Há tempos, Jonas acostumara-se à placidez do horizonte, à linha tênue que dividia céu e oceano. Ao sol mergulhando em águas distantes enquanto os últimos raios se agarravam às nuvens vermelhas. Às constelações que vagarosamente se reconstruíam no firmamento, noite após noite, com sua geometria perfeita, salpicadas por nuvens de poeira que brilhavam como archotes infinitos. Tudo insondável. Como sua própria existência.
Com dificuldade, deixou a amurada no topo e voltou-se para o interior da construção. Apesar do bom tempo, fazia frio. Desviando das enormes lentes, tomou a pequena escadaria em curva que descia íngreme, detendo-se após alguns degraus. Dali tinha acesso às engrenagens, às correias e ao lampião, por meio de uma plataforma secundária.
Vagarosamente acionou o mecanismo que dava vida à fonte de luz. Puxando alavancas e correntes, ativou o movimento giratório dos refletores. Iluminando a linha d’água, o farol haveria de orientar os marinheiros afligidos por ondas sem fim.
Inevitavelmente, murmurou um verso conhecido: “Que jamais navegues sozinho“.
Assim fora por anos e anos sem conta. Seguindo a tradição da família, seu bisavô, seu avô e seu pai e, há tempos, ele próprio, Jonas, entregara-se àquele ofício, empenhando a vida para que outros pudessem ultrapassar as armadilhas do mar, sobrepujar arrecifes e rochas, escapar às ondulações traiçoeiras. E assim seria até que seu próprio filho retornasse de terra para rendê-lo.
Tarsis. Era esse o nome dele. O garoto que partira numa manhã nublada, com o mar de chumbo, calmo como um lago, remando um pequeno bote na direção do continente. Fora estudar. Retornaria um homem. Para fazer-lhe companhia até seus últimos dias. Para continuar aquela sina de auto-sacrifício, de entrega. Talvez trouxesse esposa e filhos. Talvez o farol se enchesse de vida uma vez mais.
Esperar e esperar. Todos os dias. Todas as noites.
À escuridão Jonas acionava o mecanismo, derramando luz sobre a superfície cinzenta que se insinuava abaixo, indo e vindo sobre o promontório. Limpava as peças gastas do equipamento, trocava componentes quebrados, substituía coroas, velas, lâmpadas e rodas dentadas. Conferia o estoque de óleo, refazia a pintura das áreas de ferro, pregava a madeira solta dos degraus e vedava com alcatrão os blocos de pedra que, das fundações ao topo, serviam como sustentação da casa de luz.
Dias e noites.
À aurora, conversava com os pássaros. Uma gaivota, em especial, parecia nutrir por ele uma amizade sincera. Porque retornava à amurada externa, sempre, mesmo quando Jonas não tinha comida para lhe oferecer. Parecia gostar de sua voz, de sua fala calma e arrastada. Talvez apreciasse ouvi-lo sobre a vida no farol, sobre a rotina fatigante que enfrentava, sobre a maneira como perscrutava o mar interminável, como vigiava as ondas na esperança muda de que um dia Tarsis ressurgisse.
Por vezes, confessava a ela seus medos. Sempre acreditou que haveria uma compensação por sua existência solitária. Por certo veria o filho retornando. Assim ocorrera com todos antes dele. Mas e se isso jamais ocorresse? Se a tradição fosse quebrada por algum motivo além de sua compreensão? E se ele próprio terminasse seus dias ali, sozinho, um velho faroleiro arqueado pelo peso dos anos? Não… Deus não poderia ser tão injusto, tão inclemente. Por ter-se entregado de corpo e alma àquele cárcere a recompensa chegaria certamente.
Mas o silêncio, ah, o silêncio eterno e ensurdecedor era também terrível. Por vezes revolvia-lhe as entranhas, esmagava-o qual punho invisível, roubando-lhe o ar dos pulmões, deixando à brisa apenas as batidas de um coração extenuado.
Queria muito compreender sua provação, mas ao fim do dia se resignava, retomando seus afazeres num vai-e-vem perpétuo. Para isso viera ao mundo. Pelos outros e não por si.
Certa manhã, enquanto descansava, ouviu uma batida na porta. Saltou de súbito, mal contendo a excitação. Mesmo com dificuldade no andar, projetou-se escadaria abaixo, pulando os degraus de dois em dois, antecipando o momento tão aguardado. As perguntas que sempre se fizera ressurgiram a um só tempo. Como estaria Tarsis? Trazia companhia? Queria abraçá-lo, beijá-lo, dizer a ele como estava feliz com seu retorno.
À sua frente, porém, emoldurado pela entrada da construção, um homem velho postava-se ereto como um marinheiro confiante. Tinha um sorriso afável, uma barba grisalha e os olhos pequenos, protegidos por grossas lentes de armação negra. Vestido com uma pesada jaqueta azul, trazia nas mãos uma pequena valise e, na cabeça, um gorro de lã de cor verde. Diante de Jonas, descobriu-se, revelando uma calvície proeminente.
