Sem perceber, viu-se arrebatado pelas cores. Por mais que tivesse antecipado aquela visita, nenhum exercício de imaginação seria comparável ao cenário que lhe assaltava. Do cenário caótico, dilapidado pelo tempo, tons de amarelo e azul brotavam das paredes descascadas, enquanto vergalhões enferrujados emergiam da estrutura do teto. Entre carteiras tombadas, cobertas por grossas camadas de poeira, era possível divisar livros e lápis esparramados no chão, uma cena que lembrava exércitos abandonados à derrota.
Pelas janelas quebradas, árvores de galhos finos esgueiravam-se cirurgicamente, pontilhando o cenário com suas folhas verdes e alaranjadas. Ao fundo, estantes enegrecidas cediam ao peso de pastas carcomidas, enquanto brinquedos aleijados, entre eles uma maquete de átomo com arames retorcidos, serviam de recordação sobre quem, de fato, ocupava aquele espaço há trinta anos.
Cadernos abertos revelavam desenhos ingênuos. Uma casa, uma montanha. Um sol com óculos escuros. Até a usina estava lá. No quadro negro, alguém pichara palavras de ordem, uma mácula recente àquele espaço que, no mais, jazia intocado.
Chamaram-lhe a atenção as máscaras de gás. Alguém sussurrara, certa vez, que se tratava de relíquias da II Guerra Mundial, ou de um presente de Stálin (e por isso, irrecusáveis). Repousavam em prateleiras ao longo da parede, prontas para uso. Há três décadas, ataques químicos ou biológicos não podiam ser descartados. Até as crianças sabiam disso.
***
O cutucão no braço arrancou Oleg de seu estupor. Ao olhar para trás, viu que alguém lhe entregava um papel dobrado. À frente, o professor explicava o teorema de Pitágoras pela oitava vez, orgulhoso do triângulo que acabara de desenhar, e não pareceu perceber o movimento dos alunos. Discretamente, Oleg abriu o bilhete, deparando com os garranchos de Vassily. “Qual o primeiro nome de Dasayev?” Balançou a cabeça. Por que diabos Vassily não prestava atenção na aula? Depois, quando chegasse a época de provas, ficaria lhe enchendo a paciência, perguntando toda a matéria de uma só vez… E por que, afinal, essa fixação com os jogadores do Spartak? Dasayev? Ora, por favor… Dasayev já era!
Oleg apanhou o toco de lápis e escreveu embaixo da pergunta: “Ринат Файзрахманович Дасаев”, e num sussurro pediu que o entregassem a Vassily, três carteiras atrás. Num instante, viu o sorriso dentuço do amigo se desmanchar. A pergunta fora fácil demais. Oleg saberia até mesmo a data de nascimento dos jogadores da liga.
Ao término das atividades naquela manhã, Oleg e Vassily seguiram caminhando juntos rumo ao bairro operário, a leste da cidade. Dali podiam ver a roda gigante que se erguia a um par de quilômetros, com suas gôndolas amarelas balançando por conta do vento. Dali a poucos dias o primeiro parque de diversões da cidade seria inaugurado. Carrinhos de choque, barcos voadores, espaçonaves… Não haveria primeiro-de-maio melhor do que aquele.
— Meu pai disse que esse parque será melhor que qualquer outro no mundo inteiro — disse Oleg, olhando para o topo da roda gigante, ainda caminhando.
— Melhor que os de Moscou? Duvido! — contestou Vassily, exagerando de propósito. Adorava contrariar o amigo.
— Dizem que será melhor até que os dos americanos! — insistiu Oleg, fingindo não perceber a provocação.
— Você está delirando. Melhor que os dos americanos? Quem acredita nisso?
Oleg esperou um pouco, como se pensasse seriamente na resposta. Depois disse:
— Não sei… Tem louco para tudo, não é? Até para achar que Dasayev ainda é um goleiro que preste.
— Ei! Isso foi golpe baixo! Dasayev só não é melhor do que Yashin!
— Claro, Yashin parou de jogar há vinte anos!
Caíram na risada. Estavam acostumados a se insultar como fazem os melhores amigos.
Caminharam em silêncio por uma rua larga, cujos postes erguiam-se decorados por bandeirolas com a foice e o martelo em comemoração ao feriado do trabalho. Indiferentes, chutavam pedras redondas. Apostavam para ver quem conseguia mandá-las mais à maior distância.
Logo, edifícios de apartamentos se desenharam no horizonte. Em um deles, um prédio de dez andares, via-se escrito em letras gigantes “O Partido de Lênin, a Força do Povo, está nos levando para o triunfo do Comunismo”.
— Você já reparou na fumaça que está saindo da usina hoje? — perguntou Oleg, quebrando o silêncio.
— Ah, essa usina sempre solta fumaça — retrucou Vassily.
— Não… Dessa vez é diferente. Parece mais preta.
— Pois para mim parece igual — insistiu Vassily, o sorriso desenhado em seu rosto pequeno. Oleg limitou-se a balançar a cabeça em desaprovação.
Ao chegarem à área residencial, despediram-se com um cumprimento secreto. Era um dia como outro qualquer.
— Falamos à noite?
