EntreContos

Detox Literário.

Por acaso você tem alguma história assustadora para me contar? (Lucas Maziero)

Transcrevo aqui, verídica ou não, a história que minha amiga, Cecília, narrara-me em uma de nossas conversas pelo Messenger. Para não entediar o leitor, ater-me-ei apenas às partes importantes, deixando de fora, na medida em que o entendimento de quem vier a ler estas linhas não seja prejudicado, grande parte das amenidades trocadas entre nós durante o relato que ela me fazia. Tudo começara quando eu lhe fizera esta simples pergunta:

“Por acaso você tem alguma história assustadora para me contar?”

Acrescento o fato de minha amiga sempre ter algum causo para compartilhar comigo. Porém, se eu soubesse o que viria nos próximos minutos, jamais lhe teria feito essa pergunta infeliz, uma vez que Cecília nunca me contara nada que cheirasse sequer a um terror trash. Agora entendo por quê.

“Bem, tem aquela do meu pai”, respondeu-me, “de quando ele foi fazer a trilha do Matadeiro com uns amigos.”

Logo que li a mensagem recebida, tentei imaginar o que haveria de assustador ao se fazer uma trilha. Morcegos frugívoros voando entre as árvores? Aranhas do tamanho de um punho? Alguma cobra surgindo de supetão? Ri comigo mesmo, eu sempre tivera pouca imaginação. No entanto, pedi-lhe para continuar.

“Talvez seja apenas um conto local”, continuou, “ou meu pai sonhou. Mas tenho para mim que ele estava bêbado e presenciou tudo com lentes de aumento. No fim das contas, pode não passar de invenção dele. Sei lá, só sei que toda vez que ele conta essa história eu fico toda arrepiada.”

Nesse ponto, Cecília ganhara a minha total atenção. Então, antes que nossa conversa se dispersasse, pois era típico de minha amiga misturar os assuntos, incentivei-a a prosseguir com o que me passou a interessar.

“Que estranho! Lembrando agora, é como se eu ouvisse a voz de meu pai pertinho de mim… Fabinho, não sei se quero falar sobre este acontecido, onde eu estava com a cabeça? (rs).”

Eu já esperava por isso. Não incluirei as palavras que usara para estimulá-la a levar até o fim aquela história, nem o modo como insistira; apenas que, ao cabo de uns bons vinte minutos, Cecília enfim cedera, mais por causa de minha curiosa persistência do que por sua própria vontade. Eis o teor do que ela relatara-me (se estivéssemos conversando por áudio, era provável que eu a escutasse gaguejar):

‘— Lá vem vocês de novo! — disse Jairo para a esposa e a filha, quando mais uma vez elas afirmaram não acreditar em Deus. — Se existe o lado ruim, então o lado bom também tem que existir.

— Não concordo com você, pai. Não existe o lado ruim. Além do mais, o capiroto é só uma crendice popular — replicou Cecília.

— Nem eu concordo — completou a mãe, Neiva.

— Ah, não existe o lado ruim? — tornou Jairo. — Escutem: vou lhes contar uma história. Já era hora mesmo de vocês saberem o que me aconteceu quando fui fazer aquela trilha do costão, lembram?’

As duas disseram que lembravam, pois não se passara nem um ano desde então. O ano corrente era 2006.

“Por um momento pareceu que uma sombra cobriu os olhos do meu pai, tornando-os escuros, dois buracos no lugar dos glóbulos”, disse Cecília. “Senti um calafrio, olhei para a minha mãe, que estava vendo novela, sem se interessar pelo que o meu pai dizia, e voltei a olhar para ele. Não notei mais nada de estranho em seu olhar, mas vi que as suas mãos começaram a tremer.”

‘Se depois que eu terminar a minha história’, disse Jairo, iniciando a sua narração, ‘vocês continuarem a duvidar da existência do bem e do mal, e acho que vocês nunca mais duvidarão, então lavo as minhas mãos. Bem, naquela sexta-feira, pouco depois de chegar do trabalho, escutei batidas de palmas conhecidas na frente de casa, era o nosso finado vizinho Edgar a me chamar. Começamos a jogar conversa fora, quando lá pelas tantas ele me fez um convite:

— Jairo, eu e o Luizão estamos pensando em pescar lá na Lagoinha, tu não queres ir?

Pra falar a verdade, eu precisava mesmo relaxar e, além do mais, sou de recusar uma pesca? Assim que lhe respondi que iria, passamos a falar sobre como chegaríamos até lá, se por barco ou pelas trilhas.

— O que tu achas, Jairo? A gente pega a trilha do Matadeiro, não seria má ideia dar uma circulada no sangue, e de quebra aproveitamos a natureza do percurso.

Realmente, era uma ideia muito boa. Os meus quarenta e cinco anos não me pesavam em nada, eu ainda me sentia forte e pronto para encarar qualquer trilha. Jogamos mais um pouco de conversa fora e acertamos alguns detalhes, e em seguida nos demos boa noite. Antes de entrar, acompanhei com o olhar o Edgar indo pro barzinho, aquele da esquina, provavelmente pra convidar mais alguém da turma e encher a cara, o malandro.

Ansioso como sou, e com os pensamentos todos mergulhados na pescaria, tanto que até me deu uma baita dor de cabeça, logo tratei de ajuntar o equipamento necessário pra fazer a trilha, acampar e pescar: assim, coloquei tudo dentro da mochila e a deixei ao lado da vara e da garatéia, pra não esquecer de nada no dia seguinte. Enquanto isso, a maldita dor de cabeça não me deixava, como se fosse um aviso pra eu não ir. Só que naquele dia eu não pensei assim, tudo que eu queria era me livrar do bendito latejamento em minha testa, tomando um comprimido de paracetamol. Não resolveu nada.

Já no sábado, e depois do almoço, peguei as minhas coisas e fui até o barzinho, onde o pessoal esperava por mim. Lá descobri que mais dois de nossos amigos iriam conosco, o Beto e o Jamaica. Cumprimentei a todos. Os dois cachaceiros da turma, Edgar e Luizão, já estavam meio embriagados, vi quatro garrafas de cerveja vazias em cima da mesinha. O Jamaica, baixinho como ele só, fumava um cigarro de palha, apoiado no batente da porta pra fumaça não entrar, mas mesmo assim entrava. Senti-o esquisito, caladão. O Beto contava umas piadas, e o pior é que ele era bom nisso, nós ríamos de todas, mesmo as mais sem graça.

— Demoraste, hem, Jairo — disse Edgar. — Sente aqui, pegue um copo e tome a saideira com a gente, depois a gente pega o ônibus e bota pra quebrar.

Nem respondi, o madraço sabia muito bem que eu não punha um pingo de álcool na boca’.

— Mas agora tu bebes bastante, mamas que é uma beleza na garrafa, né, pau-d’água — cutucou Neiva, sem perder a chance de provocar o marido e com isso aliviar a mágoa que sentia do alcoolismo dele.

“Meu pai nem se deu por achado”, explicou Cecília, “ele queria mesmo era nos contar aquela história, pois não discutiu com a minha mãe, coisa rara entre eles.”

‘Finalmente’, recomeçou Jairo, ‘depois de mais duas garrafas de cerveja, e eu já começava a perder a paciência, pois já eram quase três da tarde, o Edgar se levantou e gritou pro Zeca pôr na conta. Luizão queria tomar mais uma e o Beto queria terminar de contar aquela do português, mas eu e o Jamaica estávamos do lado de fora os chamando pra irmos, mais impacientes do que o noivo esperando a noiva. Logo após, vi os pândegos pegarem duas garrafas de cachaça e só então nos pusemos a caminho. Pra variar, notei que o Beto não levava equipamento nenhum, era mesmo um piadista nato. Em contrapartida, eu e os demais estávamos adequadamente paramentados para a nossa pequena aventura.

Fomos andando até o ponto de ônibus e, quando ali chegamos, ainda tivemos que esperar meia hora pra a circular passar e nela embarcarmos. Por volta das dezesseis horas desembarcamos no ponto de ônibus na praia da Armação, praia que atravessamos, sob um sol delicioso, pra podermos alcançar a praia do Matadeiro. Nessa altura, nós caminhávamos descalços, semelhando-nos mais a crianças ou adolescentes do que a adultos indo pescar, o que dá na mesma, acho; ora alternávamos nossos passos sobre a água fria, ora sentíamos sob nossos pés a areia quente, sem, contudo, deixar de observar os poucos banhistas e os surfistas se arrojando nas ondas espumosas do mar. O contato com aquele lugar nos causava boas sensações, prometendo um tranquilo fim de semana. Mas que digo? Antes de nos darmos conta, a praia chegou ao fim e vimos surgir à nossa frente a entrada da trilha que subia pelo morro verdejante. Enfim, estávamos preparados pra, se antes eu disse aventura, naquele momento eu bem poderia ter dito desventura.

Depois de calçarmos novamente as botas, Edgar e Luizão foram os primeiros a adentrar a mata e começar a subida, com o Beto atrás, animado como só os jovens na casa dos vinte anos sabem ser e gracejando sobre alguma coisa. Olhei pro lado e vi o Jamaica se persignar, o que me causou uma má impressão. Não sei se foi um gesto instintivo ou algo sugerido pelo momento, pois ele não era religioso. Eu era. Por minha vez, fiz o sinal-da-cruz e só então me senti preparado pra iniciar a caminhada pela trilha, movendo primeiro o pé direito. Tenho um pouco de superstição também. A dor de cabeça, que pela manhã havia desaparecido, voltou com tudo.

O sol beirava o horizonte, seus raios batendo em meus olhos. Constatei, verificando o meu relógio, eram cinco e cinco, que em pouco mais de uma hora anoiteceria, e lembrei o fato aos meus amigos.

— Relaxa — disse Edgar, a uns dez metros de mim. — Se a gente for depressa, logo vamos nos cansar. Seja como for, rápido ou devagar, já vai estar tudo um breu quando chegarmos à Lagoinha, é ou não é?

Era óbvio. Fomos adiante. Sendo eu o mais atlético, digo isso sem querer me gabar, vocês sabem, logo ultrapassei os três figurões, que iam cada vez mais devagar, e o motivo não era outro senão que passavam a garrafa de aguardente de mão em mão entre eles.

— É pra esquentar — Beto brincou.

— E pra manter as forças — rematou Edgar.

Jamaica me acompanhava com suas passadas curtas porém ligeiras, mais quieto do que nunca. Tive pra mim que alguma coisa o incomodava, pois olhava com exagerada precaução pra todos os lados a cada metro vencido. Não lhe fiz nenhuma pergunta, deixei-o com os seus receios, sejam eles quais fossem. E não é que no fim ele tinha razão por tê-los?