“Desculpe a intromissão”, disse ele. Tinha a voz um tanto agradável, quase familiar. “Sou o Doutor Oliveira. Talvez o senhor se lembre de mim.”
Jonas o mirou intrigado. Poderia jurar que jamais o tinha visto. Entretanto, não podia negar que havia algo de acolhedor em seus modos, na maneira como se dirigia a ele e na forma como gesticulava.
Sentaram-se à mesa e Jonas serviu-lhe café. O homem sorveu a bebida em silêncio e devagar, como se as horas não merecessem atenção. Respirando fundo, por fim, disse:
“Precisamos voltar.”
Jonas olhou-o intrigado.
“Voltar para onde?”
“Para casa.”
Como voltar para casa? O farol era sua casa. Não havia outro lugar para ir.
“Não posso sair daqui”, disse, num tom inesperadamente diminuto, quase subserviente. “Pelo menos não até Tarsis regressar.”
“Tarsis não vai regressar.”
“Como não? É claro que vai… Todos nós regressamos. Nós somos o farol… Sem nós, não há vida, não há luz. Só há silêncio.”
O homem apanhou a garrafa e serviu-se de mais café, deixando-se encantar pelo aroma. Quando estava satisfeito, soltou o ar de seus pulmões numa longa expiração. Depois prosseguiu, a voz firme e segura:
“Jonas, não há farol. Não mais…”
“Como não há farol, doutor? O senhor está cego? O que é isso tudo ao redor de nós?”
“Ilusão”, disse o homem, mexendo a bebida com uma pequena colher prateada.
Jonas riu, um riso tímido, nervoso, quase cúmplice.
“Veja estas mãos, doutor. Estes calos, estas marcas. Os cortes que tenho nos dedos, a graxa impregnada nas unhas. Como o senhor quer que eu acredite nesse disparate?”
“Você quer acreditar nisso. Portanto vê as coisas desse jeito. Está mergulhado numa representação, numa realidade fictícia que recria sua juventude, sua idade madura. Seus melhores dias.”
Jonas balançou a cabeça.
“Melhores dias? Que melhores dias, se tudo o que passo aqui é uma angústia sem fim? Porque meu filho nunca retorna…”
“São seus melhores dias porque aqui você ainda tem esperança. Quando observa o mar, quando escuta as ondas quebrando, quando o ar salgado lhe sopra o rosto. Tudo isso faz com que você acredite que no próximo dia, talvez, seu filho retorne. Mas, repito, infelizmente isso não vai ocorrer. Você precisa voltar comigo.”
Jonas parecia absorto. Olhava pela janela, as nuvens se acumulando.
“Que imagem você vê aqui?”, perguntou o homem, oferecendo-lhe um pequeno espelho.
Jonas mirou o próprio reflexo. Por um instante viu a si mesmo um tanto envelhecido, talvez até mais do que seu interlocutor. Numa fração de segundo, lá estavam as linhas de expressão vincando-lhe a testa, as bolsas sob os olhos, a pele manchada, a boca semiaberta.
“Quantos anos você tem, Jonas?”
“Tenho cinquenta anos, doutor”, respondeu enquanto devolvia o espelho ao homem. “Um pouco menos, talvez.”
“Não, Jonas. Você tem oitenta anos. Está numa clínica, vivendo uma realidade que não é a sua. Nós queremos trazê-lo de volta, para o seu bem.”
Ao longe, trovões ecoaram, denunciando um céu em revolta.
“Doutor, não me entenda mal, mas só posso ir embora depois que Tarsis chegar.”
“Tarsis morreu, Jonas. Eu sinto muito.”
Observou-o com ainda mais incredulidade. Tinha a lembrança nítida de Tarsis ainda pequeno, brincando com seus bonecos no pequeno jardim ao lado do farol. Isso ainda antes da mãe deixá-los. Tarsis, o pequeno Tarsis, com suas indagações inesperadas, com sua natureza inquisitiva, com seus livros de histórias. Tarsis indo embora naquele bote de madeira, os remos compridos rasgando a água. O menino, agora um rapaz, lhe lançando um sorriso de confiança. “Eu logo volto, pai.”
“É melhor o senhor voltar para onde veio, doutor”, disse Jonas, levantando-se.
“O barco em que ele estava bateu num rochedo.”
“Não quero enxotar um homem velho como o senhor. Não me obrigue a isso.”
Um raio trincou o céu.
“Jonas, por favor, compreenda.”
“Não há o que compreender.”
“Você apagou da memória os últimos trinta anos de sua existência… Está vivendo num arremedo de realidade, numa fantasia. Não consegue se lembrar de nada.”
“Vá embora, doutor. Não vou pedir de novo.”
O homem se levantou e apanhou a valise do chão. A expressão afável que tinha no início cedera lugar a um misto de desapontamento e tristeza.
