EntreContos

Detox Literário.

Febre de Selva (Pedro Luna)

O guarda vinha pedalando a toda pela trilha de terra, alheio aos buracos e pedrinhas que podiam travar o pneu e arremessá-lo longe. Pendurada no pescoço, a sacola de compras balançava. Quando chegou ao posto policial que ficava em uma clareira na floresta, largou a magrela na entrada da cabana e entrou no recinto aos gritos.

– SARGENTO! SARGENTO!

O sargento estava sentado atrás do balcão, e ao notar o subordinado, seus olhos se encheram de fúria.

– Até que enfim, guarda. Mas que demora. Já estava pensando em me limpar com as folhas.

– Sargento, preste atenção – disse o guarda, afoito, ignorando a bronca. – Estamos correndo grande perigo.

– Sei, sei – o sargento abanou as mãos. – Mas diga, trouxe o papel?

Quase sem respirar, o guarda remexeu na sacola e retirou o papel higiênico. Ao vê-lo, o sargento suspirou de alívio.

– Ah, que maravilha, tão branquinho. Vamos, me entregue o rolo, o que está esperando? Que eu faça nas calças?

– Sargento, por favor, me escute, estamos correndo perigo. Lá em Lavras, no mercadinho do colombiano, ouvi uma história…

– Que história? – perguntou o sargento, a curiosidade finalmente lhe aliviando um pouco a barriga. – O que estão dizendo?

– Sabe o sujeito que está preso aqui dentro? O que matou o Uanana? Pois então… dizem que os índios estão putos da vida, sargento. Que estão se organizando para vir até aqui e pegar o homem. E que se nós os impedíssemos, íamos levar flechadas e pauladas.

O sargento escutou o subordinado e depois de meditar um pouco, sorriu, balançando a cabeça.

– Você é um tolo, guarda. Acredita em cada coisa. Acha mesmo que os Uananas iam vir aqui se meter a besta? Sabem que temos armas.

– Mas eles são muitos, sargento.

– E daí? Já viu como arregalam os olhos quando veem um revólver? Como fogem correndo se escutam um disparo? Isso que você ouviu não passa de um boato. Agora me entregue o maldito rolo, vamos.

– Quando o tenente vai chegar para buscar o preso? – perguntou o guarda, se agarrando ao rolo. – Hoje?

– Hoje a noite. Talvez amanhã cedo. Por quê?

– E se os índios já estiverem vindo, sargento? Só eu e o senhor contra todos? Por favor, vamos pegar o preso e ir para a cidade, esperar o tenente por lá.

– E deixar o posto as moscas?  – bradou o sargento. – Eu sabia que você era covarde, guarda, mas não burro. Por acaso não sabe que só morto se abandona o posto? Quer ser expulso da corporação?

– Mas, sargento…

– Nada de “mas”. Agora deu para acreditar em tudo que falam por aí? Jesus Cristo. Olhe, quero que faça o seguinte. Saia e faça uma ronda pelos arredores.

O guarda ficou pálido.

– Eu, sargento?

– E por acaso está vendo outro guarda por aqui? Não enrole. Saia e vasculhe cada canto desse mato. Olhe embaixo de cada pedra, atrás de cada árvore. Procure bem pelos seus indiozinhos, mas se não os encontrar, não me venha de novo com essa conversa, estamos entendidos? Agora me passe a droga do papel. No dia em que minha prisão de ventre dá uma trégua você quer que eu perca a oportunidade?

– Os índios? – o preso agarrou as barras da cela, aterrorizado. – Minha nossa.

– Se acalme, homem – riu o sargento. – Jesus, você é mais medroso que o guarda.

– Ficar calmo? Nunca ouviu falar do que os Uananas fazem com os inimigos capturados, sargento? Cortam o pau fora e depois os cozinham vivos. Ou os enterram de cabeça para baixo, coisas assim. Não sei como se decidem.

– Puro mito – disse o sargento, puxando um banco e sentando ao lado da cela. – Provavelmente matam com flechas ou com pedradas na cabeça. São índios, não carniceiros.

O sujeito arregalou os olhos, e o sargento começou a rir.

– Estou brincando com você. Não acredite nas bobagens do guarda. Não tem índio nenhum vindo lhe pegar. E mesmo que viessem, eu o protegeria.

– Eu confio no senhor, sargento – o preso sorriu amarelo. – Mas será que não pode deixar a porta da cela aberta? Pro caso das coisas darem errado? Prometo que não fujo.

