EntreContos

Detox Literário.

Ficções (Gustavo Araujo)

davi-torres

Acompanhava o cortejo de longe. O caixão pequeno, enfeitado com crisântemos, era conduzido por formas arqueadas, que se deslocavam a passos lentos e concatenados. As expressões fechadas eram cobertas por um véu de silêncio, embora cochichos e lamentos escapassem furtivamente. Algumas crianças seguiam a contragosto, de mãos dadas com os pais. À retaguarda, duas mulheres de meia idade caminhavam de braços entrelaçados, chamando sua atenção. Uma delas tentava conter o choro enquanto a outra sustentava um olhar de fúria na direção do horizonte.

O homem fez uma anotação mental da imagem e voltou a varrer o calçamento. Àquela época do ano, o vento rebelde insistia em espalhar as folhas das árvores. O homem não se importava. Assim tinha tempo para analisar o funeral, para observar.

À noite, recolheu-se solitário ao casebre junto à entrada do campo-santo. Gostava do silêncio, da paz trazida pelo descanso infinito de seus inquilinos. Sob a luz mortiça de uma vela fincada em um pires de barro, empunhou um toco de lápis e abriu um caderno pautado, passando as costas da mão na borda interna para firmar a página. Os dedos carcomidos e rachados, trêmulos pela exigência de anos de trabalho, ganharam firmeza no exato instante em que o grafite feriu o papel.

Por alguma razão, via-se atraído pela melancolia que se precipitava nas cerimônias fúnebres. Em verdade, acreditava que nenhum sentimento era mais verdadeiro que a tristeza. Para ele, a aflição profunda – especialmente aquela causada pela perda de um ente querido – desnudava a essência de cada um. “Na angústia verdadeira não há impostores” repetia a si mesmo em tom de prece, como se aquela espécie de homilia liberasse sua inspiração.

Escrevia sobre as pessoas que observava. Conferia-lhes defeitos e virtudes, anseios e pecados. Imaginava suas relações com o morto e a maneira como esses enlaces, pelos desígnios do Criador, culminavam com o funeral.

Em sua estante de caixas de fruta guardava inúmeros cadernos, com narrativas tão diversas quanto improváveis. Em cinquenta anos de solidão, jamais estivera sozinho. Tinha consigo seus personagens e isso lhe bastava.

Naquela noite, escreveria sobre a mulher de olhos dardejantes. Sim, aquela expressão indignada, contraposta pelos passos lentos enquanto amparava a mulher em prantos, o havia perturbado o suficiente. Uma protagonista de personalidade forte, que se esforçava para sufocar o desgosto da perda. Sim, certamente merecia uma história interessante.

Seria uma enfermeira, quem sabe? Não… Uma professora soava melhor. Exato. Uma professora, pois enfermeiras talvez não fossem tão suscetíveis às agruras da morte. Professoras seriam mais inconformadas com as decisões de Deus nesse sentido. Pronto. Estava resolvido. Seria professora.

***

Certo dia, varria a seção mais nova do cemitério quando percebeu uma procissão se aproximando. Abririam um jazigo já usado, provavelmente para sepultar alguém junto a um parente qualquer. Afastado, examinava as pessoas, seus semblantes, a maneira como se dividiam em grupos. Pela carga invisível que suportavam nos ombros, era possível divisar quem era a família, quem eram os amigos e quem estava ali por algum tipo de dever.

Entre as expressões caladas, notou a mulher de olhos de cólera. Surpreso, disse a si mesmo que era apenas coincidência, que, na verdade, não se tratava da mesma pessoa.

Mas era ela. A professora.

Desconfortável e ao mesmo tempo curioso, acompanhou o sepultamento discretamente, fingindo cuidar da limpeza das calçadas a certa distância. Ouvia a arenga de alguém que enaltecia o caráter bondoso do morto, mas na verdade, atinha-se mais à expressão daquela mulher, ao mesmo tempo desafiadora e transbordando de tristeza. Enfrentar duas perdas seguidas e manter-se de pé revelava sua força. Uma mulher admirável, certamente.

Sem aviso seus olhos se cruzaram. O homem baixou a cabeça, embaraçado, e voltou à vassoura, dando as costas para o séquito. À saída do grupo, cessou a varrição por um momento e apoiou o braço cansado sobre o cabo. Enquanto enxugava a testa, viu a mulher passar e dirigir-lhe um esboço de sorriso, a expressão tipicamente reservada àqueles dignos de condescendência. Sorriu de volta, sem jeito.

À noite, voltou ao caderno. Por certo, continuaria aquela história. Em sua narrativa, durante um funeral qualquer, a professora lhe dispensaria uma palavra, um aceno, um cumprimento, pediria algo para beber. Logo, trocariam nomes, conversariam sobre a vida. Contaria a ela sobre sua infância, sobre os dias na lavoura, sobre a escola. Por fim, confessaria o remorso que o acompanhava desde que deixara os pais na roça para vir para a cidade, o fato de nunca mais tê-los visto e como se tornara uma espécie de retirante entre os mortos – sim, porque se considerava um morto-vivo, um fantasma – varrendo as calçadas daquele cemitério e secretamente concebendo histórias para pessoas reais. E como ela, a professora, num átimo, o resgatara desse mundo que existia apenas em seus cadernos velhos.

Ao menos em suas linhas tortas, teria uma vida de verdade.

***

O sol de fevereiro se derramava sobre as sepulturas logo cedo. De onde estava, o homem tinha a impressão de ver o horizonte perdendo a nitidez, suas cores se evaporando com o calor que brotava do solo. Escondia o próprio rosto sob um chapéu de palha, as abas largas protegendo-lhe os olhos da claridade, ainda que fosse inútil contra aquela temperatura. Mas não sairia dali. Permaneceria varrendo aquele setor, a piaçava riscando insistentemente o chão, até que a professora chegasse. Era a primeira sexta-feira do mês e ela nunca falhava.

