Puck voava despreocupado como de costume. Veloz como era, ziguezagueava por entre as coníferas, balançando folhas e galhos e derrubando frutos que, por sua vez, eram logo atacados por esquilos comilões que surgiam por todos os lados. Vez ou outra, o elfo alado roubava alguma colmeia menos protegida, apenas para ser perseguido por um batalhão de zangões zangados. As reclamações, é claro, chegavam aos ouvidos de Oberon.
– Já lhe disse que não deve fazê-lo, Puck. O que passa por essa cabeça minúscula?
– Está preenchida por vontade de comer mel.
No entanto, naquele dia, o roubo de uma colmeia era problema menor do que em situações corriqueiras. Havia certa tensão no bosque.
As árvores aquietavam-se, o ar calava-se, a relva imobilizava-se, o céu contemplava a tudo, mas não emitia opiniões. E a Puck, tudo começou a parecer estranho.
– O que há com as coisas? Parecem extremamente fora de sua normalidade.
Voou, então, apressadamente, em direção ao Trono de Oberon. Encontrou, por lá, um par de guardas de Ric-Ardel que o impediram de prosseguir.
– Estranho, muito estranho. – mas como Puck era dessas criaturas desaforadas que não aceitam ser impedidos de bisbilhotarem o que não é de sua conta, conseguiu, de alguma forma, burlar os tais guardas, e adentrou ao cerco formado.
Encontrou um conselho de criaturas mágicas formado por Oberon, Titânia e Ric-Ardel, mas o que realmente lhe impressionou foi a presença de Xtopherus. Era rara a presença do senhor dos drows em tais conselhos.
– Fabuloso. – disse Puck, e aproximou as orelhas para ouvir melhor.
– Mas o que houve, afinal, de tão grave para que se chegasse a tal ponto? – Oberon questionava.
– A paz pode ser quebrada a qualquer momento, meu senhor. – respondeu Ric-Ardel. – Tal evento não passaria desapercebido, mesmo por aqueles que duvidam da existência da comunidade mágica.
– Mas um elfo envolver-se com uma humana é algo assim tão grave?
Ante tal questionamento, foi possível ouvir Xtopherus resmungar. Os outros três olharam para ele, esperando que dissesse algo, mas o senhor dos drows manteve-se calado. Ric-Ardel continuou.
– Não foi um simples envolvimento. – disse em tom taciturno.
– E então? – voltou a perguntar Oberon.
– Ele a estuprou.
Calaram-se todos. Oberon esbugalhou os olhos e deixou-se cair em seu trono. Titânia tinha fúria no olhar. Ric-Ardel abaixou a cabeça, culpa em seu semblante. Apenas Xtopherus não abalou-se tomando para si, enfim, a palavra.
– Já os alerto a tempos acerca do envolvimento com os primatas. Já lhes avisei do perigo inúmeras vezes…
– Seus argumentos são infundados… – interrompeu Ric-Ardel.
– VOCÊ SE ESQUECE? SE ESQUECE DE MEU FILHO? – berrou em protesto o drow.
Calaram-se outra vez, a tensão agora palpável no ar. Puck, tendo visto o suficiente, afastou-se, deu meia volta e seguiu por uma trilha em direção à floresta. Voava lentamente, tentando processar o que havia ouvido.
– Deve haver algum modo. – pensou consigo.
***
– Todos calados, todos calados! – gritava o elfo alado. – Esse é o conselho de Puck.
Espalhados pela clareira, encontravam-se múltiplas criaturas da floresta. Gnomos discutiam com suas vozes fininhas. Algumas fadas de Titânia haviam fugido e observavam detrás de uma árvore. Um velho druida cego estava sentado sobre as raízes de um carvalho, ouvindo tudo silenciosamente.
– Quero saber do que houve. Quem ouviu as histórias e podem contá-las?
– Ouvi que ele agarrou ela à força! – disse um duende. – Rasgou as roupas dela e afogou-a nas águas.
– Eu soube que ela o provocou. – respondeu um elfo alado. – Todos os dias banhava-se em sua presença. Completamente nua.
As fadas de Titânia resmungaram ao fundo, e uma nova confusão começou.
– Silêncio! Silêncio! – gritou Puck. – Precisamos saber da verdade, e não discutirmos contos de fadas. – não resistiu à provocação. – A verdade. A verdade!
– Então escolhei uma e ficai com ela. – disse uma voz do mundo da floresta. As criaturas mágicas e os animais presentes calaram-se, alguns fugiram, outros se esconderam. Os que ficaram observaram um velho fauno surgir dentre as árvores.
