Pernambuco- 1938
Uma mosca voejava na janela e o zumbido dela era o único ruído que o delegado Ubiratã ouvia naquele início de tarde quente. Recostado na cadeira, ele começou a cochilar. Batidas leves na porta, interrompeu a sua sesta.
– O doutor prefeito deseja falar com o senhor. – disse o escrivão metendo a cabeça pela porta entreaberta.
O delegado se aprumou. – Manda entrar.
Gumercindo Novais entrou e os dois se cumprimentaram com um vigoroso aperto de mão.
– Em que posso lhe ser útil? – indagou Bira, oferecendo acento.
– Ouvi dizer que Galdino Rubião e seu bando fez rebuliço em Cachoeira e parece que ele está vindo para estes lados. Dizem que ele é como uma praga, onde passa tudo morre!
Bira esboçou um sorriso de confiança.
-Tenho certeza que Tupã vai enviar o Boitatá para castigar o homem.
O prefeito surpreendeu-se, hesitante. Sempre achou que o governo errou na escolha de um índio para o cargo de delegado. Ubiratã era corajoso, honesto, tinha sido um bom soldado e agora como delegado, aplicava a lei com rigor, mas não deixava de ser um índio supersticioso.
– Não posso acreditar que um boi divino possa nos proteger! – argumentou o prefeito.
– Não é boi, é cobra. Cobra de fogo. Baê tata, coisa de fogo, fogo que corre. Protege a floresta e os animais.
– Vamos ser mais realistas.- pediu Gumercindo. -Temos soldados suficientes para enfrentar os cangaceiros, caso eles resolvam atacar Riacho Torto?
– Tenho um pelotão efetivo de oito soldados, mas posso arregimentar mais quinze, ou vinte voluntários em caso de emergência. – Ubiratã abriu um largo sorriso de confiança. – Não se preocupe, doutor, a segurança tá garantida!
Gumercindo sacudiu a cabeça.- Assim espero. Bom, eu vim aqui mais precisamente para convidar o senhor e sua família para assistir o casamento da minha filha na igreja com o doutor Ernesto, no próximo sábado.
– Obrigado pelo convite! Iremos com certeza.
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Uma lagartixa esgueirou-se vacilante pela parede e numa rápida corrida, sumiu num pequeno buraco do forro. Abaixo, Durvalino Fragoso folheava uma revista, já lida quinhentas vezes, quando alguém entrou na barbearia.
– Boa tarde! Gostaria de aparar o cabelo.
– Mas, claro! Sente-se. – Durvalino levantou-se e virou a almofada. O homem sentou-se, perguntado:
– Quais são as novidades? Vi a rua toda enfeitada!
O barbeiro estendeu o avental sobre seus ombros. – Vai haver festa na cidade! O doutor Ernesto Figueiras vai casar com a senhorita Flora Novais, a filha do prefeito.
– E quando vai ser o casório?
– Pois, é amanhã! Dona Conceição Olinto já tá preparando o banquete.
– Vai ter comes e bebes, então?
– Tudo pago pelo prefeito.
– E o baile? Festa de casamento sem baile não é festa!
– Com certeza. A bandinha do Nhô Nico vai animar o bate-coxa lá na sede da igreja. A cidade toda foi convidada. O senhor não vai? Como é mesmo o seu nome?
– Me chamo Romildo. Não vou poder ir, não. Estou de viagem para a capital.
– A passeio?
– A trabalho. Sou caixeiro viajante.
Durvalino acabou o serviço, recebeu o pagamento e acompanhou o cliente até a porta. Viu o homem se afastar a passos lentos, olhando para o prédio da delegacia. O barbeiro achou estranho um caixeiro viajante sem maleta! Nem podia imaginar que aquele homem era um espião dos cangaceiros.
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Um cachorro coçava as pulgas na porta da igreja. A rua estava enfeitada com bandeirinhas de papel colorido. Na praça, um grupo de meninos soltavam pipas. Dentro da igreja, em frente ao altar, o doutor Ernesto esperava a noiva ao lado do padre. Nos bancos, os convidados, amigos, conhecidos e desconhecidos também esperavam curiosos pela entrada da noiva.
Gumercindo Novais e a noiva, chegaram de charrete enfeitada com grinaldas de flores. Descendo da boleia, o prefeito deu o braço à sua filha, a bela e sorridente donzela, Flora Novais. Mas, eles nem chegaram a entrar. Um tropel de cavalos soou na rua. Cangaceiros surgiram de repente galopando e disparando seus rifles para o alto. Houve um rebuliço, gritos, correrias. Um deles avançou com o cavalo e derrubou o prefeito. Sem mesmo desmontar, Galdino Rubião segurou a espantada e paralisada noiva pela roupa, levantou-a e a colocou atravessada sobre o pescoço da montaria. Assim, como uma lufada de vento, o bando de cangaceiros chegou e se foi.
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Oito anos depois.
O galo cantou. Ernesto acordou pensando em Flora. Fazia tempos que não pensava nela. Recordações impossíveis de esquecer, uma mágoa impossível de não sentir. Lembrava da jovem em seu vestido branco, a coroa de flores cingindo a fronte, arrebatada na porta da igreja. Galdino Rubião chegou naquele dia trazendo a dor e a tristeza, a seca e o desânimo. Levou sua noiva, levou a alegria e o amor de Ernesto e ele, depois disso, abandonou a cidade e enfurnou-se no sertão. Passou anos procurando a amada. A última notícia que teve do cangaceiro, davam conta que ele passou com seu bando por Brumado, na Bahia. Isso foi há 5 anos.