Decidi caminhar ainda mais rápido, tentando percorrer a maior distância pra sair logo daquela mata fechada e poder admirar a paisagem enquanto houvesse iluminação. Mas em muitos pontos o matagal era tão alto e denso que o sol, quase se pondo, não podia ser visto, muito menos clarear a contento o caminho. Por causa da minha pressa, acabei escorregando em uma pedra grande, e, se o Jamaica não tivesse me segurado, eu teria me machucado feio. Meu amigo estava atento a tudo.

Comecei a me sentir cansado, afinal se tratava de uma subida custosa. Olhei pra trás e não avistei o restante do grupo. Paramos um pouco pra descansar, eu e Jamaica, e pouco depois os retardatários nos alcançaram. Pararam também, estavam mais cansados do que eu, e tontos, meia garrafa de caninha havia secado. Quarenta e cinco minutos já se haviam passado, meu relógio marcava dezoito em ponto. Um escrúpulo passou a martelar em meus pensamentos, em ritmo com a minha dor de cabeça. Era a hora das Ave-marias, momento em que podemos sentir com mais facilidade as emanações espirituais, seja para o bem ou para o mal. Reza a lenda que não se deve percorrer trilhas nem cavar buracos nesse período, em respeito às almas. Esse era o meu escrúpulo. Tive um arrepio.

— Estão sentindo isso? — disse Beto, de repente, meio sério, meio debochado.

Jamaica ficou tenso, ele também parecia sentir algo.

— Sentindo o quê? — quis saber Edgar.

— Essa coisa ruim — tornou Beto, seu sorriso maroto morrendo aos poucos. — Uma sensação ruim.

— Ó fanfarrão, não estou sentindo nada, deixa de brincadeira — disse, por sua vez, Luizão, com um tremor em sua voz.

Eu ia dizer que também não sentia nada, quando então escutei, ou achei ter escutado, diversas vozes lamentosas e estalos como os de varas de bambu cortando o ar. Olhei pra frente e pra trás, acreditando que a qualquer momento outras pessoas apareceriam pela trilha, mas não vi ninguém além dos meus amigos.

— E essa agora, escutaram? — insistiu Beto, dessa vez todo sério.

Tive outro arrepio.

Ficamos atentos, esperando algo mais acontecer. Nada, apenas o pio dos pássaros e o rumor de cachoeiras à distância. Enfim, nada que não fosse natural. Porém, a partir daquele momento, perdi toda a vontade de continuar. Ou seria a coragem? Alguma coisa estava errada, o Jamaica já havia pressentido lá no começo. Como se não bastasse, a dor em minha cabeça palpitava intensamente.

Não ocorrendo nenhuma outra estranheza, nós recomeçamos a andar, eu a contragosto. Segui na retaguarda, indo agora devagar, desconfiado a cada passada. Anoitecia, e pra mim foi um anoitecer medonho. Pouco a pouco, íamos enxergando menos o nosso caminho. Jamaica não saia do meu lado, eu ainda mais calado do que ele. Edgar, Beto e Luizão conversavam, já indiferentes, julguei eu, ao que havia acabado de suceder. Escureceu por completo. Saquei então a minha lanterna, Edgar a dele, ninguém mais havia trazido. O estranho foi que, pouco depois, nossas lanternas piscaram e se apagaram. Decerto as baterias se esgotaram, coincidências acontecem.

Presumi que, o que quer que estivesse à nossa espera, em breve se revelaria.

Não demorou muito e um cheiro de perfume, antes agradável que repulsivo, porém não menos pavoroso, se insinuou no ar e nos deixou um tanto sufocados. De onde vinha?, perguntava-me. Repentinamente, algo como um cobertor invisível e rodopiante nos envolveu, ora nos oprimindo como um estrangulamento, ora apenas roçando a nossa pele. Caímos de joelhos sobre as pedras e ali ficamos, um colado ao outro, sem nada enxergar. Dizem que o medo aguça a visão. Balela.

Então o terror tomou posse definitivamente de nossos corações quando uma gargalhada inumana, ao mesmo tempo triste e ameaçadora, ressoou como uma trovoada.

— É o fantasma do Chambourcy! — gritou Beto, com uma voz que nos pôs ainda mais assustados. Luizão soltou um gemido e passou a tremer feito vara verde.

Em contrapartida, se nos encontrávamos privados da visão por falta de luz, nem por isso deixamos de perceber uma procissão, que imaginamos ser de espíritos, passar ao redor e através de nós, pro nosso horror. Enquanto isso, como um farol em meio ao maremoto, ouvi o som produzido pela cachaça se agitando dentro da garrafa. Passavam-na outra vez de mão em mão. Esse som conseguiu me tirar, ainda que por um instante, do meu estado de pavor. Num impulso agarrei a garrafa e tomei vários goles, e juro que nem senti a minha garganta arder. Ao contrário, me deu uma sensação de alívio muito bem-vinda naquele transe. Até abrandou a dor em minha cabeça.

Na sequência, as mesmas vozes medonhas se fizeram ouvir de novo, acompanhadas da sinistra gargalhada. Aliás, conforme esta aumentava, aquelas se tornavam mais tristes, o que me levou a perguntar:

— Chambourcy?

À segunda menção desse nome, Luizão soltou outro gemido, e ficou a bater os dentes.

Pelo nosso estado de atordoamento, não sabíamos o que fazer, se voltar atrás pelo caminho percorrido ou prosseguir. Em todo caso, não havia como tomar tais ações, pois uma força ou vontade, difícil de resistir, nos retinha ali, como que pregados no chão. Não nos cabia outra coisa senão nos sujeitarmos a essa vontade sobrenatural, esperando por algum desfecho inimaginável. Apesar de tudo, a situação permanecia estável, continuávamos vivos, e aos poucos fomos recobrando a calma, sem dúvida ajudados pela bebida.

— Sim, Chambourcy, o cara que se atirou pelo costão abaixo, a partir da mesma trilha em que estamos. Essa gargalhada… eu a reconheço de quando ele era vivo… — explicou Beto.

— Eu me lembro vagamente de ter lido essa notícia no jornal — disse Edgar. — Faz uns dois anos…

Se era ou não o fantasma do Chambourcy que estivesse ali pra nos atormentar, era algo que eu não conseguia entender. Por que se manifestar justo a nós? Que eu lembre, nunca antes relataram um causo de assombração na trilha do Matadeiro.

— Ele era meu amigo… — disse Beto, sendo interrompido por Luizão, que disse, quase perdendo as estribeiras:

— Guri, é melhor tu calares essa tua boca imunda, não te metas com o que não é da tua conta, ninguém quer saber sobre isso, não é mesmo, pessoal? Hem? Hem?

Essas palavras tiveram o mesmo efeito sobre Beto como a lenha na fogueira. Vejam bem, naquele momento nós não pensávamos direito, e não percebíamos com clareza o que realmente acontecia conosco. Mas hoje eu tenho certeza de que era o espírito suicida do Chambourcy que mexia com a nossa mente. O Beto se sentiu insultado, mas então já não era mais o nosso divertido amigo, era agora um Beto perverso, dominado, não tive dúvidas, pelo espírito maligno. Arrependo-me deveras por não o ter feito calar a boca, e talvez com isso eu pudesse ter evitado o mal sobre nós.

— Querem saber o que aconteceu? — perguntou Beto, tomado por uma sanha diabólica. — O Chambourcy, o pobre do Chambourcy tinha uma namorada, sabem, e ele era doido por causa dessa namorada, dessa puta…

— Desgraçado! Cale a boca, cale tua maldita boca… — Luizão gritava.

Ocasionalmente o Jamaica acendia um cigarro com seu isqueiro, e nesses instantes de luz podíamos entrever uns aos outros, nossas faces ensandecidas, olhos arregalados. Em paralelo a tudo isso, a garrafa não deixou mais a minha mão, e seu conteúdo há muito passou para as minhas entranhas. Foi a primeira vez que senti o doce torpor que o álcool proporciona.

— Janine, a meretriz, esse era o nome dela — continuou Beto, impelido pela entidade —, sabem o que ela fez? Se enrabichou com o nosso amigo aqui, o Luizão!

— Maldito!

— Sim! Vocês dois, o vagabundo e a puta, enganaram o coitado do Chambourcy, que sofreu muito, mas muito quando descobriu essa traição. Mas vocês não se importaram, que se foda o apaixonado Chambourcy!, contanto que nós nos fodamos, vocês dois provavelmente diziam, rindo do cornudo Chambourcy.

Luizão se estapeava, seus gritos já roucos, a um passo da insanidade. Entendemos que aquela história lhe era dolorosa, o infeliz talvez estivesse arrependido de seu ato pregresso. O Beto foi adiante com a sua ladainha:

— O resto, meus amigos, vocês já devem imaginar! Não imaginam? Pois saibam que o nosso Chambourcy, dilacerado pela dor da traição, não lhe restando mais o amor de sua Janine, sabem o que ele fez?

Beto desatou a rir, a rir como os loucos devem rir, e naquele momento eu compreendi que ele estava perdido.

Como uma cartada final, a gargalhada fantasmagórica ecoou com um som dissonante, mais intensa agora, mais infernal, agredindo a nossos tímpanos, confrangendo nossos corações. Chambourcy se regozijava, e nós nos encolhíamos. As vozes prosseguiam em sua lamentação, tentando, assim pensei, evitar uma desgraça.

— Caralho! — Foi a única palavra que o Jamaica disse desde que nos metemos naquele purgatório, e a última também. E então aconteceu…

 

“Fabinho, preciso fazer uma pausa, me desculpe, estou um pouco abalada”, disse-me Cecília, abruptamente. “Peraí, já volto.”

Confesso que eu também estava perturbado, sentia meu peito vibrar, minhas mãos, braços e pernas formigavam. Sou muito impressionável. Não nego que fora um alívio a minha amiga interromper a sua narrativa. Porém, quando eu menos esperava, Cecília chamava-me novamente, com essa mensagem:

“Vale lembrar que era a primeira vez que meu pai nos fazia conhecer aquela história, e na ocasião me lembro de que ele, enquanto nos contava e até chegar ao ponto onde parei, havia aberto pelo menos cinco latinhas de cerveja, era a única forma, dizia ele, de suas mãos pararem de tremer. A minha mãe já não assistia mais à televisão, estava toda concentrada na história, e por incrível que pareça não fez nenhuma recriminação quanto às latinhas. Acho que ela, assim como eu, não percebia mais nada, tão absorvidas estávamos por tudo o que o meu pai nos dizia.”

 

‘E então aconteceu’, disse Jairo, ‘o que ninguém esperava: Luizão, fora de si, e naquele momento pudemos enxergar o nosso entorno, pois havia luz, corria feito um cometa com uma tocha de galhos secos na mão, ateando fogo no mato à nossa volta. Era por isso que o Jamaica soltou aquele palavrão, o isqueiro dele havia sumido. Vocês podem me perguntar se nós não percebemos nada antes que o fogo se alastrasse, e eu respondo que não, deve ter acontecido enquanto ouvíamos as palavras do Beto. O diabo nos engana enquanto esfregamos um olho.