– Enius? – Puck colocou as mãos na cintura. – Veio juntar-se ao conselho de Puck?
O fauno sorriu.
– Ora, pequeno. Credes que perderia tal oportunidade?
– Então sabe do que aconteceu? – perguntou uma ninfa.
– O que quereis saber?
– Conte-nos a história. – gritaram as vozes.
– Fa-lo-ei.
***
Andava sozinho pelo bosque a procura de amoras quando viu-a. Banhava-se nas águas de um lago, a pele cálida, sobre a qual a água escorria-se, chamou-lhe a atenção. Era bela como nunca vira antes. Escondeu-se por detrás de um cedro e observou-a. Por dias e dias assim foi, sem que ela o notasse.
No vigésimo quinto dia, os pássaros cantavam alto quando, exaltado, apoiou-se contra um galho que quebrou. Saiu rolando encosta abaixo, caindo ao lago. A humana gritou e correu quando viu-lhe. Tentou aproximar-se dela a despeito dos gritos e das recusas. Afastou-se quando percebeu que ela temia-o. Em seu coração não entendia, porque, a ele, ela era bem precioso impossível de explicar.
Ao notar-lhe que não causaria-lhe mal, no entanto, a humana saiu detrás das árvores. As mãos cobriam-lhe a nudez. Ela olhou-o tentando entender o que se passava. Nunca vira sujeito tão peculiar. Ela perguntou-lhe o nome, de onde vinha e por que estava ali. Ele respondeu-lhe tudo com calma, explicando-se. Ela enfim vestiu-se.
Continuaram a conversar à beira do lago. Ela fascinou-se com sua história. Ver o sorriso formando-se no rosto da humana fez seu coração disparar. Ver que ela estava interessada nele despertou-lhe algo que nunca sentira.
Passaram a encontrar-se todos os dias perto do lago. Conversavam sobre seus mundos, contando maravilhas um ao outro. Ele fascinou-se ainda mais por ela, por sua gentileza e bondade. Começou a ponderar se ela também não sentia algo por ele.
Foi no vigésimo quinto dia de conversas que ela despiu-se em sua frente e entrou no lago. Ele fez o mesmo e seguiu atrás dela. Em algum momento, tomou-a nos braços e beijou-a. O corpo dela aceitou-lhe. Os lábios dela eram suaves, o corpo macio, os cabelos massageavam sua pele. Seu coração palpitava enquanto tinha-a. Quando penetrou-a, foi o paraíso. Sentiu os corpos tornando-se um. Dançavam dentro da água, um levando o outro em um balé composto pelos deuses. Quando atingiu o ápice, preencheu-a com seu amor. E então foi tomado por uma felicidade inexplicável. Então olhou nos olhos dela e viu vazio. Medo e pavor misturados. Então tudo dentro de si morreu. Ele próprio foi tomado por aquele pavor e fugiu, correndo e deixando-a para trás.
***
– Não me parece de todo mal. – disse Puck, o dedo ao queixo.
– Não vê que é uma grande mentira!- gritou uma fada ao fundo. – O fauno mente!
– Por que ofendei-vos se a história ainda há de terminar. Esperai e escutai.
***
Tomava banho todos os dias naquele lago, despreocupada da natureza. Um dia, caiu-lhe, ao lado, um sujeito estranho, de pele pálida e cabelos louros e belos. Correu, temendo por sua integridade. Observou-o por detrás de um cedro. Parecia tão assustado como ela.
Aproximou-se dele, ainda nua, a procurar as roupas que deixara em algum lugar. Interrogou-o enquanto vestia-se. Notou que era diferente de outros, tanto por fora como por dentro. Espantou-se, de início, com seus segredos.
Sentaram à beira do lago, trocando confidências. Ele ganhou sua confiança. Passaram a encontrar-se todos os dias. Agradava-lhe a sua presença. Ele sabia ouvir, era o amigo que faltava-lhe.
No vigésimo quinto dia, já sentia-se, de tal modo, próxima a ele que não hesitou em despir-se e saltar ao lago. Ele seguiu-lhe, e brincaram como dois irmãos na água. Então ele agarrou-lhe, e tudo mudou.