Percebeu o coração acelerar quando a viu surgindo entre os túmulos enegrecidos do setor 23. Como sempre, passos lentos, mas resolutos. A expressão endurecida suavizada pela vivacidade dos olhos. Passou por ele com certa pressa e cumprimentou-o. “Bom dia”, disse. Ele parou de varrer por um instante e tocou a aba do chapéu. “’Dia”, respondeu. E voltou à lida.

De soslaio, percebeu que ela se abaixava diante do jazigo onde descansavam o menino e um homem, enterrados lado a lado. Depositou flores. Ficaria ali, por cinco ou dez minutos, e regressaria no mês seguinte. “Bom dia”, diria ela. E ele responderia “’Dia”.

Professora de língua portuguesa. Isso mesmo. Alguém que ensinava crianças de sete ou oito anos, dessas que estão despertando para a vida, aprendendo a construir palavras, pequenos engenheiros de letras. Trabalhava em um grupo escolar no aro da cidade. Exato. Escola pequena, com paredes desbotadas e onde faltavam cadernos e lápis para os alunos. Tinha todas as razões do mundo para protestar, mas preferia manter-se afastada de discussões que ultrapassavam a sala de aula. Havia quem reclamasse de sua falta de ação, mas ela simplesmente preferia aquela existência resignada. Seus alunos eram a razão única pela qual despertava dia a dia.

Talvez tivesse condições para lecionar em qualquer grande escola da cidade, mas preferia permanecer ali, nos arrabaldes, pois era onde se sentia útil, ensinando filhos de pais sem direito a escolhas. Não raro, empregava recursos próprios para ajudá-los. Não se furtava a isso. Era uma maneira de se sentir viva, especialmente depois que o próprio menino e o marido haviam partido.

***

Há algumas semanas, o macacão que usava para trabalhar estava frouxo. Queria acreditar que a roupa tinha crescido em demasia, como que por um feitiço. Sabia, porém, que ele mesmo é que havia emagrecido, que estava doente. Os acessos de tosse tinham se intensificado há algumas semanas, eliminando qualquer dúvida. Pensou em procurar um hospital, mas seria inútil. O mais provável era que o internassem. Não queria passar seus últimos dias preso a uma cama, sem ninguém. No cemitério, estava entre os seus.

Era sexta-feira. Acomodou a vassoura no ombro e se encaminhou para o local de sempre. Esperaria a professora, como vinha fazendo há tanto tempo. Trazia consigo o caderno.

Embora jamais tivesse trocado mais do que um cumprimento fugaz com a mulher, sabia-lhe a vida. Como último ato de sua própria existência, entregaria a ela suas anotações. Talvez recebesse um sorriso. Se tivesse sorte, poderia vê-la retornando no mês seguinte com um agradecimento nos olhos, perguntando seu nome.

Aquela sexta-feira foi-se, todavia, sem que ela aparecesse. Assim como outras e outras.

***

Numa segunda-feira qualquer, a mulher caminhou até o jazigo da família. Trazia consigo uma bolsa pendurada no ombro e, nas mãos equilibrava um vaso de lírios. Chegando à sepultura, depositou as flores sobre o túmulo, cerrou os olhos e rezou por alguns minutos. Antes de ir, porém, decidiu acondicionar os lírios no vão existente entre as lápides. Foi quando percebeu algo inusitado.

Um caderno.

Não fazia ideia de quanto tempo estava ali, nem por quê. Observou ao redor, buscando uma explicação, mas, naturalmente, não havia ninguém que pudesse ajudá-la.

Abriu o caderno e passou os dedos pelas folhas pautadas. Garranchos escondiam um relato de fôlego, ocupando todas as páginas. Embora reconhecesse uma ou outra letra, era impossível compreender aquela caligrafia pesada, quase infantil. Ainda assim, por algum motivo, guardou-o na bolsa.

Deu as costas para o jazigo e dirigiu-se à saída. Olhou para os lados e deu-se conta de que há tempos não via o varredor. Balançou a cabeça. Estava na hora. Seus alunos a aguardavam.

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44 comentários em “Ficções (Gustavo Araujo)

  1. Pedro Teixeira
    15 de outubro de 2016

    Olá, Davi! É uma narrativa daquelas para ler sem pressa, degustando as palavras. Gostei do tom empregado, que explora sentimentos sem resvalar na pieguice. As descrições estão bastante convincentes, o ritmo é bom, e as informações são dadas na medida certa, dando espaço ao leitor para pensar. Não tenho muito mais a acrescentar, gostei bastante.
    Parabéns e boa sorte no desafio!

  2. Thiago Amaral
    15 de outubro de 2016

    A escrita está perfeita, não notei problema algum.

    A história também prende o interesse, com suas descrições precisas. Achei que a moral seria diferenciar ficção e realidade, mas me surpreendi ao constatar que, de alguma forma pelo menos, o velho acertara ao considerá-la professora. Resta, então, esperança e solidão, incapazes de serem lidas.

    Muito bom conto!

  3. mariasantino1
    14 de outubro de 2016

    Autor(a) você consegue embevecer com suas palavras. É bonito, sem ser fofo. Uma beleza madura de alguém que sabe o que quer e como quer fazer acontecer. Sua sutileza deu um ar suave a trama e conseguiu a façanha de casar os dois mundos (real e imaginário) em um mesmo lugar. Ele criou uma história para ela (no caderninho) que, de fato, era real (pois ela era mesmo professora). O espaço mesmo limitado consegue deixar vivo o coveiro e a mulher, e é triste sem ser piegas (minha opinião).
    Não tenho muito a acrescentar. Parabéns!

    “narrativas tão diversas quanto improváveis” (Parece a propaganda da antologia do EC, Devaneios improváveis. rsrsrs)

    Boa sorte no desafio.

