I
Em uma época já esquecida, havia uma caverna de onde saíam vozes infindáveis. Seu solo era virgem, jamais tocado por pés humanos. Ainda assim as vozes soavam aos milhares, como se uma multidão lá vivesse.
Um povo sem nome a encontrou primeiro. Andavam nus, caçavam com lanças de madeira e pedra, e souberam, de imediato, que aquelas eram as vozes dos deuses a cuspir ordens e profecias em idiomas proibidos.
Um culto foi formado. Um líder, elegido. Rituais foram criados; sacrifícios realizados. Até que alguém interpretou as palavras que saíam da gruta como ordens de matança. Os deuses exigiam sangue. Em apenas uma noite, o fogo e a morte consumiram todo o povo. Ninguém sobreviveu.
Os deuses da caverna continuaram a falar, mas não haviam mais fiéis para ouvi-los. O culto morreu e as vozes foram esquecidas.
Por um tempo.
II
Poucas pessoas viviam em Delfos agora. Antes um lugar onde os poderosos buscavam sabedoria, agora a cidade era morada de mendigos. Sua adoração, considerada pagã, fora abandonada para sempre. O templo de Apolo era agora uma coleção de ruínas tristes; apenas a sombra de um passado glorioso.
Tadeas tinha o costume diário de caminhar por aquelas ruínas. Permanecia vivendo em Delfos pois não tinha para onde ir. Nunca havia exercido outra atividade senão o clericato. Costumava visitar os antigos aposentos da Pítia. Antes um lugar de acesso proibido, agora tinha seu interior revelado pelas paredes que vieram ao chão. As lanternas haviam desaparecido, mas as aberturas nas paredes permitiam a entrada da luz do sol.
Aquela era uma manhã comum, mas Tadeas sentia-se nostálgico. Enquanto observava as pedras que antigamente compunham o quarto do Oráculo, lembrou-se dos seus serviços prestados para a última das Pítias.
Assim que a viu, desejou que houvessem escolhido uma mulher mais experiente. Aqueles olhos da cor do céu e aqueles cachos dourados inspiravam mais luxúria que respeito. Fosse o Oráculo mais experiente, entenderia melhor as palavras de Apolo e provavelmente ouviria algo sobre aquela devastação causada pelos cristãos. A última Pítia não era uma criança, mas também não fora a mulher que deveria ter sido. Às vezes, Tadeas se perguntava se os homens poderosos que a visitavam buscavam mesmo conselhos, quando seus olhos não desviavam dos seus seios mal cobertos pela seda branca.
Um grito o trouxe de volta ao presente. Assustado, Tadeas apurou os ouvidos. O urro continuava em tom não-natural; ecoava nos salões, aproveitando-se do pouco de acústica que ainda restava. Seguiu-se o som de vozes graves. Sussurros que eram mais altos que gritos. Vozes de homens e mulheres que reverberavam dentro da sua alma.
O antigo clérigo reconheceu-os de imediato: eram os sons que ouvia no santuário interno, onde a Pítia realizava as suas profecias.
Tadeas correu até lá. Como Versador, já havia percorrido aquele caminho centenas de vezes. Sempre com papiro e pena, seu ofício era entrar na Câmara dos Fumos para escrever o futuro que saía da boca do Oráculo; não só da boca como também do corpo, e de todo o lugar.
Encontrou a porta de pedra do Santuário Interno espalhada pelo chão em pedaços. As vozes que escapavam de lá eram convidativas: sussurros, discursos e exclamações. Músicas feitas em instrumentos impossíveis; o som do fogo e da água e do vento, misturados às vozes incessantes. Antigamente, quando a Pítia iniciava sua comunicação com Apolo e a câmara se enchia daqueles ruídos, ele sentia em seu peito um misto de assombro e pequenez. Agora, porém, talvez por causa dos anos de solidão, Tadeas era atraído pelos mesmos ruídos familiares. Cada passo no corredor tornava as vozes mais nítidas. Quis, mais do que tudo, ter consigo um papiro e uma pena para que escrevesse o que ouvia.
Estaria presenciando uma revelação?
Quando chegou às Fendas, entendeu. Lá, ajoelhada sobre o chão pedregoso, estava a Pítia. Ela ofegava, as mãos descansando sobre as pernas, o cabelo maltratado jogado sobre o rosto. As vozes ali eram ensurdecedoras. Falavam de vida e de morte. Falavam na língua que ele não entendia e que, ainda assim, era um dos poucos que conseguia entender. Queria – ah, como queria! – ter consigo um papiro e uma pena.
A fumaça que escapava de pequenas aberturas no chão nublava toda a visão. Parecia mais abundante agora do que jamais fora. As vozes aquietaram-se de súbito, tal qual sempre faziam quando Apolo findava seus dizeres. Tadeas notou que a mulher agora tinha o rosto voltado para ele, seus olhos escondidos atrás dos cabelos enegrecidos pelo descuido. Ela ainda arfava. Em um átimo, abriu a boca e gritou. As vozes retornaram imediatamente.
Mas agora haviam imagens.
O Fumo que tomava conta da câmara mostrava gravuras em movimento, como exibições de eventos já ocorridos ou que ainda iriam ocorrer. Monstros de pele endurecida marchando sobre os corpos de homens; luzes não-naturais que iluminavam uma selva de pedra e ferro; sangue e morte; amor e puro ódio. Tudo isso ele viu na fumaça em poucos segundos. Então sentiu a punção no seu peito e contorceu-se com a dor lancinante. A Pítia surgiu diante dele, atravessando os Fumos, segurando o cabo de uma adaga – a lâmina enterrada fundo na altura do coração do seu clérigo. Tadeas foi ao chão.
— Você ouviu, não ouviu? – ela perguntou. Estava ajoelhada ao seu lado. Seus jovens olhos vidrados pareciam tão aterrorizantes quanto aterrorizados.
— Sim… ouvi…
— Conheça-te a ti mesmo – ela sussurrou.
— …nada… em excesso – ele respondeu.
Sentiu um forte puxão e então, pelo pouco tempo que teve de vida, pôde ver o seu próprio coração pulsando nas mãos do Oráculo. Ela mirava o membro ainda em movimento com assombro. Uma sugestão de sorriso fez-se visível nos lábios finos da mulher.
A visão de Tadeas enegreceu, mas a sua audição ainda funcionou por algum tempo. As vozes soavam em harmonia com o bater nítido do seu coração. A união daqueles sons tecia palavras poderosas na sua mente.
Desejou acima de tudo ter, naquele momento, um papiro e uma pena.
III
Padre Benedict era um homem sem fé. Conhecido por seus feitos milagrosos, ele mesmo ainda esperava presenciar um milagre em sua vida.
A carruagem chacoalhava o seu corpo. O homem rechonchudo que viajava ao seu lado chamava-se Marshal. Era o agente financeiro de Sir Henrik, um homem que, ao contrário de Benedict, tinha muita fé e muito dinheiro. Dirigiam-se ambos para uma das propriedades de Sir Henrik, a qual ele pretendia vender. O povo, porém, havia abraçado os boatos de que a casa era amaldiçoada por espíritos antigos: vozes poderiam ser ouvidas lá dentro, dia e noite, mesmo que ninguém a habitasse há anos.
Os clientes em potencial se afastaram do empreendimento. O trabalho de Padre Benedict era trazê-los de volta e, é claro, arrecadar para a Igreja, como pagamento, parte do lucro da venda do imóvel.
Durante viagem, Marshal parecia ansioso. Tocava as pontas do bigode e, de tempos em tempos, retirava a cartola para secar o suor.
— Este assunto de exorcismo demora muito?
Era a terceira vez que lhe dirigia palavra durante a viagem, e a terceira vez que perguntava sobre seu ofício.
— Há espíritos de diversas formas e intenções. Cada caso é um caso diferente – a resposta de Benedict pareceu apenas aumentar a ansiedade do sujeito.
O padre não acreditava no exorcismo, tanto quanto não acreditava em espíritos. No seu íntimo, sabia que os demônios viviam na mente daqueles a quem perseguiam. Quando realizava os ritos, não se enxergava expulsando espíritos em nome de Deus; antes, via-se exorcizando os medos irracionais dos seus fiéis.
O cocheiro puxou as rédeas, fazendo a carruagem parar em frente a uma porteira. Deixou claro que não avançaria além dali, por medo de se aproximar da casa amaldiçoada. Resignados, Padre e Agente desceram do veículo e iniciaram uma breve caminhada até a propriedade de Sir Henrik. A carruagem atrás deles levantou poeira quando partiu.
As árvores ao redor do imóvel eram tão altas que Benedict só contemplou a construção no último momento, quando a vegetação deu lugar a uma clareira. A casa tinha dois pavimentos, sem contar o sótão. Era de madeira simples, com poucos ornamentos, mas para muitos uma verdadeira mansão.
Marshal abriu a porta principal e começou a divagar sobre a arquitetura do lugar. Os ecos dos seus passos no assoalho de madeira misturavam-se à sua voz que, por sua vez, começou a misturar-se às vozes que vinham do pavimento superior. Curioso, Benedict abandonou a companhia do agente e seguiu os corredores da casa até encontrar a escada. A voz de Marshal soava distante agora – os olhos do homem santo estavam fixos no último andar, no pequeno corredor que levava até uma solitária porta fechada.
Subiu as escadas em passos rápidos até lá. A porta do Sótão era um pouco mais baixa do que as passagens convencionais. Grudou o ouvido na madeira que o separava do cômodo. Ouviu sussurros do outro lado. Vozes comuns, conversando e discursando, mas que soavam distantes; muito mais distantes do que deveriam estar.
Experimentou a maçaneta: a porta estava aberta.
Lá dentro, na escuridão, foi cercado pelas vozes que acariciavam os seus ouvidos, e pelas inquietantes melodias fora de tom. Súbito, um grito de horror soou quase inaudível. Uma cacofonia se seguiu e, então, o silêncio.
Benedict abaixou-se e tocou o ouvido em uma das tábuas do piso. Tentou identificar aquele silêncio. No seu ínterim sentia que muito em breve voltaria a ouvir todas aquelas vozes; como se elas houvessem interrompido o falatório por estarem assustadas com a sua presença. Sem nem sequer tocar no seu equipamento de exorcismo, ajoelhou-se e aguardou.
As vozes voltaram poucos minutos depois.
No primeiro andar, Marshal esperava ansioso pelo retorno do padre. Tentou se ocupar com tarefas mundanas, mas o nervosismo o consumia. Ponderava se deveria subir as escadas e verificar a integridade do homem, quando ouviu os passos retornando ligeiros escada abaixo.
Padre Benedict alcançou o primeiro andar com um brilho diferente nos olhos.
— Quanto Sir Henrik quer nesta casa? A Igreja pretende comprá-la imediatamente.
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Benedict teve que usar de todo o seu renome para convencer a Igreja a investir naquele lugar. Usou o argumento de que estava prestes a provar um milagre, mas precisava de tempo. Curioso, e convencido pelo seu histórico impecável, o clero cedeu. Em seis meses enviariam um emissário para analisar melhor o motivo do desembolso da quantia nada modesta para aquela aquisição.
Benedict tinha seis meses para desfrutar daquelas vozes; o seu milagre pessoal.
No primeiro dia, foi até o sótão e permaneceu lá por horas. As vozes iam e vinham, todas discursando distantes, algumas quase inaudíveis, em idiomas desconhecidos. Primeiro, imaginou que fossem anjos falando em línguas. Mas havia demônios também: gritos terríveis e urros guturais. Fora do sótão eram apenas murmúrios indistinguíveis, mas dentro do aposento o falatório era nítido. Dormiu no chão do cômodo naquela noite, ao som das suas novas companheiras.
No dia seguinte, iniciou um processo meticuloso. Muniu-se de um livro em branco, uma pena com tinteiro e um lampião para que enxergasse o que escrevia, carregou para o aposento uma escrivaninha que roubou de um dos quartos e iniciou as anotações. Foram dias deliciando-se naqueles ruídos. Muito do que era dito era incompreensível, em parte por causa do volume mínimo, em parte por causa do idioma indecifrável no qual as vozes falavam. Mas às vezes ele discernia palavras em inglês, que era a sua língua natal.