Tentou dizer-lhe que confundia as coisas, que não sentia-se daquela forma em relação a ele, mas os lábios dele calavam-na. Tentou libertar-se de seus braços sem sucesso. Os lábios dele eram rígidos, o corpo sufocante, os cabelos espetavam sua pele. Seu coração disparava em desespero, tentando soltar-se. Quando ela penetrou-a, foi o inferno. Sentiu ele invadindo-a. A água parecia uma prisão da qual não conseguia escapar por mais que debatesse-se. Quando ele atingiu o ápice, ela encheu-se de ódio. E então, tomou-lhe uma tristeza inexplicável. Ao olhar nos olhos dele, enxergou uma besta assustadora. Orgulho e luxúria misturados. Caiu em prantos enquanto ele corria para longe.
***
– Hmmm, me parece uma história bem diferente da outra. – ponderou, Puck voando em círculos. – Qual das duas é verdade, afinal?
– Ambas. E nenhuma. – disse o fauno.
***
Puck voou de volta ao acampamento de Oberon, ainda pensando sobre as histórias de Enus.
– Esses conselhos de nada servem. – disse para si mesmo. – Confundem a todos.
Notou, então, ao longe, uma multidão. Cercavam um cedro em meio a uma clareira. Aproximou-se, abrindo espaço entre seres maiores que ele próprio.
– O que há? O que há? Deixem-me ver.
Estancou, então, diante da visão de um elfo, preso pelo pescoço por uma corda, balançando de um lado para o outro. Lágrimas ainda brotavam-lhe dos olhos mortos.
Em meio à multidão, Oberon parecia triste. Agarrava com força a mão de Titânia. Rod-Gael ainda mais desolado contemplava o corpo sem piscar. Não havia sinal de Xtopherus.
Puck ouviu Enius aproximar-se e disse ao fauno.
– Não importa qual das histórias é real. Me parece que esse é o fim.
Então voou para a floresta a procura de mel.
A história narra o esforço de um elfo em entender um evento problemático em seu reino. Uma humana manteve relações com um drow e isso custou sua vida. Percebendo a tensão por conta do evento, Puck, o elfo, tenta decifrar o que aconteceu para resolver o caso. Mas não chega a conclusão alguma.
De início, é interessante como o conto transita de uma perspectiva juvenil para adulta e, então, juvenil novamente. Isso fica bem marcado pela linguagem dos personagens que orientam a narrativa. No caso de Puck, temos “esquilos comilões” e “zangões zangados”, enquanto com o fauno temos “pele cálida”, “corpo macio” e “penetração”. Eu costumo sempre apontar os desvios da forma narrativa como algo negativo nos textos, mas aqui funciona muito bem, pois é caracterizador dos personagens e do sentido da história.
Apenas pelo estilo da narração conhecemos melhor Puck e o Fauno, e conhecendo o jeito de ambos compreendemos um pouco melhor o mundo criado, sem a necessidade de longas exposições. O mundo, aliás, é parecido com o nosso, e elfos como Puck representam a perspectiva brincalhona e inocente das crianças sobre um mundo que pode ser frio e cruel. Puck, como os inocentes, não é separado do mundo do qual fazem parte, mas o ressignifica de modo que possa entendê-lo para lidar com ele. Percebe a tensão na atmosfera e tenta resolver o problema como as crianças fazem muitas vezes, replicando os adultos. É o que o elfo faz, ao tentar reproduzir o Conselho dos adultos em busca de respostas.
É, justamente, um adulto (o VELHO fauno) que explica o que aconteceu. Ou, melhor, o que poderia ter acontecido no mundo real e cru que Puck ainda não compreende. Diante da complexidade do que pode ser, o elfo se satisfaz com a resolução do problema ao final, voltando para a simplicidade da sua vida, tal como criança.
Sobre as duas histórias do fauno (e quero acreditar que poderiam ser várias histórias com outro limite de palavras), gostei dos paralelos antagônicos no último parágrafo. Talvez ficasse ainda mais interessante (e certamente difícil), se o paralelismo fosse feito em todos os parágrafos de relato (note que nem mesmo a quantidade de parágrafos bateu).
Gostei bastante da narrativa. O ritmo e a representação dos personagens estão ótimas. O paralelismo com as crianças vivendo a sua maneira no mundo real, também. Meus parabéns. 4 o um anéis.
Lágrimas de Orvalho (Alissa Harlem Kewpie)
Sinopse: Um elfo presencia uma reunião de do conselho de criaturas mágicas e descobre que um elfo foi acusado de estuprar uma humana. Ele vai correndo contar para todas as outras criaturas da floresta e um fauno conta o que sabe. Duas versões da história são apresentadas, uma do ponto de vista do elfo e outra do ponto de vista da humana. Nos dois, fica claro que o elfo a forçou sim. No final do conto o elfo que estuprou a humana é enforcado.
Olá, Autor(a)!