“Você não consegue se lembrar… Não consegue. Memória recente, e nem tão recente, totalmente comprometida”.
“Não volte mais, por favor”, disse Jonas. Sob uma garoa fina, viu o homem se afastando rumo ao píer, onde balançava um pequeno barco.
As gotas ganharam força no momento em que ele se lançou ao mar. Logo, fez-se uma cortina d’água, impedindo qualquer visão de seu avanço na direção da costa. Uma chuva grossa se precipitava agora, escorrendo pelas rochas e pedras enquanto a ondulação ganhava volume.
Despertando daquele transe, Jonas lembrou-se de que precisava acionar o farol. Subiu as escadas com o coração martelando-lhe o peito, os degraus rangendo sob seus pés encharcados. No topo, puxou as correias, girou as engrenagens e deu vazão ao óleo que alimentava a lâmpada principal. Logo os refletores giraram em sincronia levando os pulsos de luz para o horizonte longínquo.
De cima, contemplou a fúria do oceano, castigado por um vendaval de fôlego incessante. Ondas extraordinárias engolfavam o promontório, liberando-o em retração. O pequeno farol resistia há séculos às intempéries mais inclementes, aos açoites mais hostis dos elementos. Assim fora por anos e mais anos. E assim continuaria a ser.
Dias e noites. De geração a geração. De pai para filho.
Ainda no topo, com a ventania assobiando por entre os vidros, quando nuvens espiraladas se desenharam no céu, Jonas deixou a segurança do interior e apoiou-se na amurada. Os dedos enregelados seguraram com força a barra de ferro, enquanto os pés se plantavam no chão em meio às poças que refletiam o céu enegrecido. O vento úmido lhe fustigava o rosto, o odor da maresia lhe escalava até as narinas.
De cima, contemplou a imensidão do mar, as águas revoltas que se chocavam contra as paredes do farol.
Lembrou-se do que o homem dissera. Sobre tudo aquilo não ser mais do que uma ilusão. De que se fizera cativo de suas recordações mais caras. Mas o que somos, afinal, senão nossas memórias? O que somos senão o apego às nossas mais cândidas e marcantes lembranças? À história que selecionamos para nós mesmos?
Sentia agora um aperto no peito.
“Por que fez isso comigo?”, gritou em direção ao vazio.
“Por que não fala?”, gritou mais alto, tentando superar o rugido da tempestade.
“Por quê?”
Sentia as lágrimas se misturando à chuva.
“Por que o silêncio, meu Deus? Por quê?”
Ajoelhou-se, as mãos ainda agarrando a barra de ferro.
“Por que Tarsis? Por que não eu?”
Sentou-se junto à amurada, envolvendo os joelhos num abraço. Para que lhe serviria acordar? Voltar a um mundo em que Tarsis não mais existia? Ali, no farol, ilusório ou não, havia ao menos a possibilidade. O talvez. A âncora de sua sanidade.
Ou não havia? Há quanto tempo esperava sem que o filho ressurgisse?
No que deveria crer, afinal?
O choro em profusão.
Teve a sensação agora de que tudo aquilo se repetia. O trabalho, a visita do médico, a tempestade. Uma sucessão infinita de esperança e desamparo.
A espera.
O silêncio.
“Até quando, meu Deus? Até quando?”
Naquela noite, já recolhido à cama, dormiu profundamente, desejando esquecer-se de tudo. Talvez sempre tivesse sido assim.
Certo dia, seria despertado com um chamado. Uma voz reconfortante. Familiar.
“Estou aqui, pai”, diria ele.
Era por isso que deveria viver. Mestre de seu destino. Capitão de sua própria alma.
Gosto do tema, porém, talvez pelo fato de que pouco realmente acontece, há um excesso de descrições e, por conta disso, principalmente a introdução se torna um tanto exaustiva.
As descrições, que ficam por conta do narrador, não conseguiram me envolver, me imergir no ambiente da narrativa. Creio que seriam mais eficazes se o cenário nos fosse apresentado pelos olhos e sensações do personagem, de forma indireta.
O personagem não conquistou minha empatia, gostei mais do médico, mesmo eu querendo que os argumentos dele pudessem ser mais fortes e que ele insistisse com mais veemência.
Note, autor, que o ponto alto do seu conto é a revelação da “ilusão” do personagem, antes disso não há muito, depois disso não sobra quase nada. Logo, essa revelação deveria ter sido apresentada ao leitor gradualmente, ou ser deixada à conclusão do próprio leitor (o benefício da dúvida).
Ademais, o grande vazio em seu conto, complementado por descrições e reflexões lamuriosas do personagem, talvez pudesse ser preenchido com detalhes do passado de Jonas, fossem eles trazidos pela memória do mesmo ou por citações e questionamentos do médico que, a propósito, poderia ter maior participação na história.
Jonas teria tido antes uma esposa, a mãe de seu filho, um amor que, quem sabe, o tivesse abandonado em razão de sua loucura, ou por não poder suportar a perda do filho? Casamentos costumam balançar em situações desse tipo.