A esperança pela volta de Flora, mantinha Ernesto vivo. Deixou de ser médico, deixou de sorrir. Virou ermitão. Acordou aquele dia com um estranho pressentimento, um coçar atrás do cocuruto. Sentia-se inquieto, naquela manhã que se iniciava, quente e seca.
Tomou o café, colocou o chapéu e saiu. Ficou parado, olhando a paisagem cinzenta, inerte, imutável. No passar de olhos, teve a impressão de ver Flora atrás de um monte de lenha. Quando voltou a olhar, não viu ninguém lá, só as toras de madeira. Achou que foi imaginação, um engano da vista só porque havia pensado nela. Pegou o balde e se dirigiu para o açude, buscar a água que ainda restava. Mas, em lá chegando não encontrou mais nada, somente a desolada depressão de barro seco e rachado. Desanimado, começou a voltar pelo mesmo caminho e foi então que ele viu a figura escura e lúgubre, na orla da galhada cinzenta.
O homem vestia roupas escuras, na cabeça um chapéu preto de aba dobrada, nos dedos longos, anéis de prata e ouro. Sentado num tronco, de cabeça baixa, mexia com um graveto um carreiro de formigas. O rifle estava encostado no tronco de um umbuzeiro, talvez o dono confiante na boa sorte, dispensava a segurança. O umbuzeiro, sendo resistente à pior seca, tinha morrido a um simples toque da mão daquele homem. Ernesto logo soube que era o famigerado cangaceiro, Galdino Rubião. O homem que raptou sua noiva.
O bandido estava distraído, sem perceber a presença dele. Ernesto decidiu pegar a arma. Era só dar dois passos largos até o umbuzeiro. Precisava ser rápido, antes que o homem o visse. Tinha que dominá-lo e perguntar onde estava Flora, o que havia acontecido com ela. Mas, nesse instante, Galdino ergueu o rosto magro, queimado pelo sol. Uma expressão de surpresa passou rápido por suas faces. Olhou de esguelha para a arma e voltou a encarar Ernesto, esboçando um sorriso. Mas, não era um sorriso cordial.
– Hoje vai ser mais um dia quente, não é seu moço?
Uma pergunta sem interesse, por modo de assunto. Ernesto sabia que o bandoleiro não hesitaria em mata-lo, caso fosse ameaçado. Queria se atirar ao pescoço dele, mas se controlou, optou por um meio mais civilizado.
– Onde está a moça que o senhor raptou em Riacho Torto? Flora Novais? O senhor a levou da porta da igreja a oito anos atrás!
Um lampejo passou pelos olhos do homem. Fez uma pausa, tentando fazer a ligação daquele desconhecido com o fato. Sabia agora que fora reconhecido e evidentemente, precisava tomar decisões. Olhou para Ernesto avaliando o grau de perigo. Achou que ele não era ágil o bastante para pegar o rifle antes dele. Bastava espichar o braço.
– Não sei do que o senhor está falando! Parei aqui para descansar um pouco. Esse calor medonho nos põe lasso, embota nossos sentidos. O senhor está me confundindo com outra pessoa. Se estou incomodando, é melhor me retirar.
Ernesto se movimentou mais rápido. Deu um salto, pegou a arma e engatilhou, apontando para o peito do espantado cangaceiro, que tentou argumentar.
– Cuidado! O senhor está enganado. Meu nome é Severino Fabiano da Rosa, agricultor em retirada para outras bandas, que aqui a seca me arruinou.
– Conversa que não me engana, Galdino Rubião!
Com os sentidos dirigidos ao homem, Ernesto não percebeu que alguém se aproximava por trás dele, com a mão erguida segurando um punhal. Foi o estalo de um graveto partido que o alertou. Ele girou o corpo no exato momento em que o braço descia. A lâmina cortou o ar. Com aquele movimento brusco, Ernesto perdeu o equilíbrio e caiu de costas no chão duro. A cangaceira se atirou sobre ele como uma onça furiosa. Mal teve tempo, Ernesto, de segurar pelo punho o braço armado. Preso sob o corpo dela, com a ponta do punhal a centímetros de sua garganta, sentiu no rosto a respiração ofegante da mulher. Só então, descobriu que era Flora, sua noiva, determinada a matá-lo!
Flora Novais, obrigada a seguir os cangaceiros, a viver como eles, se vestir como eles e se tornar um deles. Evidentemente, Galdino a dominou, manipulou suas vontades, seus pensamentos fazendo com que esquecesse o passado.
– Flora! Sou eu, Ernesto!
Ela pareceu não ouvir, continuou tentando feri-lo.
– A gente ia se casar. Procura lembrar!
As palavras conseguiram romper a barreira do esquecimento. A expressão no rosto dela suavizou-se, a força diminuiu, o olhar se acendeu.
O nome dele foi pronunciado com hesitação, num som rouco. – Ernesto?
Ela se ergueu, confusa, ele também se levantou, expectante. Flora largou o punhal e aproximou-se, segurando o rosto dele com as duas mãos. Agora ela o reconhecia. Havia deixado escapar da memória, o seu passado, o seu noivo, mas agora as lembranças voltaram para ficar. A voz de Galdino soou, ameaçadora.
– Seu moço não vai desfrutar desse reencontro. Vou matar os dois!