  4. Eduardo Selga
    14 de outubro de 2016

    A palavra literária muitas vezes funciona como biombo, na medida em que ao invés de esclarecer, ela pode —e deve— camuflar. Mas é uma ocultação que, se bem interpretada pelo leitor, revela mais do que o claramente exposto e ajuda a ampliar o significado deste. Na verdade, o texto literário precisa deixar clarificada apenas porções estratégicas, e manter nas sombras todo o resto, de modo que o leitor, ao invés de se divertir com as obviedades da denotação, divirta-se em descobrir os significados imersos nas águas da figura de linguagem e na conotação. Com isso não estou dizendo que literatura precise ser um enigma apenas decifrável por algum oráculo sagrado, e sim que a banalidade não deve estar em seu cardápio como prato principal.

    O título deste conto é muito curioso e falsamente simples, assim como seu enredo. Por que “Ficções”, no plural, tão aparentemente sem impacto? Falando nisso, e tentando ampliar um pouco mais o possível raio de ação deste comentário, é de se perguntar qual o motivo da cobrança um tanto paranoica, advinda de uma parcela relevante de leitores brasileiros, por textos que nos sacudam, nos fisguem emocionalmente, mas apenas dentro de um espaço autorizado? Parece haver um limite que determina até onde os textos literários podem nos emocionar, nos chocar, nos surpreender. Muitas vezes tenho a nítida sensação de que os contos devem ser parecidos com alucinógenos: provocam o “barato”, a “viagem”, mas não se espera deles que apontem qualquer caminho de mudança no campo da realidade sociopolítica de um coletivo. Ao contrário, cria-se um mundo de faz de conta, para onde é possível escapar, diante das agruras reais, porém deixando discursivamente intacta a realidade que provoca tais agruras.

    Assim os contos. Se as narrativas ficcionais ousarem demonstrar que certas pilastras sociopolíticas são balançáveis, que narrativa boa é mais do que uma surpresa no final, o incômodo que ele causa deixa de situar-se no campo permitido e passa a ser demasiadamente incômodo. Vira estorvo.

    Mas eu falava do título. A primeira ficção da narrativa é o próprio conto enquanto objeto artístico-literário e, como tal, apresenta “vidas” inventadas de modo muito competente por um(a) autor(a) real, vidas verossímeis a ponto de as duas personagens centrais soarem reais, como se o(a) autor(a) tivesse “copiado” tais personagens dessa dimensão a que nós denominamos realidade, ou se de algum modo eles estivessem diante de nós.

    A segunda é intrigante. É que podemos compreender a professora, em parte, enquanto criação do varredor do cemitério. Por outras palavras, o leitor não tem acesso a uma “pessoa” completa, como o primeiro personagem é. Digo isso porque a partir de uma observação “concreta”, qual seja, a presença da mulher no cemitério, muito marcante para o personagem, este, um ficcionista nato, cria para essa mulher “real” uma profissão, um local de trabalho e um comportamento. Ele se encanta com a mulher “real” e com a personagem que ele monta e redige. Acredito que o melhor exemplo da parcela ficcionalizada da professora está no parágrafo que se inicia com “professora de língua portuguesa. Isso mesmo. Alguém que ensinava crianças de sete ou oito anos […]” e termina com “seus alunos eram a razão única pela qual despertava dia a dia”.

    No entanto, a coisa não é assim tão óbvia, e nem poderia ser se a intenção é escrever esteticamente a palavra. É que, no desfecho do conto, descobrimos, após a morte do varredor, que ela é de fato uma professora. Aí fica uma questão só aparentemente absurda —afinal estamos falando de ficção: a narrativa que ele criou foi tão poderosa que conseguiu materializar a mulher, uma espécie de fantasma às avessas, na medida em que não tem origem no ato destrutivo da morte e sim no ato criativo? Ou ele, um criador poderoso, conseguiu captar, mesmo sem maiores contatos com ela, sua profissão?

    Tanto um caso como outro demonstram concepções idealizadas do escritor e do fazer literário; no segundo caso, ele é uma “antena” que prevê situações, mesmo sem haver intenção. O autor de “1984”, George Orwell, costuma ser citado como exemplo desse entendimento. O primeiro caso é típico da concepção “a vida imita a arte”, demonstrando que ambas as dimensões são interligadas. Não se trata aqui de condenar tais ideias, tampouco de aplaudi-las, apenas a constatação de que a narrativa em questão as desnuda.

    Uma terceira ficção está na possibilidade de o autor não ser real. Uma possibilidade fictícia, é claro. Vejamos: quando a gente observa a tessitura da narrativa, encontramos expressões próprias do conto (“certo dia”, “o sol de fevereiro se derramava”, “há algumas semanas”, “numa segunda-feira qualquer”), possibilitando interpretar, em minha opinião, que todo o texto escrito é a própria narração inventada do varredor. O(a) autor(a) finge muito bem que não foi ele(a) quem escreveu o texto, e sim o seu personagem. O texto que lemos é o próprio caderno que ele escreve, configurando-se metalinguagem. Nesse caso, entretanto, é preciso admitir que a professora não é uma criação parcial, conforme eu disse antes, e sim integral.

    Coesão textual: não encontrei nada que atentasse contra a coesão.

    Coerência narrativa: excelente.

    Personagens: pelo que eu disse acima, excelentes.

    Enredo: aparentemente simples, e sem dúvida muito bom.

    Linguagem: o efeito metalinguístico e de ocultação de autoria não seria possível se a linguagem não colaborasse com isso, pontuando aqui e ali termos típicos da narrativa escrita.

  5. Maria Flora
    14 de outubro de 2016

    Olá, Davi. A leitura de seu conto foi muito boa. Gostei da narrativa fluída; da descrição do ambiente e do próprio personagem. E o próprio título foi bem escolhido. Meus parabéns! Boa sorte!

