Bia faz tudo tão rápido que Bruno sequer percebe a manobra.
— Conseguiu? — ele dirige o olhar e a pergunta para a esposa, a deslizar o polegar com desenvoltura sobre o vidro da tela do celular.
— Não. O seu não tá conectando, também… — ela cola a palma da mão livre na mão de seu marido, que lhe fora estendida sobre a mesa do restaurante.
Estão em um shopping, próximo ao apartamento onde moram. A praça de alimentação se encontra lotada e, mesmo com a fartura de opções gastronômicas, parece não conseguir dar vazão ao apetite da enorme quantidade de clientes.
É fim de tarde, a hora mais procurada. Se Bruno não houvesse chegado mais cedo, estariam ambos agora em alguma das diversas filas formadas por ali.
E com muita, muita fome.
Bruno era professor de História, docente em uma grande universidade federal. Iniciara a carreira pedagógica aos vinte e sete; mesma época em que conhecera Bianca, com quem se casaria dois anos depois, no dia tido por ele como o mais feliz de toda sua vida.
Já Bia era seis anos mais nova do que o esposo e, nas vésperas de completar vinte e nove primaveras, poder-se-ia dizer que vivia o auge. O auge de sua plenitude e beleza.
Era assim que Bruno a via. E todo este esplendor se estampava no semblante admirado do esposo, a se questionar internamente sobre como havia ele conseguido tudo, e tanto, em tão pouco tempo de vida.
Não que se achasse feio… Muito menos desmerecedor, pois sempre buscara e praticara o bem. Mas, ter como sua mulher e futura mãe de seus filhos aquele pedaço perfeito da criação divina que vislumbrava bem a sua frente, realmente, ultrapassava todas as mais abrangentes expectativas que ousara ter na juventude. Hoje, aos trinta e cinco anos, considerava-se um cara de sorte. Muita sorte.
Ter conhecido Bia, naquela pequena viagem de final de semana, era para Bruno como ter encontrado um bilhete de loteria premiado.
A banda de um amigo iria se apresentar numa casa de shows de Juiz de Fora e Bruno, estendendo até o alto da serra as comemorações pela conquista do almejado emprego, numa renomada instituição federal de ensino, aproveitaria a oportunidade para conhecer a cidade.
Assim, dessa forma quase que por acaso, Bruno acabou encontrando o grande amor de sua vida. Aquela que seria sua esposa, sua companheira eterna, sua cúmplice… Sua musa.
“Você é muito gatinha… Gostei de ter lhe conhecido. Já estou com saudades dessa boquinha gostosa! Rô.”
Bia chamava a atenção, mesmo. Tinha um corpo muito bonito. Pernas longas e bem torneadas, seios e sorriso fartos; simpatia na medida exata de uma sensualidade tão latente quanto incerta.
Sabia, desde pequena, que despertava o desejo dos homens. A genética da família era emancipada e, aos dezesseis, já lhe permitia adentrar em estabelecimentos destinados a maiores de idade, sem a menor necessidade de apresentação de comprovantes. A prova era ela.
E todos queriam prová-la…
Aos dezessete começou a trabalhar; um estágio numa loja de vestuário para ginástica. Deu tão certo que, em seis meses, já ganhava mais do que as funcionárias mais velhas, efetivadas. Chegava a ser covardia com o ávido público, e mesmo com suas colegas de trabalho, colocá-la para atender os clientes dentro daquelas roupas apertadas que, a cada nova remessa, se esgotavam na metade do tempo.
Mas nem só de glórias sua precoce vida profissional fora marcada. O envolvimento com o dono da rede de lojas lhe rendeu muito mais do que uma merecida promoção recebida, ao completar a maioridade…
Casado e pai de duas crianças, o chefe não teve outra opção a não ser a de acatar a condição carinhosamente imposta pela esposa, ao tomar conhecimento do real conteúdo das ‘reuniões de negócios’, cada vez mais frequentes, do marido.
Foram tempos difíceis para a moça, pois cidades pequenas não costumam deixar assuntos como este sem a indevida atenção. Atenção e repercussão.
Bia conheceu muitas pessoas nesta época conturbada de sua vida, pois os efeitos colaterais do boca a boca ocorrido não propiciaram boas oportunidades para o desenvolvimento de grandes virtudes. Bia ainda não sabia, mas a grande maioria dos homens que dela se aproximavam, nesta intensa fase, já tinha ouvido falar sobre ela. E era exatamente nesta posição que eles desejavam terminar.
E, geralmente, terminavam.
