Apoiou os cotovelos sobre a cerca, contemplando aquela imensidão colorida. Apenas seus suspiros ritmavam o silêncio, enquanto o dourado do sol finalizava sua trajetória, escondendo-se às costas do Pico da Serpente. Enquanto acompanhava a trajetória do astro, lamentava nunca ter visitado o local. Apenas mais um dos muitos que jamais conheceria.
Enquanto digeria a terrível constatação, fruto da descoberta recente, passou os olhos pela cerca-viva do vizinho. Minúsculos animais, mistos de vagalume e pequenas mulheres rechonchudas, dançavam entrelaçando-se pelas gramíneas impecáveis, alheios à realidade implacável que o consumia.
Tomado de uma súbita ironia, riu-se da inocência daquele local. Milhares de inusitados seres conviviam harmonicamente, num ambiente enjoativamente colorido e convidativo. Gostaria de lembrar como fora parar ali. Ora, havia algum dia ido parar ali? Não conseguia lembrar-se. Simplesmente sempre fora parte daquele cenário mágico.
A lua já brilhava alta no céu noturno. Afinal, quanto tempo passara contemplando aquelas criaturinhas, que agora roncavam aninhadas nos galhos de uma frondosa árvore? Percebia, apenas agora, que o tempo era realmente incompreensível naquelas terras. Os dias passavam num ritmo insondável, e mesmo com grande esforço mal conseguia determinar se ainda viviam o hoje, o amanhã, ou mesmo o ontem.
Abanou a cabeça, afastando tais pensamentos. O instável passar do tempo jamais o incomodara. A vida, afinal, era como um sonho dentro de um sonho. Ainda assim, a insensibilidade do efêmero jamais o abalara como naquele momento. Tocava cada superfície com prazer mórbido, sentindo a vida que pulsava. O ar, tocando-lhe o rosto, a grama do jardim que dava acesso ao lar acariciando agradavelmente os pés descalços, o cantarolar dos pássaros, mensageiros de histórias imemoráveis, atingindo-lhe os ouvidos, e os raios do sol nascente a queimar carinhosamente sua pele. A vida era agora.
Despertou de chofre das divagações. Olhando nos olhos do enorme corvo que o observara imóvel durante todo esse período, aninhado sobre os galhos de uma velha árvore, bradou, com a convicção que conseguiu instar à voz.
“Desejo ver o rei”.
“Achei que nunca fosse pedir”, gracejou a ave, sua rouquidão arrepiando a todos. “Fiz de lar essa velha árvore, cravando minhas garras no casco quebradiço e alimentando-me por tempo demais da seiva suculenta. Agora, devo partir de minha posição e retornar a meu senhor, levando seu recado e o aviso do término de uma era”.
Ao fim da misteriosa sentença, alçou voo, batendo suas asas negras e deixando um fétido rastro rumo ao castelo ao fim do reino, onde jamais qualquer ser pisara. À partida da agourenta criatura, a velha árvore, em movimentos lentos como a rotação de um enorme planeta, emitiu sons que pareciam emergir da própria terra.
“Desde a aurora dos tempos, jamais aves como essa trouxeram bons agouros. Prepare-se, pois esteve o corvo sentado desde outrora sobre mim, jamais movendo algo além dos sagazes olhos, e agora parte para o término de tudo”. O homem, incerto de ter ouvido realmente alguma voz, percebeu mais do que escutou a mensagem. Com um arrepio, viu contorcer-se a velha criatura, transformando-se, num assomo de tristeza que remetia ao suspiro final de um enfermo, em um casco vazio e retorcido, apenas resto da outrora Árvore da Existência.
Um silêncio claustrofóbico, daquele que precede o desastre, sucedeu a morte pressagiosa do ancião. No período que se passou, o homem limitou-se a observar o horizonte, apertando os olhos a qualquer novidade.
De repente, como se um filtro de sépia envolvesse o firmamento, toda a cor abandonou o mundo, deixando-o mergulhado em trevas jamais vistas por lá. Num revoar fantasmagórico, uma imensa nuvem de corvos percorreu rapidamente a distância entre o castelo e a alameda que agora abrigava os restos da árvore.
Numa espécie de dança infame, as centenas de aves negras retorceram-se, formando um único e enorme corpo. Suas feições eram obscurecidas por uma sombra que ignorava o efeito do sol, emolduradas por espessos cabelos desgrenhados. Podia-se identificar apenas os olhos, de um negror mais intenso que a própria escuridão, destacando-se em meio ao vazio. Era impossível fitá-los por mais de um instante. O restante do corpo era coberto por um sobretudo preto fechado, dando poucas pistas sobre sua composição, braços ou pernas.
Enquanto tentava recuperar-se do estupor causado pela aparição, o homem ouviu um som, uma voz que parecia emergir da própria escuridão, um som tão antigo quanto os velhos deuses.
“Diga-me teu nome, e direi o meu”.
Tomado por repentina coragem, o homem respondeu. “Não tenho nome. Sou apenas um homem”. Falou a verdade, afinal. Jamais precisara de nome. “Desejo saber o motivo de tudo isso, do fim de tudo que conhecemos”.
