“Do lugar mais alto
ela olha
o invólucro que protege o universo.”
Autor desconhecido.
Conheci o velho na época em que as obrigações ainda me afligiam. Eu caminhava pela calçada, absorto em pensamentos, preocupado com os artigos atrasados que deveria entregar e talvez por isso não o tenha visto. Só dei conta da sua presença quando ele desabou do meu lado.
Olhei, surpreso, para o sujeito. Ele tremia muito e apertava as mãos contra o peito, exibindo a careta de uma dor que parecia insuportável.
Minha reação foi automática: peguei o celular e estava discando o 192 quando ele voltou a si, arquejante. Presumi que o ataque havia passado e abaixei-me ao seu lado.
— Tudo bem com você? – Eu disse.
— Você… — Ele falou com dificuldade. — É com você que vai ser.
— Preciso chamar uma ambulância. Acho que você teve um ataque cardíaco.
— Você… precisa vir comigo. — E colocou a mão no meu ombro.
Foi o tempo de um piscar de olhos. A rua desapareceu e tudo ficou mais escuro. Olhei para cima e vi o teto de uma casa. Paredes envolviam a mim e ao velho. Ele continuava no chão, mas parecia pior do que antes. Seu rosto estava pálido e ele apertava fortemente a mão sobre o coração, como se quisesse arrancá-lo.
— O que aconteceu? — Desaguei a pergunta mais tola possível.
— Preciso… de você, Arthur. — Ele parecia recuperado e levantava-se devagar.
— Como sabe meu nome? Quem é você?
O homem sentou-se no sofá com dificuldade. Depois olhou para a mesa. Em cima dela, havia uma ampulheta.
— Quem é você? — Insisti.
— Meu nome é Saulo… e eu estou morrendo.
Obviamente aquela afirmação não respondeu minhas perguntas.
— Você fez isso? — Eu disse ignorando o “eu estou morrendo”. — Você nos trouxe aqui?
— Sim. — Ele assegurou, como se teletransportar pessoas por aí fosse a coisa mais natural do mundo.
— Como? — Perguntei, com mil coisas passando pela minha cabeça.
— Não dá tempo de ficar explicando isso, garoto. Eu não tenho muito tempo. — Disse o velho, um tanto impaciente. — Você precisa me fazer um favor.
O medo deu lugar a uma leve euforia. Eu começava a conformar-me com a situação. Por mais doido que aquilo tudo fosse, eu não estava sonhando.
— Um favor?
— Sim, um favor. O que você é? Um maldito papagaio? Primeiro você faz um milhão de perguntas e agora repete tudo o que eu falo? — Ele colocou a mão no peito fazendo uma careta. Depois se levantou, foi até uma cômoda no canto da sala, abriu a gaveta, tirou uma garrafa e bebeu um gole.
Fiquei olhando sem falar nada.
— Isso é gin, se você quer saber. Não bebo há anos e, como vou morrer, posso me conceder alguns luxos.
— O que você quer de mim?
— Já disse. Eu vou morrer, Arthur. Mas antes preciso deixar algo. Uma herança… gosto de pensar assim. Preciso deixar o tempo para trás, dar lugar ao novo.
— Se quer fazer um testamento, melhor procurar um advogado. — Rebati aquele desatino. Ele só podia estar brincando.
— Testamento? — O velho riu. — Minha herança é minha história, filho. É a única coisa que posso deixar, a lembrança. Ela é a única herança dos miseráveis.
— Não entendo. Por que precisa que eu escreva isso? — Indaguei. — Nem nos conhecemos.
— Isso é só um detalhe. Afinal de contas, se o destino fez com que nos encontrássemos, então é assim que deve ser.
— Eu não acredito em destino. — Menti.
— Você vai escrever ou não?
—Mas… escrever o quê?
— Já disse, quero que escreva minhas memórias.
Por absurdo que fosse, não havia como recusar. Afinal, escrever a história de vida de um cara que podia se teletransportar seria, no mínimo, interessante. Muito mais do que escrever artigos sobre cinco motivos para comer pão no café da manhã, por exemplo.
— Quanto? — Perguntei.
O velho sorriu.
— Não tenho muito a oferecer. — Ele falou olhando para a sala.
— Se vou escrever, preciso saber o que vou ganhar.
— Vejamos… darei os direitos sobre o que escrever. Poderá fazer o que quiser com o conteúdo.
Obviamente aquela proposta era uma porcaria, mas a curiosidade falava mais alto.
— Talvez. — Respondi friamente.
— Nos encontraremos todos os dias. Vamos fazer isso por… — Ele olhou para a mesa. — Vamos fazer isso por duas semanas. Acho que é tempo suficiente.
Não fui contra. Algo naquilo fazia com que me sentisse mais vivo e resolvi continuar para ver no que dava.
O velho entregou-me um caderno. Agradeci e caminhei até a saída. Abri a porta um pouco receoso, mas relaxei quando vi que estava no mesmo quarteirão.
Os dias passaram rápido. O homem falava e eu escrevia. Histórias malucas e absurdas, mas que se refletiam em verdades saídas da boca dele. Em uma das vezes, contou que salvara pessoas que foram soterrados no desabamento de uma obra do metrô.
Depois, falou do assalto a um banco, em que fez a arma do ladrão desaparecer, após ser feito de refém pelo bandido.
— Você precisava ver a cara daquele maldito quando a arma sumiu. — Ele contava e soltava uma risada dolorida.
Eu escrevi durante a semana inteira. Registrei tudo. E a cada dia, mais eu ficava admirado com a quantidade de vidas que ele salvara sem que ninguém percebesse.
— Eu fazia questão de apagar da mente dessas pessoas qualquer vestígio de lembrança sobre mim. — Ele dizia com a cabeça baixa, relembrando.
É impossível tomar conhecimento de uma vida tão excepcional e não se sentir fascinado. Desenvolvi uma simpatia enorme pelo velho. Salvou tantos, mas não reivindicou recompensa, e isso era mais incrível do que qualquer poder.
Os dias passavam e as coisas fluíam bem. Mais da metade do caderno estava preenchida e eu já pensava no que fazer para publicar aquilo. Mas em um dos dias, o velho estava particularmente sombrio. Por mais rabugento que fosse, nunca o vira naquele estado.
Nesse dia ele contou sobre um incêndio que destruiu uma favela construída embaixo de um viaduto e todo o encanto que eu sentia por ele pareceu desabar como uma árvore de raízes mortas.
— Os barracos de madeira cresciam em chamas. — Ele dizia, sem emoção. — As trilhas que ligavam as casas pareciam um labirinto dentro do inferno. As pessoas não conseguiriam se salvar, elas não conseguiam sequer sair de suas casas por causa do fogo. — Ele parou e olhou fixo para algum lugar daquela sala.
— Está tudo bem? — Eu perguntei, como de costume.
— Sabe, garoto… — Ele voltou a dizer. — Às vezes, quando acreditamos fazer a coisa certa, algo acontece e tudo se distorce, como se o conceito do que é certo e errado virasse do avesso. Você já se sentiu assim?
— O que você quer dizer? — Perguntei, soltando a caneta sobre o caderno.
— Nesse dia, uma coisa aconteceu… uma coisa que foi contra tudo o que eu pensava. Eu entrava nos barracos e salvava as pessoas. Mandava-as para longe dali. Crianças, mulheres, homens, até cachorros.
“Foi então que entrei numa pequena casa de madeira. Metade dela consumida pelo fogo. Uma mulher estava abaixada em um canto. Peguei-a pelos braços e disse que iria ajudá-la. “Você vai sair daqui e ficará bem”, eu disse. Então olhei nos seus olhos e… vi raiva. Ela queria que eu a deixasse lá… começou a gritar pelo filho. O garoto estava no outro cômodo, mas o fogo tinha tomado o quarto. Não havia o que fazer, mas… essa mulher… — Ele se ajeitou no sofá. — Ela tinha algo tão forte… Era uma energia tão poderosa que… não permitia que eu…”
— Você não conseguiu tirá-la de lá. — Opinei.
— Consegui, sim. — Ele assegurou. — Mas não como eu queria. Dei um chute na porta e sai pelo corredor em chamas com ela nos braços. Queimei parte de minha perna e ela havia queimado metade do rosto. Quando a soltei, longe daquele calor insuportável. Ela gritou… “seu monstro”, ela dizia. “Eu não quero mais viver… meu filho…”.
— Você acha que o garoto estava vivo? — Perguntei sem levantar a cabeça, enquanto escrevia.
— Não… não havia nada vivo.
— Então ela o culpou por você não ter chego a tempo?