Ernesto voltou-se. Tinha esquecido o cangaceiro. O bandoleiro recuperou o rifle e apontava para ele. Ernesto estremeceu. Logo agora que havia encontrado sua noiva! Ele pensou em se atirar contra Galdino, antes que apertasse o gatilho. Sabia que as chances eram mínimas. Mas, antes que pudesse fazer qualquer coisa, um som sibilante, um crepitar de fogo soou bem perto.
O bandido percebeu o olhar espantado de Ernesto e Flora. Ele voltou-se para ver o que havia às suas costas. Era o Boitatá, a cobra de fogo, o fogo-que-corre, protetor das matas e dos animais. Galdino já tinha ouvido falar naquela criatura e achava que era um mito. Ele apertou o gatilho várias vezes contra o monstro, mas de nada adiantou. Tentou fugir, mas tropeçou e caiu. Com os olhos em brasa, o corpo em chamas, o boitatá avançou contorcendo-se e abocanhou o homem pelas pernas. Fez um giro com sua presa e se foi por onde tinha chegado. Os gritos de Galdino Rubião foi sumindo pelo caminho, deixando o silêncio em seu lugar.
Ainda assombrado pelo acontecimento, a moça reagiu ao sentir as mãos de Ernesto segurando as suas. Um trovão soou. Os dois estavam abraçados quando a chuva começou a cair. Não levou muito tempo, um broto nasceu no umbuzeiro seco.
Olá! Para organizar melhor, dividirei minha avaliação em três partes: a técnica, o apelo e o conjunto da obra.
Técnica: quem escreveu demonstra um bom domínio de narrativa, com as mudanças de perspectiva, amarrando cada corte em sua devida ponta (inclusive com a aparição do Boitatá, premeditada na primeira passagem e fechando o ciclo).
Apelo: cada arco começa com um animal (mosca, lagartixa, cachorro, galo) atuando da forma que lhe cabe – e só depois passando para a história que realmente interessa. Pareceu-me uma maneira de representar a vida que a todos cerca e que a lenda protege. Tudo está em movimento. A narrativa é um enfoque, mas o mundo não para por ela, e isso é muito interessante.
Conjunto: é mais um conto muito bom, principalmente pela técnica demonstrada.
Parabéns e boa sorte.
Esse conto estava ficando entre meus preferidos, pelo menos até a metade. No início, a ameaça dos cangaceiros criou um ótimo clima de suspense. Lembrou-me Alto da Compadecida, principalmente pelo personagem do cangaceiro espião, que vem a cidade para analisar as coisas antes do ataque. Em seguida, o cangaceiro rouba a esposa e o doutor Ernesto se torna um homem amargurado, solitário, sedento por vingança. O conto prometia até aí. Mas depois fica tudo muito aleatório. Simplesmente o cangaceiro retorna, o doutor o encontra descansando no meio do tempo, e por incrível que pareça Flora também está lá. Conveniência demais. E depois de tudo ainda surge o Boi tá tá. Beleza que no início é explicado que o boi tá tá anda por aqueles lados, mas mesmo assim não deixou de parecer gratuita a sua aparição. Acho que a segunda metade do conto não foi boa. Foi apressada e ficou abaixo do nível da primeira.
Parece que eu estava adivinhando, seis ou sete textos que parecem “pontos” de escola ficaram para o fim. Este aqui começa com local e data em cabeçalho, como um guião de cinema. Este é mais um autor que esqueceu que lenda não tem data nem endereço. Lenda é “antigamente” e em qualquer lugar.
Outros motivos que me levaram a deixar este texto para o último lugar foram os comentários negativos que eu cheguei a ver na comu Entre-Contos e o título.
Considerei o título um tanto evocativo de O Misterioso Rapto de Flor-do-Sereno, de Haroldo Bruno, uma obra que foi muito popular nos anos oitenta porque foi um dos primeiros livros cujos direitos a recém-criada Editora Globo (ex Rio Gráfica, então comprada pelo grupo Globo) adquirira. Passava propaganda disso cada meia hora na televisão.
Na leitura fui vendo qualidades e defeitos. Um dos defeitos é a explicação do delegado para a etimologia de “boitatá”. Sendo o delegado um índio, ele teria de saber a etimologia correta, então ele não poderia dizer “baê tatá” (coisa de fogo), teria que saber que é “boî tatá”. À parte à falta da prenasalização (que pode ser suprida pela convenção de que a nasalização a implica), temos uma diferença de sentido (“coisa”, mbaé versus “cobra”,mboî) e de pronúncia: “mbaé” tem duas sílabas, enquanto “mboî” tem uma só.
Veja bem, isso só é um problema porque o autor coloca essas palavras na boca de um delegado índio. Se o delegado fosse qualquer vivente isso não seria problema, mas se o delegado é um índio, então ele teria que saber. Isso é que é uma explicação desnecessária e errada. Em um desafio que se propõe a valorizar o folclore nacional, é uma falha a se corrigir.
A presença do boitatá nessa história é completamente postiça e é claramente um “deus ex machina”, ou no caso, uma “serpens flamantis ex machina”. Isso prejudica a coerência também.
Vamos às notas.
Média 7,26
Introdução: 10,0 — gostei do parágrafo inicial
Enredo: 7,0 — não me pareceu grande coisa, mas tem qualidade
Personagens: 5,0 — todos muito caricatos, principalmente o desnecessário índio e o boitatá inserido a marteladas em um lugar onde não deveria estar.