— Falamos à noite.
***
Oleg sabia que por volta de 22h seu rádio portátil saltaria com um estalo. Seria Vassily chamando. Nenhum garoto da cidade tinha aquele tipo de equipamento (os americanos chamavam de walkie talkie), trazido pelo pai de Vassily como espólio da guerra no Afeganistão, da época em que servira no Exército Vermelho, antes de conseguir um emprego como engenheiro na usina próxima de Pripyat.
Há tempos, os meninos vinham conversando secretamente sobre qualquer assunto, sempre à noite, pelo simples prazer de se sentirem especiais, únicos.
— Tem uma novidade que meu pai deixou escapar enquanto conversava com alguém em Baykonur, câmbio! — disse Vassily, a voz metálica esgueirando-se entre chiados de estática.
— Que novidade é? Câmbio! — devolveu Oleg, os dedos pequenos apertando as teclas do pequeno aparelho.
— Parece que eles vão trocar a Sayut 7 por outra estação ainda este ano. Uma novinha em folha. Vai se chamar Mir. Câmbio.
— Mir? — indignou-se Oleg, a voz num pico agudo involuntário. — Que nome idiota! Câmbio.
— É só um nome. Quem liga para isso?
***
Oleg levantou-se pouco depois das nove da manhã. A mãe o chamava da cozinha, com a velha cantilena sobre o café esfriando há horas, reclamando que ele estava atrasado, que deveria tomar banho e se preparar para ir à escola, que ninguém a ajudava, que se sentia uma escrava naquela casa.
Olhando pela janela quase sem querer, o menino percebeu o horizonte ensolarado, mas a fumaça que se desprendia da usina parecia mais espessa do que no dia anterior. Pensou em chamar Vassily pelo rádio, mas se fizesse isso sua mãe teria uma crise de nervos. Por um instante pensou na sorte que tinha o amigo – cuja mãe era apenas uma lembrança longínqua – para em seguida arrepender-se até a medula. O melhor era apressar-se.
— Não esqueça a lição de casa, Oleg! – gritou a mãe, da cozinha. Era uma mulher grande, os braços grossos salpicados por pequenos pontos avermelhados, sempre disposta para o trabalho doméstico.
— Mãe, eu já tenho treze anos – respondeu o menino, entrando no chuveiro. — Não precisa me lembrar do que eu tenho que fazer.
A mulher disse alguma coisa, mas ele já havia aberto a torneira. O metralhar da água sobre o piso da banheira abafariam qualquer som externo. “A soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa”. Ponto. Às vezes ir para a escola era desestimulante.
Era mais ou menos meio-dia quando deram o aviso.
— Temos duas horas para nos arrumarmos — disse a mãe, desamarrando o lenço da cabeça. Os cabelos espalhados reforçando a expressão assustada. Acabara de desligar o telefone.
— Como assim?
— Em duas horas os ônibus estarão ali na praça, nos esperando. Foi seu pai quem disse. Vamos, pegue sua escova de dentes, separe uma muda de roupa, um pijama, um…
— Mãe, não estou entendendo… — interrompeu Oleg. Bem que tinha percebido aquela fumaça estranha.
— A usina, meu filho. Parece que houve um problema. Precisamos sair da cidade. Não só nós. Todo mundo.
— Sair da cidade? E meu pai?
— Seu pai ficará por enquanto, mas nós devemos ir. Só temos duas horas. Pegue o essencial. Ele disse que poderemos voltar em dois ou três dias.
— Não quero ir sem meu pai.
— Oleg, seu pai precisa ficar. Alguém tem que dar um jeito na usina…
Uma sombra cruzou o rosto do menino. A usina era um lugar perigoso, todo mundo sabia. Material radioativo. Provavelmente houvera um vazamento. Temeu pelo pai. Teve vontade de dizer à mãe que não iria, que permaneceria ali, aguardando. Percebeu então como ela estava nervosa. Talvez soubesse no fundo que o problema era sério. Não, não poderia abandoná-la.
— Em três dias a gente volta? — perguntou, mais para preencher o silêncio do que para confirmar o que já tinha ouvido.
— Sim, meu filho. Agora se apresse.
Quando voltou ao quarto, apanhou o rádio. Ligou-o e chamou pelo amigo.
— Vassily, você está aí? Câmbio!
Segundos de estática se passaram sem que houvesse resposta.
— Vassily, responda! Câmbio.
Desistiu depois de um par de minutos. O mais provável era que o outro também estivesse se aprontando para a evacuação em massa.
Às 14h00 uma infinidade de ônibus tomou as ruas de Pripyat. Oleg pôde ver da janela de seu quarto as multidões se dirigindo para os veículos. Homens e mulheres trazendo crianças pelas mãos. Gente velha se arrastando, apoiadas em bengalas e mal conseguindo levar seus pertences. Policiais e soldados orientavam as pessoas. Gesticulavam de forma automática, mas não gritavam, não perdiam o controle.
No céu, a fumaça que subia da usina parecia ainda mais ameaçadora, como um véu gigantesco prestes a esmagar todos os habitantes.
Sua mãe o arrancou daquela mórbida contemplação.
— Vamos! — disse ela, puxando-o pelo braço.