– Nos seus sonhos. Quer um cigarro?

Retirou do bolso o maço e ofereceu para o preso, que recusou.

– Em que confusão foi se meter – disse o sargento, acendendo o seu.  – Você parece um homem tão calmo. Precisava mesmo meter uma bala na cabeça do infeliz?

– Sou calmo, mas tenho minha honra, sargento. Não podia deixar que me fizessem de bobo.

– O que houve, afinal? – perguntou o sargento. – Por que tanto destempero?

– Comprei uma canoa desse índio – explicou o preso. –  Você sabe, para fazer travessias até São José do Riacho. A minha antiga já estava fazendo pena. Pois bem, acontece que a canoa do índio era ainda pior. Na segunda viagem apareceu um furo no casco e depois as tábuas começaram a soltar. Quase afundei no Uapés, sargento, e veja só, estava levando o padre Aristides. Já pensou se o mato afogado? Minha alma iria direto para o inferno. Fiquei furioso, mas decidido a resolver as coisas. Fui com uns amigos lá na tribo para pedir o dinheiro de volta, e o Uanana se recusou a devolver. Me ofereceu uma canoa nova, e eu lá ia querer outra porcaria daquelas? Não tive escolha, precisei mostrar que não sou bobo.

– E agora está preso. O que ganhou com isso?

– Eu sei, eu sei. Podia ter dado apenas uma coça no infeliz, mas não consegui me segurar. Malditos selvagens. Nos vendem essas bugigangas como se fossem ouro valioso, mas são puro lixo. Fazem de propósito, sargento, eu sei. Andam na cidade, no meio da gente, mas nos odeiam. Se fosse por eles, estaríamos longe, e eles iam ficar com a floresta inteira.

– Mas sempre achei os índios tão pacíficos. Um deles trabalhou na minha casa quando eu era jovem, lá na minha cidade – relembrou o sargento, com ar saudosista. – Não lembro o nome dele, o chamávamos de vermelho. Porque ficava vermelho sempre que enchia a cara. Aprendi a beber com ele.

– É só disfarce, sargento – disse o preso. – Pelas costas nos desejam o mal. – E, subitamente, ficou quieto, reflexivo, até que deu de ombros e tornou a falar, baixinho. – Olhe, vou lhe contar uma história da minha vida. Aconteceu antes do senhor chegar por essas bandas.

– Hum? – o sargento espichou o pescoço, curioso.

– Eu já fui casado uma vez. Rosa era o nome dela. Uma morena linda, sargento, quando a vi tratei logo de pôr as mãos. Pois bem, vivíamos felizes numa caba ninha que ficava onde hoje é a tenda do hospital, mas de vez em quando brigávamos porque a Rosa era muito preguiçosa. Não gostava de lavar roupas, de varrer o chão. Só fazia quando eu obrigava. Até que do nada aconteceu um milagre. Ela passou a tomar gosto pela lavagem. Todos os dias ia até o rio com uma trouxa de roupa na cabeça, com um sorriso no rosto, cantarolando. No começo achei estranho, a gente nem tinha tanta roupa assim. Por outro lado fiquei feliz por ela finalmente cuidar da casa, das minhas coisinhas. Que idiota, sargento. Que idiota. Todo contente, mas então comecei a perceber que a Rosa passava mais tempo lavando roupa que em casa. Fiquei com aquilo na cabeça, martelando, e resolvi tirar a limpo. Uma tarde a segui até o rio e não consegui acreditar no que vi. Os selvagens, os Uananas, tomavam banho na mesma praia em que as mulheres lavavam a roupa. Pelados, sargento, nus, com as coisas do lado de fora, balançando. Imagino que o senhor já tenha visto um deles sem tanga e sabe como são, hum, digamos, avantajados.

O sargento coçou a testa, meio desconcertado, e fez um sinal para que o homem prosseguisse.