— Não… você não entendeu. — Respondeu Saulo, sua voz começava a falhar. — Ela me culpou porque queria morrer. Disse que eu só havia atrasado sua partida, que eu não tinha esse direito.
— Eu também não entendo. Você a salvou.
— Você acha mesmo que eu a salvei, garoto? Acha mesmo? Então vou contar o que aconteceu em seguida.
“Uma avenida separava a favela em chamas do local onde eu deixava os sobreviventes. Essa mulher, assim que se viu fora da casa, enlouqueceu completamente. Ela gritava e eu ouvia tudo aquilo sem acreditar como alguém poderia não entender o valor da própria vida. Então, sem mais nem menos, ela correu em direção à avenida e se jogou na frente de um caminhão. O veículo a atingiu em cheio. Eu não tive tempo de fazer nada. Ela voou como um boneco de pano e caiu no meio da rua. Corri até ela, mais confuso do que preocupado. Ainda estava viva, mas as ambas as pernas estavam quebradas e a nuca, afundada como uma cuia, vertia sangue. Só que seus olhos… os olhos estavam ali, fitando minha alma. Mais vivos do que nunca. Com mais ódio do que qualquer outra coisa.”
Parei de escrever. Não fazia sentido a mulher acabar com a própria vida, nem ter raiva da pessoa que a salvou.
— O filho era sua única ligação com esse mundo. — Continuou Saulo. — Eu sabia disso. Eu vi nos olhos dela. E ela sabia que eu sabia. Mas, não foi só isso. Havia alguma coisa naquela mulher. Ela tinha um poder também, mas diferente do meu. Eu senti como se ela entrasse na minha mente, senti como se ela abrisse meu ser como se abre um livro. Ela entrou dentro da minha cabeça e plantou algo. Algo frio, sujo e deformado. Uma coisa aterrorizante e faminta que foi crescendo aos poucos. Essa mulher, seja lá que ela era, usou suas últimas energias para me amaldiçoar… “Seu dom destruirá seu corpo, como o tempo carrega os grãos de areia ao esquecimento”. Essa frase vibrou dentro de mim e uma dor aguda surgiu em meu peito. E depois desse dia, tudo mudou.
— Por isso está morrendo?
— Sim. — Disse e olhou para a ampulheta.
— Mas você tomou a decisão certa. — Eu disse.
— Foi a decisão certa?
— Claro, você a salvou.
— Salvei? — Ele falou e começou a tossir bastante, colocando a mão sobre o peito. — Como posso ter salvo aquela mulher, filho? No fim das contas meu ato heroico só prorrogou sua ida, só aumentou seu sofrimento. E é aí que eu quero chegar… não foi o senso de justiça que acabou comigo, foi o egoísmo.
— Você salvou vidas sem pedir nada em troca. Isso é o contrário de egoísmo.
— Entenda uma coisa, depois daquele dia nunca mais ajudei ninguém. Porque, no fim das contas, ajudar o próximo é a coisa mais egoísta concebida pelo ser humano. Só fazemos isso para nutrir nosso próprio ego… olhem como sou bondoso… olhem como eu salvo o mundo…. Não há nada mais desprezível do que a bondade humana porque ela só serve para preencher um desejo superficial. Não tem nada a ver com o próximo, lembre-se disso.
Senti uma pena terrível daquele velho. Aquilo soou de uma insignificância tão grande que tudo o que eu havia escrito pareceu banal, sem sentido. Não havia nada de heroico naquela figura. Era só um homem decadente.
— Nossa conversa acabou por hoje. — Eu disse, fechando o caderno.
O velho não disse nada. Apenas ficou me observando. Peguei o caderno e levantei. Olhei para a ampulheta. A areia quase toda no fundo.
— Seu tempo está acabando. — Eu disse, seriamente.
Ele sorriu. E eu sai pela porta.
Passei aquela noite tentando entender aquele homem. Ele tinha tudo para ser o salvador do mundo. A maldição não o impediu de continuar usando seus poderes, afinal, estava morrendo por causa disso, então por que ele preferiu não os usar mais para o bem? Não fazia sentido.
Com o tempo, minha raiva diminuiu, dando lugar a um tipo de compaixão. Resolvi não julgar seus motivos. Tentei ser racional e pensei no material que já tinha. De qualquer forma, havia bastante coisa, e se ninguém acreditasse nas loucuras que escrevi, poderia pelo menos lançar aquele calhamaço como uma boa obra de ficção.
Voltei à casa no dia seguinte. Bati na porta com força. As luzes estavam acesas, mas ninguém apareceu.
Virei a maçaneta e a porta estava aberta. Entrei.
Passei pelo corredor e parei na porta da sala. Ele estava sentado, com a cabeça pendendo para o lado esquerdo. A garrafa de gin estava no chão. Aproximei-me, apertando forte a espiral do caderno.
Olhei para aquilo. Não passava de um corpo qualquer. O sujeito notável das histórias em minhas mãos não existia mais. Se tudo o que ele disse era verdade ou não, não importava. O que importava é que ali havia um homem, e ele estava morto.
Tentei pensar em algo profundo, uma homenagem ou qualquer coisa. Não pude pensar em nada.
Limpei o carpete sujo de bebida. Coloquei-o deitado no sofá. Recolhi tudo o que podia e guardei comigo. Liguei para a polícia. Acompanhei o caixão de metal sendo enfiado dentro da ambulância do IML. Os policiais me perguntaram se eu era neto, respondi que não. Disse que eu o ajudava na limpeza da casa. Eles pegaram meu número e se foram.
Procurei seus familiares. Ninguém. Conversei com os vizinhos. Ninguém o conhecia.
O cemitério velava os indigentes nas noites de sábado. Ninguém compareceu. Nem eu. Fiquei em casa, algo me impedia de sair. Olhei para ampulheta, a única coisa que sobrara da história dele.
Comecei a pensar nos motivos daquilo e concluí que tudo não passava de delírios de um velho. Não me recordava direito sobre a primeira vez que o havia visto, desaparecendo da rua e aparecendo dentro daquela sala. Talvez eu tenha me envolvido tanto com a coisa que passei a acreditar que tinha me teletransportado. Tudo uma bela ironia da mente.
Uma tristeza gigante me abraçou quando lembrei disso. Senti pena daquele homem. Ele devia ter passado por problemas demais na vida para chegar naquele nível de loucura, e acabou morrendo em uma solidão da qual sequer tinha consciência.
Então decidi fazer de tudo para que ele não fosse apenas uma sombra desconhecida em meio às suas ações. “Só a lembrança nos mantêm vivos pela eternidade”, não sei quem disse isso, mas naquele momento aquilo me pareceu verdadeiro e correto.
Para sentenciar meu objetivo, peguei a ampulheta e reiniciei seu ciclo. Seria um novo começo, afinal.
Recordei, então, da minha infância e fechei os olhos para aquele raro instante de alegria. Eu corria pelo campo ensolarado, olhando os morros no horizonte. Senti o cheiro doce das flores e meu coração quase parou quando o vento fresco tocou minha pele.
Quando abri os olhos e encontrei-me sob o céu aberto, a imagem da ampulheta percorrendo sua trajetória irrefreável fixou-se em minha mente e não pude evitar que uma lágrima corresse pelo meu rosto.
Oi, pessoal,
Obrigado a todos que leram e teceram comentários sobre meu singelo conto. Acho que esse foi o certame em que todos os comentários que tive podem ser considerados como críticas construtivas, sem nenhuma agressão gratuita por parte do comentador.
É claro que existem diversos problemas estruturais e de trama que preciso acertar (como sempre, por sinal.. já estou meio vacinado disso rs), mas gostei da experiência de trabalhar com um personagem que tivesse diversas camadas, como o Saulo.
Minha intenção era a de que Arthur fosse um garoto ingênuo, mas achei que peguei pesado na ingenuidade e acabei deixando ele superficial e os diálogos reativos dele só ajudaram a reforçar essa característica.
De qualquer forma, foi uma boa experiência. Como sempre falo, o EC é meu laboratório, estou aqui pra errar mesmo… se bem que está na hora de começar a acertar né? kkk. 2018 tá aí, bora superar os limites e ir atrás de mais conquistas.
Um ótimo ano a todos vocês.
Gostei do conto, apesar de haver nele apenas pequenos relatos, que em nenhum momento são aprofundados. Por isso mesmo, não há uma construção da personalidade dos personagens (para entender, por exemplo, como o rapaz foi capaz de pensar em pagamento enquanto via o homem morrer) ou explicações (como o que era o poder que o velho tinha).