Love. People. Death.
Apenas sugestões destas palavras surgiam no meio das melodias e discursos, mas ele as anotava metodicamente.
Day. End. Leave.
End. War. Disease. End. Music. Love. End. End.
End.
A palavra inglesa para “fim” era a que ele mais rabiscava no seu livro. Ouvia-a mais do que qualquer outra, perdida, quase inaudível no meio do vozerio.
Meses passaram tão rápido como a areia de uma ampulheta. As vozes tornaram-se as únicas amigas do padre. As palavras que Benedict identificava eram quase sempre isoladas, mas após muitos dias escutando com afinco, ele pôde identificar sugestões de frases. Os livros preenchidos aglomeravam-se em um canto do sótão. Benedict não tinha tempo para ler o que ele mesmo anotava. Seu peito explodia em êxtase. Queria aproveitar ao máximo aquela experiência.
Certa vez, exausto, aproveitou um dos períodos de silêncio para descansar. Largou a pena de escrever sobre a escrivaninha e se levantou, esticando os braços. Um único sussurro reverberou distinto nas paredes do sótão.
…stars.
Era a primeira vez que uma voz isolada se manifestava. Acostumado com o alarido constante em diversos idiomas, esta voz solitária, falando em inglês, chamou a sua atenção. Benedict voltou ao centro do aposento, ajoelhou-se e tocou o ouvido no assoalho.
We should look to the stars.
Maravilhado, levantou-se apressado e correu até a escrivaninha. Aquela era a primeira frase completa que havia identificado. Escreveu-a em uma página nova. Solitária, a frase ganhou brilho.
Devemos olhar para as estrelas.
Sentiu que o silêncio estava próximo do fim. Após meses ouvindo as vozes, sabia dizer quando elas estavam prestes a voltar. Pela primeira vez desde que iniciou suas anotações, saiu do sótão enquanto as vozes falavam. Desceu as escadas e andou até a porta da frente. Abriu-a – percebeu que não fazia isso há semanas – e caminhou até o centro da clareira. A escuridão era completa. Deitou e fitou os céus. Contemplou a miríade de estrelas que preenchia o negrume. Refletiu.
Tinha apenas um mês agora. Nada tinha de concreto a oferecer ao clero. Como poderia evidenciar para eles a mudança que acontecia no seu cerne? Como poria em palavras o sentimento de pequenez que o tomava agora – uma pequenez que o assombrava, mas que também o maravilhava, como se todos os seus horizontes estivessem expandidos ao infinito? E mesmo que conseguisse, como os faria acreditar?
Quis dormir com as estrelas naquela noite, mas o sótão da casa o convidava a continuar o seu trabalho.
Toda aquela experiência teve um fim abrupto na semana seguinte. Um fim sem qualquer explicação, como a morte súbita de um ente querido que aparentava saúde. Benedict ouvia as vozes e anotava o que entendia até que o falatório silenciou.
Não era o silêncio típico. Aquela era uma ausência completa. Um silêncio final; último. Sua mão interrompeu as anotações e ele aguçou a audição. Ouvia os sons da casa e da natureza. Quando se moveu o assoalho rangeu, e ele percebeu que só agora notava aqueles sons também. Agachou-se e tocou o ouvido na tábua: nada.
Era o fim. Ele sabia dentro de si. End, anotado tantas vezes nas páginas em branco. Um pensamento veio até ele; de que tudo aquilo era em vão. Um esforço para alcançar o vento, como diria Salomão. Um vazio tomou conta da sua alma. Lembrou-se do que sentia antes de encontrar aquela casa. O que sentia agora era um vazio maior, mais profundo e, ainda assim, preenchido de certo entendimento que ele jamais conseguiria explicar.
Benedict levantou-se. Largou pena e livro sobre a escrivaninha. Juntou o pouco de dinheiro que tinha, abandonou o manto clerical, vestiu-se de roupas comuns e partiu. Tomado de um senso de urgência, decidiu aproveitar ao máximo o pouco tempo de vida que ainda lhe restava.
Alguns dias depois, quando o enviado da Igreja encontrou a casa, viu apenas móveis empoeirados e cômodos intocados. No sótão, dezenas de livros com anotações sem sentido dormiam ao lado de um manto clerical abandonado. O silêncio era completo.
Dado como louco, Padre Benedict jamais foi avistado novamente.
IV
Mariana precisava de um tempo para ordenar os pensamentos. Não estava com muita vontade de urinar, mas ir ao banheiro era sempre uma boa desculpa para se afastar das pessoas por alguns minutos.
Quando saiu da cabine, a descarga acionou automática. Andou até a pia e lavou as mãos. Juntou-as em concha, acumulando uma quantidade maior de água para lavar o rosto. O toque gelado na pele aliviou um pouco da tensão. Suspirou, cansada. Olhou o espelho. Esqueceu da torneira aberta e perdeu-se nos seus próprios olhos, que a fitavam de volta. O banheiro da NASA apresentava espelhos nas paredes opostas também. Mariana via a sua fronte e as suas costas, então via-as novamente em tamanhos menores e mais distantes, repetindo-se em cópias infinitas que sumiam, diminutas, em um horizonte dentro do próprio espelho.
Sorriu com a ironia da situação. Levantou um dos braços, cuja mão ainda gotejava. Assistiu todas as suas cópias em todos os espelhos fazerem o mesmo. Ela sabia que seus olhos não captavam a diferença de tempo que a luz levava para viajar entre cada cópia, mas estava ciente de que havia um pequeno atraso. Quando ela levantava o braço, seu reflexo demorava um infinitésimo de segundo para imitá-la: o tempo que a luz levava para viajar do seu corpo ao espelho, então novamente aos seus olhos. E o reflexo do seu reflexo, um infinitésimo de segundo a mais. Abaixou o braço. Assistiu os seus reflexos imitando-a de imediato, mas nos seus pensamentos imaginava que uma das infinitas Marianas no espelho ainda tinha o braço levantado. De fato, uma delas ainda lavava o rosto, perdida em pensamentos.
O que aquela cópia deveria estar pensando, afinal?
Karine abriu a porta do banheiro. Vestia um jaleco, tal qual Mariana, o símbolo da NASA chamando atenção para a altura do seio esquerdo – azul e vermelho sobre o branco do tecido.
— Te encontrei! Temos menos de dez minutos.
— Eu já vou.
Mariana fechou a torneira, enxugou as mãos e saiu do banheiro ao lado de uma Karine enérgica.
— Isso é tão empolgante – a assistente comentou. Era a integrante mais empolgada da equipe. Karine liderou a marcha até a sala de acompanhamento da missão, forçando passadas largas para que chegassem o quanto antes. Quando alcançaram a porta dupla, ambas as folhas negras de metal se abriram ao detectarem a aproximação. Lá dentro, vinte e sete especialistas em diversas áreas tinham seus olhos fixos nos telões espalhados na parede oposta: imagens das câmeras acopladas na sonda Interceptor, que se aproximava de Júpiter.
— Chegamos a tempo. Faltam cinco minutos. Estamos prestes a fazer história! – Karine comentou, apressando-se para achar um assento ao lado dos amigos de equipe americanos — Você vem?
— Vou ficar aqui mesmo – Mariana retrucou, a única a permanecer de pé.
T-4 minutes.
Quatro minutos soava como tempo demais para esperar. Tempo suficiente para que revisasse, em pensamentos, todo o seu trajeto até ali.
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— “Aplicações da Relatividade Restrita em um universo de múltiplas hiper-deformações” – Ricardo leu em voz alta. Falado daquela forma, o título da sua tese de doutorado parecia uma piada. Ele segurava o celular na altura dos olhos, e tinha a capa do trabalho de Mariana aberta em um documento de texto.
— É difícil fazer títulos, você sabe disso – ela se defendeu. Tinha a cabeça deitada sobre o colo do namorado, o corpo jogado de qualquer forma sobre o sofá.
— Mas este aqui é um verdadeiro best-seller.
— Ah, cala a boca. Vai ficar me sacaneando?
Mariana tentou alcançar o celular na mão do namorado sem sucesso. Ele afastou o braço e continuou navegando pelas páginas da tese, os olhos varrendo cada linha até encontrar o que procurava.
– Ah! Aqui está. Sessão de agradecimentos. “… e a Ricardo, não só pela excelente revisão, mas por ter suportado a tortura de dividir o mesmo teto com uma doutoranda em física, passando infindáveis fins de semana sentado no sofá enquanto eu redigia estas linhas”.
Ele ensaiou uma expressão de espanto, largou o celular sobre a mesa de centro e bateu palmas.
— Bravo! Isso sim é uma dedicatória.
Mariana ria. Levantou-se da sua posição confortável para que se beijassem melhor. Quando afastaram os lábios, ele a fitava com aqueles olhos cor-de-mel que a deixavam perdida.
— Você vai revisar?
— Você já está me agradecendo pela revisão, como posso negar agora?
Feliz, ela se deitou novamente, aninhando a cabeça sobre o colo de Ricardo.
— Mas vou precisar de uma sinopse. Do jeito que vocês acadêmicos são, não entenderei nada do que está escrito apenas lendo – ele adicionou.
— Engraçadinho.
Ricardo fixou os olhos nela com genuíno interesse.
— Ok. Mas não sei se você vai achar interessante.
— Surpreenda-me.
A jovem doutoranda iniciou a explicação com os olhos mirando o teto.
— Sabe todo esse lance da Voyager?
Ele assentiu. É claro que sabia. Aconteceu há três anos, mas o mundo inteiro ainda estava em polvorosa. Voyager, A primeira sonda espacial enviada pelo homem para descobrir vida extraterrestre, lançada em 1977, surgiu novamente no alcance dos telescópios em 2023, viajando nas proximidades de Júpiter. Uma parcela considerável da população do mundo acreditou que ela havia sido retornada a nós pelos próprios alienígenas. Houve um crescimento vertiginoso de todos os movimentos ufologistas. A criação de bunkers pessoais e acumulação de suprimentos para sobreviver ao iminente holocausto gerou novas ideias de negócios. Para aplacar a ansiedade, os Estados Unidos, em cooperação com outros países, enviaram uma sonda para interceptar a misteriosa Voyager. A viagem demoraria cinco anos.
Mariana prosseguiu.
— Então. A comunidade científica inteira está louca com isso. Temos dois anos pela frente até a Interceptor alcançar a Voyager e ver o que diabos aconteceu. E até lá, dá-lhe teorias.
— Esses dias eu vi no Youtube um cara falando que essa coisa com a Voyager não passa de uma invenção do governo americano para tirar a atenção da mídia da guerra na Coréia.
Mariana riu.
— Ao menos ele não estava falando que é prova de que a Terra é plana.
— Hum. Provavelmente tem alguém argumentando sobre isso também. A sua tese de doutorado é alguma teoria conspiracionista sobre a Voyager também?
— Conspiracionista não, né. Mas é sobre a volta da Voyager sim.
— No final você prova a existência de alienígenas?
— Vai deixa eu falar?
Após uma risada, Ricardo pediu que ela continuasse.
— Olha só – a doutoranda abriu a sua tese no próprio celular, navegou por algumas páginas e mostrou para o namorado um esquema que delineava a trajetória da Voyager na atualidade — Percebe como que a Voyager não está voltando para a terra? Ela está passando por Júpiter, depois deve seguir caminho para fora do nosso sistema solar.
— Como se ela estivesse apenas de passagem?
— Isso. Essa trajetória foi calculada assim que a sonda foi avistada. Se ela realmente foi enviada de volta, quem quer que a tenha enviado não tinha uma boa mira. A maioria dos estudos científicos sobre a Voyager desde 2023 explora esta trajetória. Muitos estão cogitando a possibilidade de ela ter atingido algum obstáculo, como um fragmento de meteoro, e mudado a sua rota. O problema é que esse é um evento aleatório demais. Mesmo se determinarmos que a sonda está avariada, não poderemos ter certeza de que foi o impacto de algum objeto que a desviou de sua rota inicial.