– Ficavam se banhando, se exibindo, e no outro canto as mulheres fingiam que lavavam a roupa, mas, na verdade, estavam espiando, lambendo os beiços, fazendo gracinhas e gestos para os índios. Meu Deus, dói o coração só de lembrar. Aposto que as selvagens as comiam ali mesmo, ou atrás de alguma moita. Achamos que são inocentes, sem maldade, a verdade é que nos corneavam e se faziam de bobos. Botei a Rosa contra a parede naquele dia. Ela negou ter deitado com os índios, mas confessou que gostava de olhar, que tinha um desejo incontrolável, como se os olhos estivessem enfeitiçados. Aí matei a charada, sargento. Feitiços. Sim, os malditos encantavam nossas mulheres. Essas magias de selvagens, coisas da floresta. As hipnotizavam com os seus penduricalhos enormes e depois nos passavam para trás. Vingança, sargento, vingança pela terra. Enfim, eu perdoei a Rosa, sabe? Não era culpa dela. Depois as coisas entre nós deram errado, mas por outros motivos. Só que nunca esqueci essa história. Lhe contei para que o senhor veja o que ganhamos por confiar neles. Fui idiota de ter comprado a canoa, sabendo como são, mas sendo bem sincero, apesar de estar preso acho bom que tenha sido assim. Gostei de ter dado cabo do safado.

“Então está explicado”, pensou o sargento. Esmagou o cigarro no chão, ficou de pé e esticou a coluna.

– É muito triste a sua história, homem – disse, com sarcasmo. – Só que isso não lhe ajuda em nada. Não se pode sair por aí matando os outros, mesmo que seja um selvagem.

– Espere, sargento. Onde o senhor vai? Fique. E se vierem me pegar?

O sargento encarou o preso com um olhar frio e cortante.

– Bom, se vierem mesmo, talvez eu deixe eles entrarem. Mas duvido que eles queiram sujar as mãos com alguém como você.

Do lado de fora da cabana, viu o guarda cumprindo sua ronda. O coitado se tremia inteiro, o revólver empunhado, a todo instante olhava por cima do ombro. Atenção!, gritou, e o guarda deu um pulo.

– Santo Deus, sargento, que susto. O senhor me mata do coração.

– Você é muito medroso, guarda – gargalhou o sargento. – E então, encontrou algo?

– Nem sinal, sargento. Nem presenças no mato, nem pegadas.

– Não lhe disse? Por que dá ouvidos a boatarias?

– Hum, não sei, sargento. Acho que o senhor deve ter razão. Sou muito medroso. Achei que trabalhando na selva as coisas seriam mais fáceis, só que quebrei a cara. Estamos longe do povoado, e aqui é cheio de selvagens, de onças, aranhas. Acho que estava melhor na delegacia de São José.

– Não entendo, guarda. E por que pediu para vir?

– É que o posto policial de São José ficava em um prédio muito antigo. De noite eu ouvia sussurros, barulhos estranhos, risadas. Tinha medo que fossem fantasmas, então pedi para ser transferido.

O sargento parou, incrédulo, e depois caiu na risada.

– Eu já conheci muitas pessoas covardes, guarda, mas você sem dúvidas é a maior delas. Vir para o meio do mato por medo de fantasmas? Faça-me um favor. Ai, ai, só você mesmo. Mas escute, seria até bom que os selvagens viessem, sabia? Nunca vi um sujeito para odiar tanto os índios como aquele lá dentro. Acho que culpa os coitados por todos os problemas que existem no mundo. Seria engraçado vê-lo se cagar de medo.

A menção a palavra cagar fez surgir uma movimentação nas entranhas do sargento. Ele sorriu, satisfeito.

– Olhe, guarda, agora esqueça tudo isso e vamos nos preparar para a chegada do tenente – disse, dando meia-volta. – Precisamos arrumar a cozinha, que está uma bagunça. Ele só come em lugares limpíssimos. Comece agora, já me junto a você.

– E onde o senhor vai, sargento?

– Eu? Cagar novamente, ora. Finalmente o meu intestino disse a que veio. Preciso aproveitar cada segundo desse dia histórico.

26 comentários em “Febre de Selva (Pedro Luna)

  1. Amanda Gomez
    1 de setembro de 2017

    Oi, Cabral!

    Seu conto prometeu muitas coisas, mas acabou não acontecendo quase nada delas. Novamente me vejo diante de um conto com um bom potencial, bom começo, mas que se perdeu no meio do caminho ( em minha opinião).

    Estava esperando o conflito com os índios, talvez uma cenas bizarras com essa disputa, o potencial dos três personagens foi subestimados dava pra ficar bem engraçado. Mas talvez seja apenas eu criando expectativas sobre como eu continuaria o conto e tudo mais… rs desculpe

    Fora essa ressalva, o conto está correto, uma narrativa instigante, bons personagens, deu pra saber bastante de cada um deles. O final e meio…sei lá, inesperado.