Claro que o sonho de toda menina é encontrar o ‘Príncipe Encantado’. E Bia encontrou muitos… Aos vinte e um, completou vinte e um anos de idade. E tomou a decisão de parar de acreditar em contos de fada. Não era mais uma menina. Era adulta; vivida. Desejava algo mais. Algo a mais… Mais do que tudo aquilo que já havia experimentado.
De fato, gostava de ser cobiçada pelos homens. E do fato de ter aprendido a satisfazê-los. Era bom. Bom ter este poder; poder ter este saber. Saber corresponder a este querer. Ser almejada… Mas Bia queria mesmo era ser amada.
Então surgiu Bruno; educado, inteligente, culto. Era da cidade grande; professor. Simpático, alegre, diferente… Decente. Tinha um sorriso bonito, sincero. Um brilho no olhar. Boca carnuda… Não tentou beijá-la. Devia ser casado. Não; não era. Mas não tentou beijá-la. Flagrou-o olhando para o seu decote; uma, duas vezes. Mas não tentou beijá-la. Nem quando ela ficou olhando para ele; para a boca dele. Focando… Não tentou beijá-la. Nem quando ela se aproximou do rosto dele; focando…
Nem tentou beijá-la!
Trocaram mensagens por celular a semana toda. Ela pediu o número dele no final daquela dançante noite. Ele mandou mensagem no dia seguinte. Ela respondeu. Ele respondeu. Correspondeu. No final de semana seguinte ela desceu a serra. Ele a encontrou na rodoviária. Apresentou-lhe a Cidade Maravilhosa. Baía de Guanabara, Pão de Açúcar, Copacabana, Ipanema… Urca. Contou-lhe a história do Forte, do museu, do bairro, da cidade… Encantou-lhe. Mas, não tentou beijá-la. Logo ela, que não era mais uma menina. Era adulta; vivida, desejada…
Desejante.
O beijo só aconteceu na rodoviária, instantes antes de embarcar de volta. Boca carnuda… O gosto que ficou com ela a viagem inteira. A semana inteira. Por inteiro. Era tão bom… E tão pouco. Bia desejava mais. A semana passou, lenta e arrastada como uma ampulheta gigante. Bia sangrou rios de areia, até o esgotar da ausência que, correndo em sua direção, extinguira-se. Bruno havia subido a serra, novamente. Saíram de carro e o domingo de folga passou como uma brisa. O passeio na praça, o cinema, o jantar…
O vinho.
Já era madrugada quando o carro parou, uma quadra antes da residência de Bia; à pedido dela. Era a despedida. Tão perto agora e tão longe depois. A distância crescendo na exata proporção da ideia do vindouro girar de números no painel do carro de Bruno, após deixá-la. Bia não queria sentir novamente aquele vazio. Queria vazão. Dar vazão a tanto desejo acumulado na contagem dos dias passados e já de novo soturnamente vislumbrados.
Tão perto agora e tão longe depois…
Bruno sentiu as mãos audaciosas da jovem em sua cintura e os beijos não mais se limitarem à carne mole de seus lábios. Nem a considerável inércia de Bruno pareceu intimidar a decidida moça que, a partir daquele momento, dele desfrutou como um Oásis no deserto.
Repreensível ou não, o fato é que o ato aconteceu ali. E Bruno, mesmo não esperando por aquilo, também sua sede abrandou. Tanto, que logo após o bater da porta aberta por Bia, voltando-se novamente para ele, não mais demonstrava assombro; mas sorria.
O beijo recebido em seguida foi estranho. Como um pacto. A língua a selar com cera quente a paixão da carta sem palavras redigida. Um Atestado de Bia. Bruno não falou nada; apenas ‘ouviu’. E Bia, naquele beijo, contou-lhe…
Tudo.
Mesmo historicamente possuindo importantes significados, toda aquela desenvoltura ali demonstrada soou como ‘segredos de guerra’. E Bruno, melhor do que ninguém, sabia que o registro oficial dos fatos é sempre feito pelo lado vencedor.
Exatamente como Bruno se sentiu naquele momento. Novos desafios profissionais, intensas experiências passionais… Tudo novo. Renovado. Para ele, poder ter alguém ao seu lado, com quem dividir suas vitórias, anseios, expectativas e sonhos, era a realização de todos seus planos. Planos de plenitude.
Pena que morassem tão longe.
Por isso, já com emprego e namorada dos sonhos, não demorou muito até que, aproveitando a ótima fase profissional, convidasse Bia para aquele jantar onde, ao final da noite, lhe entregaria a caixinha de veludo e, de joelhos como nos filmes, lhe faria ouvir a pergunta responsável pelo próximo passo que dariam.