  6. Felipe T.S
    14 de outubro de 2016

    Estamos todos sozinhos, não? E nessa solidão angustiante, acabamos muitas vezes vivendo de ficções, da possível realidade, das outras alternativas, daquilo que quase acontece. hehe

    Eu gostei do conto, achei muito bem escrito e por algum motivo desde o início fiquei buscando ligações da história do “coveiro” e seus pensamentos com a própria ficção. Gostei da forma como você dividiu o texto, poderia ser as próprias divisões no caderno, não era sua intenção? Bom, como um todo, um conto que me agradou e ficou acima da média. Parabéns pelo trabalho.

  7. Daniel Reis
    14 de outubro de 2016

    4. Ficções (Davi Torres)
    COMENTÁRIO GERAL (PARA TODOS OS AUTORES): Olá, Autor! Neste desafio, estou procurando fazer uma avaliação apreciativa como parte de um processo particular de aprendizagem. Espero que meu comentário possa ajudá-lo.
    O QUE EU APRENDI COM O SEU CONTO: uma história de impossibilidades, muito bem tramada, onde a admiração e a distância, que acompanhamos pelo lado do encarregado da limpeza, infelizmente não são descobertas a tempo pelo seu objeto de observação. Ele estava certo, mas daí era muito tarde. Gostei disso.
    MINHA PRIMEIRA IMPRESSÃO SUBJETIVA DO SEU CONTO, EM UMA PALAVRA: Amargodoce (bittersweet)

  8. Gustavo Aquino Dos Reis
    13 de outubro de 2016

    Assim como outro conto presente no desafio, este apresenta a vida pura e simplesmente como ela é. A escrita é perfeita, talvez a melhor desse desafio e esteticamente incorrigível.

    O grande trunfo do Nelson Rodrigues era a paródia e o cinismo da vida. O conto, embora beba de uma fonte parecida, puxa para o caminho do sentimentalismo.

    Parabéns.

  9. Evandro Furtado
    13 de outubro de 2016

    Fluídez – Outstanding

    Do início ao fim o texto corre de forma natural, sem obstáculos que dificultem a leitura.

    Personagens – Outstanding

    Temos o varredor, solitário e sonhador, observador, sempre disposto a criar histórias para as pessoas que vê. Já a professora é o oposto, passiva permanece aquem aos problemas do mundo e pouco observa as coisas ao seu redor. A relação entre ambos, apesar de praticamente não trocarem palavras, é muito intensa e bonita, potencializada por essa antítese natural.

    Trama – Outstanding

    Um varredor que fica a imaginar coisas. Quem diria que algo tão brilhante poderia sair de uma premissa tão simples? O autor consegue, inclusive, deixar alguns fatos de fora sem prejudicar a consistência da trama, o que torna o texto enxuto e ainda mais denso.

    Verossimilhança (Personagens + Trama) – Outstanding

    Estilo – Outstanding

    A narrativa em terceira pessoa torna o leitor um mero espectador dos fatos, o que se mostra necessário diante dos acontecimentos narrados. Seria um crime que qualquer um interferisse em tão bela história. Somos meros observadores e isso é muito bom.

    Efeito Catártico – Outstanding

    Um conto belíssimo que brinca com os constrastes da vida com um tom carregado de melancolia.

    Resultado Final – Outstanding

  10. Anderson Henrique
    13 de outubro de 2016

    O texto inicia com um parágrafo excelente e o tom segue coerente até o fim. Um conto com construções muito boas, que eu poderia até listar aqui, mas acho desnecessário, pois o autor sabe o que está fazendo. Não é um iniciante ou aventureiro. Tem estrada essa escrita. Outro destaque é o personagem, bem construído e trabalhado. Aliás, o texto todo é muito sensorial e vai ao detalhe para trazer proximidade como “a piaçava riscando insistentemente o chão”, que coloca o leitor ali do lado do sujeito, varrendo junto pra ver se o serviço sai mais rápido. O conto está irretocável na questão textual. Acho que faltou apenas um tantinho de substância para dar um impacto climático maior. O fim é adequado, mas para fica a sensação de que faltou algo, talvez um conflito mais forte. Muito bom!

  11. catarinacunha2015
    13 de outubro de 2016

    QUERO CONTINUAR LENDO? TÍTULO + 1º PARÁGRAFO:
    Bela descrição de um cortejo fúnebre. Quero mais.

    TRAMA muito delicada, feminina ao extremo. Tem estilo leve e lento. Muito lento para um conto tão curto. Genial até.

    AMBIENTE sóbrio e forte.

    EFEITO alguém me explica a piada? Sabe quando você lê um best seller perfeito e não vê a menor graça? Como “O Grande Gatsby” e este conto.

  12. Luis Guilherme
    12 de outubro de 2016

    falaa Davi, tudo bem por ae?

    Cara, que texto delicioso! Muito fluente, gostoso de ler, criativo, com uma boa trama, e o mais importante: me deixou curioso e devorando as palavras pra saber onde ia dar. E eu gostei de onde deu! O desfecho ficou bonito! O fato dele ser analfabeto (né?) foi incrível, o carinho nas palavras, a beleza do texto, tudo.

    Alguns comentários a mais que fui anotando aqui:

    1- Parabéns pelas descrições. Mandou muito bem! Especialmente para descrever momentos comuns do dia a dia, mas que ficam bonitos no texto, como “Sob a luz mortiça de uma vela fincada em um pires de barro, empunhou um toco de lápis e abriu um caderno pautado, passando as costas da mão na borda interna para firmar a página. ” – Lindo!

    2- A leitura corporal e da personalidade que o velho faz dos visitantes ficou bem legal.

    3- Achei legal que o texto transparece uma coisa q eu acredito e que me faz ser apaixonado pela escrita/leitura: a escrita dá vida! Não importa se tudo oq ele lia das pessoas e escrevia nos seus caderninhos era de fato real, mas a partir do momento que ele passava pro papel, se tornavam, nao acha?

    Enfim, parabéns, um trabalho belíssimo!

