Foi assim que tudo terminou.
Cada um para o seu lado, cigarros acesos na chuva.
Não sem antes trocarem um longo beijo desesperançado.
Combinaram que aquilo era só outro começo.
Ele aceitou como pôde.
Ela nunca conseguiu superar.
Voltou do médico, arrasada.
A notícia não era nada boa.
Poderiam ter tido um filho.
Tentaram se equilibrar, cada um ao seu modo.
Ela queria ser malabarista. Ele, segurar o mundo com as mãos.
Conversaram muito, sobre todos os casos, sobre todas as coisas.
Resolveram se encontrar. Mais uma vez.
Sabiam que havia algo ali – à espera, à espreita.
Parados, procurando o tempo certo, e o que dizer um ao outro.
– Tudo bem.
– Você quer?
– Um cigarro?
– Você tem?
Os dois, sozinhos sob a marquise, ao abrigo da chuva insistente.
Foi aqui que tudo começou.
P.S. Frase por frase, é assim que deveria ter sido: exatamente ao contrário do que realmente aconteceu. Mas viver é irreversível.
Lendo de cima para baixo ou de baixo para cima é de uma criatividade incrível. Parabéns.
Muito estranho ler algo que eu gostaria de ter escrito. Comentei no Facebook que essa seria a minha ideia para o desafio (embora de fato eu não tenha sequer bolado uma história).
Não tenho noção se o conto chegou perto do limite do desafio e este é o primeiro conto que leio, mas o achei um tanto curto. Em outras palavras, raso em desenvolvimento. Gostei da premissa, tinha boas cartas na manga, mas não senti a emoção dos personagens momento algum. Ainda assim, me agradou. Convence dentro da proposta e experimental o suficiente 🙂
Em tempo: achei o PS desnecessário. Esnoba a sagacidade do leitor.
Olá autor(a).
Um conto de trás para diante e se não me falha a memória teve mais um que usou esse recurso, só que o seu foi melhor. Não chega a ser um absurdo de experimentalismo mas convenceu sim. Parabéns. Achei muito bem escrito e tive interesse em conhecer seus outros trabalhos. A simplicidade é só aparente, tem muito talento aí.
Boa sorte no desafio!
Não deve ter sido fácil escrever duas narrativas em um conto. Principalmente utilizando as mesmas frases em reverso. O texto é bem simples, mas de uma competência enorme. Tem dois enredos ali. Inícios, meios e fins e não necessariamente da mesma história com os mesmos personagens. Experimento bem-sucedido. Fiquei com vontade de mais, porém sei muito bem que a extensão poderia ter feitos grandes estragos no seu texto.
PS: me lembrou o filme Amnésia.
Cara, eu terei de dizer que foi um bom texto, mas não se adequou ao gênero de experimental, ao meu ver, mas foi um bom texto… o bom é que foi curto (não é uma critica, é que salvou minha vida).
Desculpe pelo curto comentário…
ótimo conto, abração
Olá, autor/autora. Não me sinto em condições de fazer comentários muito técnicos dessa vez. Então tentei passar as minhas impressões de leitura, da forma como senti assim que a terminei. Desde já, parabenizo por ter participado!
Então, vamos ao que interessa!
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Curto e eficiente. Muito legal a brincadeira! Li a primeira vez de cima pra baixo, depois vi que no sentido contrário era outra coisa. Aí fiquei em uma brincadeira de ler uma vez em um sentido, outra vez no sentido inverso… Engenhoso em sua simplicidade, parabéns!
Curto, ótimo; inteligente e claro, experimental.
Acho que a mesma ideia poderia ter sido um pouco estendida.
Boa sorte e sucesso!
Ágil, objetivo, bem delineado. A surpresa final, ressiginificando o que já havia sido contado, uma segunda leitura encadeada na primeira que transforma totalmente o conto. Ótimo! Um grande pequeno trabalho.