Juntos.
Foram apenas seis meses até Bia conseguir um emprego no Rio, onde iniciaram a vida a dois. Já noivos, fizeram o chamado “test drive” por quase dois anos até, finalmente, trocarem de mão os anéis, símbolos do compromisso previamente assumido e, então, reconfirmado.
“Você é muito gatinha…”
Bianca acrescentou ao próprio nome o sobrenome de seu, agora oficial, esposo. Nem precisava, mas fizera questão de alterá-lo, conforme a lei lhe permitia. Havia também, com aquele ato, apagado de sua vida um pregresso hiato; enterrando ali um incômodo histórico de sua latente personalidade.
“…Gostei de ter lhe conhecido.”
Transformara-se em uma nova mulher. Mulher casada, respeitada, bem falada, querida… Amada. Ganhara um novo nome, uma nova biografia. Uma nova vida. A liberdade do ‘anonimato’ de um novo ciclo; uma nova Bia, numa nova cidade. Novos amigos, novas oportunidades. Um promissor futuro. Sem famas, sem manchas, sem sombras.
Sem fantasmas.
“…Já estou com saudades dessa boquinha gostosa!”
Bruno realmente a amava. Fazia tudo por ela. Com ela. Para ela. Os primeiros anos, sempre funcionando como o termômetro das relações, foram a deliciosa época das descobertas. De ambos os lados.
De tão diferentes, chegaram mesmo à completude.
Bruno era o pensamento, a reflexão, o planejamento… O pé no chão. Mais polido, pensava muito antes de fazer e falar, analisando com atenção os cenários e as movimentações em volta.
Bia era o oposto disso tudo. Espontânea e ativa demais, estava sempre “ligada no duzentos e vinte”, como Bruno costumava dizer. Fiel representante da ação inconsequente, do puro agir… Do ato.
“…Rô.”
— É… Tá sem rede, mesmo. — Bia devolve o aparelho para o esposo.
A pizza chega no mesmo instante.
— Ah… Depois me lembra de te contar sobre uma mensagem maluca que eu recebi no celular… — Bruno pede enquanto termina de reforçar o corte do primeiro pedaço, que logo em seguida coloca no prato da mulher.
Bia demora um tempo até perguntar:
— Que mensagem? — fala, forçando um tom casual.
Bruno agora se serve.
— Uma que um cara me mandou por engano. Eu até guardei ela pra te mostrar… — diz, rindo.
Bia dá um longo gole no suco de laranja, que acaba de ser trazido pelo garçom, e fica em silêncio. Seus olhos passeiam de um lado para outro, várias vezes, enquanto seca os lábios com o guardanapo. Então, de forma mecânica, volta a comer.
O casal repete e, ao final do segundo pedaço, ainda em silêncio, Bia observa atentamente o esposo pegar o celular sobre a mesa e mexer no aparelho.
Bruno parece não conseguir encontrar o que procurava:
— Ué…
— O que foi? — ela tenta não parecer tensa.
— Não estou achando a mensagem… — o esposo coça a barba enquanto, com a outra mão, continua a tocar na tela do aparelho, repetidamente. — Não entendo…
— Você deve ter apagado depois que leu. — Bia conclui, com o mesmo tom casual de antes.
— Não, amor… Eu estava relendo a mensagem agora há pouco aqui, enquanto esperava você chegar… — Bruno parece confuso.
Bia fica absorta.
Havia dado mole na noite anterior, conforme suspeitava e confirmara logo ao chegar ali. Passara o número do esposo para o carinha da boate, num ato falho e imperdoável.
— Que doideira! Como é que pode uma mensagem sumir assim? — inconformado, Bruno questiona para si mesmo.
— Eu não… Sei… — Bia não consegue mais disfarçar.
O rapaz desiste de repetir as operações em seu aparelho, que coloca de volta sobre a mesa.
— Isso é impossível! — diz recalcitrante, encarando agora a estranha feição percebida na esposa.
De dilatadas pupilas…
* * *
Casal pede Pizza em um restaurante. Moça passa a relembrar casos da juventude. Apaga mensagem do celular do marido, pois havia fornecido imprudentemente esse número para um carinha na night, e ele mandara dizer que ela era muito gatinha e estava com saudade da boquinha gostosa.
O conto é bom, fluente, em bom português e em erros. Algumas coisas são muito bem deixadas nas entrelinhas. Há uma boa descrição de ambientes, uma boa caracterização de personagens. O conflito da Bia é atual, dinâmico, define bem o tema do adultério, influenciado pela vida passada. Há um naturalismo latente, estilo Zola, Aluísio e Artur Azevedos. Muito bem escrito, trabalhado, efeitos bem conseguidos. Os ponto e vírgulas, embora não sejam necessários, fazem parte do estilo do autor, como do Gouvea. Só não entendi como essa doida foi dar o telefone do marido. Parabéns.