Talvez por se tratar de um assunto tão público, Ricardo parecia mais interessado do que normalmente era nos seus estudos. Ela prosseguiu.
— O que eu fiz foi tentar enxergar a volta da sonda de forma diferente. Nós tendemos a achar que ela seguiria indefinidamente para os confins do universo, até ser encontrada por um povo extraterrestre inalcançável, milhares de anos no futuro. Eu dei um passo para trás e apliquei as equações de relatividade restrita em um universo extremamente deformado. Tão deformado que a sonda, seguindo em linha reta, retornaria, cedo ou tarde, ao mesmo lugar.
— Como na terra? Como sair em uma embarcação na direção do horizonte e dar a volta ao mundo, chegando no mesmo lugar?
— Sim. Por aí.
— O povo extraterrestre inalcançável seria, afinal, a própria humanidade?
Mariana assentiu com um sorriso. Viu de ponta cabeça a expressão de assombro que o namorado desenhou no rosto.
— Uma hipótese e tanto – ele exclamou.
— Não só hipótese. Tenho uma teoria.
— Com provas?
Mariana ergueu o corpo e sentou-se para gesticular melhor.
— Os cálculos batem. Não é exatamente como você falou: como a terra, onde temos uma circunferência mais ou menos bem definida. Estaríamos falando de um universo deformado de forma imperceptível e, ainda assim, imensa. Como uma folha de papel amassada. Teríamos que mudar a forma como olhamos tudo o que não está ao nosso alcance imediato, recalculando distâncias, levando em conta os fatores de deformidade…
— Bla bla bla – ele a interrompeu. Sempre fazia aquilo quando ela se aprofundava demais nos seus jargões.
— É como se estivéssemos em um grande labirinto de espelhos – ela simplificou — Mas não espelhos retos: alguns côncavos, outros convexos, alguns grandes, outros pequenos. Alguns espelhos fazem curvas, outros são como esferas espelhadas.
— E como você prova isso tudo?
— É aí que está a loucura. Se a Voyger percorreu mesmo o caminho caótico que as minhas equações preveem, ela terá viajado no tempo. A Voyager que a Interceptor encontrar terá que ser muito mais velha do que cinquenta e um anos, que deveria ser a idade atual dela.
— Você está de sacanagem comigo.
— É verdade – ela ria — e é um teste fácil de fazer. Algumas poucas verificações na decomposição do metal por exposição a raios ultravioleta, e teremos uma resposta concreta.
O sorriso debochado do namorado tinha dado lugar a lábios fechados e sérios. Ele concordava com ela com um balançar de cabeça, os olhos maravilhados.
— Isso… muda muito as coisas.
Mariana riu.
— É só uma teoria. É assim que se faz ciência: um monte de teorias malucas, que acabam dando ideia para um maluco-mor descobrir uma teoria concreta que, cedo ou tarde, vira uma lei.
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A teoria de Mariana, porém, viajou pelo mundo acadêmico mais rápida do que a velocidade da luz, e provou não ser mais uma teoria maluca. Parecia ter vida própria. Rendeu-lhe não só o seu primeiro título de doutora, como também uma passagem direta para os Estados Unidos, onde palestrou, pesquisou, formou uma equipe e aprimorou os seus cálculos. Em pouco tempo, seu conteúdo foi abraçado pela imprensa, que a nomeou “Teoria dos Espelhos”. Todos os seus esforços culminaram naquela sala de Controle de Missão, na NASA, onde poderiam, enfim, testar a veracidade da história que todos aqueles números contavam.
Realizando extração de amostra.
A voz do cientista que, em outra sala, manipulava os braços mecânicos da Interceptor, soou alta e clara pelo sistema de áudio, despertando-a das suas lembranças. A sonda enviada há cinco anos já havia alcançado a antiga Voyager, e agora os testes tinham início. Mariana notou que todos na sala quase não piscavam os olhos.
Extração realizada com sucesso. Iniciando avaliação.
Seu coração gelou. Só agora entedia o peso daquele momento. Tomada por uma ânsia que não sentia há anos, fixou também o seu olhar no telão e prestou atenção. Os poucos minutos que levaram para obterem a resposta desejada demoraram horas para acabar.
Avaliação concluída. A amostra é de quatrocentos e oito anos. Caros, temos uma confirmação. A Teoria dos Espelhos é uma realidade. Esta Voyager viajou no tempo!
A sala explodiu em aplausos e trocas de abraços. Seguiram-se uma série de congratulações. Uma fila foi formada para cumprimentá-la. Karine beijou-a no rosto e jogou-se sobre ela em um abraço, quase levando as duas ao chão.
Mariana sorria, pois era isso que deveria fazer. Mas quando finalmente chegaram ao coquetel de comemoração, ela desejava, novamente, um pouco de tempo sozinha.
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Karine encontrou-a na sacada, longe das pessoas que se aglomeravam no coquetel.
— Mas que droga você está fazendo aqui fora, Mariana?
— Observando as estrelas.
A assistente levantou os olhos para as pouquíssimas estrelas que se faziam visíveis no céu. Então, observou-a. Mariana sentiu os olhos da assistente sobre ela.
— Por quê você é a única que tem todas as razões para estar radiante, e a única que não está?
— Você tem noção do que esta descoberta significa?
— Claro. É tanta coisa que não dá nem para falar.
— Todos os planetas que observamos, todas as estrelas, todos os corpos celestes. Temos que revisar tudo. Muitos poderão ser ecos da imagem do nosso próprio sistema solar. Imagens de nós mesmos em tempos diferentes; do nosso próprio sol, em momentos diferentes da sua vida.
— Sim! E isso não é genial?
— E assustador.
— Como isso pode ser assustador para alguém?
Karine tinha um sorriso confuso no rosto. Mariana olhou novamente para o céu, focada nos cálculos e suposições que fazia antes da amiga a encontrar.
— Você tem noção da quantidade de sinais de alta frequência de rádio e televisão que expulsamos do nosso planeta? Imagine estas ondas viajando pelo espaço deformado. Se nossos cálculos estiverem certos, elas alcançaram nossos antepassados. Viajaram no tempo e culminaram nem tempos distintos do nosso planeta. Agora imagine uma formação natural de rochas, ou qualquer outro material, que seja, por obra do acaso, um receptor natural de ondas sonoras.
Karine riu.
— Cacetada. Teria que ser uma baita de uma formação natural.
— Só imagine. É possível, você sabe.
— Possível, mas improvável.
— Tão improvável quanto a Teoria dos Espelhos ser provada correta. E cá estamos nós.
Karine riu.
— É esse o motivo do seu bico? Você está preocupada com os nossos antepassados? O quê? Eles ouviram nossos jogos de futebol?
Mariana sorriu e balançou a cabeça. Karine não entendia o impacto daquele pensamento.
— Ok. É uma chance ínfima de acontecer. Mas, se aconteceu, imagine o impacto disto naquelas pessoas. Nossas próprias vozes, vindas do além. Seríamos os nossos próprios deuses, falando a nós mesmos o que fazer.
Seguiu-se um longo silêncio até Mariana voltar a falar.
— Mas quer saber de algo mais absurdo? E se não existirem outros corpos celestes senão o nosso Sistema Solar? E se absolutamente tudo o que vemos lá fora são reflexos de nós mesmos, sem espaço para mais nada?
— Já acharam uma solução das nossas equações que sugere isso. Achei genial.
Mariana abriu um sorriso incrédulo. A resposta de Karina soava-lhe absurda. A assistente tocou o seu ombro.
— Olha, você tem que relaxar. Você vem?
— Eu já vou. Me dá cinco minutos.
Karine deu de ombros e voltou ao coquetel. Mariana dirigiu um último olhar às estrelas e pensou novamente naquela possibilidade – de que haviam descoberto a prova da solidão humana no universo.
Uma sensação gélida percorreu a sua espinha.
Sensacional!
Essa ideia de que nós mesmos nos influenciamos é algo que causa espanto e fascínio, e você conseguiu descrever tudo tanto com agilidade quanto com esmero. Não curti nenhum dos personagens, mas eles não pequenos para a trama maior, que funciona bem. A solidão universal e irrevogável, a certeza de que não há nada lá, no além, no cosmo me acertou em cheio e eu fiquei reflexiva.
Parabéns mesmo! Boa sorte no desafio.
Caramba, não curtiu nenhum??
Tudo bem, ao menos gostou do conto. Já é uma vitória, hahahah!
Obrigado Maria!
Eu to meio irritado com o escritor, pois apesar do maravilhoso texto, certamente não está no desafio certo. Conhecendo as figuras do Entrecontos, existem altas possibilidades do conto estar entre os primeiros, mas considerarei injusto com os outros concorrentes (mas dane-se, não é? Hahaha. O que importa são os 3 pontos).
O terror está dentro da personagem, mas não é suficiente para pautar o conto. Até porque ao que parece, o medo existe apenas nela, e não nos outros. Então não é algo tão grandioso assim.
O que gostei mais do conto foi que ele engana o leitor. A primeira parte é totalmente destoante da segunda. Algo meio fantástico, antigo, se choca com o clássico meio gótico e religioso, na figura do padre investigador. Daí, quando surge a terceira parte, eu já estava puto: como assim, agora é FC futurista? E aí vem as explicações e tudo se complementa. Isso prova sua capacidade, mais do que escrever, de BOLAR a história. Muitos contos do desafio foram bem escritos, mas poucos montaram uma história com perfeição. Outro detalhe: as 3 partes são muito bem feitas, ou seja, vc domina vários estilos.
Você é mestre, sei que já sabe. Mas o conto não se adequa ao desafio a meu ver, porque ainda que contos pegada FC tragam esse medo do desconhecido em relação ao tempo-espaço, ele aqui não dominou a maior parte do texto.
Obrigado Pedro! Para provar que todos levaram muito em consideração a ausência de terror no meu conto, eu fiquei bem longe do pódio, rs rs rs. Mas fiquei muito feliz que você tenha gostado =)
Abração!
Olá, entrecontista. Para este desafio me importa que o autor consiga escrever uma boa história enquanto em bom uso dos elementos de suspense e terror. Significa dizer que, para além de estar dentro do tema, o conto tem que ser escrito em amplo domínio da língua portuguesa e em uma boa condução da narrativa. Espero que o meu comentário sirva como uma crítica construtiva. Boa sorte!
Próximo ao final das minhas leituras, digo que este é, sem dúvidas, um dos melhores contos do desafio. Aqui, a autora recorre a elementos clássicos de terror para enganar o leitor, situando três personagens cujas histórias estão ligadas às vozes misteriosas. Portanto, quando começamos a ler, imaginamos que virá um terror sobrenatural e, depois, já entendemos que vai ser um terror cósmico.
A ordem das histórias é muito pertinente para a construção de um suspense que se sustenta durante cada uma delas, primeiro em sabermos do perigo das vozes e depois de vermos os personagens seguintes em rota de colisão com que seja lá que coisa maligna se esconda por detrás delas. Portanto, o antigo Versador grego encontrando a morte nas vozes que milênios antes encerrou a vida de todo um povo; o padre sem fé, encontrando propósito em entende-las e deixando de lado seu santo ofício; e Mariana, em sua descoberta que não é sobre as vozes em si, mas que envolve uma compreensão aterradora das consequências do ser humano sobre o seu próprio destino.
Portanto, embora nos dê deixas comuns em histórias de terror, dando ao leitor uma ideia do que virá, a conclusão é uma totalmente diferente, sem um grande monstro nos cosmos ou seres demoníacos do inferno. É apenas o ser humano e sua influência sobre si mesmo. Talvez fosse algo sem muito impacto, mas considerando as histórias anteriores à Mariana, vemos exemplos dos males que aquilo poderia causar. A autora conseguiu criar impacto em torno do seu final, mostrando um ótimo domínio da narrativa. Com os maus pressentimentos da última protagonista, ficamos pensando o que vai ser da humanidade com a sua lei comprovada, caso um dia eles encontrem aquele poço de vozes vindas do futuro. Muito bom!
Hawks é nome de mulher? Você é o segundo que acha que era uma AutorA, rs rs rs.