  13. Bia Machado
    11 de outubro de 2016

    Tema: Bem dentro do tema e, o que é melhor pra mim, sem recorrer ao sobrenatural, embora eu tivesse tido a sensação, a todo instante, que algo do tipo ia acontecer. Que bom que não! E digo que é sempre complicado me ater ao técnico quando gosto de um texto e é o que acontece aqui. O oitavo conto lido e,
    por enquanto, o meu preferido.

    Enredo: É simples, mas dentro dessa simplicidade foi levado de uma forma que me fez ler tudo de uma vez, enlevada com aquela situação cotidiana. E, por ter lido tudo de uma vez, fiquei chateada, queria ter lido mais devagar, ou que a história se demorasse mais. Quanto ao final, vi que foi bem controverso. Pra mim está ok da forma como está. É um final coerente e a mulher era realmente professora, qual o problema? Não tenho do que reclamar enquanto leitora. Só ficar triste por imaginar o ocorrido da forma como foi narrado.

    Personagens: Tanta coisa podia ter sido dita entre essas duas personagens, não? Eu aqui fiquei torcendo por um diálogo que fosse. Me envolvi completamente com a história dessas duas personagens. Ponto mais que positivo para o autor/autora.

    Emoção: É um enredo que me emocionou na sua simplicidade. Foi uma leitura da qual estava necessitada no dia de hoje, foi algo como deixar o meu cotidiano e entrar nesse outro, desse “escritor” que tinha que ganhar a vida de outra forma e dessa professora.

    Alguns toques? Nenhum, apenas um obrigada.

  14. Fil Felix
    10 de outubro de 2016

    A vida como ela é (2)

    Nelson Rodrigues escancarava a vida privada alheia e seu conto segue essa linha, mas com um viés mais calmo, se abaixando e observando através de um buraco de fechadura. O que não se vê, se inventa.

    GERAL

    Um conto que de longe percebe-se que é de alguém que já possui experiência. Escrita tranquila, sem erros, fluída e gostosa. Tudo muito bem narrado, etapa por etapa, sem atropelamentos. As personagens vão sendo desenvolvidas aos poucos, para nos afeiçoarmos à elas. O que é um ponto muito positivo. A trama também é boa e ocorre toda durante o cemitério, o famoso olhar pela vida do outro. Passamos por dezenas de pessoas todos os dias, sem nos preocuparmos. Quase não-pessoas. Imaginar como cada uma é, o que faz, o que gosta. Do que vive, quem são os entes que perdeu. Ou os que ganhou pela vida. Dar-lhe personalidade/ vida. Tudo isso deu um ar de serenidade ao conto, que já é de natureza bem tranquila.

    ERRORr

    Não encontrei nenhum erro visível, pelo contrário. Adorei algumas palavras que não conhecia (como homilia). O conto não chegou a me tocar porque não senti algo que o chacoalhasse, se mantendo na mesma frequência. Sem grandes surpresas. Nos dois últimos blocos, achei estranho que no penúltimo a mulher ficou tempos sem ir. No último ela aparece e ele que já não aparecia (estaria na cama, doente?). Perdemos a noção de tempo/ continuidade. Pode ser pra ficar no ar, entre o sumiço/ morte do cara e a chegada da mulher. Ou não.

  15. Gustavo Castro Araujo
    9 de outubro de 2016

    A principal característica do conto é não recorrer ao sobrenatural, traduzindo-se em uma história sobre pessoas. Não há fantasmas, não há acontecimentos inexplicáveis, não há reviravoltas mirabolantes. O que se nota é a solidão do varredor e um tipo de amor platônico que ele dedica à mulher, ou melhor, à professora por meio de uma idealização do passado da mulher. É um texto “a vida como ela é”, sem sobressaltos, sem reviravoltas mirabolantes. Uma aposta arriscada, para dizer o mínimo.

  16. Paula Giannini - palcodapalavrablog
    9 de outubro de 2016

    Olá, David,

    É estranho ler as opiniões dos colegas e perceber que, o que funciona para uns, é justamente o que os outros detestam.

    Para mim, a melhor parte de seu conto é o final. A imagem da professora tentando decifrar uma história para ela e sobre ela, em garatujas indecifráveis é uma sacada e tanto.

    Você fez um retrato de gente simples, falando sobre coisas simples, vivendo vidas igualmente simples e aí é que está o segredo da poesia ao meu entender.

    Por algum motivo, no entanto, senti um pouco a necessidade do aprofundamento no interior dos personagens. Algo que revelasse ao leitor, os conflitos internos pelo qual ambos passavam. Claro que a doença do coveiro é uma alavanca para isso, mas justamente nesse momento o texto passou rasteiro. Vimos ele adoecer, mas não percebemos o momento em que ele luta, por exemplo para terminar a história o mais rápido póssível ou algo assim.

    Há momentos muito bons, como o fato de ele entregar o caderno através do túmulo e de conhecê-la mesmo sem conhecer.

    Parabéns por seu conto e boa sorte no desafio.

  17. vitormcleite
    8 de outubro de 2016

    Adorei, excelente, na minha opinião, um dos melhores textos que já passaram por aqui, muitos parabéns.

  18. phillipklem
    8 de outubro de 2016

    Comentário – Ficções

    Boa tarde.
    Sinceramente, um dos melhores contos que eu li no desafio até agora.
    Adorei sua escrita e a forma como você conseguiu transmitir a melancolia e solidão do protagonista com esmero.
    O final foi a cereja no topo do bolo e o fato dele escrever de e maneira que apenas ele era capaz de compreender foi ao mesmo tempo tocante e chocante. Um verdadeiro hino de amor à literatura e à arte de contar histórias.
    Quem nunca pôs-se a inventar vidas para estranhos na rua?
    Meus parabéns por um conto tão belo e por uma escrita madura e emocionante.
    Boa sorte.