Obrigado pelo feedback, Wilson! Fala a verdade… Você sabia que o conto era meu, mesmo? :O
A narrativa recria apenas um momento da realidade — o casal que se encontra na praça de alimentação de um shopping, Bia mexe no celular de Bruno, o marido. Ocorre um flashback que explica em que situação se casaram — ela uma menina bonita e desejada, com vida amorosa agitada, “falada”,” mas “Bia queria mesmo era ser amada”; ele a conhece em uma viagem, respeita-a; ela toma a iniciativa, conta-lhe “tudo”, moram juntos por um tempo e se casam. Bia “transformara-se em uma nova mulher. Mulher casada, respeitada, bem falada, querida… Amada. Ganhara um novo nome, uma nova biografia. Uma nova vida.”
No tempo presente, a pizza chega, o marido diz que recebeu uma mensagem estranha, quer mostrá-la, não a encontra. A mulher pensa que dera o número do marido, no dia anterior, na boate e vai ficando bastante constrangida. O final fica aberto, pois o marido deposita o celular na mesa, dizendo “Isso é impossível!”. O quê? Ter sido traído pela mulher ou achar a mensagem maluca?
Um belo conto de chick lit, muito agradável de se ler, leve e, ao mesmo tempo, reflexivo. Enredo simples que brinca e estraçalha ironicamente com os problemas cotidianos mais íntimos. Um relato do mundo moderno, no entanto com caráter atemporal e universal, concedendo-lhe uma reatualização permanente, pois a história desse casal poderia acontecer em qualquer lugar e tempo.
O texto tem bom ritmo, fluente, está bem escrito, apesar de equívocos em algumas escolhas do pronome adequado para a regência do verbo e outros na posição dos pronomes, que nem cito as ocorrências, pois não prejudicaram em nada a leitura ou compreensão.
Parabéns pelo trabalho. Abraço.
Obrigado, Fheluany! Fiquei muito feliz com o seu comentário e honrado com sua leitura! Valeu, mesmo! Quanto à dúvida que relatou (“Isso é impossível!”), refere-se ao fato de Bruno não estar mais conseguindo localizar uma mensagem que havia acessado em seu celular poucos instantes atrás, antes de Bia chegar ao restaurante; pois, o que Bia fez (a “manobra”…) foi revelado bem rapidinho pelo narrador, bem discretamente mesmo (tão discreto quanto a ação de Bia), já lá na primeira linha da história (ela apagou a mensagem, fingindo estar tentando usar a internet do celular do esposo). 😉
Um grande abraço,
Paz e Bem!
Sinopse: Bia e Bruno estão na praça de alimentação de um shopping, esperando a pizza, enquanto ela tenta “usar” o celular do marido. Bruno, professor de história, apaixonou-se por Bia em uma viagem a Juiz de Fora, e eles já estão casados há seis anos. Ela, bonita, sempre teve a admiração dos homens. Até se envolveu com seu primeiro patrão, homem casado, que só teve uma aventura e preferiu ficar com a mulher. Teve outros relacionamentos, sabia e gostava de ser desejada, mas preferia ser amada. Depois que conheceu Bruno, trocaram mensagens de celular por semanas, até terem a primeira intimidade, na qual o rapaz intuiu tudo o que ela sabia e teria como experiência; de qualquer forma, estavam apaixonados, e decidiram viver juntos. Bia mudou de cidade e de reputação, mas continuou viver ligada no 220. Quando a pizza chega, Bruno comenta uma mensagem estranha que chegou, e que não está mais no celular. Era a mensagem de um homem que ela encontrou na boate na noite anterior, e ao qual passou por engano o telefone do marido.
Comentários: apesar de um certo julgamento moral do autor/narrador, a condução da história é muito suave e natural. Poderia acontecer com qualquer casal. E a forma, a linguagem utilizada, demonstra enorme domínio de técnica narrativa e construção de personagens, a meu ver extremamente plausíveis. Fica um travo meio machadiano ao final, mas são coisas da vida e das pessoas… parabéns, autora!