Achei o meio fantástico, apesar das histórias curtas, o último relato fecha muito bem essa parte e as reflexões do velho são muito boas. Contudo, o conto perde força no fim. Após a morte do velho, fiquei me perguntando o motivo do autor ter escolhido continuar o conto. A ampulheta? De alguma forma, parecia que ela tinha sim uma importância. Mas qual era? Não ficou claro… agora o homem ficou no lugar do Velho? Pode ser… pode ser que não. A dúvida não é ruim e uma história tem o direito de terminar aberta.
Porém, particularmente, eu encerraria na morte do velho porque é em torno dele que gira do conto. O que deixaria chamaria até mais a atenção para o título, ao meu ver. Porque o punhado de areia seria necessário ao velho e não ao rapaz.
Boa sorte!!
Gostei do conto, apesar de haver nele apenas pequenos relatos, que em nenhum momento são aprofundados. Por isso mesmo, não há uma construção da personalidade dos personagens (para entender, por exemplo, como o rapaz foi capaz de pensar em pagamento enquanto via o homem morrer) ou explicações (como o que era o poder que o velho tinha).
Achei o meio fantástico, apesar das histórias curtas, o último relato fecha muito bem essa parte e as reflexões do velho são muito boas. Contudo, o conto perde força no fim. Após a morte do velho, fiquei me perguntando o motivo do autor ter escolhido continuar o conto. A ampulheta? De alguma forma, parecia que ela tinha sim uma importância. Mas qual era? Não ficou claro… agora o homem ficou no lugar do Velho? Pode ser… pode ser que não. A dúvida não é ruim e uma história tem o direito de terminar aberta.
Porém, particularmente, eu encerraria na morte do velho porque é em torno dele que gira do conto. O que deixaria chamaria até mais a atenção para o título, ao meu ver. Porque o punhado de areia seria necessário ao velho e não ao rapaz.
Boa sorte!!
O conto é bem escrito e é aquele tipo de leitura que sempre nos empurra para a frente, o que é ótimo. No entanto, a trama sofreu com alguns alicerces meio fracos, como o encontro muito ao acaso dos personagens, a aceitação muito fácil da escrita dessas memórias, e no final, com a morte do velho, o personagem entra num mar de melancolia que não condisse com o que eu julgava ser a relação entre eles. Tudo bem ele ficar impactado com a morte, mas não era pra tanto, já que eles eram praticamente empregado e patrão, e o conto não construiu uma relação tão sólida entre eles para que ficasse emocionante essa sensação de perda. Gostei particularmente do flashback do incêndio na favela, inclusive o meu conto teria uma cena assim também e a cortei justo porque tinha dado uma olhada no teu e vi a cena..haha. O final é bacana, o cidadão adquiriu o poder do teletransporte? No geral gostei, apesar dos problemas na trama.
Fala Pedro, tudo bem, cara?
Muito obrigado pelo seu comentário. Gostei bastante de tudo que você disse, tanto os pontos positivos quanto os negativos.
Eu estou reescrevendo essa história, pois gostei bastante da premissa dela. Estou pegando as críticas dos comentários e ajustando essas pontas soltas.
Sobre sua crítica, na primeira versão do conto, Saulo e Arthur eram parentes… e isso reforça todos os aspectos que você comentou (e que realmente ficaram fragilizados). Optei por tirar essa relação para encurtar o conto e ele acabou perdendo a força que talvez teria.
Sobre a cena na favela.. pô, velho… põe a sua cena lá. Ainda mais se ela tiver um impacto legal pra sua história. Fiquei com vontade de ler como você fez a sua agora kkkk.
No final, Arthur recebe os poderes do velho, sim. Mas dei uma vacilada na forma como apresentei isso. Vou tentar corrigir na reescrita também.
Valews.
Belo conto. Gostei da relação e da conversa entre os dois como forma de desenvolver o conto, a colocação de ambos neste ambiente de abstração foi uma grande escolha. Li do começo ao final com entusiasmo, o escritor sabe dosar descrições e encadear as ações de forma bem competente, eu só tiraria um pouco de drama ao final, podia acabar ali no vento batendo na pele.
Por um punhado de areia (Arthur Calvin)
Trama: Escritor é contratado para escrever as memórias de um senhorzinho superpoderoso.
Impressões: O texto possuiu um tom dramático, puxando para uma reflexão. Um ser bondoso, desgostoso com a vida de tal forma que questiona até mesmo a própria bondade. Triste isso.
Linguagem e escrita: É muito boa. Texto bem fluido e boa técnica.
Observações:
Os barracos de madeira cresciam em chamas – ficou estranho esta construção.
Você não conseguiu tirá-la de lá. — Opinei. – não entendi o “opinei”, pareceu uma pergunta, mas a falta de interrogação deu um ar de afirmação, mas nada de opinião.
Voltei à casa – antes da palavra “casa” não se usa crase a não ser se houver um adjunto.
Veredito: Um bom conto.
18. Por um punhado de Areia (Arthur Calvin):
Confissões de um velho herói, que tinha o poder de apagar da mente das pessoas o fato de tê-las salvo. Como PREMISSA, o fato de não querer aparecer mas querer se perpetuar narrando as memórias são elementos contraditórios. Na parte da TÉCNICA, um frase em especial me pareceu confusa: “O cemitério velava os indigentes nas noites de sábado” – se o sujeito morresse no domingo, ficaria uma semana na geladeira? Como ponto forte, acho que os diálogos são bem construídos. Na parte de APRIMORAMENTO, acho que o autor poderia trabalhar melhor a motivação tanto do personagem que escreve quanto do narrador da história, para explicar o que ambos querem nesse relacionamento, a meu ver, meio “ex machina”.
E ae Daniel, tudo bem jovem?
Cara… muito obrigado pelo comentário super atento. Quando reli meu conto após ter enviado percebi que essa afirmação não se baseava em nada e fiquei na expectativa de que ninguém percebesse kkk.
É um ajuste que com certeza vou fazer. Inclusive, eu estava pesquisando um pouco sobre isso e descobri que aqui em Sampa tem enterro de indigente todo o dia e que na maioria das vezes essas pessoas são enterradas sem roupas, com o caixão aberto e em covas que tem apenas 70 cm de profundidade. Também li uma notícia falando que, em Pernambuco, os corpos ficam armazenados por semanas no IML, aguardando um setor chamado Caridade, que também fica responsável por quem a família não tem condições de pagar um sepultamento, para fazer a retirada e preparar o enterro. Enfim… é assunto que pode dar cabo pra outra história até kkk.
Mais uma vez obrigado!!!
Olá, Arthur. Tudo bem? Desejo que esteja a viver um excelente período de festas.
Começo por lhe apresentar a minha definição de conto: como lhe advém do próprio nome, em primeiro lugar um conto, conta, conta uma história, um momento, o que seja, mas destina-se a entreter e, eventualmente, a fazer pensar – ou não, pode ser simples entretenimento, não pode é ser outra coisa que não algo que conta.
De igual forma deve prender a atenção, interessar, ser claro e agradar ao receptor. Este último factor é extremamente relativo na escrita onde, contrariamente ao que sucede com a oralidade, em que podemos adequar ao ouvinte o que contamos, ao escrever vamos ser lidos por pessoas que gostam e por outras que não gostam.
Então, tentarei não levar em conta o aspecto de me agradar ou não.
Ainda para este desafio, e porque no Entrecontos se trata disso mesmo, considero, além do já referido, a adequação ao tema e também (porque estamos a ser avaliados por colegas e entre iguais e que por isso mesmo são muito mais exigentes do que enquanto apenas simples leitores que todos somos) o cuidado e brio demonstrados pelo autor, fazendo uma revisão mínima do seu trabalho.
A nota final procurará espelhar a minha percepção de todos os factores que nomeei.
…
Você fez um bom trabalho num conto competente e que atendeu ao tema proposto. Fez outra coisa que apreciei, inverteu os papéis; aqui, o protagonista deu lugar ao outro, sendo este o herói que brilhou na história. Algumas frases muito bem observadas e entendi perfeitamente o problema do velho. Sim, é verdade, nem todas as pessoas querem ser salvas, muito menos uma mãe que acaba de perder o seu filho para um fogo a que é resgatada. Aquilo que podemos entender ser o bem, não o é necessariamente. Enfim, a maldição foi um extremo a que o autor deitou mão para explicar a inversão de comportamento do velho. Não simpatizei com o narrador, mas penso que não era para simpatizar. No final, o título revela-se muito bem escolhido (lembrou-me o outro “por um punhado de dólares”, cuja história esqueci há muito, mas não deve ter nada a ver). Penso que, no final, o narrador ficou com a possibilidade de teletransporte através do tempo e do espaço, proporcionado pela ampulheta. O poder de salvar morreu com o velho. Termina bem, de forma aberta, mas creio que foi isso o que sucedeu. Parabéns e boa sorte no desafio.
