O ar atravessava veloz por suas orelhas e fustigava seu corpo.
Sentia- se livre como jamais fora antes. Abriu os braços e deu um grito de alegria.
Não se preocuparia mais com aquela merda. Estava resolvido. Carregava alguma culpa, por eles, mas fizera tudo o que pudera.
Sentiu um sorriso desenhar se em seus lábios enquanto sua cabeça projetava-se para frente. Enxotou a dúvida que pairou em sua mente, não havia mais tempo para aquilo.
Fechou os olhos, enquanto as nuvens se afastavam e o chão se aproximava.
Olá, Rafael! Acho que ultimamente ando lendo muita coisa de morte ou adoramos romantizá-la, hein?! Como o Selga comentou, microcontos precisam dar um tapa na cara, pois não terá outro momento para fazê-lo, tudo acontece muito rápido e o autor não pode perder tempo. No desafio de microcontos eu fiz um, chamado Seu Próprio Deus Ex Machina, que conta esse mesmo instante: a descida pra morte, alguém se jogando, se matando, e a sensação de liberdade que isso traz. Talvez realmente gostamos dessa noção romantizada do suicídio, da morte em si. Só acho que poderia ter sido numa tacada só, sem pausar, num grande parágrafo.
Ah, reparei num “desenhar-se” sem o hífen.
Obrigado Tamires!!
Penso que para o personagem, já não importa mais o ocorrido, os fatos anteriores, e aí está sua liberdade no momento da queda. Mas para quem lê o conto, fica um “branco”, que acho que ainda poderia ser melhor trabalhado (melhorar o conflito) mesmo sendo um mini conto. Parece mais como uma falta, como se o autor não soubesse o que falar, do que com a questão de deixar aberto para o leitor resolver. De toda forma,foi boa a surpresa da frase final.
Excelente Regina! Não tinha pensado nisso, mas acho que você acertou bem, de fato o conflito é muito pouco ou nada demonstrado. Trabalharei nisso! Obrigado pelo comentário.
Estou muito familiarizada com microcontos; tanto que tive de deixar de escrevê-los pois o meu cérebro estava a ficar “normalizado” para produzir só nesse formato.
Assim, na primeira frase intuí de que se tratava e na segunda tive a certeza. Resultado: gostei muito, mas tê-lo-ia apreciado melhor se fosse mais curto ainda. Mas gostei, sim, como disse, muito.
Obrigado por comentar Ana Maria. No meu caso, sou o oposto de você. Não tenho nenhum costume de escrever microcontos e é um sacrifício economizar palavras e fazer a caneta para de escrever. Mas acho que é um bom treino para pessoas como eu, que precisam aprender a falar mais escrevendo menos. Grande abraço.
É muito importante num microconto que ele dê um tapa na cara do leitor, pois não há espaço para divagações. E isso acontece aqui, no último parágrafo, com a informação de que o personagem é um suicida a poucos metros do chão.Estrategicamente, sua condição não fica clara até chegarmos ao derradeiro parágrafo. O que se passa até então pode causar, inclusive, a sensação de liberdade. Assim, o impacto no leitor é quase o impacto do personagem ao chão.
Que bom que gostou Eduardo! Muito legal sua interpretação. Obrigado por comentar.
Adorei!