Uma veia no pescoço ameaçou lhe matar.
“Ainda não”, gritou tentando motivar seu corpo. “Só mais um pouco”, já podia ver as luzes da cidade.
Ouviu um estrondo e foi atirado longe, batendo de cara no chão.
Broman se levantou com dificuldade, suas pernas ignoraram as ordens de voltar a correr.
“Excremento de porco”, falou indignado. “Sem ofensas”, acrescentou quando o javali se aproximou.
Broman sacou a espada das costas e sacudiu na direção do javali. Aí estava a batalha gloriosa que tanto sonhava, só que ainda não queria morrer. Se conseguisse se desviar do ataque da besta e lhe cravar a espada, talvez tivesse uma chance.
Respirou fundo e se lançou em um estado de pura concentração. Uniu corpo e mente assumindo a lendária postura do guerreiro indômito. O javali sentiu medo, a aura que emanava daquele homem era assustador, talvez fosse melhor recuar.
A concentração se quebrou quando Broman avistou uma mulher com duas crianças, passando tranquilamente por ali.
“Ei mulher!”, gritou. “Onde pensa que está indo?”.
A mãe o encarou com ódio.
“Cale a boca, seu fanfarrão. Isso são modos de falar com a filha do coletor de impostos?”.
Que se dane, pensou. Coma todos eles! A culpa é dela por ser imbecil.
O javali observou com curiosidade aquela situação, a mãe e a filha eram bem magrinhas, mas o garotinho, rechonchudinho, dava um caldo.
Foi nele que o javali avançou. A contragosto, Broman tirou forças não se sabe de onde e se lançou sobre o javali, conseguiu enfiar sua espada na besta antes que chegasse no garotinho.
O javali gritou, saltitando de dor. Broman segurava a espada com força, a cada pulo do javali cravava a espada mais fundo. Sem saída, o javali se lançou atingindo uma altura incrível. Broman gelou, podia ver toda a cidade lá de cima. Aquilo já era demais.
O impacto abriu um buraco gigantesco no chão. Broman foi atirado para longe, seu corpo batendo incessantemente contra o chão, por sorte não sentiu muita coisa, tinha desmaiado.
Acordou com um banhaço de água fria. Sonhava que se afogava.
“Malditos artistas”, ouviu uma voz que tendia para o fanho. “Nem começou a festa e já está bêbado”.
Broman se levantou esfregando o rosto, cuspiu um pouco de água que tinha engolido. Na sua frente estava um rapaz bem arrumado que vestia roupas estranhas. Era exageradamente limpo, o cabelo não estava embaraçado nem poeirento como o da maioria das pessoas.
Broman fez uma careta, sentiu-se tão destruído que esqueceu de dar um soco no rapaz. Percebeu que estava nos fundos de um casarão, viu pequenos objetos que brilhavam como fogo.
“Onde eu to?”, perguntou.
“Por aqui”, o homem respondeu com desprezo. Broman o seguiu para dentro da casa, passando por uma área espaçosa, onde viu homens e mulheres atarefados. O homem continuou por um corredor, andando rapidamente.
“Você pode se arrumar aí”, disse o homem ao destrancar uma porta. “Ainda tem um bom tempo até a sua vez, dá pra tomar um banho”. Desconfiado Broman entrou, ouviu a porta bater logo em seguida.
Então era uma prisão. Tinha sido capturado por aqueles homens de roupas estranhas, provavelmente cultistas.
Analisou a cela. Era o lugar mais estranho que já tinha visto. Viu uma grande caixa ornamentada, provavelmente onde aquelas pessoas guardavam os objetos satânicos. Na parede, avistou o desenho de uma paisagem em cores borradas, rapidamente desviou o olhar, devia ser alguma maldição, pensou.
Precisava sair dali urgente. Colocou as mãos sob a porta testando sua resistência. Sem muito esforço ela foi ao chão.
Desconfiado seguiu pelo corredor vazio passando por diversas portas trancadas. Encontrou diversos salões gigantescos, imponentes e vazio, todos brilhantes ornados com objetos estranhos. Ouvia vozes por todos os lugares, sussurros que vinham das profundezas e invadiam sua alma.
Andou por um bom tempo, já começava a achar que nunca conseguiria fugir quando, sem perceber, se viu em um salão cheio de gente. Algumas delas seguravam um objeto transparente, um estranho punhal de vidro. Mais à frente, viu um palanque, onde um homem baixinho, careca, com um bigode engraçado apareceu.
Todos aplaudiram.
“Boa noite, meus amigos. O que estão achando da festa? Ótimo, ótimo. Se vocês estão aqui é porque acompanharam os insanos acontecimentos dos últimos seis meses”, mais aplausos. “Ninguém imaginava que era possível. Apenas meu amigo Aleister que…”
Broman ignorou o homem, procurava desesperadamente uma fuga. A porta por onde tinha entrado agora estava bloqueada. Se escondeu atrás de uma pilastra, sua cabeça trabalhava intensamente tentando criar um plano. As pessoas ao seu redor começaram a gritar. Broman olhou para o palanque, mas o homem não estava mais lá. Nervoso, virou-se para os lados em posição de combate.