Um texto curto e objetivo, quase rarefeito. A surpresa final, da leitura de trás para frente, a meu ver esclarece demais, não deixa espaço para a imaginação do leitor. A leitura no sentido normal é de um recomeço, e no sentido inverso (que era a história mesmo) é de um término. Uma boa sacada, ainda que com índice mediano de experimentalismo. Boa sorte no desafio!
hahahaha’ morri de rir aqui Comecei a ler em voz alta, fazendo o maior drama, para ver se dava uma acordada para ler os outros contos. E tô lá chegando no fim e pensando “cadê o experimento?”. Aí chego na frase final, ainda narrando a história e grito “EPA!”. Foi engraçado rs
Lembrei de um dos primeiros poemas que li na escola, acho que o autor é desconhecido:
Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
Eu te amo!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais…
Assim como o poema, o conto não tem uma grande reviravolta, além da história ao contrário. Acho que cumpre o seu papel. A minha diversão ao ler foi o ponto alto para mim rsrs’
Boa sorte!!
Parabéns! Esse trabalho é fantástico em sua apresentação! A escrita não tem momentos de excelência, mas a criatividade no storytelling foi a chave para o sucesso.
Gostei demais.
Parabéns.
Olá, Dead Sea.
Gostei muito do experimento. Só esperava uma mudança maior na trama quando lendo no sentido oposto. De qualquer forma, ficou muito bom: poético, forte e criativo. Pena as coisas não terem dado certo para o casal da história…
Abraços e boa sorte no desafio.
Frase chave mestra: “Frase por frase, é assim que deveria ter sido: exatamente ao contrário do que realmente aconteceu. “
Poderia ser apenas uma bela prosa poética, mas a delicadeza do experimento foi assustadora. Esse “PS.” é um murro na cara. E ao perceber que devia ler de baixo para cima fiquei mais abestalhada ainda com a profundidade da trama.
Enxuta, poética, cruel. Parabéns!
bom diaaa! td bem?
uau, adorei!
fiz a primeira leitura totalmente inocente, sem nem desconfiar de nada.. já tava meio chateado de ter que falar que o conto não era experimental, quando veio o fim e me arrebatou.. adorei não só o experimentalismo em si, mas a forma como os dois textos se complementam e se abraçam de uma forma inteligente.
a segunda leitura me deu um aperto no peito, foi bem triste.
parabens, belo trabalho!
Texto poético muito bonito para ser lido do fim para o princípio mas do começo até ao fim também soa bem. Há uma canção dos Coldplay cujo vídeo vai assim do fim para o princípio mas é raro tal acontecer na escrita. Umas vezes de forma pontual, sim, mas a história toda já não.
Fala, mar morto.
Ótimo, conto, ótima ideia, perfeita para um desafio experimental.
Na primeira leitura ordinária, fiquei com certa desconfiança com as frases curtas e diretas. Porém, chegando ao final entendi a razão. Confesso que gostei muito mais de leitura ao contrário.
Em um exercício de imaginação conseguimos perceber o universo desses dois personagens expandindo e contraindo, em um mimetismo claro das teorias cósmicas. Um eterno palíndromo universal! Nesse sentido adorei essa frase “Ela queria ser malabarista. Ele, segurar o mundo com as mãos.” pois reflete bem essa característica do texto.
Parabéns e volte sempre
Wow. De início eu achei um texto bom, mas comum, sem nada de diferente. Aí cheguei à última linha e a revelação se fez. Eu próprio não tinha pensando nessa possibilidade de texto reverso para esse desafio, e quando surgem essas ideia que a gente não espera, elas impactam a gente ainda mais.
A ideia é pouco original, mas até que foi bem executada. Geralmente vemos essa estrutura em anedotas, mas casou bem com o clima melancólico do micro-conto. É um bom conto, com uma mensagem interessante. E o autor teve grande mérito em adicionar o PS sem DIRETAMENTE contar ao leitor que leia de trás pra frente.