Pedro: se eu pudesse fazer uns duzentos upvotes no seu comentário, eu faria! E se pudesse colocá-lo como “sticky” no topo da lista, também botaria!
Você entendeu muito bem tudo o que eu quis dizer no conto. Acho que foi o que mais entendeu, ao menos no quesito “demonstrar isso no comentário”. A sua descrição da trama… parecia que era eu escrevendo sobre a história que eu mesmo escrevi!
“Talvez fosse algo sem muito impacto, mas considerando as histórias anteriores à Mariana, vemos exemplos dos males que aquilo poderia causar.” – Isso!! Era isso que eu queria falar! Muito obrigado pelo comentário! =)
Abraço!
Oi, Hawks (amei o pseudônimo).
Bem, o que dizer? Genial de verdade seu conto, bate mesmo um terror essa possibilidade de sermos ou não, de estarmos vivendo agora ou sentindo apenas os reflexos do que já foi…e vc fez tudo isso de um jeito mais que brilhante.
Não sei se é terror, mas com certeza seu conto é um dos melhores que li.
Parabéns!
Valeu Renata! Que bom que gostou =)
Olá, caro autor,
Seu conto é muito bom, a meu ver. A princípio, as histórias me pareciam desconexas e até de gêneros diferentes, o que me desagradou, visto que misturar muitos gêneros geralmente não é uma boa ideia.
Entretanto, você as amarrou muito bem no final ficção-científica. Uma única ressalva é que na minha opinião, você poderia deixar mais implícito o fato dos humanos do futuro se comunicarem com os do passado. Achei que acabou explicando demais e perdendo um pouco da grandiosidade do fato. Mas ainda assim, abri um sorriso verdadeiro quando a revelação foi feita.
A narrativa flui bem, apesar de em meu sentir, haver partes desnecessárias, como o coração sendo arrancado.
Infelizmente, o que este conto tem de maravilhosa ficção científica, não tem de terror. Se fosse um desafio com este tema, certamente ficaria entre os melhores. Não percebi onde está o tom assustador da história, talvez exceto pela cena gore ou pela realização de estarmos sozinhos no espaço, que não é desenvolvida o suficiente para realmente assustar ou angustiar.
Uma pena, pois o conto é excelente.
Grande abraço!
Oi Rafael. A cena gore e a solidão humana no universo são justamente os pontos altos de terror que tentei colocar no conto. Mas já entendi que realmente não foram altos o suficiente para bater no tema, rs rs rs.
Obrigado pelo comentário!
Esse conto, no vácuo, é fascinante. Tem uma uma história espetacular, uma narrativa tão fantástica que consegue clarear proposições extremamente complexas e uma baita climão Asimov. Esse é o crime. Essa ficção científica maravilhosa está no lugar errado. Eu entendo que o tema da solidão humana no universo é algo a ser considerado, mas o conto trabalha isso de uma forma muito mais mind blowing do que assustadora propriamente dita. Ainda assim, é um conto muito bom dentro do desafio.
Obrigado Evandro! É, eu meio que vacilei nisso. Acho que exagerei ao tentar forçar a barra do que é terror e o que não é, rs rs rs.
Abraço!
Estimado autor: acho que não me fiquei esperando algo que não veio. Provavelmente, a sensação do terror, do “poderia ter sido comigo”. As quatro histórias, ainda que complementares, ficaram muito desconexas em personagens e intenções – pelo menos para mim, desculpe. E, ainda, algumas coisas me incomodaram na técnica: algo como “Ela mirava o membro ainda em movimento com assombro” (Coração é órgão, não é membro). E “Dado como louco, Padre Benedict jamais foi avistado novamente.” Se não foi avistado, como eles sabem que enlouqueceu? Bom, pode ser cisma só, mas realmente seu conto não me fascinou. De qualquer forma, parabéns por participar.
Oi Daniel. Tudo bem, não dá pra agradar a todo mundo, rs rs rs.
O lance do Padre Benedict ser considerado louco, foi que, além de ter mandado comprar aquela casa, o sótão foi encontrado com dezenas de anotações sem sentido e a roupa sagrada do homem abandonada em um canto. Como jamais foi visto, a deduziu-se que ele ficara louco.
Sabe como é: no limite das palavras, a gente tem que deixar muita coisa implícita. Ás vezes não funciona, rs rs rs.
Abração e obrigado pelo comentário!
Um conto muito bom, super bem estruturado. A primeira metade segue numa direção, criei certa expectativa. Imaginei um ponto na terra onde ocorria essas interferências, com as eras interagindo com elas. Pensei que trataria de algo místico. Quando a gente cria essa expectativa e o desenrolar é diferente, pode acontecer de nos surpreendermos com o outro resultado ou ficar frustrado. Felizmente, a surpresa positiva foi maior. O estilo me é conhecido aqui do EC e percebe o quanto o autor ficou mais a vontade na segunda parte, quando sai do místico e enigmático e parte pra ficção científica. A ideia de espelho e retorno, deu uma loucura danada aqui, imaginar um mundo onde a realidade é cíclica.
Talvez pelo tamanho, chegando ali no final percebi uns errinhos mais bobos, como o nome da Karine. Gostei do formato adotado e adorei a sequência inicial, pela caverna, uma mistura de 2001 com o mito da Caverna, muito bom! A sequência da casa mal-assombrada também ficou ótima. Só acho que o final foi muito explicado, teria ficado interessante deixar no ar a coisa do eco, com o leitor pensando um pouco mais. Em relação ao tema, da metade pra frente, como comentei, é muito mais pra ficção e debates em torno de teorias (e o autor soube se explicar bem em meio aos diálogos) que pro horror propriamente dito.
Obrigado Fil! É, eu reli o conto recentemente e notei o nome da Karine também. Quase ninguém viu, hehehehehe.
Legal você ter gostado. Abração!
Cara, que conto FODA você escreveu! De todo o tempo em que estamos aqui no EC (lá se vão mais de quatro anos), este texto é seguramente um dos melhores que já li. Toda a construção narrativa, as premissas, as causas, as consequências, os diálogos, as entrelinhas, tudo se encaixa de maneira perfeita. E isso tudo com um pano de fundo muito bem pensado, muito criativo. Essa ideia de que nossos fantasmas são vozes de nós mesmos pode até não ser inédita, mas aqui foi explorada à perfeição. “Teoria dos Espelhos” – putz, que nome foda você inventou! E a explicação científica é tão crível, tão verossímil, que eu me vi compelido a procurar mais sobre ela. Isso porque em alguns pontos me lembrou “Contato”, do Sagan, em que a comunicação dos extra-terrestres é feita com o reflexo do sinal que a Terra havia mandado ao espaço (no caso, as imagens da abertura das Olimpíadas de 1936, em Berlim, com Hitler discursando). Mas, mais fascinante, é saber que há de fato um eco verdadeiro nessa ideia, pois segundo Einstein, o universo é, de fato, esférico, devido à gravidade. Isso significa que, seguindo sempre em frente, rumo aos confins do espaço, a Voyager chegaria de volta até nós (claro, se tivesse energia suficiente para viajar bilhões de anos). Aqui no conto, porém, você “consertou” esse problema por meio da viagem no tempo e os espelhos. Muito engenhoso. E, como eu disse, o melhor é que você, em cima desse contexto científico super bem bolado, conseguiu criar três realidades distintas, todas carregadas de sentimento humano, com personagens profundos, aproveitando muito bem os aspectos psicológico e filosófico em cada qual dos contextos. Uma habilidade invejável. Não há um terror no sentido clássico do termo. O conto não provoca medo, é fato. No entanto, explica a razão do medo ao revelar, afinal, o que são as vozes na caverna, os sussurros que o padre escuta. Graças a uma cientista brasileira da gema (como a Ellie, em Contato). Enfim, se eu pudesse daria nota 6 para este conto, simplesmente porque foi um dos melhores – se não o melhor – texto que li este ano no nosso site. Clássicos incluídos. Parabéns, cara. Você escreve bem demais!
Porra cara! Esse seu comentário já fez valer a presença no desafio! Nem me importo do conto ter ficado em décimo quarto lugar!
Hahahahah! Sério! Estou muito feliz de você ter gostado. Minha esposa que o diga! Quando você fez esse comentário saí correndo pra minha esposa com o celular na mão: “MULHER, VENHA CÁ AGORA LER ESTE COMENTÁRIO DO GUSTAVO ARAÚJO!”
RS RS RS RS
Abração!!
Meu filho, minha filha, seja lá o que você for, que conto é esse? SEN-SA-CIO-NAL. PQP! Eu já estava achando bacana este lance de vozes nas cavernas, vozes no casarão, etc. Porque cria muito clima de suspense, mas com a explicação da teoria dos espelhos e eu tendo entendido tudo, vi como as coisas se ligaram lindamente e passaram a fazer todo o sentido.
A ideia foi um espetáculo. Gosto destes contos que nos tiram do comum, que nos levam para fora da casca e nos apresentam possibilidades novas de ver a vida.
Das quatro histórias a que eu gostei menos foi a do padre. Na do Oráculo de Delfos, o lance do cara ficar consciente e sem coração parecia forçado, mas outro dia (para sua sorte) eu li um dia destes uma matéria que fala sobre alguns segundos de consciência “post-mortem”, então não impliquei com isso.
Enfim. Dizer o que? Parabéns.
Sorte na vida.
Iolanda.
Vindo aqui só para dizer que achei seu conto muito foda, nem sei como não ganhou. Abração, menino.
Obrigado mesmo! É com comentários assim que eu ganho força pra continuar escrevendo! =)
Hawks, vc poderia ter escolhido outra imagem dos espelhos, néh, Divergente, fala sério! Tá bom, confesso, vi o filme, rsrs. Gostei muito das duas partes iniciais do conto, a ambientação foi primorosa, deuses, oráculos, vozes, o padre. A parte da ficção científica quebrou o encanto, já tomei um tapa na cara quando vc abriu os trabalhos: “Mariana precisava de um tempo para ordenar os pensamentos. Não estava com muita vontade de urinar…”, esse “urinar” quebrou a magia descrita anteriormente, apesar de estar adequada ao novo contexto. Também não senti um tiquinho de terror na narrativa, porém a sua escrita envolvente me fez esquecer do gênero do desafio. Bom, mas lamento informar que acabei de lembrar o propósito aqui, terror. De qualquer forma, levarei em consideração o seu grande potencial como contador de histórias. Abçs.
Obrigado Rose!
Eu não sei onde estava com a cabeça quando escolhi essa imagem. Eu não vi o filme, então não liguei a um filme famoso. Achei que era a imagem de algum filme trash francês, sei lá. HAhahahahaha!
E não se preocupe quase ninguém achou que o conto tinha algo de terror, rs rs rs.
Olá!
Conto ‘de categoria’, muito provavelmente vc é um daqueles colegas que já figuraram no pódio do EC várias vezes, acredito que morando na Europa 😛
Texto muito bem montado, bonito até, principalmente pra quem ama FC.
Mesmo eu nao gostando de sci-fi, não me desagradou pq não foi o conto todo dentro deste ambiente.
Agora, indo na contra-mão, eu não curti a solução para as vozes, conclui que é uma explicação fácil, debochada até, das crenças em seres superiores, deuses e afins.
‘Hoho vejam, toda a historia da humanidade, estruturada em crenças e dogmas é tudo narração de filme norte-americano: the end.’
Não me agradou em absoluto rsrs
ps: nao entendi o final aberto do padre, o que aconteceu com ele? a historia dele nao é coerente em nenhum momento.
Abraços e boa sorte
Oi Anorkinda!
Que engraçado, muita gente achou a Teoria dos Espelhos algo bacana. Teve gente que teve que voltar e reler pra entender melhor. E você, por outro lado, achou uma solução fácil.
Por isso gosto do EC: é tanta opinião diferente que a gente fica até tonto, hahahaha!
Obrigado pelo comentário e abração!
Caraca, meu, parabéns. Que conto magnífico!
Absolutamente deslumbrante. Tudo, cada mínimo detalhe, tá perfeito. Sério.
O enredo é perfeito. Tudo muito bem fechado, cada detalhe contribuindo para o desencadeamento de eventos que leva à compreensão do todo. Tudo bem pensado e importante, tudo bem trabalhado.