O homem estava acima de todos eles, voando.
“Vocês também podem, meus queridos amigos”, ele disse. “Limpem suas mentes, esqueçam de tudo e sintam a leveza os levar”.
Ninguém conseguiu, deixar a mente livre de qualquer pensamento era mais difícil do que parecia. Algumas pessoas conseguiam levitar por poucos segundos, antes de bater, violentamente, os pés no chão.
“Pelo machado de Uther”, Broman deixou escapar alto. O poder do demônio fluía por todo aquele lugar, inclusive por dentro dele. Se entregou ao desespero. Seu cérebro se calou de assombro e o instinto tomou conta. Aproveitaria que todos estavam olhando para cima e fugiria.
No segundo seguinte estava fora do salão. Ficou paralisado por alguns segundos, tentando entender o que aconteceu. Provavelmente tinha sido o poder do diabo. Começou a correr, precisava escapar dali de qualquer jeito, antes que sua alma fosse capturada. Teria que entregar seu destino aos deuses, acreditar que eles o guiariam por um caminho seguro.
Alguém se meteu na sua frente. Os corpos se chocaram e se degladiaram pelo espaço.
“Bem, você deveria prestar mais atenção por onde anda”, disse o homem que tinha se chocado a Broman, ele tinha um rosto largo, com os olhos de um louco. Sua testa era gigante e o cabelo, esdruxulamente partido ao meio, lembrava um grimório.
Broman foi tomado de fúria. Estava cansado daquele lugar. Malditos cultistas, pensou, devia parar de fugir e esmagar cada um deles.
“Bem”, o homem prosseguiu desprovido de emoção, “suponho que deva lhe agradecer. Depois de três dias vagando por aquela mansão, finalmente cheguei ao lugar certo”.
Os dois estavam no meio de uma caverna. Broman apertou os dentes e cerrou os punhos. “Que droga tá acontecendo aqui?”, falou.
“Aquele cretino do Cirnoc, sabia que estava aprontando alguma”, o homem disse apontando para um ponto de luz no meio da caverna. Broman o seguiu até um objeto estranho, envolto em uma luz suave, que flutuava.
“Ele enfiou alguma coisa dentro dessa panela de pressão. É assim que ele faz esses truques baratos”.
“São melhores que os seus”, alguém gritou. Broman virou-se e viu aquele homem que há pouco voava no salão. De perto ele parecia bem menor. “Muito me surpreende que você tenha escapado, impressionante, Harry”.
“É minha especialidade. Não existe nada de que não possa escapar”.
“Veremos”, disse o homenzinho. “Demorei muito pra conseguir esse poder, você não vai me…”, se interrompeu ao notar Broman. “Que animal ridículo é esse?”.
Broman irritado, partiu em direção a Cirnoc que com um sinal das mãos atirou-o para longe.
O homem careca riu de deboche. “Agora se juntou com essas criaturas medievais?”.
“É melhor desistir”, falou Harry.
Cirnoc levantou as mãos lançando um feixe de luz em direção a Harry, que desapareceu, reaparecendo intacto do outro lado. Cirnoc repetiu o ataque e mais uma vez Harry transportou-se em segurança.
“Você só sabe fugir?”, gritou Cirnoc com escarnio.
“Já falei que é a minha especialidade”, Harry desapareceu outra vez. “Mas também sou bom em boxe”, reapareceu ao lado de Cirnoc com um gancho certeiro no queixo, derrubando o homem.
Boa técnica, pensou Broman observando ao longe. Lutar contra magos podia ser traiçoeiro, não devia ter se entregado a fúria.
Cirnoc se levantou gritando. Um braço luminoso agarrou Harry com força,
“Tenta fugir agora”, gargalhou o homenzinho. O braço de luz sugava a força de Harry impedindo que ele se teleportasse.
“Volta pro inferno, seu desgraçado”, Broman falou baixinho. Se a fonte do poder do homem era aquela luz, precisava fazer algo a respeito.
“O que esse imbecil está fazendo?”, disse Cirnoc enquanto Broman golpeava a panela de pressão. Seus punhos se chocavam contra um escudo invisível que protegia o objeto.
“A força jamais vai vencer a mágica”, gargalhou Cirnoc.
“Nunca subestime um niborniano”. Broman colocou toda sua energia no punho direito e golpeou. O escudo não resistiu e se espatifou em centenas de cacos invisíveis.
“Impossível”, gritou Cirnoc.
Broman pegou a panela de pressão e encarou, com fúria, Cirnoc. Procurou a espada nas costas e sentiu tristeza ao lembrar que a tinha perdido. Um feixe de luz veio em sua direção, mas foi facilmente refletido pela panela. Isso vai servir, pensou Broman.
Cirnoc estava pálido de medo, atirou mais dois raios sem sucesso.