Cenário: 10 — as descrições do sertão estão muito boas
Forma 6,0 — várias escorregadelas no estilo e na linguagem
Coerência 6,0 — o salto temporal explícito é uma maneira porca de trabalhar com duas linhas cronológicas, a presença do boitatá não era cabível na trama e o delegado só estava lá, caricato como ele só, para falar do boitatá, e ainda por cima fez errado essa única coisa para a qual foi criado: explicar o boitatá.
Legal o seu conto. A mistura do cangaço com o folclore não deixa de ser interessante, até porque o cangaço passou a ser parte efetiva da nossa manifestação cultural. A maneira que você encontrou de fazer o Boitatá, enviado por Tupã, para atuar ficou legal. Pena que ele não tenha aparecido naquele primeiro momento, o do casamento, não é mesmo? Parabéns. Bem, além da história bem contada tenho algo a lhe sugerir. Que tal dar uma revisada na sua história? há alguns acertos que solicitam ser feitos. No primeiro parágrafo você poderá encontrar o primeiro deles. abraços.
Uma história interessante, mas que me pareceu mal explorada. Pretensiosa demais para caber em apenas 2 mil palavras. Foram tantos personagens que nenhum deles ganhou força – sem contar a confusão que era ler vários nomes diferentes de pessoas diferentes e tentar se lembrar de quem era quem.
Dado o devido espaço, o seu conto teria mais impacto. Já é uma história boa como está, mas soa muito corrida. Eu queria, por exemplo, saber mais de Ubiratã, o delegado, que me parece um personagem interessante mas que sumiu em poucas linhas do conto.
Sua técnica é boa, mas sua pontuação por vezes atrapalha a leitura, especialmente as vírgulas. Muitas pausas estão em lugares estranhos, onde não faz sentido pausar. O conto também precisa de um pouco mais de revisão, já que avistei alguns erros de português no caminho.
Por fim, o folclore pareceu jogado aqui de qualquer jeito, como se a história já estivesse pronta e você só colocou alguma coisa sobre o boitatá no final. Os últimos parágrafos a la “Deux Ex-Machina” foram gratuitos, sem preâmbulos e sem um objetivo. A cena foi bonita de imaginar, mas a motivação dela me foge.
O conto é muito original. Me parece que você tem uma boa ideia do que queria aqui, mas trouxe a história para o concurso/desafio errado. =)
Olá, autor (a). Parabéns pelo seu conto. Vamos aos comentários:
a) Adequação ao tema: sem duvida
b) Enredo: simples e bem pitoresco. Há um certo clima de faroeste caboclo na estória. Também lembrou-me bastante da novela Roque Santeiro, dos anos oitenta. Acho que minha única ressalva seria em relação ao final, acredito que neste conto seria melhor ter mantido os elementos fantásticos apenas como pano de fundo ao invés de torna-los parte integrante da estória.
c) Estilo: A narrativa flui bem. Não há grandes rebuscamentos na linguagem. Em alguns momentos, senti que o autor poderia deixar um pouco para o leitor deduzir, ao invés de simplesmente entregar tudo. A frase “Nem podia imaginar que aquele homem era um espião dos cangaceiros”, por exemplo, poderia ter sido dispensada.
d) Impressão geral: Um conto interessante e envolvente. Daria um bom roteiro para um filme ou alguma minissérie. Boa sorte no desafio!
Gostei muito do início do conto, da ambientação e da atmosfera criada no melhor estilo de faroeste – Matar ou Morrer e Sete Homens e um Destino me vieram logo à mente. Há um suspense bem conduzido, sustentado por personagens cativantes e por uma narrativa ágil, fluida e com personalidade. No entanto, na segunda metade essa segurança toda desaparece, com a Síndrome de Estocolmo mal explicada – ainda que esperada. O suspense se torna uma novela mexicana de qualidade duvidosa, arrematada por um final Deus-ex totalmente destoante do desenvolvimento. Vale dizer, o elemento folclórico (boi tatá) parece ter sido inserido à base de marteladas, só para se adequar ao tema. Se fosse suprimido, ou se Galdino tivesse sido atingido por um raio, não teria feito a mínima diferença. Enfim, um conto que começa muito bem, mas que decepciona um tanto na segunda parte. Se fosse reescrita, eliminando-se o elemento sobrenatural, teria muito a ganhar.
O texto, de um regionalismo clássico, é bem conduzido na narrativa e tem estilo dos grandes escritores que se aventuraram por esse caminho. No entanto, e para o desafio, a lenda entra com Deus Ex-Machina, forçadamente, para ocasionar uma situação. Só por isso, não estará entre os meus preferidos. Um abraço.
Fluidez da narrativa: (4/4) – O conto fluiu, foi possível ler de uma vez. Do meio para o final, porém, achei que perdeu um pouco de força. Talvez por que o autor/a autora quisesse ter escrito mais coisa dentro do espaço?
Construção das personagens: (1/3) – Não me conquistaram de todo. Achei que faltou delinear melhor. Ubiratã, por exemplo, some da história. Se era para ser assim, por que foi dado tal destaque pra ele no início? E a Flora desmemoriou desse tanto em 8 anos? Hum, não sei, não me convenceu. Ernesto também tem certas passagens conflituosas. Em um trecho, por exemplo: “Ernesto acordou pensando em Flora. Fazia tempos que não pensava nela. Recordações impossíveis de esquecer, uma mágoa impossível de não sentir.” Se fazia tempos que não pensava nela, não eram tão impossíveis assim, não é mesmo?