Enfim, eu poderia me estender em possibilidades, mas basta dizer que ao meu ver, tens ótimas habilidades narrarivas, mas essa excelente ideia em particular teve muito pouco do seu potencial explorado.
Em um farol, Jonas espera o retorno do filho. Jonas trabalha em um farol e espera. Era, contudo, uma grande ilusão. Jonas está no Hospital delirando e o filho morreu. A realidade é revelada em um diálogo entre Jonas e um médico do Hospital, Dr. Oliveira. Esse conto é um dos meus favoritos nesse desafio. É perfeito na forma, o texto é bonito e prende o leitor. Além disso, questão de fundo, a discussão sobre a esperança como conforto e consolo, a espera melhor que o resultado, é complexa e rica. A única sugestão seria uma maior integração entre o desenvolvimento e o final do conto. Alguma dica que permita ao leitor, ao final, pensar que, embora ele não tenha percebido o desfecho, poderia. Algo que, sem estragar a surpresa, faça o leitor perceber que tudo já estava claro.
A história de um homem vivendo em um farol à espera do filho. Descobrimos que ele está em uma instituição psiquiátrica, o filho morreu e ele criou uma realidade para se proteger.
O conto começa lento e parece que não vai entregar nada de especial. De repente, vem a plot twist e os significados se alteram. O farol não mais é guia de barcos, mas de homens que buscam por algo que nunca virá. Me fez questionar que se houvesse a possibilidade de escolher um momento para ficar preso pela eternidade isso seria de todo mal. Me parece uma possibilidade interessante.
Silêncio
Caro(a) autor(a),
Desejo, primeiramente, uma boa Copa Entrecontos a você! Acredito que ao participar de um desafio como esse, é necessária muita coragem, já que receberá alguns tapas ardidos. Por isso, meus parabéns!
Meu objetivo ao fazer o comentário de teu conto é fundamentar minha escolha, além de apontar pontos nos quais precisam ser trabalhados, para melhorar sua escrita. Por isso, tentarei ser o mais claro possível.
Obviamente, peço desculpas antecipadamente por quaisquer criticas que pareçam exageradas ou descabidas de fundamento. Nessa avaliação, expresso somente minha opinião de um leitor/escritor
PS: Meus apontamentos no quesito gramática podem estar errados, considerando que também não sou um expert na área.
RESUMO: O conto aborda a espera de Jonas, o senhor que cuida de um farol, pelo retorno do seu filho Tarsis, que um dia saiu enfrentando o mar e nunca mais retornou.
IMPRESSÃO PESSOAL: Bom, primeiro queria destacar o pseudônimo do conto. William Henley é o autor do poema que passa no filme Invictus, sobre o Mandela. É um lindo poema. (Um dos meus favoritos)
É um conto bastante melancólico e bonito sobre a espera de um pai pelo filho que nunca retornou. O sentimentalismo presente no conto é forte e se marca em inúmeros trechos do texto.
ENREDO: O enredo, em si, não é o mais importante nesse conto. Ainda assim, é um enredo simples e bastante forte sobre o amor de um pai.
GRAMÁTICA: Encontrei um deslize de acento numa próclise, mas não é nada que atrapalhe o texto
PONTOS POSITIVOS:
• Um conto muito bonito e singelo
• Técnica de escrita muito bonita também, com lindas frases
PONTOS NEGATIVOS
• Não sei ao certo se tenho algo a apontar
Jonas é um faroleiro que passa seus dias solitários cuidando de suas tarefas e observando o horizonte a espera do retorno do filho que deverá assumir seu ofício continuando assim a tradição familiar até a chegada do Dr. Oliveira que traz grandes revelações.
Jonas esta vivendo numa clínica, mergulhado numa crise psicologica e sua mente o mantém nos melhores dias de sua vida, onde a esperança ainda existia. O médico vai embora deixando Jonas que se recusa a abandonar seus delírios.
O conto se baseia nas obras e estilo literário americano /inglês do séc XIX com influencia de autores como Henry James, Melville e até Júlio Verne e Dickens mas apesar da poética inerente escorrega ao apresentar o Dr. Oliveira um nome pouco comum no cenário do Atlântico Norte cenário da história. O mergulho nesta realidade fantasiosa na mente do personagem lembra a “Ilha do Medo” protagonizado por Leonardo de Caprio. Apresenta uma boa reviravolta apesar do personagem preferir manter-se no delírio até o fim.
Silêncio
é a história de um velho faroleiro internado numa clínica, que tem a ilusão de ainda estar trabalhando no farol.
Gostei do enredo, da ambientação. As descrições são perfeitas. A velhice é exatamente assim para certas pessoas, algumas lembranças se tornam constantes, tão fortes que embaçam a razão a ponto de confundir a realidade. O que dá valor ao conto é a escrita, as descrições do ambiente, do trabalho no farol e as transformações do mar. Achei perfeita. Há muitas interpretações aqui, em relação ao íntimo do personagem. Eu poderia tentar fazer algumas análises, mas não sou psicanalista e poderia errar, né? Conto muito bom.
