EntreContos

Detox Literário.

Macuã (Fernando Cyrino)

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Pássaro que canta no escuro,
faz a gente se arrepiar.
Não mexa no futuro,
deixa a sorte me beijar.
Versos tristes de uma cantiga

 

Pousada no galho oculto da gameleira a macuã piava enquanto eu nascia. Desespero de mamãe em meio ao horror daquela ave, numa noite que era para ser só de alegria. Eu fazia coro, me disse: “Ela cantando de lá e você respostava chorando de cá”. Implorava que não espantassem o pássaro, receosa de que expulsão assim causasse tragédia pior. Carecia era de se acender velas por modo de criar proteção. Sem nem saber de nada eu acabara de entrar na batalha de Deus com o Diabo. Aquela cantoria agourenta do Demônio me solicitava para o rol dele. Garantia que mamãe dava era a de que eu não sobreviveria ao cair do umbigo. Agosto chegando e terei cumpridos 94 anos.

Vivi de tudo, atravessei inúmeras tempestades, estive no quase-quase do despencar de precipícios. Sofri doenças matadoras de doutor afiançar: “esse não escapa”. Levei coice de mula, comi mandioca brava, perdi o dedão apodrecido por picada de cobra. Das febres nem aprecio fazer recordação. Até um raio cismou de me atacar. Foi quando busquei guarida, com meu cavalo e 12 vacas, debaixo de um ingazeiro. A árvore numa boniteza de se finar ardendo em meio àquela tormenta de fim de mundo. Cavalo e gado jaziam. Zonzo, surdo e empapado de tanta água eu permanecia vivo.

De tiros? Desses meu corpo engoliu 7. Dos que passaram rente nem imagino quantidade. Mire essa marca na palma da mão. Pois a assassina entrou bem aqui no vale do meio do M sem conseguir – que ela ambicionava – cortar linha de vida. Largou-me esse ponto que mais parece furo do cravo de Nosso Senhor.   

Foi minha mãe que lá dos altos me protegeu de tantos perigos? Povaréu diz ter sido a outra, a Aparecida, quem costurou os milagres. Pelo sim, pelo não aceito o seguro das 2 bandas. Ou há uma terceira que nem ouso nomear qual seja? Faço bem? Tiro a roupa e lhe mostro as cicatrizes? Está bem, não carece. Senhora acredita em minhas palavras.  

Diz o povo por conta daquele canto – a doutora sabe – que tenho corpo fechado. Que possuo tretas com o Encardido. Sugerem mesmo que eu seja pactário. Toleima. Senhora ri. Acredita nisso? A gente desse interior aumenta muito. O que tive mesmo foram as sortes?  Umas imensas chegando até às beiras do sertão?  Fortunas daquelas de quem ganha mais de uma vez o primeiro prêmio das loterias. E será que sertão tem margens, ou ele persiste de existir em qualquer rincão? Para aumento de segurança deixava pagas umas missas na Santa Rita, igreja grande de caber os fiéis e parecer vazia. Seu Zarcanjo do Córrego da Pedra Preta, passado de Século e fama de santo, também me levava uns cobres para rezar terços nas intenções de eu ser feliz.

Ainda era menino quando levei uma carreira de cachorro. Chegou a me riscar a canela. Esconjurei o bicho gritando: “que morra, diacho”. Poucos dias depois ele foi caindo na tristeza e perdeu as fomes resolvendo morrer assim, de mansinho. Aí o povo reforçou nas ideias de que comigo, protegido da macuã, não se devia bulir. Uma professora entendida nos espiritismos queria que eu frequentasse o Centro. Via que eu era quase médium, só carecendo de um pouco de desenvolvimento. Estive umas vezes, mas não criei prazer.

Mamãe tinha gosto em jogar no bicho e era eu quem dizia dos sonhos, das gentes que apareceram. Possuía sabedoria de transformar tudo em animal e desses, num zap, gerava números. Quando deslembrava eu dava de inventar. Não fizesse assim e não me dava sossego. Acertou alguma vez? Pois afianço que passamos no zum do ouvido um tanto de vezes, mas ganhar mesmo, nada.

Pergunta-me se sinto algo retornando aqui já tão idoso? Sentir nenhum afianço à senhora. Daquelas dívidas permaneceu alguma? Pois paguei todas com altos juros. A doutora sabe que fui o condenado com o maior número de anos na cacunda? Hoje deve haver bandido com bem mais tempo a cumprir do que eu, mas naquela época fui facínora rei, me nomeavam. As penas somadas o resultado que dava, o advogado fez contas, era 587. Mais do que a vida do país. Até entrevista em jornal concedi. Conversa com repórter foi publicada com retrato em dia de domingo, que é quando mais gente lê jornal.  Inclusive nos estrangeiros meu nome era citado. Mamãe aqui comigo e teria apostado demais nessa cifra. Estivesse viva quando desandei teria sentido vergonhas de mim? Ou teria se conformado, pois que eu era o predestinado filhote da macuã? O que diria, acho, é que destino de vivente não se muda e que o meu fora definido no exato canto daquele pássaro feio. Já contei que mamãe descansou quando eu só tinha 16 anos?

Estava ausente quando ela partiu. Teve umas febres de dar delírios e deixar molhada a cama. A gente residia nos grotões. Umas 15 léguas depois da Serra Quebrada. Lugar esquecido e de recursos quase nenhuns. A benzedeira que segurava a mão dela me contou que mamãe parecia querer deixar um recado. Só que se findou antes. Sou filho único, não sabe? Acho que conhece tudo de mim, não é? Leu minhas façanhas nos processos. Afamei, mas isto foi há bem mais de 50 anos. Doutora nem sonhava em nascer quando daquelas eras.

O que espero da existência? Pois lhe digo que coisa alguma. Não tenho quem goste. Nunca houve uma que eu dissesse: essa é minha. Mulher que tive foi mamãe. Outras foram para as alegrias em lençóis, que homem anseia por essas necessidades. Tempo da velhice é para se fazer balanço na espera da morte. É virar para trás e passear pelo que se fez e o que se deixou de cumprir.

As orações de mamãe eram fortes. Quando viva meu rio não avançou por cima dos barrancos inundando várzeas. Manteve-se calmo, escorria sem corredeiras, limpo e cristalino. Mamãe se foi e as águas engrossaram se tornando turvas. Reparei esse mudar de estações quando senti que aquilo que mais apreciava era escutar histórias de assassinatos, ouvir de gente maldando de bicho, ou de humano mesmo. Escolher alguém e ficar imaginando como seria sua morte: faca, ou tiro e de que jeito estaria num caixão?

Daí a fazer rancho com chusmas treteiras foi só um tempo. Gambá cheira gambá, dizem. Senhora sabe que juventude aprecia demonstrar coragem.  Um chegou dizendo que seu vizinho desconfiava de traição por um fulano de outra cidade. Que ganhava uma égua bonita e trotadora quem desse fim no gajo que se engraçara com a patroa dele. Topei e fui. O dono da encomenda me passou descrições e endereço. Tocaiei. Lua ponta de unha, rua vazia e o cujo que possuía cara de fuinha – homem assim não há jeito de que preste – saiu de casa. Entreguei o tiro, de pertinho, na nuca. Ele rodopiou caindo virado para mim. Olhos esbugalhados brilhavam naquele quase não haver luz. Brotou medo e, por segurança, taquei a segunda bala no coração. Garantida de novo a coragem, com a faca de descascar laranja, cortei a orelha direita dele que era para testemunho.