ObrigadA, Daniel! 😀
Conto narra uma história cotidiana de um casal, no decorrer do texto acabamos descobrindo que o marido é traído pela mulher, no entanto, o digníssimo nada sabe. muuuuuu (mugido do touro)
Achei o conto bem escrito, mas o conto não me impactou o suficiente para que gostasse mais, talvez, porque não seja muito o meu tipo de leitura preferida. Achei a criatividade média, a forma de escrita tem boas passagens, com frases bem elaboradas. Se não fosse pelo primeiro parágrafo, eu até me surpreenderia no final, com a traição de Bianca, pelo desenvolvimento do texto imaginei que ela também era tão apaixonada por Bruno, como ele era por ela. Boa sorte no desafio..
RESUMO
Bia é uma moça muito bonita que passa a juventude em aventuras amorosas e acaba se tornando a amante de um dos seus chefes.
Depois de inúmeros casos, conhece Bruno, rapaz inteligente e bondoso que viria a se tornar seu esposo.
Durante um encontro dos dois para um lanche em um Shopping, descobrimos que a protagonista traía o marido e, em um encontro na noite anterior, havia passado o número dele para um cara, que lhe mandara uma mensagem comprometedora.
No fim, descobrimos que, desde o começo da história, Bia havia apagado a mensagem recebida sem o marido saber e acaba se denunciando sobre a traição
MINHA OPINIÃO
A narrativa é bem leve, fácil de ler. Gostei desse aspecto do texto.
Gostei também da discussão sobre a personalidade que, a meu ver, a história parece se alicerçar. Sobre a natureza do indivíduo, principalmente diante das relações amorosas e da monogamia. Bia não é uma pessoa má, e certamente ama Bruno, mesmo assim não consegue fugir daquilo que, para ela, é natural.
No final temos a denúncia da própria Bia que, provavelmente em conflito entre sua natureza e o profundo amor que sentia por Bruno, acaba não se contendo e deixa cair o disfarce que manteve durante a conversa.
Na parte técnica, como falei antes, não há o que dizer. Leitura leve, sem entraves. Não encontrei nenhuma falha aparente. Tudo perfeito.
É isso,
Parabéns!
Obrigado, Miquéias! Valeu mesmo pela leitura e comentário atencioso deixado! Gostei bastante de sua análise minuciosa e saiba que é muito valioso para mim (assim como para qualquer escritor) entender como a história se traduz na mente do leitor. Muito agradecido, querido! 😉
Forte abraço,
Paz e Bem!
O rapaz é um respeitado professor em começo de carreira e, em uma viagem até Juiz de Fora, conhece aquela que seria o amor de sua vida. SERIA. Então eles desenvolvem relacionamento, conta-se que a menina do interior gostava de transar, até que os dois resolvem se mudar para o Rio e concretizar casamento. Logo após isso, vivem bem por um tempo, mas sempre há a desconfiança no narrador em relação à menina, até que numa noite a mulher ficar com outro cara e estranhamente passa o telefone do marido, assim os dois acabam numa mesa de restaurante comendo uma pizza e os olhos dilatados dela ao final da descoberta dão a entender que “ela vai terminar tudo”?
O conto segue um estereótipo extremamente batido em qualquer tipo de ficção, mas não é só isso, Nelson Rodrigues reproduziu de forma exemplar esse tipo de personagem feminina estigmatizada, mas em suas peças e romances ocorre a elas uma função de descortinar a vida da pacata classe média carioca, jogando seus pecado e segredos à face do espectador. Isso não ocorre na dualidade ocorrida aqui, pois, ao lermos, a impressão que ficamos é de uma vilã construída esquematicamente para destruir a vida de um bom mocinho. A todo momento é dado o veredito do texto, de que ela não possui virtudes, não as conseguiu desenvolver, de que é impulsiva, ou seja, não pensa no que faz, enquanto o marido é um galante provido de toda a razão, sensibilidade e prudência do mundo. Eu poderia me esmerar aqui em trechos e mais trechos em que fica clara a demonização da personagem, mas, enfim, devo ter deixado claro que não gostei do conto.
Fora isso, diversas construções com frases pequenas no final, ou palavras conclusivas me soaram forçadas, como por exemplo em “desejante…”.
Olá, Dominos’s, boa sorte no desafio. Eis minhas considerações sobre seu conto.
Enredo: Marido e mulher numa mesa de praça de alimentação de um Shopping aguardam a pizza pedida. Enquanto ela lê certa mensagem no celular, é narrado, de forma paralela, o perfil e a trajetória profissional e romanesca do casal.
Gramática: Sem grandes problemas, exceção um deslize de digitação? Ou má construção de frase? (Aos vinte e um, completou vinte e um anos de idade).
Tema: O conto descreve com excessiva adjetivação o perfil dos personagens, cheios de lugar comum, tudo muito óbvio, simplório até.