Embora assustadas, as pessoas em sua maioria embarcavam sem atropelos nos ônibus estacionados a cada esquina.
— Vieram de Kiev — Oleg ouviu alguém dizer ao sentar-se. — Dizem que são mais de doze mil ônibus.
— Quando meu pai vai se encontrar com a gente, mãe? — perguntou o menino, olhando a esmo pela janela.
— O mais breve possível — respondeu a mulher. Tinha os olhos feitos de aço. Oleg quase acreditou nela.
Pensou em Vassily. Em seguida lembrou-se de que o pai dele também trabalhava na usina. Na maldita usina. Só que Vassily não tinha mãe. Como conseguiria embarcar num ônibus? Teria sido avisado, afinal? Não, não era possível que não soubesse… Havia alto falantes, pessoas gritando, soldados… Mesmo alguém distraído como Vassily perceberia o problema, saberia o que fazer, seguir as rotas de evacuação, as orientações da polícia. Sim, Vassily teria embarcado, claro. Seguiria para algum lugar, qualquer lugar.
O rádio.
Oleg esquecera o maldito rádio. Pensou em descer, mas o ônibus estava cheio. Iria sair a qualquer momento. Mas talvez houvesse tempo, talvez, se fosse rápido…
***
Oleg Sokolov não era um homem apegado à modernidade. Seus filhos tentaram fazer com que aderisse à internet, mas o máximo que conseguiram foi que ele registrasse um e-mail em seu nome, algo que raramente usava. Aos quarenta e três anos, pai de gêmeos já na universidade, trabalhava como engenheiro eletricista em Lviv.
A mãe morrera de câncer linfático, quando ainda moravam em Slavutych, cidade construída para abrigar os egressos de Pripyat, em cuja praça principal fora erguido um memorial para homenagear homens como seu pai, policiais, bombeiros e soldados que perderam a vida tentando debelar o desastre nuclear mais terrível da história.
Nunca mais ouvira falar de Vassily. Do melhor amigo, porém, herdara o gosto pela comunicação via rádio. Não essa porcaria de e-mail que qualquer idiota usava. Mas por radioamador.
Certa noite, como de costume, sentou-se diante de seu aparelho e sintonizou a frequência que o permitia acompanhar as conversas entre os tripulantes da Estação Espacial Internacional e a NASA, algo que ia muito além da internet. O acesso, contudo, sofria com interferência. Talvez uma chuva de meteoros ou uma tempestade solar. O fato é que apenas palavras ou sílabas escapavam da estática e dos assobios senoidais. Foi nesse instante que ouviu.
A voz de Vassily.
— Oleg, você me escuta? Câmbio.
***
O sol já havia sumido há horas, quando Vassily conseguiu finalmente colocar o nariz para fora da estação. Era dezembro e nessa época do ano os dias costumavam ser bem mais curtos. O frio cortava a pele e secava os campos, mas por algum motivo que só os técnicos saberiam explicar, no inverno, a transmissão se tornava mais fácil.
Nesses dias sentia que podia se dar ao luxo de respirar um pouco e beber seu chocolate quente com canudo, fazendo bolinhas como antigamente.
Há meses não via ninguém… desde que a cidade fora esvaziada, poucos passavam por ali. Vez por outra um viajante desavisado ou um dos que foram deixados para trás, sobrevivendo dos restos das antigas casas. Mas hoje, nem isso.
Os últimos 2 dos 3 moradores idosos, aos quais ninguém prestou atenção, haviam falecido há anos. O terceiro era visto eventualmente com seu cachorro, cada dia mais parecido com uma espécie de homem das cavernas e seu lobo de estimação.
Eram 22h00 em ponto. O horário do qual Vassily mais gostava. Repetindo padrões de transmissão de 25 tons por minuto, durante 24 horas por dia, vez por outra, sempre as 22h00, os técnicos lhe permitiam transmitir algo que fosse só dele.
– Qualquer coisa?
– Uma música, uma história, sabe-se lá. Você tem 15 minutos. Depois disso voltamos ao trabalho, entendido?
O menino dava de ombros.
– Então… divirta-se.
O trabalho.
Transmitir na frequência 4625 kHz, um bip de 8 segundos, pausado em seguida por 1 exato segundo. E retomar a cadência imediatamente após esse lapso. Incessantemente, há… Vassily não saberia precisar há quanto tempo fazia isso. Tampouco conseguiria questionar as ordens que recebia de pessoas que nunca vira.
Os técnicos.
Não que não fosse um contestador. Ao contrário. Seu espírito aventureiro era o mesmo dos tempos em que ele e Oleg brincavam livres, em um mundo que já não existia. Mas preferia o silêncio, talvez por gratidão àqueles que lhe deram abrigo depois de um ano do completo desaparecimento do pai, assim como de todo o resto da cidade.
Jamais vislumbrara sequer o rosto de seus salvadores. Comunicavam-se apenas via rádio. Ainda assim, os técnicos, como preferiam ser chamados, costumavam suprir a estação com muito mais do que Vassily poderia precisar. Comida, jogos, agasalhos, brinquedos, livros. Tinha de tudo para manter-se entretido. Jamais, porém, o toque de um ser humano. De uma única pessoa, jamais um sorriso, um abraço ou mesmo uma bronca. Exceto pelo dia em que fora acometido por um mal súbito. Uma única vez. E nesse dia, a sempre operante UVB-76, precisou sair do ar enquanto ele se deliciava com exames feitos por mãos devidamente protegidas com luvas plásticas.