Fui ao encontro do desconfiado de ser corno trocar orelha por égua. Ele se adiantou e antes que falasse algo foi me dizendo que não era nada daquilo. Que as referências estavam erradas. Que o merecedor da morte vivia em outras bandas e tal e coisa e coisa e tal. Já viu gente retornar do outro lado? Que largasse de lero-lero. Entreguei a orelha e exigi a bichona que de boa montaria andava precisado. Sugeri que cuidaria do outro também, do verdadeiro. Ele, meio aparvalhado nos remorsos, nem me escutou. Deixei-o lá segurando a orelha do fuinha na mão.   

Que o meu batismo se deu num engano a dona sabia? É que jamais assuntei isto. Tema que me dava umas gasturas. Ver os olhos do morto a me vigiar me criou cismas e ao mesmo tempo um prazer. Sou doido? Tomei gosto de imaginar o que será que se passava no entendimento do moribundo no vrumvrum do chegar da velha da foice. Pensaria em mim, ou na vida que acabava de perder? Essa mania fez com que nunca mais atirasse pelas costas. Para não deixar escondida a coragem, passava antes numa Igreja por costume de beijar os pés de alguma imagem de santo. Cumpria assim mesmo correndo riscos de que a macuã se desgostasse desse proceder? Responder o quê? O que sei é que por nada desse mundo queria perder os olhos do quase morto a me mirar.

Quantos foram os que deitei? Nunca fui bom de contas. De letras, vírgulas e palavras sou bem melhor. Carece mesmo de saber número? Isso se pode pesquisar nos processos. A doutora tem razão, uns tantos não constaram nos registros. Nos andares de qualquer trilha, mesmo dessas que os da cidade nem são capazes de perceber, seguindo em frente, se encontrará viventes. O sertão formiga de ter gente demais. Uns de menos, será que fizeram faltas?

E os que não mereciam morrer pelas minhas mãos? A começar daquele primeiro, que nem nunca soube o nome, creio ter havido outros tantos. Mas quem sou eu para julgar merecimento de um ou de outro? E se o fuinha tiver sido perverso? Um ser muito pior do que aquele outro que andava com a mulher do dono da égua? Cara de fuinha, senhora sabe… Têm uns trens que me confundem.    

Pois que sim, na vida tive de tudo, até descansei gente sem receber nada em troca. Uma vez, pras bandas do Curral das Vacas Mansas, encontrei um desgraçado tão feio que até foi nascendo em mim uma dó dele. Remoía como deveria ser tristonha a vida de alguém assim tão afastado, de algum restinho que fosse, da boniteza. Então me visitou a ideia de livrá-lo daquela cara horrenda. Antes de atirar dei aviso de que o cumprimento se dava só por caridade. O homem tremeu tanto, se sujou todo. Acho que esse uns muitos tempos depois de finado ainda dava uns arrepios.  

Minha conversa assusta a doutora? Definitivo que não sou pessoa má. Sou gente das boas.  Estudei muitas letras. Tirei mais de um diploma na cadeia. Dos livros criei bastante amizade. Li todos os encontrados na prisão.  Quantidades na biblioteca.  

A senhora tem conhecimento de que meu sustento se deu foi com esse ganha pão? Nunca roubei ninguém. Em bolsos e alforjes dos meus mortos jamais mexi. Diferença se dá é na profissão de uns e de outros. A doutora tem a sua e eu tive a minha. Apreciam a que exerce e desgostam do que faço? Paciência então. Tudo assim e assado, bem simples, eu penso.  

Por que matei de novo já tendo mais de noventa anos? Ah, explico. Senhora não imagina a aflição que me rompia o peito, ao reparar nos companheiros de asilo sem dar conta de se cuidarem. O que fiz foi auxílio. Doutora pensa mesmo que aquilo era vida? Comecei pelos que se alimentavam por sonda e viviam quase dormindo. Depois aliviei os que usavam fraldas. Terminei com os que recebiam comida na boca. Em madrugadas silenciosas jogava o corpo para frente, que não sou mais possuidor de forças, apertando o rosto com o travesseiro. Largava de vez em quando para ver os olhos. Gosto demais, senhora sabe os porquês. Será que é a macuã em mim? Quer saber quantos? Havia uns trinta quando iniciei. Hoje tem uma quantidade de camas vazias.

Estivesse viva queria conversar com aquela mulher, a professora. A dos tempos da minha meninice e que era chefe no Centro Espírita. Será que a macuã se apossou mesmo de mim? E se for verdade ela ainda está viva aqui no peito. Senhora vai me soltar no mundo? Será que deve?

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Texto atualizado em 04/04/2017

90 comentários em “Macuã (Fernando Cyrino)

  1. Wender Lemes
    31 de março de 2017

    Olá! Para organizar melhor, dividirei minha avaliação em três partes: a técnica, o apelo e o conjunto da obra.

    Técnica: uma narrativa muito bem regida, com um estilo demarcado na oralidade do “monólogo” que acontece ali. Conseguiu passar veracidade na frieza das falas do protagonista, o que só torna a coisa mais assustadora. A vontade de descobrir mais sobre a vida do assassino cresce mais a cada parágrafo, o que é um ponto muito positivo.

    Apelo: aprecio muito essa capacidade coca-colística de saciar o leitor e, ainda assim, deixá-lo mais sedento para o que ainda resta. Esse conto me ganhou por isso e pelo cuidado com as construções, inserindo sua identidade sem parecer pedante ou perder o sentido do que estava passando.

    Conjunto: o que parece ser apenas mais uma confissão de um sociopata, ganha peso ao explorar seu psicológico no microscópio, trazendo o sumo da indiferença pela vida. Belo conto.

    Parabéns e boa sorte.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      obrigado pelo seu comentário. Senti-me honrado ao recebê-lo. Valeu, amigo.

  2. jggouvea
    30 de março de 2017

    Leitura gostosa e fluida até o fim, particularmente pelo sertanejíssimo uso de advérbios no plural (longes) e pelo plural de adjetivos e substantivos normalmente usados somente no singular (faltas, sortes). Diria que o autor foi no centro espírita e baixou um Guimarães Rosa genérico. À parte o estilo derivativo (a imitação competente é uma forma de qualidade do iniciante), o conto apresenta poucas razões de ser criticado, especialmente pela sua bonita estrutura narrativa e pela construção do personagem absolutamente fascinante.

    Vamos às notas:

    Media 9,76
    Linguagem 8,5 (tirei pontos porque tá muito roseano demais)
    em enredo, personagens, cenário e introdução eu dei 10.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      Nonada, pra mim a sua tirada de pontos pela roseaneidade é um ganhar pontos… kkkkk que bom que consegui passar um pouco desse Rosa genérico. obrigado demais por suas palavras. Honrado aqui. Abraços agradecidos.

  3. Bia Machado
    30 de março de 2017

    Fluidez da narrativa: (4/4)
    Construção das personagens: (3/3)
    Adequação ao Tema: (1/1)
    Emoção: (1/1)
    Estética/revisão: (1/1)

    Outro de prosa muito boa que não tenho o que tirar de ponto! É bem verdade que estou um pouco cansada de tanta narrativa em primeira pessoa, mas essa aqui, quanto a isso, está ótima. Gostei. Bom trabalho!

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      puxa, vi que você não escreveu e comentou todos. E que comentário você faz para o meu. Uau. Saiba, Bia, que ele me deixou feliz demais. Obrigado.

      • Bia Machado
        3 de abril de 2017

        Ou, Fernando, o que faz bem à gente é pra ser dito. E o que não faz também, é claro, mas isso não vem ao caso aqui. Foi muito bom participar lendo e comentando. E aos que dei dez, só digo que são os contos que eu gostaria de ter escrito. E que bom que alguém escreveu. 😉 De novo, bom trabalho!

