EntreContos

Detox Literário.

Biscoitos de Queijo (Paula Giannini)

steampunk-copia

Ingredientes

250 gramas de manteiga

1 ovo

2 ½ xícaras(chá) de farinha de trigo

1 ½ xícaras(chá)de maisena

1 colher(sopa) de fermento químico

1 xícara(chá) de queijo parmesão ralado

Dia 88.868

Estimado Senhor Ignácio,

Espero e sinceramente rogo aos céus, que este convite chegue em suas mãos, encontrando-o com a saúde e a força necessárias para que possa seguir firme em sua sublime missão.

Quanto a mim, já não sei ao certo o que esperar.

Há tempos ninguém passa por estas terras e temo, com a alma petrificada, que sejamos os últimos, eu e o senhor.

Coleciono alguns itens em minha dispensa. Não muito. Mas o suficiente para que façamos uma bela ceia de Natal. Teremos deliciosos biscoitos de queijo, uma antiga receita do caderno de minha avó, e só. Para beber, espero que traga, junto ao coração, aquela garrafa que há décadas guardamos para o dia de nossa redenção.

Da sempre sua Lady Geny.

Dia 88.872

Estimado Ignácio,

Talvez o senhor esteja se perguntando como fiz para conseguir manteiga e queijo frescos. Antes disso até… Como consegui finalmente ceder e aceitar produtos sintéticos em minha cozinha? Bem, as pessoas mudam. Devo lembrar-lhe ainda que acredito, hoje e sempre, que tudo nesta vida pode ter um lado bom. Tudo. Descobri, maravilhada, que manteiga e derivados sintetizados não azedam. Nunca. O que me leva a, de certo modo, concordar com o senhor e sua apaixonada defesa de que também nós, humanos, vivendo sinteticamente animados tampouco azedaríamos.

Deixando os trocadilhos de lado, acredito que nunca será tarde para que possamos aprender algo novo nesta vida.

Quanto ao sabor, também será justo que eu admita, na verdade é quase igual. Quase. Nada que nossos paladares velhos e cansados possam de fato perceber. Por outro lado, e até o senhor há de concordar comigo, não há algo que se compare de fato ao gosto daquilo que é real.

Apesar de tudo, creio que teremos uma ceia digna de reis.

Para conseguir os ingredientes, precisei me vestir de coragem, indo até o mercado da cidade. Confesso que me foi demasiado pesado tirar a Viúva Negra da garagem. Carregar a lenha em nossa antiga motoneta não é trabalho para os braços de uma velha, mas, após acender o fogo, não tive como recuar. Não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar nada. Nada. Muito menos o fogo.

Sinto muito a sua falta. Sinto a falta de todos… De nós.

Sua sempre.

Geny

Dia 88.875

Ignácio estimado,

Imagino que minha ave mensageira se tenha extraviado. Espero que retorne em breve, caso contrário, terei perdido uma grande companheira. Não creio que se possam encontrar pombas treinadas em tempos como os que hoje vivemos. Não há mais quem se dedique a elas,

Não há mais quem se dedique a nada. Creio, reafirmo, que não haja mais ninguém por aí além de nós.

Resolvi, por este motivo, enviar-lhe esta nova mensagem através do telégrafo municipal. Espero que seu aparelho possa captar meu sinal antes da chegada da pomba. Para isso, precisei me aventurar novamente até o centro e pude checar, dessa vez com mais calma, se havia vestígios da visita de alguém por lá. Nada. A metrópoles está mergulhada em um silêncio aterrador, o mesmo que aqui se faz. Só o que se ouve é o som do vento. Penso que, se prestarmos bastante atenção, talvez possamos escutar a voz do criador.

Não há ninguém. Homem ou animal, todos se foram. Nem os mosquitos, causadores de todo o colapso, parecem ter sobrevivido à falta dos seres vivos. Dengue, Zica Virus, Febre Chicungunha… Parece que, ao matar os últimos hospedeiros, os insetos também eliminaram desavisada e ironicamente a si mesmos.

Gostaria de lembrar-lhe que o Natal se avizinha e que estarei aqui, à sua espera, como sempre estive.

Sua

Geny

Modo de Preparo

Bata a manteiga com o ovo até formar um caldo leve.

Peneire juntos a farinha e o fermento.

Misture o caldo à farinha coada.

Amasse bem até obter uma bola que se desprenda das mãos com facilidade.

Dia 88.878

Senhor Ignácio,

Creio ter finalmente resolvido o enigma de seu silêncio. Toda ação provoca uma reação e estou claramente sendo punida por minha recusa.

Enquanto sovo a massa, reflito sobre minhas atitudes. Farinha e ovo misturados só formarão biscoitos perfeitos após se desprenderem completamente das mãos.

Do alto de meus 293 anos, aprendi que a vida é como essa massa. É preciso saber o momento exato de se desprender. De abrir mão.

Sei que não devo me agarrar às opiniões de maneira tão radical. Que já não sou uma menininha. Sua menininha. Às vezes aquilo que nos une é, justamente, o que acaba por nos separar. E embora saiba que já discutimos isso à exaustão, temo que o senhor não compreenda o verdadeiro motivo de minha decisão.

Sou de um tempo em que prolongar a vida indeterminadamente era apenas uma utopia. Desde sua descoberta da chave para o perfeito funcionamento do coração mecânico, temos visto coisas demais. O mundo mudou, as pessoas mudaram, eu mudei. O senhor, igualmente, já não é o mesmo.

O ser humano foi projetado para nascer, crescer, se multiplicar e morrer. Nosso tempo aqui na Terra parece ser obrigatoriamente finito e por isso, talvez a natureza esteja se vingando de nossa terrível ousadia. Não importa o quão espertos sejam os Ignácios e suas Genys, não há como reverter aquilo que a força do universo criou.

Já tive três de meus corações substituídos e, apenas por isso, gostaria de ver respeitado o meu direito de não o fazer uma quarta vez.

Não pense que não amo a vida. Ao contrário. Quero dela cada segundo. Se há algo que aprendi durante a jornada é que mesmo mecânicos, os corações podem sentir. Amo, inquieto-me, preocupo-me e temo com a mesma intensidade anterior. Talvez até mais. Temo. E apavora-me a possibilidade de ser a última por aqui. De perder em mim este algo que nos faz humanos.

Quero ter o direito da dúvida. Aquela com a qual toda a humanidade caminhou por milênios.

Somos realmente eternos?

Deixo-o, meu querido, com esta questão.

Já me alonguei demais com os devaneios e tudo que espero é que volte para casa correndo e a tempo para o Natal.

Com amor

Geny

P.s.: A massa está pronta e devidamente congelada no fole de hidrogênio líquido. Sim, essa sou eu, a mesma apressadinha de sempre. Quero deixar tudo pronto bem a tempo.

Dia 88.880

Prezado Ignácio,

Sua teimosia não faz sentido algum. Se pensa que entrarei com o senhor em uma queda de braços, está redondamente enganado. Sua atitude é inaceitável e seu silêncio uma piada desgastada e completamente sem graça.

Se imagina que cederei a esta chantagem ridícula, aceitando passar mais uma vez por toda aquela operação de reposição de coração, desperdiça seu precioso tempo. O nosso.

Não quero e não vou permanecer deitada por dias a fio, trocando fluidos sintéticos em artérias que já não conhecem o sabor da hemoglobina. Tampouco pretendo submeter-me às doloridas sessões de fisioterapia. Fazer exercícios nunca foi o meu forte e agora dou-me ao direito de viver do jeito que me agrada.

Qual a vantagem de ser tão velha, afinal?

Para quê viver para sempre se jamais poderei ser eu mesma? Ter vontade própria.

O senhor já deveria saber que não manda em mim.

Se ao menos meu corpo ainda estivesse apto a crescer e se multiplicar, talvez eu aceitasse continuar compactuando com essa sua louca invenção a fim de repovoar não só o planeta, mas minha própria alma. Não que não admire sua engenhoca, ao contrário, acho que sua criação quase toca o divino. Mas não vejo mais sentido nisso. Portanto, pare de bobagem e responda-me de uma vez por todas. Venha para o Natal e não traga consigo órgão mecânico algum. Antes disso, traga novos rolos para nossa pianola. Não há nada como boa música para confortar o espírito.

Caso continue firme em sua teimosia, sinto, mas passarei o Natal sozinha, eu e meus deliciosos biscoitos de queijo.

Por favor, liberte minha ave. Sei que a está retendo em seu laboratório ou em algum esconderijo despropositado. Preciso muito dela.

Atenciosamente

Geny

Dia 88.882

Ignácio,

Diadorim, a pomba, voltou.

A pobrezinha está depenada e visivelmente exausta.

O que fez com ela?

Seja lá o que for, espero que se arrependa. Seu senso de humor continua o mesmo e ultrapassa todos os limites da crueldade e do bom senso.