– Anna, Elena, Pavel, Schuka, Konstantin, Tatiana, Anna, Larisa, Uliyana.
A lista de nomes que se ouviu, precedida da data de seus aniversários foi a primeira coisa que lhe ocorreu transmitir. Pessoas desaparecidas em seu passado, infelizmente todas sem um sobrenome. Um menino de tão pouca idade não saberia dizer certas coisas… Então, apelou para datas, recitando nomes e números, enquanto rezava para poder, de alguma forma, identificar aqueles a quem procurava. Quem sabe, com alguma sorte, poderia ser ouvido por algum deles.
Certamente, alguém viria buscá-lo em breve.
***
Não era muito de sentimentalismos. Tampouco, porém, se poderia dizer que fosse um homem frio. Havia apenas se encouraçado para tudo que se tratasse de seu passado. A perda precoce do pai e do melhor amigo de uma só vez, haviam devastado Oleg, lançando-o a um estado de torpor que durou anos. Em Pripyat, ele havia deixado não só seu coração, mas a infância e tudo que nela habitava.
– Serão 900 anos até a região ficar livre da radiação, papai… Por que essa viagem agora? Não é seguro. – Os filhos alertaram, tentando dissuadir o pai da súbita maluquice.
Mas Oleg não se preocupava com isso. Vivera toda uma vida carregando um terrível e oculto sentimento de culpa por algo que jamais estivera a seu alcance resolver. E só agora, inundado pelas cores daquilo que mais amara, dentro de sua antiga sala de aulas, se dava conta disso.
– Oleg, você me escuta? Câmbio. – A voz do companheiro de infância ecoava em sua cabeça. Era quase como se pudesse tocá-lo se estendesse as mãos.
Conhecia bem a teoria de que um som poderia se propagar eternamente, desde que viajasse em um ambiente propício.
– Menos no espaço. – Ele e Oleg levavam a sério tudo que se tratasse de ficção científica. E riam divertidos imaginando novos mundos que desbravariam, para muito além da lua. E jogariam uma partida de futebol contra marcianos amigáveis que junto aos terráqueos deveriam colonizar a lua. Coisas de menino!
Mas o chamado de Vassily, saído das ondas de seu radioamador há dias atrás, não fazia o menor sentido. Estaria ficando senil? Ou poderia realmente a voz de seu passado ter viajado por décadas em propícios ambientes de propagação, até chegar, sabe-se lá por quê interferência, à antena instalada precariamente no topo do edifício onde morava?
– Oleg, você me escuta?
Voltou-se em sobressalto. Toda a sala parecia ter vida no momento em que, de canto de olho, intuiu uma presença a espreitar por trás do vão da janela.
***
– Isso aqui, é código morse.
Abafando o microfone com as mãos, falava com seus amigos. Bichos de pelúcia antiquados com os quais os técnicos costumavam presentear Vassily ano após ano em seu aniversário. A brincadeira há muito perdera o sentido, mas o hábito se mantivera.
– Acalma a solidão. – Ele explicava a si mesmo, enquanto transmitia seu pedido de socorro em mensagens cifradas ao mundo.
– Um dia alguém virá!
Mas já não sabia ao certo. Após tantos anos do mais completo isolamento, já não conseguia traçar uma linha reta entre as inúmeras teorias que havia tecido. Talvez todos houvessem morrido. Talvez ele fosse prisioneiro do governo e transmitisse terríveis ordens de assassinato e espionagem através do incessante e cadenciado bip. Talvez os marcianos não fossem tão amigáveis. Quiçá estivesse morto.
Pensara em fugir algumas vezes. Carregando a mochila com água suficiente e comida só para aguentar alguns dias, estudava seu plano. Abasteceria o antigo veículo deixado para trás junto com todo o resto. Óleo diesel não seria problema, tampouco o tempo necessário para aprender a dirigir… A antiga roda gigante seria o ponto de observação perfeito, para ter certeza de não ser seguido. E saía sem que a resistência dramática que imaginara, tentasse ao menos lhe impedir. Todas as portas estavam abertas.
E se alguém viesse lhe buscar?
Detia-se no portal da cidade, imaginando Vassily acompanhado do pai militar, chegando sobre um tanque de guerra e arrebentando o “banker” onde ele era mantido prisioneiro.
Mas voltava de suas elucubrações bem a tempo…
Seus 15 minutos de radialista independente estavam quase no fim. E encerrava a transmissão com sua antiga e já desesperançada marca sonora.
– Oleg, você me escuta? Cambio. – Gritava a plenos pulmões.
Havia dias em que a depressão embotava mesmo o sentido do desespero.
E desligava o microfone.
***
– Espere…
Oleg saiu da sala determinado a alcançar o vulto que o observava. Quiçá o antigo morador que, ouvira rumores, ainda vivia na cidade, imune aos efeitos da radiação. Não… Certamente a história não passava de uma lenda urbana. E a sensação de ser observado, era provavelmente mais uma peça pregada por seu cérebro precocemente envelhecido.