  4. Felipe Rodrigues
    30 de março de 2017

    Conto bem escrito e com um protagonista que emula bem a naturalidade da fala, deixando o texto leve. Porem, há muitas histórias misturadas, fazendo o leitor se perder, voltar para ler, tornando o conto cansativo. Acho que apenas uma melhor organização resolveria isso.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      que pena que o tenha cansado. A intensão era a de divertir apenas. Abraços agradecidos pelo seu comentário, Felipe.

  5. Ricardo de Lohem
    30 de março de 2017

    Olá, como vai? Vamos ao conto! Uma história que pertence ao clássico subgênero chama pelos folcloristas de “Filho do Diabo”. Trata-se de alguém, quase sempre homem, destinado ao mal por ser filho do diabo ou de algo similar. Tudo aqui se resume a um relato em primeira pessoa da vida maligna do ser maldito. Achei bastante cansativo e sem atrativos, no final confesso que o tédio tomou conta de mim; esse é o tipo de conto cujo autor não soube aproveitar as duas mil palavras que dispunha, pois duzentas seriam o suficiente para contar a história. Da próxima vez construa um protagonista mais interessante, ou ponha reviravoltas na trama, alguma coisa que dê algum brilho à narrativa. Uma história bastante fraca, desejo para você Boa Sorte.

    • Fernando Cyrino
      4 de abril de 2017

      sim, tentarei construir algo mais interessante da próxima vez. Pena que a minha história tenha lhe trazido enfado. Obrigado pelos desejos de boa sorte.

  6. Marsal
    30 de março de 2017

    Olá, autor (a). Parabéns pelo seu conto. Vamos aos comentários:
    a) Adequação ao tema: sim.
    b) Enredo: Uau! O conto começa como quem não quer nada e vai se desenrolando como um novelo, no qual o leitor vai se envolvendo e se enroscando cada vez mais. O final vem como uma espécie de paulada.
    c) Estilo: o estilo e’ bom. O conto e’ bem escrito. Demorou um pouco para engrenar em termos de leitura, não sei exatamente a razão. Talvez haja um excesso de elementos folclóricos no começo…não sei. O texto se torna cada vez mais envolvente na medida que avança, e chega um ponto em que o leitor começa a antecipar que o conto não vai acabar bem, mas não consegue dizer exatamente o porque, ate’ o final.
    d) Impressão geral: Um belo conto. O autor sabe criar suspense. Boa sorte no desafio!

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      obrigado pelo comentário. Estarei mais atento nos próximos para engrenar mais rapidamente a história. Que bom que gostou. Vi suas notas e reparei o quanto é exigente. Obrigado mesmo.

  7. Gustavo Castro Araujo
    29 de março de 2017

    Ótimo conto, ainda que tenha inserido o elemento folclórico à base de marteladas. Gostei bastante da construção psicológica no protagonista narrador, de sua loucura, de suas escusas, de seus exageros, de sua maneira de falar. De certo modo, me fez lembrar de Hannibal Lecter, pela maneira quase prosaica de narrar suas façanhas e achá-las naturais. O conto é redondo (no melhor sentido da palavra) e revela um autor de mão firme, com excelente domínio da prosa, hábil o bastante para transformar sua história em algo caricato. Não fosse pela quase ausência do elemento folclórico, teria minha nota máxima. De todo modo, parabéns.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      que honra receber seu comentário, Gustavo. Realmente feliz pelas suas palavras. Obrigado. Claro que estarei atento a eles para o futuro. Interessante essa sua observação sobre a quase ausência do elemento folclórico… Estou meio confuso com ela. Depois, se puder me explicar melhor, será um aprendizado para mim. Abraços agradecidos,

      • Gustavo Araujo
        1 de abril de 2017

        Haha, então, meu amigo, o que eu quis dizer foi que o conto sobreviveria muito bem sem o elemento folclórico, já que o foco se dá na personalidade do protagonista. Se bem entendi, a macuã é só um detalhe que, apesar de interessante, não é decisivo. Mas de modo algum prejudica a narrativa. Parabéns pelo conto!

  8. Pedro Luna
    29 de março de 2017

    Gostei do conto. Uma grande confissão de um sujeito realmente medonho. No fim, a questão, era possuído ou isso não passava de uma desculpa para justificar o mal em si? Bem mais provável a segunda opção, mas pelo menos a mística do folclore existe no conto. o trecho onde ele diz que matou o cara por o achar feio é aterrador. Só o que alteraria são alguns parágrafos, principalmente no começo, que acabam dizendo a mesma coisa. Tem trechos que poderiam ser enxugados pois não acrescentam muito ao relato. No geral, gostei bastante. O personagem me lembrou o Pedrinho Matador.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      Pedro, puxa, muito obrigado pelo seu comentário. Vi o quanto você é exigente pelas notas dadas e isto somente aumenta a minha satisfação pelas suas palavras. Vou rever esses parágrafos nos quais me faz o alerta de que estejam enxugando gelo. Muito agradecido.

  9. danielreis1973 (@danielreis1973)
    28 de março de 2017

    Essa história, também um monólogo, como se fosse o testemunho, acaba com a mesma característica de outras similares nesse desafio: o excesso de perguntas retóricas, para um presumido interlocutor. Ponto positivo para a construção das frases, com um ritmo muito interessante. Sucesso no desafio!

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      Valeu, obrigado, Daniel. Da próxima vez tentarei ser mais criativo.

  10. Marco Aurélio Saraiva
    28 de março de 2017

    Gostei muito do seu conto. Sua escrita regionalizada foi feita com perfeição, de forma que não cansa a leitura. Todas as palavras e construções de frases peculiares que você usou emprestaram um tom único ao seu conto, muito diferente de tudo o que tenho lido por aqui.

    A história é também muito boa. Contada assim, pelo próprio personagem, ficou até melhor. Senti como se ele contasse a história mesmo para mim. A forma como você narra o processo de pensamento do personagem é única. Faz o leitor entender o que ele pensava e o motivo dele matar, mesmo que não concorde com a matança. Foi uma forma muito interessante de entrar na pele de um Serial Killer.

    Aparentemente, você criou o seu próprio folclore. Nunca havia ouvido falar de pássaro macuã nenhum. Sua história tem bastante a ver com o bem-te-vi, cujo canto costuma trazer desgraça e, dizem algumas bocas, o bixo tem pacto com o diabo. Mas macuã… nunca ouvi falar (nem o google, aparentemente, rs). Além disso, eu jurava que havia ouvido falar de um homem no Brasil condenado a 500 anos de prisão, mas não encontrei nada no google também, hahaha!

    Mas o interessante nisso é que você subverteu um pouco o tema do desafio. Na sua história, o próprio personagem vira um folclore, que chega a níveis internacionais. Mesmo morto, continuará na boca do povo, transformando-se em uma lenda.

    Parabéns pela técnica, pela escrita impecável, pela bela escolha de palavras, pela bela narrativa e pelo enredo original!

    • Marco Aurélio Saraiva
      28 de março de 2017

      Ah, essa frase abaixo me pegou. Muito boa:

      “Tempo da velhice é para se fazer balanço na espera da morte. É virar para trás e passear pelo que se fez e o que se deixou de cumprir.”