Tentem visualizar o que eu vi e vivi, embora tudo o que aconteceu me pareça agora um sonho distante: Luizão não era mais Luizão, o espírito obsessor de Chambourcy, eu cria com todas as minhas forças, se apoderou dele e através dele orquestrava todo aquele horror.

Quase perdi a vida naquele dia. Infelizmente houve quem perdeu. De um lado havia o costão, com o mar lá embaixo, de onde não haveria volta caso caíssemos; de outro lado as chamas. Não dava pra atravessar aquela barreira de fogo, e não me perguntem como o mato verde entrou em combustão, eu não saberia explicar. Era tudo uma loucura. Estávamos encurralados. A última visão que tive do Luizão foi a de ele correndo e saltando, como um animal endemoninhado, e se lançando, com um berro assustador, vertente abaixo. Houve um baque em seguida, e foi só.

Era difícil de assimilar. Por um momento eu fiquei desprovido de todos os meus sentidos, uma escuridão desesperante tomou conta de mim, me seduzindo pra que me entregasse a ela. O espírito maligno queria que eu me rendesse, sussurrava em minha mente, de uma forma tentadora, pra que eu me jogasse ao mar, ou…

A escuridão deve ter vencido o Edgar, ou a embriaguez guiou os seus passos, pois ele tentou passar pelo fogo. Acabou tropeçando em alguma saliência nas pedras e se emborcou nas chamas. Foi um espetáculo dos mais horríveis ver o meu amigo se estrebuchando enquanto seu corpo crepitava.

Jamaica estava tal qual uma estátua, como se tudo aquilo já fosse de seu conhecimento. Era um mero espectador apenas confirmando os seus receios, mas sem esboçar reação alguma. Beto se encontrava deitado, talvez catatônico, talvez morto.

Comecei a rezar’.

 

“Meu pai acreditou que a oração, principalmente naquele momento, pois ainda corria a hora do Ângelus, teria um poder redobrado, e assim os bons espíritos o protegeram. Ele me disse também que se você confiar em Deus, o mal não pode vencer”, acrescentou Cecília.

 

‘Quando dei por mim, o fogo havia se extinguido, e já não havia mais gargalhada nem vozes, tudo se aquietou, menos as batidas do meu coração. Os ruídos da natureza voltaram a imperar, e a impressão que ficou foi como se nada daquilo houvesse acontecido. Mas acredito que a procissão de espíritos estava ali pra cuidar do Chambourcy, pra alçar a sua alma até o céu ou a arremessar no inferno, o que seria o mais provável. A única certeza que tive foi que Chambourcy obteve a sua vingança.

Não me lembro se passei aquela noite acordado, ou se dormi. Quando amanheceu, fui espiar pela borda do costão, procurando pelo corpo do Luizão. O mar deve tê-lo levado. Avancei e recuei pela trilha, o Jamaica não estava em parte alguma. Desde a noite terrível nunca mais o vi. Chego mesmo a considerar se ele alguma vez existiu ou se não passava de um fruto da minha imaginação. Não importa. Quanto ao Beto, ele continuava num estado de dormência, babando pelo canto da boca. Andando e correndo, sentindo a minha cabeça voltear, completei a trilha e cheguei à Lagoinha do Leste, onde encontrei algumas pessoas, pra as quais pedi, ou melhor, gritei por ajuda. Socorreram a mim e ao Beto, que foi encaminhado pra um hospital e depois transferido pra uma clínica especializada em doenças mentais, onde permanece internado até hoje. E assim tudo terminou.

Agora, minha filha, minha esposa, vocês acreditam na existência do bem e do mal? O quê? Não acreditam? Também não acreditam em mim? Pois bem, desisto!’.

“Assim meu pai terminou de nos contar a sua história. E aí, Fabinho, o que achou? Acha que tudo isso foi verdade ou não passa de uma mentira deslavada? Bem, aí está o que você me pediu. Não sei se para você foi assustadora, para mim sempre é, embora eu nunca acreditei nela (rs). Agora preciso desligar. Até mais, beijos.”

Essa história fora-me narrada em 2016.

Mas ainda não é o fim. Antes, porém, quero mencionar o quanto me senti impressionado com essa história, a tal ponto que me vi impelido, não por algum espírito, mas por minha própria vontade, a viajar até Florianópolis e empreender a trilha do Matadeiro. A obsessão é uma coisa engraçada. É verdade que ali, vencendo subidas íngremes, em meio a uma vegetação deslumbrante, bebendo água em fontes cristalinas e deixando a vista se perder num horizonte azul e líquido, não havia nada de sobrenatural. Tudo transcorrera de forma prazerosa e a salvo. Senti-me desapontado.

Nessa viagem aproveitei para conhecer pessoalmente a minha amiga, com a qual, é preciso dizer, já não nutria uma amizade íntima, pois sua personalidade mudara muito de um ano para cá, e a minha também. Ou seja, desde que compartilhara comigo essa malfadada história. Devo acrescentar que o pai dela morrera de cirrose hepática. É estranho. Já pensei muitas vezes sobre isso. Seu Jairo sobrevivera à “vingança do Chambourcy”, contudo… O vício alcoólico a que se entregara o pai de Cecília não poderia ter sido ocasionado por um efeito colateral dessa vingança, como um câncer que se espalha? São só conjeturas.

Às vezes, tal como Jim Hawkis, acordo no meio da madrugada com a impressão de ter ouvido, não a voz aguda do capitão Flint dizendo: Peças de oito! Peças de oito!, mas uma gargalhada, uma terrível gargalhada que me faz perder o sono. Ponho-me então a refletir se o fantasma do Chambourcy teria algum assunto a tratar comigo. O que faço é afugentar esses pensamentos e dizer a mim mesmo: balela! No entanto, onde há fumaça, há fogo.

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46 comentários em “Por acaso você tem alguma história assustadora para me contar? (Lucas Maziero)

  1. Daniel Reis
    11 de novembro de 2017

    Meu caro entrecontista: o recurso inicial, que dá origem à história, parece ser uma forma do autor confessar que estava sem ideias e pediu a outros alguma sugestão… nada que eu não tenha feito também hehehehe. Entretanto, esse recurso, além de ficar forçado aqui, pareceu bastante improvável – por meio de Messager, toda essa história comprida? Outra coisa que distraiu foi a referência o Beto Jamaica, da banda de axé, e ao Chamburcy, que era um iogurte – acho que você deve ter mais ou menos a minha idade, pelas referências… Quanto ao aspecto terror, existe sim, enquanto elemento do sobrenatural. E como diferencial esse conto é um dos poucos do desafio que tem o sotaque brasileiro, mais do que influência anglo-saxã. Infelizmente, não está entre os meus preferidos, mas parabenizo o autor mesmo assim. P.S. Também fiquei incomodado porque você tomou meu pseudônimo! Ia mandar o meu com um quase parecido, tive que mudar em cima da hora.

  2. Renata Rothstein
    11 de novembro de 2017

    Olá, Hitchcock!
    Tudo bem?
    Seu conto é bem escrito, a ideia foi muito boa, porém ficou um tanto confuso devido aos verbos utilizados (te entendo, também faço muito isso).
    Na verdade acho que devemos facilitar a leitura, e isso acaba confundindo um pouco.
    Não sei qual foi sua intenção, mas a escolha dos nomes Beto e Jamaica, e Chambourcy soram um pouco estranhos e engraçados.
    Eu ri muito lembrando do Beto Jamaica, não era aquele cantor do grupo de axé? Hahaha
    Já me peguei cantarolando: “Essa é a mistura do Brasil com o Egito…”
    E sobre o Chambourcy, também lembrei de outro pagode ’90 (sim, eu ouvi essas “pérolas”, ok) do Netinho de Paula “e avisa o Chambourcy que tem Danone à vontade” (Cohab City) – misericórdia!
    Sobre o desenvolvimento e final, acabei por concluir que a turma estava mesmo embriagada, bem história de família misturada com pescador, mateiro, etc.

  3. Rafael Penha
    10 de novembro de 2017

    Mais um conto de assombração. A história é interessante, mas segue num crescente muito previsível.

    A narrativa é simples e fácil de acompanhar.

    a resolução me pareceu um tanto fácil e sem grandes impactos.

    Muito previsível.

    Grande abraço!

  4. Pedro Luna
    10 de novembro de 2017

    Me irritaram as conveniências do conto. Os caras vão pescar, e chegam lá quase de noite. Pescadores são os seres mais pontuais que tem, dificilmente iam dar uma mancada dessas. Mas blz, o conto precisava se passar a noite – conveniencia número 1. Depois rolam uns barulhos e sensações ruins e o personagem tem o seguinte pensamento:

    “Um escrúpulo passou a martelar em meus pensamentos, em ritmo com a minha dor de cabeça. Era a hora das Ave-marias, momento em que podemos sentir com mais facilidade as emanações espirituais, seja para o bem ou para o mal. Reza a lenda que não se deve percorrer trilhas nem cavar buracos nesse período, em respeito às almas. Esse era o meu escrúpulo. Tive um arrepio.”

    Conveniência 2 ele ter esse conhecimento sobre as Ave-marias. Em seguida rola o lance com o fantasma, e convenientemente um dos caras que estão na trilha tinha pegue a mulher do defunto.

    Não gostei do conto porque a história me pareceu fraca em seu desenvolvimento. Me perdoe.

  5. Pedro Paulo
    8 de novembro de 2017

    Olá, entrecontista. Para este desafio me importa que o autor consiga escrever uma boa história enquanto em bom uso dos elementos de suspense e terror. Significa dizer que, para além de estar dentro do tema, o conto tem que ser escrito em amplo domínio da língua portuguesa e em uma boa condução da narrativa. Espero que o meu comentário sirva como uma crítica construtiva. Boa sorte!

    Este é um conto de várias camadas em que, ao fim da leitura e fazendo uma análise, ficamos nos perguntando se é mesmo necessária a existência das duas sobreposições na história principal. Primeiro é com o rapaz nos narrando a história de uma conversa com uma amiga, que migrou para outra história através de um relato desta sobre o pai contando um caso que lhe ocorreu quando foi pescar com os amigos.

    Ao fim, o autor questiona se não estaria correndo perigo, encerrando a leitura com um lembrete de que a possibilidade nunca pode ser ignorada. Dado o pouco tempo em que desenvolve sua perspectiva da história e o parco aprofundamento dado à sua persona (ao fim, ele fala que Cecília mudou muito de personalidade, mas não conhecemos a dele, por exemplo), não é algo que importa e não compensa a sua existência, com a história podendo ter sido só sobre os amigos indo pescar, sobre os quais falarei mais diretamente adiante.

