O banho era sagrado; tinha a função de purificar o seu corpo para a tarefa a seguir.
Antônio tinha a toalha enrolada na cintura. Atrás de si, o chuveiro ainda gotejava dentro do box. Diante dele, seus dois melhores amigos: a pia e o espelho.
O espelho era o amigo sincero. Falava sem papas na língua sobre as rugas que gritavam para o mundo a sua idade real. A pia era o amigo útil. Passava-lhe o creme anti-idade e o hidratante. Também segurava para ele a base e o pó que usava para disfarçar as imperfeições e acentuar o que tinha de melhor. Ao término da sessão – o chuveiro já não pingava mais – Antônio e o espelho sorriram.
O embelezamento de si mesmo fazia parte da purificação. A tarefa anterior nada tinha de belo: muito pelo contrário, o processo de embalsamento do cadáver tirava do corpo tudo o que havia de imundo. Todas as secreções e gases vinham à tona uma última vez para dar lugar ao eterno. Era um trabalho necessário; a tempestade antes da calmaria. Terminado o serviço, porém, e agora limpo e digno, Antônio andou até a sala que dormia na escuridão. Embebeu-se na ausência de cor, até que todo o seu corpo estivesse mesclado em negro com o resto do ambiente. Respirou fundo. Acendeu a luz.
A lâmpada especial não era forte o suficiente para iluminar a sala da forma correta. A luz veio em um cinza monótono. Ao centro, porém, Jaqueline brilhava. Deitada sobre a mesa metálica, era luz na escuridão. Um jardim de flores no deserto. As mãos sobre a barriga encaixavam-se com perfeição. Os olhos fechados e o semblante sereno de nada falavam sobre o rigor mortis.
Enquanto vestia as luvas cirúrgicas e a máscara, pensava na injustiça do mundo. Para pessoas como Jaqueline, não havia competição. Tantos cadáveres perambulavam pela cidade enquanto ela esbanjava vida mesmo em morte. Era uma pintura a óleo criada pela natureza, e Antônio era o curador do museu.
Dirigiu a luz da luminária para o rosto da jovem que descansava. Era a parte mais demorada, e a que sempre precisava de mais trabalho. A boca perdia a cor rápido demais. Com um pincel delicado e mão firme, Antônio emprestou um tom roseado para os seus lábios. Os olhos inocentes não pareciam ter ciência de que jamais voltariam a se abrir. Com base, pó e um pouco de sombra, o Curador removeu o tom escuro que insistia em aparecer por ali colocando, em seu lugar, uma pele levemente corada, como se Jaqueline, na verdade, estivesse de olhos fechados pela vergonha de ter acabado de ouvir uma declaração de amor.
A pele de todo o seu corpo precisava de trabalho. O tempo roubava a sua cor lenta e irredutivelmente. Precisaria de…
Ding. Dong.
Os olhos de Antônio dirigiram-se incrédulos até a passagem para a sala de jantar. Não queria acreditar que alguém o atrapalhava durante a sua arte. Tinha comprado aquela casa em um condomínio de luxo justamente para…
Ding. Dong.
Estava furioso mas, em respeito a Jaqueline, controlou-se. Removeu as luvas e a máscara, então andou calmamente até a sala de jantar, onde se encontrava a porta da frente de sua casa. O vulto do outro lado esticava o braço para tocar a campainha mais uma vez, mas Antônio girou a chave antes que o fizesse. Quando abriu a porta, deparou-se com Thalita Menezes, sua vizinha.
Mas é claro…, ele pensou.
– Thalita…
A vizinha encontrava-se em estado deplorável. O cabelo desgrenhado e o rosto molhado de lágrimas, tomado de vermelho. Sua boca tremia e ela fungava, mas falou tentando disfarçar o desespero.
– Ah, Antônio, Antônio. Me perdoa bater na sua casa assim. Na distribuição dos cartazes, esqueci que você estava lá quando tudo aconteceu.
– Não se preocupe Thalita. Então você já tem os cartazes? Eu queria ajudar na distribuição.
– Sim, estão aqui.