  19. Gilson Raimundo
    8 de outubro de 2016

    Não encontrei nada que desse uma diferencial ao conto, foi bem escrito ,mas com poucos atrativos, o fim não teve o impacto desejado, paixões platônicas dão boas histórias deveria ter uma rejeição dando drama ao conto pois ele é morno e não rende…. não houve um conflito aberto.

  20. Davenir Viganon
    7 de outubro de 2016

    Olá Davi
    O titulo ganha mais de um sentido durante a leitura. Ótima escolha.
    O ritmo é lento, mas não no sentido ruim, pois a poesia do conto caiu bem. A sacada no final é muito boa também, e no fim das contas não importa quem é personagem e é “real”. O cemitério e os personagens o são também para os outros personagens. É um efeito muito bonito na leitura. Durante o texto, as construções são ricas e reflexões são sensíveis e inteligêntes. Gostei bastante.
    Um abraço.

  21. Fheluany Nogueira
    7 de outubro de 2016

    Comecei gostando do título, sugestivo e não deu outra: metalinguagem: um zelador-coveiro-varredor- observador, encontra nos visitantes do cemitério ingredientes para o seu caderninho de notas. Fixa-se em uma mulher, cria toda uma vida para ela. Doente, ele deixa para ela suas anotações. Ela não consegue ler nada. Irônico. Mas uma história bem construída. Gostei.

    Narrativa do cotidiano, leve, fluente e interessante. Parabéns e abraços.

  22. Anorkinda Neide
    7 de outubro de 2016

    Eu achei lindo demais isso aqui! ❤
    Todos os cadernos foram escritos com garranchos indecifráveis? me tocou demais isso… um pouco de Sassá Mutema com o Zelão, como Amanda bem lembrou, mas sem o piegas da paixão e tal.. era a paixão pela literatura mesmo, coisa linda, coisa inata! hahaha
    Quando ele imagina uma vida compartilhada com a nova amiga, apenas pq recebeu um cumprimento, isso é sensível demais, pq é assim q acontece com os solitários, mesmo. Eu sei!
    Enfim, eu gostaria de ter escrito este conto e pela competência e poesia aqui encontrada, tenho meu palpite de autoria.. ^^
    Parabens, professora… ops.. escritora!
    Abração

  23. Pétrya Bischoff
    7 de outubro de 2016

    Olá, Davi! Achei especialmente interessante a primeira frase do segundo parágrafo, pois foi exatamente o que fiz após Lê-lo, registra mentalmente. É uma bela frase descritiva.
    A escrita é clara, fluída e creio que esteja gramaticalmente correta. A narrativa e a ambientação auxiliam-se mutuamente na criação de boas imagens mentais.
    A história é interessante justamente pela questão do escritor amados que deduz histórias de vidas de outrem. eu também faço isso diariamente, ainda que nem sempre registre. A imagem que ilustra o conto é forte e contribui para a estética geral.
    O que mais me comoveu foi a última parte, que atenta para a caligrafia pesada, o que delata uma vida de pouco estudo, ainda que alma de escrito.
    Bom conto, parabéns e boa sorte!

  24. Amanda Gomez
    6 de outubro de 2016

    Olá, Davi

    Seu conto é muito bom, eu adorei cada linha e me perdi nelas. Lendo os últimos parágrafos me lembrei de uma cena, numa novela que agora esqueci o nome rsrs. De um homem que escrevia cartas de amor a sua amada, também uma professora, na verdade ele pedia a um amigo que o fizesse, pq não sabia escever…. Acontece que o amigo tbm não sabia e só o que a professorinha recebia era garranchos indecifráveis.

    Pelo que eu entendi, o varredor era um escritor que não sabia escever…. Sendo isso eu fiquei bem tocada por esse personagem, que devia levar uma vida tão dura e solitária e só o que tinha ao seu favor era sua imaginação.

    Vejo muitos aqui, e em todos os outros contos, procurado por originalidade…. Originalidade em um tema literalmente fechado, eu não estou procurando isso, o que busco é a capacidade do autor de contar uma mesma história com tanta convicção e esmero, se apropriar do que já foi dito, narrar de forma distinta e válida , pra mim, é o desafio deste desafio. É você conseguiu isso, assim como tantos outros que estão sofrendo com as mesma críticas. Oh céus, por onde anda essa tal de originalidade?? Pelo menos eu, não esbarrei muito com ela neste desafio.

    De todos os coveiros/varredores apresentados neste desafio o seu definitivamente se destaca. Um dos personagens mais marcantes, até então para mim.

    O final deixa um sabror amargo, eu preferia mil vez a versão em que ele conseguia entregar o caderno a professora é eles passassem a conversar tal como ele imaginou.

    Uma pena, o autor quis dar uma forçada no drama aqui, mas, tudo bem… Sobreviverei com essa frustração… Rsrs

    Parabéns, sorte no desafio.

  25. Fabio Baptista
    6 de outubro de 2016

    Bom conto, muito bem escrito.
    Uma vez escrevi um conto sobre um dono de cafeteria que inventava histórias para os clientes, era mais ou menos nessa pegada. Aqui, achei que o autor conseguiu um efeito mais completo, principalmente pela “reviravolta” no final… mostrando que o varredor estava certo o tempo todo em sua ficção. Um efeito interessante, sem dúvida.

    Só não curti muito o ritmo excessivamente cadenciado, fez o texto ficar um pouco arrastado em certas partes.

    – descansavam o menino e um homem
    >>> usaria “um menino e um homem”

    Abraço!