Pensei melhor e acho que não quero que venha para o Natal.

Se vier, garanto, não será bem recebido.

Atenciosamente

Lady Geny

P.s.: Jogue aquela coisa mecânica no lixo.

Modele a Massa.

Forme cordões com a palma das mãos.

Corte-os em cubos de 1 dedo de espessura cada.

Arrume-os em um tabuleiro.

Dia 88.883

Estimado Senhor Ignácio,

Peço que me perdoe e desconsidere a mensagem anterior.

Não sei o que deu em mim. Devem ser os hormônios. Por pura teimosia deixei de tomá-los por alguns dias e talvez tenha exagerado no momento da reposição. Leva uns dias para que o coquetel faça efeito, reestabelecendo a ordem e a paz em meu corpo. Mas já passou.

Diadorim está bem. Preferi, entretanto, continuar a comunicação através do telégrafo. Já não tenho medo da cidade fantasma. Aos poucos a reconheço em seus pormenores. Lembro de como era bela quando povoada, iluminada, cheia de vida.

Cortei os biscoitos. Todos milimetricamente medidos e modelados para se parecer perfeitamente entre si. Depois dei uma carinha a cada um deles. Um a um. Olhos, boca, nariz. Um exército de 100 travesseirinhos risonhos, que devoraremos conversando sobre suas novas descobertas.

Após o Natal, pretendo acompanhá-lo a seu laboratório para ajudar com a limpeza.

Isso aí deve estar uma grande bagunça.

Mas logo tudo estará de volta a sua ordem.

Imploro, por favor, que apareça…

Sempre sua.

Dia 88.884

Ignácio,

Essa tarde tive uma estranha visão.

Sentei-me na varanda, como todos os dias, a fim de esperar. Admiro a luz caindo enquanto procuro o sinal de seu veículo fazendo a curva no alto da montanha, como fazia quando costumava voltar todos os dias para casa. O céu se pinta com o alaranjado do entardecer, e as nuvens refletem tons dourados a cada dia mais intensos. A visibilidade, creio que devido à despoluição natural, aos poucos desembaça o horizonte e revela aquilo que antes não se poderia enxergar.

Foi quando vislumbrei, voando em minha direção, algo que logo se revelou ser um imenso mosquito. Era maior que qualquer outro que já tenha visto. Imenso. Há anos não via um Aedes Aegypit por aqui. Uma fêmea. Seu ventre inchado não deixaria dúvidas. Ela plainou frente a meu rosto, deixando-se observar e me olhou, bem no fundo dos olhos. Havia ira naquele olhar. E parecia ter sede. Juro. Sede de sangue ou, pior que isto, de vingança.

O apito em meu peito soou agudo, avisando-me que os batimentos estavam muito acima do desejado. Pensei que pudesse ser uma de suas invenções e vesti meu melhor sorriso para recebê-lo, pronta a esquecer toda a tortura pela qual tem me feito passar.

Logo percebi, entretanto, que o inseto nada tinha com o senhor. Nada. Tentei alcançar minha Rolleiflex a fim de tirar uma fotografia e registrar o espécime. Ela, porém, foi mais rápida que eu e se foi, sem olhar para trás. Não sei de onde veio. Das montanhas, da metrópole, de alguma casa que tenha passado desapercebida em minha minuciosa inspeção.

Tive medo, preciso confessar. Muito.

A lembrança dos dias terríveis que passei à beira da morte, me fizeram temer a volta da Dengue do tipo 10.

Acho que enlouqueço aos poucos. Havia algo de humano nela. Talvez devido ao tamanho e à quantidade de detalhes que pude nela observar. Tinha expressões. Talvez eu delire e o inseto a me encarar não passe de uma estranha miragem. Podem ser apenas meus olhos, precisando do ajuste de novas lentes, mais fortes. Meus óculos estão arranhados há décadas. Quem sabe tudo não passe, simplesmente, da falta que sinto de sua companhia.

O silêncio está acabando comigo lentamente…Seu silêncio.

Tenho medo e já não sei se quero encarar a eternidade como a idealizei.

Confusa, preciso implorar que apareça. Saia de seu laboratório e venha me ver, se não por minha sanidade, ao menos pelo bem da ciência.

Estou exausta. Já não sei o que digo.

Se vier, prometo repensar minha opinião. Agora sou eu a chantageá-lo. Perdão.

Para sempre.

Geny

Dia 88.885

Ignácio,

A fêmea voltou.

Deitei-me durante a tarde com uma terrível dor de cabeça e fui tomada por um sono agitado, no qual pesadelos mesclavam-se a recordações de nosso passado.

Sonhei com meu jovem e enfermo coração de apenas 50 anos sendo substituído pelo mecânico. As imagens apareciam difusas. Hora eram os corpos das milhares de vítimas da doença sendo queimados nas valas comuns. Em outros momentos era eu, delirando e em seguida sendo curada, já com as engrenagens do novo órgão funcionando a todo vapor. Vi o rosto daqueles que perdemos. Vi nosso filho. E depois, seu laboratório e a manipulação genética que resultou no extermínio de toda a população masculina do Aedes. Todos. Vi sua genialidade frente aos tubos de ensaio. Em seguida, com a frieza que só o coração de uma mãe que já perdeu seu filho pode ter, vi os filhotes dos mosquitos morrendo no momento da eclosão dos ovos. E a dengue do tipo 10, se transmutando em 24 horas e dizimando tudo. Humanos e animais. Vi o deserto e o silêncio abriu sua imensa boca para mim.

E abri os olhos.

A fêmea flanava pela sala e pousou sobre o tabuleiro com as carinhas de biscoito. Em seguida, voltou-se para mim e sorriu.

Não sei se ainda sonho ou mesmo se deliro, mas tenho-a agora aqui a meu lado. Há um ar de desafio em seus olhos. Vazios. Como os de uma mãe que perdeu toda sua a prole. Seu companheiro.

O que fizemos, meu amor?

Toda a humanidade se foi, assim como os mosquitos e tudo o mais. Já não sei quem causou o final de quem. Já não sei o que digo ou penso.

Não tive coragem de matá-la.

Tive medo. Medo de mim. De você. Da morte. Não quero mais compartilhar do céu dos antepassados. Desejo a reposição do coração. Serei boazinha. Prometo. Vou cooperar. Tomar toda a medicação e me esforçar para que você monitore todos os meus sinais vitais durante a troca dos fluidos.

Talvez ela também seja a última.

Talvez também queira ser salva.

Talvez não.

Por favor venha logo. Preciso muito de você.

Geny

Modo de Assar

Pré-aqueça o forno por 10 minutos a 250 graus.

Baixe o fogo para 190 graus.

Asse por aproximadamente 15 minutos.

Ou até que fiquem levemente dourados.

Dia 88.886

Ignácio querido,

Temo que algo tenha lhe acontecido.

Apavorada, resolvi assar a fornada e ir a seu encontro no laboratório.

Diadorim segue na minha frente para que não nos desencontremos.

Já não tenho coragem de ir à cidade. Mantenho as janelas fechadas e cogito se devo ou não, ao acender a lenha do fogão, ativar o fumacê, exterminando de uma vez esse maldito pernilongo que agora me segue para onde quer que eu vá.

Não tenho mais privacidade alguma e o apito em meu peito não cessa há mais de 20 horas.

Creio que estou morrendo.

Se assim for, quero ao menos ter a certeza de que o senhor está em segurança.

Daquela que sempre o amou.

Geny

Dia 88.887

Querido Ignácio,

Alimentei o forno à lenha, medindo a temperatura com o termômetro que o senhor me deixou. 250 graus. Depois baixei a temperatura, coloquei a forma no centro e lacrei a porta para que a massa não desandasse.

Durante todo o processo, a fêmea me acompanhou de perto.

Faltou pouco para que não entrasse eu mesma de cabeça no fogareiro.

Estou perdendo a guerra para mim mesma. Deus sabe o quanto precisei me controlar para não fazer uma bobagem.

O cronômetro escorre lentamente os segundos enquanto aguardo os 15 minutos necessários para o final da operação. Tão logo o fogo faça seu trabalho, arrumarei os salgados em um pano de prato alvejado e irei imediatamente ter com o senhor.

A motoneta já está alimentada.

Assim como o inseto, com o ventre cheio de sangue. O meu. Já não faz mais cerimônias e não espera que eu durma para beber um pouco no braço que gentilmente lhe ofereço. Pelo visto, o sangue sintético também não azeda o paladar.

Já não tenho medo dela. Somos as duas, eu e ela, solitárias criaturas em busca de suas metades. Reconheço-me nela, em seus olhos, assim como nos de Diadorim. Sinto-me responsável por tudo que é vivo. Tudo.

Espero encontrá-lo bem e pronto a me explicar todo esse silêncio a que tem me submetido.