Escrita magistral, técnica excelente.
Mas (sempre tem um mas, né?), precso fazer o papel de advogado do diabo e dizer que o conto não tem absolutamente nadinha de terror, pra mim.
É um FC perfeito. É um conto perfeito.
Sei que você cansou de ler isso, mas infelizmente acho que o conto tá no desafio errado. Mas por favor, tudo que você trabalhar a mais nele, me avise, quero ler.
A teoria dos espelhos e todo o resto é coisa de gênio.
Concluindo: o melhor (disparado) conto do desafio, mas infelizmente não se enquadra na temática, por isso, ao invés de 5,0 com estrelinha, vou ter que dar 4,5 (ainda com estrelinha).
Parabéns, você tem um talento impressionante.
Ah, ainda dá tempo de dizer que esse conto provavelmente é o melhor que já li em quase 2 anos de EC. Fica no empate técnico com “Literassex”, do Gustavo Araújo no desafio comédia.
Brigadão pelo comentário Luis. Que legal você ter gostado. Meu deu um ânimo muito bom. Lembro que na época que você fez esse comentário eu estava meio desanimado por quê a maior parte da galera estava achando o conto “mais ou menos” (apesar do José Paulo ter curtido bastante). Quando li o seu comentário, fiquei feliz.
Sabe, aquela sensação de “Missão Cumprida”?
Valeu pela leitura e pelo comentário!
Conto lindamente escrito, defendendo a tese fisica da comunicação entre gerações através do rebatimento de ondas no universo, em um clima de seriedade, conviccao e suspense. Explicações tecnicas a parte, a trama eh muito interessante. Com a divisão em três contos passados em epocas diferentes, o autor conseguiu manter o tom de misterio e terror até a explicação no final… o que acende um outro tipo de terror: o terror da grandiosidade da vida recém descoberta. Esse conto tem uma pegada diferente. Não ha sustos ou mortes. Quem prefere as maldições, maldades, mitos e ritos poderá estranhar. Eu gostei muito. Parabéns ao autor(a) pelo conteúdo e pela ótima condução.
Obrigado José! Você pescou justamente o tipo de terror que eu queria proporcionar. Que bom que alguém entendeu! hahahahah!
T (tema) – Vou considerar que o conto está dentro do tema proposto pelo desafio, apesar do seu foco estar voltado mais para sci-fi.
E (estilo) – Estilo limpo, bem cuidado, com passagens no tempo interligadas. Ficção científica não me é agradável de ler, mas é gosto pessoal mesmo. No entanto, ficou claro que o autor sabe costurar muito bem as palavras e as imagens, conseguindo transmitir com sucesso a sua ideia.
R (revisão) – Alguns erros passaram, mas nada de muito grave. Dica: quando empregar o verbo HAVER no sentido de EXISTIR, mantenha no singular. Por exemplo: haverá dias de terror/ há possibilidades melhores/ houve acidentes na estrada.
R (ritmo) – O começo pareceu-me um tanto moroso, mas a partir da aparição do padre, o conto ganhou velocidade. Daí para o final, a leitura fluiu muito melhor.
O (óbvio ou não) – Não encontrei nada de óbvio, tudo me surpreendeu de um certo modo. O terror mesmo foi a descoberta da doutora – de que a humanidade está só no universo.
R (restou) – Um medinho de que a teoria da Dra. Mariana esteja certa e que tudo não passa de um eco, um reflexo do que já existiu e existirá. Além da certeza de que o autor escreve muito bem.
Boa sorte!
Obrigado Cláudia! Fico feliz de ter agradado, especialmente quando você nem curte tanto FC assim, rs rs rs.
Abraço!
Gostei muito do conto. A leitura flui com facilidade, os personagens são bem construídos, ricos, críveis. A trama é sensacional, e veio bem a calhar: estou lendo o livro de Carlo Rovelli sobre a gravitação quântica, e por coincidência passei há pouco tempo pelo trecho em que ele fala da forma do universo e da possibilidade de algo viajar e voltar ao mesmo ponto.
A narrativa é firme, segura.Algumas poucas frases me tiraram da leitura, não funcionaram bem:
mas agora haviam imagens – havia;
foi elegido ou foi eleito;
tocou o ouvido – tocar o ouvido em algo me soou estranho.
Além disso, vejo um único problema: não consigo situar o conto dentro do terror. Está muito mais para ficção científica, excetuando-se as duas primeiras partes.
No mais, um belo trabalho, um dos melhores deste desafio!
Engraçado Pedro, você não foi o único a falar sobre a estranheza de “tocar o ouvido” em alguma coisa. Vou pensar sobre o caso.
Abraço e obrigado!
ENREDO;Teoria dos Espelhos, ou Mundos Múltiplos Num Tempo Circular, Um Looping ou Coisa Parecida. Se fossemos analisar com seriedade essa teoria teríamos que levar em conta que, um espelho reflete a imagem ao contrário. Em todo caso, achei o enredo muito bom, lá nos templos de Delfos, as vozes dos oráculos eram vozes emitidas por centenas de milhares de rádios, televisões, celulares, etc. para o Espaço e pelo Tempo, através de todas as Eras. Gostei.
PERSONAGENS: Muito bons, bem definidos e nomes de acordo.
ESCRITA: Excelente criação de frases, harmoniosas e lógicas, fazendo uma boa conexão com a ideia em si. Só encontrei um errinho; coração não é membro, é órgão!
TERROR: Não muito, nem tanto, mas valeu pela história, muito boa a estrutura em períodos temporais. Boa sorte.
Obrigado Antonio! A “Teoria dos Espelhos” era chamada dessa forma pela Mídia, por ser um nome mais fácil de veicular. Não dá para levar os nomes que a Mídia dá a teorias científicas a sério, rs rs rs.
O nome oficial da teoria de Mariana era “Aplicações da Relatividade Restrita em um universo de múltiplas hiper-deformações”, mas convenhamos que isso não faria manchete em lugar nenhum, hahahah!
Escrita: Excelente qualidade literária. Profissional. Seu texto me lembrou um conto de Isaac Asimov chamado A Última Pergunta. Um enredo que trás uma teoria sobre a existência de Deus.
Terror: O terror foi muito bem construído. Um enredo não precisa ser o tempo todo tenso para se adequar ao tema. Se houve momentos de relaxamento foi para ambientar o leitor para o terror em seguida. O texto já começa muito instigante com a parte da caverna; e toda essa passagem de tempo foi feito de maneira primorosa. A teoria em si foi incrível. Eu gosto de textos que trás estudos e monstra que o autor teve a sensibilidade de pesquisar e estudar. Detalhes enciclopédicos enriquecem o enredo. Quando citou a Pítia lembrei de um dos primeiros livros que li na vida: Indiana Jones e os Perigos de Delfos (que livro!). Neste livro é revelado que a pítia sempre era uma mulher velha, mas eu entendo que você queria dar um glamour para o seu texto e até a cultura pop atual retrata a pítia como mulher sensual.
Nível de interesse durante a leitura: Total. Olhos vidrados na leitura. Um dos melhores contos deste desafio.
Língua Portuguesa: Excelente. Só detectei um “haviam” no lugar de “havia”, um trecho confuso que diz que as vozes falavam numa língua que o padre não conseguia entender, mas que ainda assim ele entendia (ficou bem estranho isso), e um outro, se bem me lembro, que diz que o padre tocou o ouvido na tábua; acho que daria para trocar por “tocou a tábua com o ouvido”, a sua construção não ficou boa; mas nem fiz questão de anotar e nem sei onde estão exatamente esses trechos. A linguagem é primorosa.
Veredito: Um conto excepcional. Magnífico.
Obrigado mesmo, Edinaldo! Que bom que gostou!!
Sobre a pítia de Delfos: elas nem sempre foram mulheres idosas. Elas começaram como mulheres novas (deveriam ser virgens) e foram trocadas por mulheres idosas depois que Equécrates se apaixonou uma por uma das oráculos, raptou-a e estuprou-a.
Nem toda a minha pesquisa foi feita pelo Wiki, mas essa parte encontrei lá, rs rs rs.
https://en.wikipedia.org/wiki/Pythia#Origins_of_the_Oracle
“Echecrates the Thessalian, having arrived at the shrine and beheld the virgin who uttered the oracle, became enamoured of her because of her beauty, carried her away and violated her; and that the Delphians because of this deplorable occurrence passed a law that in the future a virgin should no longer prophesy but that an elderly woman of fifty would declare the Oracles and that she would be dressed in the costume of a virgin, as a sort of reminder of the prophetess of olden times.”
Inicialmente eu explicava que a última Pítia fora escolhida jovem com o intuito de “renovar” o culto à Apolo. Mas tive que cortar essa parte para manter o número de palavras rs rs rs
A história – Diferentes momentos na história culminam em uma descoberta física com um quê de metafísica (tive de fazer o trocadilho). Li o conto com muito interesse mesmo, mas não senti medo algum. Adorei o fato de a grande cientista ser Mariana, não o seu namorado.
A escrita – Excelente e há conexão entre os textos (A passagem do culto primitivo merece aplausos). A parte da teoria exige duas leituras, mas é uma ideia bastante interessante.
A impressão – Um excelente texto mesmo, mas de ficção científica. Parabéns ao autor e boa sorte no desafio.
Obrigado!
Que teoria maluca! Gostei do conto, mas não consegui ver muito terror. “Padre Benedict era um homem sem fé”- sinceramente achei bem estranho. Se ele não tinha fé, e pensava que tudo era coisa da cabeça das pessoas, por que ele não se tornou um psicólogo ao invés de um Padre?
“pensou novamente naquela possibilidade – de que haviam descoberto a prova da solidão humana no universo.” – pobre dos ufólogos, vão ficar sem serviço rsrsrs.
Um conto que prende a atenção e desperta a curiosidade, mas senti a falta de um terror maior.
Muitas pessoas sentiram falta de um terror no conto mesmo, Vanessa, você não está sozinha, rs rs rs.
Padre Benedict vivia em uma época onde ser padre trazia certo prestígio. Era uma profissão conceituada. Uma carreira promissora. Acredito que não só ele, mas também muitos na história do nosso mundo seguiram carreiras clericais sem fé.
Diferente de muitos, porém, Padre Benedict buscava a sua fé. E acabou encontrando alguma coisa próxima disso nas vozes do sótão =)
Estimado autor, o seu texto revela uma boa maturidade na escrita, mas foi o texto que me deixou mais confuso neste desafio. Parece um conjunto de textos, sem ligação entre si e, o que é mais grave, sem ligação ao tema.
Tudo bem Jorge. A ligação das histórias é feita no final, na última história, mas como muitos falaram que realmente exagerei um pouco no “tecniquês”, deve estar difícil de compreender mesmo.
Abração e obrigado!
É um texto bem escrito. O tema nada convencional, criativo. Mas de difícil assimilação, visto as várias fases, e ou, eras sobrepostas, quase como a uma saga, dificultando a compreensão. Mas como ideia o conto é muito interessante, um tanto pela sua forma peculiar transcendental de ser contado, bem original. A escrita, corrente e ligeira nos dá a sensação de que a história passa-se rápido, ledo engano, é puro dinamismo da forma de escrever. É um conto muito bem construído.
Obrigado Luiz!
# Nossos próprios deuses (Hawks)
Autor(a), desculpe-me por não ter tempo para formatar o comentário melhor. Em caso de dúvida, é só perguntar.