    A parte de Cecília importa menos ainda, servindo apenas de ponte ao relato do pai, dado que o narrador poderia ter escrito a mesma história falando que foi o pai dele que contou e apagando as passagens dedicadas a nos situar na conversa virtual ou nas interrupções amedrontadas de Cecília, que não tem um grande impacto e, poucas e abruptas que são, causam mais uma arritmia do que qualquer efeito assustador.

    Agora sobre o grupo de amigos, cuja trajetória toma a maioria do tempo de leitura e é o lugar onde o terror realmente se desenvolve. Os amigos têm uma dinâmica própria em que diálogos poderiam ter substituído a narração de suas subidas. Assim, saberíamos mais de cada um e nos apegaríamos mais a estes. Quando fosse preciso narrar algo de estranho na trilha, um deles poderia chamar a atenção dos outros e eles discutiriam a respeito, sem precisar descrever a sensação, substituindo a descrição pelo diálogo, mais efetivo nesse tipo de história.

    Quando chega ao caso do fantasma, enfim, eu, ao menos, já estava um pouco cansado. A ideia de que algo ruim aconteceria já tinha se instalado na minha mente, não como um suspense bem construído, mas como uma noção apresentada nas camadas anteriores da história. Portanto, a leitura acabou se arrastando até o fato final, em que o terror realmente se apresenta com as confissões e loucuras das personagens, intimidadas e possuídas pela criatura que os assombra. No entanto, é tudo bem rápido e o fato de conhecermos os personagens mais pelo nome do que por qualquer outra coisa diminui o impacto do momento, com a transição para as outras camadas da história acontecendo de forma anticlimática.

    É um conto muito bem escrito, mas em que faltou ao autor uma decisão mais concisa do que queria narrar. Para este conto, minha sugestão é que o reescreva apenas com a história dos amigos, abandonando as perspectivas anteriores para valorizar e enriquecer as personagens na história em que o terror é pretenso.

  6. Fil Felix
    7 de novembro de 2017

    Boa noite! O conto Transtornos Obsessivos, se não me engano, utilizou de usar várias vozes narrativas e aqui vejo algo semelhante. Além da “voz” ser diferente, são duas pessoas conversando virtualmente, evocando uma terceira (o Jairo) que conta uma outra história. Ou seja, muita coisa ao mesmo tempo. Acho que não precisava ter utilizado do Fabio e a mulher, poderia simplesmente contar a história da ida dos caras ao pesqueiro de noite, se perdendo na mata. Ficaria direta e reta.

    Tirando esse ponto estrutural, a história do Chambourcy (ou do fantasma dele) e a coisa da missa, da crença e do misticismo católico, ficou com uma cara de lenda urbana, dessas que cresce em cidades do interior, um tom diferente do que foi abordado pela maioria no desafio, o que é muito bom. Mas foi estendida por demais, não sei se pra caber no limite de palavras ou não.

  7. Edinaldo Garcia
    7 de novembro de 2017

    Escrita: O autor possui boa técnica. Sabe escrever. Mas acho que foi muito infeliz ao organizar o conto desse modo de um história dentro de história dentro da história. Fiquei muito confuso em muitos momentos, mesmo tendo as aspas duplas e simples para tentar ajudar.

    Terror: Gosto muito desse tipo de terror, aos moldes dos causos antigos. É demais e para mim muito nostálgico. A trama é boa. A aventura em si, os amigos, cada um com sua característica. Em primeiro momento achei os personagens rasos, depois me dei conta de se tratar de um conto e isso me fez lembrar que as personalidades estão enxutas e adequadas ao que a narrativa pede.

    Nível de interesse durante a leitura: Fiquei muito curioso para saber onde tudo iria parar. Os muitos elementos de terror deram novo fôlego ao enredo e a reviravolta sobre o caso de traição foram bem elaboradas.

    Língua Portuguesa: É ótima. Ressalto que, por ser uma narrativa contada pela ótica dos personagens achei que faltou diferenças linguísticas entre um personagem e outro.

    “agredindo a nossos tímpanos” – “agredindo nossos tímpanos” sem a proposição.

    dois buracos no lugar dos glóbulos – globos

    Beto e Jamaica – E ri muito, porque lembrei da porcaria do E O Tchan (música ruim vira assombração mesmo). Mas aí a culpa não foi sua. Foi bobeira minha mesmo.

    Veredito: Eu gostei.

  8. Miquéias Dell'Orti
    6 de novembro de 2017

    Oi,

    Gostei da sua narrativa. A opção de inserir uma história dentro da outra ficou bacana, ao meu ver, muito por causa do fechamento, do Fábio se aventurando na mesma trilha em busca de algo, talvez uma resposta, talvez uma prova para seu ceticismo.

    A escrita é fluida. Li sem percalços e cheguei ao final sem nem perceber.
    A ideia de um espírito corno e vingativo ficou bem legal também e a ambientação deu um toque especial à trama. Gostei mesmo.

    Minha única objeção (que, como leitor, considero que atrapalhou minha experiência de leitura) foi quanto a escolha de alguns nomes… primeiro que quando li o Beto e o Jamaica já não me aguentei de rir. Aí depois você vem e me lança o Chambourcy (o cara que curtia um danone) como o espírito maligno… Cara… Não teve como não rachar o bico kkkk.

    Quero crer até que você tenha tirado o nome de mais personagens desses grupos de pagode e axé dos anos 90… mas pra mim os mais marcantes foram esses.
    Veja, não que essa seja uma estratégia ruim, mas colocar esses nomes nos personagens me fez perder o clima de tensão que estava sendo criado no conto, daí dificultou um pouco minha imersão na história.

    Mas, apesar desse detalhe, a trama envolve a gente. As cenas na mata ficaram ótimas e o final nos traz de volta à vida de Fábio e faz o desfecho com excelência.

    Parabéns e boa sorte.

  9. Lolita
    4 de novembro de 2017

    A história – Uma história dentro de uma história que está dentro de uma história… Nossa! O fantasma do Chambourcy acabou, na minha leitura, sendo um terrir. (Imaginava Molejo tocando ao fundo). Desculpa autor, mais cuidado com os nomes.

    A escrita – Realmente, a complexidade da coisa quebra o ritmo. E conversas de messenger sem emoticons e afins soam inverossímeis (apesar de eu não gostar muito desses sinais modernos).

    A impressão – Os detalhes podem fazer a diferença na composição do todo, nada que uma revisão não resolva. Parabéns e boa sorte no desafio.

  10. Ricardo Gnecco Falco
    1 de novembro de 2017

    Olá! Segue abaixo o resultado da Leitura Crítica feita por mim em seu texto, com o genuíno intuito de contribuir com sua caminhada neste árduo, porém prazeroso, mundo da escrita:

    GRAMÁTICA (1,5 pts) –> Sim, escrever é a arte de cortar palavras… E sem se esquecer de cuidar das que foram poupadas! Ou seja, uma boa e atenciosa revisão é FUNDAMENTAL em um texto — e não apenas para este quesito —, ainda mais em um trabalho que estará concorrendo com os de outros escritores… Aqui, pelo menos, comparando com as outras obras analisadas por mim até agora, não achei que a leitura tenha ficado truncada DEVIDO AOS ERROS que passaram pela revisão. Tem coisas para arrumar (conforme já indicado pelos nobres colegas mais abaixo), mas a escrita está permitindo um bom fluir.

    CRIATIVIDADE / ENREDO (2 pts) –> Este é, sem a menor sombra de dúvida, o quesito MAIS IMPORTANTE de todos (e consequentemente possuidor do maior peso em sua nota final)… Então, aqui — sim — eu achei o truncado do texto. Todos querem ser John Malkovich, mas apenas John Malkovich pode (ou pudera) ser John Malkovich… Enfim… Com essa brincadeirinha (sem graça, eu sei…) quero dizer que você foi ousado. Sim. Parabéns pela ousadia. Porém, conseguir alcançar o sucesso pretendido com esta ousadia, infelizmente… Não rolou. Pelo menos não para mim. Esse lance de uma história dentro de outra história que contempla outra história ficou, em poucas palavras, mais ruim do que bom.

    ADEQUAÇÃO ao tema “Terror” (0,5 pt) –> Como estamos em um Desafio TEMÁTICO, não tem como avaliar sua obra sem levar em consideração este “pequeno” detalhe, rs! Assim sendo, mesmo eu o tendo valorizado apenas com meio ponto, ao final do somatório isso poderá representar a presença (ou não) de seu trabalho lá no pódio. Vai levar, portanto, um terço da pontuação neste quesito, que foi exatamente a parte da floresta.

    EMOÇÃO (1 pt) –> Beleza! Gramática (e revisão!), criatividade (enredo), adequação ao tema… Tudo isso é importante para um bom texto. Mas, mesmo se todos os demais quesitos estiverem brilhantemente executados, e o conto não mexer de alguma forma com o leitor, ou seja, não o emocionar, o trabalho não estará perfeito… Você escreve bem. Mas, escolhe não apenas formas ruins para contar a sua história (que é até boa), como também é um PÉSSIMO (de novo: pés-si-mo!) escolhedor de tempos verbais e nomes para as suas personagens… Rs! É algo tipo assistir uma peça de Shakespeare onde os amantes falam: “Eu te amara, Josiscléison!” “Ah, eu te amara também, Vrandersnúbia…!”
    É de cortar o coração… 😦

    Bem, desculpe-me pelas brincadeiras, autor(a). No entanto… Onde há fumaça…
    :O)

    Boa sorte no Desafio!
    Paz e Bem!

  11. Gustavo Araujo
    31 de outubro de 2017

    Infelizmente não gostei muito desse conto. Creio que a opção de contar uma história dentro da história dentro da história ficou um tanto confusa e, em vez de aproximar o leitor, termina afastando-o. Não curti muito o estilo da escrita também, com a profusão de verbos desnecessariamente empregados no pretérito-mais-que-perfeito. Os personagens soaram um tanto rasos e a história em si, bastante previsível, especialmente por conta dos avisos da garota no início da conversa, telegrafando tudo, não deixando margem para qualquer surpresa ou reviravolta. Enfim, um conto que não me cativou. Espero que outros possam gostar.

  12. Evandro Furtado
    30 de outubro de 2017

    A ideia de contar a história por meio de diversas camadas não funcionou. A razão disso? A narrativa dos três diferentes contadores é idênticas, sem elementos para que se distinguissem um dos outros. Além disso, as camadas interiores poderiam conter uma estrutura de relato e, por consequência, menos formal. Mas, a verdade é que as camadas exteriores são desnecessárias aqui. Elas não contruibuem para a trama e tampouco ajudam a construir o terror. Fosse apenas Jairo a contar essa história, todos esses problemas seriam resolvidos, inclusive, porque a trama é interessante, a ambientação é boa e os personagens bem desenvolvidos. Acho que aqui o problema maior é de construção do que de conteúdo.