Um velho faroleiro vive numa clínica e tem oitenta anos, mas se imagina ser muito mais novo e aguardando no alto do farol onde um dia trabalhou, aguardando o regresso do filho que havia ido estudar no continente. Numa negação da duríssima realidade, ele se entrega à ilusão de que um dia o seu filho irá retornar com esposa e filhos e assumir o trabalho no farol como é o costume na família do homem. Um dia chega um médico que o informa que o filho morreu e que ele apagou as lembranças dos últimos trinta anos. No final o homem morre e se reencontra finalmente com o filho.
Assim como o outro conto que me mandaram analisar, o forte deste texto são as descrições. Aqui desde o próprio ambiente às atividades necessárias para manter o farol funcionando, tudo é feito com um cuidado e uma destreza que encantam. A diferença deste texto para o outro é que em dado momento do conto, a emoção aflora, e sentimos uma pena enorme do pobre ancião que preferiu se alhear na fantasia do que encarar a dor imensurável de ter perdido um filho, o único filho em quem depositava todas as suas esperanças. Há um ou outro probleminha gramatical mas nada que prejudique a compreensão do texto. Parabéns e sorte no desafio.
Um faroleiro reflete em seu farol, e aguarda o dia em que seu filho substituí-lo-á. Um dia recebe a visita de um médico que lhe diz que o farol não existe, é uma ilusão, e que na realidade ele está em uma clínica. E que seu filho morreu. Ele se recusa a acreditar.
Uma grande riqueza vocabular, no estilo shakespeareano, ou de William Faulkner. Conto bem detalhista, revela conhecimento sobre o funcionamento do farol, o que dá verossimilhança e valor. Um dos contos mais originais do desafio, profundo, filosófico. Ainda que pareça ter sido inspirado na “Ilha do Medo”, de Dennis Lehane ( que deu origem ao filme de Marin Scorcese, com Leonardo di Caprio), aqui há aspectos reflexivos, surpreeendentes. Muito bom, parabéns.
Erros
auto-sacrifício >> autossacrifício
Frase de destaque
“Certo dia, seria despertado com um chamado. Uma voz reconfortante. Familiar.
“Estou aqui, pai”, diria ele”
Conto de ambiente nostálgico que narra a história de Jonas que vive retirado enquanto espera o regresso do filho que tinha ido estudar para o continente. No final, é revelado a Jonas que ele tinha problemas de memória e que o filho tinha morrido num naufrágio. O conto está bem escrito, sem grandes problemas de linguagem, se bem que senti alguma falta de ritmo no início. O desenrolar da trama é feito de forma elegante, com desenvolvimento da personagem. O final é algo previsível e sem a intensidade que o momento precisava. Mesmo assim, estamos perante um bom trabalho.
Observações: Um conto muito bonito que retrata bem a forma como a memória, já de si seletiva, funciona em idades avançadas.
Prémio “Caleidoscópio do desejo”
Aqui, acompanhamos a triste trajetória de Jonas ao total desgaste psicológico: “apagou da memória os últimos trinta anos de sua existência… Está vivendo num arremedo de realidade, numa fantasia”: é guardião de um farol e espera, para substitui-lo, o filho que saiu de casa para estudar — mas, o filho morreu. E, mesmo com o esforço médico (está em uma clínica), não se lembra de nada ou não quer se lembrar. “Esperar e esperar. Todos os dias. Todas as noites.”
No contexto, Jonas teria sido realmente um faroleiro, como o teria sido todos seus ascendentes e deveria passar o cargo para o filho Társis. Porém, o farol pode ter sido um recurso narrativo, já que simboliza iluminação espiritual e a imortalidade das almas. Significa luz, a direção certa para o destino onde se pretende chegar e está associado a outros símbolos marítimos, como a onda, a âncora, o navio, o mar que remetem a um universo de incertezas, de perigo, de estagnação ou agitação. Neste contexto, o farol simboliza a luz que guia para o caminho seguro, para a direção certa.
Do mesmo modo, o nome bíblico Jonas carrega toda uma representação. Ele foi um profeta que Deus enviou a Nínive para pregar. Jonas tentou fugir de sua missão e embarcou em um navio que ia para Társis (nome do filho esperado), na direção contrária. Jonas foi culpado pela forte tempestade e jogado ao mar. Deus mandou um grande peixe que o engoliu. Jonas ficou dentro do peixe por três dias e três noites. Conseguir sobreviver, e foi para Nínive, onde fez o povo se arrepender dos pecados. Jonas queria que Nínive fosse destruída, mas Deus mostrou compaixão. Nesse conto, o protagonista estaria preso ao “silêncio” da amnésia para não enfrentar a sua missão, para não seguir o seu destino? O filho é a embarcação que tomou em sentido contrário? Três dias de prisão equivalem aos trinta anos de esquecimento?