Até logo.

Sua

Geny

Dia 88.888

Prezado Senhor Ignácio,

Deixo esta carta sobre a mesa, para o caso de nos desencontrarmos.

Se estiver lendo esta mensagem, saiba que fui até seu laboratório.

A fêmea ainda está comigo. Assim como Diadorim. Minha motoneta tornou-se uma espécie de arca de Noé mutilada. Pela metade. A chave para a salvação talvez estivesse mascarada na compreensão mútua e amigável entre todas as espécies. A lição, no entanto, está sendo aprendida tarde demais.

Fomos nós, que criamos os monstros.

Nós. Ao manipularmos geneticamente as cobaias.

Nós. Ao criarmos medicamentos que traziam terríveis efeitos ao passo que curavam.

Nós. Ao levarmos tantas espécies à extinção.

É Natal e como em todos os anos esta data me faz pensar em tudo que temos feito.

Quando cruzar a porta de nossa casa, não sei se haverá volta, mas uma coisa é certa. Cuidarei das duas enquanto as engrenagens em meu peito imune funcionarem.

Devo isso a elas.

A mim.

A você.

Feliz Natal.

Sua eternamente.

Geny

84 comentários em “Biscoitos de Queijo (Paula Giannini)

  1. Leonardo Jardim
    16 de dezembro de 2016

    Minhas impressões de cada aspecto do conto:

    📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫): parte de um mote comum, de fim do mundo e extensão da vida por implantes biônicos. A parte que torna esse texto diferente não é ser epistolar, nem a fonte (no meu abre em Arial, mas vi críticas no grupo), mas o uso do mosquito da dengue (e tantas outras doenças) como causador da morte e, principalmente, a descrição da loucura que a solidão pode causar. Nisso o conto obtém sucesso.

    📝 Técnica (⭐⭐⭐⭐▫): não vi defeito e, pelo contrário, vi uma escrita madura e ciente do que estava fazendo, sem medo de ser diferente.

    💡 Criatividade (⭐▫▫): como já disse, parte de uma premissa bastante batida e, mesmo que a execução tenha sido boa, não muda esse fato.

    🎯 Tema (⭐▫): apesar dos implantes biônicos de coração, não é um Cyberpunk, que costuma focar mais no submundo dessas tecnologias.

    🎭 Impacto (⭐⭐⭐⭐▫): o texto me emocionou, principalmente no fim, quando a solidão tomou conta dela.

    ⚠️ Nota 7,5

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Obrigada, Leo, por comentar com tanto carinho e dedicação.
      Beijos
      Paula Giannini

  2. Bia Machado
    16 de dezembro de 2016

    Olha, para um conto prender a atenção, tendo que ler na tela, com essa letra linda porém inadequada ao portador do texto, tem que ser muito criativo e interessante. E isso seu conto é. Li de uma vez só, tentando construir Ignácio e Geny em minha mente enquanto lia, assim como a mosquito fêmea e o pombo correio. E consegui tudo isso. Ficou muito bom mesmo, apenas algumas ressalvas que exponho aqui e alguns termos que foram desnecessários, mas nada de mais, como a expressão “peito imune”, que a meu ver não era tão imune assim, enfim… Falando sobre o final, foi bonito, condizente com o restante do texto, mas me bateu certa decepçãozinha, que de forma alguma foi sua culpa, mas totalmente minha, na construção que fiz do seu texto em minha leitura…

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Oi, Bia, Obrigada pelo carinho que teve com meu conto.
      Adorei seu ponto de vista.
      Beijos
      Paula Giannini

  3. Leandro B.
    16 de dezembro de 2016

    Oi, Lady.

    Olha, não sei o quanto o conto se enquadra na categoria punk, e talvez se enquadre mesmo já que vemos a decadência da humanidade pelo avanço científico. Só sei que foi o texto que mais me deixou imerso na história.

    A crise de Geny, sua melancolia, sua mudança de humor, o cenário destruído, as revelações e a transformação da personagem ficaram fantásticas

    obs.: Não sei se a escolha da fonte foi das mais felizes, mas li no kindle com uma fonte padrão :).

    Parabéns. Parabéns mesmo.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Olá Leandro,
      Obrigada pelo comentário e pelo carinho.
      Prometo não repetir a letra.
      Beijos
      Paula

  4. Thiago de Melo
    16 de dezembro de 2016

    8. Biscoitos de Queijo (Lady Geny): Nota 9
    Amiga Geny, (não vou jogar pedras em você!)
    Que história incrível!
    Eu vinha fazendo campanha para que tivéssemos um desafio Epistolar, com textos exclusivamente compostos por cartas, mas confesso que eu não conseguiria escrever tão bem quanto você. Você foi muito bem. Gostei mesmo.
    Achei que a sua história é daquele tipo de faz a gente ficar pensando muito tempo depois que leu. “Como seria ter 290 anos?” “Como seria ter 290 anos, mas viver totalmente sozinho?” “Se fosse para ficar totalmente sozinho, será que eu iria querer viver 290 anos?”. São alguns dos questionamentos que seu texto suscitou em mim.
    Contudo, a última carta me deixou um pouco em dúvida. Ao longo da leitura, eu estava imaginando que o tal cientista Ignácio estava recebendo e juntando as cartas (e que nós estaríamos lendo esse bolo de cartas que ele recebeu). Porém, na última carta você escreveu que estava deixando-a sobre a mesa. Isso significa que o tal cientista foi para a casa? Ou estamos simplesmente lendo as cartas, independente de onde elas estão ou com quem estão? Está dando para entender essa minha dúvida?
    Bem, de todo modo, gostei do texto, gostei da fonte do texto, gostei de como você foi soltando pedaços da história perdidos por entre as cartas. (só não gostei do pernilongo…hehehhe)
    Parabéns!

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Querido Thiago,
      Devo o epistolar àquela postagem que você fez no grupo. Amei a ideia e segui com ela. Adorei a experiência. Obrigada.
      Obrigada, também por seu comentário generoso.
      Beijos
      Paula

  5. Renato Silva
    16 de dezembro de 2016

    Olá.

    Considero ousado e original ter escrito o conto em forma de cartas e utilizando uma fonte “cursiva”. A escrita ficou impecável, o estilo, a linguagem utilizada (denotando uma época passada, visto a formalidade com que a personagem se dirige ao próprio marido). O conto ficou muito bom, mas senti falta daquele elemento tecnológico, que ficou muito atrás.

    Uma coisa que não entendi foi o porquê da Geny ter demorado tanto para ir atrás de seu marido. Apesar de aprovar o final enquanto escritor, o meu “eu” leitor ficou um pouco frustrado em não saber o que aconteceu. Boa sorte.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Oi, Renato,
      Obrigada pelo carinho de seu comentário.
      Adorei a tirada bipolar de seu eu leitor e escritor. hahahah
      Beijos
      Paula Giannini

  6. Wender Lemes
    15 de dezembro de 2016

    Olá! Dividi meus comentários em três tópicos principais: estrutura (ortografia, enredo), criatividade (tanto técnica, quanto temática) e carisma (identificação com o texto):

    Estrutura: a disposição em formato epistolar com apenas um interlocutor, por si só, cria certa expectativa no leitor, o que é sempre bom. Aliado a isso, há o ambiente sem vida muito bem construído sendo apresentado aos poucos. Considero um trabalho e tanto conseguir construir a história convincente apenas pelas cartas de uma personagem. Ortograficamente, não achei nenhum problema digno de nota, apenas estranhei o tratamento de “senhor” com o suposto ex-marido.

    Criatividade: aqui, há alguns detalhes que gostaria de ressaltar, pois funcionaram muito bem comigo. Primeiramente, percebe-se uma mudança gradual no humor da protagonista, que é confirmada/acentuada a cada final de carta (variando do romântico “Para sempre sua Geny” ao seco “Atenciosamente Geny”), isso é muito bonito, esteticamente. Outro detalhe legal que ajuda a formar a personalidade de Geny é a pernilonga, que surge para refletir seu estado psicológico – seja espelhando sua própria posição em relação à realidade, seja confirmando certa instabilidade emocional.

    Carisma: o conto me agradou bastante, fora alguns pontos que ficaram meio indigestos. Um, como já citei, foi o tratamento formal com alguém com quem já tivera um filho. Outro, por exemplo, é o tempo que ela leva até começar a cogitar que algo ruim poderia ter ocorrido com Ignácio, além de um simples “gelo”. Apesar de dar a entender que esse tipo de comportamento birrento já tivesse acontecido antes, um mundo tão inóspito deveria suscitar esse tipo de dúvida um pouco antes, não? Enfim, apesar dessas questões, é um ótimo conto.