Embora de uma trama bem elaborada para culminar com um desfecho já subtendido pela “sutil” traição da mulher? O tema em si dar margens a grandes enredos. Mas um trabalho que não acrescenta em muita coisa, além do simples trivial. Embora o autor demonstre talento para desenvolvimento de um enredo, faltando apenas um pouco mais de empenho.
O que processei disso tudo aí: A história de amor de um casal lindo, ela do interior e ele da capital, inteligente e de classe média do Rio de Janeiro. Aproveitam uma pizza no shopping. Ele, o corno feliz, e ela mantendo velhos hábitos.
Título: Sugestivo, no fim tudo acaba em pizza. Rsrsrs
Melhor imagem: “Bia sangrou rios de areia, até o esgotar da ausência que, correndo em sua direção, extinguira-se. ”
Impacto: Pequeno. O desenvolver da trama é lento e o final previsível com uso excessivo de clichês. . É um estilo simples, mas com algumas construções legais. Senti falta de um aprofundamento maior na personalidade de Bia para que justificasse o final do conto.
A inclusão das mensagens do cara da boate ficou legal.
Frase esquisita: “ Aos vinte e um, completou vinte e um anos de idade.”, tipo choveu no molhado.
Oi, Cat! 😉
Passando só pra tentar ‘explicar’ a construção (ou seria confusão?!) frasal em questão:
“Aos vinte e um (‘Príncipes Encantados’), completou vinte e um anos de idade.”
…Acho que forcei mesmo, né… Snif… 😦
Conselho: Um excelente conto, sem dúvida. Pode justificar algum parecer, mas não precisa de conselho. E por falar em reparo: não gostei do final, imagino que tenha sido o possível, atendendo ao número de palavras de que ainda dispunha.
Prémio “A moça merecia um final que acompanhasse o seu percurso”
Obrigado, Ana! Você sempre deixando as suas impressões em meus contos… Fico muito feliz, viu! Bjo e um feliz Natal! 😉
A Pizza
Conta a história de um casal que vai a um restaurante comer pizza. O marido recebe uma mensagem no celular e a esposa apaga. O final, ou, o motivo, o leitor tem que imaginar.
A narrativa é muito boa, descreve em detalhes a vida e a personalidade de cada um, a ocasião em que eles se conhecem e depois se casam. Ela é uma mulher expansiva, ele é reservado. Não consegui imaginar o que haveria naquela mensagem e o motivo da mulher a excluir e por que ter dado o número do telefone do marido para o “carinha” na boate. Ela achava que ele era gay?
A história é simples, retratando a vida de um casal, apresentado a personalidade de cada um e como se encontraram. O foco é muito mais na vida deles antes um do outros, mas é possível compreender bem o período que passam juntos. É contado a partir de flashbacks que partem da praça de alimentação de um shopping.
O conto é muito consistente e muito bem ambientado. O autor faz bom uso do espaço utilizado, dando complexidade aos personagens. Há também muitas brincadeiras com a língua ao longo do texto, demonstrando um claro domínio da escrita. Talvez o ponto fraco seja a conclusão, que não está no mesmo nível do restante.
🗒 Resumo: homem, que é perdidamente apaixonado por sua bela e desejada esposa, recebe uma mensagem sugestiva que indica a traição dela, mas ela consegue apagar antes dele perceber.
📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫): acabei achando os flashbacks melhores que a trama que ocorre no tempo da narrativa (que aqui está narrado no tempo presente). A parte da mensagem recebida logo no início me deixou um pouco confuso pela forma apresentada. Precisei ler e reler e voltar para o início para entender que ela tinha apagado. A história de como eles eram e como se conheceram, mesmo repetindo alguns clichês, funcionou bem, me apeguei a eles. Não sei se entendi muito bem a última frase: por que as pupilas dilatadas?
📝 Técnica (⭐⭐⭐▫▫): é boa, funciona bem, principalmente na apresentação dos personagens e nos flashbacks. O diálogo do início me causou estranhamento, pois não entendi muito bem o que se passava. O fato de ser narrado com verbos no presente, embora não esteja errado, me deixou confuso. É possível narrar o tempo da narrativa e também os flashbacks no pretérito perfeito. As narrações no presente deixam o conto com cara de roteiro. Esse não foi um ponto decisivo na nota, porque está certo, mas só um toque mesmo, pois me confundiu.
💡 Criatividade (⭐▫▫): os personagens, apesar de bem construídos, acabam sofrendo de alguns estereótipos que empobreceram um pouco o texto quando parei para pensar à respeito.