“Que droga é essa?”, gritou em pânico. Broman se lançou ao ataque, girou para a esquerda golpeando o mago, a panela foi destruída junto com os ossos da cara de Cirnoc.
Broman largou o cabo da panela. Não chegava nem aos pés da sua amada espada.
“Amigo, isso foi incrível…”, disse Harry antes de ser engolido pela luz.
Broman tinha voltado para a floresta. Soltou uma risada de descaso.
Viu alguém ajoelhado. Era um homem de uma brancura não natural. Possuía longos cabelos amarelos que se agitavam no ar como se tivessem vida. Ele se levantou e Broman viu um par de asas.
“Obrigado por ter me…”, disse o homem e Broman o agarrou pelo pescoço.
“Então você é o demônio por trás de todo o meu infortúnio”, gritou.
“Não precisa ser tão violento”, disse a criatura que com um dedo se livrou de Broman.
“Não irei destruí-lo, pois não cabe a mim o julgamento de um homem. Fique em paz meu irmão”.
O sol surgiu no horizonte com uma força intensa, os olhos de Broman demoraram para se acostumarem com a claridade. O homem branco não estava mais ali.
Irritado, se jogou no chão. Percebeu que estava próximo de uma estrada quando alguém parou em um cavalo.
“Minha nossa, amigo. Você está bem?”
“Perfeitamente”, Broman respondeu de forma seca. Levantou-se em um pulo, só para mostrar ao homem as suas habilidades. “Escuta, por acaso não teria com você alguma cerveja?”, disse se aproximando do cavalo.
“E javali. Estou morrendo por um suculento assado de javali”.
O conto narra a história de Broman, um guerreiro niboriano, que luta contra um monstruoso javali dentro de uma floresta e num passe de mágica vai para outro mundo onde se defronta com magos.
Achei um bom conto, mais pela escrita do que pela trama. A trama é bem louca, Broman desmaia numa floresta e acorda em outro lugar. Um lugar onde existem magos, de onde ele tenta fugir desesperadamente. Não consegui sacar a ligação entre as duas histórias e isso me incomodou um pouco. Gostei mais da parte da floresta, onde as cenas de ação estão muito bem escritas e tem um bom humor. A segunda parte não achei tão boa e como já disse não entendi muita coisa da história. Boa sorte no desafio.
Resumo: o título do conto é apropriado, pois não só o ambiente da floresta como toda a narrativa é alucinante. O guerreiro parrudo Broman enfrenta uma tarefa hercúlea: matar um javali gigante ou morrer heroicamente tentando. Quando a batalha se encaminha para um final, Broman parece ser transportado para outra realidade, acordando em uma casa de apresentações. Nesse ponto, vê pela primeira vez o mago Cirnoc, mas não por muito tempo. Ao fugir do local, Broman encontra Harry, o inimigo de Cirnoc, e o cenário muda uma vez mais, para que a batalha final dos magos possa ocorrer (com interferências cruciais do guerreiro). Ao fim da batalha, com a morte de Cirnoc, Broman é levado novamente ao seu lugar de origem, onde é apenas mais um beberrão comedor de carne de javali.
Técnica: penso que a dinâmica das trocas de cenários foi intencional. Comigo, infelizmente, a velocidade em que ocorreram prejudicou um pouco a leitura. Acho que essa estratégia funciona melhor ou pior de acordo com o ritmo do leitor, então não é necessariamente um ponto negativo do conto.
Conjunto da obra: a narrativa pega um pouco de cada tema proposto (fantasia/humor) e produz praticamente uma viagem alucinógena, como propõe o título. Nesse sentido, preciso dizer que me perdi algumas vezes no turbilhão de ideias. Por outro lado, é um conto muito criativo com personagens carismáticos.
Parabéns, bom trabalho!
O que entendi: Um bárbaro luta contra o javali gigante do Entre Contos, salva uma família, mas é transportado para um lugar muito louco, cheio de salões e festa. Arranja um amigo engomadinho que o ajuda a combater o cicerone mágico da festa. Depois, do mesmo jeito esquisito que saiu volta para a floresta com sede e fome de javali.
Técnica: Tem a leveza dos contos divertidos. Está enxuto e arrumado.
Criatividade: Bem interessante, embora eu tenha gostado mais da parte com o javali. Acho que, com o devido esmero, a trama pode ficar mais azeitada.
Impacto: Pequeno, mas sem desmerecer. Afinal é uma história despretensiosa.
Destaque:“Não vê que é um javali?”, seu lado lógico respondeu. “Uma criaturinha desgraçada, feroz em uma luta, deliciosa em um banquete”. Kkk… Assim como os escritores do EC.
Sugestão: Fazer uma conexão desse javali com a viagem do bárbaro. Você criou um bom embate entre dois personagens fortes e depois não aproveitou.