    Parabéns e boa sorte.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Querido Wender,
      Obrigada por seus comentários tão apropriados. Adorei a observação quanto à questão do humor. Você acertou em cheio.
      Beijos
      Paula Giannini

  7. Pedro Luna
    15 de dezembro de 2016

    Esqueci de dizer que achei muito bem escrito. Se não fosse, seria um verdadeiro tormento ler algo nessa fonte, e mal escrito. Parabéns.

  8. Pedro Luna
    15 de dezembro de 2016

    Interessante o estilo da fonte. Deu realmente o tom desejado pelo autor. A trama tem pitadas interessantes, como da mulher que sobrevive de órgãos mecânicos e de “Gambearras’ se assim posso dizer, e da solidão que ela experimenta. Ao mesmo tempo, alguns detalhes da trama me fizeram torcer um pouco o nariz, como a presença da fêmea do mosquito. O texto apresenta mensagens sobre “brincar de Deus”, e da consequência de escolhas, entre elas, a de permanecer vivo. No geral, foi um bom conto. Fiquei curioso para saber o que acontece quando a personagem sai em busca de ignacio. Além disso tudo, preciso dizer que a fonte cansou um pouco e talvez tenha perdido algumas nuances do belo conto.
    Gostei.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Querido Pedro,
      No momento exato em que enviei o conto, vi no grupo as pessoas reclamando da fonte e pensei, fiz bobagem. Escrevi ao Gustavo e ele, super equilibrado, me disse: Você fez uma escolha.
      Engoli minha própria escolha e prometo não fazer mais.
      Obrigada por seus comentários gentis.
      Beijos
      Paula Giannini

  9. Luis Guilherme
    15 de dezembro de 2016

    Boa tarde, querido(a) amigo(a) escritor(a)!
    Primeiramente, parabéns pela participação no desafio e pelo esforço. Bom, vamos ao conto, né?
    Olha, esse acho que é o oitavo conto que leio, e até agora meu preferido!
    Primeiro, parabéns pela ousadia! Em todos os sentidos. Você colocou uma receita de queijo no conto! Hahahaha. Sem falar na letra insuportável. Gostei da ousadia, de verdade.
    Além disso, gosto desse tipo de narrativa.. me lembrou “escrevi para você”, acho que do Davenir.
    A história toda tá bem contada e tem uma simbologia bem interessante! “A lição, no entanto, está sendo aprendida tarde demais.
    Fomos nós, que criamos os monstros.”
    Pesado!

    Parabéns!

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Oi, Luis Guilherme,
      Obrigada pelo comentário generoso.
      Fiquei muito feliz.
      Beijos
      Paula Giannini

  10. Jowilton Amaral da Costa
    14 de dezembro de 2016

    Conto muito bom! Viajei nas cartas da velhinha para o seu Ignácio. Melancólico e bonito. A narrativa é muito boa. A receita dos biscoitos entremeada as cartas ficou bem legal. O lado ruim foi a escolha desta letra, eu leio em um notebook e a dificuldade foi considerável para ler, isto vai tirar alguns pontinhos.Penso que quando escrevemos devemos fazer de tudo para que o nosso leitor não deixe de lado nosso escrito, sobretudo em um desafio. A história cativa e o tipo de letra escolhido repulsa. Boa sorte no desafio.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Oi Jowilton,
      Que pena que perdi pontos com a letra escolhida.
      Péssima escolha que não repetirei.
      Obrigada pelo carinho.
      Beijos
      Paula Giannini

  11. cilasmedi
    13 de dezembro de 2016

    Nas cartas, algumas fora da ordem cronológica dos dias, ao afirmar que irá ao laboratório, já em viagem e depois não está, na carta seguinte. E depois na outra a mesma situação. Penso ser um começo de insanidade, mas, ao mesmo tempo, penso ser um modo de passar o tempo, depois de longos anos de vida, humana e metálica. Um conto que surpreende, pelo modo em forma de cartas, e, do qual preciso saber, se a receita funciona. Caso positivo, uma nota para ganhar um deles (ou um prato cheio, se eu for durar tanto tempo). Parabéns! Nota 9,5.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Oi, CilasMedi,
      A receita é de família, funciona e fica uma delícia. Experimente.
      Quanto ao conto, obrigada pro sua generosidade.
      Beijos
      Paula Giannini

  12. Daniel Reis
    13 de dezembro de 2016

    Prezado autor Lady Geny, segue minha percepção do seu conto:
    PREMISSA: uma receita de quitute, uma esperança de vida. Partindo de uma forma inovadora, associando a receita, ingredientes e modo de preparo a uma narrativa epistolar.
    DESENVOLVIMENTO: a história segue o ponto de vista da remetente, e só temos o ponto de vista dela, o que poderia ser bastante interessante. Mas considerei que a história, como um todo, tem pouco de punk. E muito de vovozinha.
    RESULTADO: irregular, ainda que inovador. Faltou sangue e obscuridade, na minha opinião, para ser x-punk.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Obrigada, Daniel, por seus comentários.
      Beijos
      Paula Giannini

  13. Ricardo de Lohem
    13 de dezembro de 2016

    Olá, como vai? Vamos ao conto? Primeiro, a fonte, a fonte! Por que, por quê? Essa fonte que você escolheu só serve pra dificultar a leitura e potencialmente baixar suas avaliações. Antes da história, uma questão técnica: “Aedes aegypti” se escreve como o segundo nome começando em minúscula, pois é o nome da espécie. É uma convenção que deve ser seguida, já que você usou um nome científico. Você também pode escrever “A.aegypti”. A história de uma humanidade destruída por uma epidemia de um tipo de Dengue transgênica é uma distopia já muito vista. O estilo epistolar é aqui uma vantagem, já que faz o conto parecer mais complexo do que é de verdade. Eu não entendi muito bem a metáfora da receita de biscoito, ela simboliza uma vida normal que se perdeu no passado? Achei interessante, uma ideia boa, não realizada de modo totalmente claro, talvez devido à pura falta de espaço, mas é uma boa ideia. Acho que vou querer testar essa receita, digo, no mundo real, não metaforicamente, vamos ver se funciona. Pena que a mensagem final da história seja tão conservadora e reacionária: “o ser humano não deve mexer com a natureza”. Fala-se no final até contra a indústria de medicamento, mas sem eles, o que seria da humanidade? Além disso, acho contraditório história de Sci-fi que falam mal da própria ciência, fica parecendo um paradoxo. Uma história boa, que teria sido bem melhor se a mensagem não fosse tão tosca e tão explicitada. Não se incomode com as minhas observações amargas, agora vou falar do que gostei. A ambientação está muito boa, até mesmo única, é um universo que atrai e conquista, os personagens têm mais profundidade do que parecem à primeira vista, uma segunda leitura revela isso. É um conto que demonstra talento, um dos melhores do desafio. Parabéns! Seu conto demonstra talento, Desejo para Você muito Boa Sorte no Desafio!

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Querido Ricardo,
      A receita é de família. Faça, pois é simples e deliciosa.
      Obrigada pela dica da nomenclatura. Corrigirei.
      Agradeço, também por seus comentários.
      Beijos
      Paula Giannini

  14. rsollberg
    12 de dezembro de 2016

    Biscoitos de Queijo (Lady Geny)
    Caro (a), Geny. (08)

    Confesso que quando comecei a leitura, tinha certeza que a forma epistolar seria um tanto quanto enfadonha. Errei. O texto é dinâmico e muito bem escrito. O mundo de Geny bem desenhado e absolutamente palpável. Como nessa frase que diz pouco, mas revela muito; “Parece que, ao matar os últimos hospedeiros, os insetos também eliminaram desavisada e ironicamente a si mesmos”.

    O autor foi muito feliz ao escolher as cartas para contar a história, porque assim conseguimos acompanhar o estado de espírito da personagem. Justamente acompanhando a angústia de Geny e montando o quebra-cabeça com as peças que ela vai liberando aos poucos.

    O conto tem ótimas passagens, essa é uma que gostaria de destacar; “A fêmea ainda está comigo. Assim como Diadorim. Minha motoneta tornou-se uma espécie de arca de Noé mutilada. Pela metade. A chave para a salvação talvez estivesse mascarada na compreensão mútua e amigável entre todas as espécies. A lição, no entanto, está sendo aprendida tarde demais.”

    Definitivamente não jogo pedra na Geny.

    Parabéns e boa sorte.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      RSollberg,
      Obrigada por não jogar pedra em mim e, em minha avó, verdadeira dona da receita e realmente chamada Geny. (rsrsrs)
      Obrigada por seus comentários generosos.
      Beijos
      Paula Giannini

  15. Fil Felix
    12 de dezembro de 2016

    GERAL

    Estou bastante dividido em relação a este conto. O formato epistolar é interessante e sai da zona de conforto dos contos mais tradicionais, inovando. Mas não me encantei com a história, o cabeçalho e a assinatura ao final começam a enjoar do meio pra frente. Mas intercalar a receita do biscoito entre elas foi um toque sensacional.