“Todo ser possui um nome. Se queres perceber teu destino, primeiro deverás conhecer a si próprio”. A sentença soava como ordem incontestável. A voz manifestava uma vontade capaz de criar e destruir sistemas e mundos. “Existe um modo. Uma tarefa. Se cumpri-la, descobrirás meu nome. Assim, saberás também teu próprio, e entenderás tudo o que há para entender. É o máximo que já concedi a alguém”.
Incapaz de responder ao estranho discurso, o homem indagou mentalmente que tipo de tarefa o ser teria para ele. Carente de habilidade especial, não via que papel teria naquilo, e como poderia impedir o fim.
Como se lesse seus pensamentos, a entidade prosseguiu. “Todo ser tem seu papel nessa insondável teia que é o destino. Para cumprir teu propósito, siga pelo Caminho das Sombras, e encontrarás o que procuras na Clareira do Amanhecer”.
O retumbar poderoso cessou abruptamente, deixando apenas um silêncio perturbador, enquanto a misteriosa criatura retomava sua forma original e retornava ao castelo. Inerte, o homem tentava digerir as informações que recebera.
Outra característica desse mundo onde vivia é que os acontecimentos sucediam de forma estranha, sem obedecer a qualquer sequência lógica. Desse modo, quando deu conta, o homem caminhava por uma trilha de vegetação tão fechada que mal se via o céu ou a luz do sol entre os ramos e folhas. Não sabia como chegara ali.
Enxergando poucos centímetros à frente, caminhava trôpego entre galhos e raízes, guiado unicamente pela luz na claridade adiante. A toda volta, sons indistintos e a sensação de ser observado o seguiam.
Aliviado, aproximou-se finalmente do destino, apertando os olhos para receber a bem-vinda claridade. Precisou piscar várias vezes para ter certeza do que via. Não podia ser real.
Ao centro da clareira, dois seres protagonizavam uma cena nauseante. Acorrentada pelo pescoço, uma garotinha de uns 12 anos, de pele clara e cabelos castanhos, lutava para libertar-se de uma criatura que assombraria os pensamentos do homem por anos.
Um enorme corpo negro, marcado por cicatrizes e queimaduras vermelho-escuras que aparentavam – o que era facilmente comprovado pelo odor que dominava o local – um estado avançado de putrefação, agarrava o corpo da garota. De diversas partes do tórax, barriga e costas saíam longos braços finos e arqueados. De maneira desordenada, como se respondessem a vontades individuais, apertavam e retorciam a fina pele da criança, deixando marcas cinzentas que maculavam sua alvura original.
O corpo do demônio movia-se irregularmente sem sair do local, sustentando-se, precariamente, em duas pernas curtas e grossas, que terminavam em pés que pareciam fundir-se ao solo, espalhando-se como raízes de uma antiga mangueira.
Para completar, um imperceptível pescoço sustentava uma pequena cabeçorra, cujo único olho era vermelho como chamas, e derramava incessantemente um líquido purulento, sem piscar. Apenas uma espécie de fenda pequena, emitindo um angustiante som de matraca, fazia o papel de boca. A criatura era careca, e o couro da cabeça, onde não se via orelhas ou nariz, remetia ao solo rachado do semiárido.
Uma das mãos, que emergia de uma fenda no centro do tórax, agarrava os cabelos da garota, puxando-os com violência. Estarrecido e incapaz de mover-se, o homem assistia enquanto o monstro arrancava os cabelos, que saíam do couro cabeludo como se metros habitassem o interior do crânio.
Então, em meio a uma profusão de sangue escuro e gritos de horror e dor, a criatura enrolava os cabelos nos dois corpos, envolvendo-os numa única massa de carne e sangue. Ao fim do processo, os corpos voltavam a separar-se, e tudo recomeçava.
Paralisado de terror, o homem percebeu que tremia e chorava. Conhecia aquele olho. Foi ele que deu início a todo seu sofrimento. Lembrava-se perfeitamente. Como mancha indelével nos tecidos da memória, a lembrança de quando o vira pela primeira vez ainda queimava sua mente.
Naquela ocasião, o olho aparecera em meio à escuridão de uma noite outonal, quando caminhava pelo bosque. Primeiro, veio esse barulho de matraca, que agora preenchia a clareira. Depois, aquele terrível som de sucção, tão próximo de seus ouvidos que podia sentir a presença roçando sua nuca. Por fim, ele apareceu, flutuando no vazio à sua frente. Sugando toda vitalidade do ambiente, aquela voz, portadora de maus agouros, professou.
“É o fim. A extinção da esperança. Em breve, todo esse mundo será consumido, e a existência dará lugar ao vazio. A destruição abre seu véu, projetando suas sombras vorazes sobre tudo”.
E acabou tão abruptamente quando começara. A luz e o calor voltaram ao mundo, e ninguém parecia ter notado qualquer coisa. Por muito tempo, tentou convencer-se de que tudo não passara de um delírio ou alucinação. No fundo, porém, sabia a verdade.
Desde então, passou a viver num estado de desesperança e incerteza, incapaz de compreender o sentido desses acontecimentos. Agora, porém, precisava agir, e ajudar aquela pobre criança.