Me desculpe, mas eu não gostei nada do seu conto. Está muito bem escrito, com um estilo firme e um enredo sólido, personagens bem desenvolvidos. Não sei o que você quis com essa história, mas quando eu li, eu interpretei de um jeito que eu espero muito que não tenha nada a ver com o que queria passar. Me pareceu que o conto quer mostrar que às vezes o homem é mal interpretado quando abusa de uma mulher, que toda a história tem dois lados e que a mulher teve culpa sim de nadar pelada na frente dele, que ela o provocou, e no final o pobre homem acaba sendo julgado e morto, no caso do elfo, mesmo sem ter tido a intenção de abusar. Tomara que essa interpretação esteja errada.
Fantasia com elementais, narra as duas versões de um suposto crime, sob a ótica da defesa e acusação – pelos olhos do elfo Puck.
Achei bem escrito, bem desenvolvido, a leitura fluiu facilmente, mas me senti um tanto incomodada quanto à essa questão de (in)justiça.
Um incômodo bom, de fazer refletir.
Acho bastante polêmico também, já que envolve questão de estupro.
O final foi bem triste, confesso que chorei.
Gostei do seu conto.
Parabéns e boa sorte!
Resumo: um elfo e uma humana se envolvem. Pode ter sido consentido, ou pode ter sido forçado, dependendo do ponto de vista. Nada fica claro nesse embate.
Impressões: o conto nos joga questões desconfortáveis, que ultrapassam sobremaneira a atmosfera de fantasia. De fato, os seres mágicos, na verdade todo o contexto fantasioso, são dispensáveis, já que o que realmente importa é debater as versões, o que é e que não é. E isso, vemos, depende de quem conta, depende do ponto de vista. Ou não. O texto não dá pistas de qual das versões é a verdadeira, consistindo, por isso, num reflexo natural de nossa própria sociedade, dos julgamentos que fazemos das situações que nos são colocadas. Nesse aspecto, a história ganha pontos, eis que convida o leitor à meditação, o que é reforçado pela escrita plana, simples e com ares de fábula. Opção do autor, talvez, por não rebuscar a narrativa, mas apenas contar uma história instigante. Quem somos nessa trama? Aqueles que a tudo assistem impassíveis? Aquele que faz justiça com as próprias mãos? Aqueles que buscam as respostas mais próximas da verdade? Aliás, o que é “a verdade”? Enfim, um conto instigante, quase uma parábola, bem armada, bem executada. Parabéns e boa sorte no desafio.
Resumo: seres fantásticos discutem sobre duas versões de um ato monstruoso de um elfo contra uma humana.
Bom, na minha humilde opinião, o texto mais polêmico da série A.Inegavelmente bem escrito. Uma linguagem clara, o autor ou autora arrasaria em um conto infanto-juvenil (quando comecei a leitura, acreditei que essa seria a pegada). Porém, fica bem mais pesado para a frente. Um estupro, foi o que aconteceu. E ao relativizar, apresentando duas versões, o autor entra em um caminho perigoso. É um ato abominável, que já é suavizado demais pela nossa sociedade. Contudo, ao mesmo tempo, é inegável que a reflexão sobre as muitas versões para uma mesma história é correta. Me incomodou, o que é válido enquanto sensação. Sobre a fantasia, apenas é insinuada no texto – o mote da história é bastante real. Parabéns pelo trabalho!
Puck é um elfo alado brincalhão, amante de mel. Certo dia, o bosque fugiu do normal. Puck voou até o castelo e ouviu o Conselho que discutia que um elfo estuprara uma humana. Voltou para a floresta e organizou o seu próprio conselho.
O velho fauno narra uma bonita história de amor e aceitação, uma fada conta a mesma história, mas com o elfo mau. Não chegam a nenhuma conclusão. Puck voa de volta para a cidade e vê o enforcamento do elfo acusado.
Foi interessante poder ver um acontecimento a partir de diversas perspectivas. Uma trama simples, em tom de fábula, com a lição de moral de que não existe só uma verdade. “Então escolhei uma e ficai com ela”. Portanto, acaba levando a reflexões acerca da natureza humana.
Vocabulário e estilo estão bem adaptados ao assunto, no entanto, não há um fio muito forte de narrativa, as coisas simplesmente acontecem. Não vi também um conflito bem definido. O título não me pareceu muito adequado.
Notei algumas falhas gramaticais, com posição dos pronomes átonos, por exemplo: “quando (LHE) viu-lhe / que não (LHE) causaria-lhe mal / enquanto (A) tinha-a “ – as conjunções e os advérbios atraem os pronomes; “ O corpo dela aceitou-lhe(O)”: o verbo aceitar é transitivo direto e pede o pronome O.