Foi um bom trabalho.
Parabéns e boa sorte no desafio!
Olá,
Às vezes é um fôlego encontrar um conto curtinho, mas engana-se quem acha que encontraria algo simples. Gostei bastante do seu conto, li até o final e do final li até o começo , duas perspectivas. Engraçado que acabei de ler outro texto com esse mesmo experimento, só que com mais fôlego. Ambos conseguiram criar uma estrutura atraente. No caso do seu texto muita coisa fica nas entrelinhas.
Gostei imenso, como diria a Ana.
Parabéns, boa sorte no desafio.
Oiiii. Muito bom. O texto é curto, mas diz muito em poucas palavras. Foi muito bom o fato de ele poder ser lido tanto de baixo para cima como de cima para baixo. E gostei também da reflexão que ele trás, porque muitas vezes ficamos com a sensação de que tudo poderia ter sido diferente, que o tempo passado poderia ter sido diferente do que foi, só que o tempo é como um rio que corre em um única direção e como diz o texto viver é irreversível. Parabéns. Abraços.
Salve, Dead!
Direto ao ponto (como o conto fez – duas vezes, por sinal) digo que é um dos trabalhos mais interessantes do desafio até agora. E digo isso analisando o fato de que a forma, embora pareça ser a razão principal de sua existência, não deixa o enredo para trás. Alguns contos do desafio focaram demais na forma, tentando atingir o experimentalismo, e acabaram deixando o enredo em segundo plano. Não é o caso aqui. O experimento foi utilizado em favor do enredo (ou enredos).
Mas devo dizer que o tom de melancolia me incomoda um pouco. Opções, decisões, alternativas nem sempre geram insatisfações ou arrependimentos, e teria sido legal ver o conto ir por outro caminho. Vários contos desse desafio adotaram o mesmo tom. O tom melancólico não é exatamente um problema. Mas é algo que me impediu de conseguir um vínculo maior com o texto.
É isso! Boa sorte no desafio!
Texto curto. Uma benção depois de ter lido dezenas de textos. O facto de ser curto não significa que não tenha sido emotivo ou sem qualidade. Neste texto, escrito de uma forma simples com recurso à inversão da ordem da narrativa, é contada a história de um casal em que a mulher tem um aborto, o que faz com que a relação termine. A história é real, contada com palavras cruas. Gostei, mas acho que ficou excessivamente curto.
Putzs, outra ideia que eu gostaria de ter tido (como naquele conto em linguagem de programação). Fico imaginando como foi complicado escrever esse conto, que funciona de baixo para cima e de cima para baixo, pqp…. O “ps” no final é necessário, pra gente sacar que de ponta cabeça o texto também funciona, mas acho que seria mais legal um “ps” com mais neblina, menos direto, ou, e eu não sei como (talvez o autor(a), genial como foi, conseguisse) arrumar outra forma de dizer ao leitor que o texto funciona de baixo para cima. Trabalho genial,
Olá, autor!
Gostei demais do seu texto fazendo sentido nas duas direções, ainda que a certa fosse ler de baixo para cima.
Um trabalho muito bem feito e que tive o prazer de ler e reler do jeito certo.
O texto é bem curtinho mas há personagens, há enredo, há emoção, há lógica, e há experimentalismo!
Um projeto de inequívoco sucesso. Parabéns!
Olá Dead Sea,
Eu gostei do seu experimento! Texto curto direto, poético. Duas estórias? Outro ângulo da mesma? Não importa. O que importa é que o leitor use a imaginação e preencha as lacunas. Muito bom! Parabéns e boa sorte!
Gostei. Muito legal a históriia de trás para frente, além de fazer mais sentido também. De frente para trás, em alguns momentos, parece que as frases estão soltas, sem uma conexão. Alta criatividade, boa técnia, bom impacto. Boa sorte no desafio.