    O X DA QUESTÃO

    O mundo acabou, sobrou pouca coisa, a protagonista é “imortal” e precisa repor o coração pra continuar vivendo. Há um tom de steampunk, pelo uso do pombo-correio e telégrafo, mas não consegui adentrar tanto num universo “X-Punk”. Achei a formatação do texto ruim, meio “estourado”. Se tivesse na fonte padrão, com espaços entre as cartas, a receita numa outra fonte, deixaria o conto visualmente e estruturalmente mais bonito, auxiliando ao formato epistolar.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Oi, Fil,
      Obrigada por seus comentários.
      Aprendi com a sura experiência da escolha errada da fonte.
      Não repetirei a façanha.
      Beijos
      Paula Giannini

  16. Amanda Gomez
    10 de dezembro de 2016

    Oi, Oi!

    Mas gente, pq esse homem não responde. Será o mais óbvio e, ele está morto?

    Um conto realmente muito interessante, uma linguagem belíssima, que nos faz desfrutar de cada palavra bem colocada. Poética, sensível, angustiante.

    Olha só o que acabou com o mundo! o nosso já muito conhecido Aedes aegypti No começo, quando falou que foi através do mosquito eu fiquei meio assim…..sabe? Mas lá pro final e depois de mais uma leitura entendi a complexidade da situação. O vírus que o mosquito passa é realmente mutante e devido a diversos experimentos visando encontrar a cura, fizeram algo pior é transformam eles em pragas exterminadoras em outro nível. Consegui visualizar bem como foi essa pandemia, fugir de um mosquito, imagem só como não deve ter sido aterrorizante!

    Gostei da protagonista, é assim como ela me senti aflita pela ausência de retorno nas cartas, do medo que ela sentia do mundo lá fora, a solidão. Ela está muito bem construída. Até mesmo no fim quando se apega ao mosquito por pura carência, ao ponto de alimentar ele com seu sangue. ( Ugh).

    Não sei se a ideia de um coração artificial ser a solução para todos os males que vieram a ter, inclusive a velhice, me convenceu… mais de 200 anos é muita coisa. Em certos momentos não consegui imaginar a aparência da mulher. Ficou meio surreal essa parte.

    Algumas perguntas, senão todas, ficam a cargo do leitor interpretar, ou imaginar. Ele está vivo? Quem prendeu o pássaro? É somente ela a viva? As cartas são lidas por ele, ou apenas retrata ela as escrevendo?

    O autor foi bem espertinho, deixando essas perguntas, talvez tenha lhe poupado um esforço em resolvê-los. 😏

    Enfim, o conto é realmente muito bom e tem um destaque maior pela escrita aprumada. ( Aprumada??). Gosto de ler histórias neste formato. Geralmente a leitura é sempre satisfatória, como foi o caso.

    O tema… bem, eu não sei…senti algo meio steampunk por falar em engrenagens coração artificial e tudo mais, mas é alto futurista, logo seria cyber e suas nuances. Enquadro mais que em qualquer outro gênero ou subgênero, como pura e simples ficção científica.

    Parabéns pelo conto, e muito boa sorte no desafio.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Querida Amanda, Obrigada por sua analise perfeita e cheia de detalhes.
      Você está certa. Deixei as lacunas para serem preenchidas pelo leitor. Gosto disso.
      Beijos
      Paula Giannini

  17. vitormcleite
    8 de dezembro de 2016

    Não percebo nada do tema do desafio, mas tenho dúvidas que este texto esteja perto. Mas isso não tem qualquer importância na minha avaliação. Gostei do inicio, mas depois o texto acabou numa monotonia, e enquanto aguardava uma revirada no conto, nada, sempre mais do mesmo. Gostei da ideia mas não me pareceu bem desenvolvida. Bom Natal para ti também

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Querido Vitor,
      Obrigada por sua leitura e análise.
      Beijos
      Paula Giannini

  18. Gustavo Castro Araujo
    6 de dezembro de 2016

    Apesar da fonte utilizada, gostei muito do conto. É permeado por uma melancolia latente, por uma desesperança travestida de otimismo. Ainda que nada se sugira sobre o destino de Ignácio, é possível, como leitor, imaginar que, assim como praticamente toda a população mundial, também ele foi varrido da existência. É possível que Geny saiba disso, mas para manter uma mínima sanidade, permanece em contato com ele. As digressões constantes das cartas são mais do que elucidativas do contexto por trás da trama – revelam o substrato da psicologia de Geny. Digo isso porque as explicações sobre o que ocorreu com o mundo não soam forçadas. Antes misturam-se ao texto com uma naturalidade tocante. Num primeiro momento, é como se quiséssemos dizer a Geny: “Acorde, mulher. Ignácio morreu”; mas depois compreendemos como e porque ela precisa manter esse fio de esperança, emulando uma rotina há muito perdida, traduzida pelas receitas de biscoito. Foi uma sacada muito boa. De relevo também, por conta da criatividade, é a amizade insólita entre Geny e a mosquito. Normalmente apareceria um cachorro ou outro bicho de estimação do gênero “fofinho”. Ao optar pelo menos óbvio, a autora revela coragem e, porque não dizer, sensibilidade. No fim, até eu estava me afeiçoando ao inseto… O conto, em suma, retrata a vida, ou os últimos momentos de vida, de uma mulher de coragem, que mesmo num cenário de destruição, envolta pela solitude, segue adiante. Parabéns!

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Querido Gustavo,
      Seus comentários são sempre contos extras no desafio. Deveríamos publicá-las.
      Obrigada pelo carinho e dedicação.
      Meu objetivo é colar em você no ranking um dia. hahaha
      Beijos
      Paula Giannini

  19. Davenir Viganon
    6 de dezembro de 2016

    Olá Lady Geny
    A imagem do seu conto me remeteu ao Steampunk, pois apesar de se passar no futuro bem distante, tem elementos do gênero: A escrita de época, componentes mecânicos, uso de carta e telégrafo… mas é mais ainda um mundo pós-apocalíptico [infelizmente se repetiu bastante no desafio]. Apesar de não ter a trama que esperava (ação, traição, morte, etc.), não posso deixar de admirar o resultado. A escrita epistolar me agrada bastante e foi muito bem feita. Linguagem equilibrada e informações jogadas a todo o momento que contam a estória, mostram o mundo e brincam com a linguagem usando a receita dos biscoitos. Foi um trabalho bonito e refinado. Parabéns!

    “Você teria um minuto para falar de Philip K. Dick?” [Eu estou indicando contos do mestre Philip K. Dick em todos os comentários.]
    Como se trata de um Steampunk, não vou indicar PKD, mas o Steampunk Brasileiro: “Lição de anatomia do temível Dr. Louison” porque ele é um romance epistolar, como teu conto. Acho que iria gostar, se já não conhece.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Querido Davenir,
      Em primeiro lugar, obrigada pela indicação de leitura. Lerei com certeza.
      Obrigada também pela análise de meu texto. Foquei no Steam pensando também em uma definição que li de que apesar de a trama ser “à vapor”, o tempo/espaço pode ser indefinido, inclusive encontrei alguns ambientados na idade média. Mas valeu pelo toque.
      Que bom que gostou.
      Também amei o “Enviei para Você”.
      Beijos
      Paula Giannini

  20. Eduardo Selga
    1 de dezembro de 2016

    Não, a ausência de um enredo muito bem delimitado não deprecia esse conto. É que ele está centrado na personagem, em seus sentimentos e o que pensa em relação a três criaturas. Isso provoca uma atmosfera, que é antes delineada no ato da recepção textual, muito mais que expressa com todas as arredondadas letras. E aqui é interessante observar que há muitos contos que, embora estruturados na ação (ou até por isso mesmo), não logram atingir esse efeito impressionista, para usar um termo próprio das artes plásticas porque esse conto é profundamente plástico, no sentido estético do termo. O enfoque está concentrado em apenas um dos elementos que constituem a trama, o personagem, que, em minha opinião, é o ponto essencial de qualquer conto. Noutras palavras, numa narrativa ficcional o condutor dos fatos é mais relevante do que os fatos.

    É um conto que não tem pressa. A princípio, trata-se apenas de uma sequência epistolar, tratando de uma trivialidade que, inclusive, atenta contra a ideia de que os fatos de um conto precisam ser peculiares: biscoitos e uma ceia de Natal. Aos poucos, contudo, ele vai se revelando. O ar doméstico cede ao insólito, como se pode ver em “não há ninguém. Homem ou animal, todos se foram” e “do alto dos meus 293 anos, aprendi […]”. Dentro dele, o que pode ser chamado de steampunk. Mais do que os elementos dessa estética, entretanto, importa a personagem e o que para ela significam as cartas: é uma luta para não se desumanizar pela solidão (“e apavora-me a possibilidade de ser a última por aqui. De perder em mim este algo que nos faz humanos”) e não se tornar mera peça de uma grande engrenagem, não ser uma artificialidade, como seu coração e sangue (“para que viver para sempre se jamais poderei ser eu mesma?”).