Feliz 2018!
Oiii. Achei o conto bem criativo. Achei interessante a história do velho que tem o poder do teletransporte e que queria antes de morrer deixar a sua história registrada. Só não entendi como o idoso sabia o nome do Arthur logo no primeiro encontro. E naquele momento que fala da mulher que ele salvou do incêndio acho que talvez ela não tenha lançado nenhuma maldição, talvez ele tenha sido afetado pelo próprio remorso por ter achado que fez o errado ao salva-la, talvez tenha sido isso que viu nos olhos dela. O final não entendi muito bem, mas acho que o Arthur meio que recebeu como pagamento o poder. Parabéns. Boa sorte!
– Enredo: 0,8/1 – O enredo é interessante, me fez ficar grudada na leitura até o final, mas o final… Não sei o que é, mas tenho a impressão de que os dois últimos parágrafos não combinam com o que veio antes, apesar de serem bem bonitos e emocionantes, foi como se eu não conseguisse estabelecer uma conexão certinha dessa parte com o que veio antes, espero ter compreendido… A parte em que o rapaz aceita registrar o que o velho viveu não ficou natural, a meu ver, ficou forçada como se tivesse escrito apenas porque precisava ser, para a história seguir.
– Ritmo: 0,8/1 – O conto me prendeu do início ao fim. Mas cheguei a esses dois últimos parágrafos e fiquei me perguntando: “Hein?” Talvez por esperar que a lembrança do velho fosse estar mais presente, como o narrador havia dito.
– Personagens: 0,8/1 – Gostei deles, mas a todo momento me mantive meio que afastada, como simples “ouvinte”. Não o senti próximos de mim.
– Emoção: 0,8/1 – Um bom conto, mas que não me conquistou totalmente.
– Adequação ao tema: 0,5/0,5 – Sim, adequado.
– Gramática: 0,5/0,5 – Nada que comprometesse minha leitura nesse sentido.
Dicas: Repensar o final e desenvolver mais a relação entre as duas personagens. Seu texto me trouxe à lembrança o filme “Encontrando Forrester”, mas apenas por conta das personagens, não pelo enredo, há muitas diferenças.
Frase destaque: “Então decidi fazer de tudo para que ele não fosse apenas uma sombra desconhecida em meio às suas ações.”
Obs.: A somatória dos pontos colocados aqui pode não indicar a nota final, visto que após ler tudo, farei uma ponderação entre todos os contos lidos, podendo aumentar ou diminuir essa nota final por conta de estabelecer uma sequência coerente, comparando todos os contos.
Caro Arthur,
Achei que o conto tem um problema de estrutura. A narrativa é arrastada e o protagonista piegas. Em alguns momentos achei até ingênuo: “Não fazia sentido a mulher acabar com a própria vida, nem ter raiva da pessoa que a salvou.”
Acho que a história ficaria melhor se narrada em 3ª pessoa.
A estrutura falha desde o começo. O protagonista vive uma situação limite, totalmente extraordinária: “Foi o tempo de um piscar de olhos. A rua desapareceu e tudo ficou mais escuro. Olhei para cima e vi o teto de uma casa. Paredes envolviam a mim e ao velho. Ele continuava no chão, mas parecia pior do que antes. Seu rosto estava pálido e ele apertava fortemente a mão sobre o coração, como se quisesse arrancá-lo.”
Mas continua narrando como se fosse coisa corriqueira. Ele diz que o velho age assim, mas o leito só vê o narrador/protagonista agindo assim. Talvez uma narrativa em 3ª pessoa fosse mais eficaz nesse tipo de conto.
Depois de encontrar o velho e ser teletransportado como se fosse coisa cotidiana, o seu protagonista/narrador prossegue, nas palavras do velho:
“Nos encontraremos todos os dias. Vamos fazer isso por… — Ele olhou para a mesa. — Vamos fazer isso por duas semanas. Acho que é tempo suficiente.” A primeira coisa que eu pensei foi: se encontrarão onde, se eles estão agora num lugar que ninguém sabe onde fica (até esse momento, nem o protagonista nem o leitor sabe onde se passa esse diálogo, outra dimensão, uma brecha no espaço-tempo?)? Mas o narrador apenas relaxa, informando-nos “que estava no mesmo quarteirão”. E só.
Todas essas informações jogadas sem contexto, tiram o foco do leitor, que fica questionando a lógica daquele ‘universo’ o tempo todo. A meu ver, o autor quis passar uma mensagem, mas não se fez entender. O pacto com o leitor não se estabelece. No final, não compreendi o que vc quis dizer com seu conto. Sugiro uma reescrita, com atenção à construção da estrutura do conto. Outra sugestão é experimentar escrever essa história em 3a pessoa. E uma revisão antes de publicar também cai bem.
Ponto alto do conto: “Para sentenciar meu objetivo, peguei a ampulheta e reiniciei seu ciclo. Seria um novo começo, afinal” – Uma bela homenagem ao velho.
Boa sorte!
O conto não se encontra, tenta passar uma mensagem e falha, tenta entreter ou surpreender e falha outra vez. Um bom exemplo de quando possuímos boas imagens, bons personagens, mas a escrita não acompanha. Talvez narrar em terceira pessoa resolvesse o problema. Uma dica de boa narrativa em primeira pessoa são as histórias do Mandrak, do Rubem Fonseca.
Gostei muito do seu conto. Uma escrita super gostosa de ler, um conto com uma história interessante, tanto que mal comecei e já estava terminando.
Os diálogos não ficaram naturais mas eu estava muito interessada no desfecho para me importar com isso.
Não tenho muito a dizer além do que já foi dito.
Com o seu conto encerro a minha leitura das excelentes histórias deste desafio.
Desejo que vc tenha muita sorte.
Um abraço.
Iolanda.
Caro(a) autor(a).
Antes de tudo, interpretações do literário são versões acerca do texto, não necessariamente verdades. Além disso, o fato de não haver a intenção de construir essa ou aquela imagem no conto não significa a inexistência dela.
O(a) autor(a) opta por um estilo rápido e direto, mas o enredo me parece exigir maior exploração da psicologia dos personagens, talvez até diminuindo a menção a eventos nos quais o personagem que consegue se teletransportar salva pessoas. Penso que sua angústia é o mais interessante do texto, e merecia outra abordagem.
Há certa semelhança de enredo em relação a “O livro da salvação”, outro conto que disputa esse desafio. Lá, um irmão cuja vida está em risco em função de leucemia pede a outro que escreva um livro, e ao levar a tarefa a efeito, o irmão doente não morre, causando a evidente sugestão de causa e efeito (um personagem não morreu porque um livro foi escrito).
Aqui, um homem com poucos dias de sobrevida pede a um desconhecido que lhe escreva episódios de sua vida que lhe serão ditados. Como resultado, após o término da tarefa, o homem morre e o escritor, se bem entendi, adquire o superpoder do recém-falecido. Teria sido esse o verdadeiro pagamento por ele ter aceitado a tarefa, não simplesmente a cessão de direitos autorais, como ficou combinado?
Outra pergunta: se o personagem com superpoder não faz questão de reconhecimento de seus atos heroicos, então por qual motivo ele quer deixar registradas suas memórias? Talvez porque seja o único modo de perpetuar esse poder, transferindo-o, via texto, a outra pessoa.
Na resposta a essa pergunta, há um dado a mais, que aparece um tanto escondida no texto: o escritor talvez seja filho do personagem poderoso, e aí a transferência de poder para o escritor ganha nova dimensão. Uma ou duas vezes, expressões do tipo “Minha herança é minha história, filho” aparece no texto. “Filho” pode ser apenas força de expressão (assim como é usado duas vezes o termo “maldito”, um vício de linguagem), mas também pode ser um indício da existência de um vínculo insuspeitado entre ambos.
Em “Os dias passaram rápido”, o correto seria RÁPIDOS, para continuar usando adjetivo na função adverbial, ou RAPIDAMENTE para usar um advérbio.
Em “Então ela o culpou por você não ter chego a tempo?” o particípio passado é CHEGADO, não CHEGO.
Olá, Arthur Calvin!
tudo bem?
Vc escreve muito bem, tem criatividade e sabe desenvolver muito bem uma historia, e isso para mim é uma grande parte do êxito de um escritor.
Seu conto me tocou profundamente, achei emocionante, criei empatia, enfim, com os personagens, entendi perfeitamente a transmissão de poderes, o legado que o velho deixou para o escritor, achei muito bonita a parte em que ele relembra a infância…e lá está!.