Eu gostei demais! E se posso me atrever, tiraria a primeira frase (Foi assim que tudo terminou). Para mim ela é dispensável. Li do começo ao fim e do fim para o começo, ou será que foi ao contrário? Está curto, sim, mas é direto, reflexivo, e experimental. Tudo a seu tempo.
Um texto curtinho, que conta uma história de cima para baixo e baixo para cima. O começo e o fim de uma relação, coisas que doem em todos nós. Sempre. Efetivo, uma bala bem mirada. Parabéns e boa sorte no desafio.
Um texto curtinho, que conta uma história de cima para baixo e baixo para cima. O começo e o fim de uma relação, coisas que doem em todos nós. Sempre. Efetivo, uma bala bem mirada. Mas aqui, ao contrário da brincadeira infantil, não temos o final feliz escondido – a vida, ela é irreversível como a fumaça que se perde no ar. Parabéns e boa sorte no desafio.
Olá autor(a),
Tudo bem?
Viver é irreversível. Não há nada mais belo, real e triste. Na literatura, no entanto, há a possibilidade da tal reversibilidade. Aqui, lemos um conto de cima para baixo, outro, de baixo para cima. Ambas as histórias, porém, convergem para o mesmo fim.
O fim.
Viver é mesmo irreversível.
É interessante notar que, embora contada de modo diferente, digamos cronologicamente, ambas as narrativas, a direita e a avessa, convergem para um mesmo ponto de virada. O momento em que o casal descobre que, em suas histórias, não há filhos. Assim, separam-se. Um filho seria, talvez, a tábua de salvação para ambos, para um deles, ou, aproveitando a premissa do trabalho, para nenhum. Afinal a proposta é a inexorável irreversibilidade dos fatos.
O jogo é gostoso e as palavras convidam o leitor permanecer girando e girando no looping de sua verve.
Parabéns.
Sorte no desafio.
Beijos
Paula Giannini
Que leitura interessante…
Um texto simples, com apenas 23 linhas, pouquíssimas palavras, e o autor conseguiu retratar parte da vida. E, justamente, uma parte densa, emotiva. Um texto enxuto, mostrando que a construção de um trabalho com frases curtas pode transmitir uma história consistente.
Genial a leitura ao contrário, deve dar muito trabalho.
Que peninha que o final tenha sido triste. Ou não foi?!
Parabéns, Dead Sea!
Boa sorte no desafio!
Abraços….
Caro Autor, alinhada com a proposta do desafio, estou “experimentando” uma forma diferente de tecer os comentários: concisa, objetiva, sem firulas, e seguindo os aspectos de avaliação de acordo com a técnica literária desenvolvida pelo meu conterrâneo, o Analista de Bagé, a técnica do “joelhaço”:
. Escrita: Reversível ou camaleônica,
. Enredo: O inverso do Universo;
. Adequação ao tema: De trás pra frente, vá em frente;
. Emoção: “Cada um para o seu lado”, fim.
. Criatividade: Poética.
. Nota: Mais do que vc. espera. Abçs.
PONTOS POSITIVOS = Me fazer lembrar do maravilhoso filme do Gaspar Noé, de mesmo nome! Lembro que quando assisti no cinema fiquei completamente admirado com aquela verdadeira obra de arte! Que filme! Que filme…
PONTOS NEGATIVOS = Talvez por eu ter gostado TANTO do filme, fiquei esperando por algum tipo de soco no estômago enquanto lia o seu texto; mas – claro, nem poderia ser diferente! – ele não veio. Foi apenas um texto escrito de trás para frente, no que diz respeito às frases (assim como as cenas que vão ‘retroavançando’, em espiral, no filme homônimo). Mas o problema aqui nem foi esse… Diferentemente da obra cinematográfica, cujo final (num paradoxo genial) é ‘feliz’, aqui o final tornou-se triste. Tudo por causa de uma (desnecessária) nota final do autor…
IMPRESSÕES PESSOAIS = Desculpe-me por minha sinceridade, autor, mas realmente foi assim que me senti. Na minha humilde opinião, soou como se você não acreditasse que o leitor pudesse compreender sua ideia de reverter a ‘contação’ de sua história, temporalmente falando, linha por linha, e precisasse ‘pegar o leitor pela mão’ (através da nota final), levando-o, então, ao Nirvana. Mas o mote do trabalho foi bom e lhe parabenizo pelo texto!