O mérito aqui está na integração narrativa e enredo, sobretudo no uso da linguagem e das imagens que evoca. O leitor se sente na pele desse pai. É uma situação comovente, um drama até com certo suspense, com algo que incita a ansiedade. Até o médico se identificar, no quarto, eu acreditava que o cenário real fosse o farol e que o filho estivesse voltando.
Escrita competente, com descrições de qualidade e diálogos críveis. A leitura flui bem. É como se o passado fosse presente e estivesse a acontecer.
Bom trabalho! Abraço!
O conto fala de um homem isolado num farol a espera de seu filho que havia parido há muito tempo. Ele acaba descobrindo que tudo que ele vive no farol não passa de uma ilusão.
Achei um bom conto e bem escrito. O ponto alto é a fluidez da narrativa, dos textos que li para jugar, este foi o único que consegui ler do início ao fim num fôlego só. E isso é muito bom. É um conto triste e bonito, no entanto, a estória não me impactou muito. Saber que era tudo ilusão, que o faroleiro estava mentalmente donte, por conta da morte de seu querido filho trinta anos atrás, não me impactou fortemente, inclusive, achei que a criatividade foi mediana. Boa sorte no desafio.
Esqueci de comentar esse!!!
Resumo: O conto em questão narra a história de um pai que apagou 30 anos de sua memória para esquecer a perda do amado filho e isso fez que ele acreditasse que estava em um farol a espera do filho, mas ele estava internado.
arda moderação.
Sidney Muniz
28 de novembro de 2018
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Resumo: Outro texto que também não classificaria como um conto, afinal não o é. O texto é quase uma oração, um meio-poema, mas o pior que para mim é bem repetitivo e maçante… Do que fala? Bem, sinceramente li e depois reli algumas partes e para mim ficou sem pé nem cabeça, peço desculpas ao autor(a), mas não tem como avaliar esse texto em alguns critérios.
Estou dando nota para o conto sem o pedido prévio de análise, caso venha a ser solicitado haverá o confronto das notas finais dos dois contos para escolha do vencedor do embate.
Critério nota de “1” a 5″
Título: 4 – É bom, mas depois de ler o texto queria algo que casasse mais!
Construção dos Personagens: 3 – Achei que tudo acabou superficial, queria mais agonia devido ao impulso que o doutor tentou dar na memória do homem, nesse momento seria interessante captar mais a confusão do personagem.
Narrativa: 5 – Achei bem boa!
Gramática: 5 – Não vi nada de errado!
Originalidade: 3 – Em alguns momentos vi alguns filmes que assisti, “Ilha do Medo” entre outras histórias… Achei que já vi muito coisa parecida e isso me frustrou um pouquinho!
História: 4 – É bem amarrada, mas o finalzinho, após o doutor, não me foi muito eficiente.
É um bom conto!
Total de pontos: 24 pts de 30
RESUMO
Jonas é um faroleiro que aguarda o retorno do filho por muito tempo, até descobrir, por meio da visita inesperada de um doutor, que o farol e a espera são delírios de uma mente velha e destruída pela dor da perda, uma fuga da realidade por não aceitar a morte do próprio filho.
Por fim, Jonas decide permanecer em seu universo interior, até que o retorno do filho anuncia sua morte e seu alívio.
MINHA OPINIÃO
O ponto forte do conto é a imersão que o autor dá, inicialmente, sobre a rotina de Jonas no Farol. Somos jogados para dentro daquele mundo do qual ele se faz parte e acompanhamos sua angústia pelo retorno do filho com esperança.
Esse efeito faz com que a visita do médico cause um efeito de “plot” muito bem feito (a meu ver) da metade para o final, fazendo-nos entender seu sofrimento e seu desejo final de permanecer daquela forma até a morte.
Há uma referência ao Antigo Testamento por conta do nome de Jonas e seu filho, Tétis, mas não encontrei nenhuma relação mais profunda sobre isso no texto. Se houver, aguardo a explicação do autor.
Um texto muito bonito sobre o amor de um pai pelo filho.
Parabéns.
Comentário-Rodada2-(“Retorno” X “Silêncio”)
“Silêncio”
Jonas é um velho faroleiro que está a espera de seu filho (Tarsis) na esperança que este ocupe seu lugar no ofício, então uma visita de um dr misterioso questiona sua realidade (que Tarsis está morto e ele está numa clínica) ao qual preferiu, no fim do conto ignorar. Gostei bastante da construção inicial do faroleiro e depois do médico subvertendo tudo, jogando na cada de Jonas a verdade. Não se baseia na reviravolta sobre a condição de Jonas, mas o que importa aqui não é trazer reviravoltas mas mostrar como Jonas lida com sua perda. Me lembra bastante a frase de Philip K. Dick, quando diz que a melhor resposta a realidade é tornar-se insano. Jonas preferia ficar louco, fugir da dor para que o inevitável fim chegue de forma suportável. Os diálogos são bons e o saldo geral é positivo por isso vai ganhar meu voto nessa rodada.