Enfim, é um bom trabalho. Parabéns e boa sorte. Um abraço!
Resumo: Conto de fusão de fadas com mitologia grega onde se discute a acusação da violação de uma humana por um elfo. Como em todas as histórias, há duas visões: numa o sexo foi consentido, na outra o sexo foi forçado, numa evidente alusão às acusações de assédio que se tornaram num triste hábito nas notícias. Achei o texto algo incoerente, especialmente no final. Nunca se sabe exactamente quem foi o acusado e a forma como os nomes foram criados, com inspiração grega, Normandia, etc, não ajuda. Para além disso, encontrei algumas fragilidades linguísticas, nomeadamente um excesso da palavra “então”, que deveria ser banida do dicionário.
descobre o caso de uma humana que foi estuprada por um elfo. Puck decide tirar suas conclusões e faz um “conselho” ele mesmo, reunindo todas as etnias mágicas para discutir a questão. O fauno Enus conta duas histórias possíveis, mas o resultado acaba sendo o mesmo, com o enforcamento do elfo. Puck conclui que não importaria saber a verdade e voa para a floresta.
CONTO: Ao final da leitura, percebi que o autor quis passar uma importante mensagem: o desinteresse da verdade quando já se decide por uma conclusão. Isto é, o esforço de Puck e dos seus colegas não adiantaria de nada, dado que a execução do elfo transgressor já estava decidido. Desse modo, vê-se que Enus poderia ter contado mil versões da história e não importaria.
A mensagem é clara e é no seu desenvolvimento que coloco a crítica. O que de fato desperta interesse na história é saber o que aconteceu ou não e eu compreendo que o autor tenha omitido a verdade, dado que esta era a intenção. O que me incomoda é que tanto o Puck como todos os demais personagens carecem de um desenvolvimento que deixe a história mais viva. O protagonista parece corresponder ao estereótipo do indivíduo popular e sacana cuja voz sabe sempre fazer ser ouvida, enquanto Enus talvez traduza a imagem da razão e da sabedoria, algo que ficou evidente quando todos se calaram diante de sua chegada. Fora isso, não se apreende muito mais dessas personagens, talvez pela passividade que apresentam, dado que não influem no discorrer do enredo de forma significativa (o que, mais uma vez, compreendo que contribua para passar a mensagem final).
O conto tem os elementos fantásticos e a escrita não me parece acompanhar tão bem, com analogias que não provocaram em mim o efeito que se desejava, acredito que principalmente nos trechos narrados por Enus.
Boa sorte!
Boa tarrrde! Td bem?
Resumo:
Um acontecimento choca os habitantes da floresta: um algo parece ter estuprado uma humana. Tentando entender a situação, os habitantes ouvem duas versões da história, do ponto de vista do elto, e da mulher. Ao fim, o elto é executado.
Comentario:
Cara, devo dizer que o conto não me agradou muito, pelo simples fato de não conseguir entender sua intenção. Por um tempo, fiquei com a impressão de que o conto falaria sobre a diferença dos pontos de vista numa historia. Porem, ao fim das duas versoes (do elfo e da mulher), fica meio claro que ele realmente a estuprou. Afinal, ele mesmo desperta de sua viagem e percebe que ela está em pânico, e até sai correndo. Ou seja, ele percebeu o que fez.
Assim, o conto todo me pareceu apenas a história de um estupro que termina em execução. Achei que teve a intenção de chocar, mas ficou meio vazio o enredo. Desculpe a sinceridade.
A escrita é boa, mas achei que precisa ser revisto o uso de pronomes. O excesso de pronomes oblíquos me incomodou um pouco, e tem momentos em que eles aparecem seguidamente no mesmo parágrafo.
No restante, a escrita é boa e competente,e a leitura foi fluida.
Enfim, é um conto que aborda um tema polêmico, e não quero julgar em momento algum a intenção do autor, mas a forma como foi escrito me deixou com a sensação de que apenas queria chocar, sem me causar a reflexão moral que parecia intencional inicialmente.
Um dos pontos fortes do conto é a descrição do acontecimento, que é bem traumática e pesada. Foi difícil ler esses trechos, o que acredito que tenha sido sua intenção, então foi bem executada.
De qualquer forma, parabéns pela ousadia e boa sorte no desafio.