SUGESTÕES PERTINENTES = Num texto tão pequeno como o seu, a surpresa final (ou qualquer outro sentimento que faça o leitor ficar ‘matutando’ alguma coisa após terminada a leitura) é praticamente obrigatória. Talvez, se ao invés de uma nota explicativa você colocasse algum diálogo que só se fizesse inteligível de trás para frente, ou até mesmo uma última frase onde as palavras, aos poucos, fossem ‘odnariv ed odla’, ou ‘ordem de’, o leitor iria realizar sozinho esta descoberta (caso já não a tivesse feito bem antes, como em meu caso e no de muitos outros, certamente) e o final soaria muito, muito mais “dramático” ou “revelador”, cumprindo com a mais importante das premissas do gênero de histórias curtas.
!oifased on etros aoB
Assim como começou o amor rápido acabou, Frases curtas para demonstrar em um conto bem curto o início e o fim de uma ilusão amorosa, cada um pro seu lado sem sentimentos e sem dramas, acabou, ponto final;
Trata-se de uma brincadeira engenhosa, um texto cujo sentido se altera quando lido de baixo para cima. Não se pode dizer que seja um poema e, não sei se seria um conto. É um texto dividido em linhas. Não é um palíndromo, porque eles dão a mesma leitura. Lembrei-me, logo que terminei a primeira leitura e vi a nota abaixo, de um texto atribuído a Clarice Lispector:
“Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais…”
No todo, gostei, enquadra-se perfeitamente neste Desafio e a trama ficou interessante. Parabéns pela participação. Abraço!
Olá,
Um senhor texto. Curto, simples, sensível e triste. Muito bem concebido. Frases curtas, mas efetivas. Daquelas que muito falam com pouco. Parabéns pelo trabalho. Boa sorte no desafio.
Olá, caro Dead Sea,
uma história simples, rápida e bem contada, segundo os limites do desejo de reversibilidade da leitura.
Uma leitura que pode ser considerada cíclica, contada em circularidades.
O móvel, por princípio, é abrir mão daquilo que fundamentalmente caracteriza as línguas: a recursividade. Isto quer dizer que as frases devem ser curtas e não declinarem em sucessivos caminhos, privilegiando o estancamento, em cada frase, de uma ideia de boa cognição que termina em si.
Assim, “então, dado que, embora, que, portanto..”, estão fora da jogada.
Apenas como ilustração, apenas uma língua até hoje encontrada que abdica da recursividade está aqui no Brasil e se chama língua pirahã (por óbvio, indígena).
Há um livro fabuloso que trata disso e se chama O Reino da Fala, de Tom Wolfe, onde relata a longa briga linguística entre Noan Chomsky e Daniel L. Everett. O primeiro negando o fato de que não possa haver uma língua sem recursividade e o outro, Everett, afirmando que ela existe e se chama pirahã.
O conto não pode ser considerado um palíndromo nem as frases são anacíclicas, tratando-se fundamente de uma construção em blocos lógicos de escrita sem recursividade.
Legal isso. Parabéns e boa sorte no desafio.
Que bacana teu comentário, Angelo!
Sim, Dead Sea, a vida é irreversível. Ela não nos dá a chance do palíndromo. E isto é angustiante. Ah, como gostaria de voltar em alguns pontos na minha vida e poder descosturar o que bordei, enlaçar novos fios, e enfim, poder costurar de novo com outras cores mais bonitas e com desenhos mais significativos a minha história. Mas cá estou eu a fazer filosofia barata do seu lindo conto. Que bacana a sua obra, gostei demais da sua criatividade. Está ótimo. Curto, denso e belo. Precisa mais o quê? Que tudo comece, que tudo termine e que tudo tenha novo início… abraços de parabéns.