🎭 Impacto (⭐⭐⭐▫▫): o conto me prendeu bastante na parte os flashbacks, mas saquei logo nos textos em negrito que ela estava traindo ele. Achei, portanto, que o fim não foi tão bom quanto poderia. Ainda mais porque não sei exatamente o que ocorreu depois que ele descobriu que a mensagem foi apagada. Ficaria melhor se ele simplesmente deixasse pra lá e ponto, ela teria conseguido seu intento de distraí-lo. Mas é um bom texto, divertido e que segura a atenção.
Resumo:
O conto conta a história de um casal, o antes e o depois do casamento, fala principalmente sobre a esposa, sobre como ela se comportava antes de se casar, e conta alguns casos dela, mas o segredo maior que o autor tenta esconder é sobre a infidelidade dela com o marido, como ela esconde os casos extra conjugais dele… achei um texto mediano, como já comentado, mas havia esquecido de deixar a avaliação e como provavelmente esse conto deve derrotar o meu, vim aqui, para completar o comentário anterior.
Critério nota de “1” a 5″
Título: 3 – O título é muito vago, não entendi uma relação maior da palavra pizza com a trama em si, e como o encontro para comer a pizza de fato não revela nada para o marido, não achei um bom título. Talvez eu tenha viajado.
Construção dos Personagens: 4 – Aqui o autor trabalhou bem, tanto o esposo como a esposa tem suas personalidades bem desenhadas.
Narrativa: 3 – A narrativa adotada pelo autor não me cativou, senti meio travada, sem a devida tensão para me carregar pelo texto.
Gramática: 5 – Sem nenhum problema visto por mim.
Originalidade: 2 – Ideia muito rasa, um romance com os segredos de relacionamentos extra-conjugais e nada mais… Esses dias assistir um filme interessante na Netflix, chama-se “Nada a esconder”, fala sobre o assunto de uma forma muito moderna e sugiro para quem gosta. Eu gostei do filme,já o conto falta algo mais para me atrair.
História: 2 – Não sei, como disse ficou mais parecendo uma novelinha, o conto primeiro conta a vida da moça antes de se casar, para apenas no final revelar que depois de casada ela trai o marido… parece um capítulo de algo maior e isso não me fez acreditar que o autor tenha uma história e sim um recorte dela.
Total de pontos: 19 pts de 30
Muitos certamente irão gostar, eu que sou chato mesmo.
Boa sorte!
Casal janta num shopping. Esposa pede telemóvel ao marido para testar a rede. Na realidade está a apagar mensagem que um amante lhe tinha enviado, depois dela lhe ter dado o número do marido por engano.
Achei o texto bem construído, se bem que excessivamente mundano. As personagens estão bem desenvolvidas, mas algo estereotipadas. Ele é o homem com um bom emprego que casa com uma mulher extremamente bonita que o trai. A história já foi muito vista e traz poucas novidades. Mesmo assim, o leitor fica satisfeito com a imprevisibilidade do final. O autor domina a linguagem e a forma de manter a tensão ao longo do texto.
Obviamente, peço desculpas antecipadamente por quaisquer criticas que pareçam exageradas ou descabidas de fundamento. Nessa avaliação, expresso somente minha opinião de um leitor/escritor
Caro(a) autor(a),
Desejo, primeiramente, uma boa Copa Entrecontos a você! Acredito que ao participar de um desafio como esse, é necessária muita coragem, já que receberá alguns tapas ardidos. Por isso, meus parabéns!
Meu objetivo ao fazer o comentário de teu conto é fundamentar minha escolha, além de apontar pontos nos quais precisam ser trabalhados, para melhorar sua escrita. Por isso, tentarei ser o mais claro possível.
PS: Meus apontamentos no quesito gramática podem estar errados, considerando que também não sou um expert na área.
Resumo: O conto é um resumo sobre o relacionamento entre Bia e Bruno, com recortes muito suspeitos.
Impressão pessoal: Gostei da trama como um todo. O casamento aparentemente normal e a traição, marcada por breves frases. Confesso que demorou um pouco para sacar as entrelinhas e perceber que a infidelidade da Bia.
Enredo: O enredo é muito bem desenvolvido. Claro, instigante e fácil de acompanhar. Foi uma leitura bastante prazerosa. Um plot twist muito bem feito.
Gramática: Não achei nenhum deslize.