  13. iolandinhapinheiro
    30 de outubro de 2017

    Meu querido autor…

    Olha, você faz boas e ricas ambientações, inseriu detalhes abundantes sobre muitas coisas durante a introdução do conto. Inclusive, acho que vc é um escritor mais talhado para escrever romances. O problema é que esta característica, em um conto, atrapalha o leitor que espera soluções mais rápidas. O tão esperado relato sobre o que aconteceu de tão terrível naquela trilha, demora muito para chegar, e, mesmo vc criando um clima de suspense muito bem feito, o leitor vai se cansando com tantas delongas, entende? Contos exigem agilidade. Colocasse logo o povo no mato e jogasse a entidade lá e eu não estaria reclamando.

    A escolha de alguns nomes também não ajudou. Nem vou falar de Beto e Jamaica porque vc já deve estar é de saco cheio disso. Mas colocar um fantasma com nome de iogurte foi uma escolha bem arriscada. Tirou todo o pavor que se poderia sentir por causa dele.

    Glóbulos são células, acho que vc queria falar “globos oculares”.

    Para resumir até porque muito já foi dito: Vc tem talento e sabe criar clima, vc sabe ambientar só precisa ter cuidado para que a ambientação não se torne a estrela do conto, o que interessa mais é a trama, mas vc precisa amadurecer, reduzir a quantidade de personagens, escolher melhor os nomes deles.

    É isso. Sorte no desafio.

    Abraços,

    Iolanda.

  14. mariasantino1
    29 de outubro de 2017

    Olá! Boa noite.

    Pobre Chambourcy… Um conto livre de erros (em meu pouquíssimo conhecimento) é sempre bom de ser lido. As imagens descritas são de fato assombrosas de se pensar.
    Gostei do conto da forma que está, mas sinto que ele poderia ser melhor se você seguisse com uma única narrativa (o fato importante é o lance com o fantasma do Chambourcy, não é?). O início com a pergunta e o final com o retorno ao local sobram (em minha opinião). Acho também que a reflexão final poderia ser diluída no conto. Mas… como eu disse, apreciei o texto da forma que está.

    Parabéns e boa sorte no desafio.

  15. Marco Aurélio Saraiva
    29 de outubro de 2017

    =====TRAMA=====

    Esse conto me lembrou um pouco o desafio de Folclore. Toda a história narrada pelo pai de Cecília tem este ar de conto regional, folclore mesmo. Não é a toa: muitos dos nosso folclores dariam excelentes histórias de terror.

    É uma história bacana, mas não tem nada de inovador. Um espírito vingativo que encontra o amigo fura-olho e finalmente realiza a sua vingança. Acho que é um enredo válido se fosse bem trabalhado (explorando mais Chambnourcy, Luizão e Janine, por exemplo) mas o problema é que ele se faz presente apenas no clímax do conto.

    Todo o resto – o antes e o depois – foi escrito de tal forma a criar alguma expectativa no leitor, algum medo antecipado do que ia ser narrado ou algum sentimento de terror após a narrativa. Isso é ruim por quê você acaba contando muito mais do que mostra. Em diversas partes Cecília fala que “é uma história assustadora”, ou o pai dela fala que “depois dessa história vocês vão ver o que é bem e o que é mal”, etc. Durante a história, Cecília fala que “seu pai tremia com as mãos” e “ela estava envolvida…” etc. Mas pouco é mostrado. O leitor mesmo não chega a sentir todo este envolvimento que os personagens sentem.

    Há outro problema nesta história, um bem grande: a sua decisão de narrar uma “história dentro de uma história dentro de uma história”. Já é difícil segurar as pontas quando um personagem conta uma história… ainda mais quando um personagem conta um história de um personagem contando uma história!
    Infelizmente, tudo ficou muito confuso. Pior: o narrador principal, o amigo de Cecília, poderia ser completamente limado do conto sem que afetasse em nada o seu enredo. Ele não tem peso algum. Não sabemos nada sobre ele, e nem vamos saber.

    Este enredo tem potencial. Talvez com um número maior de palavras você pudesse explorar Jairo e os seus amigos mais profundamente, para que o leitor criasse alguma empatia com eles (este conto tem tantos personagens que acaba que nenhum é muito bem explorado). Explorar Jamaica também seria interessante… quem ele era, afinal? Seu anjo da guarda? Como que ele aparece no bar e é amigo de todos, e depois Jairo fala que “poderia ser apenas a sua imaginação”?

    Por fim, também seria interessante explorar melhor este triângulo amoroso que culminou no suicídio de Chambourcy (eita nomezinho ein!). Isso tudo, é claro, exigiria mais espaço… mas seria interessante =)

    =====TÉCNICA=====

    Sua técnica é boa, simples e dinâmica. Torna a leitura agradável e ágil, tirando a atenção do leitor do seu estilo e focando no enredo que você quer apresentar. Só que a narrativa ficou um pouco confusa com Cecília contando uma história para o narrador principal sobre uma história que o seu pai contou para ela. Essa decisão, para mim, foi um erro. A narrativa seria mil vezes simplificada se fosse apenas a história do pai de cecília em si, ou ao menos a história dele contando para ela sobre o que aconteceu durante a sua caminhada.

    Há uma grande confusão de travessões e aspas. A história pula de um lado para o outro, confundindo o leitor: às vezes estamos com o pai de Cecília, as vezes estamos lendo mensagens no Messenger… tudo rápido demais.

    Mas tirando esta confusão, o seu português é agradável e a sua técnica bastante fluida.

  16. José paulo
    28 de outubro de 2017

    Um conto ingênuo concebido certamente por alguém não habituado a esse gênero.. e sem grandes ideias a respeito. Achei o relato dos preparativos da pescaria muito grande e talvez desnecessário. Penso que esse conto poderia ser resumido a 15 linhas no total.
    Entretanto sinto que o autor tem dominio da escrita..pois compoe frases corretas e eficientes. Para mim não eh um conto que diverte e nem impressiona.

  17. Leo Jardim
    28 de outubro de 2017

    # Por acaso você tem alguma história assustadora para me contar? (Hitchcock)

    Autor(a), desculpe-me por não ter tempo para formatar o comentário melhor. Em caso de dúvida, é só perguntar.

    📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫):

    – essa história se assemelha a “Por favor, me deixe longe do top 10” do desafio de comédia, na qual o autor usa metalinguagem e um outro personagem, dito real, conta uma história que teria realmente acontecido, esta de terror e aquela de comédia
    – então, como naquela, temos que analisar as duas tramas (a do narrador principal e a contada)
    – a de dentro é boa, contém elementos de terror e é bem fechadinha
    – só essa parte que estragou um pouco o fim da história contada pelo pai: “O quê? Não acreditam? Também não acreditam em mim? Pois bem, desisto!”
    – a de fora acabou não encerrando tão bem, queria ter visto mais a confirmação da história, algo como confirmar se aquilo realmente aconteceu
    – a parte da morte do pai como reflexo do acontecido, porém, ficou boa (se for realmente verdade, sinto muito)

    📝 Técnica (⭐⭐⭐▫▫):

    – o uso do pretérito mais-que-perfeito no início é meio desnecessário, poderia usar o pretérito perfeito ou imperfeito mesmo. Exemplo: Tudo *começou* quando eu lhe *fiz* esta simples pergunta (o texto fica mais limpo)
    – eu sempre *tivera* (tive) pouca imaginação (nesse caso o mais-que-perfeito está incorreto até, pois não se trata de uma ação no tempo anterior ao da narrativa)
    – um caso em que o verbo está correto: pois não se *passara* nem um ano desde então (pode ser substituído por “havia passado”)
    – o uso da vírgula também está bastante irregular
    – fora esses o uso estranho do tempo verbal, o texto é de fácil leitura e passa a tensão desejada

    💡 Criatividade (⭐⭐▫):

    – a metalinguagem é comum, mas a história interna é própria

    🎯 Tema (⭐⭐):

    – a história da floresta é sim, de terror

    🎭 Impacto (⭐⭐⭐▫▫):

    – a história interna é boa, passou tensão e, sendo contada como verídica, ficou melhor
    – o encerramento dela podia ter sido feito com mais cautela, ficou apressada
    – a parte final tb não encerrou muito bem. Ficaria bom se o narrador tivesse confirmado as mortes e o estado psicológico do Edgar e terminar com a conclusão de que o Jonas também foi vítima daquele dia… Ficaria bem mais sinistro.

  18. Rose Hahn
    26 de outubro de 2017

    Caro autor, a escolha pela contação de uma história dentro da história, quebrou o terror pretendido, afastou o leitor, no meu caso, da tensão, do suspense pretendido. Não martelarei as questões de estrutura, gramática, já comentadas pelos colegas. O que mais me incomodou, na verdade, foi a questão da verossimilhança, pois ninguém envia um textão desse tamanho pelo Messenger, sem as caracterizações de fala do personagem, como se fosse uma redação. Mas não se avexe, é assim mesmo, aproveite todas as recomendações para melhorar o seu texto e a sua escrita, afinal é para isso que estamos aqui, para tomar porrada e continuar de cabeça erguida, digo, inclinada no teclado. Abçs.

  19. angst447
    26 de outubro de 2017

    T (tema) – O conto está dentro do tema proposto pelo desafio.

    E (estilo) – A ideia de inserir outros meios de comunicação como o messenger foi interessante.No entanto, mal realizada. A conversa teria de ter sido caracterizada com frases curtas, abreviações, emotions. Até mesmo um recurso gráfico que traduzisse melhor esta troca de informações por dois jovens. Assim, a ideia original acabou sendo desperdiçada.
    Pela escolha dos nomes dos personagens – Beto, Jamaica (É o Tchan), Chambourcy (Negritude Jr.) – percebe-se que há uma vocação,se não para a comédia, para uma narrativa irônica. Infelizmente, essa decisão afastou o leitor (pelo menos a mim) do clima de terror.

    R (revisão) – Alguns erros passaram como já apontaram os colegas. Não achei nada tão grave, mas convém ficar mais atento na próxima revisão. Afinal, o demônio mora nos detalhes.

    R (ritmo) – O ritmo está bom, o que me surpreendeu logo a princípio. Foi um conto fácil de ler, embora se perceba que o autor teve de dar uma esticadinha para cumprir a meta do desafio. Isso aconteceu comigo, também. Culpemos as regras!

    O (óbvio ou não) – O conto acenava para uma trama de suspense que nos surpreenderia no final. Isso não aconteceu. O desenrolar da história trouxe uma conclusão mais ou menos óbvia: fantasma sedento por vingança alcança seu objetivo.

    R (restou) – A sensação de que algo maior poderia ser feito a partir do que foi apresentado. Maior no sentido de conteúdo mais elaborado e não de número de palavras. Se acertar alguns pontos e desenvolver melhor a ideia, o autor pode alcançar um bom resultado.

    Boa sorte!