Só precisa de uma revisão, por exemplo, “chego” e “entrar para dentro”, com certeza passaram por distração, pelo nível de escrita que vc possui.
Gostei bastante mesmo, muito boa sorte!
Abraço!
Gostei da premissa. Essa ideia de um homem que usa o teletransporte para salvar as pessoas foi realmente criativa e o autor ganha pontos por isso. No entanto, algo na construção da narrativa me incomodou. Creio ter sido o personagem/narrador, Arthur. Acheio-o um tanto burro (desculpe, não consigo pensar num adjetivo menos ofensivo), pois não consegue entender o óbvio: uma mãe que perde o filho perde o interesse pela vida. Daí a raiva dela por ter sido salva pelo Saulo. Qualquer um compreenderia isso, mas o Arthur, até o fim, ficou procurando pêlo em ovo… Saulo, por outro lado, foi melhor construído, mas houve momentos em que o achei dramático ao extremo, como se fosse um personagem de faroeste, perscrutando o horizonte, pensando em seus pecados enquanto aguarda a morte certa. De todo modo, a ideia é muito boa. A escrita também é segura, o que revela um autor com certo nível de maturidade. Creio que este conto, devidamente burilado, pode se tornar muito bom. É isso. Boa sorte no desafio.
Relendo meu comentário, achei que ficou um tanto antipático. Só queria dizer ao autor que achei válida a tentativa de imersão no psicológico do protagonista. Esse é o caminho. Personagens profundos, com dúvidas, defeitos e dilemas são a chave de uma boa história. Você está no caminho, pode ter certeza disso.
Bom dia! Um conto sobre o teleporte, mas cercado de mistérios e maldições. Gostei desse tom, do velho utilizar seus poderes pra tentar fazer algo melhor, salvando as pessoas. Mas o momento em que falam sobre egoísmo, acho que poderia ser mais discreto, essa questão da responsabilidade sobre o que se faz foi um tema constante no desafio. E há um plot twist legal, como se a ampulheta, o totem dessa maldição, tivesse sido passada do velho para o jovem. Um ponto bacana, não sei se foi proposital ou não, foi do velho comentar que fazia de tudo para que não se lembrassem dele e, ao final, o próprio protagonista estava começando a esquecer, sem se lembrar direito de como tudo aconteceu.
É um conto bom no que se propõe. A ideia de a bondade não ser mais que egoísmo é interessante, abrindo um debate que pode se prolongar por muitas horas ou contos. Os personagens são bem construídos e dá para interpretar também como se tudo fosse um delírio do moribundo. A utilização da ampulheta e o final caíram no clichê, mas nada que prejudique o produto geral do conto. Parabéns e boa sorte no desafio.
Saudações
A história de um ancião que salvou muitas vidas com o seu poder e deseja ter sua história eternizada por escrito chamou a atenção. Tem um aspecto moral e relevante na história que nos faz questiona: quantas vezes pensamos estar fazendo a coisa certa e na verdade estamos fazendo a coisa errada? Quantas vezes pensamos que estamos ajudando alguém com nossa “solidariedade”, a em muitos pontos messiânica, quando na verdade estamos atrapalhando? O objetivo de ter sua história em registro foi concluído e o homem, sem família, se despede do mundo. Acho que houve uma ideia de renovação do desejo de ajudar o próximo, mas sem cair nas armadilhas da empáfia, quando o anciao tranmite sua história para o mais novo o conhecimento e a confiança de veracidade daquilo que estava contando.
Parabéns pelo trabalho e sucesso
Olá , Arthur Calvin
1- Tema: Se adequa perfeitamente nos parâmetros do desafio.
2- Gramática: Boa e sem problemas que me incomodassem.
3- Estilo – A história é contada de forma imparcial e bem clara. Ao final se torna mais interpretativa, e extremamente sutil.
4- Roteiro; Narrativa – A idéia é boa e bastante original, mas não percebi motivo para o velho entregar seus poderes ao protagonista. O dilema dele salvar as pessoas ou não, da bondade ser egoísmo ou não é excelente, mas poderia ser melhor explorado.
Resumo: Conto bem escrito,original, com um belo final. Mas O velho acaba se tornando um verdadeiro vilão, ao passar para o protagonista um dom acompanhado de responsabilidade e maldição, sem que este estivesse de acordo. Pareceu ser uma escolha totalmente aleatória.
Grande abraço!
Olá, Arthur, uma história interessante. Um velho que aparece do nada e que muda a vida do cara que está passando. A vida mantida pela história que vai sendo contada (pelo menos eu vi assim, eis que ele desde que desabou ao lado do redator da sua vida, já se denunciou como moribundo). Achei que sua história espalhou linhas que necessitavam mais cuidado ao serem amarradas. Em muitas narrativas deixar para o leitor a decisão do que possa ter ocorrido funciona maravilhosamente, mas aqui neste caso senti que o efeito não foi o melhor. De repente, idiossincrasia minha, não é mesmo? Então releve. Do que gostei? Do tema, dos diálogos, eis que se apresentam bem vivos e da pegada filosófica, das reflexões sobre a vida e o ajudar as pessoas durante a passagem por aqui. Você escreve muito bem, mas fiquei com a impressão que quis se livrar da história (quem sabe a aflição de publicar, ou a falta de tempo nos dias seguintes…) e assim deixou de transformar um conto bom em uma história realmente excelente e que me enchesse os olhos. Abraços.
Salve, Arthur!
A interação do velho com Arthur me lembra bastante a de Entrevista com o Vampiro, de Anne Rice. Não o filme, mas o livro. Entretanto, no livro dos vampiros eu sentia certa confusão, pois tratava-se de um jornalista contando uma história sobre um vampiro que conta uma história. É um tanto caótico, e aqui não temos esse problema. Acho que os diálogos ajudaram demais para deixar o texto limpo e claro. É um mérito muito grande nesse tipo de estória.
A história de vida do velho não chega a ser algo extremamente interessante. Arthur parece ter contato com mais detalhes que o fascinam, embora esses detalhes não cheguem até nós. Não consegui gostar do velho, e não consegui concordar com o questionamento sobre ele ter salvado a mulher ou não. Me pareceu meio bobo para alguém com tantos anos de vivência, com um potencial de mostrar uma sabedoria que poucos poderiam ter adquirido. Não sei, não consegui entender isso como um grande momento chave da vida do velho.
Outra crítica que tenho é com relação ao motivo pelo qual Arthur foi levado até a casa do velho. Ele, em determinado momento, questiona sobre o motivo de escrever algo, sem que o velho tenha verbalizado isso. Poderia ser deduzido da conversa até então? Poderia, considerando a profissão do personagem. Mas achei que ficou faltando texto ali. Outra coisa é o tanto de bronca que Arthur leva por gastar tempo na primeira conversa na casa. A coisa parece ser extremamente urgente, mas depois se estende por duas semanas, o que me pareceu meio incoerente.
Perdão se critiquei mais do que elogiei.
É isso! Boa sorte no desafio!
A areia do tempo foi um recurso usado no filme “O príncipe da Pérsia”, o que não ajudou minimamente para o salvar de ser um falhanço. Neste conto, não percebo a sua utilização. Gostei do ritmo e da linguagem, mas o desenvolvimento ficou incoerente. Há demasiadas questões que ficaram no ar. Não percebi o desfecho. Ele regressou fisicamente ou apenas reviu a infância?
Olá, Arthur!
Teletransportar-se e ainda apagar da memória da pessoa o fato ocorrido!
Quem não gostaria?
O meu desejo seria de viajar pelo mundo sem ter de subir num avião, mas jamais me esquecer do que poderia ver e viver.
O que me pegou um pouco foi o excesso de diálogo. Não me agrada muito num conto.
Acho mais interessante parágrafos longos e mais explicativos. São esses que me prendem mais à leitura.
Escrita leve que flui bem.
Obrigada por escrever.
# Por um punhado de areia (Arthur Calvin)
📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫):
– a ideia é simples, mas foi bem aplicada
– o velho é carismático e a dúvida dele sobre ser herói ou não foi bem apresentada
– a mulher ter um poder que acaba com o tempo dele foi coincidência demais; seria mais legal se ele descobrisse com o tempo que a vida dele era limitada por causa do uso dos poderes
– gostei do fim, com o protagonista acabando por receber os poderes e a maldição do velho; esse é mais um motivo pra desvincular a maldição da ampulheta da mulher: ele passou tudo para o rapaz? Por quê?
📝 Técnica (⭐⭐⭐▫▫):
_ boa: sem floreios e com poucos erros de ortografia
– Nesse dia *vírgula* ele contou sobre um incêndio
– Então ela o culpou por você não ter *chego* (chegado) a tempo?