Bem bacana,a sua ideia de usar um texto reversível. Já tinha visto isso em um poema de alguém famoso e achei espetacular. Além de tudo, o conto é curto, ágil e portanto não cansa. Fiquei com pena dos personagens por terem terminado algo que já não podia ser revertido. Boa linguagem, sem pretensão de apresentar algo mirabolante. Aqui, a simplicidade foi o grande trunfo. Parabéns!
Eu já conhecia frases que, lidas de trás para frente diz a mesma coisa.” Roma me tem amor” é a mais antiga. Em texto é a primeira vez que leio. Foi uma boa ideia e ficou muito bom, duas direções para uma só história. Confesso que não tinha percebido numa primeira leitura, fiquei procurando o “experimental” até que reli a nota. Boa sorte.
Olá, Dead. Boa ideia. Já conhecia, uma vez li um pequeno texto assim e, claro, senti o desafio e fui a correr fazer um também. Nem sei que destino lhe dei, há-de estar algures num qualquer momento da minha cronologia, penso.
É muito difícil. Recordo-me de que, por não ter optado, como você inteligentemente fez, por frases curtas, tive que terminar quase todas as linhas em “que” ou “e” para dar continuidade.
Não é possível produzir um conto longo dentro deste formato e o seu não o é. Mas tem dois princípios, dois fins e um meio. Vale a dobrar, então, não é?
E vale mesmo. Totalmente adequado ao tema.
Parabéns e boa sorte no desafio.
Adorei! Lido de trás pra frente, da frente para trás, duas estórias, a mesma estória, não redundantes, mas complementares nos detalhes, no entendimento. Parabéns!
Olá Dead Sea,
O teu texto é primoroso. Ao contrário do nobríssimo Fabio, eu acho que frases curtas podem falar muito. Gosto das quebras, gosto do que não é dito.
O teu texto – que não é um palíndromo – para mim, funcionou como uma possibilidade de enviar duas mensagens, já que ele pode ser lido do início ao fim e do fim ao início. Isto é, ele tem dois começos possíveis (ainda que a vida, como fazes a referência, não nos permita esse milagre).
E é aí que o experimental nos abre horizontes, não é? Temos na literatura a possibilidade de dois começos.
Eu imagino que não tenha sido fácil amarrar tudo porque, embora sejam curtas, cada uma das frases está ali com o seu propósito temporal.
Pessoalmente (daí é só bobeira minha e também não sei explicar exatamente), o teu pseudônimo não me agradou… hahahahahaha… mas e daí, né?!
Sei lá, poderia até “Sea Dead”… frescura minha.
Outra coisa, eu acho que ficaria bem bacana encaixar o texto do “PS” no texto.
Por exemplo: “Viver é irreversível” poderia abrir e/ou fechar o texto.
Gostei bastante mesmo! E lembrei de Cortázar, meu ídolo, e seu “O Jogo da Amarelinha”.
Um conto inteligentíssimo, cuja forma, eu já tinha conhecimento de tal técnica de narrativa, entretanto nunca experimentado uma leitura. Um enredo conciso, mas muito abrangente quanto à inerência do tema proposto. Ótimo trabalho no sentido estrito do experimental.
Não sou muito chegado em frases curtas, mas gostei desse texto. Ele é triste e bonito e rápido o suficiente para as tais frases, praticamente versos de um poema, não começarem a me incomodar.
Se encaixa no tema, sem dúvida. E o mais surpreendente foi constatar que ninguém ainda havia apresentado nada com essa ideia de palindromo (acho que é esse o nome). A leitura “ao contrário” não trouxe lá grandes surpresas, mas valeu.
Bom trabalho.
Abraço!