Olá, Alissa, você me apresenta uma história de elfos, fadas e duendes. Uma fantasia que tinha tudo para ser um leve e delicado “conto de fadas”, mas que sua criatividade (ponto para você0, transformou em uma história pesada de possível estupro e real condenação à morte e execução, pendurado à corda, do elfo acusado do terrível delito. Você me apresenta um “conto de fadas”, nada mais adequado ao tema. Sabe usar a contento o idioma. Talvez algumas construções necessitassem de maior cuidado e revisão. Dou-lhe um exemplo: achei que a aliteração de “zangões zangados”, usada por você logo no começo da história não cumpriu a sua função da maneira positiva que a autora esperava. A técnica literária usada está a contento, relata a história de maneira simples e sem maiores elucubrações, ou criações literárias que tenham me feito encantar. Cumpriu a função. Uma trama simples e bem posta. Achei que poderia ter investido no que o “grow” traz à baila, “Você se esquece do meu filho?”. A trama achei que poderia ser mais rica, senti que ficou me devendo e conto-lhe, Alissa, que não fui, infelizmente, impactado pela sua história. Ela não me abraçou como deveria.
Resumo: Um conto de fantasia que narra a história de um conselho mágico proposto pela fada Puck ao descobrir que um ato de imensa maldade foi feito dentro da floresta, e com isso despertando o interesse de seres mágicos para lidarem com a situação, de maneira que o causo ficou insolucionado pois o mesmo elfo havia se matado.
Comentário: Eu acho que alguém, o escritor, andou lendo muito Berserk para tirar a inspiração do Protagonista Puck, desde o nome, raça e personalidade, com umas pequenas referencias a outras obras.
Um bom conto e um abraço.
Lágrimas de Orvalho (Alissa Harlem Kewpie)
Resumo:
Difícil resumir, mas a narrativa envolve certa apreensão no bosque, morada dos elfos (que são criaturas místicas, fadas, duendes). A tensão começou com uma “história de amor”, ou um estupro, ou uma farsa… E o “idílio” é entre uma criatura e um humano, situação inconcebível. Sei que é uma fantasia que passa por um interrogatório, um ato de amor ou de estupro, a dúvida, e acaba com um enforcamento.
Comentário:
Sensacional é o nome do personagem: Ric-Ardel.
Quanto ao texto, achei um pouco confuso. A história, contada sob duas perspectivas, embola a ideia, e o que mais incomoda é certa miscelânea na colocação pronominal. A leitura não flui. A todo instante, é entrecortada para que seja possível compreender a lógica da narrativa. Talvez seja uma dificuldade só enfrentada por mim. Desculpe-me se não fui justa, se não fui capaz de compreender.
Acredito que os maiores deslizes de escrita residem no uso dos pronomes. O enredo é criativo. O desfecho com enforcamento foi brutal. Surpreendente.
Boa sorte no desafio!
Abraços…
Resumão:
Puck, o pilantrinha, resolve mais uma vez se meter onde não é chamado e vai brechar uma reunião dos bambambans do mundo das fadas. Oberon e o resto da galera comentam um fato que aconteceu que pode acabar com a paz do reino, um elfo desgraçado abusou sexualmente de uma humana.
Com inveja (não do elfo), Puck resolve fazer o próprio conselho para descobrir a verdade. Então um sábio Fauno resolve sair do seu labirinto e contar a história tanto na visão do elfo quanto da humana. Ainda assim, Puck não consegue saber qual é a verdade.
No fim, mesmo sem certeza do que aconteceu, o elfo que cometeu o possível estupro é preso e condenado.
Comentários:
Bem interessante essa ideia de misturar fantasia com algo que anda acontecendo bastante e que está em pauta. O melhor do texto é a parte das visões diferentes da mesma história, achei que você podia ter explorado mais essa parte.
O texto é muito bem escrito e agradável de ler, traz uma boa reflexão para o leitor do que é verdade ou não e de que as vezes julgamos sem realmente saber a inteira verdade.
Lágrimas do Orvalho
Caro(a) autor(a),
Desejo, primeiramente, uma boa primeira rodada da Liga Entrecontos a você! Ao participar de um desafio como esse, é necessária muita coragem, já que receberá alguns tapas ardidos. Por isso, meus parabéns!
Meu objetivo ao fazer o comentário de teu conto é fundamentar minha nota, além de apontar pontos nos quais precisam ser trabalhados, para melhorar sua escrita. Por isso, tentarei ser o mais claro possível.
Obviamente, peço desculpas de forma maneira antecipada por quaisquer criticas que lhe pareçam exageradas ou descabidas de fundamento. Nessa avaliação, expresso somente minha opinião de um leitor/escritor iniciante, tentando melhorar, assim como você.