Num esforço quase homérico, lutando contra a inação dos músculos, reuniu a coragem necessária para a caminhada derradeira até seu destino. Ao primeiro movimento, porém, tudo estancou. Por instantes, a criatura imobilizou-se, farejando o ar. Então, de súbito, o homem sentiu um corpo levantar-se às costas, quando uma réplica perfeita do demônio, parecendo emergir da própria relva, suspirou em seu ouvido.
“Finalmente veio ao meu encontro”, ironizou, a centímetros de distância.
Sentindo uma onda gélida de pavor perpassar seu corpo, como se caísse num riacho congelado, tentou correr, afastar-se do terrível ser, esforço que se mostraria inútil. Assim como os pés da criatura denunciavam, ela parecia ser parte pulsante da própria clareira, movendo-se rapidamente por ela, ou simplesmente fazendo emergir novas versões de si quando e onde quisesse.
Por puro prazer, passou um bom tempo perseguindo o homem desesperado, uma risada horripilante preenchendo o vazio, ecoando insolitamente pela floresta. Durante todo o tempo, porém, o demônio original não interrompera por um único instante a tortura à garotinha.
Talvez essa visão tenha despertado o homem da tentativa desesperada de fuga. Parou, finalmente, e encarou seu algoz com olhar vívido.
“Não pode me apavorar. Lembro-me agora de meu propósito, e exijo que liberte a garota”.
O riso parou. Por alguns instantes, mesmo o bizarro ritual que envolvia monstro e menina pareceu hesitar. E novamente a voz, instantes depois, levantou-se da própria terra, envolvendo tudo como onipresença.
“Como ousa me desafiar em meu próprio lar?”
O ódio daquela voz causou um ocaso sangrento no mundo. Como se um balde de sangue fosse derramado sobre o fino cristal que recobre o firmamento, todo o céu se tingiu de rubro. “Não percebe que posso mantê-lo aqui, prisioneiro como essa garota? Acha que ela ainda tem alguma chance? Seu fim já chegou, só devo decidir por quanto tempo ainda a torturarei antes de deixar que morra”.
A verdade pairava incontestável sobre a agourenta sentença. Agora entendia o fim.
“Ainda assim, deixe-me levá-la, para que termine sua jornada em paz. Não partirei sem ela”.
Em resposta à provocação, mãos surgiram do solo, segurando suas pernas. Outras tantas as seguiram, envolvendo todo seu corpo num aperto impiedoso. Sentindo a dor espalhar-se, o homem testemunhou enquanto o corpo negro crescia diante de si, até que a terrível boca, abrindo ao tamanho de sua cabeça, aproximou-se, ameaçando engoli-lo.
“Diga meu nome, e deixarei que ambos partam. Erre, e devorarei seu corpo e alma, condenando-o à eterna danação. Só tem uma chance”.
E o homem sorriu, finalmente entendendo. Agora via o começo e o fim. Percebia quem era, e entendia seu papel na história. Não mais temia o final.
“Convoco meu pai, Morpheus, monarca do Reino dos Sonhos”.
À menção daquele nome, o crocitar de infinitos corvos prenunciou a revoada das aves, que pousaram à margem da clareira. Assim como antes, o misterioso rei tomou forma numa composição dos inúmeros pássaros. Abrindo o sobretudo, exibiu um tronco branco, com braços abertos para o alto. A visão de seu corpo nu causava uma espécie de transe hipnótica, como se dele pulsasse o onírico.
“Vejo que entendeste, meu filho. Acredito que já saibas teu nome”.
“Sim, meu pai, criador e regente de todo esse reino. E entendo também meu papel. Não temo mais a morte, nem o fim de tudo que conheço. Sou sua criação, e responsável por livrar dos sofrimentos aqueles que permanecem em eterno pesadelo. Me chamo Dífaro, aquele que encontrou seu propósito”.
Estremecendo o mundo com sua ira, o demônio abandonou a garota e projetou-se sobre Dífaro, praguejando seu ódio e ameaçando devorá-lo.
“E você, criatura desprezível, é Pária, o torturador. Liberte essa criança e fuja para os recantos escuros de onde jamais deveria ter saído”.
À menção de seu nome, a criatura irrompeu num insuportável grito agudo, que ficaria terrivelmente gravado na lembrança de cada criatura viva. Rompendo-se em rancor, soltou a menina, e dissolveu-se em densa névoa negra, que logo dissipou-se.
Caindo delicadamente, a menina sorriu, fechou os olhos, e um brilho claro voltou a iluminar o horizonte.
*
Num quarto fortemente iluminado, uma cama branca abrigava uma frágil menina inconsciente. Ao lado, a mãe segurava sua mão, sentada numa precária cadeira, há muito feita de lar. O único som era da respiração vacilante da menina, e do monitor cardíaco ao lado. Com o alvo corpo tomado por manchas cinzas da doença, a menina mantinha uma expressão de dor ou medo no rosto.
