Todo dia bebo um copo de leite vazio
Falta adoçar com brio
O de hoje é sem vigor
Amanhã não tem sabor
Vejo o reflexo no espelho,
Olho no olho
Até os sonhos
Estão por aí, lentos e tristonhos
Grito,
Do eco nem um pio
Recomendam pílulas
Para esconder as linhas escritas
Enquanto o tempo passa,
Vivo nesta desgraça
Dizem que vale a pena viver
Mesmo que meu único desejo seja morrer
Amigo barqueiro,
Aqui está o dinheiro.
Que seja um barco para o farol. Boa composição, sútil, sem muito drama (apesar de um pouquinho), bom trabalho.
Olá, Iris! Um poema muito interessante, retratando a melancolia e a depressão de nosso tempo, quando não nos reconhecemos mais no espelho, quando já se foi toda a força e não resta ânimo nenhum. A ideia de suicídio dá a sensação de termos total controle de nossa vida, escolhendo o momento de ir ou não, casando perfeitamente com o final (onde passa a moeda ao barqueiro, provavelmente da mitologia grega) e com a imagem, onde o personagem joga xadrez com a Morte.
Ah, a Anorkinda (daqui do EC, tbm) fez um grupo de poesias com desafios temáticos e o último foi, coincidentemente, sobre espelhos. Dê uma passada por lá e venha participar: https://janeladepoesia.wordpress.com/
Uau! Q forte! Não entendo nada de poesia, então não sei avaliar. Só sei dizer que tocou fundo. Depressão, às vezes só vemos uma saída. Mesmo quando existem tantas. Pelo sim pelo não, melhor deixar o dinheiro um pouco mais na poupança…