    É uma ânsia que podemos encontrar em todo o conto, inclusive em trechos que aparentemente não se referem à condição humana. Cito, nesse sentido, “por favor, liberte minha ave” e “a fêmea ainda está comigo”. O primeiro fragmento trata do pombo-correio, mas pássaro representa a alma, daí pode ser, simbolicamente, um pedido de libertação; o segundo, refere-se ao fabuloso pernilongo, mas no contexto, “fêmea” pode ser o elemento feminino do ser humano. Geny alimenta o bicho com seu sangue sintético, ele a alimenta em sua humanidade (“já não tenho medo dela. Somos as duas, eu e ela, solitárias criaturas em busca de suas metades”).

    Outro indício de ansiedade: se observamos os dias em que as cartas são escritas, no início de cada mensagem, é possível notar que o espaço de tempo é bem curto, dois ou três dias. A personagem tem uma necessidade de escrever, e a linguagem complexa é uma característica humana.

    Ao mesmo tempo, e à primeira vista ele atua contraditoriamente, Geny se utiliza de uma grafia elaborada, paciente, como se feita à tinta nanquim, e insere em suas epístolas a receita dos biscoitos. Para quê, se as cartas servem para convidar o Senhor Inácio para a ceia de Natal, onde haverá os tais biscoitos? Não é ele quem vai fazê-los, logo lhe são totalmente dispensáveis essas informações. O motivo é que escrever esse manual de instruções, a receita, incompatível com quem tem pressa, funciona como um freio à impaciência. Arredondar as letras também.

    Mas não apenas esses os motivos da carta e do “bordado”: eles situam o parco enredo no passado histórico, bem como outro elementos, como motoneta, pombo-correio, lenha, telégrafo e pianola, condição para o steampunk. Mas é interessante observar que esse passado tem mais um caráter mítico que real. Ou melhor, não é a representação de um período histórico do Homem, e sim de um passado imaginado à luz da saudade que hoje temos do que nos faz (ou fazia) humanos. Essa espécie de limbo, o espaço ficcional do texto, podemos vê-lo em “a metrópoles (sic) está mergulhada em um silêncio aterrador, o mesmo que se faz aqui. Só o que se ouve é o som do vento”.

    O gigantismo e a personificação do pernilongo (“havia algo de humano nela”), a despeito de essa última característica poder ser apenas uma impressão da personagem, pertencem a esse passado mítico, existente no imaginário humano, com animais fabulosos e humanizados.

    Sangue é o líquido da vida. Assim, o Aedes estar “com o ventre cheio de sangue” e acompanhá-la continuamente é a simbolização da protagonista, mulher idosa, não completamente humana, e de sua vontade um tanto hesitante de, assim como no mito, gerar descendentes que caminhem sobre a Terra (“[…] talvez eu aceitasse continuar compactuando com essa louca invenção a fim de repovoar não só o planeta, mas minha própria alma”). É uma Eva envelhecida.

    Coesão textual: uma ou outra questão, mas nem especificarei. Em alguns casos, falha de revisão, noutros pequenos erros gramaticais.

    Coerência narrativa: até agora, um dos mais “redondos” que li no desafio.

    Personagens: excelentes, tanto Geny quanto o Aedes. A humanidade salta deles.

    Enredo: por tudo o que eu disse, é encantador, mas não o encanto alienante. Pelo contrário, faz pensarmos em nossa condição humana.

    Linguagem: muito bem construída, demonstrando as indecisões e reflexões da personagem, inclusive com um momento de indignação dela, imediatamente retornando ao tom carinhoso. Um ou outro poderiam soar falsos, mas isso não aconteceu.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Querido Ricardo,
      A precisão, carinho e minúcia com que você analisa os contos por aqui é algo admirável.
      Não tenho palavras para agradecer seu carinho apontando tanto o correto, quanto as escolhas erradas. Pena que não indicou os erros gramaticais para eu corrigir. Vou revisar.
      Ao ler seu comentário sinto que meu dever foi cumprido, conseguindo transmitir o que queria no conto. Ou ao menos para você.
      Obrigada de verdade.
      Beijos
      Paula Giannini

  21. mariasantino1
    30 de novembro de 2016

    Olá, autor(a)! Tudo bem?

    Então, escolhi seu texto para começar os trabalhos. Vamos lá!

    Primeiramente eu não sei ao certo classificar o seu conto, mas julgo ser Steampunk pelo ar erudito que valoriza outros tempos ( diria, toda as cerimônias no tratar vista na Era Vitoriana), e a fonte que vc usou corrobora para isso, para que se tenha a ideia de que foi algo escrito à pena e tinteiro. O curioso é que os acontecimentos se desenrolam no futuro. Achei ousado e ótimo a sua sacada de inserir o ato humano de se cozinhar para repassar vida:o estar vivo, sentir-se vivo e não só a sobreviver, foi essencial para deixar a personagem real, palpável. Agrada-me a melancolia pungente que ambienta o universo pós- apocalíptico criado por você >>>> Nada que nossos paladares velhos e cansados possam de fato perceber. // Não há mais quem se dedique a nada. Creio, reafirmo, que não haja mais ninguém por aí além de nós.

    Sua narrativa é doce, romântica e poética e você consegue dar o tom, o ritmo equilibrado em praticamente todo o texto.

    Agora (a parte chata), o didatismo na forma de expor o cerne do seu texto acabou jogando contra. Observe>>> A chave para a salvação talvez estivesse mascarada na compreensão mútua e amigável entre todas as espécies. A lição, no entanto, está sendo aprendida tarde demais. Fomos nós, que criamos os monstros… É bonito, válido e crível, porém há uma ausência de naturalidade neste ponto do texto, deixando perceptível a aulinha e o puxão de orelha para o nosso modo de viver.

    Em resumo: Há a manutenção do universo criado, a narrativa tem brilho próprio, é equilibrada, não destoando em misturar palavras coloquiais com rebuscadas e consegue ser intimista tornando palpável a Geny. O cerne é bonito, porém perde pontos na conduta.

    P.S.: O que aconteceu ao Ignácio? Perdi algo aí, porque, ao menos pra mim ficou uma dúvida no ar de que tudo acabou aí, uma vez que a Geny tá fraquinha e ele não responde as cartas dela, então penso que ele poderá está morto e, dessa forma ela também morrerá. Enfim…

    Parabéns pela ótima criação e boa sorte no desafio.

    • mariasantino1
      30 de novembro de 2016

      Nota: 9

      • Paula Giannini - palcodapalavrablog
        18 de dezembro de 2016

        Maria Santino,
        Sou sua fã. Então… Adorei seu comentário. Obrigada pelo carinho e por suas observações super pertinentes.
        Beijos
        Paula GIannini

  22. Waldo Gomes
    29 de novembro de 2016

    A história é até boa, mas essa fonte é horrível.

    Achei que os detalhes da receita também foram exagerados, mas tudo bem, faz parte do caldeirão.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Oi, Waldo.
      Valeu! A letra não se repetirá. hahahah
      Beijão
      Paula Giannini

  23. Pedro Teixeira
    28 de novembro de 2016

    O conto é muito,muito bem escrito, narrativa fluente e uma ótima construção de personagem. A voz narrativa convence, e a habilidade do autor ou autora de mostrar só o necessário é admirável. Infelizmente, não consegui ver o elemento punk de uma forma muito clara – há algo de steampunk combinado a um cenário pós-apocalíptico, o que me deixou dividido. Ainda assim, é uma das melhores leituras do desafio até agora.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Oi, Pedro,
      Obrigada pelo carinho de ler e comentar.
      Que bom que gostou.
      Beijos
      Paula Giannini

  24. Bruna Francielle
    27 de novembro de 2016

    Tema: Penso que pela degradação da vida através da tecnologia, esteja dentro do tema, mesmo não sendo um conto ‘tradicional’. Entendi que ela sentia-se degradada pela coração artificial, apesar do motivo para tudo estar mal ser um mosquito.

    Pontos fortes: A parte da ambientação que sugere que ela está sozinha no ‘mundo’? Ao menos, foi isso que entendi. Também gostei do formato da contagem de dias..
    Outro ponto forte, foi imaginar, através de informações jogadas pelo conto aqui e ali, o que havia acontecido naquele lugar. O autor foi competente em não escancarar tudo de uma única vez, ao invés disso, preferiu alimentar a imaginação pouco a pouco.
    E tbm imaginar o que teria ocorrido com o Ignacio, mas confesso q a única possibilidade que passava em minha mente era a de ele estar morto. Só ela, a Geny, que eu não sabia se estava louca alucinando ou se apenas não sabia da morte do Ignacio.