    No mais, parabéns pelo texto e pela sua participação.

  2. Catarina Cunha
    29 de agosto de 2017

    9,1

  3. Catarina Cunha
    23 de agosto de 2017

    Um conto legal, mas não consegui encaixar nenhum tipo de humor. Salvo algumas frases escatológicas soltas. A narrativa poderia ser mais intensa.

    Auge: “No dia em que minha prisão de ventre dá uma trégua você quer que eu perca a oportunidade?” – Quem já teve sabe como é. kkk

    Sugestão:

    Arrancar os dois parágrafos enormes contando a história do preso e Rosa. Tirou totalmente o foco do conto e perdeu velocidade.

  4. Fernando.
    21 de agosto de 2017

    Olá, Cabral, cá estou eu às voltas com o seu conto na selva. O medo do guarda, o pavor do preso e seus intestinos preguiçosos no dia histórico que ele resolveu funcionar e o papel higiênico demorava a chegar. Um conto bem narrado, um enredo simples. Um ou outro ponto a ser revisado. Mas lhe conto, sr. Cabral, que seu conto ficou devendo. Um pouco mais de emoção e mesmo de humor. Estou ficando impressionado com o número de contos que me vem falar dos tratos da barriga nesse desafio. Resumindo então. Um conto legal, mas que não cumpriu, no meu modo de ver, seu destino conforme havia prometido. Grande abraço.

  5. Luis Guilherme
    20 de agosto de 2017

    Boa noitee amigo, tudo bem? Curtindo o domingão ai?

    Olha, o conto estava bom, até chegar ao desfecho, um pouco decepcionante.

    Mas vamos por partes. Primeiro, é uma história divertida. Tem um humor natural, sem ser forçado. Isso é um ponto muito positivo, pois é difícil escrever desse modo.

    O enredo é bom! A historia é envolvente e prende a atenção. Os personagens são bem construídos e os diálogos são bons. A historia dos indios chegando gera um suspense que casa bem com o humor impregnado.

    Você escreve muito bem, aliás. A escrita, técnica e gramaticalmente, me parece impecável.

    Porém, aí veio o final, e me decepcionou um pouco. Foi tudo muito repentino, e o grande misterio da historia nao deu em nada. Não que precisasse acontecer a chegada dos indios, mas pelo menos, se tratando de humor, que algo engraçado justificasse a não chegada, talvez.

    Do jeito que estava finalizando, imaginei que o ultimo paragrafo tivesse uma grande tirada que justificasse o final repentino, tecnica usada em muitas historias de humor, mas isso também não veio.

    Enfim, é uma historia muito boa, com um humor natural, bons diálogos e personagens, mas que me frustrou um pouco pelo fim sem graça. Uma pena.

    Ainda assim, bom trabalho. Parabéns e boa sorte!

  6. Cilas Medi
    19 de agosto de 2017

    Olá Cabral (do descobrimento?).
    Mais uma história escatológica, mas, em contrapartida, bem urdida. Comédia não vi em nenhum momento, sequer um sorriso, mas uma gargalhada do personagem ecoou. Enfim, fim.

  7. Marco Aurélio Saraiva
    18 de agosto de 2017

    Interessante: uma história boa de ler. Um texto agradável aos olhos, que me fez sorrir e divertir um pouco. Sua escrita é leve, de fácil entendimento e chamativa. Mantém o leitor atento, não só com a limpeza das palavras mas com a construção das frases.

    A história é legal. Me senti vendo um momento da vida dos personagens. Achei interessante como você não quis dar nome para os indivíduos: são o Sargento, o Guarda, o Preso, o Índio e o Tenente. Um bom artifício.

    Infelizmente, a história não tem conflito e, por não ter conflito, não tem clímax. É uma crônica: um breve momento, uma breve conversa, e só. É sim um cenário ideal para um texto cômico, mas não vi muito de comédia aqui. Claro que a situação da caganeira do sargento foi usada para diversão, e também o guarda medroso, mas estes são clichês tão amplamente utilizados que, por si só, não fazem chover.

    O conto também pede uma revisãozinha, apesar de ser bem escrito. Notei vários pontos finais antes de travessões, e alguns erros de pontuação como no trecho “Atenção!, gritou…”. Outras duas notas que fiz:

    “Lhe contei para que o senhor…” – contei-lhe

    “caba ninha” – sobrou um espaço em branco aqui.

    Bem, de qualquer forma, um bom conto.