Ela desenrolou um dos cartazes. Nele, Jaqueline o olhava com um sorriso alegre no rosto. Era a foto mais recente que os Menezes tinham da filha, tirada há meros dois meses na sua festa de quinze anos por um fotógrafo profissional. A luz, a maquiagem, o sorriso: tudo era perfeito em Jaqueline.
– Ela está linda, não está? – Thalita falou, tentando em vão esboçar um sorriso.
– Sim, como sempre foi Thalita. Deus os abençoou com uma filha tão maravilhosa que com certeza irá ajudá-los a encontrá-la. Deixa alguns comigo que eu vou terminar uma ligação e já saio para ajudá-la a distribuir. Você quer entrar? Quer uma água?
O sofrimento de Thalita tocava-lhe a alma de tal forma que sentia a garganta apertar. Um pouco mais e choraria junto com a antiga amiga. Sentiu que de alguma forma deixou que isso transparecesse em seu semblante. Thalita tocou o seu rosto com ternura, olhando-o com um meio-sorriso.
– Ah, Antônio. Você é um anjo. Obrigada, mas eu tenho que distribuir os cartazes. Mais tarde, talvez, possamos comer algo juntos lá em casa, o que acha? Se tudo der certo, receberemos uma ligação. Algo me diz que tudo isso acaba hoje. Tem que acabar.
Antônio meneou a cabeça com um sorriso tímido e uma lágrima escapando-lhe os olhos.
– Mas é claro Thalita. Nos falamos mais tarde.
Despediram-se com um abraço. Antônio voltou para dentro de casa, deixou os cartazes sobre a mesa de jantar e tocou os olhos lacrimejantes. Que situação terrível, meu Deus. Aquela família não merecia aquilo.
Suspirou. Teria que retocar a maquiagem.
Duas horas depois ele terminava a sua arte. Afastado da cama metálica onde agora jazia uma Jaqueline que poderia acordar a qualquer momento, Antônio removeu a máscara e as luvas, admirando a pintura restaurada à perfeição. Dependendo do ângulo que a olhasse, ele poderia até mesmo divisar um sorriso no rosto da jovem. Talvez estivesse sonhando bons sonhos.
Seguiram-se as fotos, onde a busca pela luz e ângulo perfeitos demorou mais do que ele esperava. Trouxe então uma manta branca, onde enrolou Jaqueline até que ela se transformasse em uma silhueta esbranquiçada sobre a mesa. Ela dormiu ali durante toda a tarde, quando Antônio saiu de casa para ajudar Thalita a espalhar os cartazes em busca da filha desaparecida.
À noitinha, Antônio voltou para casa mas não entrou pela sala de jantar. Deu a volta pelo jardim, onde cuidava das mais variadas flores. Andou por elas, tocando-lhes as pétalas e sentindo suas energias e histórias. Escolheu Oleandro e Amaranto.
Entrou por fim em casa e carregou o vulto branco com os próprios braços. Lá fora, em um canto separado do jardim, uma cova a esperava. Deitou o embrulho delicadamente sobre a terra e, sem pressa alguma, escondeu-o a sete palmos. Sobre a terra remexida, criou um belo arranjo de Oleandros e Amarantos, deixando ali também suas sementes. As flores receberiam sua mais nova obra-prima com amor, e dela cuidariam bem.
Andou por outros arranjos de flores parecidos, alguns dos pés com raízes já estabelecidas há algum tempo. Sentou-se em um banco afastado no jardim, de onde podia olhar a vizinhança. Suspirou. Na noite, o céu estrelado serviu de pano de fundo enquanto Antônio fitava com olhos vazios o firmamento. Tinha no olho da mente a visão clara de Jaqueline: perfeita; magnânima; sem falhas. Duas estrelas próximas nos céus eram os seus olhos. Outras desenhavam o seu rosto.
O embrulho branco sob a terra entraria em decomposição em pouco tempo. A carne daria lugar a ossos, que por sua vez dariam lugar ao pó. Mas seus olhos não veriam nada daquilo. O que ficou de Jaqueline no mundo, a única coisa que restou da sua existência, foi a glória da sua perfeição.
Nada mais importava.