💡 Criatividade (⭐⭐▫):
– alguns elementos comuns e outros novos, numa salada que deu unicidade ao conto
🎯 Tema (⭐⭐):
– teletransporte (✔)
🎭 Impacto (⭐⭐⭐▫▫):
– a história prendeu a leitura e teve um final bastante satisfatório
– não foi um fim de chorar ou explodir cabeças, mas ainda assim foi bom
Olá!
Gostei muito do seu conto. Confesso que não me estava a despertar grande interesse no início mas foi-me maravilhando em crescendo e terminou em nota muito alta.
Se houver uma crítica da minha parte, está relacionada com a frase:
“e todo o encanto que eu sentia por ele pareceu desabar como uma árvore de raízes mortas.”
Parece um “spoiler” desnecessário na história e até algo exagerado, pois não me parece que a história do incêndio fez com que o encanto pelo velho tenha desabado.
De resto, muito bom. Gostei de como a escrita terminou num tom mais poético.
Parabéns. 🙂
=====TRAMA=====
Gostei. Um conto diferente, narrando o fim da vida de um “super-herói” anônimo e desconformado com o seu fim, perseguido pelo fantasma de uma mulher que não queria ser salva. Toda a sequência em que ele a salva e ela se mata, inclusive, é um tanto sombria – caberia bem no desafio de terror.
Acho que, acima de tudo, este conto fala sobre o tempo e sobre as memórias. Há várias formas de “memórias” descritas aqui.
A primeira delas é quando o velho pede para o garoto escrever as suas memórias. É uma forma que ele encontrou de continuar vivendo após a sua ida. “Minha herança é minha história, filho. É a única coisa que posso deixar, a lembrança. Ela é a única herança dos miseráveis.”
A segunda vez que a memória aparece no seu conto é na mulher que queria morrer. Ela saberia que a memória do seu filho morto a assolaria durante toda a sua vida, e preferiu morrer a viver daquele jeito.
Na terceira vez que você fala de memória, critica a nossa falha com a mesma. Conforme o tempo passa, tendemos a moldar as nossas memórias para que elas corroborem as nossas crenças. Após poucos dias, o narrador já não sabia se tinha mesmo sido teletransportado, apesar de ter sido claro que assim havia acontecido no início do conto. Diante do irreal, nossa mente cria defesas, e uma delas é confundir as nossas memórias para que elas se moldem à nossa realidade. Este pensamento sempre touxe diversas indagações, e uma das mais profundas, para mim, é pensar que, se vivemos das memórias do que fomos, e elas são falhas, será que sempre vivemos uma mentira?
Por fim, quando o narrador senta na cadeira e vira a ampulheta, vem a quarta vez em que a memória é explorada no seu conto: lembranças da infância. Lembranças da vida. Aquela sensação estranha de que nunca poderemos recuperar o tempo que se foi.
O final em aberto não me agradou muito no início. Fiquei confuso em não saber direito o que aconteceu ali. Mas agora, pensando bem, até que não é de todo ruim. Talvez a real herança do velho foi fazer com que o garoto adquirisse o seu poder. Talvez aquela ampulheta passase o seu poder para ele, e o homem só pediu para o garoto escrever as suas memórias para que ele aprendesse com elas e não usasse o poder de forma irresponsável. Para que ele fosse, afinal, um super-herói melhor do que ele havia sido.
Talvez.
=====TÉCNICA=====
Seu texto é gostoso de ler. Ele flui muito bem, apesar de alguns probleminhas com pontuação e digitação. Acho que uma boa revisão resolveria tudo o que deve ser resolvido aqui. O ritmo de leitura é excelente, as palavras que você usa são acessíveis, e o seu estilo de narrativa é muito legal. Você escreve bem pra caramba!
NOTA: Agora que notei o título. “Por um punhado de areia”. Realmente, o que não faríamos por um punhadinho de areia a mais na ampulheta da nossa vida?
Olá, Arthur, tudo bem?
O tema proposto pelo desafio foi abordado de forma criativa.
A narrativa tem seus momentos mais lentos e outros mais ágeis, mas a leitura flui sem grandes problemas. Os diálogos poderiam ser um tantinho mais soltos, mais naturais, mas isso pode ser só chatice minha mesmo.
Quanto a falhas de revisão, notei que os colegas já fizeram as observações pertinentes. Nada de muito grave.
Gostei bastante do final que trouxe um toque de surpresa com tom poético. Mesmo eu tendo pressentido uma transferência de poder, ainda me surpreendi com a escolha final.
Boa sorte!
Olá, Arthur Calvin. De todos até agora, é um dos melhores contos que já li. A narrativa flui sem erros. Achei ótima a ideia da ampulheta como fator principal e o final foi muito legal, mas senti que os diálogos se arrastaram um pouco. Mesmo assim é adequado ao tema do desafio. Parabéns e boa sorte.
Olá, entrecontista. Para este desafio me importa que o autor consiga escrever uma boa história enquanto adequada ao tema do certame. Significa dizer que, para além de estar dentro do tema, o conto tem que ser escrito em amplo domínio da língua portuguesa e em uma boa condução da narrativa. Espero que o meu comentário sirva como uma crítica construtiva. Boa sorte!
Ótimo conto! Para dar este veredito, devo tomar que a história não é especificamente sobre o escritor que registra as aventuras do velho ou até mesmo sobre o velho, sobre quem mais aprendemos. Não, ao meu ver, o conto é ótimo justamente porque exime os personagens de carregarem a centralidade da história, deixando a narrativa ser sobre outra coisa, sobre uma ideia: até que ponto se pode intervir na vida, quando em posse de um superpoder? Vale comentar que temos o terceiro ator a interpretar o Homem-Aranha na telona e que “grandes poderes vêm com grandes responsabilidades” não é um dilema novo e, ao mesmo tempo, eu prefiro muito mais histórias sobre os personagens, suas nuances e mudanças, do que aquelas que visam trazer uma lição de moral. E aí está: este conto continua sendo ótimo, não direcionando a discussão entre biógrafo e biografado para um campo de moralidade. Portanto, o final também me veio como acertado, pois não nos deixa saber o que o protagonista vai fazer com os poderes ganhados, só ficando o conflito sobre as atitudes do velho serem certas ou erradas. Parabéns!
Superpoder: teletransportar, salvar pessoas e apagar da mente delas a lembrança do acontecido, conhecer o próprio tempo de vida — os poderes se concentram em quem possuir a ampulheta.
Enredo e criatividade: A narrativa é clara e envolvente, bom ritmo, organizada. Somente algumas falas fogem ao tom filosófico, reflexivo do texto, são até ingênuas. O desfecho ficou muito bom, se bem que havia imaginado desde o momento que o velho colocou a mão no ombro do rapaz que ocorreria uma transferência do poder. Pensei depois que essa troca seria pela escrita do livro, mas ficou muito bom da forma como está. Desfecho perfeito. Coisas de leitora ansiosa.
Estilo e linguagem: Leitura fluida, prazerosa. Revisão pequena: vírgulas, uma forma verbal…
Premissa interessante e bem conduzida. Trabalho muito bom. Parabéns! Abraços.
Olá, Arthur Calvin
Tudo bem?
Gostei da história, como um todo, e da escrita fluída. Não notei nenhum erro gramatical marcante.
Quero destacar o quanto você, autor ou autora, foi feliz ao escolher a “queda do herói”. Até onde um pessoa pode intervir numa situação para salvar uma pessoa? Ela deve atuar, mesmo quando a pessoa não deseja ser salva? Essas questões me lembraram o caso de um senhor que sofreu um ataque cardíaco, se eu não estiver enganado, e, quando entrou na sala de cirurgia, os médicos viram uma tatuagem no peito deste homem dizendo: “Do not resuscitate!” ( Não ressuscite!). A questão dos médicos seria ressuscitar ou não o homem? É ético deixá-lo morrer? E caso ele venha a falecer, isso não iria de encontro diretamente ao Juramento de Hipócrates?
Parabéns pela provocação filosófica e existencial e boa sorte!
Lembrei de “Entrevista com o Vampiro” de Anne Rice. O começo tinha essa pegada. Mas tudo bem, gosto dela.
BUG: “— Não entendo. Por que precisa que eu escreva isso?” – Eu também não entendi. O velho não tinha falado o que queria que fosse feito com sua história. Sugiro colocar esta frase antes: “— Já disse, quero que escreva minhas memórias.” – ele não tinha dito ainda, isto é, pequeno ajuste na trama.
Gostei do conto e da forma como a escrita flui bem, principalmente, do final que dá uma aprofundada no conto, tomando ares filosóficos.