    Abraço!

  8. Rafael Luiz
    17 de agosto de 2017

    Conto que não me pareceu ter muita finalidade. A meu sentir, terminou de forma tão abrupta quanto começou, sem inicio, meio e fim. Não me prendeu em nenhum momento e a narrativa careceu de mais sentimento e vividez dos personagens. Também não senti a adequação ao tema do desafio. Gramatica se problemas, mas sem qualquer brilho, simples e direta. Não é desastroso, mas é apenas razoável, apenas.

  9. Daniel Reis
    17 de agosto de 2017

    Prezado (a) Cabral (o, pá, vieste dar aqui?):
    Segue a avaliação do seu conto, em escala 5 estrelas:
    TEOR DE HUMOR: **
    O texto está construído ao redor da escatologia, das funções fisiológicas, e traz muito pouco de tempero cômico que não seja desse viés.
    PREMISSA: **
    A história me pareceu construída de uma vez só, sem muita revisão, como dirigida em linha reta o mais rápido possível. A escolha do cenário e os personagens escolhidos também não contribuíram para o desenrolar da trama.
    TÉCNICA: ***1/2
    A escrita, apesar de não contar com erros muito relevantes, tem uma certa “dureza” nos diálogos, que realmente são um ponto a ser trabalhado com cuidado, ainda mais em humor.
    EFEITO GERAL: **1/2
    O conto realmente não me conquistou, e o final deceptivo (afinal, nada de mais grave acontece) não colaborou para deixar uma impressão duradoura. Boa sorte!

  10. Paulo Luís
    15 de agosto de 2017

    Problemas com a gramática. A situação criada como enredo não é boa e o texto é fraco para um conto. Nota 2

  11. M. A. Thompson
    15 de agosto de 2017

    Olá Cabral. Parabéns pelo conto Febre de Selva, apesar de o título não ter muito a ver com a história.

    É uma comédia. Não ri, mas preciso reconhecer que é uma comédia.

    Começou bem. Fiquei agoniado com a dor de barriga do sargento, mas com o desenrolar da narrativa você se perdeu. Digo isso porque o sargento aparentava estar quase pondo pra fora e acabou tendo tempo para oferecer cigarro, ouvir história, aguardar o retorno do guarda. Então a coisa não estava tão ruim assim. Uma alternativa seria fazê-lo cagando enquanto conversavam.

    Depois surgiu a história da índia no rio. Até onde sei índio não tem fama de avantajado, então não me pareceu crível. Foi uma história que não funcionou dentro da outra. Na verdade foram três narrativas: a principal, a da compra e a da índia no rio.

    Em relação ao estilo, ortografia e gramática está de parabéns. Um único detalhe é a frase:

    “Não sei como se decidem.”

    Eu usaria

    Não sei como decidem.

    Mas isso é um detalhe apenas. Não conta.

    Sua nota será boa, mas por conta do sargento começar quase parindo e não ser bem assim, perdeu alguns pontinhos. Abs.

  12. Juliana Calafange
    12 de agosto de 2017

    É muito difícil fazer rir. Ainda mais escrevendo. Eu mesma me considero uma ótima contadora de piadas, mas me peguei na maior saia justa ao tentar escrever um conto de comédia para este desafio. É a diferença entre a oralidade e a escrita. Além disso, o humor é uma coisa muito relativa, diferente pra cada um. O que me faz rir, pode não ter a menor graça para outra pessoa. Assim, eu procurei avaliar os contos levando em consideração, não necessariamente o que me fez rir, e sim alguns aspectos básicos do texto de comédia: o conto apresenta situações e/ou personagens engraçadas? A premissa da história é engraçada? Na linguagem e/ou no estilo predomina a comicidade? Espero não ofender ninguém com nenhum comentário, lembrando que a proposta do EC é sempre a de construir, trocar, experimentar, errar e acertar! Então, lá vai:
    Então, Cabral. Seu conto promete, mas não cumpre. A sua trama toda se baseia na expectativa de chegada de um bando de índios. Nada acontece. A graça do conto fica por conta da vontade de cagar do sargento, que sofre de terrível prisão de ventre, e neste dia histórico, o ventre não está preso. Mesmo assim, o sargento passa toda a história sem ir ao banheiro, dando preferência até para ouvir histórias do prisioneiro, o que causa mais expectativa no leitor. Mas esta também não se cumpre, já que no final do conto o sargento não caga, ele ainda vai cagar. Durante todo o conto a gente fica esperando um final arrebatador, o sargento “preso” na privada enquanto os índios invadem o posto policial; o guarda sendo seduzido pelos “tacapes” avantajados dos índios; mas nada acontece e isso é frustrante. Também faltou uma revisãozinha, tem erros de ortografia e gramática. Eu aconselharia a retrabalhar o final do conto, dando-lhe um arremate melhor e com mais humor. Parabéns e boa sorte!