Pontos positivos:
• Gostei bastante da ambientação. Achei interessante o fato que é possível ter presenciado a cena como um figurante que estava sentando ao lado deles ou numa fila de um McDonald’s ou Bob’s. (Particularmente, não gosto muito da pizza do Domino’s. Mas pizza é pizza e eu não recuso um pedaço);
• O final aparentemente aberto é uma cereja no bolo da simplicidade do conto;
• Também gostei muito do conto porque o autor mostra a realidade de alguns relacionamentos. Não é todo mundo que se encaixa num relacionamento monogâmico. Nem sempre somos o suficiente para nossos parceiros.
Pontos negativos:
• Não tenho nada a comentar de negativo.
Valeu, Givago! Brigadão pela leitura e pelo comentário deixado! Sabe aquela brincadeira de ficar sentado no meio de um restaurante ou praça de alimentação em algum local repleto de gente e começar a observar as pessoas, imaginando nomes, gostos, trabalhos, manias, origem, histórico, virtudes e vícios? Pois é… Melhor manancial eu não conheço! 😉
Abração!
Paz e Bem!
Bom saber que não sou o único a fazer isso!
O conto retrata a história de um casal improvável, a partir de um lanche no meio do shopping. De início, é informado que a esposa fez uma manobra que o marido não percebeu, alusão a uma alteração no celular do esposo. Posteriormente, descobrimos que ela fez outras manobras também sem ele ter percebido ( ͡° ͜ʖ ͡°).
A narrativa foca bastante no desenvolvimento dos personagens e o faz de forma muito convincente. Contudo, fiquei com um gosto amargo na boca ao final, pois senti um certo retrocesso no desenvolvimento de Bia. Tinha entendido que seu crescimento dizia respeito a superar as paixões juvenis e ser capaz de apreciar o amor mais maduro. Verdade seja dita, o autor elaborou de maneira bastante clara que Bia sabia que era desejada desde a infância, e gostava dessa espécie de poder sobre os homens. Ainda assim, tinha entendido que sua superação passava passava pelo amadurecimento de deixar esse tipo de coisa para lá.
Claro, em uma segunda leitura mais atenta, isso é questionável. Afinal, o próprio elemento catalisador de seu interesse por Bruno é o controle do homem sobre si mesmo, não oferecendo a Bruna a ânsia pelo sentimento de desejo. Ainda assim, ainda assim…
Bem, creio que as superações na vida real não são absolutas, e sempre acabamos voltando para um ou outra fraqueza, em maior ou menor grau.
Mas nada disso é tão importante quanto a construção da narrativa. Achei algumas passagens maravilhosas e, por si só, valeriam toda a leitura. Coisas como:
“De fato, gostava de ser cobiçada pelos homens. E do fato de ter aprendido a satisfazê-los. Era bom. Bom ter este poder; poder ter este saber. Saber corresponder a este querer. Ser almejada… ”
ou
“Bia não queria sentir novamente aquele vazio. Queria vazão. Dar vazão a tanto desejo acumulado na contagem dos dias passados e já de novo soturnamente vislumbrados.”
Maneiro.
Além da construção narrativa, a própria construção dos personagens, força propulsora da história, está bastante realista, como mencionei acima. É fácil se identificar aqui e ali com os protagonistas.
Me chamou atenção, também, o início e a conclusão do texto no tempo presente, embora a construção dos personagens em si tenha ocorrido no passado.
Enfim, excelente trabalho. Gostei demais da leitura.
Valeu, Leandro! Confesso que ri de sua introdução.. Ooops! 😀
Obrigado pelo feedback, querido; isso não tem preço. Mais do que apontar erros/acertos, me importa saber o que o leitor sentiu ao ser apresentado à história proposta; e isso você conseguiu me transmitir com seu comentário não apenas atencioso, mas principalmente espirituoso. Obrigado! 😉
Abrax!
Vamos lá!
A escrita é bem conduzida, ainda que a narrativa corrida em alguns pontos me incomoda, gosto de sentir uma certa calma no narrador, e nesse estilo a intenção do autor com a repetitividade é reafirmar ideias e isso para mim não soou bem.
Quanto a trama, também senti muito enrolada para um plot twist qie infelizmente não funcionou para mim, devido o autor(a) ter que ter revelado o “dar mole na noite anterior”…
Penso que se não tivesse isso, tivesse deixado a dúvida no ar causaria mais efeito, o explicar demais me incomodou.
Quanto ao resultado geral em si, por si achei que por se tratar de um tema livre estou esperando alguma coisa diferente de um romance ou uma traição, aqui temos uma mini-novela, quase uma vida de uma mulher e isso para mim fugiu da categoria “conto” ainda que seja, porém por narrar mais que um espaço curto acabou descaracterizando um pouco.
No mais o autor(a) demonstrou qualidade na escrita e bom domínio da lingua.
Parabéns!