O que processei disso tudo aí: Um velho faroleiro solitário aguarda a volta do filho para assumir seu posto, honrando assim a tradição da família. Uma gaivota confidente nos leva a desconfiar que a cabeça do homem não está legal. Até vim a certeza.
Título: Fraquinho.
Melhor imagem: “Os dedos enregelados seguraram com força a barra de ferro, enquanto os pés se plantavam no chão em meio às poças que refletiam o céu enegrecido.”
Impacto: Profundíssimo! O (a) autor (a) consegue gerar uma imagem tão forte do mundo de Jonas (e a baleia…) que cheguei a pensar que o médico é que estava senil. Um conto escrito por alguém que tem controle absoluto da trama. O último parágrafo foi a cereja do bolo. Lindo.
Olá, Will! Minha avaliação ficará dividia entre “resumo”, no qual sintetizarei o enredo, “o conto”, no qual avalio o conto diretamente, e “a disputa”, em que faço uma comparação crítica entre o seu conto e aquele com o qual ficou pareado na rodada. Espero ter sido competente em minha leitura!
RESUMO: O enredo em sua forma pura se trata de um senhor perdido na própria memória, preso ao desejo inalcançável de ter o seu filho de volta. É algo que só ficamos sabendo com a visita do Doutor Oliveira, que propõe trazê-lo de volta à realidade, para fora do sonho. Jonas opta por se manter perdido, pois é assim que sabe onde está: aguardando seu filho, dissociado de si mesmo e entregue à possibilidade desse retorno.
O CONTO: Este é um conto que em sua estrutura e de forma literal, nos leva ao interior da mente do protagonista. O farol em que está corresponde a um lugar que influencia sua visão sobre a vida e sobre si mesmo, ao mesmo tempo em que também é o espaço no qual passa a sua maior angústia, a espera de seu filho, e também o seu conjunto de medos, que consiste na inexistência de um propósito ou de qualquer recompensa pela rotina desgastante que toma a sua vida.
Destaco o conto pela linguagem empregada, com bom uso vocabular e descrição poética que trouxe beleza e grandeza ao cenário simples do farol, exaltando sua natureza transcendental como um templo de memória, central à constituição da personagem. Seus medos e sua subserviência completa ao propósito de dirigir o farol e esperar o seu filho são verdadeiramente comoventes, de modo que a chegada de Oliveira, a reviravolta e a decisão de Jonas frente ao fato são momentos impactantes que fazem da jornada da protagonista ainda mais dolorosa.
O fim, a escolha de ficar no farol, preso à realidade que é ao mesmo tempo agonia e esperança, é coerente com o personagem e também uma conclusão trágica para a história. Ou talvez não trágica, o que é outro sucesso do conto, deixar um final para a reflexão do que seria pior: uma vida de esperança ou uma da certeza infeliz. Muito bom, parabéns!
A DISPUTA: Pois bem, esse texto seguirá para os dois autores e sendo a primeira rodada, aproveito para desabafar sobre como é mais difícil equiparar dois contos. Mais difícil do que avaliá-los individualmente. Concebo que cada conto venha com uma proposta totalmente própria, com o autor tendo objetivos quanto à história que quer contar. Nos desafios, ainda temos as limitações temáticas e de tamanho, que para mim é no que consiste o desafio em si. Dessa vez, há só o tamanho e suponho que este é o único parâmetro que vale para os dois autores, a habilidade que tiveram que ter para lidar com um limite tão pequeno.
Pois bem, acredito que de uma maneira ou de outra, os autores sucederam bastante em contar uma história completa dentro do limite estimado. As estratégias foram diferentes, no entanto. Braun optou por usar uma narração bem mais sucinta, suprimindo diálogos e sendo objetivo em sua escrita, diferente de Henley, que proporcionou uma leitura rica pela escrita poética que deixou um cenário mais estonteante e palpável ao leitor, mas este era seu objetivo, enquanto Braun quis uma narrativa rápida que, de fato, flui com maior velocidade. Portanto, cada autor alcançou seu objetivo estabelecido. Outra diferença nas narrativas é a sequência de fatos. Em “Saída Temporária” vamos e voltamos no tempo, diferente da linearidade de “Silêncio”. Com o limite pequeno, devo parabenizar Braun pelo risco, uma vez que soube não só ir e voltar sem perder o leitor da narrativa central e utilizou isso para deixar um final aberto que teve bem impacto.
Há ainda outros aspectos para se avaliar. O contexto temático de “Saída Temporária” é reconhecível como brasileiro, enquanto “Silêncio” trata o tempo inteiro sobre temas universais, como velhice, objetivos de vida e memória… claro que existe transversalidade no outro conto, com temas como homofobia e sistema prisional, no entanto, nada que ocupe a centralidade do enredo. Também não era essa a sua proposta.