O quê mesmo estava fazendo ali?
Caminhou até a temida sala da direção. Quando criança, ele e o amigo tremiam só com a alusão do professor ao local. O diretor, uma imensa figura austera, disciplinava as crianças com métodos que hoje seriam considerados abusivos.
Eram outros tempos. Pensou. E ao abrir a porta temia, bem no fundo, o encontro com aquele olhar.
Exceto pelos fungos, o local parecia inofensivo e intocado. Sentia-se capaz de se transportar ao dia em que ele e o amigo foram pegos, em plena aula, trocando cartões com nomes e fotos de seus ídolos do futebol.
Dasayev, Yashin, Nikita Simonyan…
O Spartak inteiro permanecia na gaveta do diretor. Intacto. Como que pronto para dar início à uma boa partida.
***
O latido do velho Lobo podia ser ouvido do pátio da estação.
E Vassily não perderia o contato com um ser humano, ainda que este houvesse, há muito, se transformado em uma espécie de matusalém com ares de neandertal. Precisava ir até lá.
Os anos de treinamento, indicavam a direção do som. Seus apurados ouvidos seriam capazes de dizer a localização exata, dentro da cidade, de onde partiam os uivos do cão. Há tempos não ouvia sua inconfundível e rouca voz. Conhecia bem aquele som e saberia mesmo dizer o que o cachorro perseguia. Ratos, gatos, sombras… Dessa vez algo estava diferente. Talvez seu velho dono estivesse morrendo. Talvez ambos estivessem partindo juntos.
Era 1° de maio.
Vassily fazia mentalmente as contas. Colocaria na rádio o disco com o prelúdio do “Lago dos Cisnes”. 15 minutos seriam suficientes para ir e voltar sem que os bips fossem interrompidos. Os espiões ou sabe-se lá quem fosse que escutasse suas transmissões, entenderiam sua solene homenagem aos trabalhadores. Talvez alguém até sorrisse do lado de lá.
Sentia que o coração podia sair pela boca. E correu na direção dos desesperados ganidos de Lobo.
Sua antiga escola.
***
Estremeceu com a respiração em sua nuca. Realmente ele não era o único ali. Virou-se lentamente, nem tanto por cautela, mas um pouco pelo temor que aquele local ainda lhe causava.
O fiapo de cão que à sua frente se apresentava, parecia fazer seu derradeiro esforço de defesa daquilo que amava e julgava ser seu.
Oleg não acreditava no que via. Pripyat parecia saída de um episódio de “Além da Imaginação” e o velho cachorro representava bem o seu papel, apontando o intruso a seu dono, cuja visão se mostrava ainda mais decadente.
O homem parecia ter perdido tudo que ainda se podia chamar de humano. Exceto por um detalhe. A relação com velho companheiro.
– Ele não morde. – As palavras saíram enferrujadas, como as de alguém que há muito não pronuncia nem ao menos o próprio nome.
Oleg sabia disso. Convivia com cães desde que chegara em Lviv e conhecia todos os seus códigos. Lobo parecia cantar, como o cisne branco em sua última aparição.
– Assim como eu… – Matusalém também parecia duvidar de sua própria humanidade.
Oleg deu um passo à frente, aproximando-se da dupla.
– Você tem aí um cão e tanto…
Mas o velho não deu ouvidos. Assustado, talvez, com a proximidade do intruso, correu trôpego por entre os escombros, gritando algo ininteligível, mas capaz de cortar a alma de qualquer um.
***
Vassily não acreditou quando viu aquele homem caído de joelhos no pátio central da escola. As brancas têmporas denunciavam a idade do pai de Oleg. Ele havia envelhecido muito.
– Por quanto tempo estive aqui? – Foi tudo que conseguiu dizer.
Oleg abriu os braços.
O abraço parecia ser o único final aceitável para sua história.
***
Eram 22h00 quando o trem partiu. O status de primeira classe indicava o quanto Oleg prosperara. Naquele vagão, serviam chocolate quente.
Seriam 8 horas de viagem até o destino final.
Naquela noite, a “The Buzzer”, como ficou conhecida no ocidente, saiu pela segunda e última vez do ar. Nunca mais se ouviu na frequência, a interferência de uma música sequer. No dia seguinte, entretanto, a transmissão voltou como se nada tivesse acontecido.
Olhando através do vidro, Oleg suspirou.
Como iria explicar à mulher a presença daquela criança? O melhor a se fazer, seria contar à família que Wassily era o filho órfão do amigo deixado para trás. Às vezes a mentira parece muito mais crível que a realidade.
Vassily aninhou-se confortavelmente nos braços do amigo, manuseando suas antigas figurinhas. Igor Netto, com certeza, havia sido o melhor zagueiro de todos os tempos.
Finalmente estava indo para casa.
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Conto atualizado em 23/08/2016, às 21h37.
Caro autor que complementou este conto. Quero agradecer muito a sua dedicação. Como você bem observou, a narrativa que propus exige certa pesquisa, certo mergulho em fatos pouco conhecidos. Mais do que isso, exige um alto grau de comprometimento com os personagens.