Olá, Autor(a),
Tudo bem?
O tempo de nossas vidas se esvaindo nas areias da ampulheta é uma imagem simples, recorrente, mas, ao menos para mim, perfeita.
Em minha opinião seu conto gira, justamente, em torno da ampulheta. O(a) autor(a) inicia o texto com o encontro entre o jovem e o velho. O velho, cansado e no fim, encontra um substituto para seu dom e maldição, enquanto que o jovem, inicia seu ciclo, com o frescor e a inocência de quem está galgando os primeiros passos.
Que coisa maravilhosa ter o dom de ajudar a tudo e todos. Mas não. Todo dom tem o outro lado da moeda. No caso do presente conto, esse outro lado é explorado através de uma sábia premissa. Quem faz o bem, faz mais a si que aos outros, tantas vezes por vaidade, outras tantas para tentar dar sentido à própria vida ou para curar-se a si mesmo. Assim, o autor explora esse “outro lado” através do salvamento e morte da pobre mãe desesperada com a pior de todas as perdas possíveis. A do filho.
O conto termina de volta ao início da contagem do tempo com a areia. O que reforça a ideia de ciclo. Um ciclo vicioso de ajuda, culpa, remorso, perdão, agora nas mãos do jovem protagonista.
Parabéns
Desejo-lhe muita sorte no desafio.
Beijos
Paula Giannini
Oi,
Um bom conto! A narrativa é competente e tem umas passagens bem trabalhadas.
Os diálogos de Arthur soaram com certa ingenuidade, principalmente quanto à mulher que desejava morrer. Talvez isso tenha sido proposital, para mostrar o quanto as impressões dele (e do velho, por que não) eram imperturbáveis quanto ao valor da própria vida (mesmo isso soando mesquinho no contexto onde estavam inseridos). Mas, mesmo assim, talvez essa ingenuidade tenha passado do ponto.
Gostei bastante do final, com a passagem dos poderes para Arthur, que mesmo obtendo a habilidade extraordinária, chora ao descobrir que também vai carregar a sina de saber exatamente quanto tempo da sua preciosa vida lhe resta.
Parabéns pelo trabalho!
Olá, Arthur.
Eu gostei do seu conto, mas fiquei com aquela sensação de que ele não foi até onde poderia ir.
Acho que o principal problema que eu tive com ele( se é que se pode chamar assim) Foi com o jovem , a deliberada ingenuidade dele foi um pouco irritante, fiquei pensando no porquê eu senti isso , e cheguei a conclusão que foi pelos diálogos, eles não foram muito firmes, sabe? Banais demais para uma história que deveria ser surreal, ele faz perguntas bobas, e tem interpretações como eu disse, ingênuas demais.
Outra coisa que também impediu o texto de decolar ainda mais, foi a trama…digo, as memórias, as revelações girar em torno dessa mulher, acho que isso se estendeu, e não tinha nada de confuso ou impressionante no fato dela querer morrer ao saber que o filho já o tinha, e você alongou demais esses porquês dela… Fiquei pensando que esse homem tinha coisas bem mais interessantes para serem contadas.
Tirando essas ressalvas é um texto interessante, bem escrito, que promete umas coisas bem legais, fica mais nas promessas, mas ainda sim é competente. Gostei da ideia da ampulheta ser o instrumento do poder, nas minha opinião o conto termina na melhor parte, mas tudo bem!
Acredito que seu texto terá um bom destaque, quem sabe mais?
Parabéns, boa sorte no desafio!
olá, arthur, tudo bem?
conto interessante!
Acho que sua historia tratou de assuntos mais profundos que um mero super-poder. Você abordou temas como o arrependimento, a dúvida, a angústia, a incerteza. Esses sao temas recorrentes nas historias de super heroi, pois tocam o lado humano do personagem, dando profundidade à trama. O heroi sempre tem esse tipo de angustia, como “será que estou fazendo a coisa certa?”, “será que tenho o direito de fazê-lo?”,”quem sou eu pra decidir o certo ou errado?”.
Você abordou bem essas questões, e o poder em si acabou ficando em segundo plano (isso não invalida o tema, não entenda mal).
Ou seja, o lado humano foi a alma da trama. Gostei.
Infelizmente, o homem sucumbiu às próprias angustias e acabou definhando. Na minha opinião, não foi nenhum tipo de maldição que acabou com ele, mas sim a propria tristeza e arrependimento.
No fim, me parece que é a ampulheta que concedia o dom, que acabou sendo transmitido para Arthur.
Belo conto. Gostei. Parabéns e boa sorte!
Ah, gostei do título, também!
Então, o superpoder estava na ampulheta, um instrumento antigo para medir o tempo. Também representa a morte. O velho, usava o dom de se teletransportar, para ajudar as pessoas, mas também gastava o seu tempo de vida. O argumento não é grande coisa, mas a leitura foi razoável, sem problemas. A não ser o final, sem grandes revelações, mas se mudasse alguma coisa, evidentemente não haveria uma história para contar, não é mesmo?
Super poder: teletransporte
Oi Arthur, seu conto é muito interessante e bem desenvolvido. Tem a boa trama. Gostei do Saulo querer escrever suas memórias e passar seu dom pro Arthur. Eu como mãe, entendi porque a mulher não queria mais viver depois de ver seu filho morto, entendi o ódio que ela sentiu por quem queria salvá-la. Foi um triste fim o do Saulo… Conto muito bom. Bem escrito, bem pensado e bem revisado. Parabéns e boa sorte!
Enredo interessante, escrita fluente> Não há qualquer embaraço. O leitor fica motivado para ver o desfecho. Carece de revisão leve, simples (chego/chegado). Conto de ótima estrutura, cadenciado, cativante. Personagens bem delineadas. A narrativa, apesar do teor reflexivo, é trabalhada de maneira suave, serena. Li e reli. Nas entrelinhas, pelo movimento incessante da ampulheta (o tempo não para) e pelo “teletransporte”, acho que o superpoder foi passado a Arthur. Não foi?! O texto é de uma ingenuidade um pouquinho desmedida, mas acho que foi intencional. O texto ficou doce, envolvente.
Parabéns, Arthur Calvin!
Boa sorte!
Oi Regina. 🙂
Muito obrigado pelo comentário doce e positivo!
O superpoder foi realmente passado para Arthur, mas preciso amarrar melhor esse desfecho.
A ingenuidade do protagonista foi proposital. como você mencionou, mas acho que pesei a mão um pouco e ficou meio exagerado rsrs.
Um ótimo 2018 pra você!!!!!!
Olá, Arthur Calvin.
Gostei do conto, em especial do enredo e do Saulo. Ele é um personagem rico, com camadas. Essa argumentação sobre o mal que o fazer bem pode trazer, é muito interessante. O resgate da mulher que queria morrer foi o ponto alto do conto.
Quanto à escrita, há alguns acertos a fazer, feito o “chego” x “chegado”, mas o conto está bem escrito em linhas gerais. Não há lá “mirabolâncias” narrativas, mas a simplicidade e boa fluidez deram conta do recado.
Abraços e boa sorte no desafio.
Olá Rubem.
Cara, muito obrigado pelo comentário!
Fiquei feliz que gostou do personagem… foi minha intenção trabalhar esses aspectos nele… só deveria ter usado esse recurso no Arthur também (todo mundo acabou criticando a ingenuidade do menino rs).
Quanto ao erro, que bom que você encontrou só esse kkkk.
Um ótimo 2018 pra você e sua família! 🙂
Uma trama muito bem urdida, com uma narrativa linear e bem estruturada. O final, um tanto lacrimejante, o que me pareceu apelativo?, não sei, talvez não precisa-se de tanto. Mas um conto muito bem construído, exceção feita a esse final. A escrita limpa, sem entraves gramaticais.
Olá, Paulo. Tudo bem?
Muito obrigado pelo comentário positivo!
Realmente, acho que forcei a barra no final e acabei terminando o conto com um dramalhão sem necessidade kkk.
Mais uma vez, muito obrigado e um ótimo 2018!!
Bom conto.
Então a ampulheta era a chave para os poderes. Assim que Arthur reiniciou o seu ciclo os poderes passaram para ele e ele entendeu isso por ter se transportado para o campo de sua infância.
Até eu derramaria uma lágrima, sabendo que a ampulheta não podia ser parada. Todos nós sabemos que vamos morrer, mas ver sua vida se esvaindo, representada por um punhado de areia, é assustador.
Parabéns e obrigada por escrever.
Oi Neusa, tudo bem?
Muito obrigado pelo seu comentário positivo 🙂
Que bom que gostou da minha história, mesmo com as falhas.