Cabe revisão. Exemplo: “ a aura que emanava daquele homem era assustador” (ASSUSTADORA)
Fala, Samuel
Um guerreiro encontra uma entidade travestida de Javali para um embate épico. Em seguida, entra num joguete de mágica e força. Ao final, retorna ao lugar de origem. Tudo numa pegada de RPG e mudanças abruptas.
Pontos Positivos:
O Conto possui diversos elementos que fazem da fantasia um grande tema. As ações são ricamente detalhas e dão muita dinâmica ao texto. O alivio cómico, recurso amplamente usado neste tipo de narrativa, é bem aplicado algumas vezes, deixo aqui um exemplo: “Alivios cómicos na narrativa, típicos do estilo ““Excremento de porco”, falou indignado. “Sem ofensas”, acrescentou quando o javali se aproximou.” O protagonista foi bem explorado e suas características bem definidas.
Sugestões de pontos a melhoras:
“Broman, o bárbaro.” Sério? Se foi na intenção de fazer chacota com o Conan original, deveria ter mais humor e mais caracterização. Ainda que fosse um retrato de um jogo de RPG, os jogadores costuma se destacar pela criatividade e certa originalidade.
O uso das perguntas retóricas poderia ser melhor dosado, é preciso de cuidado até quando a intenção for de caricato.
Penso que o autor deveria levar em consideração, a alternância da voz do personagem, em momentos temos o moderno/usual e em outros temos o contextual/de época/espaço exemplo “o mesmo cara que diz “que merda é essa?” diz também “Rameira que me partejou”. Volto a dizer, se é a intenção principal do narrador criar essa diferença, deveria estar melhor marcado.
Outrossim, o autor quando narra da perspectiva de um protagonista, ou seja, de dentro da sua cabeça e tendo sua ótica como fio condutor, deve tomar cuidado para não descrever bruscamente o sentir dos outros, exemplo: “”O javali sentiu medo, a aura que emanava daquele homem era assustador (A), talvez fosse melhor recuar.” Penso que aqui seria muito melhor se você descrevesse a sensação, tipo “recuou com os pelos ouriçados, olhos vacilantes” ao invés do simples “o javali sentiu medo.
Por fim, creio que não consegui alcançar algumas entrelinhas e pode ser que por ter papado mosca, tenha visto algumas coisas que não curti muito.
Personagens que surgem rápido e de forma abrupta, tipo a mãe com o filho, a disputa na mansão, a volta pra floresta. Confesso que fiquei meio perdido, sem saber se estava em jogo de rede, uma realidade alternativa ou um épico “real” de fantasia.
De qualquer modo,
Boa sorte no desafio
BREVE RESUMO: Broman, o bárbaro, encontra e enfrenta o Javali (sempre ele, maldito seja!) antropófago. O guerreiro tenta surpreender, mas é atrapalhado por uma mulher, a filha do coletor de impostos, no meio do campo de batalha. Consegue trespassar o animal, que pula de dor e abre um buraco ao cair. Ao recobrar a consciência, estava em outro lugar, uma corte satânica onde estava prisioneiro. Os thelemitas (ao que parece) estavam invocando poderes de levitação e teletransporte, e ele acaba fora do salão, onde luta com o cultista Harry (adversário de Ciroc?) , que aparentemente se torna um aliado do bárbaro, ainda que momentâneo. Segue-se uma luta mágica, incluindo uma panela de pressão (?) usada como espada. Volta para a floresta e encontra um homem de branco, que some. Finalmente, chega numa estrada e pede cerveja e um javali assado.
PREMISSA: Uma luta mágica, de bárbaros, magos e magias, bem dentro da premissa fantasia.
TÉCNICA: a narrativa é em muitos pontos confusa, e a escolha de misturar lendas, bárbaros e ocultismo fez uma mistura não muito homogênea.
EFEITO: o efeito não foi o esperado – a história em vários pontos se perde, ou melhor, precisa reencontrar um eixo, quase sempre levando o herói para outro cenário. Desejo sorte, continue a desenvolver suas histórias!
🗒 Resumo: um bárbaro lutava contra um enorme javali qdo é tragado para uma estranha mansão onde algumas pessoas possuem poderes mágicos. Ele consegue vencer o mago maligno com uma panela de pressão e acaba conseguindo salvar uma criatura angelical, quer parece ter sido o responsável por levá-lo até lá.
📜 Trama (⭐⭐▫▫▫): a história utiliza aquela técnica de jogar o protagonista e, principalmente, os leitores numa sopa de acontecimentos estranhos. O problema desta aqui é que o conto termina e não há muitas explicações sobre o motivo de tamanha loucura.
Algumas passagens, como a mulher do coletor de impostos, me pareceram fora de lugar, sobraram na trama. O próprio javali do início do texto também foi colocado apenas como easter egg, sem utilidade para o restante. Diz-se por aí que, num conto, ainda mais num conto curto como os do desafio, se uma escopeta é colocada, ela deve atirar. Ou seja, nada deve sobrar.