Confesso que tive medo do que iriam fazer com os meninos, rs Mas acredito que você conseguiu manter – e em alguns pontos até mesmo elevar – o sentimento sincero que eles nutriam entre si. Trazer à tona mais uma vez os nomes dos jogadores foi uma ideia excelente. Nesse momento, eu pensei: “bom! Acertou na mosca!”
Por óbvio, a narrativa seguiu por um caminho que eu não havia imaginado. Muito engenhosa a ideia da “rádio fantasma”. Eu jamais havia pensado nisso. Mais interessante foi que você trouxe o pai de Vassily de volta à vida – na minha concepção ele havia morrido como o pai de Oleg. Inesperado e, por isso mesmo, excelente.
Creio que houve uma pequena confusão no fim, envolvendo o nome dos meninos, mas isso não tira o brilho da sua dedicação, caro co-autor. Pude sentir em cada linha o alto grau de seu comprometimento, o quanto você gostou da proposta e, o que é mais importante, a vontade de torna-la melhor. Obrigado de verdade!
Querido Gustavo, Depois de tanta reclamação, fui reler. Sou RETARDADA e simplesmente enviei o arquivo errado sem revisão final, mesmo depois de tanta pesquisa e empenho (juro). Gustavo Castro Araujo, espero que perdoe minha c(piiiiii). Espero não ter prejudicado muito seu belíssimo trabalho. Os nomes estão trocados no final que já é “fantasia”. Doces vinganças do universo e agora não posso nem reclamar do meu companheiro que simplesmente trocou o nome da personagem em meu conto. Segue o final correto. Creio que possa ser trocado após o final do Desafio. Ou não…
“Eram 22h00 quando o trem partiu. O status de primeira classe indicava o quanto Oleg prosperara. Naquele vagão, serviam chocolate quente.
Seriam 8 horas de viagem até o destino final.
Naquela noite, a “The Buzzer”, como ficou conhecida no ocidente, saiu pela segunda e última vez do ar. Nunca mais se ouviu na frequência, a interferência de uma música sequer. No dia seguinte, entretanto, a transmissão voltou como se nada tivesse acontecido.
Olhando através do vidro, Oleg suspirou.
Como iria explicar à mulher a presença daquela criança? O melhor a se fazer, seria contar à família que Wassily era o filho órfão do amigo deixado para trás. Às vezes a mentira parece muito mais crível que a realidade.
Wassily aninhou-se confortavelmente nos braços do amigo, manuseando suas antigas figurinhas. Igor Netto, com certeza, havia sido o melhor zagueiro de todos os tempos.
Finalmente estava indo para casa. ”
Referência da pesquisa: http://www.mundogump.com.br/uvb-76-misteriosa-radio-russa-so-transmite-numeros/
Beijos e obrigada pela generosidade.
Quero mais desafio!!!!
A primeira parte é excelente. Achei muito bacana o retrato daquele drama, como por exemplo: quando a mãe pede que o filho se arrume pois irão deixar a cidade, mas ela fala com uma calma, como se realmente não estivesse nada acontecendo. Essa cena em si foi bem realista, pois ninguém esperava aquela treta, logo é aceitável que as pessoas achassem que era só algo simples, de rotina. As duas partes são bem escritas, mas a segunda trouxe simbolismos e cenas que não entendi. Posso dizer no fim que não entendi o que aconteceu com Vassily, quem era o velho. Ou não peguei algo no ar, ou dei mole na leitura.
A foto é muito bacana, e parece entregar a autoria, de quem gosta de lugares arruinados. Muito interessante a lembrança de Dasayev, um jogador quase inumano, que defendeu os escanteios de Éder em 1982, além de realizar outras impossibilidades físicas. Embora ache que aqui ninguém tem idade pra ter assistido. O estilo continua impecável, repleto de inovações linguísticas… A continuação foi perfeitamente adequada. O segundo conto futebolístico do autor presumido, um conto premiado.
Hey, pera! O Oleg ficou conservado pela radioatividade? Eu acho que perdi alguma coisa…
Bem, o conto é ótimo (até onde fui capaz de compreender), mostra pesquisa, mostra drama (bem dosados), mostra a realidade utilizando os personagens não como fantoches para a trama, mas fazendo-os parte dela. Achei os amigos muito bem edificados e essa passagem inicial me lembrou a música “O Caderno” do Toquinho >>> Uma casa, uma montanha. Um sol com óculos escuros. … O clima do conto também é bom e a narrativa é ágil e objetiva. Eu curto a objetividade e a concisão, assim como gosto de divagações (bem feitas, dão uma voz própria).
Bem, no mais as imagens são belas e as duas narrativas parecidas.
Queria ter captado tudo.
Boa sorte no desafio
Nota: 8,5
Amigos autores,
Meus parabéns por uma excelente história contada. O autor que continuou a história fez um trabalho muito bom. Pra mim, é uma única história que vai se desdobrando a cada linha e envolvendo o leitor que quer saber cada vez mais. Gostei.