Então, depois de anos, a mãe viu a sombra de um sorriso perpassar o rosto da filha. Após um longo pesadelo, a menina finalmente estava livre, e o leve suspiro que se seguiu foi o último som que sua mãe ouviria antes do bip contínuo do monitor. Antes de cair no choro, aquela senhora sorriu levemente e deu um beijo na testa da criança, cuja pele retomava aos poucos a alvura original.
*
Por instantes, a garota piscou os olhos, tentando identificar algo em meio à escuridão. Então, sentiu uma mão segurar a sua, e olhou para o lado. Sorrindo, Dífaro meneou a cabeça, apontando para o outro lado do mundo. Juntos, começaram a caminhada até a outra margem, onde novos sonhos e um novo despertar aguardavam a pequena criança.
“E os sonhos, terra fértil onde a vida se prolifera, também encerram-se para dar início a novos despertares, nesse ciclo infinito que é a eternidade da existência.” A voz de Morpheus preenchia seus corações.
Resumo: impossível ler este conto e não lembrar de Sandman. A atmosfera fantástica e misteriosa acompanha o protagonista por uma jornada de autodescoberta. Assim como ele, só chegamos a descobrir sua identidade como filho do senhor do Reino dos Sonhos ao final. Descobrimos também que a garota torturada por Pária durante a narrativa estava em um estado de sono “perpétuo”, ou “coma” se assim preferirmos. Quando finalmente deixa seu corpo material, seu espírito segue no Reino dos Sonhos junto com seu salvador.
Técnica: a perícia de quem escreveu é perceptível na capacidade de manter o segredo de Dífaro até praticamente o final do conto. De certo modo, é um artifício arriscado, pois deixar o leitor “suspenso”, sem se aprofundar na explicação do que está acontecendo, por todo esse tempo causa inquietação e pode ser negativo para alguns leitores mais agitados.
Conjunto da obra: confesso que estava chegando ao final quase sem esperanças de entender o conto. Por outro lado, o conto faz jus ao que seu título promete. Fui atropelado por um caminhão de descobertas e tudo fez sentido.
Parabéns, bom trabalho!
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RESUMO
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Homem perambula pelo reino dos sonhos e vai recebendo quests pelo caminho.
Se depara com um demônio torturando uma criança. Lembra-se de seu nome, do nome de seu pai e do nome do demônio, derrotando-o.
A criança estava em coma no mundo real e apresenta sinais de melhora, enquanto caminha com o homem pelo mundo dos sonhos.
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ANOTAÇÕES AUXILIARES DO RESUMO DURANTE A LEITURA:
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Alguém se descobre num cenário mágico, sem saber exatamente como chegou ali, como se ali estivesse desde sempre
passagem do tempo não pode ser percebida
diz a um corvo que deseja ver o rei
o corvo diz palavras com tom profético e vai avisar o rei
a árvore em que o corvo estava empoleirado era a árvore da existência
uma voz questiona o homem sobre seu nome e diz que há uma tarefa que se for cumprida, concederá entendimento sobre todas as coisas
é um mundo tipo de sonhos, então o homem já é meio que “teleportado” para o caminho da quest
encontra uma garota aprisionada por um monstro
o homem tem um flashback do seu passado, uma pista de como acabara ali e percebe que a criança passa pelo mesmo
o homem desafia a criatura e esta diz que ele precisa adivinhar seu nome
O homem era Dífaro, filho de Morpheus. O demônio era Pária
A menina estava em coma no mundo real e apresenta sinais de melhora, enquanto caminha com Dífaro pelo mundo dos sonhos
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SOBRE A TÉCNICA:
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Muito boa no geral, conseguiu passar uma certa “confusão controlada” que fez o papel da ambientação no reino onírico, onde coisas aleatórias acontecem.
Ficou um pouco adjetivado em excesso em alguns momentos.
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SOBRE A TRAMA
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Impossível não lembrar de Neil Gaiman. A referência óbvia a Sandman e também senti uma pegada de “O Oceano no Fim do Caminho”, principalmente na descrição das criaturas.
Senti também um clima de Bloodborne, que me deu até vontade de jogar de novo rsrs.
Assim como nas obras do Gaiman, esse conto tem as mesmas características boas: faz a gente viajar nos cenários e dá uma expectativa boa para desvendar os mistérios.
Mas também padece do mesmo mal: há tantas coisas impressionantes e criativas que acabam perdendo impacto. Em nenhum momento você teme de fato pelo personagem, pois sabe que alguma solução mágica será tirada da cartola para salvar o dia.
É uma abordagem que, na minha opinião, combina bem mais com HQs do que com contos/romances.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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É um conto muito bem escrito, com uma ótima abordagem do reino onírico. Esse tipo de abordagem não me agrada totalmente, mas foi bem executada.
O final é bonito e a leitura se encerra deixando um gosto bom.
NOTA: 4
O conto narra a aventura de um homem num mundo onírico para salvar uma criança das forças do mal.
Achei um bom conto, apesar de sentir um certo alívio quando terminou. O texto parecia que não acabaria nunca., kkkkkkkkk Na minha opinião, deveria ser enxugado os primeiros parágrafos, quando o autor tenta nos ambientar ao cenário do conto, achei que ficou muita enrolação ali no começo, enquanto ele contemplava o ambiente. Mas também achei bem escrito e a narrativa forma boas imagens. Nunca havia ouvido falar de Dífaro,, o filho de Morfeu, e Isso fez com que o texto ganhasse mais alguns pontos também. Gostei do mundo onírico que foi criado. Boa sorte no desafio.