Além disso, na batalha entre os dois magos, como não há identificação do leitor por nenhuma das figuras, não há torcida, então não há vibração e a cena passa meio fria. Talvez fosse importante definir melhor a figura do Harry, para que nós nos importasse com ele para que aquela batalha fosse mais vívida.
Enfim, é uma história louca (alucinante), mas que precisava ter mais um pouquinho de pé no chão para funcionar melhor.
📝 Técnica (⭐⭐▫▫▫): uma escrita um tanto informal, me pareceu quase desinteressada. Daquelas que o autor não está ser preocupando tanto com o “como” escrever e muito mais com o “o quê” está escrevendo. Não há grandes erros, e isso é muito bom, mas sugiro, depois do texto encerrado, investir bastante nas revisão, trabalhando melhor as palavras e evitando repetições de palavras iguais próximas.
▪Onde eu *to* (tô)
▪Desconfiado *vírgula* seguiu pelo corredor vazio
▪gritou Cirnoc com *escarnio* (escárnio)
🎯 Tema (⭐⭐): fantasia e comédia [✔]
💡 Criatividade (⭐⭐▫): dá pra enxergar a criatividade do autor nesse texto, mas faltou um pouco mais para ela ficar ainda mais evidente.
🎭 Impacto (⭐⭐▫▫▫): a melhor parte do conto é a comédia, principalmente nos primeiros parágrafos. Não cheguei a rir, mas sorri com as situações inusitadas. Depois, na mansão, a confusão foi maior que a diversão. No fim, terminei o texto ainda confuso, então acabei meio frustrado.
Resumo: Um guerreiro lutando contra um javali gigante numa floresta. Depois é transportado para um castelo, se encontrando com um grupo de ocultistas para entrar num duelo de feiticeiros, retornando à floresta no fim.
Considerações: eu achei o conto um pouco confuso e corrido. Há várias referências nas entrelinhas, algumas mais e outras menos visíveis, mas não tem muito tempo pra poder ir captando melhor, já que as cenas vão se atropelando. O guerreiro medieval nos lembra da luta do Hércules contra o Javali de Erimanto. O estilo de luta do Broman me lembrou os lutadores do YuYu Hakusho, sempre aumentando de poder. A reunião ocultista cita o nome de Aleister, provavelmente uma referência a Aleister Crowley. Gosto de contos que trazem inspirações e conseguem criar uma segunda camada de leitura. Mas os tropeços e falta de uma construção mais arrojada acabaram prejudicando, por outro lado. Na cena em que a mulher aparece por exemplo. É estranho visualizar a floresta toda sendo destruída, árvores quebradas e barulho, mas a mulher e as crianças caminhando tranquilamente ali perto.
Olá Samuel; tudo bem? 😉
O seu conto é o décimo oitavo trabalho que eu estou lendo e avaliando (o último da lista de contos obrigatórios).
COMENTÁRIOS GERAIS: Gostei do enredo fantástico. Achei que o conto ficou bem revestido com a aura característica do gênero. Curti as cenas de batalha e notei a destreza com a qual dominou a pena nestas passagens, causando tensão e produzindo no leitor o desejo de continuar lendo e saber como iriam acabar as cenas. Quando a história se teletransporta para o castelo/caverna, senti uma pequena diminuída na ação. Talvez se fosse mantida a mesma agilidade do início da trama (aliás, gostei bastante do começo da obra), o ritmo teria ficado mais uniforme. A fonética dos nomes foi também bem imaginada, trabalhando com o subconsciente do leitor, onde o guerreiro Broman remete logo para Conan o bárbaro, o feiticeiro Harry ao famoso Potter… E por aí vai (quero dizer, você foi)! Enfim, um bom e gostoso conto! 😉
Parabéns e boa sorte no Desafio!
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RESUMO DA HISTÓRIA:
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Em uma floresta, guerreiro encontra uma besta demoníaca no formato de um javali. Após sangrento combate, vence a fera. No entanto, é transportado para um castelo ou mansão mágica, onde feiticeiros e outras criaturas fantásticas também disputam uma guerra. Ao final, o guerreiro vencedor retorna para sua floresta de origem, com sede e fome.
A história de um guerreiro que passa por boas aventuras com magos e javalis.
A história começa bem interessante com um misto de comédia e fantasia (o único conto que ousou isso nessa série). Com diálogos potentes e boas descrições, o autor consegue prender a atenção do leitor. Infelizmente, a partir da segunda parte, na qual aparecem os magos, o tom cômico desaparece e a trama parece se tornar atropeladas, sem tempo para que alguém se debruce sobre detalhes. Torna-se também um pouco confuso já que não há descrições o suficiente. Está-se em uma festa ocultista, depois em uma caverna, depois de volta à floresta… Acho que é muita informação em um espaço curto.
Broman é um cão sem rumo, um personagem que só depende da própria sorte e acaba sendo manipulado pelos cultistas. Ele encara o javali, depois vai parar na festa dos cultistas, e novamente fuginco acaba na floresta onde encontra o homem que seria supostamente sua desgraça. Ao final, pede cerveja e javali a um desconhecido.