  20. Vanessa Honorato
    26 de outubro de 2017

    “era o nosso finado vizinho Edgar a me chamar” – finado, como assim? \o/ o fantasma dele? acredito que poderia ter indicado que era falecido nos tempos atuais, não naquele dia rsrsr.
    A história contada em primeira pessoa em momentos por um personagem, depois por outro, achei um pouco confuso, mas a história é muito boa, de modo que se fosse a gente a escutar esse relato, também nos perguntaríamos se foi real ou não. Leitura fluída e divertida de ler, eu gostei.
    Quem não tem uma história assustadora para contar, não é?

  21. Anorkinda Neide
    26 de outubro de 2017

    Olá!
    Eu tinha achado bastante legal a narração através do messenger, fiquei na expectativa de um causo contado por uma moça, com a fala típica da juventude atual, com as gírias, com a interpretação que eles dão.. com as frases curtas de internet! Queria ser assustada ae, no âmbito virtual hehehe
    Ou seja, Cecília deveria ter traduzido a historia do pai, como seu jeito jovem de falar..seria um texto bem inovador para o gênero terror, eu acho.
    Só que não.. ela transcreveu exatamente o que o pai falara (ó o maisqueperfeito ae) e dae a coisa ficou esquisita tb pelo modo de o pai falar..quem fala desta maneira com a família? Muito formal!
    E dae vem as incoerências e confusões na narrativa do pai, que até já foram apontadas pelos colegas, o que mais me chamou a atenção, porém, é que ele é religioso, conhece e respeita a hora do Ângelus e rezou para se salvar e acredita que Deus o salvou, realmente. Então porque diabos ele se tornou alcoolatra?! Se foi salvo, se teve um livramento, se lhe ocorrera (ó o maisqueperfeito ae) um milagre?!!
    E claro, o mais dificil de aceitar é q ele não contara (^^) nada a sua familia durante todo aquele ano, nem enterrou os amigos, como alguem já salientou noutro comentario.. familia muito distante esta…
    Enfim, deixando o texto apenas com o relato de Jairo, sem a conversa de Cecilia com Fabio e ajustano algumas incoerências na narrativa deste o conto pode ficar bem legal. e claro, troca os nomes destes amigos musicos ae.. Beto, Jamaica e Chambourcy.. hahaha
    Abração e boa sorte

  22. Jorge Santos
    25 de outubro de 2017

    Olá autor. Não resisto a começar por perguntar: Por acaso tem alguma história com mais ritmo e menos erros para contar? Vou-me cingir à falta de ritmo porque a minha lusitaniedade não me permite ser justo no plano da gramática pt-br, no entanto, creio que deveria ser revisto. Quanto ao ritmo, é importante para manter a tensão, mas neste conto sentimos que a necessidade de cumprir o máximo de palavras faz com que o conto se arraste e se torne repetitivo e monótono. Esperava um final mais impactante.

  23. Luiz Henrique
    24 de outubro de 2017

    A princípio o conto parece ser interessante, mas com o desenrolar da escrita fica um tanto complicado, acredito que em virtude de tantas vozes a interferir no desenvolvimento da história. Têm também alguns termos desconhecidos e não esclarecidos até certo ponto da narrativa, dificultando nosso entendimento: tipo “o matadeiro” “garateia”. (inclusive, não há acento nesse “téia”) No mais, a escrita é pouco cansativa na sua forma narrativa, ficamos na expectativa de que algo irá acontecer, porém, nada acontece.

  24. Lucas Maziero
    24 de outubro de 2017

    O conto começa instigante, prometendo uma história assustadora (que não cumpriu, desculpe dizer). Foi com essas palavras em mente que continuei lendo, esperando a qualquer momento alguma coisa pavorosa acontecer. Só que, para mim, houve uma baralhada de ideias, o começo do conto não precisava ser, me desculpe dizer, enfadonho, poderia ter simplificado com o pai da moça contando a história, ou simplesmente começar a partir da trilha, sei lá. Além do que fiquei perdido em que ano aconteceu tal coisa.

    Encontrei alguns erros, tanto de pontuação quando de conjugação verbal. O estilo da narrativa não faz muito o meu gosto, prefiro um texto com menos advérbios, com menos adjetivos.

    Falando da ideia em si: um grupo de amigos foi fazer uma trilha (até que gostei da ambientação), e a um determinado momento começam a sentir uma coisa ruim (essa parte achei muito clichê), assim como vozes e gargalhadas, e esses elementos já estão esgotados e seu uso torna a história pouco criativa.

    Não entendi o que aconteceu com o Chambourcy, ficou muito confusa essa parte. E o corpo de Edgar? Foi queimado, está certo, mas depois disso nem foi mais comentado, uma falha na narrativa.

    O motivo por que Fabinho foi fazer a viagem até a cidade da amiga ficou fraco, e o final não me agradou muito, esperava pelo menos um confronto com o fantasma, que para mim desapareceu muito fácil. Enfim, não gostei muito do conto, queria ter gostado mais.

    Parabéns!

  25. Pedro Teixeira
    24 de outubro de 2017

    Olha, o conto está bem escrito. Não gostei dessa opção de “terceirizar” a narração, acredito que poderia ter mais força se fosse o próprio pai narrando diretamente. Até porque do modo como se desenrola, a gente fica pensando em coisas que nos tiram da estória, como, por exemplo, a extensão dessa conversa no messenger. É o o tipo de fator que acaba prejudicando o convencimento do leitor, que lembra o tempo todo que alguém contou uma história para outra pessoa, que agora o narrador está nos contando. Alguns das palavras usadas nos diálogos não me pareceram naturais, como “a meretriz” e “rindo do cornudo Chambourcy”. E essas gargalhadas satânicas são um recurso um tanto batido.
    Entre os pontos positivos, temos uma escrita competente, a boa revisão, um mote interessante, e personagens bem construídos.
    No final das contas, é um conto interessante, mas queria ter gostado mais.

  26. Eduardo Selga
    23 de outubro de 2017

    Um narrador no presente fala da conversa que teve no passado com sua amiga, e isso leva ao pai da moça, que por sua vez conta a estória central da narrativa. Esses momentos temporais (o narrador no presente leva a três passados) me parecem excessivos, e a tentativa de articulação entre eles contribuiu para certa exaustão da narrativa.

    Outra escolha pouco razoável foi o fato de haver trechos tão longos via Messenger, que é uma espécie de telegrama informatizado, dada a brevidade das comunicações. Até existe a possibilidade de a somatória das pequenas comunicações redundar num texto grande, mas não é isso que a narrativa mostra. Ademais, por que a comunicação entre o casal jovem é via Messenger, e não diretamente? Imagino que para estabelecer um contraponto temporal em relação aos dois passados mais recuados, mas, nesse caso, a dinâmica da “conversação” deveria ser similar ao que de modo geral acontece no real. Claro, muitos (eu, inclusive) escrevem textos longos no Messenger, mas, por assim dizer, não é o padrão. Assim, se o(a) autor(a) de algum modo justificasse o uso de trechos grandes, essa inadequação desapareceria.

    Os personagens que participam do núcleo dramático central são Jairo, Edgar, Luizão, Beto, Jamaica (os dois últimos nomes inspirados no cantor Beto Jamaica?) e fantasma de Chambourcy (um nome que pode fazer o leitor não levá-lo a sério). Não é excessivo? Além disso, batizar a mãe com o nome de “Neiva” é estranho, parece sobrenome ou prenome masculino.

    Por diversas vezes o uso da vírgula é caótico, prejudicando a produção de sentido e, portanto, depauperando o texto. Um exemplo é “Ansioso como sou, e com os pensamentos todos mergulhados na pescaria, tanto que até me deu uma baita dor de cabeça, logo tratei de ajuntar o equipamento necessário pra fazer a trilha, acampar e pescar […]”. O ideal seria reconstruir o trecho ou incluir entre parênteses de “tanto que” até “cabeça”.

    Em “[…] só sei que toda vez que ele conta essa história […] o correto seria EM QUE ELE.

    Em “[…] estávamos do lado de fora os chamando […]” o correto seria CHAMANDO-OS.

    Em “[…] agredindo a nossos tímpanos […]” não é cabível a preposição A.

    Em “Era difícil de assimilar” não é cabível a preposição DE.

    Em “Socorreram a mim e ao Beto […]”, o verbo SOCORRER é transitivo direto, de modo que A MIM não cabe, bem como AO BETO. Melhor seria, para não mexer muito na frase, SOCORRERAM-ME E O BETO.

  27. Evelyn Postali
    22 de outubro de 2017

    Caro(a) Autor(a),
    Está dentro do tema, mas não me cativou muito. A leitura foi cansativa e me segurei para não desistir. Talvez seja o jeito que foi narrado, ou o tempo verbal. Se você ajustar algumas coisas, se reescrever outras, ou se enxugar em determinados pontos, talvez tudo possa ficar diferente. De qualquer maneira, não tenho apontamentos com relação aos erros de escrita. Boa sorte no desafio.

  28. werneck2017
    19 de outubro de 2017

    Olá,

    Um texto original no modo de narrar. Um conto dentro de um conto que, se por um lado é inédita, por outro afasta um pouco o leitor do relato. No entanto, uma boa estória de fantasma. Flint faz referência ao papagaio da Ilha de Tesouro que morreu por excesso de rum?
    Mas atendo-me ao modo como foi construído o texto, verifiquei uma certa inconstância sobre a linguagem, ora erudita (com mesóclises) e ora coloquial demais (pro, pra, etc) . Também os verbos no passado mais que perfeito incomodam um pouco.
    Acredito que se a história fosse relatada diretamente de Cecília para o leitor ganharia maior agilidade e credibilidade. Também senti falta de verossimilhança sobre determinados fatos que diz respeito à amizade e ao horário da pesca em si.
    Boa sorte no desafio.

  29. Luis Guilherme
    18 de outubro de 2017

    Boa noite, amigo, tudo bem?

    Como tenho dito, estava ansioso por este desafio, uma vez que adoro o gênero. Por isso, estou lendo os contos com bastante expectativa.
    Dito isto, vamos ao seu:

    Pra começar, devo dizer que não gostei do título, que me causou uma certa antipatia. Não sei, não ficou muito prático, nem fluente, pra mim. A frase é muito longa, talvez seja isso.

    Enfim, comecei a ler com essa ideia na cabeça, mas a princípio o conto me gerou curiosidade. Você criou um clima de mistério que me deixou bem interessado, um certo suspense, mesmo, em cima da historia da tal trilha.

    Porém, achei que a execução não foi tão boa quanto o esperado. Acho que a história careceu de um tom mais sombrio que condissesse com as promessas de terror da garota e da sua recusa em contar a história.

    Note, tem vários pontos positivos e a história é mesmo bem curiosa. Acho que esse é o ponto forte, uma vez que é difícil criar esse ambiente de expectativa e mistério. Porém, achei que do meio pro fim, você não aproveitou bem esse clima que havia criado. Acho que foi ali que perdeu um pouco o tom de terror.

