Evidente que ele se distanciava. Razões não dava nenhuma. A opção que ela tomou foi a de se enganar. A frieza devia se dar por algum problema no trabalho. Chovia bastante naquela noite em que ele entrou em casa, agindo como se ela não existisse. Perguntou-lhe por quê? O silêncio pareceu gritar. Encheu a mala e partiu.
Aguardou-o por uns meses antes de se enfiar no luto. A indiferença, mais que o abandono, era o que lhe feria a alma. Naquela época achara que iria morrer. De uns tempos para cá se pegou, aqui e ali, rindo de novo.
Na madrugada a ligação do hospital a acordou. Seu número estava na carteira e necessitavam comunicar sobre o acidente: ele estava muito mal e as chances eram quase nulas. Esforçou-se para dizer que não o conhecia, mas foi inútil. A cicatriz se abria de novo.
oi, Luis Guilherme, tem razão na sua crítica, vou revisar. A gente escreve pouco e ainda erra. Abraços agradecidos.
Fala ai, Fernando! Nada disso! Escreveu pouco, transmitiu muito, mandou bem, e apenas algo insignificante me chamou atenção a ponto de eu ter destacado no comentário. É um conto pequeno em extensão, mas grande em qualidade =)
Olá, Fernando! Abrindo a temporada off e, quem sabe, prevendo os micro contos.
É um fragmento (ou uma cicatriz) de algo que, se não aconteceu, pode apostar que vai acontecer com todo mundo, que é a sensação de abandono e indiferença, que fica tão marcante em relacionamentos. Lidar com esse término, com a indiferença e sumiço do outro, é avassalador. E há, nas entrelinhas, essas emoções: se adaptar à nova realidade; seguir a vida; voltar a sorrir e sair; até o, também inevitável (nesse caso, trágico) retorno de contato. Como o Victor, me confundi um pouco nos pontos de vista, mas na releitura fluiu bem.
obrigado, Fil. Vou repensar aqui a partir dos seus valiosos comentários.
Se preparando para os micro contos? Gostei, tem um ar melancólico e muita subjetividade. Mas demorei a entender que se tratava do ponto de vista dela, e não dele. Talvez se reorganizasse as frases iniciais (ou limitar artigos e pronomes) soasse melhor.
obrigado, Victor, vou repensar a partir dos seus valiosos comentários.
Forte. Muito forte.
Este tipo de sentimento é bem comum, mas as pessoas não costumam admitir muito. Eu já me senti assim, como a sua personagem: sabe, esperando que algo de errado aconteça com alguém, apenas para me ver vingado de alguma forma. Apenas para poder negar ajuda.
Mas não adianta.
Parabéns! Poucas palavras que falam muito.
oba, obrigado, Marco Aurélio. que legal que tenha gostado. Fiquei feliz.
Fernando,
Achei legal o conto, sem muitas delongas para descrever aquilo que já sabemos como é, no dia dia das relações, e deixando a questão maior para este final bastante sensível.
Um abraço
Regina
Obrigado, Regina, fiquei feliz que tenha achado legal o conto.
Salve, Fernando! Como vai? Ler esse trabalho me lembra um pouco do desafio de microcontos: alguns preferiam apostar na sugestão da história, outros na concisão das ideias. Percebo seu conto como a mistura das duas coisas. Ao mesmo tempo em que nos é deixada essa sensação forte da ferida aberta, também temos o enredo que se pronuncia e fica no imaginário. Talvez a cicatriz não tenha sido afetada pelo choque do acidente em si, mas pela constatação de que ele ainda guardava o número de telefone dela na carteira.
Parabéns!
Boa observação, wender!
pois é, Wender, este foi o meu desafio ao escrever. Era uma história bem maior, mas fui cortando, cortando, cortando, pra deixá-la mais aberta. Obrigado pelos parabéns.
Boa noite, Fernando! Oba, vamos à temporada off.
Com poucas palavras, vc diz mto! Quantas vezes uma simples falta de comunicação pode acabar com relações, neh?
E depois, num jogo de orgulho, ambos deixam morrer algo que poderia ser resgatado facilmente.
O desfecho comove.
O único apontamento que faço: o trecho “razões não dava nenhuma” me soou um pouco estranha. Não sou catedrático de gramática, maa talvez valha a pena conferir esse trecho. Se for erro meu, peço desculpa.
Parabens, belo trabalho!