Oi, Marcos, achei que vc fez um conto super elegante, bem escrito, gostoso de ler. Acompanhamos cada passo do psicopata e até sentimos um frio na barriga quando a mãe da garota chega na casa dele, procurando a filha que está na sala ao lado. Foi tenso. Faltou aquele lance da revelação ficar no final do conto, é verdade, mas eu acho que o impacto que faltou no fim foi substituído pelo suspense que a gente sente durante a conversa do assassino com a vizinha. Essa parte me remeteu à obra de Hitchcock, ficou bacana demais. Vc está de parabéns e seu conto foi um que pensei que conquistaria o pódio. Um grande abraço e um 2019 cheio de alegrias.
Olá!
Tudo bem?
O conto aborda a história de Antônio, um serial killer que matou a jovem Jaqueline.
Gosto quando é mostrado o ponto de vista do assassino. É meio macabro, mas gosto, fazer o quê. Achei interessante a forma como foi abordada a “arte” dele. Talvez essa seja parte em que o(a) autor(a) tenha mais demonstrado talento e desenvoltura.
O conto possui alguns erros de vírgula e outros furos na narrativa ali e acolá (acho pouco plausível que um assassino enterraria suas vítimas no próprio quintal tão às claras como fez) . Acho que uma boa revisão poderia sanar alguns desses problemas.
Enfim, é um conto que poderia ser muito melhor
Comentário-Rodada5-(“O que fica”x”Ratos sem asas”)
“O que fica”
Antonio matou Jaqueline e, enquanto consola a família, as escondidas prepara o corpo de sua vítima para o enterro.
Conto simples, que não se prende ao plot twist no final colocando-o no meio do conto. Acho que a simplicidade e a forma de mostrar um assassino colocou o conto nas cabeças na quinta rodada. Gostei bastante do tom do assassino impresso nas descrições do conto que dão o tempero e a naturalidade a algo horrível. Contudo privilegio mais a história que sua forma o que para mim desempata esse duelo para o outro conto.
RESUMO: Antônio dedica-se a um estranho e macabro processo de purificação, por meio do qual, procura consertar toda beleza de sua vítima. Jaqueline, uma jovem de 15 anos, é dada como desaparecida. No entanto, ela está morta e aos cuidados de Antônio que a limpa, maquia, embeleza, fotografa e por fim a enterra cobrindo sua cova com arbustos floridos.
—————————
O conto apresenta um tom misterioso de episódio de uma série policial com toques de terror. O perfil psicopata do protagonista traz uma carga dramática à narrativa. O texto revela um misto de beleza e horror, delicadeza e crueldade, em um jogo que prende o olhar do leitor.
Texto muito bem escrito,com ritmo lento e preciso para criar o suspense necessário
Só sinto que a identidade do cadáver tenha sido revelada tão precocemente. Alves fosse mais impactante deixar isso para o desfecho da trama.
Parabéns!
Meu querido Thanatos, ou minha querida Thanatos,
E que algo me diz que se trata aqui de uma escritora a me trazer essa intrigante história de um embalsamador assassino. Sem dúvidas um terrível de um psicopata que elimina a bela adolescente Jaqueline, no esplendor dos seus quinze anos. Logo após embalsama o seu corpo e se banha, se purifica, em seguida, para que possa embelezá-lo. Só assim, todo lindo, é que o corpo de Jaqueline estará pronto para poder ser enterrado sob plantas venenosas (gostei disso) em seu jardim. Antônio, enquanto está cuidando da maquiagem de Jaqueline, escuta a campainha e então tem que atender ninguém mais, ninguém menos do que a própria mãe da morta. Ela, desesperada à sua procura, bate à sua porta e, então, lá vai pouco depois, o assassino a ajudar a mãe da sua vítima a espalhar os cartazes dizendo do seu desaparecimento.
Um conto muito bem conduzido. Você, Thanatos (seu nome é um belo achado, diga-se de passagem), tem o dom de envolver o leitor na narrativa. Fui cativado, sem dúvidas, por ela. A história flui leve e eivada de imagens bonitas que me encantam enquanto leitor. Um texto bem limpo e, pelo menos para mim, sem aparentes erros (conto-lhe Thanatos, que cismei com um belo, mas está correto e faz todo sentido o seu uso onde está). Com certeza que a morte é uma grande amiga dos escritores e você soube usar bem dessa amizade. A construção do personagem Antônio achei-a muito boa. O caráter doentio dele fica patente desde o começo do conto quando ele, o belo Antônio, me é apresentado diante dos seus dois amigos: a pia e o espelho. Resumindo, tenho diante de mim um um belo de um conto. Trágico, terrível e por demais envolvente. Parabéns, Thanatos, pela sua construção.