      • Fernando Cyrino
        1 de abril de 2017

        puxa, que legal. outro obrigado.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      Caro Marco, fiquei aqui em dúvida de qual Marco seja, mas só pode ser o Piscies pela nota que me dá, compatível com essas palavras tão bacanas em relação à minha história. Puxa, fiquei feliz demais com ela, saiba disto, amigo. Grato mesmo estou me sentindo aqui. Sobre o folclore ele existe mesmo. mas é algo bem regional. Situa-se no sertão mineiro. Parentes meus têm uma fazenda em Paraúna, entre Curvelo e Diamantina, chamada exatamente de Macuã. Bem, a palavra vem da acauã, uma ave noturna que em muitas partes do Brasil é considerada de mau agouro. Dizem que ela quando canta alguém morre, ou se sobrevive se torna pactário (do demo). Isto me foi contado por um morador lá das vizinhanças da fazenda, de nome Zarcanjo (claro que é José Arcanjo). Bem, resumindo: a acauã virou na boca do sertanejo acuã com o má adiante. Mais um detalhe, por lá também quando alguém diz alguma coisa ruim de outro, ou que faz maus presságios sobre alguma pessoa se diz que ele tem boca de “cuã”. Obvio que deveria ser bico eis que se trata de ave, né? Bem, quero lhe dizer que seus comentários me deixaram feliz nessa manhã chuvosa de alegria pelo meu quinto lugar. abraços agradecidos pela sua atenção e cuidado, além de ter gostado da minha história.

      • Marco Aurélio Saraiva
        3 de abril de 2017

        Poxa, muito legal ouvir a origem do folclore assim, direto do autor.Me fez ver o conto (que eu já havia gostado) com outros olhos.

        Legal!!

        (E sim, sou o Marco Piscies, rs rs)

  11. Cilas Medi
    27 de março de 2017

    Um lindo proseado, envolvente, caprichado, com um contador emérito. O macuã citado não consta de nosso folclore (salvo engano, porque foi uma pesquisa simples e rasteira no sempre poderoso Google) mas, mesmo assim, não consegui parar de ler e sentir o clima na conversa mole de um bandido interiorano. Criativo e talentoso.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      Olá, Cilas, vi o quanto é rigoroso em suas notas e isto me deixou ainda mais feliz por esta que ganhei de você, obrigado demais. Sobre a minha história, eis o que um pequeno resumo explicativo, mas claro que se quiser saber mais é algo que gosto de explorar e pesquisar quando vou pra roça e tenho uns bons causos a respeito. Trata-se de um folclore bem regional. Situa-se no sertão mineiro. Parentes meus têm uma fazenda em Paraúna, entre Curvelo e Diamantina, chamada exatamente de Macuã. Bem, a palavra, conforme minhas pesquisas e conversas com moradores e tios mais velhos vem da acauã, uma ave que em muitas partes do Brasil é considerada de mau agouro. Dizem que ela quando canta alguém morre, ou se sobrevive se torna pactário (do demo). Isto me foi contado por um morador lá das vizinhanças da fazenda, de nome Zarcanjo (claro que é José Arcanjo). Bem, resumindo: a acauã virou na boca do sertanejo acuã com o má adiante. Mais um detalhe, por lá também quando alguém diz alguma coisa ruim de outro, ou que faz maus presságios sobre alguma pessoa se diz que ele tem boca de “cuã”. Obvio que deveria ser bico eis que se trata de ave, né? É isto. abraços agradecidos,

  12. Rafael Luiz
    27 de março de 2017

    A narrativa é um tanto cansativa e por vezes enfadonha. A história do personagem é interessante e bem descrita, mas talvez a cadência do texto desmotive um aprofundamento e o interesse no final da história.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      que pena que tenha te cansado, Rafael. Creia-me que a intenção era contrária. Somente divertir. Obrigado por ter achado a história interessante e bem descrita, apesar de tudo. abraços agradecidos.

  13. Iolandinha Pinheiro
    26 de março de 2017

    Conto interessante, bem contado, a linguagem vai do começo ao fim com a mesma entonação de contador de causo, e isso mostra um bom domínio da linguagem escolhida. O conto tem uma boa fluidez, eu não conhecia a lenda do pássaro Macuã, e, no meu julgamento, o conto cumpriu bem a proposta do tema. Parabéns pela participação e boa sorte.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      puxa, obrigado, partindo de você essa avaliação tem uma conotação para mim de excelente. Saiba disto. Abraços de gratidão.

  14. rsollberg
    26 de março de 2017

    Fala, Macuã.

    Gostei do conto. O protagonista, que é a própria história em si, é muito bem construído. Seu relato tem força, é verossímil. O ritmo é muito bom e o autor sabe fazer avançar, revelando aos poucos a jornada do personagem. Além disso, o texto é bem escrito, fácil de ler, algumas passagens são muito boas “De tiros? Desses meu corpo engoliu 7. Dos que passaram rente nem imagino quantidade. Mire essa marca na palma da mão. Pois a assassina entrou bem aqui no vale do meio do M sem conseguir – que ela ambicionava – cortar linha de vida. Largou-me esse ponto que mais parece furo do cravo de Nosso Senhor.”

    A ambiguidade criada acerca da motivação do criminoso é um belo acerto e aguça a curiosidade do leitor. O final funciona e cria uma expectativa. A psicopatia é culpa do tal de Macuã? Será, doutora?

    Parabéns e boa sorte!

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      puxa, Rafael. Que legal esse seu comentário. Não imagina o quanto ele me deixa satisfeito. Ainda mais que olhei seu ranking de notas e pude perceber o quanto você é exigente. Uau. Obrigado demais. Depois a gente toma mais umas cervejas, da próxima sem compromissos após que não me deixaram tomar o tanto que desejava. Um brinde agradecido.

  15. Elias Paixão
    26 de março de 2017

    Cá estamos nós de volta ao caipira cheio de folclore e o citadino incrédulo, aqui representado por uma mulher. Talvez colocar uma mulher como a voz racional da história tenha sido o ponto mais alto e inovador do conto. A história tem ares de crônica, mas desenvolve a profundidade do protagonista com boa evolução de camadas. O único problema foi não ter arriscado em mais inovação.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      obrigado pelo seu comentário, Elias. Sou-lhe grato e estarei atento às suas observações buscando inovar mais.

  16. mitou
    25 de março de 2017

    o conto tem uma linguagem muito interessante , uma linguagem culta e muito bonita a forma que foi estruturada. Achei cansativo , porem , a leitura, não sei por que ,talvez a falta de uma narrativa linear, foi um bom conto , mas teve o defeito de ser um pouco cansativo

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      Valeu, Mitou. Procurei ver quem você era, mas não consegui identificar. Pena. Lamento também haver te cansado. Valeu pelos elogios à linguagem cuta, bonita e bem estruturada. abraços agradecidos.

  17. Vitor De Lerbo
    24 de março de 2017

    Um relato preciso de uma mente perturbada, aquela que não tem real noção do que fez ou mesmo do mundo que vive. Muito verossímil.
    Boa sorte!

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      obrigado pelo seu comentário, Vitor. Bacana que tenha gostado do conto e o achado verossímil. Abraços

  18. Evelyn Postali
    24 de março de 2017

    Oi, José,
    Gostei muito desse conto, de como o personagem foi se mostrando e do final, uma surpresa e muitos outros pensamentos. Foi bastante feliz na escolha da linguagem, no enredo, em como descreveu a vida.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      Que orgulho em ganhar esse seu 10, Evelyn. Puxa, não imagina o quanto fiquei feliz. Puxa, e estar dois lugares abaixo do seu, o pódio, não é para qualquer um. Sou-lhe por demais grato, abraços.

      • Evelyn Postali
        1 de abril de 2017

        Fernando… Seu conto mereceu essa nota. Eu amei do começo ao fim. E para mim também foi surpresa a avaliação do grupo de leitores. Estava com muito medo de publicar meu conto nesse desafio. Estou aprendendo um pouco a cada dia. Eu é quem agradece a leitura dessa história.
        Grande e carinhoso abraço!

  19. Miquéias Dell'Orti
    23 de março de 2017

    Olá, tudo bem?

    Mais uma narrativa em segunda pessoa, o que eu acho (novamente falando) louvável e corajoso da parte do escritor.