PS:Meus apontamentos no quesito “gramática” podem estar errados, considerando que também não sou um expert na área.
RESUMO: O conto aborda, sob a ótica do aéreo elfo Puck, o escandaloso caso do estupro ou não de uma humana por parte de um elfo.
IMPRESSÃO PESSOAL: Ao final do conto, foi impossível não ignorar a sensação estranha que o conto me despertou. O final aberto, com o suicídio (ou homicídio) do elfo desconhecido, levanta muitas perguntas e um ar de lição moral “Não comente sem saber do que se trata” ou algo parecido.
Outra coisa que causou um estranhamento em mim foi a repentina mudança do tom da narrativa. Às vezes isso funciona como um elemento que ajuda a prender a atenção do leitor, enquanto outras vezes somente incomoda. No meu caso, foi um misto das duas sensações.
ENREDO: O enredo tem um bom desenvolvimento. O autor soube conduzir a história com talento, prendendo a atenção do leitor, embora em alguns pontos a leitura trave e a conclusão da história me soou bastante apressada, além de desconexa.
Entretanto, o que marcou negativamente o enredo foi o desfecho, muito aberto, permitindo múltiplas interpretações, quando todo o conto apontava para uma conclusão mais efetiva. Claro, varia para cada leitor, mas essa falta de respostas acaba por vezes causando aquela sensação estranha no final, de que algo ficou perdido no meio do texto.
GRAMÁTICA: Notei alguns deslizes que provavelmente escaparam de uma revisão mais apurada, como algumas virgulas a mais. Acho que o mais notável foi o “fa-lo-ei”. Tem um acento agudo no “fá”.
PONTOS POSITIVOS:
• A trama prende a atenção do leitor.
• A conclusão é um tanto inesperada.
– Achei interessante mostrar as duas versões da história
PONTOS NEGATIVOS
• Não sei exatamente porquê, mas achei alguns diálogos extremamente forçados.
• Os personagens não são cativantes. Particularmente, Puck, o protagonista, é um tanto dispensável da história.
• A conclusão ficou um pouco estranha. Talvez pelo limite de palavras, o final ficou e
repentino e desconexo.
RESUMO: Um elfo voador bisbilhoteiro se imiscui numa reunião com os senhores do reino das fadas onde o assunto é o estupro de uma humana por um dos seus. Logo o pequeno elfo reúne um grupo para decidir o que fazer e ouve a história de dois pontos de vistas diferentes. Depois disso, ele acaba assistindo à execução do suposto estuprador e volta a seus afazeres.
COMENTÁRIO: Conto inspirado nos famosos personagens shakespearianos do reino das fadas. Também pesquei uma provável alusão à um personagem do anime Berserker. A história me parece promissora, mas não vai adiante. Parece ser apenas um exercício de enxergar a verdade como um ponto de vista e não como uma história única, e isso ele faz muito bem. Entretanto, nenhum dos personagens é aprofundado, e o enredo é quase que esquecido. As descrições são bem feitas e a técnica se aprimora, sobretudo no encontro entre a humana e seu agressor. Um recorte da vida do elfo, mas que não vai pra frente nem pra trás, poderia ter desenvolvido um pouco mais a ambiguidade de sentimentos nas histórias conflitantes. Gostei da ambientação e do universo que pode se estabelecer daí, mas o enredo pode ser mais desenvolvido.
Um abraço.
O corpo é a beleza, a forma, o mensurável, o moldável. A alma é a sensibilidade, os sentimentos, as ideias, as máscaras. O espírito é a essência, o imutável, o destino, a musa. E com esses elementos, junto com meu ego, analiso esse texto, humildemente. Não sou dono da verdade, apenas um leitor. Posso causar dor, posso causar alegria, como todo ser humano.
– Resumo: Puck gosta de voar pela floresta procurando mel. Tudo é pacífico. Até que um dia, sem motivo aparente, um clima estranho envolve o bosque. Curioso, Puck vai até o trono de Oberon e descobre que um elfo estuprou uma humana. A natureza chorava por tamanha violência. Puck decide reunir os seres da floresta, tentando descobrir a verdade de tudo. Muitos boatos. E apenas Enius, o fauno, sabe o que aconteceu. Duas histórias, uma em que o elfo tem seus sentimentos reconhecidos, uma em que a humana o vê unicamente como amigo. A verdade através dos olhos de cada um. Mais tarde, Puck encontra uma comoção no bosque. É o elfo enforcado e suas lágrimas. Assim acaba a história, numa estranha melancolia e com Puck atrás de mel.