A princípio, o texto parece apresentar o trabalho de um tanatopraxista, mas revela que o sujeito em questão é um assassino em série, que busca captar a perfeição estética de suas vítimas.
Outro conto com um bom exemplo de revelação da trama ao longo da história, oportunizando que o leitor junte algumas peças e até faça uma releitura do texto.
Gostei do ritmo da narrativa, do subtexto, das pequenas orientações deixadas para que o leitor compreenda que se trata de um assassino serial e não de um único caso de homicídio. Um texto bem feito e, imagino, revisado diversas vezes para criar esses elementos.
Síntese:
O conto narra a história de um vizinho, supostamente de meia idade que, de maneira e por razões não citadas, supostamente assassina moças bonitas e as enterra em seu jardim, adornando as covas com flores. A última vítima é Jaqueline, moça de quinze anos, desaparecida para a mãe, que, resolvida a encontrar a filha, bate à porta do vizinho, Antônio, sem saber que este tem em sua casa o corpo da filha, a ser embalsamado num ritual sinistro.
Análise:
Um conto lento,.com uma introdução longa, cujo ponto alto é a mãe a buscar a ajuda do vizinho, assassino da filha. O conto não dá pistas sobre os métodos e razões do assassino que, de forma nosense e diretamente contada, chega a chorar sinceramente ante à vizinha-mãe. Uma trama fraca (se é que há trama) e um tanto clichê, um desenvolvimento linear e sem grandes emoções. Tudo, imagens e emoções, é vendido pronto ao leitor, sem pistas, sem explicações, sem desafiar ou instigar.
O que processei disso tudo aí: Um assassino em série entra numas de que é um artista. Mata belas jovens, embalsama e as enfeita como se viva estivessem. Depois enterra em seu museu no próprio jardim.
Título: Inteligente. Traz a força do enigma combinado com a conclusão do conto.
Melhor imagem: “Tantos cadáveres perambulavam pela cidade enquanto ela esbanjava vida mesmo em morte. “
Impacto: Positivo, mais pela forma como foi construído o personagem do que pelo enredo. As características do homem nos leva a continuar lendo. Obcecado pela beleza e metódico, mas ao mesmo tempo sensível à dor da mãe, provavelmente acreditava estar salvando a beleza da jovem para a eternidade. Um dúbio e forte personagem, graças à mão treinada que o criou.
Isso não se refere a esse texto! kkkkkkkkkkkk está sobrando no comentário acima!
Resumo:
Bem, esse é um conto que fala da relação de Juliana com sua mãe, mas principalmente é mais focado na relação com sua tia, onde passaria a festa de final de ano. A tia já estaria com data de validade vencendo, e a sobrinha iria estar com ela e a mãe a pedido da mãe e a contragosto. O conto envolve algumas explicações sobre a tia, como ela é fechada em seu mundinho, como tudo ao seu redor parece ser falso, é um conto meio insosso ao meu ver.
Gramática:
a final de contas – afinal?
No mais me incomodaram os parágrafos grandes demais e muito enrolados e repetitivos onde me cansei no decorrer da leitura.
Boa tarde! Um homem sequestra/ assassina uma mulher, cuida do seu corpo, pra depois enterrar no jardim, jundo de outros pontos que dão a entender ser de outros corpos.
Adorei o conto, traz aquela mistura entre o horror e o belo. A construção do texto segue uma ótima linha, trazendo a revelação de que não estava num necrotério, mas em casa. Em seguida que era a mulher desaparecida, pra depois entendermos o que ele fazia com o corpo. Um toque de Hannibal, até mesmo pela beleza de todas as passagens, fazendo o leitor esquecer que se trata de um assassino/ assassinato. Há muito requinte nas descrições, algo que me atrai muito, principalmente a relação do protagonista com a beleza, com a arte da maquiagem, que ele utiliza em si mesmo e no outro. Um ótimo conto!