Conto bem imaginativo mas que não se pede pelo excesso, há um controle das cenas, uma mão dosada do escritor que não deixa a história desandar para uma aleatoreidade de contações. Broman, como disse, é estrela na categoria de caminhante solitário da fantasia, com um toque medieval que fica bom, e por isso, por esse seu desprendimento para com todo o resto, que acompanhei atento sua saga até o final. Conto que se peca um pouco por deslizes na formação de frases, tem um ganho enorme na carga dos personagens e cenas de ação.
Olá, Samuel.
Resumo da históra:
Broman é um bárbaro que após enfrentar um javali gigante passa por algumas situações delirantes numa espécie de festa numa mansão e depois ao lutar contra um mago usando uma panela de pressão. Ao final retornou ao seu mundo original, onde poderia beber cerveja e comer javali sossegado.
Prós: uma história original, com várias situações cômicas e expressões divertidas.
Contras: a trama é muito confusa e tudo acontece com extrema rapidez, não permitindo muita empatia por parte do leitor, seja por Broman, seja pelas personagens secundárias.
Nota: 3
RATO (Resumo, Adequação, Texto, Ordenação)
R: “Broman” foi ótimo, grande sacada. Lembrou um jogo antigo de Snes, o saudoso Lost Vikings. Bem, o texto é uma quase odisseia de um bárbaro em busca de manter a fama/matar a fome. Sobrou até para o javali. Não traz muito contexto de sua vida, mas em poucos parágrafos sua personalidade se desenha no inconsciente do leitor. Faltou um pouco de substância, principalmente na parte da luta, e quase não ocorre evolução no personagem, mas é um texto que diverte mesmo assim.
A: Traz a ambientação clássica, com pitadas de humor e ironia. A fantasia já vem implícita na criatura, e o conto passeia pela escala padrão das coisas: monstros, figuras esguias, magos, anões bagunceiros, desafios, etc. Tem muita personalidade, só que o texto ficou apenas no básico. – 4,0
T: Então. É divertido, mas só isso. Faltou um salto, uma evolução/transformação no personagem. Terminou como começou. Até achei que ele conseguiria dar cabo do javali, ou tornar-se amigo dele, quem sabe, mas o foco da história mudou completamente no meio, e dali em diante se perdeu. Ocorrem muitas coisas com muitos pontos de vista e isso confundiu bastante. Acho que a história estava se saindo muito bem enquanto focava apenas na luta do homem contra a natureza. Quando enfiou outros personagens apenas para “cumprir a cota”, estragou um pouco a diversão. – 3,0
O: Início: ótimo. Desenvolvimento: ótimo. Conclusão: péssima. Como sugestão, se desfazer dos coadjuvantes desnecessários e lapidar o que realmente interessa: o baixinho invocado contra o javali. A partir dali podem acontecer outras coisas, mas não tirar o foco para outro evento que não acrescentada nada. É um texto que me dividiu completamente: gostei da premissa e do início. Mas o desenrolar precisa de maior lapidação. – 3,0
[3,3]
Olá autor(a),
Tudo bem?
Resumo:
Após encontrar um Javali, um homem faz uma viagem alucinante por universos e locais desconhecidos, até se deparar com um estranho homem branco que o devolve à “realidade”.
Meu ponto de vista:
Há um universo na cabeça do(a) autor(a), cheio de aventuras e detalhes que lembram as peripécias de Asterix. Talvez, devido à limitação de palavras do desafio (ao menos para mim), as transições “entre-aventuras” do personagem protagonista tenham soado um tantinho abruptas. O que, se por um lado torna a trama eletrizante, por outro, deixa o leitor um pouquinho confuso, já que, aqui, lemos um conto.
Minha sugestão é que transforme o conto em uma novela, romance, ou, história em quadrinhos (longa ou em episódios). Ficaria bem legal.
Imagino que o homem branco encontrado como um tipo de Deus na floresta, seja o escritor, jogando o personagem para cá e para lá em seus mundos e aventuras. Um toque de dedo, deve ser a digitação. 😉 rsrs
Parabéns por escrever.
Desejo sorte no desafio.
Beijos
Paula Giannini
Broman é um guerreiro que busca perecer em batalha para receber o favor dos deuses. Após uma luta contra um Javali, Broman cai em uma escola de magia. Onde luta e não é derrotado.
Gostei da proposta de juntar Fantasia e Comédia. O conto consegue entrar em ambos os temas. A tirada interna com o Javali, não comprometeu o conto para quem não entende a piada, faz sentido em si. Não cheguei a rir mas achei bem simpático. A história e que ficou confusa e confesso que ficou meio jogada ou eu não entendi a do mago no final. Mesmo assim achei bom.
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RESUMO
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Ao lutar contra um javali gigante, bárbaro é arremessado numa cidade, onde magos disputam o poder.
Após presenciar e participar dessa luta entre os magos, retorna à floresta, com fome e sendento.