    Infelizmente, pareceu-me que em alguns trechos o narrador repete a pergunta do interlocutor de forma forçada, apenas para dar entendimento e continuidade e isso não me soou natural.

    Também fiquei intrigado com a lenda do macuã. Vou ser sincero, procurei esse troço em tudo quanto é lugar e não encontrei nadica de nada. Nem o nome da ave (macuã) o que me deixou mais intrigado ainda… o mais próximo que encontrei disso foi o acauã e sua lenda não tem muito a ver com o contexto do conto.

    Fiquei com essa questão no ar e acho que só saberei se a lenda existe mesmo ou não no fim do certame kkkk.

    De resto, tudo lindo. Parabéns.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      sobre a lenda, eis o que tenho para lhe dizer: Um pequeno resumo explicativo, mas claro que se quiser saber mais é algo que gosto de explorar e pesquisar quando vou pra roça e tenho uns bons causos a respeito. Trata-se de um folclore bem regional. Situa-se no sertão mineiro. Parentes meus têm uma fazenda em Paraúna, entre Curvelo e Diamantina, chamada exatamente de Macuã. Bem, a palavra, conforme minhas pesquisas e conversas com moradores e tios mais velhos vem da acauã, uma ave que em muitas partes do Brasil é considerada de mau agouro. Dizem que ela quando canta alguém morre, ou se sobrevive se torna pactário (do demo). Isto me foi contado por um morador lá das vizinhanças da fazenda, de nome Zarcanjo (claro que é José Arcanjo). Bem, resumindo: a acauã virou na boca do sertanejo acuã com o má adiante. Mais um detalhe, por lá também quando alguém diz alguma coisa ruim de outro, ou que faz maus presságios sobre alguma pessoa se diz que ele tem boca de “cuã”. Obvio que deveria ser bico eis que se trata de ave, né? É isto. abraços agradecidos, Obrigado pelos comentários e só espero que o fato de não haver encontrado nada sobre o meu folclore me tenha tirado mais algum ponto. Infelizmente o oráculo google e a internet não sabem tudo (ainda). Rindo aqui. Sou-lhe agradecido.

  20. Paula Giannini - palcodapalavrablog
    23 de março de 2017

    Olá, José Arcanjo,

    Tudo bem?

    O estilo confessional parece ter imperado no desafio. Isso, talvez, fale muito sobre nós, escritores. O quanto um mito cala, em nossas origens, em nosso imaginário? Em nosso subconsciente.

    Bem, vamos ao conto.

    Gostei muito da maneira como você narra toda a vida desse homem, assassino frio, um verdadeiro psicopata, que acredita no meio, mais que isso, no destino, ou melhor, no mito, para ser o que é. Não sei por que, mas lembrei de “Abril Despedaçado”. Você leu? Não pelo enredo, mas pela aridez da cena em si, pelo desafio do destino a que o personagem central é lançado. Quase como se a vida, em seu caso Macuã, o induzisse a ser como é e ponto.

    Gostei da revelação final, ligando a sina do famigerado à Acauã e, embora a solução já esteja no título, a gente se envolve e esquece da ave agourenta no nascimento do matador.

    Parabéns por seu belo trabalho e boa sorte no desafio.

    Beijos

    Paula Giannini

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      Puxa, Paula, que legal receber comentários assim tão bacanas de você. Fiquei feliz e lisonjeado com essas suas palavras, viu? Obrigado.

      • Paula Giannini - palcodapalavrablog
        1 de abril de 2017

        😉

  21. Evandro Furtado
    23 de março de 2017

    Resultado – Outstanding

    Fantástico. Que narrativa bem feita, que história bem construída! Dá até vontade de saber mais. Ter escolhido um relato em primeira pessoa, sem a intromissão de outros personagens também foi escolha certeira.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      uau!!!! que bacana ler isto. Feliz demais com seu comentário, cara. Ainda mais que pude perceber o quanto você é exigente nos comentários e notas. Grato demais, um abraço.

  22. Elisa Ribeiro
    22 de março de 2017

    Queria saber se existe essa ave Macuã, com o tal canto agourento ou se você inventou a ave e o mito. Se inventou, melhor. A história que você contou tem as marcas da nossa cultura popular, independentemente de se fundar em um mito existente ou inventado. Adorei o personagem matador velho.. A história que ele conta é muito boa, o modo de falar reproduzido no texto está excelente. O único problema é que esse estilo de narrativa como um monólogo me cansa um pouco. Outros contos no desafio que escolheram narrar dessa forma provocaram o mesmo efeito em mim. É um ótimo conto, entretanto, ao qual darei uma boa nota. Sucesso!

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      obrigado pelo comentário e a nota, Elisa. Grato mesmo. Pena que a minha história tenha lhe sido cansativa. Sobre a minha história, eis um pequeno resumo explicativo, mas claro que se quiser saber mais é algo que gosto de explorar e pesquisar quando vou pra roça e tenho uns bons causos a respeito. Trata-se de um folclore bem regional. Situa-se no sertão mineiro. Parentes meus têm uma fazenda em Paraúna, entre Curvelo e Diamantina, chamada exatamente de Macuã. Bem, a palavra, conforme minhas pesquisas e conversas com moradores e tios mais velhos vem da acauã, uma ave que em muitas partes do Brasil é considerada de mau agouro. Dizem por aquelas bandas, que ela quando canta traz a morte de alguém, ou se o dito sobrevive se torna pactário (do demo). Isto me foi contado por um morador lá das vizinhanças da fazenda, de nome Zarcanjo (claro que é José Arcanjo). Bem, resumindo: a acauã virou na boca do sertanejo acuã com o má adiante. Mais um detalhe, por lá também quando alguém diz alguma coisa ruim de outro, ou que faz maus presságios sobre alguma pessoa se diz que ele tem boca de “cuã”. Obvio que deveria ser bico eis que se trata de ave, né? É isto. abraços agradecidos,

      • Elisa Ribeiro
        1 de abril de 2017

        Muito obrigada pelas explicações, Cyrino. Gostei demais do seu texto, acho que o cansaço foi só por causa da quantidade de contos. Sua elegância na escrita eu já conhecia e ela mais uma vez se confirmou. Parabéns pelo resultado! Muito merecido! Abraço.

  23. Rubem Cabral
    22 de março de 2017

    Olá, José Arcanjo.

    Não há nem o que comentar: o conto é excelente. A emulação do falar, os neologismos, a boa caracterização do personagem-narrador, o enredo do velhinho assassino. Enfim, texto maravilhoso, com jeitão de Guimarães Rosa.

    Nota: 10

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      Cara, que alegria em ler seu comentário. Uau! Feliz aqui com essas suas palavras. Demais. Abraços agradecidos.

  24. Bruna Francielle
    21 de março de 2017

    tema: adequado, apesar de eu desconhecer a lenda

    pontos fortes: Emulou bem a fala coloquial do personagem, depois d um tempo lendo, deu pra imaginar até o sotaque. Ficou mesmo boa a imitação, sem ser exagerada. Gostei da história também, quem diria que se tratava de um criminoso? Depois desse fato descoberto, pensei que ele conversava com uma advogada, mas as perguntas finais fizeram eu questionar se não se tratava de uma juíza. Ele relatou friamente os crimes, de forma que deu a entender que era um homem simplório e ignorante.

    Pontos fracos:: apenas a dúvida se era uma juíza ou advogada a pessoa com quem ele falava. Dada a frase final parece ser juíza mesmo,mas ficou embaçado isso antes do fim.
    Outra coisa é que o texto demorou a engrenar. Os primeiros parágrafos não possuiam o ritmo que foi ganhado mais da metade pro fim, estava devagar.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      Bruna, obrigado pela nota e comentários, viu? Sobre a dúvida se é juíza, se é advogada, se é médica psiquiátrica, se é delegada… preferi deixar mesmo em aberto. Pena que para voc\~e não tenha funcionado. Ficarei mais atento também a esta questão de engrenar logo o texto. Valeu demais, obrigado.