    Claro q é só minha opinião.

    Enfim, o conto tem muito potencial, e você tem uma capacidade descritiva e de prender atenção que se destacam.

    Parabéns e boa sorte!

  30. Fheluany Nogueira
    17 de outubro de 2017

    Enredo e criatividade – História de assombração é terror clássico. Premissa muito boa, com ares de causos. Nada muito criativo a não ser que a narrativa trouxesse novidades.

    Escrita e revisão – Internet, muitas vozes narrativas — o estilo pedia uma linguagem mais próxima da fala, coloquial. Não aconteceu: mesóclise, pretérito mais que perfeito, vocabulário são recursos de formalidade, sofisticação. Há também pontas soltas na estrutura, na semântica de algumas palavras e quanto à verossimilhança, já citadas por outros comentaristas.

    Terror e emoção – Todos esses deslizes quebraram, em parte, o susto, o medo. As descrições estão muito bem feitas. Gostei muito de trechos como o da trilha.

    Parabéns pela participação. Abraços.

  31. Rafael Soler
    17 de outubro de 2017

    Ótimo conto, gostei bastante do toque de modernidade que a trama tem por ser contada por meio de um mensageiro eletrônico.
    O domínio sobre o português por parte do autor(a) é notável, me deixando com uma certa inveja branca. Hahaha

    A história tem três camadas: uma do narrador contando o caso para o leitor; de Cecília contando o caso para o narrador e do pai da moça lhe contando a história. Adorei essa construção, mas achei que faltou uma certa autenticidade nas falas. Em conversas de texto, nunca – pelo menos em minhas experiencias – alguém conta algo com tamanho nível de detalhamento.

    No geral, gostei bastante da história, mas faltou um toque maior de realismo da forma de contá-la.

    😀

  32. Ana Maria Monteiro
    16 de outubro de 2017

    Olá, Hitchcock. Confesso que até mais de meio do conto a minha interrogação era sobre qual o motivo da história estar a ser contada por alguém que ouviu de alguém que ouviu de alguém. Depois pensei: “A razão deve estar guardada para o final” e pus a interrogação de lado,continuando pacatamente a ler. Mas a resposta não veio. Calculo que aconteceu, tendo em mente desde o início, a criação do suspense final sobre o que virá. Mas esse suspense não funcionou, não comigo.
    Li também os comentários dos colegas e,no geral, concordo com eles quanto à utilização do mais-que-perfeito, algo que até uso muito e é bastante frequente em Portugal, mas realmente, aqui ficou inadequado; sendo, até que houve momentos em que poderia e deveria tê-lo usado e não o fez.
    Depois, talvez porque sempre vivi na cidade, talvez porque para mim não existe nada mais assustador que a realidade, isso de “causos” que vocês tanto comentam, pode ser que exista em Portugal, mas desconheço em absoluto.
    Se alguém surgir a contar histórias mirabolantes como essas, é tomado por ignorante ou maluquinho e ninguém lhe dá ouvidos.
    Isso não impede que o conto se enquadre plenamente no tema do desafio, porque enquadra. É mesmo coisa minha, além de não sentir medo a ler seja o que for, não dar a menor importância a relatos assustadores.
    E houve alguma falta de consistência, por exemplo,no início você escreve estas palavras de Jairo: “Lá descobri que mais dois de nossos amigos iriam conosco, o Beto e o Jamaica.”, repare no “nossos amigos” e no final, o mesmo Jairo diz: ” o Jamaica não estava em parte alguma. Desde a noite terrível nunca mais o vi. Chego mesmo a considerar se ele alguma vez existiu ou se não passava de um fruto da minha imaginação.” Então, primeiro eram amigos e no final não sabe se algum dia existiu ou não?
    Enfim, o conto está adequado ao tema e a história também, apenas não funcionou a 100%.
    Parabéns por participar e boa sorte no desafio.

  33. Antonio Stegues Batista
    16 de outubro de 2017

    ENREDO: Grupo de amigos saem para pescar e são atacados por um fantasma.Regular. A estrutura do texto ficou legal, a história dentro da história

    PERSONAGENS: Bem construídos, cada um com sua personalidade, se destacando o Jamaica.

    ESCRITA: Me pareceu duas pessoas escrevendo, uma no início e a outra completando, mas creio que foi apenas um aprimoramento do autor enquanto escreve. Gostei, foi uma leitura simples, fácil e uma boa história.

    TERROR: Muito bom. As descrições de tensão e medo foram excelentes e as ações bem sacadas.

  34. Andre Brizola
    14 de outubro de 2017

    Salve, Hitchcock!

    Até agora foram poucos contos abordando um dos temas mais clássicos das histórias de terror: assombrações. Pra mim, seu conto assume a típica configuração de estória de fantasmas, e é muito legal que tenha sido assim.
    A opção pela narração da narração ficou meio confusa. Entendo que você tentou trazer para os dias atuais a cena tradicional daquela rodinha de amigos em volta da fogueira, ou da mesa de bar, compartilhando histórias assustadoras. Mas acabou não funcionando muito bem. Se fosse somente o pai contando para a filha e a mãe acho que teria funcionado melhor (mas esse é só o meu ponto de vista).
    Por outro lado, algumas cenas funcionaram muito bem. Toda a parte da trilha é bastante legal, e as inserções dos primeiros contatos funcionam bem para criar o clima de assombração. Ponto positivo!
    Pra finalizar, como outros colegas disseram, a escolha de alguns nomes não foi muito feliz para o clima de terror que o conto pede.

    É isso! Boa sorte no desafio!

  35. Paula Giannini
    13 de outubro de 2017

    Olá Autor(a),

    Tudo bem?

    Acredito que seu conto seja inspirado na “Procissão das Almas”, lenda caiçara, que faz parte da cultura popular brasileira. Diz a lenda que na véspera de finados as almas faziam uma grande procissão rumo ao cemitério para encontrar com seus túmulos.

    Trazer um pouco de nossa cultura popular, e o melhor, dentro de um contexto contemporâneo, é o ponto alto do texto.

    Seu conto traz a estrutura de causo e busca, claramente, utilizar um modo narrativo mais elaborado ao optar por contar a história através de alguém que a ouve de um terceiro, ou melhor, de um quarto, já que a menina conta ao narrador que, por sua vez, transmite a trama ao leitor. Gosto muito de opções narrativas diferentes e elaboradas, ainda que, algumas vezes, estas não funcionem tão bem quanto o(a) autor(a) imaginou. Narrativas inusitadas são um experimentos válidos de elaboração do conteúdo e é só errando e acertando que conseguimos chegar a um bom resultado. Afinal, escrita é prática e mais prática, não é?

    Sobre a estrutura narrativa, entretanto, vejo que muitos colegas já falaram por aqui. Então, gostaria de falar um pouco sobre a verossimilhança e o universo criado pelo(a) autor(a).

    Quando um(a) autor(a) cria um texto, seja ele um conto, um romance ou mesmo uma crônica, ele cria um universo. E, esse universo tem suas próprias leis. Ainda que o conto seja uma criação do gênero fantasia, por exemplo, as tais leis devem estar presentes ali fazendo com que o todo tenha coerência e credibilidade para quem lê.

    No seu conto há o universo família. Ainda que história seja contada entre amigos, o relato original partiu de um pai preocupado com sua filha e esposa, e, pelos diálogos, supõe-se que o homem tem uma certa religiosidade (visto que fala no bem e no mal insistentemente), além de ter amigos e interagir com estes com frequência. No entanto, a menos que a história que o pai narra à família seja uma espécie de “mentira de pescador”, há um ponto em seu conto que vai contra toda a sua narrativa. O pai vai ao encontro dos amigos em data recente (menos de um ano), um amigo é morto nesse encontro e o homem volta para casa como se nada houvesse acontecido. Mãe e filha não fazem a menor ideia da morte de um deles. Ele não foi a velórios, tampouco a morte do amigo foi investigada.

    Sei que o leitor deve “comprar” algumas ideias que inserimos nas histórias a fim de que estas possam funcionar. Afinal, trata-se de ficção. No entanto, houve algo muito grave para que não houvesse ao menos uma menção ao amigo como… Quando o Chambourcy morreu… Ou… A verdade é que a morte do Chambourcy não foi bem como contamos…

    Como vê, coisa pequena e fácil de se ajustar, caso concorde comigo.

    Bom, já falei demais. Tudo que escrevo aqui é na mais pura intenção de aperfeiçoamento, o meu e o do(a) escritor(a) por trás do texto lido. 😉

    Parabéns.

    Desejo-lhe sorte no desafio.

    Beijos

    Paula Giannini

  36. Paulo Luís
    12 de outubro de 2017

    É uma narrativa um tanto complicada, em vista de quem conta a história, são tantas as vozes que atrapalham o entendimento. É aquele caso do disse que me disse, não sei quem? No mais a ideia do conto é boa, mas acredito que a forma de contar é que prejudicou. A repetição dos verbos no pretérito mais-que-perfeito incomoda um pouco. A “gente pega a trilha do Matadeiro” se é um termo regional, podia ser, de alguma forma, melhor esclarecido, não? “Garatéia”, o acento foi abolido, assim como “ideia”.

  37. Regina Ruth Rincon Caires
    12 de outubro de 2017

    Bom conto, escrita boa, sem muitos deslizes. Autor experiente, narrativa fluente, lógica sequencial. História bem estruturada. Há uma narração dentro de uma narração, técnica interessante e difícil de ser conduzida. O tempo verbal, utilizado pelo narrador 1, ficou um pouco cansativo, “mais-que-perfeito” ficou “muito mais”. Usado, na medida, enriquece o texto, mas, quando usado em demasia, distancia ainda mais leitor/história. Quando se lê: Beto e Jamaica, ninguém controla um “ah!”, não tem jeito… Agora, quanto ao final do conto, volto à questão do mínimo de 3000 palavras, há pessoas que falam mais com menos…

    Parabéns, Hitchcock! Boa sorte no desafio!

  38. Nelson Freiria
    12 de outubro de 2017

    Achei o quinto parágrafo mto inocente. Mais a frente, em “Cecília enfim cedera, mais por causa de minha curiosa persistência do que por sua própria vontade”, isso já estava implícito no texto. Há erros de digitação.

    O conto tem uma boa história para contar, entretanto, transcrevê-la por terceiros é complicado… aquela pausa para a cerveja não necessitava de uma pausa na narrativa da história, apenas uma menção ao tremor das mão de Jairo bastaria.

    Há uma mensagem sobre bem vs mal que ficou bem camuflada, quase totalmente coberta pelas crenças do personagem, mas que ainda me pareceu dar aquela pontadinha de leve no leitor.