O Que Fica – Thanatos
Nesse desafio, irei avaliar cada texto de forma cruel, expondo os defeitos sem pudor. Mas não se preocupe: serei completamente justo na hora de decidir o vencedor do embate. Meu gosto pessoal? Jogarei fora neste certame.
– Resumo: De início, parece o trabalho de um tanatopraxista. Cheio de pompa e ritualismo, ele embeleza a jovem morta, num ambiente simples e monocromático, mas com poesia em mente. Porém, depois de um breve encontro com sua vizinha, descobrimos que Antônio é um assassino. Ele matou Jaqueline, filha de Thalita, a pessoa que morava ao seu lado e, aparentemente, amiga. No final, ele dá um enterro “digno” para a menina que pouco viu do mundo, no seu jardim, rodeada de flores e sobre um céu estrelado. Esse é o fim.
Bem, prometi ser cruel, mas não vou conseguir nesse conto. Eu realmente não encontrei nenhum defeito absurdo.
Em alguns pontos, de certo, existe o abuso do tom poético, prejudicando um pouco a qualidade final do texto, mas isso se resolve com uma lapidação mais rígida e cuidadosa.
Também achei que a revelação da verdade chegou cedo demais. Eu fiquei com um sorriso no rosto que logo desapareceu quando me deparei com uma narrativa novamente poética e com um fim tão simples. Seria bom apresentar a vizinha sem revelar, de fato, quem era a filha desaparecida. Talvez, não revelar toda a verdade deixaria o conto melhor. Deixar a pulga atrás da orelha do leitor e não mostrar a realidade da história de forma clara e objetiva pode ser uma arma poderosa sendo bem aplicada. Como o objetivo é mostrar o ritual de Antônio e tudo isso, essa revelação não pareceu realmente necessária.
Com o tom poético bem podado e um toque de mistério, esse conto tem potencial de ser um texto de excelência, ao meu ver.
Parabéns!
Observações: muito bom conto que se vai metamorfoseando perante o leitor que, a dado momento, continua sem dar conta de mais nada, pois o que se adivinha é tão interessante, quanto o que talvez venha a seguir.
Prémio “A inglória busca pela perfeição”
Tem um resumo sobrando que colei sem querer kkkk… desconsidere caro autor(a)
RESUMO: O conto nos mostra a história de um assassino que sequestrou e matou a filha da vizinha, uma amiga de longa data, e que só carrega o peso que um dia a perfeição doentia que construiu em cima da jovem será desfeita com o tempo. Mostrando que ele mesmo lamenta pela pequena mas como um artista não pode deixar que a beleza se vá sem antes ser apreciada.
Comentário: Um conto curto para seu tema, mas muito bem executado, desde as poucas descrições até os poucos diálogos. Antes de determinado momento do conto eu realmente pensava que o Protagonista estava realmente fazendo uma pintura com um molde idealizado e não com o corpo em si.
Um ótimo conto e um abração.
Conto de terror que conta a estória de um maluco que faz as vezes de “embalsamador” das mulheres que ele mesmo mata.
Achei o conto médio. Achei bem escrito. O uso da terceira pessoa causa um afastamento do leitor com o assassino maluco, causando uma certa frieza, caraterizando também a frieza do protagonista. Contudo, esta frieza também comprometeu a “quentura” da estória, que não empolga, e para piorar, o clímax acontece no meio do conto, jogando um balde de água fria em tudo que foi construído. Talvez, se o aparecimento da mãe de Jaqueline tivesse acontecido só no fim, depois do maluco já tê-la enterrada, a estória pudesse surpreender mais, pelo fato da menina morta ser vizinha e filha de uma amiga do assassino. No resto, ficou apenas uma narrativa que quer “chocar” pela sensibilidade que o maluco demonstra em “cuidar” da menina assassinada por ele, mas que comigo não surtiu muito efeito. Boa sorte no desafio.
Sinopse: Antônio é um serial killer e tanatoplasta, não necessariamente nessa ordem. Está preparando o corpo sem vida de Jaqueline e admirando a beleza dela, quando Thalita Menezes bate à porta, entregando cartazes da jovem, conhecida de ambos, para que ele também possa ajudar a procurá-la. Assim que ela se vai, prossegue seu ritual (maquiagem, fotos, acondicionamento em lençol), depois sai ajudar a procurá-la, e ao final do dia a enterra no quintal, plantando Oleandros e amarantos, tal como as outra plantas que já tinha por ali, em cima de, presumivelmente, outras vítimas.