  25. Anderson Henrique
    21 de março de 2017

    Delícia de conto. Tudo arrumado: o ritmo, a prosa embolada, as frases bonitas (“Vivi de tudo, atravessei inúmeras tempestades, estive no quase-quase do despencar de precipícios.”). Não vi problemas, só qualidades. Um exemplo de grande conto desse desafio. Fiquei fã e quero saber se tem mais nessa levada. Espetacular. Nota 10. Parabéns.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      puxa, Anderson, que alegria ler este seu comentário. Uau. Fez-me alegre e feliz aqui. Sim, gosto de vez em quando de escrever nesse estilo, nessa levada. Tenho mais coisas nessa linha. Terei prazer em lhe enviar link. Grande e agradecido abraço.

  26. Fabio Baptista
    20 de março de 2017

    Conto muito bom, narrado com uma linguagem peculiar. Esse jeito de falar e pensar do personagem, regionalista, enxugando artigos, consegue prender a atenção e encantar no início, mas cansa depois de um tempo (nada muito grave, pois o conto é curto).

    Não sei exatamente qual é a lenda da Macuã, mas gostei da abordagem, deixando um pano de fundo macabro que, na verdade, nem deve ter sido o causador de tanta barbárie.

    Gostei do final, embora acredite que os motivos (piedade, na visão do assassino) poderiam ter ficado mais salientados.

    Abraço!

    NOTA: 8,5

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      caramba, um 8,5 de um mito daqui é coisa para se degustar em banquete de 400 talheres, feliz demais. Sobre a minha história, eis um pequeno resumo explicativo, mas claro que se quiser saber mais é algo que gosto de explorar e pesquisar quando vou pra roça e tenho uns bons causos a respeito. Trata-se de um folclore bem regional. Situa-se no sertão mineiro. Parentes meus têm uma fazenda em Paraúna, entre Curvelo e Diamantina, chamada exatamente de Macuã. Bem, a palavra, conforme minhas pesquisas e conversas com moradores e tios mais velhos vem da acauã, uma ave que em muitas partes do Brasil é considerada de mau agouro. Dizem por aquelas bandas, que ela quando canta traz a morte de alguém, ou se o dito sobrevive se torna pactário (do demo). Isto me foi contado por um morador lá das vizinhanças da fazenda, de nome Zarcanjo (claro que é José Arcanjo). Bem, resumindo: a acauã virou na boca do sertanejo acuã com o má adiante. Mais um detalhe, por lá também quando alguém diz alguma coisa ruim de outro, ou que faz maus presságios sobre alguma pessoa se diz que ele tem boca de “cuã”. Obvio que deveria ser bico eis que se trata de ave, né? É isto. abraços de novo agradecidos,

  27. Neusa Maria Fontolan
    18 de março de 2017

    Apenas um assassino contando sua vida desde o nascimento, a uma advogada ou médica. E vamos botar a culpa no coitado do pássaro por todas suas maldades. O tema foi abordado e o conto está muito bem escrito. É um bom trabalho.
    Boa sorte
    Destaque: “Pousada no galho oculto da gameleira a macuã piava enquanto eu nascia. Desespero de mamãe em meio ao horror daquela ave, numa noite que era para ser só de alegria.”

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      pois é… legal. Obrigado pelos seus comentários e destaque. Abraços agradecidos.

  28. Olisomar Pires
    17 de março de 2017

    Interessante. Bem escrito e envolvente. Vamos lendo, imaginando um desenlace espetacular, mas a promessa não se cumpre e ficamos apenas no bom relato mesmo. O que não é pouca coisa.

    Um serial killer idoso não é novidade, mas essa história trouxe a psicopatia envolvida numa desculpa mística.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      puxa, um sete e meio de alguém tão exigente é banquete para talheres de prata. Obrigado pelos comentários. Pena que o final não o tenha encantado. Continuarei tentando. abraços

  29. G. S. Willy
    17 de março de 2017

    A escrita é muito boa, tranquila, explicativa na medida correta. A história do personagem também é interessante, crível, e dá uma certa curiosidade em ler mais sobre a vida dele, causos e aventuras. O único porém de todo o conto é sua falta de folclore. Está mais para crendice, e mesmo essa não aparece claramente, digo, não é visível para o leitor, é algo que paira sobre a vida do personagem apenas. Talvez a ideia do desafio fosse explorar o folclore sobre novas perspectivas, ou tenha sido isso que somente eu esperava, não sei dizer…

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      Pena mesmo que não tenha conseguido lhe passar a questão do folclore. Falha minha. Sobre a minha história, eis um pequeno resumo explicativo, mas claro que se quiser saber mais é algo que gosto de explorar e pesquisar quando vou pra roça e tenho uns bons causos a respeito. Trata-se de um folclore bem regional. Situa-se no sertão mineiro. Parentes meus têm uma fazenda em Paraúna, entre Curvelo e Diamantina, chamada exatamente de Macuã. Bem, a palavra, conforme minhas pesquisas e conversas com moradores e tios mais velhos vem da acauã, uma ave que em muitas partes do Brasil é considerada de mau agouro. Dizem por aquelas bandas, que ela quando canta traz a morte de alguém, ou se o dito sobrevive se torna pactário (do demo). Isto me foi contado por um morador lá das vizinhanças da fazenda, de nome Zarcanjo (claro que é José Arcanjo). Bem, resumindo: a acauã virou na boca do sertanejo acuã com o má adiante. Mais um detalhe, por lá também quando alguém diz alguma coisa ruim de outro, ou que faz maus presságios sobre alguma pessoa se diz que ele tem boca de “cuã”. Obvio que deveria ser bico eis que se trata de ave, né? É isto. abraços agradecidos,

  30. Priscila Pereira
    16 de março de 2017

    Oi José, esse é o segundo conto no estilo “monólogo” desse desafio. Está bem escrito e interessante, a narrativa prende o interesse e vamos descobrindo mais sobre esse assassíno em série. Vou pesquisar sobre o macuã depois. Boa sorte!!

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      Para ajudar sua pesquisa, eis que acredito que não encontrará nada no oráculo: Sobre a minha história, eis um pequeno resumo explicativo, mas claro que se quiser saber mais é algo que gosto de explorar e pesquisar quando vou pra roça e tenho uns bons causos a respeito. Trata-se de um folclore bem regional. Situa-se no sertão mineiro. Parentes meus têm uma fazenda em Paraúna, entre Curvelo e Diamantina, chamada exatamente de Macuã. Bem, a palavra, conforme minhas pesquisas e conversas com moradores e tios mais velhos vem da acauã, uma ave que em muitas partes do Brasil é considerada de mau agouro. Dizem por aquelas bandas, que ela quando canta traz a morte de alguém, ou se o dito sobrevive se torna pactário (do demo). Isto me foi contado por um morador lá das vizinhanças da fazenda, de nome Zarcanjo (claro que é José Arcanjo). Bem, resumindo: a acauã virou na boca do sertanejo acuã com o má adiante. Mais um detalhe, por lá também quando alguém diz alguma coisa ruim de outro, ou que faz maus presságios sobre alguma pessoa se diz que ele tem boca de “cuã”. Obvio que deveria ser bico eis que se trata de ave, né? É isto. abraços agradecidos, pelo seu sete.