Porém, fiquei com um pouco de dúvida quanto ao final. Eu não entendi muito os tempos… O cara já era velho, com os filhos na universidade e internet… então, imagino que estamos falando mais ou menos da época em que vivemos agora, pelo menos de 2005 pra frente. Então, como é que o amigo dele ainda era criança lá na cidadezinha radioativa? Essa parte não ficou muito clara pra mim. Cheguei a voltar e reler pra ver se tinha perdido alguma coisa, mas a impressão que tive foi que um amigo estava velho enquanto o outro tinha permanecido criança, OU, CLARO, o cara ficou maluco e estava imaginando coisas… mas se foi essa segunda opção, também não ficou muito claro no final da história.
Tirando essa dúvida quanto ao final, gostei bastante do texto. Gostei de como foi construída a amizade dos meninos a partir de cenas a princípio banais, mas que fazem toda a diferença tanto na ficção quanto na vida real. Também gostei bastante dessa frase aqui: “Caíram na risada. Estavam acostumados a se insultar como fazem os melhores amigos”. Perfeita!
Meus parabéns!
Interferência. O último conto a que dei nota, não por ordem de leitura, mas porque o reli várias vezes.
Confesso que me perdi e me confundi um pouco, em algumas passagens, tendo por fim a releitura resolvido minhas dúvidas.
Técnica perfeita, tema e coesão idem, ficção científica impactante. Ótimo!
Nota 10
Eu li este texto pela primeira vez assim que as continuações foram postadas. Li o final uma, duas, três vezes. Continuei sem entender o encontro entre Oleg, Vassily, Lobo e Matusalém. Quando li pela primeira vez, sequer percebi que Oleg já estava em Pripyat. Depois tava achando que a figura do Matusalém era como Vassily enxergava Oleg.
Agora, ao final da minha leitura (este é o último conto que comento), depois de ler pela quarta vez, finalmente entendi todas as passagens, exceto o final, ali no trem. Acho que o autor trocou os nomes dos amigos… Ah, também continuo sem entender quem era o “pai de Oleg”. Era a visão de Vassily sobre um Oleg envelhecido? Era Matusalém? Se era Oleg, então por que raios ele estava ajoelhado no pátio da escola se quem saiu correndo na cena anterior foi Matusalém? Acho que faltou um pequeno gancho, pois este pequeno trecho ficou muito confuso. Uma coisa é o autor dizer que aquele (aquele quem, afinal?? quem estava ali naquela cena?) homem era o pai de Oleg, outra coisa é deixar claro que aquela pessoa era Oleg, mas que Vassily pensou ser o pai do amigo. Tá vendo a confusão? Esta sou eu refletindo sobre o texto…
Bem, este conto tinha tudo para ser um dos melhores do desafio, e talvez ainda seja, mas eu fiquei chateada pela confusão. Acho que a figura do Matusalém poderia ter sido omitida naquelas cenas finais. E o excesso de entrecortes deixou o conto confuso demais pra mim. Não sei se apenas eu me senti assim, mas de todo modo o texto é excelente. O segundo autor deu um final inesperado, com uma figura infantil de Vassily – alheio ao tempo que se passou desde o desastre nuclear. E a primeira metade do conto é genial, muita sensibilidade entre as crianças, que permanece ao final quando o menino finalmente volta para casa.
Prezados Autores, segue aqui a minha avaliação:
PREMISSA:com certeza, o primeiro autor viveu o começo dos anos 80 colecionando figurinha de chiclete Ping-Pong na Copa de 82. Rinat Dasayev foi “O GOLEIRO” naquela ocasião. Voltando à análise, a ambientação, a temática e a técnica se destacaram e muito na construção da fundação dessa história de amizade e separação, o que facilitou o serviço dos segundo autor…
INTEGRAÇÃO:… que, apesar de deixar visível a passagem temporal, emendou de uma forma magistral passado e presente, o histórico e o absurdo, construindo uma narrativa “além da imaginação”.
CONCLUSÃO: Parabéns a ambos os autores, passagem de bastão perfeita e desempenho ótimo de ambos. Estarão com certeza no topo do ranking!
Vivemos essa época, né, Daniel? Completei uns quatro álbuns do Ping-Pong ’82! Nunca tantos dentistas deveram tanto a um só chiclete!
o conto tem uma premissa fantastica , o começo é incrivel e lembra muito a menina que roubava livros e o caçador de pipas, porem ,exatamente no final a confusão dos nomes torna a narrativa dificil de compreender, o problema não é a linguagem é a confusão com os nomes do amigo e do principal
este texto agarrou a minha atenção, muitos parabéns. Não que seja perfeito, mas pareceu-me muito, muito bom. A primeira parte não liga completamente com a segunda, mas gostei de ver como a dupla conduziu as palavras. Resultou um texto muito forte. Em certos momentos, da leitura, senti tapas (por vezes, murros mesmo) no meu corpo. Muito bom, parabéns
Muita competência do autor em “dar luz” aos seus personagens, em cima de uma história real, que acabou não sendo somente um plano de fundo, mas sim uma premissa dos mistérios criados, dentro desse acontecimento histórico e terrível. Muitíssimo esperto.