📜 Trama (⭐⭐⭐⭐▫):
– muito bem estruturada, conectando vários momentos no tempo de forma que ia liberando a informação no momento certo, segurando a atenção até o fim
– não chega a ser um defeito, mas acredito que poderia cortar um pouco da primeira e segunda parte, deixando-as bem mais resumidas, e concentrar mais palavras na parte final, com Mariana
– o final é filosófico, mas acaba deixando muita coisa em aberto
📝 Técnica (⭐⭐⭐⭐⭐):
– muito boa, profissional
– estruturação perfeita do texto e flashback muito bem aplicado
– boa descrição e cenas
– diálogos muito naturais
🎯 Tema (▫▫):
– não está adequado ao desafio
– as vozes, que seriam o elemento de terror, não causaram medo em nenhum momento na trama
💡 Criatividade (⭐⭐⭐):
– Não sei se essa teoria nas existe ou é inventava, de qualquer forma é um tema que pode gerar infindáveis histórias
– muito criativo
🎭 Impacto (⭐⭐⭐▫▫):
– a parte da teoria dos espelhos é ótima e dá muito o que pensar, mas acabou deixando o texto sem grande impacto
– faltou ao texto um conflito que se destacasse
– o texto prendeu pela ótima técnica e ideia inventiva e se destaca aí, mas não tem um final impactante
Parando pra pensar aqui, realmente faltou um grande conflito no texto né? Vou trabalhar melhor isso >.<"
Valeu leo!
Caro(a) Autor(a),
Eu amei o começo, gostei da parte da Grécia, tentei fugir na terceira parte e custei a terminar a última. Não sei se entendi muito bem o conto. Não, não é culpa sua. É culpa minha. Não percebi erros de escrita e nem de construção. Não sei muito bem se ele se enquadra em terror. Talvez eu dê uma segunda lida no texto quando terminar os outros. Boa sorte no desafio.
Valeu Evelyn!
Estou aqui, de novo. Porque esse conto precisava ser relido.
A primeira parte… Esse começo de conto me arrebatou porque me deixou imaginando os primórdios do homem e a loucura das descobertas, do conhecimento, dos mistérios assombrosos. Tem tudo a ver com o título. Somos nossa própria reinvenção. Somos nossos próprios deuses, nossa própria caverna. Nós interpretamos nossa vida. Nós criamos os significados. Nós nos destruímos por conta deles. Uma loucura isso, eu sei.
Então, mergulho na segunda, onde você me faz viajar para a Grécia, para a história do oráculo e ele se transforma no monstro do homem. Porque conhecer a si mesmo é tarefa árdua e a imagem que me vem à mente é a de um monstro, engolindo o próprio homem, porque jamais se conhece a si mesmo bem o suficiente ou totalmente para seguir em frente. O homem se despedaça, morre, e, se aprende a todo o instante, assim mesmo não conhece nada de si. Somos nosso próprio abismo, aquele que poderia desvendar a própria natureza.
A terceira parte me fez querer fugir porque de vozes e silêncios somos todos nós. Alguns silêncios muito maiores do que as palavras. Somos nossos gritos e profundos vazios. Somos nossos próprios deuses e nossos próprios monstros. Aqueles que habitam o sótão, o coração. Aqueles que matam pela vontade refreada, pela disciplina, pelo desencantamento.
A quarta parte, agora me parece fazer pleno sentido. Talvez porque agora, com calma eu tenha realmente entendido a teoria dos espelhos e da relação com as três primeiras. E aí, percebo que o conteúdo da terceira parte é muito mais complexo do que eu pensava. Ele me faz pensar no tempo como um não-desdobramento, ou um tempo em camadas, sobrepostas, todas elas implicando umas nas outras. Esse foi o detalhe que faltou para a minha construção final.
Seu conto é realmente muito bom. Seu agradecimento me lembrou do que precisava fazer.
Que história bonita você me traz, Hawks. Gostei muito do seu conto. Essa sua maneira de me trazer tempos distintos na mesma narrativa ficou bem legal e fizeram todo sentido ao final do conto. Você escreve bastante bem, tem belo domínio da língua e, tirando algumas repetições, o verbo haver em uns casos precisando de revisão e está tudo muito bacana. Bem, uma história interessante e bem contada, um autor tremendamente criativo, uma narrativa convincente e senti uma falta que, para o caso em questão se torna básica: Onde é que o terro terá se escondido? No meu modo de ver esse seu conto trata – e diga-se de passagem de uma maneira bem competente – de ficção científica. Fora este o tema e teria, sem dúvida, a nota máxima, no meu modo de ver as coisas pelo menos. Meu grande abraço de parabéns pela sua bela história.
Obrigado Fernando! Você não foi o único que achou que o conto estava fora do tema hehehehe
Enredo e criatividade – Narrativa e assunto muito originais e criativos. Os espaços escolhidos são representativos, cada um em sua época. A narrativa está muito bem elaborada, a escolha das palavras, a construção das ideias, que conduz, com maestria, o leitor por um labirinto de conceitos, o desenvolvimento da angústia sentida diante das manifestações das vozes e sons.
Escrita e revisão – O texto está bem escrito, apenas com pequenos desvios gramaticais, como o emprego do verbo HAVER, esquecendo a sua impessoalidade (“não haviam mais fiéis, haviam imagens”), algumas repetições de palavras e outros já citados.
Terror e emoção – O texto enriquece o leitor com História, lendas, vocabulário, filosofia, enfim, toda uma cultura. Uma leitura agradável com desfecho muito bonito, dando para visualizar cada detalhe.
Parabéns. Abraços.
Obrigado Fheluany. Que bom que gostou!
Adorei o conto, principalmente pela conexão entre os quatro períodos retratados que só nos é revelada bem no fim da história. Eu estava achando que o autor tinha se perdido na trama, mas aí tudo foi elucidado de maneira genial.
Também vale ressaltar a boa estruturação da história e a pesquisa que provavelmente teve de ser feita para a produção desse texto.
Como um conto de sci-fi, essa história merece nota máxima.
Mas, como esse é um desafio de terror, não sei se o trabalho se adéqua aos requisitos do gênero. A parte assustadora – de estarmos sozinhos no universo – é muito conceitual, talvez precisasse de m toque mais visceral, sabe?
Gostei muito mesmo do texto, mas não sei se ele se encaixa nesse desafio.
😀
Obrigado Rafael!
Salve, Hawks!
Eu acho que tem dois aspectos principais a comentar do seu conto. Um positivo e um negativo, embora não antagônicos.
O primeiro deles, positivo, trata da originalidade do tema e de como é encarado. Achei que a escolhas de fragmentar a narrativa em diversos períodos de tempo (o que caminho lado a lado com o tema principal do conto) e a diversidade dessas linhas deixam tudo bastante interessante, e criam uma expectativa legal para a grande revelação que a pesquisa de Mariana nos traz.
Por outro lado, acho que o conto estaria perfeitamente inserido num desafio sci-fi, mas bastante deslocado num de terror. Eu realmente entendo que os dois gêneros podem caminhar juntos (o cinema nos provou isso mais de uma vez). Entretanto, a carga científica a que temos acesso abranda demais a tensão. É interessante, muito interessante, mas pra mim não é terror.
É isso! Boa sorte no desafio!
Obrigado Andre! Concordo com tudo o que você falou, he he he he!
Olá,
A narrativa trata de conjunto de estórias que se conectam para explicar as “vozes” sobrenaturais ouvidas no passado, conforme já dito pelo colega. Um conto muito bem escrito e competentemente pesquisado para tratar de um tema inusitado até então aqui no Desafio do Entrecontos.
Entretanto, apesar do preciosismo do tema e da escrita, o conto não fluiu para mim. Talvez devido ao tecnicismo ou à minha incapacidade de absorção da matéria.
Também quanto ao quesito terror, apesar da reflexão final, mórbida e pertinente, não cumpre o que o desafio exige.
No mais, boa sorte no desafio.
Olá Werneck, obrigado pelo comentário! Não acho que você “não tenha a capacidade de absover a matéria”. Este conto deve simplesmente não fazer muito o seu gosto e não deve ter batido com as suas expectativas para o terror. Normal =)
Abraço!
Um pouco antes de chegar ao final, fiquei a pensar onde se encaixava o começo do conto com o seu meio e o fim. E essa descontinuidade aparente conferiu, de forma astuciosa, um mistério, um suspense que contribuiu para manter e aumentar o interesse. Aí se fez luz, e tudo se esclareceu. Pois bem, é um conto envolvente, inteligente, e gostei de tê-lo lido. Porém, gostaria de fazer uns apontamentos referentes à trama, sobre algumas passagens que não tiveram uma boa conectividade, digamos assim, com outras passagens. Vejamos:
—- O padre não acreditava no exorcismo, tanto quanto não acreditava em espíritos. No seu íntimo, sabia que os demônios viviam na mente daqueles a quem perseguiam. Quando realizava os ritos, não se enxergava expulsando espíritos em nome de Deus; antes, via-se exorcizando os medos irracionais dos seus fiéis.
Se o padre não acreditava em exorcismo, por que então: “Sem nem sequer tocar no seu equipamento de exorcismo”. Ele poderia carregar o seu equipamento para ludibriar aos outros, mas a ele mesmo? Não faz sentido.
Continuando: sendo ele cético em relação a manifestações sobrenaturais, como ele nem sequer esboçou uma reação de espanto ao ouvir as tais vozes? Para alguém incrédulo, quando confrontado em sua incredulidade, ao menos se espera que a pessoa fique mexida, ou então mais ferrenha ainda em sua descrença. Mas o padre Benedict não se comportou de nenhuma dessas maneiras, ao contrário, aceitou a existência das vozes como um caso costumeiro.
—- — Ok. É uma chance ínfima de acontecer. Mas, se aconteceu, imagine o impacto disto naquelas pessoas. Nossas próprias vozes, vindas do além. Seríamos os nossos próprios deuses, falando a nós mesmos o que fazer.
Acho um tanto forçado chegar a essa conclusão: falando a nós mesmos o que fazer. Acredito que essa fala está aí como uma explicação para o começo do conto, em que os primitivos obedeciam aos deuses. Mas como Mariana poderia supor tal coisa?
Eu fiquei embasbacado com essa “teoria dos espelhos”, uma bela criatividade para conceber essa ideia, parabéns! Contudo não ficou claro, ou nem sequer foi mencionado (e nem é preciso, abordo a questão por mera curiosidade), de como se dá a viagem no tempo, e em que momento a sonda Voyager desapareceu dos radares.
Prosseguindo, e agora viajando nessa bela ideia, vejamos essa outra fala de Mariana:
—- — Mas quer saber de algo mais absurdo? E se não existirem outros corpos celestes senão o nosso Sistema Solar? E se absolutamente tudo o que vemos lá fora são reflexos de nós mesmos, sem espaço para mais nada?
Ainda bem que ela disse ‘e se’, pois essa premissa não teria fundamento, uma vez que a história se passa em nosso universo e há muitas provas científicas de que existe outros planetas, estrelas, galáxias… Mas deixemos isso de lado.
Agora, uns pequenos ajustes (aliás, a palavra agora pipocou nesse conto):
—- Encontrou a porta de pedra do Santuário Interno espalhada pelo chão em pedaços (ficaria melhor: … Santuário Interno em pedaços espalhada pelo chão.)
—- Experimentou a maçaneta: a porta estava aberta. (a posta estava destrancada)
—- Súbito, um grito de horror soou quase inaudível. (como um grito pode soar quase inaudível?)
Para arrematar, gostei muito do final, e para mim nele se concentrou todo o terror, a ideia de que estaríamos sozinhos do universo, que no caso o universo seria não uma casca de noz, mas apenas o nosso sistema solar.
Parabéns!
Excelentes apontamentos, Lucas. E que bom que você achou o terror no conto! =)
Sobre os seus apontamentos, concordo com quase todos. Os que não concordo vou citar abaixo:
1) Sobre o padre Benedic, entendo que ele era um homem em busca da sua fé. Não tinha fé, mas a buscava e estava “aberto” a ela. Assim, ao encontrar as vozes, ele quis que elas fossem verdadeiras. Ficou entusiasmado. Mas, como um bom cético, convenceu a Igreja a comprar a casa para estudá-las. Ele buscou a fonte das vozes em outros cômodos, etc. Mas ok… acho que a decisão brusca dele de mandar comprar a casa foi muito chocante mesmo, rs rs rs.
2) Quando Mariana fala que as nossas vozes seriam “os nossos próprios deuses, falando a nós mesmos o que fazer”, ela quis dizer isso mesmo. Quem quer que as ouvisse acharia que seriam vozes do além. Deuses. E, como entidades soberanas, as vozes seriam ordens faladas em idiomas ocultos. Então haveria quem dissesse que poderia interpretar tais palavras… essas coisas. A base da religião.