      • Priscila Pereira
        1 de abril de 2017

        Muito obrigada pela aula Fernando, eu gostei bastante de aprender mais sobre essa lenda. Foi muito original o jeito como a contou no seu texto.

  31. Antonio Stegues Batista
    16 de março de 2017

    Procurei em dicionários e na internet alguma coisa sobre o pássaro ou ave macuã e não encontrei. Fico em dúvida se existe, se tem alguma lenda sobre ele. O enredo do conto e a escrita não é ruim, o problema é o personagem mitológico que não encontrei no folclore brasileiro. O tema é folclore brasileiro.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      Para ajudar na sua pesquisa. Só espero que o fato de não ter achado nada no oráculo tenha prejudicado a minha nota. rindo aqui: Sobre a minha história, eis um pequeno resumo explicativo, mas claro que se quiser saber mais é algo que gosto de explorar e pesquisar quando vou pra roça e tenho uns bons causos a respeito. Trata-se de um folclore bem regional. Situa-se no sertão mineiro. Parentes meus têm uma fazenda em Paraúna, entre Curvelo e Diamantina, chamada exatamente de Macuã. Bem, a palavra, conforme minhas pesquisas e conversas com moradores e tios mais velhos vem da acauã, uma ave que em muitas partes do Brasil é considerada de mau agouro. Dizem por aquelas bandas, que ela quando canta traz a morte de alguém, ou se o dito sobrevive se torna pactário (do demo). Isto me foi contado por um morador lá das vizinhanças da fazenda, de nome Zarcanjo (claro que é José Arcanjo). Bem, resumindo: a acauã virou na boca do sertanejo acuã com o má adiante. Mais um detalhe, por lá também quando alguém diz alguma coisa ruim de outro, ou que faz maus presságios sobre alguma pessoa se diz que ele tem boca de “cuã”. Obvio que deveria ser bico eis que se trata de ave, né? É isto. abraços agradecidos,

  32. marcilenecardoso2000
    16 de março de 2017

    Um homem culto, amaldiçoado, conformado. Ótimas premissas para um conto de terror. Gostei da leveza com que ele conta as atrocidades atribuindo a culpa ao pássaro maldito, ou à maldição. Na verdade as pessoas fazem isso o tempo todo, colocam a culpa no demônio.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      obrigado pelo comentário e pela nota. Fiquei feliz. Grato.

  33. Eduardo Selga
    16 de março de 2017

    A narrativa é de excelente qualidade, lembrando em várias passagens a sintaxe e a semântica de Guimarães Rosa, no sentido de que ele não reproduzia e sim criava um falar regional, com neologismos (“[…] quase-quase do despencar […]”), palavras inusuais, não sendo neologismos (“sugerem mesmo que eu seja pactário. Toleima”), imagens inusitadas acerca dos interiores (“e será que sertão tem margens, ou ele persiste de existir em qualquer rincão?”), nome próprio extraídos da oralidade (“Zarcanjo”, corruptela de “os arcanjos”), plurais incabíveis na norma padrão, mas que esteticamente funcionam muito bem (“[…] e perdeu as fomes resolvendo morrer assim, de mansinho”), construções frasais novas e não ornamentadas para significar algo bem simples (“[…] mas não criei prazer” por “mas não gostei”), dentre outras coisas.

    Esse tipo de texto corre um grande perigo: parecer forçado, sem a naturalidade muitas vezes exigida ao conto. No entanto, tal problema não ocorreu aqui, e o regionalismo criado certamente a partir de leituras e de observação das mais variadas fontes soou muito natural para aquele leitor que, urbano e morador do Sudeste ou Sul, tem uma visão idealizada do falar regionalista dos outros Brasis.

    Tive dificuldade de encontrar informação sobre a lenda de Macuã, ou o personagem lendário com esse nome. Encontrei Acauã, ave considerada de mal agouro, e que se enquadra mais ou menos no texto. Mas isso não faz diferença, para mim. Inclusive, se fosse uma lenda inventada, eu admitiria como adequada à disputa, porque apresenta forte brasilidade.

    Em “eu fazia coro me disse […]” deveria haver uma VIRGULA após a palavra CORO.

    • Eduardo Selga
      17 de março de 2017

      Na verdade, “Zarcanjo” é corruptela de José Arcanjo, o pseudônimo que assina o conto.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      Puxa, um comentário desses é para se degustar em banquete com talheres de prata e guardanapos de linho bordado. Que bacana. Não sabe como me deixou feliz, Eduardo. Agradecido demais aqui.
      Sobre o meu folclore você foi no caminho certo. Eis um pouco, bem resumido, do que levantei da lenda: Trata-se de um folclore bem regional. Situa-se no sertão mineiro essa raiz. Parentes meus têm uma fazenda em Paraúna, entre Curvelo e Diamantina, chamada exatamente de Macuã. Bem, a palavra, conforme minhas pesquisas e conversas com moradores e tios mais velhos vem da acauã, uma ave que em muitas partes do Brasil é considerada de mau agouro. Dizem por aquelas bandas, que ela quando canta traz a morte de alguém, ou se o dito sobrevive se torna pactário (do demo). Isto me foi contado por um morador lá das vizinhanças da fazenda, de nome Zarcanjo (José Arcanjo). Bem, resumindo: a acauã virou na boca do sertanejo acuã com o má adiante. Mais um detalhe, por lá também quando alguém diz alguma coisa ruim de outro, ou que faz maus presságios sobre alguma pessoa se diz que ele tem boca de “cuã”. Obvio que deveria ser bico eis que se trata de ave, né? É isto. abraços por demais agradecidos,

  34. catarinacunha2015
    16 de março de 2017

    Não conheço esse pássaro e nem a lenda. Só consigo pensar no Acauã, que tem um mau agouro em sua fama. Carece explicação. A narrativa fluiu muito bem na primeira pessoa. A personalidade do velho foi se mostrando aos poucos, no decorrer da prosa. O lado do homem bom, honesto e justo foi evoluindo para um predador cruel, até culminar com um psicopata em todo o seu esplendor, sem perder a ternura jamais. Forte, muito forte.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      Um 9,9 da Catarina! Uau. Saboeando aqui este banquete. Vale um brinde com Serra Malte. Obrigado demais, viu? Você me deixou feliz. Sobre a minha lenda que carece de explicação, aqui faço um resumo: Trata-se de um folclore bem regional. Situa-se no sertão mineiro. Parentes meus têm uma fazenda em Paraúna, entre Curvelo e Diamantina, chamada exatamente de Macuã. Bem, a palavra, conforme minhas pesquisas e conversas com moradores e tios mais velhos vem da acauã, uma ave que em muitas partes do Brasil é considerada de mau agouro. Dizem por aquelas bandas, que ela quando canta traz a morte de alguém, ou se o dito sobrevive se torna pactário (do demo). Isto me foi contado por um morador lá das vizinhanças da fazenda, de nome Zarcanjo (claro que é José Arcanjo). Bem, resumindo: a acauã virou na boca do sertanejo acuã com o má adiante. Mais um detalhe, por lá também quando alguém diz alguma coisa ruim de outro, ou que faz maus presságios sobre alguma pessoa se diz que ele tem boca de “cuã”. Obvio que deveria ser bico eis que se trata de ave, né? É isto. abraços agradecidos,

  35. M. A. Thompson
    16 de março de 2017

    Olá “José Arcanjo”. Parabéns pelo seu conto. Acho que faltou trabalhar melhor a estrutura narrativa, principalmente a abertura que não me motivou a ler, só o fiz como obrigação do concurso. No geral é um bom conto, apenas não caiu no meu gosto, por conta dessa introdução que achei pouco elucidativa e convidativa. Boa sorte!

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      lamento que tenha se sentido obrigado, por conta da estrutura do concurso, a ler todo o meu conto. Obrigado pelo seu comentário.