Adequação ao Tema: (0,5/1) – Sinceramente, achei o mito meio coadjuvante aqui. Se no lugar dele fosse o Homem-Aranha, teria o mesmo efeito. Ou talvez fosse até mais interessante.
Emoção: (0,5/1) – Não me conquistou por completo. Prometeu muito e não cumpriu tudo.
Estética/revisão: (1/1) – Tem alguns tropeços na revisão. Não sei se entregou em cima da hora, mas são coisas bobas, cabe revisar de forma mais tranquila, o que talvez já tenha feita. Estética simples, correta.
História bacaninha sobre a Síndrome de Estocolmo, neste caso de uma moça que foi raptada por um bando de cangaceiros e assumiu seu lado jagunço para poder sobreviver ao jugo dos bandidos. Li e vi que o pobre boitatá, sequer um coadjuvante, melhor dizendo, um figurante nesta história de amor e cangaço, só ser mencionado no começo, e deu um alô no final, o que me me deixou completamente frustrada na expectativa de ler um texto sobre um mito folclórico. Tudo bem inserir o mito no conto, fazer uma trama ao redor, não ser tão óbvio, mas aqui o negócio foi pesado. Achei a escrita boa, embora tenha me perdido no meio da embromação, no arrastado de muitos detalhes inúteis que não favoreceram à trama, e só evidenciaram a singeleza do enredo. Fiquei a ver navios, porque boitatá que é bom, foi igual à consulta do SUS. Sorte aí. Abraço na cobra grande.
Um bom conto, com aventura, suspense e criatividade, apesar de ser, um pouco, de história já contada através do Auto da Compadecida, mais precisamente, com a vinda de um espião a se sentar na cadeira do barbeiro para saber das novidades. Enfim, nada a condenar sobre o fato, porque é se baseando em narrativas que nos marcam na memória que desenvolvemos novos desafios na escrita.
História muito bem ambientada. De escrita e narrativa fácil e envolvente. As descrições estão no limite perfeito para atingir seu objetivo sem serem enfadonhas. As duas únicas coisas negativas foram alguns problemas de concordância por demais repetitivos e a ausência do tema do desafio na trama central da história. O Boitata só aparece para matar o vilão, coisa que ele nem deveria fazer, visto que defende a mata e os animais. Fora isso, Conto excelente!
Resultado – Average
A história vai bem até esse Boitatá Ex-Machina que aparece do nada pra resolver a situação. Ainda assim, gostei do paralelo western/sertão com cangaceiros fazendo o papel de outlaws e um sheriff índio.
Olá, como vai? Vamos ao conto! Um caso de história com título muito mais interessante que a própria… é melhor que seja o contrário, não acha? Mas não é um conto ruim, é apenas inferior ao seu impressionante título. Na minha opinião, o tema explorado estava mais para Literatura Regionalista do que Folclore Brasileiro. O Boitatá é mencionado no começo, e aparece como um semiheróe herói no final, cumprindo seu papel de adequar ao tema. Alguns erros: “O senhor a levou da porta da igreja a oito anos atrás!”. Estamos falando de tempo passado, então devia ser “…há oito anos atrás!”. A redundância de “atrás” é opcional, eu não considero um erro. “Os gritos de Galdino Rubião foi sumindo pelo caminho, deixando o silêncio em seu lugar”. Não seria “foram sumindo”? No geral, é um bom conto cangaceiro-folclórico. Boa Sorte no Desafio!
Com alguns erros gramaticais bem chatos, este conto acabou despontando com uma complexidade excessiva para o que se propôs. Apesar de interessantes, as reviravoltas pareceram demasiadas para uma história tão curta e a coincidência da última foi desanimadora. O lugar-comum dos crédulos contra os incrédulos também está presente. O conto se destaca dos outros por abordar o cangaço.
o conto foi bom , senti falta do folclore brasileiro até o boi tatá aparecer no final , e foi bem legal dar ideia dele no começo e ele aparecer no final. o conto não tem muitos outros erros, poderia ter uma linguagem melhor em alguns pedaços , de toda a forma , foi muito bom
Olá, Astrogildo.
Bacana o conto, cujo título lembra histórias de cordel. Penso que talvez pelas restrições quanto ao número de palavras, que o texto ficou truncado. Ubiratã apareceu só para falar do boitatá e esse, num enorme deus-ex-machina, aparece no momento devido e dá cabo do maldito cangaceiro.
Há no texto também um tanto por acertar: “acento” x “assento”, concordância verbal, etc.
Nota: 6
Oi, Astrogildo,
Leitura corrida, fácil, agradável. Vislumbrei os personagens. Gostei dos diálogos. Vocabulário muito bom e desenvolvimento da história ótimo. Gostei de tudo. Prendeu minha atenção do começo ao fim.
Gostei bastante da história! Em alguns momentos, o texto até parece um roteiro cinematográfico. Bem conduzido, guarda a participação da “estrela” pro final. Também me agradou o título, que chama a atenção.
Boa sorte!
Olá, Astrogildo,
Tudo bem?
Gostei da mistura cangaço x folclore.
A história está desenvolvida em uma estrutura quase de “velho oeste”, se formos traçar um paralelo fora do Brasil. Uma saga que me lembrou “Lisbela e o Prisioneiro”.