3) Nossa ciência atual realmente conta com milhões de corpos celestes já identificados. Mas é a nossa ciência atual. O conto brinca com a evolução da ciência. Na teoria fictícia “dos espelhos”, cada corpo celeste encontrado é um dos corpos celestes do nosso próprio sistema solar, só que em outra tempo. A luz viajaria no tempo devido às distorções do espaço, “como uma folha amassada de papel”. Saca?
4) Eu tentei falar do “volume” das vozes algumas vezes, mas realmente foi estranho descrever isso. Quando um grito de horror soou quase inaudível, o que eu quis dizer é que ele estava distante, em volume baixo. Deu para entender que era um grito de terror, mas como se proferido há quilômetros de distância. Acho que vou trabalhar estas descrições em uma revisão.
Novamente, obrigado pelos excelentes apontamentos!
Olá! Segue abaixo o resultado da Leitura Crítica feita por mim em seu texto, com o genuíno intuito de contribuir com sua caminhada neste árduo, porém prazeroso, mundo da escrita:
GRAMÁTICA (1,5 pts) –> Sim, escrever é a arte de cortar palavras… Mas sem se esquecer de cuidar das que foram poupadas! Ou seja, uma boa e atenciosa revisão é FUNDAMENTAL — e não apenas para este quesito — em um texto, ainda mais em um trabalho que estará concorrendo com os de outros escritores… Por isso, deixo os parabéns ao autor ou autora pela boa revisão feita neste trabalho. Não está nota 10, perfeito, vide os apontamentos certeiros já feitos pelos colegas que antes de mim por aqui chegaram. Aliás, a melhor parte de chegar em um texto depois de alguns dos ‘mestres’ do EC é exatamente esta: não ter que ficar pontuando os erros encontrados. Então, voltando ao assunto em voga aqui, foi feita uma boa revisão na obra, e o vocabulário utilizado para contar a história está bem certeiro também.
CRIATIVIDADE (2 pts) –> Este é, sem a menor sombra de dúvida, o quesito MAIS IMPORTANTE (e consequentemente possuidor do maior peso em sua nota final) de todos… Então, como este conto foi, pelo menos até agora, “a maior viagem!”, a criatividade também se fez presente. Conseguir fazer com que o leitor junte todas as histórias ‘diferentes’ contadas, formando um ‘todo’ esclarecedor, realmente não é tarefa fácil. A criatividade, portanto, se fez presente em dois aspectos: na forma de contar a história (transmitir a ideia final, o mote do conto) e também na própria história da teoria dos espelhos. Mó viagem… 🙂
ADEQUAÇÃO ao tema “Terror” (0,5 pt) –> Como estamos em um Desafio TEMÁTICO, não tem como avaliar sua obra sem levar em consideração este “pequeno” detalhe, rs! Assim sendo, mesmo eu o tendo valorizado apenas com meio ponto, ao final do somatório isso poderá representar a presença (ou não) de seu trabalho lá no pódio e, caso você seja uma pessoa competitiva… Vai perder uns pontinhos aqui. O terror mesmo, por incrível que possa parecer, não se fez presente nas vozes ‘endemoniadas’ escutadas pelo padre, e nem mesmo na imagem de um casarão vazio e escuro, mas sim na última frase deste trabalho; ou seja, o terror aqui se fez mais presente no campo filosófico do que propriamente no medo físico. Interessante, porém diferente da proposta do presente Desafio.
EMOÇÃO (1 pt) –> Beleza! Imaginemos que você escreveu tudo certinho… Sem erros de pontuação, acentuação, troca de caracteres, conjugação, sentido… Teve uma belezura de ideia para a sua história; inovadora, inédita, daquelas que só vislumbramos em nossas mentes uma vez na vida… Tudo dentro do tema proposto pelo Desafio e tal… Pronto! É pódio na certa, correto? Bem… Não se eu DORMIR durante a leitura do seu conto! Ou preferir parar novamente de ler o seu texto para, após já ter agendado a consulta anual com o proctologista, decidir marcar a extração daquele dente sobrando lá atrás da boca…Rs! Calma, autor… Estou brincando com você, é claro! Seu enredo é bom e deixa o leitor curioso para compreender aonde o autor dessa história quer chegar. Contudo, ao mesmo tempo em que foi criativa e diferente a forma/formato utilizado para contar esta história, tal estilo também fez com que a emoção se perdesse ou diluísse durante a leitura. Com uma pegada bem mais filosófica e existencial, as partes finais da história vão perdendo muito deste quesito, em específico. Afinal de contas, não dá para se ganhar sempre e em tudo, né…? #fazêoquê… 😦 Em poucas (pouquíssimas) palavras: é um conto mais de FC do que de Terror. #prontofalei!
ENREDO –> Se você for bom em Matemática (como aliás todo escritor de ficção gostaria de ser…), vai ter reparado que a soma dos pontos totais dos quesitos prévios já atingiu o limite de pontos da nota máxima a ser atribuída aos trabalhos do presente Desafio (5,0), conforme as regras estipuladas pelo nosso Anfitrião aqui no EntreContos! Portanto, como já levei em conta o Enredo da história ao avaliar (e notificar) a Criatividade da sua obra, este quesito aqui será utilizado apenas para demonstrar que eu, enquanto avaliador, li realmente o seu texto; ou melhor, COMO eu vi/entendi o seu texto… Então vamos à sinopse preguiçosa: 4 pré-histórias que, unidas, vão formar a chave capaz de se encaixar na fechadura que abrirá a porta para a compreensão da espinha dorsal do conto, que trata sobretudo da demonstração prática (ou linguística) de uma teoria grandiosa. E triste…
Boa sorte no Desafio! 🙂
Nota Máxima: 5,0
Sua Nota: 1 + 1,5 + 0,25 + 0,25 = 3,0
Valeu Ricardo! Sim, você fisgou bem o clima do meu conto. É muito mais filosófico do que qualquer outra coisa =)
Esse conto me “enganou” algumas vezes. Na primeira parte, pensei que fosse seguir algo mais “conto de fadas” e até pensei que seria legal, acho que não teve nenhum conto explorando essa vertente até agora. Daí a parte na Grécia e imaginei que ficaria por ali, com algum terror mitológico entrando em cena (o que seria legal também, pensei). Ok… daí veio o padre e meu pensamento foi “tá, parece que não vai sossegar o facho com essas subtramas…”.
Então, finalmente, vem a parte da Ficção Científica e tudo se encaixa.
Comentando rapidamente sobre a técnica: gostei, sobretudo na última parte. Parece que o(a) autor(a) fica mais à vontade com FC e tudo fluiu mais naturalmente ali. O trecho da Grécia é o pior e poderia ser limado, na minha opinião.
– Haviam imagens
>>> havia
– Seus jovens olhos vidrados
>>> não curto muito essas inversões de adjetivo (é só gosto, não erro)
– pôde ver o seu próprio coração pulsando nas mãos do Oráculo. Ela mirava o membro ainda em movimento com assombro.
>>> não chamaria coração de membro
– Um fim sem qualquer explicação, como a morte súbita de um ente querido que aparentava saúde
>>> muito boa essa metáfora!
– A criação de bunkers pessoais e acumulação de suprimentos
>>> achei muito exagerado essa reação. A galera ouve dizer que a sonda voltou e começa a construir bunkers como se um meteoro estivesse vindo em direção a Terra?
Bom, vamos à trama… a teoria dos espelhos é sensacional. E a cena no banheiro, vendo os infinitos reflexos figura facilmente entre as melhores do desafio (e não só desse desafio, aliás). Toda a ideia de um universo bem menor do que imaginamos com nossas ondas viajando indefinidamente no tempo é fabulosa. Se o tema fosse FC, seria nota bem próxima da máxima.
Não acho que tenha fugido totalmente do tema, mas o terror certamente não foi o foco do conto. O exorcista ficou com mais cara de que apareceu ali para enquadrar do que outra coisa, soando um pouco forçado.
Enfim… gostei bastante, mas em virtude da adequação não poderá receber uma nota melhor.
Abraço!
Valeu pelo comentário Fábio! =)
É, aparentemente eu sou mais seguro escrevendo FC mesmo, não tem jeito, rs rs rs.
Quando você criticou a reação das pessoas construindo bunkers pessoais com sendo exagerada… acho que você não conhece os limites da estupidez humana, hahahahahah! Tem gente que já tem bunkers hoje para o caso de uma guerra nuclear. Imagina a reação da galera conspiracionista se descobrissem algo que poderia ser uma prova fundamental da vida extraterrestre… e ainda mais, tão próxima de nós! Eu tentei me botar no lugar deles: a NASA ia confirmar o que tinha acontecido com a sonda em cinco anos de missão… o pessoal deve ter pensado: “eu que não vou esperar cinco anos. Quando descobrirem que foram os ETs, já terei meu bunker seguro!”
O seu apontamento sobre o terror foi bom mesmo. Realmente, não foi o FOCO do conto. Tentei adicionar terror sim, mas não era o tema principal da história.
Abraço!
Olá, Hawks. Fascinante, essa teoria dos espelhos. E muito bem elaborada, tanto na sua explicação, na quarta parte, quanto na sua preparação, nas três antecedentes e que se explicam e relacionam à luz da última.
Muito bem escrito e conduzido, só é pena que não consiga encontrar-lhe o terror. A solidão que somos, verdade absoluta e definitiva, só pode criar terror entre aqueles que ainda não se tenham de tal apercebido, mas esses – por sorte ou azar deles – continuarão a não ter noção dela.
Então, não consigo enquadrar dentro do desafio proposto, o que não me impede de gostar e avaliar positivamente tudo o mais, até porque o merece.
Gostei dos personagens, particularmente do padre Benedict que não acreditava em nada e ” Quando realizava os ritos, não se enxergava expulsando espíritos em nome de Deus; antes, via-se exorcizando os medos irracionais dos seus fiéis.”. tal como acredito que o fazem alguns profissionais da área da saúde mental e certos curiosos no domínio das ciências ocultas, uns, e da escrita de auto-ajuda, outros.
Em meio a uma escrita tão bem elaborada, além da questão de algumas crases que nem referirei, notei 4 coisas. E aponto-lhas apenas para o caso de estar interessado. Nesta frase, “ele não entendia e que, ainda assim, era um dos poucos que conseguia entender”, por força da utilização do mesmo verbo em antítese, penso que seria boa ideia substituir entender por compreender; E nesta, “— Conheça-te a ti mesmo – ela sussurrou.” acho estranha a construção, penso que deveria ser “conheça-se a si mesmo….” ou “conhece-te a ti mesmo”. Apesar de que é comum (embora estranho aos maus sensores) vocês misturarem o tu com o você em diálogos, não creio que isso pudesse suceder na antiguidade em que a mesma se insere; e aqui, “Tinha apenas um mês agora. Nada tinha”, a proximidade do “tinha” é excessiva, talvez usar um verbo sinónimo como, restava-lhe ou sobrava-lhe, em substituição do primeiro “tinha”; por fim, penso que houve um erro digitação que passou despercebido aqui, “culminaram nem tempos distintos”, você queria dizer “em”, correto? Os demais deslizes, e foram poucos, outros comentaristas já apontaram.
Concluindo: tudo muito bom, excepto a adequação ao tema.
Parabéns e boa sorte no desafio.
Uau, Ana! Excelentes apontamentos! Obrigado mesmo! Anotei todos eles, vou fazer uma revisão séria em todos estes pontos. A ideia de trocar o “entender” por “compreender” para evitar a repetição foi muito boa!
Obrigado pelo comentário pela leitura!
Olá, Autor(a),
Tudo bem?
Seu conto me transportou para minha época de adolescente, lendo revistas Planeta e me maravilhando com o imponderável cosmos e seus mistérios.
A premissa é genial. Não é inusitada, alguns já abordaram teorias parecidas no cinema e na literatura, mas isso só serviu para me instigar ainda mais. Não escrevo FC, mas se o fizesse, gostaria de atingir esse nível de abordagem de assuntos. Muito bom. “Viajei”.