  13. Evandro Furtado
    12 de agosto de 2017

    Olá, caro(a) autor(a)

    Vou tentar explicar como será meu método de avaliação para esse desafio. Dos dez pontos, eu confiro 2,5 para três categorias: elementos de gênero, conteúdo e forma. No primeiro, eu considero o gênero literário adotado e como você se apropriou de elementos inerentes e alheios a ele, de forma a compor seu texto. O conteúdo se refere ao cerne do conto, o que você trabalha nele, qual é o tema trabalhado. Na forma eu avalio conceitos linguísticos e estéticos. Em cada categoria, você começa com 2 pontos e vai ganhando ou perdendo a partir da leitura. Assim, são seis pontos com os quais você começa, e, a não ser que seu texto tenha problemas que considero que possam prejudicar o resultado, vai ficar com eles até o final. É claro que, uma das categorias pode se destacar positivamente de tal forma que ela pode “roubar” pontos de outras e aumentar sua nota final. Como eu sou bonzinho, o reverso não acontece. Mas, você me pergunta: não tá faltando 2,5 pontos aí? Sim. E esses dois eu atribuo para aquele “feeling” final, a forma como eu vejo o texto ao fim da leitura. Nos comentários, eu apontarei apenas problemas e virtudes, assim, se não comentar alguma categoria, significa que ela ficou naquela média dos dois pontos, ok?

    O conto se destaca, sobretudo, no desenvolvimento da trama, com personagens complexos e bastante singulares. A história, em si, tem o tom do ridículo, apesar de não ser, necessariamente, engraçada. Ainda assim, no aspecto do entretenimento, um ponto a mais. Você foi capaz de desenvolver a história de um jeito bastante fluido e divertido.

  14. Bar Mitzvá
    9 de agosto de 2017

    Quando o prisioneiro começa a contar a história que teve com Rosa, notei uns dois errinhos, mas nada grave. Achei muito estranho uma delegacia numa cabana, ainda mais contendo uma cela… Sei lá, não consigo imaginar isso com facilidade. Além de que uma delegacia no meio do nada não serve de mta coisa. Considerando que o tema do desafio é Comédia/Humor, teria sido mais interessante ver esses elementos (localização, cabana e cela) serem usados com essa intenção, mas não senti que o autor(a) se aproveitou disso nesse sentido.

    O humor da trama apenas rodeia os fatos até que o prisioneiro conta sua história. Mas senti que o lado trágico tirou um pouco do impacto da comédia nesse ponto. Quase senti dó do sujeito, quase… Como falei, se além da prisão de ventre e do tamanho da “ferramenta” dos índios, se os outros elementos também tivessem sido usados com esse sentido, acredito que o conto teria um apelo maior no desafio.

  15. Fil Felix
    9 de agosto de 2017

    O conto apresenta algumas crendices que geralmente se possuem acerca dos índios, como serem selvagens VS serem pacíficos, com o mito da comunhão com a natureza, mesclado ao medo do desconhecido. Algumas das ironias e piadas não funcionaram tão bem comigo, percebi alguns problemas mais estruturais. Há uma sensação de peça de teatro, por ser quase que totalmente por diálogos e num só local: o sargento de um lado, a cela com o prisioneiro e o guarda, que vai e vem. Mas faltou um pouco de desenvolvimento em algumas transições, como o papel higiênico (que parece ter sido dado várias vezes) ou quando o prisioneiro surge. A princípio dá-se a entender que o sargento esteja cagando, mas na verdade ainda não aconteceu.

  16. Victor Finkler Lachowski
    8 de agosto de 2017

    Olá autor(a).
    Seu conto é bem estruturado, com diálogos rápidos e inteligentes.
    O tema inspirado no Vietnã ficou muito legal. Retratando muito bem os preconceitos e desgostos mútuos presentes em todos os lados da guerra. O único ponto negativa que encontrei foram alguns trechos com gramática esquisita, mas não é nada de mais.
    Boa sorte no desafio e nos presenteie com mais obras,
    Abraços.