Fala, autor.
Storyline: A jornada de um homem (Dífaro) numa espécie de submundo. Um desafio de autoconhecimento e libertação. O encontro com o pai e o proposito concluído.
De inicio é perceptível o cuidado em situar o leitor no contexto da história, descrevendo com detalhes aquele mundo. A natureza, as criaturas, para criar a imersão. Uma espécie de preparo para o que está a chegar. Ainda aqui, destaco o zelo do autor ao construir as imagens que alimentam o conto, tal qual esta “De repente, como se um filtro de sépia envolvesse o firmamento, toda a cor abandonou o mundo, deixando-o mergulhado em trevas jamais vistas por lá. De repente, como se um filtro de sépia envolvesse o firmamento, toda a cor abandonou o mundo, deixando-o mergulhado em trevas jamais vistas por lá.”
Porém, (sempre há um porém) em determinados trechos achei que o escritor pesou um pouco no uso dos adjetivos. Ou seja, esse estilo mais carregado as vezes é trunfo outras vezes é cansativo. É um exercício difícil encontrar o meio termo, sempre gosto de usar de exemplo a saga da “Torre Negra” do SK e como aos poucos ele conseguiu encontrar essa “fórmula”.
Nos melhores momentos do conto, essa mistura de realidade e fantasia, me fez lembrar dos grandes clássicos do cinema “Labirinto de Fauno”, “História sem fim”, “Onde nascem os monstros” digo isso, porque seu conto é muito visual.
Os personagens foram pouco explorados. Consegui embarcar na história, mas não criei qualquer conexão com os protagonistas. Penso que algo do epilogo poderia ter vindo como um prólogo, ainda que não muito revelador.
Por fim, resta claro que o colega possui habilidade e bom domínio do vernáculo. Contudo, o conto não me acertou e fiquei com a sensação de que a estrutura poderia ter sido mais trabalhada.
De qualquer modo, parabéns e boa sorte no desafio.
Resumo: uma divindade dos sonhos perdida no pesadelo de uma garotinha em coma. Ele vai de lugar em lugar do inconsciente dela a fim de liberta-la das garras de um demônio.
Considerações: eu gosto muito de sonhos, sempre escrevo e vivo pesquisando sobre, então o conto me ganhou logo no início quando entra num tom mais onírico e psicodélico, quando as cores mudam. Também gosto de contos visuais, outro ponto que me chamou a atenção. A cena do corvo sobre a árvore ficou muito boa. A constatação de que trata-se dos pesadelos da garotinha também ficou interessante, dando outras leituras e interpretações ao texto, sobre o que seriam cada parte da história dentro da cabeça dela. Um ponto que talvez eu tenha curtido menos foi a presença de Morfeus. Não a divindade em si, mas talvez por ter me lembrando instantaneamente de Morfeus do Sandman e aí começar a ir associando outras coisas, como os corvos (em Sandman tem o Matthew que é mensageiro). Mas é só um detalhe. Gostei bastante e, mesmo com as cenas fortes, tem um final sublime.
Dífaro, filho de Morfeu, o deus dos sonhos, luta para lembrar-se de quem ele mesmo é. Vivendo em um mundo onírico eternamente, ele encontra Pária, uma outra entidade que um dia infernizou sua própria vida e agora inferniza a vida de uma criança. Dífaro a salva, retirando-a do tormento eterno e do coma, levando-a junto consigo para o mundo onírico.
Admito que durante 90% da leitura nem sequer passou pela minha cabeça elogiar a trama. A escrita é muito boa, mas a trama era uma verdadeira bagunça, etérea demais para fazer algum sentido. O final, porém, com a explicação de quem cada personagem era e a demonstração do que de fato acontecia com a criança fechou o conto com chave de ouro. Tudo fez sentido para mim, inclusive o motivo de nada fazer sentido antes (rs rs rs!). O final triste e arrebatador me emocionou. Foi um conto que me confundiu pela maior parte do tempo mas você, em um movimento raro, conseguiu coletar todos os cacos e montar uma excelente peça no final. Isso, somado à sua técnica excelente e poética, incluindo algumas rimas que parecem surgir naturalmente, faz o seu conto ter uma nota alta.
Parabéns!
BREVE RESUMO: um desmemoriado contempla o pôr do sol; ao anoitecer, surge um corvo numa árvore e ele pede à ave para ver o rei. A ave leva o recado, e ele fala com a árvore. Daí a cor sumiu e ele mergulhou nas trevas, uma nuvem de corvos, que formam uma espécie de esfínge enigmática. Depois, quebra-se a sequência lógica e ele caminha pela vegetação fechadam e encontra um monstro torturando uma garotinha e o desafia. No fim, convoca o nome do pai (Morpheus) para libertar a menininha, e ficamos sabendo que o protagonista é Dífaro, o monstro é Pária e a menina está alucinando tudo isso, enquanto morre.