Muito interessante notar como o(a) autor(a) no traz 4 diferentes textos, interligados entre si por um aspecto singular. As vozes “sobrenaturais” ouvidas pela humanidade ao longo da linha do tempo de sua história. Assim, temos as vozes na caverna na pré-história, seguidas das vozes na caverna do oráculo na Grécia, para em seguida nos depararmos com elas dentro de um cômodo em um casarão antigo, até chegarmos à cientista questionando-se sobre o ecoar de nossas próprias vozes em um cosmos deformado.
Através dessas quatro narrativas, talvez desconexas para olhos apressados, o(a) autor(a) tece habilmente sua narrativa sem pressa, apresentando suas “pistas” e conduzindo o leitor consigo até o desfecho onde, finalmente, conclui seu “ponto de vista”. Essa “calma” nos mostra um(a) escritor(a) consciente e seguro do que quer realizar, de onde quer chegar com seu trabalho.
Outra coisa que me chama muito a atenção nesse descortinar de pistas é que ele tem início no título, e segue sutilmente em cada um dos breves relatos. Na idade da pedra as vozes “eram as vozes dos deuses a cuspir ordens e profecias em idiomas proibidos” (e obviamente desconhecidos para uma humanidade que ainda inicia o processo de aprendizado da linguagem). Para o Oráculo tais vozes soavam como “Músicas feitas em instrumentos impossíveis; (…) Falavam na língua que ele não entendia”. Já para o Padre, muitos anos depois, havia algo que se podia entender, o inglês, além da incessante repetição (uma espécie de “piada interna do(a) autor(a)) de “The End”. No finalzinho do texto, o diálogo nos revela o motivo para todas essas informações pinceladas aqui e ali: “— Você tem noção da quantidade de sinais de alta frequência de rádio e televisão que expulsamos do nosso planeta?”. “Nossas próprias vozes, vindas do além. Seríamos os nossos próprios deuses, falando a nós mesmos o que fazer.” The End.
E onde está o terror em tudo isso?
Bem, para mim está em “Mariana dirigiu um último olhar às estrelas e pensou novamente naquela possibilidade – de que haviam descoberto a prova da solidão humana no universo.” A solidão no universo é aterradora e o narrador nos presenteia com sua sutileza, fechando o todo com em um círculo.
Círculo, aliás, que me leva ao início desse meu comentário quando disse que “viajei”. Bem, o diálogo entre Mariana e o namorado, me fez imaginar um universo redondo. E por que não? Tudo no cosmos é redondo ou elíptico. Os planetas, as estrelas, a trajetória dos planetas, enfim. Acho que você me fez mesmo voltar à adolescência viciada em Carl Sagan. rsrsrs
Parabéns.
Desejo-lhe sorte no desafio.
Beijos
Paula Giannini
Obrigado Paula! Que bom que gostou! =D
Você foi uma das poucas que achou que o conto cabe no tema, hahahaha! Sua interpretação está muito certinha. Valeu pela atenção =)
Rsrssrsr Eu gostei!!! Obrigada pelo retorno. Beijos
O conto vale pela pesquisa em que foi realizada para sua feitura. Entretanto pretensioso por demais. Quer dizer muito, mas o que consegue mesmo é complicar sua compreensão. A pretensão de unir as eras pela instituição do cognitivo, por metáforas, no meu parco entender, não obteve êxito. No mais, um bom conto, bem escrito, não fosse à extensão, o que muito me cansou. Quanto ao terror tão cobrado neste concurso, como assim pede o Desafio, ficou no subsolo dos acontecimentos. Um conto que principia a narrativa no intuito de narrar uma saga, mas esta não se faz presente no desenrolar do enredo, dividido em eras distintas fica difícil o entendimento que ora o autor tentou nos impor. Não há falhas gramaticais, pelo menos não as percebi.
Obrigado pela leitura e pelo comentário, Paulo!
As três primeiras narrativas numa primeira visada podem parecer não ter ligação entre si. O liame não está exatamente num ponto de enredo claramente visível “a olhos nus” ou num personagem que de algum modo seja em comum, e sim na quarta narrativa. O que costura todas elas são as vozes, um elemento imaterial, emitidas a partir de um tempo adiante do tempo em que são percebidas (“Imagine estas ondas viajando pelo espaço deformado. Se nossos cálculos estiverem certos, elas alcançaram nossos antepassados”). Ou seja, a voz dos deuses e fantasmas são transmissões eletromagnéticas do presente. Uma ideia muito boa.
Outro ponto em comum é que em todas as três narrativas há um intérprete das vozes, ou quem se proponha a tal, cujo fim é, de algum modo, trágico. Na quarta, também há quem ocupe a posição de intérprete, Mariana. As vozes, porém, é o cosmo, uma grande narrativa que precisa ser interpretada. E o trágico, pode-se dizer, é a própria descoberta da doutora. Tanto que o narrador informa sobre ela: “Uma sensação gélida percorreu a sua espinha”.
Algo curioso acontece na quarta narrativa, em função da qualidade com que as personagens Mariana e Ricardo foram elaborados: se compararmos principalmente com a segunda e a terceira, tem-se a sensação de que é outro autor quem escreveu. As marcas narrativas são outras. Isso, em minha opinião, demonstra a excelência de quem escreveu, porquanto consegue elaborar máscaras muito eficientes.
Todos os personagens são bem construídos, e isso é característica que reputo fundamental em narrativa de ficção, na medida em que é o personagem quem carrega nos ombros o enredo. Um exemplo de qualidade está no seguinte trecho, demonstrando algo que não se espera de um religioso: “O padre não acreditava no exorcismo, tanto quanto não acreditava em espíritos. No seu íntimo, sabia que os demônios viviam na mente daqueles a quem perseguiam. Quando realizava os ritos, não se enxergava expulsando espíritos em nome de Deus; antes, via-se exorcizando os medos irracionais dos seus fiéis”. No entanto, não é bom porque é surpreendente, apenas: é bom porque o trecho está solidamente sedimentado no personagem.
E o terror, onde está? Em minha opinião, nas possibilidades que se abrem a partir da descoberta da doutora, mas, não obstante muito bem feito o conto, considerei insuficiente.
Em “Falavam de vida e de morte. Falavam na língua que ele não entendia e que, ainda assim, era um dos poucos que conseguia entender” a construção está um tanto confusa. Ele entendia ou não? Se são, como sabia que falavam da vida e da morte? Possivelmente, se não entendia, a percepção fosse intuitiva, mas não está claro.
Em “Mas agora haviam imagens”: HAVIA.
Em “No seu ínterim sentia que muito em breve voltaria a ouvir todas aquelas vozes […]” acredito que ÍNTERIM (intervalo de tempo) seja, na verdade, ÍNTIMO.
Em “Assistiu todas as suas cópias em […]”: ASSISTIU A.
Em “Como na terra?” o T é MAIÚSCULO.
Em “[…] Ricardo parecia mais interessado do que normalmente era nos seus estudos”, SEUS causa ambiguidade, pois pode dar a entender ESTUDOS DELE, quando na verdade se pretende dizer ESTUDOS DELA.
Como sempre, Selga, muito obrigado pelo excelente comentário. Você foi um dos poucos que notou a sutileza do terror no conto (e que, de tão sutil, também não achou suficientemente válida para que se encaixasse no tema).
Seus apontamentos são sempre muito bons. Gostei das suas analises das frases que escrevi. Obrigado !
Uma coisa: quando falei que o homem entendia as vozes mesmo sem entendê-las, eu estava querendo dizer que ele as interpretava como bem queria. Foi a minha forma de fazer um breve paralelo com a interpretação religiosa de textos sagrados. Cada um acha que interpreta o texto da forma correta, mesmo que poucos realmente o entendam.
Mas você não foi o único que achou este trecho confuso. Acho que pequei aqui também =(
Impacto sobre o eu-leitor: alto.
Narrativa/enredo: estórias independentes que se conectam para explicar as “vozes” sobrenaturais ouvidas no passado.
Escrita: muito boa. Fluida e envolvente mesmo explorando áreas pouco comuns.
Construção: Todas as estórias são muito bem desenvolvidas e nos trazem uma idéia bastante criativa apesar da aparente ingenuidade da coisa toda.
Texto divertido e interessante, bem conduzido e cativante.
Entretanto, não vejo como poderia se adaptar ao tema do desafio, ainda que se fizesse um esforço para uma interpretação bastante ampla.
Mas parabéns pelo talento.
Obrigado Olisomar!
É, quase ninguém achou que o conto se encaixava no tema. Normal , rs rs rs.
Quatro textos bem estruturados. Não há terror, há histórias, leituras prazerosas, interessantes. Gostei muito do texto dos espelhos, frases bem feitas, a linguagem parece um jogo de palavras.
Achei emblemático este parágrafo. Metafórico. Viajei…
“Sorriu com a ironia da situação. Levantou um dos braços, cuja mão ainda gotejava. Assistiu todas as suas cópias em todos os espelhos fazerem o mesmo. Ela sabia que seus olhos não captavam a diferença de tempo que a luz levava para viajar entre cada cópia, mas estava ciente de que havia um pequeno atraso. Quando ela levantava o braço, seu reflexo demorava um infinitésimo de segundo para imitá-la: o tempo que a luz levava para viajar do seu corpo ao espelho, então novamente aos seus olhos. E o reflexo do seu reflexo, um infinitésimo de segundo a mais. Abaixou o braço. Assistiu os seus reflexos imitando-a de imediato, mas nos seus pensamentos imaginava que uma das infinitas Marianas no espelho ainda tinha o braço levantado. De fato, uma delas ainda lavava o rosto, perdida em pensamentos.”
Não sei se interpretei corretamente, mas, por algumas vezes, senti tropeço no uso do verbo HAVER. Acho que, no lugar da palavra “membro”, soaria mais “bonitamente” a palavra “órgão”. Será que a palavra “ínterim” foi usada corretamente?! Os tropeços podem ser meus…
As descrições do texto são perfeitas, narrativa clara.
Parabéns, Hawks (fêmea?)!
Boa sorte no desafio! O texto é muito bom!
Abraços…
fêmeas?!
Obrigado pela leitura, Regina! Todos os seus apontamentos foram válidos. Eu dei vários vacilos nos usos de algumas palavras no conto… isso foi por quê eu terminei o conto no último dia e não consegui pedir para ninguém revisá-lo.
O “Hawks” foi uma brincadeira com o nome “Hawking” de Stephen Hawking… de vez em quando eu faço isso. Mas pode significar “Gaviões” também. Não entendi de onde que saíram as “Fêmeas”, rs rs rs
Você vê, eu achei que era uma autora, e pensei que o pseudônimo fosse “gaviões”. Nem pensei no fantástico físico!!!!!!!! kkkkkkk Parece que o texto tem alguma coisa da alma feminina… Por esta razão, coloquei “fêmeas”…
Hahahahahaha! Você não foi a única que achou que era uma autora feminina! Será que tenho que me preocupar com isso? rs rs rs rs
Caro Hawks,
Quatro histórias geniais: os primitivos homens, o Oráculo de Delphos, O Padre Benedict e as vozes e a Teoria dos Espelhos.
Gostei demais das três. A primeira é simples e genial. A Teoria dos Espelhos, embora tomadas por tecnicismos, também é muito boa.
Não encontrei qualquer deslize na escrita que me chamasse a atenção. Fácil de ler, bom ritmo, nitidez nos relatos.
Mas tem uma coisa. Não consegui enquadrar o conto (na verdade quatro contos reunidos) no segmento Terror.
Fiquei imaginando que, como um Universo Curvo, teríamos a dobra espacial unindo os primitivos homens à Voyager, mas isso não aconteceu. Acho que foi bom assim, não ter acontecido, dado que mantiveram-se íntegros os contos.
Mas, volto a dizer, faltou Terror.
Boa sorte com o desafio e obrigado por nos deixar conhecer seus contos.
Obrigado por ter lido, Angelo! Não se preocupe, a maior parte da galera achou que o contro realmente não se enquadrava no gênero terror, rs rs rs.
Às vezes não consigo fugir do tecniquês. Vou manter isso me mente para os próximos.
Abraço!