Achei a solução do esquecimento e lembrança da noiva um pouquinho súbita. Sei que a quantidade de palavras permitida no desafio limita um pouco e uma transformação psicológica explicando como ela “esquece e lembra”, necessitaria de mais umas tantas palavras, mas me ficou essa sensação.
Gostei das imagens que você criou na história, da cidade e da construção dos personagens.
Encontrei uns errinhos de revisão (concordância), mas nada que comprometa muito.
O boitatá justiceiro no final ficou interessante, justificado pelo nome da personagem “Flora”.
Parabéns por seu trabalho e boa sorte no desafio.
Beijos
Paula Giannini
Oi,
A história do cangaceiro que rapta a jovem noiva no sertão, apesar de um pouco clichê, teve um desenvolvimento bacana. Gostei do início, do Ubiratã, índio e delegado, um tipo incomum e que poderia ter sido melhor aproveitado, eu acho. Ele desaparece depois do começo do conto e a coisa toda entrou em uma “mesmisse” sem fim para mim.
Alguns erros poderiam ser suprimidos em uma revisão mais atenta, infelizmente. Também achei que o boitatá incluído no final foi mais para pontuar a adequação ao tema e ficou meio deslocado do que a história toda estava me passando, mais uma vez, talvez se o Ubiratã fosse melhor desenvolvido, essa impressão não ficaria na minha cabeça, já que ele é um personagem bastante interessante.
Uma história de cangaço. Tanto o delegado indígena no início com o Boitatá no final me parecerem um pouco estranhos na trama. Pareceu-me que o autor inseriu esses elementos para aumentar a presença do tema folclore no texto. Se foi isso, não precisava, uma vez que cangaço é um tema já suficientemente folclórico. Para o meu gosto, uma cena de duelo entre o cangaceiro e Ernesto teria combinado mais com a atmosfera do seu conto do que o aparecimento da cobra fantástica. Sucesso no desafio!
tema: hmm.. não focou muito na lenda, mas ela apareceu, então, acho que está um adequado
Pontos fortes: O que mais gostei foi do delegado ser supersticioso, acreditar em lendas e tal. Pena que ele só apareceu no começo. Apesar do personagem dele ser do tipo clichê, essas 2 pequenas diferenciações conseguiram emprestar a ele certa personalidade própria. Outra coisa que gostei foi da lenda escolhida, Boitatá, pena que não apareceu muito também.
Pontos fracos: bem, confesso que me pareceu meio faroeste americano, com mocinha, bandido malvado, delegado e mocinho, além dos cenários descritos . O que diferenciou foi o delegado ser índio e ter o boitatá, mas não foi o suficiente pra descolar essa impressão que ficou forte no conto inteiro, além do enredo não ter surpreendido nem ser muito inovador, exatamente por isso. Senti falta de uma reviravolta, algo surpreendente. A tentativa de incutir um ”charme” excessivo na ambientação e narrativa não me cativou por ser muito forçada.
A parte do rapto da noiva e do retorno do cangaceiro é muito bom. Eu não conheço a história e achei bacana, enfim, mas essa aparição do Boitatá, assim, do nada, ficou parecendo Chapolin Colorado. Acho que o ideal era intrincar as duas tramas colocando elementos folclóricos ao longo do texto, isso daria mais unidade ao conto e mais impacto pro final.
Mosca, lagartixa, cachorro e galo. No início de cada núcleo dramático o(a) autor(a) utilizou-se, nessa ordem, cada um desses animais. Nada contra o uso do recurso em si, afinal é um elemento de ambientação, mas repetir a mesma estrutura do início ao fim é negativo, denota falta de instrumentos.
Outro problema é o uso de pelo menos dois clichês da narrativa que exalta o amor romântico: a desilusão ser tamanha que o sujeito se isola do mundo (“a esperança pela volta de Flora, mantinha Ernesto vivo. Deixou de ser médico, deixou de sorrir. Virou ermitão”); o amor entre dois indivíduos ser de tal modo forte que a natureza participa dele, como que abençoando-o (“um trovão soou. Os dois estavam abraçados quando a chuva começou a cair. Não levou muito tempo, um broto nasceu no umbuzeiro seco”). Nos dois casos, além de clichê, é de um exagero enorme.
Qual a necessidade dramática do espião do cangaceiro? Ele toma conhecimento do casório, e possivelmente passa a informação ao Galdino, e este leva a efeito o sequestro. Entretanto, o mesmo evento poderia ter acontecido sem o o espião, que não mais aparece na estória.
Mais ou menos na mesma toada, o delegado parece existir como alguém que de algum modo provoca a aparição do boitatá para combater o cangaceiro, dada sua certeza da intervenção de Tupã (o delegado seria o boitatá? Não sabemos). Entretanto, o personagem folclórico surge oito anos após o evento. Ou seja, o delegado é ineficiente, se é que o boitatá aparece em função dele, o que não fica claro. Teria sido melhor, acredito, que não fosse sugerido nexo causal entre um e outro e que, portanto, o delegado nem precisasse existir na trama.
Segundo a lenda, mesmo se considerarmos suas variantes, o boitatá é um desses “espíritos da natureza”, cuja função é protegê-la. Assim sendo, não faz muito sentido ele atacar o cangaceiro, pois seu crime foi de sequestro, em nada comprometendo a natureza.