  26. Ricardo Gnecco Falco
    5 de outubro de 2016

    Olá, autor(a)!
    Vou utilizar o método “3 EUS” para tecer os comentários referentes ao seu texto.
    – São eles:

    EU LEITOR (o mais importante!) –> Leitura bem fluída e marcante pela naturalidade com que a história agrega o leitor. A capacidade do escritor fica latente, assim como
    um certo desgosto, já fantasmagórico durante a leitura, pela escolha de abordagem do tema, mais do que batido neste Certame. Por tratar-se de um trabalho entregue no último dia do prazo, este quesito “mais do mesmo” terá um peso um pouco maior na definição de minha nota, principalmente pela indiscutível capacidade do autor que, se quisesse, teria conseguido destacar-se ainda mais ao sair do lugar-comum. Nota 8, pela fluidez e sensibilidade, mesmo que com pouca inovação/criatividade. Merece, sim, os parabéns! 😉

    EU ESCRITOR (o mais chato!) –> Escrita quase perfeita! Escolhas muito acertadas com relação às palavras empregadas. Nada parece estar sobrando. Ex: “Àquela época do ano, o vento REBELDE insistia em espalhar as folhas das árvores.”; “… mulher de olhos DARDEJANTES.” ; “… a mulher de olhos de CÓLERA.”. Este peso pensado com cuidado para as descrições (ponto forte do conto) traz ao trabalho um caráter de maestria. Muito bom!

    EU EDITOR (o lado negro da Força) –> Trabalho de profissional; pena que não se destaque tanto dos demais bons textos que (também) abordaram desta forma o tema. Faltou um pouco de inovação, arriscar um pouco mais. #FicaDica!

    Boa sorte,
    Paz e Bem!

  27. Wender Lemes
    4 de outubro de 2016

    Olá! Da imagem de abertura até o desfecho, percebe-se o cuidado do autor para com sua obra. A narrativa flui com espontaneidade, profissional. Embora em terceira pessoa, temos a sensação de acompanhar os acontecimentos pelos olhos do coveiro/escritor, até o momento em que ele passa a ser o objeto da própria profissão e deixa sua herança literária para a musa da última narrativa. Pelo lado técnico, não há muito o que dizer, está bem escrito, revisado, e adequado ao tema – é provável que fique entre os melhores colocados por isso. Pelo lado emocional, só não me agradou mais pela escolha de mais um protagonista coveiro. De modo geral, se não está entre os contos mais ousados do certame, compensa com o esmero na lapidação. Boa sorte e parabéns.

    • Wender Lemes
      4 de outubro de 2016

      Aliás, não tenho certeza se o protagonista poderia ser chamado de coveiro. Está mais para zelador.

  28. Claudia Roberta Angst
    4 de outubro de 2016

    Um homem que varria folhas mortas e colhia histórias dos vivos. Poético isso!

    O conto abordou o tema proposto pelo desafio com sucesso. O cemitério sempre presente, embora o foco principal tenha sido a vida dos personagens, o mistério acerca da identidade da moça. E não é que era mesmo uma professora?

    Não encontrei lapsos de revisão ou problemas com o ritmo da narração. A leitura segue, flui sem entraves. Algumas voltas a mais para o meu gosto, mas sem ser tornar algo cansativo.

    O homem, um escritor em desenvolvimento, descobre-se doente e não tem para quem deixar o seu legado – sua criação literária. Tomara que a professora consiga decifrar os garranchos e ler a sua vida inventada.

    Boa sorte!

  29. Pedro Luna
    4 de outubro de 2016

    “Ao menos em suas linhas tortas, teria uma vida de verdade.”

    Bom, para mim o conto passou uma sensação grande de já vi isso antes. Mas depois fiquei pensando e acho que se deve ao fato de muitos escreverem para viver outras vidas, fugir da mesmice da sua. Justo o tema do conto.

    Então partindo desse ponto, posso dizer que o autor foi eficiente. Acho que o final é a melhor parte. Quando ela diz que a caligrafia era quase infantil, bom, fica a reflexão das pessoas que mesmo com suas limitações fazem algo que amam. Saber que ela é professora faz nascer um sorriso no lábio do leitor. rs

    É isso, apesar de ter alguns parágrafos que achei arrastados, o conto é bom. Gostei.

  30. Simoni Dário
    4 de outubro de 2016

    Olá Davi

    Quanto terminei de ler é que senti o impacto do título.

    O conto brilha, é belo, poético, criativo. A leitura vai deslizando, feito seda, diante dos olhos (frase prá lá de clichê).

    Em algum momento pude prever o final, não sei dizer qual, mas o autor deixou no ar, em algum lugar pela leitura.

    Teve um momento também em que me dispersei, voltando logo em seguida. A narrativa retoma o curso e vai nos levando pelos devaneios solitários do coveiro.

    Pela narrativa e enredo, parabéns autor.

    Bom desafio.
    Abraço.

  31. Brian Oliveira Lancaster
    4 de outubro de 2016

    VERME (Versão, Método)
    VER: Extremamente criativo. Utilizou a metalinguagem com maestria. Exige atenção, mas somos recompensados com dois finais. Atmosfera excelente, no ponto.
    ME: As divisões das ficções, como o título sugere, pode afastar alguns desavisados. O leitor precisa estar acostumado a “ler em camadas” para captar todas as nuances, mas foi a única “falha” (mesmo não sendo isso) que notei. A escrita é simples, com algumas palavras diferenciadas, mas, felizmente, não carregadas. Transmite bastante sentimento em poucas linhas. É um cotidiano apresentado de forma bem inusitada, interessante e nem um pouco chato.

  32. Jowilton Amaral da Costa
    2 de outubro de 2016

    Gostei do conto, muito bem escrito e com passagens poéticas bem arrematadas. A leitura fluiu fácil. O adendo é em relação ao final, achei que ficou aquém ao restante do texto. Fiquei com uma sensação parecida de quando estamos saboreando um sorvete e o último pedaço escorrega da casquinha e se desmancha no chão, kkkkkkkkkkk. Acho que fui dramático demais, não? Boa sorte.

    • Brian Oliveira Lancaster
      5 de outubro de 2016

      Mas evita cáries. Não é?