Diante de contos de inquestionável qualidade técnica e criativa, é difícil escolher, mas farei meu voto baseado em impacto, algo subjetivo. O conto que escolho para essa rodada é o “Silêncio”, de Will Henley. Desejo boa sorte a ambos os participantes e enfatizo que os dois são autores de contos ótimos!
O conto nos traz a história de um velho faroleiro. Há algumas gerações os homens daquela família cuidavam de determinado farol e por lá ficavam até serem rendidos pelo descendente. Nesse lugar de luz, ao mesmo tempo em que cuidavam de não deixar que os marinheiros se perdessem (ninguém deve navegar só e então, para aqueles que eram solitários lá estava a luz do faroleiro a alumiar os caminhos das ondas. Um faroleiro, que vamos perceber, vive nas trevas, eis que está em um sonho… (boa sacada esta). Por lá o nosso heróis também cuida de esperar pelo seu filho Tarsis, que nunca retorna. Quem chega um dia é o Dr. Oliveira, um médico, o psiquiatra da clínica na qual está internado (?!) e que vem acordá-lo para que retorne à realidade, eis que tudo o que até então ele estava vivendo nada mais era do que mera ilusão. A realidade enquanto espelho ilusional o autor vem me trazer. Só que, ao invés de retornar ao fio de Ariadne do real, o faroleiro opta por expulsar o “despertador” inconveniente e permanecer nos caminhos escuros do seu sonho.
Meu querido Wil, Puxa, sabe aquela sensação de que o cara escreveu uma história excelente, mas que depois verificou que ele estava além do tamanho permitido e teve que ir cortando? E, pior ainda, que, de repente, este corte se deu no final do segundo tempo do prazo que ele possuía, ou seja, que não dava mais para verificar se aquilo que foi retirado fazia parte do essencial, ou era algo que podia ser descartado, eis que meros acessórios? Pois é. Seu conto me passa esta ideia. Um conto que poderia ter sido magistral, mas que perdeu um pouco do seu viço ao deixar em aberto por demais a questão da transição entre a realidade e a ficção, ou melhor ainda: da realidade versus a ilusão. Ponto para você com os nomes dos personagens. Jonas, o que é jogado ao mar e que é engolido pela baleia está aqui no velho também jogado e largado ao mar e que é engolido por outra baleia metafórica: está no ventre, nas entranhas do farol. Gostei demais da metáfora. E curtir ainda mais o nome do seu filho, Tarsis. O lugar do “fim de mundo” para onde Jonas quer fugir para escapar da vocação que lhe fora dada por Deus para estar em Ninive. E o veremos a se lamentar com Deus por ter sido por Ele abandonado, quando é o próprio que parece ter fugido dEle. Tarsis sugere (tars) ser despedaçado e o filho, o médico informa, havia se chocado contra os rochedos. E o nome do médico, também tirado da mesma mitologia: a árvore da oliva, tão presente na Bíblia (o raminho de oliveira é trazido para a barca de Noé para mostrar a realidade de um mundo que renascia pós dilúvio). O Dr. É aquele que está dentro da realidade, que tem raízes fincadas nela, no chão. Bacana usar da mitologia judaico-cristã na sua história. Agora, me deixou meio perdido quando vem me mostrar a passagem da realidade para o sonho (ou vice-versa). Aí que achei que cortou mais do que devia, amigo. Faltam cordas às quais me agarrar para que a transição pudesse acontecer de forma mais clara. Na correria também passou um “último raios”. Sim, eu sei, sempre ocorrem esses lapsos de revisão. Mas aqui, Wil, creio haver um agravante. Está no comecinho do conto e esse início tem que estar perfeito. Trata-se do abre alas, da porta de entrada para a história. Caso estivesse lá pelo meio, acho que não haveria problemas. Afinal, acontece quase sempre, mas logo na segunda linha… Outros pequenos detalhes, menos relevantes, mas que requerem atenção para um conto de um autor tão bom como você demonstra ser. Veja, por exemplo, nesse diálogo você usa por três vezes o verbo regressar. Poderia ter buscado, ao meu ver, sinônimos dele para mais enriquecer a sua bela literatura. Mas isto é o de somenos: “Pelo menos não até Tarsis regressar.” “Tarsis não vai regressar.” “Como não? É claro que vai… Todos nós regressamos.
Resumindo. Uma história muito boa, um cara que escreve muito bem, detentor de uma cultura bastante elevada, bons personagens (nomes excelentes), mas que pareceu-me ter que realizar cortes e que, quando o fez, terminou por poder demais no seu conto e aí, os fios da meada, para mim pelo menos, se mostraram um tanto quanto soltos e não me deram entendimento suficiente da sua história. A citação do verso famoso do poema vitoriano também ficou solta, ao meu ver. Uma pena. Meu abraço fraterno, amigo.