    O final me pareceu deslocado. O conto poderia ter acabado no relato tranquilamente. Não sei se foi para aumentar o conto, que o personagem foi até aquele lugar, mas isso não acrescentou nada. Aquela risada maléfica que foi citada me deixou desanimado.

    Mas o conto tem uma boa qualidade que é fazer um causo parecer mesmo um causo. É claro que há toda uma mistura com elementos de terror a mais para impressionar, mas eu gostei, ficou bacana. Me fez lembrar que faz tempo que meu avô não conta umas histórias duvidosas desse tipo.

    Não costumo dar tanta importância a nomes, mas Beto & Jamaica… segura o Tchan aí

  39. Olisomar Pires
    11 de outubro de 2017

    Impacto sobre o eu-leitor: baixo.

    Narrativa/enredo: amiga conta ao amigo uma estória que ouviu do pai sobre assombração em um trilha.

    Escrita: boa, não notei erros fáceis.

    Construção: o narrador principal (Fabinho) ficou muito chato com seus verbos no futuro do pretérito o tempo todo. Sem falar que não combinou o personagem.

    Depois há uma certa confusão com a garota contando (escrevendo) a estória.

    De início parece que é outra pessoa contando e não a filha porque ela trata o pai pelo nome – “tornou, Jairo”, “disse jairo” e se trata como terceira pessoa: “disse cecília” etc… Mais na frente o pai da cecília toma o relato para si, mas ele não está falando com o fabinho que é o primeiro narrador e está lendo a estória. É cecília. O texto nos faz crer que esse é o relato escrito da garota para o amigo, mas infelizmente ficou difícil acreditar nisso. Confusão total.

    Pode parecer pequena coisa mas a ruptura da narração desconstruiu o conto inteiro, pelo menos na minha opinião.

    Se trabalhado por outro ângulo pode vir a render bem mais, nota-se que o autor tem conhecimento do idioma, agora é só escolher um estilo melhor.

    • Olisomar Pires
      12 de outubro de 2017

      *correção: verbos no pretérito mais-que-perfeito*.

  40. Angelo Rodrigues
    11 de outubro de 2017

    Caro Hitchcock,

    conto bem escrito, bem trabalhado na redação.
    Me pareceu um conto que vem do sul: “GURI, é melhor TU calares…”
    Tenho algumas observações a fazer de modo a que o conto mais se aprume. Aqui vão elas.
    – Não desacredite a própria história iniciando com “…verídica ou não…”, ou ainda “ou meu pai sonhou. Mas tenho para mim que ele estava bêbado e presenciou tudo com lentes de aumento…” quando me contou esta história. Em suma, a história vai cada vez mais perdendo a credibilidade junto ao leitor.
    – Logo de início, eu me perguntei: por que a própria Cecília não me (leitor) contou esta história? Acredito que o motivo disso está no extremo encapsulamento narrativo. Se não estou enganado, Jairo disse, o pai de Cecília ouviu, que contou à filha Cecília e à mãe, Neiva, que contou ao narrador, Cecília, que está me contando. Isto tornou o conto muito distanciado do leitor, algo que não ajuda, dado que matou o frescor da narrativa, tornando-o aquela alface queimada pelo frio no fundo da geladeira. Por que não pegar o conto e contar apenas a história dos amigos? Acho que ficaria bem melhor e mais bem resolvido. Não sei se é o caso, mas tenho a impressão de que alguns contos aqui do desafio, eram menores que 3.000 palavras e foram “engordados e engordados” para cumprir a meta. Digo isso com dor, porque o mesmo se deu com o meu conto, que, resolvido com cerca de 2.500 palavras, “engordei-o com mais cerca de 500.
    – Notei também que o conto tem baixo sentido de verossimilhança. A despeito do uso de palavras marcantes que indicam medo, horror, terror, isto não se transfere ao ambiente cênico ou “espiritual” das personagens. O uso permanente da cachaça, também, reduz a credibilidade dos fatos.
    – Entrando na polêmica levantada pelo Fábio Baptista, dei uma olhada no Thesaurus do professor Francisco Ferreira dos Santos Azevedo – Dicionário Analógico da Língua Portuguesa – e lá estava (lembrem-se de que se trata de um thesaurus, que trata de palavras correlatas): Glóbulo pode estar associado ao sentido de pequenez/pouquidão/esfericidade. Assim, temos que, glóbulo pode estar associado a …sombra, alguma coisa, talisca, grão, grânulo, (glóbulo)… / ou a …esfera, esférula, globo, orbe, terra, satélite, planeta, astro, sol, bola, (glóbulo)… Dessa forma, “Por um momento pareceu que uma sombra cobriu os olhos do meu pai, tornando-os escuros, dois buracos no lugar dos glóbulos”, pode estar associado a que as duas esferas (escleróticas) representadas pelo olhos estivessem ausentes, dois buracos, no caso, negros. Bem, parece que rola uma subjetivação, dado que “a sombra cobriu os ‘olhos’ do meu pai”, dizendo que eles estavam lá, depois não estavam mais. Tudo bem, embora inusual o uso de glóbulos para globos (no caso), tornou-os bem pequenos, olhinhos.
    – Quero saber quem é o agente literário desse tal de Beto. É o terceiro conto em que ele aparece, ora como protagonista, ora como figurante. O homem não fica desempregado de jeito nenhum.
    – Algo que me pareceu estranho: quatro garrafas de cerveja vazias não deixam dois cachaceiros bêbados.
    – Sou terminantemente contra gargalhadas inumanas nos contos, no cinema, na televisão – em qualquer lugar. Já deu, acho. Quando leio que monstros gargalham, lembro imediatamente do clipe Thriller do Michael Jackson e tudo vai por água abaixo.
    – Para terminar, quem diabos é Jim Hawkis e o Capitão Flint? O surgimento de personagens-enigma destroçam o ânimo do leitor. Acho que ele, o leitor, se sente meio incompetente por não saber quem são os tais caras e, pumba! repelem o trabalho. Ninguém esteve obrigado a ler A Ilha do Tesouro.

    Caro Hitch, o conto pode se tornar bem legal, aparando, acrescentando, remodelando. Uma ideia que pode funcionar muito bem, com vinganças e tal. O lance é escrever e reescrever.

    Grande abraço, boa sorte com o desafio e obrigado por nos deixar conhecer seu trabalho.

    • Angelo Rodrigues
      11 de outubro de 2017

      Ajustando:
      … quem diabos é Jim Hawkis e quem diabos é o Capitão Flint?…”

  41. Fernando.
    11 de outubro de 2017

    Meu caro amigo, Hitchcock, Cá estou eu às voltas com a sua história. Sim, esses causos trazidos da experiência familiar costumam render várias narrativas de medo, toda família tem das suas. Note que elas costumam ser relatadas pelos mais velhos e no caso temos o pai da amiga Cecília como o contador da tragédia. Apesar de tudo, apesar do seu conto estar bem relatado, um apuro mesmo quem sabe excessivo com a linguagem – aponto aqui a mesóclise que despenca, qual um meteoro, no meio do texto – ele não me convenceu. Achei os diálogos meio forçados, bem como a preparação que você foi fazendo da entrada na tal trilha maligna. O persignar-se, o silêncio do Jamaica, a lembrança da hora do ângelus, foram apontamentos que não me criaram empatia, ou, dito de outra maneira, foram incapazes de gerar algum suspense. Chambourcy, mais que uma pessoa, um pobre sofredor que perdeu o amor para o rival, me remete a uma cidadezinha muito agradável na França e ao iogurte bem famoso ( e que nem sei se existe mais). Fiquei achando que poderia usar outro nome para o transtornado suicida. Resumindo, amigo. Uma boa história, um relato bem redigido, mas que para mim não funcionou. Quem sabe valeria a pena reescrever a história? Tentar outras abordagens nela. Por exemplo, reflito aqui se não seria o caso de eliminar a Cecília (que funcionou como uma mera “atravessadora”, uma contadora do contador de você o terceiro contador que me traz a trama) e fazer com que a história fique assim mais próxima do narrador. Talvez contada pelo pai do narrador, teria havido menos coisas sobrepostas e a linguagem teria ficado mais leve, mais fluida. Mas repare que esses são comentários de alguém que não entende praticamente nada de histórias de terror. Releve então o que disse. Só eu comentei até agora, tomara que os que virão tragam novidades, tenham mesmo apreciado seu conto. Receba o meu abraço, Fernando.

    • Fernando.
      11 de outubro de 2017

      escrevo o comentário (colocando a nota) antes no word. Quando o fiz não havia outro comentário. Agora vejo que já tem um. Curioso o li e vejo que há ressonâncias entre o que te disse e o que o outro comentarista traz. Outro abraço.

  42. Fabio Baptista
    10 de outubro de 2017

    Então… não se pode dizer que o conto esteja mal escrito, mas eu não gostei de quase nada.

    Vamos lá:

    Na parte técnica, fiquei bastante incomodado com o excesso desnecessário de verbos no pretérito-mais-que-perfeito, enquanto Fabinho narrava as cenas “de bastidores” do relato. E o que foi aquele “ater-me-ei” lá no começo? Acabei me lembrando de Michel Temer! (tudo bem que ele é uma figura que evoca o terror, mas…).

    A parte do relato está bem melhor, apesar de certa bagunça com as aspas duplas e simples, devido ao fato de ser a transcrição do relato do relato. Essa estrutura, aliás, tirou completamente o impacto do conto, que até começou promissor, despertando a curiosidade gostosa de “putz, qual será a história dessa mina?”. Quando ela começa a contar a história do pai e dos cachaceiros, a ameaça fica muito distante.

    – dois buracos no lugar dos glóbulos
    >>> não sou perito no assunto (e dessa vez o Google não me ajudou muito), mas acho que “glóbulos” se aplica ao sangue. No caso dos olhos acredito que seria “globos” (por mais estranha que soe essa palavra). Mas não tenho certeza.

    – Beto e Jamaica
    >>> Sequência infeliz de nomes… Não pude deixar de lembrar do cantor do É o Tchan bradando “que que é isso, ordinária?” junto ao compadre Washington.

    – esperar meia hora pra a circular
    >>> para

    – semelhando-nos
    >>> marquei como apontamento, mas acabei vendo que existe o verbo “semelhar”. Só conhecia o “assemelhar”

    – É o fantasma do Chambourcy!
    >>> Putz… outra escolha de nome que não funcionou. Pô, esse nome Chambourcy não faz medo em ninguém rsrs

    – embora eu nunca acreditei nela
    >>> embora eu nunca tenha acreditado nela

    Acabada a história do pai e a viagem do meu xará para Florianópolis, pensei que o conto daria uma nova chance ao terror, com um encontro do protagonista com o tal fantasma, mas infelizmente fica só na especulação, num final aberto pouco empolgante.

    Desculpe o comentário amargurado, mas realmente não curti o conto.

    Abração!

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Publicado às 10 de outubro de 2017 por em Terror e marcado .
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