PREMISSA: uma busca arquetípica inserida dentro de um sonho/alucinação. Bem interessante.
TÉCNICA: a história fica truncada pelo excesso de adjetivos (“ocaso sangrento”, ), descrições e utilização de recursos de linguagem como lugares-comuns (“sombra de um sorriso.”, “onda gélida de pavor”), exageros (“envolvendo tudo com a sua onipresença”) e misteriosas figuras ( “olhar vívido”, “transe hipnótico, como se dele pulsasse o onírico”).
EFEITO: tem muito potencial, mas se tornou cansativo quando tenta-se entender, ao invés de sentir o efeito das palavras – que eu acho que era a intenção do autor, gerar um efeito ao invés de um sentido. Nisso, prefiro de outro modo. Mas é questão de gosto.
O que entendi: Um cara desperta, depois de “trocentos” anos preso em uma árvore e observado por um corvo, para descobrir sua missão na vida. Enfrenta monstros cabeçudos para salvar uma menina da eterna tortura. Lá pelas tantas descobre o próprio nome através do Rei, Pai e/ou Deus. No mundo real, a menina, em coma, enfim morre e o homem descobre sua missão: salvar a alma da menina.
Técnica: Não me seduziu por ser uma história infanto-juvenil, mas o vocabulário não ser direto, acho que precisa de uma boa enxugada.
Criatividade: Muito bom. A ideia de uma viagem fantástica que, na verdade, eram os sonhos e pesadelos de uma criança moribunda, ficou realmente original para mim.
Impacto: Positivo. Até a aparição da menina na cama de hospital, era para mim mais do mesmo. Boa conclusão. Conseguiu justificar todas as passagens perdidas no citoplasma.
Destaque: “Minúsculos animais, mistos de vagalume e pequenas mulheres rechonchudas, dançavam entrelaçando-se pelas gramíneas impecáveis, alheios à realidade implacável que o consumia.”
Sugestão: O risco de usar um vocabulário rico é cometer alguns deslizes. Acho interessante atentar mais ao significado das palavras. Exemplo: “ pequena cabeçorra” (cabeçorra = cabeça grande). Sugiro uma revisão de significados e palavras desnecessárias, como: “A lua já brilhava alta no céu noturno.” Esse “noturno” o texto pesado e cansativo.
Uma aventura dantesca que conta a história de um sujeito, mais tarde revelado como Dífaro, em busca da descoberta de quem é.
O conto é mais contemplativo do que narrativo. Não há uma grande trama a ocorrer, sendo mais baseado em descrições precisas e profundas, tanto físicas como psicológicas. A técnica é apurada, sobretudo nos diálogos que carregam em si uma beleza estrutural bastante única. Também a composição da atmosfera sombria é bem realizada, e deixa certo tom assombroso ao leitor.
O protagonista desbrava um local de mata fechada e bastante perigoso, que inicialmente mostra-se dócil. Ocorre o aparição de um ser demoníaco formado por diversos corvos e com um olhos no meio, este ser pergunta o nome do personagem. Depois ocorre a revelação da criatura demoníaca que tritura a garota e o personagem entra em discussão com o primeiro ser, partindo para cima do demônio e, após pedir a ajuda de Morfeu, acaba descobrindo sua verdadeira razão de existir. Ao final, a garotinha que estava à beira da morte acaba morrendo e os dois seguem juntos, confortados por Morfeu.
O conto parece um recorte de algum universo Vertigo, principalmente pelas descrições dos personagens e ambiente – bastante detalhadas, vívidas e ao mesmo tempo obscuras – e pela relação destes personagens que funcionam não somente devido às suas características dentro da trama, mas por já terem personalidades que remetem a entidades demoníacas ou Deuses, como fica provado ao final do conto. Como disse, o forte do conto é o visual e o ponto alto com certeza é o ritual macabro que envolve a garota. A história é simples, o que não tira o mérito do texto, pois ocorre por meio da indagações e dúvidas em relação aos personagens, causando uma sensação de busca por pistas, a cada linha o leitor se depara com uma nova revelação, concluindo na cena do hospital – muito bem elaborada – com a garota à beira da morte, sendo observada por alguém que desconhece todo aquele mundo interior que envolve a menina, algo que torna esse final muito bonito.
Resumo: rapaz contempla a natureza até ser alertado por um corvo que tudo está para mudar. Nisso, árvores corroboram a profecia.O rapaz perguntara pelo rei e logo os corvos surgem no horizonte, transformando-se na figura do rei. O soberano então lança o desafio: o rapaz deve descobrir seu nome. Logo, está numa estrada que desemboca numa clareira, onde um ser demoníaco tortura uma menina. De algum modo, esse ser tenta capturar o rapaz, mas não consegue. O rei então reaparece e o rapaz entende que é filho dele. Sabe os nomes de todos. A menina é salva. Corte para a realidade: a menina morre na cama de um hospital. No mundo onírico, o rapaz está esperando por ela para atravessar o rio.