  33. jggouvea
    29 de setembro de 2016

    O texto estava indo muito bem até chegar ao final. Nesse ponto ele me pareceu amputado. Nem temos a resolução do coveiro e nem da professora. Isso foi broxante na leitura, porque o coveiro já se tornava meu amigo e eu queria saber mais sobre a “professora”. Aliás, diga-se de passagem, ela ser mesmo professora foi algo um tanto óbvio. Enfim, é um texto sem nenhuma ousadia, que se interrompe sem se esgotar, talvez porque o/a autor/a está acostumado/a a textos de fôlego maior e teve dificuldades para se adequar ao limite de palavras.

    Mas você conseguir criar um personagem marcante é um excelente começo.

  34. Marcia Saito
    28 de setembro de 2016

    Olá
    Como vai?
    Achei seu conto muito bom e poético.
    Não vou me esmiuçar em detalhes que certamente como escritor profissional está cansado de ler sobre comentaristas de alcova que apegam-se a mínimos artigos, verbos e expressões, com comentários do tipo “poderia ser melhor assim”, ou mesmo, “usou errado assim e assado”.
    O que importa que uma história é muito boa quando sobrevive ao uso das palavras, que tecnicistas não percebem a essência da poética de uma boa história a ser contada.
    Boa sorte e parabéns pelo conto.

  35. Iolandinha Pinheiro
    27 de setembro de 2016

    O seu conto é bem escrito, a poesia nele em nenhum momento lhe causa peso, ou faz com que tenha algum ar pedante. O texto é fluido, a história é interessante, os personagens são muito bem trabalhados e, sabidamente, apenas dois tiveram destaque, mostrando que o autor não deu relevância desnecessária a figurantes. Os diálogos, minimamente usados, casaram perfeitamente com a personalidade contida dos protagonistas. Isso de criar enredos sobre a vida de estranhos eu faço muito, mas no trânsito. Enquanto o sinal está vermelho, escolho alguém mais interessante e crio uma vida, pensamentos e motivos para a pessoa estar ali, imagino que seja coisa de escritor. O seu personagem passou muita credibilidade pela maneira de enxergar a si mesmo, pela vergonha de se fazer percebido, pelo medo de entrar num mundo que não considerasse seu, ainda que, dentro dos domínios do cemitério ele se sentisse tão “entre os seus”. A única coisa que eu mudaria, seria injetar um pouco mais de emoção. Ainda que o texto trabalhasse a emoção do escritor e da professora, ao leitor não foi dada a dose de emoção necessária para que ele (eu) sentisse as “dores” daquelas pessoas, como se os personagens estivessem um pouco conformados demais com suas vicissitudes. É isso, parabéns, você é muito profissional em sua escrita. Abraços.

  36. Ricardo de Lohem
    27 de setembro de 2016

    Olá, como vai? Vamos ao conto! Um típico slice of life, uma fatia de vida cortada bem fininho para nos degustar. O problema é que estava meio sem sabor… Parabenizo o autor por fazer uma história que tenta ser poética e humana, o problema é que o resultado foi meio vazio. Se fosse ser representado em um gráfico, esse conto seria uma linha reta, sem picos nem vales. Uma história sem história deve ter outros atrativos, como personagens marcantes, momentos memoráveis, frases incrivelmente inteligentes que se tem prazer em citar, momentos chocantes, reviravoltas fascinantes. Não vi nada disso aqui, é o vazio pelo vazio, bonito até, mas vazio. Desejo para você Boa Sorte no Desafio.

  37. Priscila Pereira
    26 de setembro de 2016

    Oi Davi, eu gostei muito do seu conto! Um coveiro escritor!! E que acerta na adivinhação do trabalho da moça ainda por cima! Muito bom!! Eu gostei do final, dá pra imaginar bastante. Parabéns e boa sorte!!

  38. Rodrigues
    26 de setembro de 2016

    Acho bacana os relatos, esse tipo de textos que parece uma coleção de lembranças, o protagonista – escritor coveiro – caiu bem na história. Todavia, acredito que tudo tenha se passado ao entorno desse caderno, ou seja, faltou a criação de outros artifícios que dessem a ligação entre os eventos e os personagens, mais coincidências entre as histórias do caderno velho e os acontecimentos reais, dando mais substância ao conto. Escrita impecável e maneira de narrar bastante calma e cativante.

  39. Marcelo Nunes
    26 de setembro de 2016

    Olá Davi.

    Uma leitura boa e fluida. Fiquei meio disperso entre alguns parágrafos. Detalhes bem próximos de um funeral, consegui ver a cena e os rostos das pessoas.
    Dessa parte eu gostei bastante.

    Texto bem estruturado, criei uma expectativa para o final, esperei um final diferente e com uma reviravolta marcante.
    Mas não funcionou comigo o final, achei morno.

    Parabéns e boa sorte!

  40. Taty
    25 de setembro de 2016

    Um conto bem bonito, bem escrito, a gente fica imaginando o que vai acontecer e termina com uma certa decepção, mas é um bom conto.

    Uma carga emocional muito grande e nos deixa pensando no “e se”.

    É isso.

  41. Olisomar Pires
    25 de setembro de 2016

    Bonito conto, diria poético na personagem solitária do coveiro e seus cadernos.

    Esperei algo transformador, mas não aconteceu, só a vida seguindo seu rumo, indiferente aos nossos desejos.

    Muito bem escrito, com leitura fácil e agradável, embora tenha me perdido em um parágrafo ou outro.

    Boa sorte.

  42. Evelyn
    25 de setembro de 2016

    Oi, Davi.
    Eu gostei do conto, muito embora tenha pensado que, ou um ou outro, acabariam por morrer e virarem fantasmas no cemitério. Talvez eu tenha perdido alguma informação. Não sei, mas me incomodou o fato de ele saber que ela era professora sem sequer a conhecer direito.Também não encontrei conflitos. Encontrei tristeza na morte dos entes queridos da mulher. E um pouco de poesia nas palavras ao descrever determinadas cenas.
    Parabéns.
    Abraço!

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Informação

Publicado às 24 de setembro de 2016 por em Retrô Cemitérios e marcado .
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