  17. Rsollberg
    8 de agosto de 2017

    Haha

    Então, Cabral!
    Sua história tem aquele jeitão de velho oeste, turma sitiada pela turba. Uma fórmula que sempre funciona, tipo 13 distrito, fantasmas de Marte, etc. Ocorre que aqui a tensão crescente desaparece no fim frustrando o leitor. Falta justamente o elemento principal. Tudo Ok, se tivesse uma pegada mais cômica, mas também não ocorre isso aqui. A única ação que talvez tivesse algum humor já é muito batida, o cara sendo”impedido” de ir no banheiro. Uma mistura de causo com escolinha do didi.

    No que diz respeito aos diálogos, sempre bato na mesma tecla, ;é muito complicado quando o autor resolve contar a história toda por ali. Parágrafos longos com a voz do personagem, bem parecida com a do narrador. Ou seja, sem as características peculiares que constroem um personagem.

    De qualquer modo, um bom conto para o certame errado.
    Abraços

  18. Rubem Cabral
    7 de agosto de 2017

    Olá, Cabral.

    O conto está bem escrito, com poucos acertos a fazer. Os diálogos estão bons e a construção dos personagens está boa também. O enredo dá a entender que se passa talvez no passado, visto que atitudes como descritas no texto seriam levadas muito mais a sério hoje em dia: matar um índio, até chamá-los de “selvagens” soa um tanto forte às sensibilidades atuais.

    Penso, contudo, que embora tenha algumas situações razoavelmente divertidas, o todo não resultou numa boa comédia: faltou um tanto de ridículo, de se rir das desgraças alheias, etc.Há o sargento com prisão de ventre, o soldado medroso e o preso vingativo, mas não consegui ter muita empatia por eles.

    No todo, um bom conto!

    Abraços e boa sorte no desafio.

  19. André Felipe
    6 de agosto de 2017

    Gostei do conto. Achei criativo e imaginativo . Gostei de como extrai graça das situações simples como a demora em entregar o rolo de papel. Podia ser menos explicativo pra deixar o leitor perceber as coisas. Por exemplo quando você diz “com sarcasmo”, isso faz perder toda a força que esse recurso tem. Embora não seja o tipo de comédia que me tire sorrisos, vejo o empenho em todo texto para se adequar, seja pelas situações inusitadas ou nos diálogos. Infelizmente o ponto mais fraco é o enredo, que a meu ver não vai a lugar nenhum, a não ser que eu tenha perdido algum plot oculto. Algumas informações não acrescentam em nada a narrativa, por exemplo o fato do guarda ter medo de fantasma. Por fim, reitero, gostei do conto, tem uma boa fluidez e é divertido.

  20. Vitor De Lerbo
    6 de agosto de 2017

    O texto está bem escrito e prende a atenção do leitor. A interação entre o guarda cagão e sargento é engraçada.

    Achei que haveria mais. A história promete mais do que é entregue; o final parece meio abrupto. Entendo que a verdadeira trama é sobre o passado do prisioneiro, mas não há um elemento que realmente nos deixe surpresos ou que se destaque.

    Boa sorte!

  21. Ana Maria Monteiro
    6 de agosto de 2017

    Olá colega de escritas. O meu comentário será breve e sucinto. Se após o término do desafio, pretender que entre em detalhes, fico à disposição. Os meus critérios, além do facto de você ter participado (que valorizo com pontuação igual para todos) basear-se-ão nos seguintes aspetos: Escrita, ortografia e revisão; Enredo e criatividade; Adequação ao tema e, por fim e porque sou humana, o quanto gostei enquanto leitora. Parabéns e boa sorte no desafio.

    Então vamos lá: Você escreve bem, mas deixou passar alguns pormenores na revisão, nada de grave e sobretudo nas acentuações; o enredo é engraçado e criativo, mas um pouco parado. Relativamente ao elemento comédia, mal consegui vislumbrá-lo. Enquanto leitora apreciei uma história singela mas pouco adequada ao desafio.

  22. Roselaine Hahn
    5 de agosto de 2017

    Olá Cabral, o texto começou com uma verve engraçada, a história do papel, e lá pelas tantas, enveredou mais para o drama. Tem potencial para uma grande comédia, porém ficou mais na superfície da contação do preso. O final, com o resgate do papel higiênico trouxe a batida da graça novamente. Achei alguns diálogos muito longos e formais, e a questão da ladainha do preso com o sargento, sei lá, não me pareceu muito crível, deu muita conversa para o sujeito. De qualquer forma, o texto está bem escrito e estruturado. Abçs, sorte no desafio.