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ANOTAÇÕES AUXILIARES
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Broman vê javali gigante devorando um humano.
Fica no dilema de enfentar a besta ou fugir.
Fugiu e depois encarou.
Antes de começar a luta, viu uma mulher com duas crianças.
Quando o javali vai atacar o garotinho, Bronan ataca.
O javali salta para uma cidade e Bronan vai junto. Após a queda, Bronan desmaia.
Acorda numa casa cheia de gente. Era uma prisão.
Presencia um tipo de discurso político, ou ritualístico.
O homem qu discursava começou a voar, incitando os outros a fazer o mesmo.
Por algum motivo que não ficou muito claro, Broman sente o “poder do diabo”, se desespera e tenta fugir.
Tropeça em alguém e se “teleporta” para uma caverna.
Os homens começam a discutor entre eles. Broman ataca Cirnoc (o homem que voava), mas é rechaçado.
Briga dos magos.
Broman ataca com uma… panela de pressão e volta (novo teleporte) para a floresta em seguida.
Broman se depara com um tipo de anjo, tenta atacá-lo, mas é rechaçado. A criatura desaparece.
Um cavaleiro cruza o caminho e Broman lhe pede cerveja… e javali.
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TÉCNICA
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É uma linguagem direta e facilmente assimilável. O lado bom é que o texto passa rápido, o ruim é que não traz diferencial algum.
Os parágrafos são muito entrecortados e algumas passagens corridas.
– É melhor viver como um covarde do que morrer como herói
>>> minha mãe falava isso kkkkkkk “melhor ser um covarde vivo do que um herói morto”. Conselhos que moldaram meu caráter.
– Rameira que me partejou
>>> na segunda leitura eu dei risada aqui kkkkk
– aura que emanava daquele homem era assustador
>>> assustadora
– mas o garotinho, rechonchudinho, dava um caldo
>>> kkkkkkkk
– esdruxulamente partido ao meio, lembrava um grimório.
>>> boa descrição para formar a imagem mental do sujeito
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TRAMA
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Uma fantasia que tenta satirizar (atendendo ao tema comédia também) histórias tipo Conan, o Bárbaro.
Até a luta com o javali estava interessante, mas depois disso, na cidade dos magos, mistura muita coisa, entram muitos eventos e personagens, acaba sobrando informação para pouco espaço. O efeito de diversão se perdeu ante a confusão.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Um conto que certamente ficaria melhor se focasse em menos eventos e se utilizasse mais da sátira.
NOTA: 3,5
RESUMO: Broman é um sujeito que se depara com a cena incrível de um enorme javali saboreando um ser humano. A criatura, que na verdade é do Mal, percebe o observador e o persegue. Broman consegue se livrar do javali e desmaia. Acorda em outro local, sendo convocado para se apresentar em uma espécie de show, onde um outro sujeito levita. Tem que lidar com outra criatura do Mal – Cirnoc. Broman consegue fugir e no final arruma uma carona de cavalo. Sente vontade de tomar cerveja e comer javali.
AVALIAÇÃO: Conto mesclado de fantasia e comédia. Não se aprofundou em nenhum dos dois temas, mas teve seus momentos divertidos. Talvez se diminuísse um pouco o número de personagens e situações, o conto se desenvolveria melhor. Fiquei em dúvida se o personagem Harry era uma referência a Harry Potter. Senti que em algum momento, o(a) autor(a) perdeu-se um pouco no desenrolar da trama. Linguagem clara, simples e precisa. Não encontrei erros que mereçam apontamentos.
Até a próxima rodada. Boa sorte!
Fala, Samuel
Um guerreiro encontra uma entidade travestida de Javali para um embate épico. Em seguida, entra num joguete de mágica e força. Ao final, retorna ao lugar de origem. Tudo numa pegada de RPG e mudanças abruptas.
Pontos Positivos:
O Conto possui diversos elementos que fazem da fantasia um grande tema. As ações são ricamente detalhas e dão muita dinâmica ao texto. O alivio cómico, recurso amplamente usado neste tipo de narrativa, é bem aplicado algumas vezes, deixo aqui um exemplo: “Alivios cómicos na narrativa, típicos do estilo ““Excremento de porco”, falou indignado. “Sem ofensas”, acrescentou quando o javali se aproximou.” O protagonista foi bem explorado e suas características bem definidas.
Sugestões de pontos a melhoras:
“Broman, o bárbaro.” Sério? Se foi na intenção de fazer chacota com o Conan original, deveria ter mais humor e mais caracterização. Ainda que fosse um retrato de um jogo de RPG, os jogadores costuma se destacar pela criatividade e certa originalidade.
O uso das perguntas retóricas poderia ser melhor dosado, é preciso de cuidado até quando a intenção for de caricato.
Penso que o autor deveria levar em consideração, a alternância da voz do personagem, em momentos temos o moderno/usual e em outros temos o contextual/de época/espaço exemplo “o mesmo cara que diz “que merda é essa?” diz também “Rameira que me partejou”. Volto a dizer, se é a intenção principal do narrador criar essa diferença, deveria estar melhor marcado.