– Corpo: Gostei da leitura, mas preciso admitir que achei a narrativa um pouco estranha. No começo, por exemplo, a forma como você escrevia reforçava a ideia da história apresentada: seria algo fofo e bonito. Um tom meio infantil, leve e despretensioso. Porém, depois que Puck bisbilhota a reunião no trono de Oberon, tudo fica mais sombrio e sério, com um toque mais poético, principalmente na parte do fauno. Achei essa inconsistência um pouco negativo, pois não ajudou na formação do clima do conto. Flutuei com as mudanças. Se o texto fosse todo narrado por Enius, acompanhando cada um dos personagens, poderia ficar bem melhor. Dividido em atos, experimentando a essência de cada personagem — dando essa leveza para a narrativa de Puck, enquanto narrava a parte do elfo estuprador de forma mais idealizada e ilusória e deixando clima pesado para a humana abusada —, acabaria funcionando bem. Da forma como está, não me parece algo sólido, infelizmente. Sobre a escrita em si, gostei mais da parte leve. Você leva jeito para isso. Uma narrativa inteiramente infantil ou infanto-juvenil poderia ficar muito bom. Precisa melhorar na poesia, porém. Achei a narrativa de Enius meio sem sal, sem muita beleza, tanto sonora, quanto estética.
– Alma: Um reaproveitamento da realidade da fantasia de Shakespeare. Adicionando uma coisa ali, outra cá, ficou legal. Gostaria de mais poesia, que é uma das essências do original, mas isso é apenas um desejo pessoal, hahaha. Achei Puck muito interessante. Sua personalidade fluida, bem volátil e imediatista, casou muito bem com a identidade de um elfo travesso. Enius também me intrigou. Misterioso, do jeito que gosto! Acho que a única coisa que me desagradou no conto foi a variação da narrativa. Realmente acredito que a divisão em atos focados em determinados personagens ficaria excelente… Consigo visualizar o fauno contando essa história para as crianças, através da visão de cada personagem.
– Espírito: É um mundo fantástico. Impossível confundir o tema, aqui, hahaha. Encaixou-se muito bem no desafio e foi um dos melhores que li até o momento. Perde-se em algumas coisas, mas isso é normal. Acontece até com os melhores. Fiquei cismado com a ideia de que você pode ter a mão para histórias mais leves, com aquele clima mágico. Soube criar personagens excelentes. parabéns!
– Conceito: Ouro!
Lágrimas de Orvalho- conta a história de gnomos, elfos, fadas e faunos que vivem numa floresta. Um dia um fauno tem relações com uma mulher humana, ele foge mas é perseguido pelos humanos, capturado e morto por enforcamento.
O enredo não é ruim. Gostei da escrita, mas achei que houve alguns erros gramaticais como por exemplo; tinha-a ( a tinha)- a água escorria-se ( a água escorria, sem o “se”)- viu-a ( a viu), etc. Os personagens ficaram legais, com seus nomes bem originais. A trama não é ruim, mas para o desafio acho que ficou bem fraquinha, além do mais pelos entraves da linguagem, poderá perder alguns pontos. Também gostei da estrutura do texto, a separação dos parágrafos e a escrita em itálico separando de outra narração. Boa sorte no próximo desafio. Revise bem a gramática e capriche na escrita.
Cara Alissa H. Kewpie,
Resumo:
elfo voador descobre que algo de errado está acontecendo na floresta. Convoca um conselho e se discute as News e as Fake News, mas nada importa quando, mentira ou verdade, o sujeito pende no final de uma corda.
Avaliação:
conto ingênuo fala de fuxicos na floresta. É um conto razoavelmente rápido, onde transitam sem muita profundidade alguns personagens.
Parece dizer que a impossibilidade de se descobrir alguma verdade não tem muita importância quando o poder fala mais alto… e o elfo amante ou estuprador – vai se saber – acaba sendo enforcado numa árvore.
Recomendaria ao autor dar uma olhada no uso do lhe e do o / a, dado que pude notar uma série de vezes em que caberia o artigo o / a e sobrou pro lhe ocupar o seu lugar. Seria interessante, também, revisar o uso das ênclises, que estão sobrecarregando o texto, assim como de pouca oportunidade o uso da mesóclise num conto de caráter tão “infantil”. Pode ser por gosto, sei, mas acredito que uma linguagem fluida, sem excessos cai mais bem do que mal.
Logo no início há uma aliteração que não se se proposital ou não (zangão zangado), que excede e não ajuda ao texto.
Parabéns e boa sorte na Liga!!