    Pontos fracos: Porém, pensei que a Geny escondesse algum segredo que fosse revelado no fim, pela minha cabeça passou a possibilidade de ela ser um robo completo, fiquei na expectativa de uma revelação que não chegou. Fim sem emoção. Foi.. frio.
    A simples fonte do conto sobrepôs-se ao conto em si;
    Muita repetição de ideias e pensamentos em diversas linhas. Acho que por ser um conto, poderia ter evitado a quantidade exorbitante de repetições.
    As cartas, talvez pelo excesso de zelo com que foram escritas, acabaram por me parecer um tanto forçadas. (talvez a fonte tenha colaborado para isso, uma vez que li como se a personagem tivesse escrito nessa fonte).Faltou naturalidade.
    A utilização do mosquito. É realmente extremamente difícil conseguir imaginar que o mosquito ,velho conhecido da Terra, tenha conseguido matar a todos. Ou talvez seja estranho para mim, talvez porque onde eu moro, não presenciei nenhuma epidemia das doenças do Aedes, mas sei que teve lugares que presenciaram, e talvez a visão de alguém que já esteve num local assim seja diferente da minha, a quem o mosquito não parece tão capaz.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Oi, Bruna,
      Obrigada por suas considerações e carinho ao ler e comentar.
      Beijos
      Paula Giannini

  25. Priscila Pereira
    27 de novembro de 2016

    Oi Lady Geny, seu conto está impecável!! Que ideia original! Eu nunca imaginaria escrever um conto de F.C em estilo de carta, mas ficou muito interessante. Você contou tudo o que tinha que contar de uma forma suave, carinhosa… e o mundo ter acabado por causa do mosquito da dengue foi uma ótima sacada… kkk Muito bom mesmo, parabéns!!

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Oi, Priscila,
      Obrigada por seu comentário carinhoso e gentil.
      Que bom que gostou.
      Beijos
      Paula Giannini

  26. Anorkinda Neide
    26 de novembro de 2016

    Eu fui achando engraçadas as epístolas, não me cansaram, como eu imaginei q cansariam a princípio. Achei desnecessária a receita dos biscoitos (mas muito pq eu detesto receitas rsrs) embora eu entenda o que vc quis fazer, concatenando o processo de feitura dos quitutes com os dias se passando e a mulher se angustiando.
    Ela era a última humana na Terra? ceus, q triste.. distopia, né? talvez esteja um pouco fora do tema, embora eu mesma nao sei bem qual era o tema aqui em questão. :p
    eu achei q vc foi muto criativo com este texto e sensível tb, principalmente com o final, parabens.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Oi, Neide,
      Tudo bem?
      Obrigada por seu comentário delicado.
      Que bom que não cansei você.
      Beijos
      Paula Giannini

  27. Zé Ronaldo
    26 de novembro de 2016

    Gostaria de te pedir, primeiro, que me enviasse umas duas aspirinas por conta da dor de cabeça de ler texto com essa fonte….hahahahahaha(brincadeira), no começo foi bem complicado, mas, essa fonte traz um charme ao texto sim e tem tudo a ver com a trama e com a personagem central. No fim, eu gostei pacas da forma como foi escrito o conto.
    Gostaria de te parabenizar pela escolha de conto epistolar. E para complicar mais, só há uma voz. O que deixa o leitor em xeque: as ações e situações de fato acontecem ou é delírio da personagem? Acabou se tornando um dilema capituniano.
    O desenvolvimento é fantasticamente bem elaborado, a corrente da trama segue um fluxo tranquilo de ser velejado pelo leitor e muito aprazível também.
    O desfecho não poderia ser do melhor, deixando a obra em aberto para que o leitor imagine o final.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Oi, Zé Ronaldo,
      Obrigada por sua leitura e comentário generoso.
      Fico feliz que tenha gostado.
      Desculpe pela letra. rsrsrs
      Beijos
      Paula Giannini

  28. catarinacunha2015
    26 de novembro de 2016

    A prosa em forma de carta, embora seja um recurso muito utilizado, não é tarefa fácil. A dificuldade reside em desenvolver uma trama intensa com um instrumento tão estático. Você conseguiu. Houve narrativa envolvente mesmo com estilo simples.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Oi, Catarina,
      Obrigada por ler e comentar.
      Beijos
      Paula Giannini

  29. Marco Aurélio Saraiva
    25 de novembro de 2016

    Primeiramente, tive que copiar e colar o texto noutro lugar por quê essa fonte é terrível para ler um texto longo.

    Tirando este empecilho, a leitura fluiu bem. Gosto de contos em forma de cartas, especialmente quando o autor escreve bem como você. A angústia de Geny é palpável. Senti-me junto a ela, acompanhando seu drama.

    O cenário pós-apocalíptico foi bem descrito e usado. Não sei se bate com o tema, mas tem algo de punk nele sim. Mesmo que muito leve.

    A escrita está impecável. Só vi alguns problemas no enredo.

    Por exemplo, por quê todos os insetos morreram? O texto meio que deixa a entender que, como os insetos não tinham mais a quem infectar, eles acabaram morrendo. Só que o inseto nunca “viveu do vírus”. Eles são só vetores. De qualquer forma, posso ter entendido errado.

    Achei estranho a “fórmula da vida eterna” estar em um coração mecânico. Não é o bombeamento do sangue, ou mesmo o sangue em si, que nos torna velhos.

    Por fim, a não resolução do mistério de Ignácio foi frustrante. É certo que, conforme entendi no final, o conto é sobre Geny e não Ignácio, Logo, não deveríamos ter que nos preocupar com o velhinho que sumiu e sim observar a história de Geny. O problema é que as cartas dela instigam esta curiosidade no leitor o tempo inteiro, e o fato de que nunca saberei o que aconteceu com Ignácio foi ruim de engolir.

    Gostei da aparição do pernilongo. Penso que ele era a imaginação de Geny pregando peças com ela. A solidão pode fazer isso conosco. Também faz sentido a imaginação dela conjurar um mosquito, já que ele fez parte integrante do fim de tudo o que ela amava.

    O conto me lembra um pouco de “Eu sou a Lenda”, mas sem as explicações satisfatórias. De qualquer forma, as cartas de Geny, especialmente as últimas, dão o que pensar.

    Boa sorte!!

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Oi, Marco Aurélio,
      Obrigada por suas considerações.
      É sempre muito bom ver o texto pelos olhos dos outros. Principalmente quando através do olhar de colegas tão talentosos.
      Beijos
      Paula Giannini

  30. Zé Ronaldo
    24 de novembro de 2016

    As letras atrapalharam um pouquinho a leitura, mas o conto desse tipo, espistolar e punk, atrair e manter a atenção da gente é algo muito meritoso. Parabéns, textaço!

  31. Dävïd Msf
    24 de novembro de 2016

    Forma bem interessante de descrever a imortalidade artificial, apesar de ficarmos no final sem saber o que aconteceu com o Senhor Ignácio… 🙂

    Só achei que a escolha da fonte caligráfica para escrever o texto não foi muito boa, dificulta a leitura. Eu particularmente precisei copiar o texto e colar no notepad, com fonte tipográfica, para conseguir ler com mais fluidez.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Oi, David,
      Desculpe pela letra. Não se repetirá.
      Obrigada por ler e comentar.
      O final de Ignácio, fica por conta do leitor.
      Beijos
      Paula Giannini

  32. Fabio Baptista
    23 de novembro de 2016

    Gostei muito desse texto: a escrita doce, a revisão perfeita, a ousadia de fazer algo fora dos moldes convencionais, o clima de desolação obtido nas cartas de “mão única”.

    Quando estava na metade mais ou menos, pensei que o formato se esgotaria e acabaria enjoando, mas daí pequenas revelações dos acontecimentos e, sobretudo, a participação especial da mosquita, acabaram segurando a atenção até o final.

    Senti mais clima de distopia do que de x-punk, mas não estou levando tema muito ao pé da letra nesse desafio.

    NOTA: 8,5

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Oi, Fábio,
      Obrigada por seus comentários generoso.
      Beijos
      Paula Giannini

  33. angst447
    22 de novembro de 2016

    Não me deterei em analisar a adequação ao tema proposto pelo desafio, pois considero-me bastante ignorante a este respeito.
    Conto com formato diferenciado, seja pela escolha da narrativa feita através de cartas, seja pelo tipo de fonte empregado. Gosto de missivas, sou dessas almas antigas com data de nascimento também perdida no outro milênio. Há algo de romântico nisso, nessa troca de mensagens imaginária, já que o tal do Senhor Ignácio nunca respondeu.
    Não encontrei falhas na revisão, talvez um acento trocado, mas sinceramente a letra rebuscada confundiu-me um pouco.
    A leitura transcorreu tranquila, rápida pela ausência de entraves e com a curiosidade instigada. A trama toda passou-se como um infinito monólogo.
    O que acontecerá à prendada Geny? Tão solitária em um mundo deserto e abandonado. Gostei do mosquito Aedes presente, como a única companhia, doença e esperança.
    Bom trabalho!