Feliz 2018 pra você!!!
Caro(a) Autor(a)
Muito bem escrita. Sem erros de português, de construção. Eu li com muita facilidade. Eu gostei de como a trama foi se desenrolando, de como a simplicidade deu lugar para a reflexão de que, o que é importante para uns não é para outros e tudo tem um tempo, mesmo. Depois, fim. Os diálogos deixaram a leitura mais ágil. Gosto de contos que tenham diálogos. Não pode ter demais, também, mas aqui está tudo adequado. O final se adequou ao restante contado. Eu esperava que o velho tivesse passado o superpoder para o jovem, mas não aconteceu. Isso meio que decepcionou no final. Mas nem todos os finais são do jeito que queremos que eles sejam.
Boa sorte no desafio.
OI Evelyn, tudo bem?
Muito obrigado pelo seu comentário!
Infelizmente, não fui claro o bastante no meu final e quase todo mundo interpretou o final de forma diferente (mea culpa). Vou melhorar essa joça… mas explicando, no final, Arthur realmente fica com os poderes do velho. A intenção era ele lembrar-se da sua infância e, de dentro do quarto dele (fato que ficou de fora) se teletransportar até o lugar que via em sua mente.
Um ótimo 2018 pra ti! 🙂
Ótimo 2018 para você!
Eu já reescrevi o meu considerando todos os apontamentos feitos. Creio que ele ficou bem melhor.
Obrigada também pelo seu comentário no meu conto.
Grande e carinhoso abraço!
Pontos positivos: uma boa estória, a leitura até que flui tranquila, as partes do enredo estão bem concatenadas, os personagens marcaram presença.
Pontos negativos: os diálogos me soaram forçados.
Impressões pessoais: o texto é bom, mas senti que faltou uma dose de realidade. O velho demorar a entender porque a mulher queria morrer e depois o jovem cair no mesmo equívoco me pareceram ingenuidade passada do ponto.
sugestões pertinentes: focar nos diálogos durante a revisão.
E assim por diante: conto interessante, bem fechado e com direito a uma lágrima, a qual interpreto como felicidade do jovem pela chance de fazer algo bom.
Olá Olisomar, tudo bem?
Agradeço imensamente pelo seu comentário e análise.
Acho que acabei forçando a mão demais na ingenuidade de Arthur e ele acabou ficando sem profundidade e desenvolvimento, em vez de somente ingênuo, como eu gostaria. Creio que por isso você tenha achado os diálogos meio forçados.
Há, também, algumas falhas de construção e um ou outro corte que fiz para ajustar o limite, mas que acabaram por atrapalhar a trama.
Voltando aos diálogos, se houver algum outro ponto que você tenha visto que não tenha nada a ver com o que eu citei e puder me apontar, ficarei muito grato 🙂
Novamente, muito obrigado, e um excelente 2018!
Olá, tudo bem?
Gostei de seu texto, foi interessante. A narrativa é ótima, não é cansativa e é rápida. A trama é ótima, envolvente. Mostrar um “super heroi” que foi amaldiçoado por salvar quem não gostaria de ser salva foi uma ideia boa. É de se imaginar que aconteceria isso com um super heroi. Quando descreveu a cena, consegui imagina-la perfeitamente em minha mente, o que mostra que a escrita é boa.
O final é bom, apesar de um pouco triste, e terminar com a lágrima do indivíduo foi uma boa ideia, emocionante e envolvente. Ele pegou os poderes do velho? Se sim, isso não ficou tão claro como poderia ter ficado. Na minha opinião, foi o único momento em que a narrativa falhou um pouco. Mas ainda dá para saber que ele ganhou os poderes, se refletir sobre essa parte do texto. Não sei…
Mas, o que ele fez com o caderno que escreveu as memórias do velho? Gostaria muito de saber isso…
Meus parabéns pelo seu texto, e boa sorte!
Olá, Bianca, tudo bem?
Muito obrigado pelo seu comentário 🙂
Realmente, você não foi a única que estranhou esse final. Falha minha… desculpe
😦
Sobre sua pergunta… Arthur provavelmente não vai mais tentar publicar as histórias de Saulo, agora que ele virou um tipo de substituto do homem. Talvez ele até continue relatando episódios da sua vida, dando continuidade à história… quem sabe, né?
Mais uma vez muito obrigado!
Caro Arthur Calvin,
Primeiro Alfred Gold, agora Arthur Calvin. Definitivamente o Entrecontos está ficando internacional.
Seu conto está bem estruturado. Gostei. A história flui sem problemas, embora tenha resistência a histórias em que velhos chegam para contar suas histórias a jovens (no caso não tão jovem). Remetem a uma hierarquia desfocada. Velhos já não contam suas histórias…
Prometi a mim mesmo que não comentaria erros construtivos, mas vou abrir um espaço para tanto:
“…não ter CHEGO a tempo.” Acho que deveria valer o particípio passado “CHEGADO”, do verbo chegar.
“…mas as ambas as pernas…” Acho que seria apenas “…mas ambas as pernas…”
“… voltei à casa…” Não caberia a crase.
Já no final imaginei outro fim. Desculpe-me, achei o final um pouco fora de escopo, onde o protagonista escritor faz da ampulheta um “objeto” de suas próprias reflexões, retornando à sua infância e tal.
A ampulheta o transportou para um ambiente à céu aberto?
O poder de teletransporte estava na ampulheta e não no velho?
Esperava (e isso pouco importa, dado que é só uma opinião) que, observando a ampulheta sobre a mesa, após virá-la para que reiniciasse seu ciclo, o narrador assumisse os poderes do velho, dando início a um interminável devir de poderes. Terminou melancólico, com uma lágrima correndo dos olhos do narrador.
Humm… sei não, acho que, esse povo está tentando me fazer chorar…
Boa sorte no certame.
Olá Ângelo, tudo bem meu jovem?
Muito obrigado pelo comentário bem fundamentado e pelo apontamento das falhas. Somente a questão da crase me deixou ressabiado. Será mesmo que não cabe uma crase no “voltei à casa”? Digo isso porque ele volta para a casa do velho… não é casa dele…
Mas enfim, isso é o de menos, eu quis responder ao seu comentário por conta da sua interpretação do final.
Talvez eu tenha falhado realmente, mas ao virar a ampulheta, nosso querido escritor assumiu sim os poderes do velho. Ele abre os olhos e está sob céu aberto, bem no lugar que lembrava de sua infância… e acredito que isso tenha acontecido porque ele não soubesse ainda como controlar a coisa.
Como eu disse, talvez tenha falhado por não conseguir deixar isso claro nas últimas linhas, e por isso, peço-lhe desculpas.
E novamente, obrigado pelo seu comentário! 🙂
Não apenas cabe a crase, como ela é devida no contexto.
Muito bom, o que mais gostei até agora.
A escrita é do tipo que faz a história passar rápido, narrando tudo com clareza e sem qualquer entrave, com o bônus de acrescentar algumas boas construções aqui e ali. Cada vez mais chego à conslusão que esse é o melhor caminho.
A história começou meio morna e eu não estava aceitando bem que tudo girasse em torno do velho contando suas histórias. Obviamente, ficou a expectativa de qual seria afinal a relação com o jovem… cheguei a desconfiar que ele era filho da mulher resgatada no incêndio, ou algo do tipo. Depois, temi que não houvesse relação com nada, afinal (isso teria arruinado o conto).
Mas, sim, havia uma revelação reservada para o ótimo final.
Abraço!
Fala Fábio, tudo bem?
Cara, gostei demais do seu comentário. Muito obrigado mesmo. Foi muito bom um comentário positivo (ainda mais vindo de você, que e mais exigente) logo no começo porque aliviou um pouco as porradas que levei depois hahaha.
Claro que todas as críticas tem muito sentido… a história carece de ajustes… e vou faze-los, porque gostei da premissa. Mas o fato de você ter curtido me deu um ânimo maior.
Você apontou um aspecto interessante… o fato de inserir construções mais elaboradas aos poucos, em algumas partes da história, mas mantê-la em sua maioria com um ritmo leve e rápido.
Eu concordo com você quanto a isso ser o melhor caminho para uma boa história… fazendo um paralelo que pode soar tosco (desconsidere qualquer coisa kkkk), eu tinha um professor de batera que dizia que a grande sacada de grandes bateristas é manter uma levada limpa e simples e inserir aquelas viradas e transições fudidíssimas gradativamente e em partes específicas da música. Uma música com virada ou virtuosismo o tempo todo não agrada muito, mesmo se o cara for um puta músico. Acho que podemos (podemos, né?) trazer essa orientação para a literatura.
Mais uma vez, valeu pelo se comentário!