Outrossim, o autor quando narra da perspectiva de um protagonista, ou seja, de dentro da sua cabeça e tendo sua ótica como fio condutor, deve tomar cuidado para não descrever bruscamente o sentir dos outros, exemplo: “”O javali sentiu medo, a aura que emanava daquele homem era assustador (A), talvez fosse melhor recuar.” Penso que aqui seria muito melhor se você descrevesse a sensação, tipo “recuou com os pelos ouriçados, olhos vacilantes” ao invés do simples “o javali sentiu medo.
Por fim, creio que não consegui alcançar algumas entrelinhas e pode ser que por ter papado mosca, tenha visto algumas coisas que não curti muito.
Personagens que surgem rápido e de forma abrupta, tipo a mãe com o filho, a disputa na mansão, a volta pra floresta. Confesso que fiquei meio perdido, sem saber se estava em jogo de rede, uma realidade alternativa ou um épico “real” de fantasia.
De qualquer modo,
Boa sorte no desafio
Seu conto me fez parar de ler na metade para voltar ao início e tentar entender melhor o que você queria dizer.
Vemos aqui a história de Broman, o bárbaro, que vai até a floresta matar um javali gigante, percebe que não é capaz do feito e tenta fugir, ao que se segue um monte de coisas sem sentido.
No início fiquei curioso com o javali. O animal é símbolo da nossa pequena comunidade então acabei tentando imaginar que você, na verdade, estava fazendo uma alusão ao Entre Contos o tempo inteiro. Por exemplo:
Broman é uma analogia ao escritor. Ele é descrito como um bárbaro na história para refletir a falta de auto-estima… ele se sente um imbecil.
O Javali é o desafio do Entre Contos. Broman reclama que não há como vencê-lo por quê “o espaço é estreito demais”: uma analogia ao limite pequeno de palavras no desafio. A floresta onde Broman se encontra é feita de vários contos, cada um uma árvore, e o javali vem destruindo árvores a torto e direito tentando capturá-lo.
A cidade que Broman tenta alcançar é a “volta à normalidade” e o Javali correndo atrás dele seria a “vontade que ele tem que participar do desafio”… ele tenta fugir mas, no fim, é pego por ele.
Eu fui fazendo estas analogias mas… conforme avancei na leitura, fiquei com preguiça. O texto é MUITO sem sentido. Não tem pé nem cabeça e, no final, minhas analogias precisavam de uma “ginástica mental” tão grande que simplesmente desisti.
Além disso a escrita peca na pontuação e na revisão. Ela é simples, o que não é um defeito, mas em alguns momentos chega a ser simples demais, não sendo capaz de descrever com alguma precisão o cenário onde os personagens se encontram. As cenas se intercalam, não há passagem de tempo, desenvolvimento de personagens nem nada.
A sensação que ficou no final foi de ter lido um brainstorm louco de um escritor com muita imaginação mas sem paciência para encaixar as peças da história que acabou de imaginar.
Resumo: Um bárbaro encontra um javali gigante na floresta e luta com ele quando o animal tenta devorar uma criança; do impacto gerado pela luta surge um portal que transfere o bárbaro (Broman) para uma espécie de teatro onde um tal Harry faz uma apresentação de levitação, até ser confrontado por um mago. O bárbaro ajuda Harry na luta, usando uma panela de pressão e derrota o mago maléfico. Por fim, Broman retorna à sua realidade, e tudo acaba com uma cerveja.
Considerações: O conto reúne elementos típicos da chamada Era Hiboriana, criada por Robert E. Howard e transportada para os quadrinhos com o personagem Conan, o Bárbaro. De fato, há muitos elementos que levam a esse reflexo no conto. Cito como exemplos a espada, as interjeições, o gosto pela cerveja e a luta com o ser demoníaco. Porém, o conto inova ao deslocar o bárbaro para outro cenário, onde uma história completamente diversa se desenrola, com um embate de magos/mágicos – sendo um deles o célebre Harry Houdini, famoso pelas fugas impossíveis.
O conto ganha pontos pela criatividade, mas é fato que tantos elementos diferentes acabam acelerando demais os acontecimentos. Tudo ocorre rápido demais, sem momentos de digressão, sem convite à meditação. Funciona bem como roteiro, mas não como peça provocativa. Trata-se, naturalmente, de uma opção do autor privilegiar a ação em detrimento dos embates psicológicos. Isso resulta em personagens planos e esquemáticos, em uma narrativa que por um lado entretém mas que por outro se torna facilmente esquecível.
Em suma, o conto funciona bem como homenagem ao velho Conan e seu mundo particular. Funciona bem, também, como homenagem ao EC – olha ali o javali! -, mas como peça literária, ao menos para mim, ficou aquém do esperado, já que tendo a apreciar leituras mais profundas e provocativas.