  23. Paula Giannini
    5 de agosto de 2017

    Olá, Cabral,

    Tudo bem?

    Você escreveu um texto com uma série de premissas:

    1 – Em um posto de comando no meio da selva, o militar-policial mais novo está com medo dos índios (selvagens) canibais.

    2 – Seu superior necessita ir urgentemente ao banheiro.

    3 – Costurando tudo isso, temos um prisioneiro machista e cheio de preconceitos que matou um dos índios.

    A trama, embora ambientada no Brasil, lembra algo como um filme na selva Africana (e o estereótipo que fazemos desta). Mas, eu gostaria de comentar aqui sobre a estrutura da comédia em si, que é, no fim das contas, a proposta deste desafio.

    Situações como as que você criou rendem humor, isso é certo, especialmente no que toca a trama do superior, que precisa ir urgentemente ao banheiro. Some-se a isso, a situação na selva, a falta de papel higiênico e está feita a comédia. Entretanto, talvez, o excesso de histórias entrecortadas em um conto tão curto (2.000 palavras como limite), acaba por transformar o texto em um trabalho que se encaixa muito mais no gênero aventura, ou como uma contação de um causo.

    O que quero dizer com isso? Talvez o seu excesso de criatividade ou a necessidade de inserir conteúdo ao texto, tenha roubado um pouquinho a força do cômico e, a tal situação de banheiro, riso certo, acaba parecendo uma ponta solta no todo.

    Ainda assim, você escreve muito em. Não há dúvidas quanto a isso.

    Desejo boa sorte no desafio.

    Parabéns.

    Beijos

    Paula Giannini

  24. angst447
    5 de agosto de 2017

    Olá, autor(a), tudo bem?
    O conto apresentado possui um leve tom de comédia, mas cumpriu o esperado para este desafio.
    A linguagem empregada é bastante simples e fluída, mas o ritmo deixa um pouco a desejar, já que a história demora a engrenar.
    Oque eu achei mais divertido foi o lance do papel higiênico, sem dúvida. O medo do soldado passou meio batido. Faltou alguma coisa para me fazer dar uma risadinha.
    Alguns lapsos de revisão:
    Hoje a noite > hoje à noite
    o posto as moscas > às moscas
    Aposto que as selvagens as comiam > OS selvagens
    Boa sorte!

  25. Priscila Pereira
    5 de agosto de 2017

    Oi Cabral, vamos avaliar o seu texto?
    Participação: Parabéns! – 02
    Revisão: Achei algumas coisinhas: vivíamos felizes numa “caba ninha”. Aposto que as selvagens” as” comiam ali mesmo. Só erros de digitação mesmo, nada grave. 1,9
    Coerência: Tem início, meio e fim definidos. Dá pra entender tudo. Só achei estranho que a urgência do sargento para aliviar os intestinos fosse esquecida por tanto tempo depois, ficou meio inverossímil – 1,7
    Adequação ao tema: É um texto bem humorado, só isso. – 01
    Gosto pessoal: Não gostei muito. Não me fez rir, sorry. – 01
    Total: 7,6
    Boa sorte!!

  26. Lucas Maziero
    5 de agosto de 2017

    O conto tem o seu charme, tem um enredo simples, o que faz com que continuamos com a leitura, apesar de não ter agradado tanto. O desfecho não poderia ser outro, uma hora ou outra o sargento tinha de fazer o que desde o começo tencionava. Enfim, o conto prometeu algo que não cumpriu, foi essa a impressão final que tive.

    Opinião geral: Não gostei muito.
    Gramática: Está bem escrito.
    Narrativa: Simples e agradável de ler.
    Criatividade: Pouca. Como disse, a ideia nos levou por um caminho, mas acabou se fixando em algo banal.
    Comédia: A presença dos três, poder-se-ia até dizer os 3 patetas, o sargento fanfarrão que só pensa em obrar, o preso de sangue quente e o soldado apalermado com medo da própria sombra. Os três, mais o fato iminente do alívio intestinal do sargento, compôs sim uma comédia, mas muito fraca.
    Nota: 6,5

    Parabéns!

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Publicado às 5 de agosto de 2017 por em Comédia - Grupo 3 e marcado .