  36. Roselaine Hahn
    15 de março de 2017

    Oi José Arcanjo, gostei da sua prosa, uma bela história, apesar de eu não ter conseguido identificar a associação com o folclore, não encontrei a lenda de Macuã. Algumas passagens que me cativaram , em especial “As penas somadas o resultado que dava, o advogado fez contas, era 587. Mais do que a vida do país”; “Mamãe tinha gosto em jogar no bicho e era eu quem dizia dos sonhos, das gentes que apareceram. Possuía sabedoria de transformar tudo em animal e desses, num zap, gerava números”, e também da morte encomendada pelo corno. Não entendi a frase “Eu fazia coro me disse”, faltou alguma palavra aí. No mais, acertou a mão. Muito bom.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      Puxa, obrigado pelo carinho de tão grandes comentários. Fez-me feliz como também a nota que me deu. Bacana. Sim, depois de coro tem vírgula que a comi. Desculpas. Sobre a lenda, ela infelizmente não está no google e em livros que eu conheça. Faço aqui um pequeno resumo então: Trata-se de um folclore bem regional. Situa-se no sertão mineiro. Parentes meus têm uma fazenda em Paraúna, entre Curvelo e Diamantina, chamada exatamente de Macuã. Bem, a palavra, conforme minhas pesquisas e conversas com moradores e tios mais velhos vem da acauã, uma ave que em muitas partes do Brasil é considerada de mau agouro. Dizem por aquelas bandas, que ela quando canta traz a morte de alguém, ou se o dito sobrevive se torna pactário (do demo). Isto me foi contado por um morador lá das vizinhanças da fazenda, de nome Zarcanjo (claro que é José Arcanjo). Bem, resumindo: a acauã virou na boca do sertanejo acuã com o má adiante. Mais um detalhe, por lá também quando alguém diz alguma coisa ruim de outro, ou que faz maus presságios sobre alguma pessoa se diz que ele tem boca de “cuã”. Obvio que deveria ser bico eis que se trata de ave, né? É isto. abraços agradecidos,

  37. Matheus Pacheco
    15 de março de 2017

    Conto excepcional. É em historias assim que devemos dar valor as pequnas advesidades da nossa vida.
    Porque comparada ao do protagonista é fichinha…
    Abração ao autor, desculpe não comentar mais, mas é sempre uma dança comentar pelo celular.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      Obrigado pelo comentário e pela nota. Sem querer ganhar nota melhor, não entendi esse começo taxando o meu conto de excepcional e a nota sendo 7,5. Abraços agradecidos por ter gostado do meu conto.

      • Fernando Cyrino
        1 de abril de 2017

        acho que entendi o excepcional ser 7,5. Releve o comentário acima. Outro abração agradecido. Realmente nossa vida é fichinha perto da desse serial killer. kkkk

  38. Fheluany Nogueira
    15 de março de 2017

    Existe uma ave de rapina, muito comum no Brasil (Nordeste) e na América Central, conhecida como Macauã ou Acauã. Diz a lenda que é um pássaro de mau-agouro e que, quando uma pessoa está gravemente doente tais aves aproximam-se da casa e passam a cantar, prenúncio da morte — é o que encontrei, mais próximo do conteúdo deste conto.

    Narrativa interessante esta, um monólogo com interlocutor que nunca responde, a “doutora”, provavelmente a advogada dele. Trata-se de um presidiário, então em um asilo para idosos, foi um matador por encomenda e agora mata os companheiros por pena. Ele justifica os crimes dentro da lenda, era um amaldiçoado. São citados outros elementos folclóricos, dentro do contexto: o jogo do bicho, a simbologia dos sonhos, a força da oração, a crença religiosa.

    É um texto bem estruturado, bem escrito e convincente; somente tenho a observar um senão, que se trata mais de uma convenção gráfica do que de uma norma gramatical: escrever por extenso os números de apenas um dígito, quais sejam, de 1 a 9; fica mais elegante.

    Parabéns, abraços.

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      obrigado pelo comentário e pela bela nota. partindo de você ela me soa ainda mais bacana. Não conhecia esta convenção gráfica e sou-lhe agradecido por ela. Sobre a lenda para auxiliar na sua pesquisa, eis que não há registros que eu tenha encontrado em livros e no oráculo: Trata-se de um folclore bem regional. Situa-se no sertão mineiro. Parentes meus têm uma fazenda em Paraúna, entre Curvelo e Diamantina, chamada exatamente de Macuã. Bem, a palavra, conforme minhas pesquisas e conversas com moradores e tios mais velhos vem da acauã, uma ave que em muitas partes do Brasil é considerada de mau agouro. Dizem por aquelas bandas, que ela quando canta traz a morte de alguém, ou se o dito sobrevive se torna pactário (do demo). Isto me foi contado por um morador lá das vizinhanças da fazenda, de nome Zarcanjo (claro que é José Arcanjo). Bem, resumindo: a acauã virou na boca do sertanejo acuã com o má adiante. Mais um detalhe, por lá também quando alguém diz alguma coisa ruim de outro, ou que faz maus presságios sobre alguma pessoa se diz que ele tem boca de “cuã”. Obvio que deveria ser bico eis que se trata de ave, né? É isto. mais abraços agradecidos,

  39. angst447
    14 de março de 2017

    Conto de bom tamanho, mantendo um ótimo ritmo de narração. O estilo me fez lembrar de Grandes Sertões Veredas, de Guimarães Rosa, o narrador em primeira pessoa e o seu linguajar característico.
    O tema proposto pelo desafio foi abordado já no título. Não encontrei “macuã”, mas suponho que seja o mesmo que cauã, macaã, macaguã, macauã, nacauã, uacauã, acuã, gavião-cauã, gavião-couã e maçaguã, todos derivados do termo tupi waka’wã.
    Não encontrei falhas de revisão, já que a linguagem empregada é bem particular.
    O texto prende a atenção, pois apesar do narrador ser um matador confesso, é impossível não simpatizar com ele.
    Bom trabalho!

    • Fernando Cyrino
      1 de abril de 2017

      que honra sinto em ter comparado meu estilo com Grande Sertão: veredas. Puxa, mais que demais!!! Sou-lhe por demais grato, viu? Sobre a minha história infelizmente ela não consta no oráculo e também jamais a vi em livros. Faço um pequeno resumo para ajudá-la: Trata-se de um folclore bem regional. Situa-se no sertão mineiro. Parentes meus têm uma fazenda em Paraúna, entre Curvelo e Diamantina, chamada exatamente de Macuã. Bem, a palavra, conforme minhas pesquisas e conversas com moradores e tios mais velhos vem da acauã, uma ave que em muitas partes do Brasil é considerada de mau agouro. Dizem por aquelas bandas, que ela quando canta traz a morte de alguém, ou se o dito sobrevive se torna pactário (do demo). Isto me foi contado por um morador lá das vizinhanças da fazenda, de nome Zarcanjo (claro que é José Arcanjo). Bem, resumindo: a acauã virou na boca do sertanejo acuã com o má adiante. Mais um detalhe, por lá também quando alguém diz alguma coisa ruim de outro, ou que faz maus presságios sobre alguma pessoa se diz que ele tem boca de “cuã”. Obvio que deveria ser bico eis que se trata de ave, né? É isto. abraços agradecidos,

      • angst447
        1 de abril de 2017

        Obrigada por ter esclarecido a questão da lenda regional. Bem interessante mesmo. Pretendo nunca me tornar alguém com boca de cuã…rs. Parabéns mais uma vez pelo seu ótimo conto. 🙂

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Publicado às 10 de março de 2017 por em Folclore Brasileiro e marcado .