Sempre me chama a atenção quando o “batismo” de um personagem não é gratuito, quando há por trás do nome uma lógica onomástica. Foi o que percebi em relação ao cangaceiro. Posso estar equivocado, mas o nome Galdino Rubião é um modo de referir-se ao maior cangaceiro do Brasil, porque o primeiro nome tem a mesma terminação sonora de Virgulino, e Rubião, além de também ser um caso de rima com Lampião, pode ser um aumentativo indevido e derivado de “rúbeo”, palavra que designa a cor vermelha intensa. Tão intensa quanto a chama do lampião.
Há uma grande quantidade de erros gramaticais, principalmente relativos à colocação pronominal. Alguns desses casos:
Em “viu o homem se afastar a passos lentos […]” (AFASTAR-SE).
Em “queria se atirar ao pescoço dele […]” (ATIRAR-SE).
Há algumas situações também de colocação pronominal em desconformidade com a norma padrão, mas que, por ocorrerem na fala dos personagens, podem não ser considerados erro por causa da oralidade. Não é o caso dos exemplos acima, que são palavras do narrador.
Outros escorregões gramaticais:
Em “[…] para assistir o casamento […]” (AO CASAMENTO).
Em “[…] não hesitaria em mata-lo […]” (MATÁ-LO).
Em “ainda assombrado pelo acontecimento, a moça reagiu ao sentir as mãos […]” (ASSOMBRADA).
Em “Ubiratã era corajoso, honesto, tinha sido um bom soldado e agora como delegado, aplicava a lei com rigor, mas não deixava de ser um índio supersticioso” a PONTUAÇÃO adequada seria VÍRGULA após AGORA.
Em “mas, não era um sorriso cordial” NÃO HÁ VIRGULA após o MAS.
Em “Flora Novais? O senhor a levou da porta da igreja a oito anos atrás!” há um ECO desagradável com NOVAIS e ATRÁS. Não é uma falha gramatical, e sim de estética, pois é uma assonância sem função.
O texto está muito bem escrito e consegue algo bastante importante: criar tensão. Esse climão de western sertanejo com cangaceiro e tal, lembrou o ótimo conto “um estranho duelo”, vencedor do desafio faroeste.
Minhas únicas ressalvas ficam por conta das coincidências convenientes que fazem a trama seguir: encontrar Galdino por acaso e ser salvo pelo Boitatá na mesma oportunidade. Aliás, aqui o Boitatá é um mero coadjuvante, mas não estou muito apegado em adequação ao tema.
Bom conto.
Abraço!
NOTA: 8,5
Então Astrogildo,
Infelizmente não gostei muito. São muitos personagens e pouco espaço. Penso que o autor abriu muito e, sendo assim, não conseguiu dar profundidade a história principal. Caso a passagem do espião fosse descartada, haveria mais espaço para buscar criar maior conexão com o leitor. O índio, que era um personagem super interessante, foi abandonado sem dó. Serviu apenas para criar um gatilho para o final, que ainda assim ficou um tanto quanto “deus ex machina”. A figura folclórica surge de maneira protocolar, para validar o conto, mas é apenas um detalhe na verdadeira história.
Alguns errinhos travaram a leitura:
Acento – assento
Galdino e seu bando fez rebuliço – fizeram
“O homem sentou-se, perguntado:” – perguntando (e esse trecho deveria estar na fala subsequente.
mata-lo – matá-lo
Enfim, creio que o texto tem potencial, basta um pouquinho mais de lapidação e um direcionamento efetivo. (e aqui não me refiro a linearidade)
De qualquer modo, parabéns e boa sorte!
A justiça foi feita por Tupã e o Boitatá. Gostei do final feliz, que bom que Ernesto encontrou a noiva, Flora.
Bom conto, boa sorte
Destaque: “Com os olhos em brasa, o corpo em chamas, o boitatá avançou contorcendo-se e abocanhou o homem pelas pernas. Fez um giro com sua presa e se foi por onde tinha chegado. Os gritos de Galdino Rubião foi sumindo pelo caminho, deixando o silêncio em seu lugar.”
Oi Astrogildo, não sei porque, mas a impressão que tive ao ler o conto, foi como se eu estivesse assistindo um filme mudo, em preto e branco, com legendas. Achei bem interessante. A história é bem ágil, uma sequencia de imagens, quase… Achei original, o modo de contar a lenda do boitatá. Gostei!
Essa me pegou de jeito do início, pois adoro essas histórias do sertão e do cangaço. É o paralelo nacional do western estadunidense. O texto ia bem até a parte final, o reencontro com o cangaceiro. Nesse ponto, há um alternância no ponto de vista da narrativa, que passa do noivo para o cangaceiro e depois do cangaceiro para o noivo. Eu sugiro, nesse caso, manter um ponto de vista na narrativa. Fiquei o tempo todo pensando onde um mito folclórico entraria na história. E ele aparece, só que me pareceu fora de contexto e totalmente estanque da narrativa, como se a presença do boitatá fosse um mero acidente. Resumindo: gostei de parte inicial da narrativa, mas não do encerramento.
É visível que o(a) autor(a) tem um certo potencial para contar histórias. Ainda precisa aprimorar muita coisa, e ler mais também. As pontuações nos diálogos precisam ser todas revistas, e a voz dos personagens também está bem deslocada. Não consigo ver pessoas daquela época, daquele lugar, em suas determinadas posições, falando dessa maneira, e aliás, falando de forma idêntica.
Um pouco mais de suspense cairia bem. Achei mesmo que era um dos cangaceiros, se não o próprio Galdino, que entrou para cortar o cabelo como quem não quer nada, mas deixar isso tão explícito assim na cara do leitor foi de amargar. E o rapto poderia ter sido mais elaborado, mais sofrido pela parte dos que ficaram, enfim, pequenos detalhes que nos fazem nos prender mais nos personagens e na história em si.