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Oi, Cláudia,
      Obrigada por seu comentário gentil e delicado. Pena que não tenha apontado o erro de revisão para eu modificar. Em toda caso, vou revisar.
      Beijos
      Paula Giannini

  34. Rubem Cabral
    21 de novembro de 2016

    Olá, Lady Geny.

    Gostei do conto. Curioso que no meu browser do escritório, talvez por alguma configuração diferente, não o enxergo usando letra cursiva, isso só acontece quando o leio em casa.

    A história é singela e é, obviamente, um steampunk, seja pelas invenções retrofuturistas, seja pelo tom respeitoso e formal das cartas, como algo escrito na era Vitoriana.

    Gostei do ritmo suave, da escrita, do mistério do desaparecimento do Ignácio e da angústia de Geny, quase imortal e absolutamente solitária.

    Penso que somente faltou um pouquinho mais de tempero nos biscoitos, para tornar a história um pouco mais ágil.

    Quanto à escrita: ela é equilibrada, nem simples, nem sofisticada. Não encontrei erros para apontar.

    Nota: 8,5

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Oi, Rubem,
      Obrigada por sua leitura generosa.
      Beijos
      Paula Giannini

  35. Sick Mind
    20 de novembro de 2016

    Por mais que pareça uma escolha natural, o formato de epístola não precisava fazer o uso dessa fonte, que para mim é bastante cansativa. Apesar de apresentar tecnologias, principalmente biológicas, a trama não se desenrola em uma degradação social ou em algum evento mais marcante.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Olá, Sick,
      Obrigada por ler e comentar.
      Beijão
      Paula Giannini

  36. Fheluany Nogueira
    19 de novembro de 2016

    O formato de cartas / bilhetes deixou a narrativa bastante instigante, tornou a LEITURA mais fluente e deu mais emoção á TRAMA . Gostei muito do conto, a única observação que faço é sobre a receita do pão de queijo. A receita mineira é bem diferente. Bem, uma outra observação: Geny salvou-se do extermínio porque tudo nela era artificial? Interessante usar como pseudônimo o nome da personagem, afinal são epístolas. Parabéns pela criatividade. Abraços.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Oi Fheluany,
      Obrigada por ler e comentar com tanto carinho.
      Quanto à receita, é de família, de minha avó e ela era de Mato Grosso.
      São biscoitinhos, nem se compara ao delicioso pão de queijo mineiro, mas fica gostoso.
      Beijos
      Paula Giannini

  37. Tatiane Mara
    18 de novembro de 2016

    Espero que a receita seja boa mesmo. 🙂 Quanto ao conto é bonitinho, longo e meio preso em si mesmo, senti falta de emoção ou ação. Não sei se o tema foi bem apresentado, mas o meu conto também não é lá essas coisas quanto ao tema, então tudo bem (cinismo ao máximo aqui).

    Acho que muita gente vai reclamar disso, mas pelo sim, pelo não, reclamo também: que letra cansativa é essa ? kkkk

    É isso.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Oi, Tatiane,
      Sorte a nossa não termos nascido em épocas onde tudo era escrito a mão. Metade dos leitores por aqui desistiria no caminho. rsrsrrs
      Prometo não repetir a façanha.
      Obrigada por ler e comentar.
      Beijos
      Paula Giannini

  38. Brian Oliveira Lancaster
    17 de novembro de 2016

    TREM (Temática, Reação, Estrutura, Maneirismos)
    T: Pontos pela ousadia. Um tom mais intimista, que de início não é identificável, mas depois surgem características de Steampunk misturado à distopia. Senti mais a distopia que o Steampunk em si, mas as descrições de objetos utilizados, bem como do coração, funcionaram bem. Lembraram muito aquele clipe da Pitty, “Na sua estante”, com o robô sofrendo com um coração de verdade. – 9,0
    R: História bem triste, melancólica e emotiva. Gostei do enredo e, apesar de não haver uma resposta do “amado”, é possível sentir a angústia da personagem principal. É bem criativo. – 9,0
    E: No entanto, a letra “script” torna-se um incômodo depois de certos parágrafos. Sei que a intenção era soar como uma carta rústica, escrita à pena, mas tornou bem cansativa a leitura. Uma pena, pois a história cativa. – 8,0
    M: A linguagem é clara, sem grandes floreios, mas convence ao passar emoção. Não flui tão bem pelo apontado acima, mas compensa pelo jeito intimista. – 8,0
    [8,5]

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Oi, Brian,
      Perdi muito pontos pela letra escolhida e aprendi a lição.
      Obrigada por seu comentário detalhado e carinhoso.
      Beijos
      Paula Giannini

  39. olisomar pires
    17 de novembro de 2016

    Bem escrito, o dilema dos últimos sobreviventes e como quase todo caso nessa linha, chega um momento em que preciso acontecer alguma coisa que agite a história. Pra mim, isso não aconteceu e ficamos somente com as ilusões e devaneios de uma senhora senil.

    A letra (fonte) não ajudou.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Olá, Olisomar,
      Agradeço por sua leitura e comentários.
      Beijos
      Paula Giannini

  40. Evandro Furtado
    17 de novembro de 2016

    Gênero – Good

    Faltam alguns elementos para que se encaixe completamente no tema do desafio, por outro lado, há uma ambientação bem desenvolvida, com clara consciência do que se pretende alcançar.

    Narrativa – Very Good

    Gostei da escolha do formato e da forma como você apresentou. Dentro das próprias cartas há a utilização de uma linguagem bastante emotiva que cria uma conexão direta entre leitor e personagem.

    Personagens – Good

    A gente consegue compreender bem o que acontece(u) a essas pessoas de uma forma muito simples, mas competente. O autor é capaz de passar, por meio do ponto de vista de Geny, uma série de acontecimentos que modelaram os personagens ao ponto em que eles se encontram no momento da história e as suas relações.

    Trama – Outstanding

    A forma como o autor entrega a história, liberando, aos poucos, informações que constroem o panorama geral, é muito interessante. Cria-se, ao longo do texto, uma constante ànsia, por parte do leitor, em querer saber o que vai acontecer em seguida, o que torna a leitura muito agradável e quase imperceptível.

    Balanceamento – Very Good

    Apesar de um pequeno deslize em relação ao tema do desafio, o conto é bom o suficiente para que se ignore possíveis falhas em seu interior, tendo por maior mérito prender a atenção do leitor até o final.

    Resultado Final – Good

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Olá Evandro,
      Adoro o modo como você avalia os contos. Obrigada por sua leitura cuidadosa e generosa.
      Beijos
      Paula Giannini

  41. Evelyn Postali
    17 de novembro de 2016

    P.S.:
    A questão da pomba me remeteu a um dos meus micro contos. Um pouco dramático, e mais tenebroso.
    “Depois que ela mandou a fotografia do pombo-correio na panela,
    ele decidiu-se pelas cartas de amor.”
    Fique bem!

  42. Evelyn Postali
    17 de novembro de 2016

    Oi, Lady Geny,
    Li seu conto.
    E gostei muito. Em forma de carta, quem diria! Muito bem escrito por sinal! Totalmente lindo.
    A caligrafia me lembrou a minha própria letra quando saí do colegial. Confesso que agora ela está mudada, mas tudo muda mesmo no mundo. Ainda bem.
    Essas coisas das quais falou, são mesmo muito importantes. Viver para sempre perde o sentido na solidão. Talvez o Sr. Ignácio não entenda, mas eu me senti perfeitamente representada por você. Além do mais, tem as questões da transformação do mundo pelas mãos humanas. Questões bastante perturbadoras. Sei que tudo o que escreveu, de uma maneira ou de outra, é uma visão do que realmente acontecerá.
    Assim, me despeço desse comentário dizendo que suas palavras me comoveram e estou inclinada a deixar seu nome lá, no topo da minha lista.
    Até mais ver,
    Evelyn.

    • Paula Giannini - palcodapalavrablog
      18 de dezembro de 2016

      Querida Evelyn,
      Acompanho seu trabalho e sensibilidade via facebook, talvez por isso me sinta tão lisonjeada com seu comentário generoso. Sou sua fã. rsrsrs
      Obrigada pela leitura.
      Beijos
      Paula Giannini

      • Evelyn Postali
        18 de dezembro de 2016

        Nossa… Me deixou sem palavras, aqui. Obrigada de coração. Continue com esse talento todo, aí, encantando aos leitores. Beijos, Paula!

      • Paula Giannini - palcodapalavrablog
        18 de dezembro de 2016

        😉 Beijos, querida.

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Informação

Publicado às 17 de novembro de 2016 por em X-Punk e marcado .