Comentários: apesar da estrutura simples e de algumas lacunas bastante grandes (motivação – ou por que Jaqueline tornou-se sua vítima, será que foi por paixão?), o texto tem uma estrutura coesa e bastante fluida de leitura. Outro ponto inconclusivo foi o papel de Thalita na história, senti que ela entrou e saiu da casa dele e da narrativa sem muita razão. Mas o autor está de parabéns não só por vencer a rodada, mas por concentrar-se na história mais do que no cenário.
Resumo: Trata-se de um conto onde Antônio está ajudando uma mãe a procurar sua filha desaparecida, fazendo cartazes e distribuindo-os pela vizinhança, entretanto o revelador é que Antônio assassinou a moça enquanto sofre com a mãe também prepara o corpo para ser enterrado em seu jardim nos fundos da casa. É um assassino muito peculiar!
arda moderação.
Sidney Muniz
25 de novembro de 2018
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Resumo:
Bem, esse é um conto que fala da relação de Juliana com sua mãe, mas principalmente é mais focado na relação com sua tia, onde passaria a festa de final de ano. A tia já estaria com data de validade vencendo, e a sobrinha iria estar com ela e a mãe a pedido da mãe e a contragosto. O conto envolve algumas explicações sobre a tia, como ela é fechada em seu mundinho, como tudo ao seu redor parece ser falso, é um conto meio insosso ao meu ver.
Gramática:
a final de contas – afinal?
No mais me incomodaram os parágrafos grandes demais e muito enrolados e repetitivos onde me cansei no decorrer da leitura.
Estou dando nota para o conto sem o pedido prévio de análise, caso venha a ser solicitado haverá o confronto das notas finais dos dois contos para escolha do vencedor do embate.
Critério nota de “1” a 5″
Título: 5 – Simples e belo!
Construção dos Personagens: 5 – A gente chega a gostar do assassino!
Narrativa: 5 – O autor(a) nos da a mão durante toda a leitura, da pra sentir os apertos, a tensão e a nostalgia. Excelente narrativa.
Gramática: 5 – Irretocável!
Originalidade: 4 – Não é um conto extremamente original, mas a forma como é escrito é tão bela que sua originalidade transborda… Mesmo sentindo falta de algo novo, pois tudo que vi aqui já li algo parecido em algum lugar, eu gostei bastante.
História: 5 – É tão bem contado que a gente quer mais, que o meu eu leitor já torce para terminar o desafio e saber quem é o autor(a) do conto.
Um excelente trabalho de alguém que sabe exatamente o que faz!
Total de pontos: 29 pts de 30
Boa sorte no desafio!
Caro Thanatos,
Resumo: homem (supostamente) mata uma jovem (Jaqueline) e a enterra em seu jardim enquanto sua (dele) amiga (Thalita) aparece para condolências, com cartazes reclamando o desaparecimento da jovem.
Comentários: Conto rápido e relativamente bem estruturado. Falta um pouco a ambientação que justifique os atos do doido Antônio. Um conto em linha reta sem plots acessórios ou curvas narrativas. Não é mal, mas não enriquece o texto.
Tem o pecado e a virtude de conduzir diretamente o leitor ao seu objetivo que é entender exatamente o que o contista quis passar: um sujeito vaidoso mata uma jovem por (?) cultuar a sua beleza, uma amiga chega preocupada com o desaparecimento dessa jovem. O cara dissimula uma preocupação, marca um lanchinho com a amiga (a que ainda está viva) e à noite enterra a coitada (a morta, obviamente) em seu jardim.
Como no sistema de pareamento de contos há que se fazer um juízo linear entre duas narrativas, o que pode parecer simples torna-se vantagem, pois conduz com facilidade o leitor a compreender o desenvolvimento da trama. Isso é o bastante.
Boa sorte no desafio.
Olá, escritor! Parabéns pelo conto!
Antes de começar os meus comentários diretos sobre o seu texto, gostaria de dizer que, há quem diga o contrário, comentar o texto do outro nunca é, em si, uma tarefa fácil. Mas vamos lá.