Impressões: gostei bastante do conto. Neste grupo é de longe o que melhor explorou o universo da fantasia, criando seres fantásticos muito interessantes, tanto no sentido descritivo (físico) como também no aspecto psicológico. Não raro, suas intenções são dúbias, apresentam defeitos e qualidades, e manifestam intenções pouco claras, mantendo uma aura de mistério que ajuda a prender o leitor. Nesse sentido, o conto me lembrou a espetacular animação “A Viagem de Chihiro”, do Yamazaki, por conta do crescimento que a personagem principal experimenta. O mesmo ocorre aqui: a jornada do protagonista é um aprendizado, uma lição. A esse enredo pegajoso (no melhor sentido), some-se a escrita segura e praticamente isenta de erros, o que contribui para a imersão do leitor no trama. Também gostei do fecho, da maneira como autor fez espelhar as duas realidades, com a garota em seu leito de morte e depois, pronta para rumar para o além. Não vou dizer que “fechou com chave de ouro” porque essa expressão me dá náuseas, de tão batida. Mas o sentido é esse mesmo: um final à altura do desenvolvimento, da expectativa gerada. Parabéns e boa sorte no desafio!
🗒 Resumo: um homem, que não sabe o próprio nome, observa uma terra sem saber porque está lá. Depois de conversar com o rei de tal mundo, vai à uma clareira onde encontra uma menina sendo torturada por um monstro. Ele acaba descobrindo que o rei é Morpheus, mestre dos sonhos, e ele é Dífaro, seu filho. Ele acaba resgatando a menina de um coma, um sonho prolongado.
📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫): um pouco confusa, como textos desse tipo costumam ser. Tinha mergulhado na onda do texto, mas preciso confessar que boiei na parte que descobrimos que o protagonista se chama Dífaro. Não conhecia esse personagem da mitologia, fui pesquisar no Google e também não encontrei. Isso não é um problema, mas achei que a revelação do nome dele seria algo impactante como foi o nome de seu pai. Fora isso, aceitando ele ser um personagem apenas do conto, gostei da parte da menina em coma, mesmo isso também não ter sido grande impactante, pois já sabíamos que tratava-se de um sonho.
📝 Técnica (⭐⭐⭐⭐⭐): achei uma texto extremamente bem escrito, uma técnica invejável. Os poucos diálogos funcionaram muito bem, assim como a descrições das cenas, às vezes bem visuais e complicadas. Um trabalho muito bem feito.
🎯 Tema (⭐⭐): mundo dos sonhos [✔]
💡 Criatividade (⭐⭐▫): o texto me lembrou muito os quadrinhos de Sandman, de Neil Gaiman. Apesar da semelhança, o conto possui personalidade.
🎭 Impacto (⭐⭐⭐▫▫): desde o início do texto, ficou aquela sensação de que ele estava num mundo onírico ou imaginário, por causa da questão do tempo e distâncias. Mas esconder o nome do Rei, e pai do protagonista, funcionou bem. Houve uma pequena frustração quando o nome do protagonista foi revelado, mas não foi grande. E tudo que ocorreu depois dali serviu meio que de epílogo, pois o conflito já havia sido resolvido: ele havia salvado a menina de um longo coma.
Olá, Sem Nome.
Resumo da história: homem sem nome percorre um reino misterioso e mágico, até que conversa com um corvo e inicia um conjunto de ações em cadeia. Desafiado a descobrir o próprio nome, ele encontra um demônio torturando uma menina, e ao enfrentar a criatura, recorda-se de seu nome, do nome de seu pai e do nome do demônio, conseguindo assim controle sobre esse último. No mundo real, suas ações resultam na cura de uma menina. Já conhecendo sua identidade, o homem segue pelo reino dos sonhos.
Prós: história misteriosa e criativa, com bastante apelo visual. Boa construção do “mundo” e descrições bem feitas.
Contras: pequenos erros, como “pequena cabeçorra (aumentativo de cabeça). Início um tanto lento.
Nota: 4.0
RESUMO: Um homem sem nome decide que quer conhecer o rei, e um corvo parte levando seu recado. O homem se depara com uma cena terrível: uma menina acorrentada e torturada por uma horrível criatura, um demônio. Tenta salvá-la enfrentando o rei e como este diz que só libertará a menina se ele descobrir o seu nome, o homem se esforça e liga os pontos. Morpheus, seu pai, deus dos sonhos. A menina na verdade é uma pequena paciente, hospitalizada em fase terminal de grave doença. Em seus sonhos, talvez induzidos pela morfina (que tem a origem do seu nome em Morfeu), ela parte com o seu salvador, Dífaro.
AVALIAÇÃO: Pura fantasia, retrato dos sonhos de uma menina muito doente, que se refugia em um mundo paralelo. Talvez a forte medicação, morfina para a dor, decerto a levam para outro estágio, onde vive um pesadelo que aos poucos se transforma em sonho. A linguagem empregada é cuidadosa, com tom de um conto de fadas que por vezes se torna um conto de terror. O(a) autor(a) sabe conduzir bem o horror da tortura imposta à menina (o maltrato causado pela doença). Não é tão claro o objetivo do homem, mas no final, o leitor consegue visualizar sua missão. O começo da narrativa pareceu-me um pouquinho morosa, mas depois o ritmo engrena. Não percebi erros que chamassem a atenção.