Embora a presença de folclore tenha se dado apenas no fim, é discutível o fato de cangaceiros fazer ou não parte do folclore brasileiro. Vou pender para o sim aqui…
Sem contar que foi forçado o Ernesto reconhecer o Galdino sem mais nem menos.
Conto fragmentado, desconexo. A ideia é interessante, mas não deu liga, não encaixou.Um delegado índio e portanto cheio de crendices dando pinceladas em entes folclóricos, único conteúdo dentro do tema. Um casamento que caiu do nada na estória.
Olá “Astrogildo”. Parabéns pelo seu conto. Ele reúne os elementos que o tornam um bom conto e foi muito prazerosa a leitura. Abçs.
Tal qual um bom filme de Faroeste, o final sempre é um tanto “encenado”.
Não estou falando que está ruim, está extremamente bom, muito bom mesmo, e o final condizente ao contexto.
Um abração ao escritor
Engraçado esse negócio de dar pitaco no conto dos outros, mas acho que essa é a graça da coisa, eu te ajudo com o seu e vc. ajuda no meu, assim penso.
Astrogildo, vc. é um bom contador de causos, o seu texto me prendeu, os cortes para pequenas cenas, como retalhos, lembrou roteiro de filme, novela. O conto tem ação e emoção, e isso é ponto positivo. Algumas observações para lhe ajudar: separar os diálogos em novo parágrafo; problemas de pontuação e concordância em algumas frases e algumas pontuações incorretas nos diálogos. Achei a linguagem um tanto improvável para um cangaceiro: “Esse calor medonho nos põe lasso, embota nossos sentidos. O senhor está me confundindo com outra pessoa. Se estou incomodando, é melhor me retirar.” Tem personagens aleatórios na trama, o delegado, o índio, o prefeito, Durvalino, cuja única função é descrever os acontecimentos, acho que poderia ficar a cargo do narrador, e aumentar a dramaticidade do trio Ernesto, Flora e o cangaceiro. Bem, é isso amigo escritor, a cada texto nos lapidamos mais. abçs.
Releitura romantizada da lenda de “Boitatá, a cobra de fogo, o fogo-que-corre, protetor das matas e dos animais”, com ares de faroeste nacional que me lembrou do estilo Tarantino, pela ambientação, pela violência. Foi ousado em relação à adequação ao tema, ao introduzir o mito em meio a uma briga entre vítimas e cangaceiro. Foi uma criativa reviravolta.
O personagem central foi bem construído, assim como o ambiente e a época. O texto está bem escrito, oferecendo leitura fluida e agradável. É só o meu 11º conto, mas é um dos que mais gostei até agora.
Astrogildo: nome de origem germânica que significa “brilhante pelo seu valor”; a escolha do pseudônimo é aleatória ou está de alguma forma reacionada com o texto?
Observei umas distrações:
• “mata-lo (falto o acento);
• “O senhor a levou da porta da igreja a (HÀ) oito anos atrás!” — Quando nos referimos a um tempo passado, empregamos o verbo “haver”, que indica tempo decorrido; o “atrás” pode ser considerado um pleonasmo vicioso.
• “eles, se vestir como eles” — além da repetição, pronome átono no início da oração.
Boa sorte. Abraços.
Vemos aqui um personagem magnífico (Boitatá) trabalhando como figurante e sem ter sua personalidade cultivada. Se ele for retirado da trama fica um bom conto sertanejo, cheio de ação e personagens humanos marcantes, muito mais marcantes do que a lenda, aqui meio que para cumprir tabela. E o delegado? Sua função foi só falar da lenda? Está uma prosa tão boa que sugiro investir no enriquecimento do Boitatá. Quem é ele? Qual sua história com o cangaceiro? Por que só agora salvar o umbuzeiro? Etc, etc, etc.
Muito bom conto. Uma pequena revisão seria interessante para o conjunto.
A técnica dos quadros ou recortes, como se num filme, me pareceram desnecessários, acho que o texto ganharia mais se fosse contínuo, mas nada que prejudique.
O delegado ficou sobrando na estória, serviu apenas para apresentar o boitatá e de uma forma bastante irresponsável para a autoridade.
A última parte do conto, depois do sequestro, é a melhor, talvez por sua continuidade, como eu disse, as personagens criam vida.
Bom, a figura do Boitatá aparece aqui, o que significa que o conto respeitou o tema proposto pelo desafio. No entanto,pode ser apenas impressão minha, pareceu-me que a inserção do elemento folclórico apenas foi feita para atender a essa exigência. Ficou muito tênue a participação da cobra de fogo na narrativa.
Ocorreram alguns lapsos:
Galdino Rubião e seu bando fez rebuliço > fizeram rebuliço (aqui nem se pode considerar um erro do autor, já que a frase faz parte da fala de um personagem)
em mata-lo > em matá-lo
a oito anos atrás! > HÁ oito anos atrás! (o atrás é redundante, mas como faz parte da fala do personagem,não há porque mudar isso)
Os gritos de Galdino Rubião foi > Os gritos…FORAM (erro grave de concordância)
Eu gostei da história de amor regada a cangaço, mas como disse, o tema Folclore, ficou em segundo lugar. Já o detalhe do umbuzeiro, brotando no final, ficou bem legal.
Boa sorte!