O seu texto é bom e tem um potencial incrível. o enredo é bom, o clima que as palavras formam é de curiosidade e ansiedade em ler o que vem em seguida. Acho que alguns detalhes roubaram espaço para um desenvolvimento maior das cenas entre Antônio e Jaqueline. A cena dele saindo do banho, se arrumando, por exemplo, acredito que se substituída por uma cena mais curta e que demonstrasse desse o mesmo “quê” de rotina, de comum ao que fazia Antônio pudesse passar a mesma ideia e te dar mais abertura para aprofundar a tensão do corpo morto de Jaqueline.
A participação da mãe da menina, Thalita, achei caricatural. A ideia de fazer o criminoso e a mãe da vítima amigos foi uma boa sacada, mas acredito que a forma com que eles estariam em contato pudesse ser mais firme e menos em tom de conversa rápida; de forma que você, autor, deixasse ainda mais claro no texto a personalidade psicopática do personagem.
Separei um trecho que é relativamente simples e, ao mesmo tempo, perturbador. “As flores receberiam sua mais nova obra-prima com amor, e dela cuidariam bem.
Andou por outros arranjos de flores parecidos, alguns dos pés com raízes já estabelecidas há algum tempo.”
Está tudo aí, sem estar. Meu entender de leitora foi o de que Jaqueline não foi a primeira a passar por aquele embelezamento, aquele processo necessário à Antônio, que queria preservar uma imagem dela. Talvez as minhas críticas anteriores ocorreram por sentir falta dessa sua sutileza informativa e rica.
É isso, querido!
Parabéns, mais uma vez. Abraços.
Antônio é um psicopata que se acha um artista, é muito cuidadoso quando executa sua obra mortuária. Desta vez ele escolheu a jovem Jaqueline filha da vizinha e sua grande amiga Thalita, inclusive ele se passa como bom amigo se oferecendo e ajudando na busca da desaparecida enquanto esta repousa em uma maca escondida em sua casa. Após mais um dia de procura, ele vai para casa e tranquilamente escolhe um recanto em seu jardim onde deposita o corpo sem vida que irá apodrecer alimentando as flores semeadas em mais um de tantos outros canteiros.
Gosto bastante de histórias de mistério e terror, o autor descreve muito bem uma cena tipica do psicopata que se finge de amigo, não houve muita inovação, o texto é bem linear e sem surpresas, não houve um clímax propriamente dito, o que mais se aproximou disso foi a revelação dos laços de amizade entre as vitimas e o criminoso, faltou uma reviravolta. A escrita é muito boa, o pouco impacto causado em mim como leitor certamente se deve à saturação de series enlatadas americanas que exploram o tema tais como as CSIs. Boa sorte no desafio.
Resumo: psicopata mata garota e a embeleza enquanto a família segue desesperada distribuindo cartazes om o rosto dela por acreditar que ela ainda está viva.
Impressões: Gostei do conto. Muito bem armado, com descrições inspiradas, que permitem ao leitor entrar na mente diabólica do protagonista. Pelo que entendi, ele quis parar o tempo, congelar a imagem de perfeição que Jaqueline possuía, ou que passou a possuir depois que ele a maquiou, depois que ele a preparou. O desespero da mãe em busca da garota, acreditando que ela está só desaparecida, contrasta bem com o ar calculista do assassino. Claro, não dá para dizer que a ideia é inédita, afinal, Hollywood e os livros policiais estão apinhados de criminosos loucos que se passam por gente normal. No entanto, aqui o clichê foi retratado de forma competente e com esse diferencial sobre a aparência da vítima. Talvez o conto pudesse ser mais longo, já que o autor não utilizou todo o espaço disponível. Poderia ter acrescentado outros elementos, algo que fizesse com que ele, o assassino, quase fosse descoberto (outro clichê, eu sei), o tipo de coisa que prende o leitor. O que me pareceu foi uma opção pelo certo, não falando demais. ´É uma boa estratégia, mas quando o conto é bom – este caso – fica aquela sensação de expectativa frustrada. Enfim, eu queria mais e o conto foi muito curto. É um elogio, ok? Parabéns pelo texto.