Até a próxima rodada. Boa sorte!
RATO (Resumo, Adequação, Texto, Ordenação)
R: Interessante mistura de mitologia, Tolkien e uma partida de rpg de mesa. Começa meigo, depois se torna macabro e abraça de leve a pieguice no final. A história se passa do ponto de vista do “viajante do mundo dos sonhos”, cujo memória não é das melhores. Entende-se que ele está em busca de sua verdadeira identidade, o qual desperta no confronto iminente. O texto engana bem ao postular que o protagonista é alguém “normal”. Ao fim, percebemos que ele também faz parte daquele cenário mítico.
A: Uma abordagem diferente, com palavras e imagens bem escolhidas (só consegui imaginar o vilão como uma mistura de Spawn com goblins). A fantasia se faz bem presente, apesar de não trazer qualquer novidade. É um texto bem padrão se analisarmos a fundo, com um final digno de novela das oito – isso decepcionou um pouco. – 4,0.
T: O suspense é muito bom, assim como a cadência da história, apesar dos recursos conhecidos de roteiro (não há noção de tempo, personagens desmaiam e coisas desse tipo). Aqui se encaixa bem, afinal, é o mundo dos sonhos. Talvez seja um tanto nebuloso para quem não conhece um pouco da mitologia estilo Gaiman, mas o autor consegue segurar bem as pontas com camadas mais simples. – 4,0
O: A estrutura, apesar de corrida em certas partes, me agradou. Tem um bom timing entre as cenas. Só o final mesmo é que poderia ser revisto, pois já entendemos que a garota acordou, não precisava colocar mais uma colher de açúcar num café que já estava adoçado – ficou meio “blerg”, pois o desenho geral estava excelente. Talvez se terminasse com ele apenas olhando numa fresta de alguma janela ou mesmo crescendo como personagem, ficaria melhor. – 3,5
[3,8]
Olá, Autor(a),
Tudo bem?
Resumo:
Inspirado na mitologia, o conto traz a história do filho de Morpheus ( Deus do sono), que vive à margem da existência, até aceitar quem é, ao conceder a dádiva do sono eterno à uma menina moribunda e torturada por Pária.
Meu ponto de vista:
Como o estudo aprofundado da mitologia não seja o meu forte, tratarei o texto pela camada que me alcança como leitora. Busquei por Dífaro em vão, e, Pária (que em nossa língua significa aquele que vive à margem), também não chegou até mim, se não Páris, este sim, assim como Morpheu, meu velho conhecido.
O conto traz uma narrativa quase onírica, o que combina perfeitamente com a ideia do Deus dos sonhos, assim, há coerência no todo, e, os personagens apresentados formam um ciclo completo dentro da narrativa. A menina moribunda tem pesadelos provocados por Pária, e é liberta quando Dífaro descobre seu propósito dentro da estrutura sonhada. Ele é o libertador, o que concede o último, porém agradável sonho, rumo à outra margem, à eternidade. Interessante aqui, o uso da palavra margem, já que Pária tem o significado acima exposto.
O ponto alto, para mim, vai para a terrível cena do torturador embolando a menina com cabelos e sangue. Esta cena, confesso, remeteu-me ao Mapinguari (figura do folclore do norte do país) e me fez imaginar que o autor tratasse de mitologia brasileira. Fica a sugestão.
Parabéns por escrever.
Desejo sorte no certame.
Beijos
Paula Giannini
Fim, Nomes e Descobertas (Sem nome):
– Homem sem nome divaga sobre o fim do mundo com entidades misteriosas: um corvo, depois um homem sombrio. Instigado pelo homem, saiu em jornada encontrando uma criança alva e um demônio negro. Este desafiou-o a dizer o nome. O herói, Dífaro, filho de Morpheus derrotou Pária ao relembrar os nomes.
– Conto de Fantasia, que primou pela construção dos personagens ao invés do mundo. A questão dos nomes me lembra o clássico “Feiticeiro de Terramar” porém uma versão mais arrastada e sem o mesmo carisma. Entendo que a ideia devia ser passar algo mais sombrio, mas não me cativou.
Olá Sem Nome; tudo bem? 😉
O seu conto é o sétimo trabalho que eu estou lendo e avaliando. Seu texto é coeso e bem revisado. A leitura flui bem e não identifiquei nenhum entrave que me afastasse da imersão na trama. Narrativa segura e tom épico trazem um sentimento de grandeza à obra.
COMENTÁRIOS GERAIS: Gostei da apresentação das personagens e da pegada firme na pena, que fica impressa na mente do leitor. A história é bem onírica e bem narrada. O final causa um bom impacto emocional e fecha o conto de forma eficiente, deixando tudo bem redondinho. Parabéns pelo bom trabalho e boa sorte no Desafio!
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RESUMO DA HISTÓRIA:
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O conto narra a odisseia de Dífaro, filho de Morpheus, em sua jornada para libertar do sofrimento uma pequena criança no mundo real que, após muito tempo em coma devido a uma terrível doença, finalmente morre, podendo assim descansar, assim como sua mãe, presente por todo este longo tempo ao seu lado, velando-a no hospital.