Um texto muito bem feito, escrita primorosa, com boas descrições (até demais, devo dizer) os primeiros parágrafos são somente pra isso. A amizade de infância é nostálgica, deu pra sentir bem o vínculo que eles têm, e logo fiquei apreensiva pelo que ia acontecer ( pelo histórico, coisas boas não são).
A separação , pra logo vir a passagem de tempo, foi bem executada, não dava tempo pra se alongar. Temos Oleg , idoso, um homem que viveu muitas cosias, e ainda assim não esqueceu o passado.
Chegamos a parte da inferência. Algo místico acontece e o tempo e espaço entra na jogada. Conforme vou lendo, algumas engrenagens começam funcionar e temos uma ideia do que o autor está planejando.
Acredito que a primeira parte termina na voz de Vassily no rádio. Um final que dá margem a várias interpretações, o coautor soube captar perfeitamente as ideias sugeridas, e pegou boa parte dos fios soltos. Soube que o x da questão era o título. Quando vi que Oleg reconheceu a voz do amigo, só podia significar uma coisa: O menino, permanecia menino.
Dali por diante o autor consegue driblar todas as improbabilidades daquilo ser real ou lógico, e se permite inventar e criar. E isto não precisa ser explicado,pelo menos pra mim, não fez diferença. De alguma forma Vassilly ainda estava lá, perdido no tempo, esperando que algo mude em sua vida, e ele possa voltar pra casa
O final é embaraçoso, acredito que o autor trocou os nomes dos personagens. Acredito não, só pode ser isso, tendo em vista que tudo que se leu até agora, não faria mais sentido. Tirando essa pequena gafe, o conto é muito bom, só tenho elogios.
Parabéns!
Esse texto até certa parte tá muito bom! Primeiro que a escrita tá impecável, gramatical e estruturalmente, e a transição entre os autores foi quase imperceptível, o que tô considerando muito nas análises desse desafio.
Gostei bastante da ambientação do texto na Rússia, ficou plausível, principalmente pela inserção de assuntos corriqueiros como o futebol russo. Acho que o coautor deixou isso um pouco de lado, e poderia ter mantido, pois estava bem interessante.
Estava tudo indo bem, até a reta final do texto, que ficou super confusa. Achei que fosse só eu, mas conversei com um amigo sobre o texto, e ele também ficou perdido. Não sei se deixei passar algo, mas eu li várias vezes a segunda metade, e não consegui entender várias coisas. Achei que o escritor se confundiu um pouco com os personagens, pois tem horas que fica difícil compreender a quem se referia a cena. Talvez seja legal pedir pra algum parente ou amigo ler o texto após finaliza-lo, pois algumas cenas que estão obvias para quem escreveu, podem não ficar tão claras pra alguém de fora. Só uma dica, eu já fiz isso e ajuda bastante. Tinha partes que pra mim eram claras, pois a história estava toda montada na minha mente, mas que não ficou tão clara pra quem lê.
Mas isso não muda o fato do texto estar bem interessante e bem escrito.
Narrativa muito boa, dois autores que conseguiram se complementar, uma dupla bem formada, parabéns ao primeiro autor pela narração e ao segundo, parabéns por ter mantido a narrativa firme. O texto me prendeu até o final, mas pera, teve uma troca aí no meio do texto, não teve? Li várias vezes e acho que foi isso mesmo. Se não me engano, o primeiro autor ganhou um livro sobre esse tema no Dia dos Pais. Eu acho que sim, por enquanto acho. =P Poucos erros, que não prejudicam e que basta apenas mais uma revisão pra deixar tudo ok. Essa era uma história que precisava de mais espaço e que seria interessante de ler mais. Mais uma vez, parabéns pelo trabalho em dupla.
O conto é um dos melhores! O autor usou de forma rica um fato histórico para assim montar o seu conto. Uma história simples porém muito significativa de dois amigos, melhores amigos, que através de um rádio se comunicavam. O conto ainda trabalha com muita sutileza uma amizade cotidiana, e alguns drama (esses por segundo plano). Confesso que fiquei triste ao ler sobre a separação dos amigos. Me fez lembra de uma frase do Educador Rubem Alves: “Toda separação é triste. Ela guarda memória de tempos felizes (ou de tempos que poderiam ter sido felizes…) e nela mora a saudade. Conto cheio de conceitos culturais. Gostei!!! NOTA:10
Olá
Texto muito bem escrito na parte inicial, com enredo envolvente e que atiça a curiosidade. Bem talhado nos detalhes de ambientação, me colocou dentro da cena. Os sentimentos dos personagens foram bem construídos passando bem a forte ligação entre os amigos.
A fase complementar começa bem e não sinto a troca de autor, porém o final, ah o final, estou até agora tentando entender. Aquele filho do amigo órfão deixado para trás me jogou um balde de água fria, não entendi nada.
Então, em minha opinião o texto veio muito bem, tanto escrito por um autor quanto por outro, mas que deixou um final confuso, decepcionando bastante. Talvez a culpa seja minha, mas reli a última parte e continuei perdida, o que foi uma pena. De qualquer forma, parabéns aos autores.
Abraço
Conto interessante, combinando temas bem curiosos: Chernobyl e a UVB-76. Gostei também do pano de fundo que conectou os temas.
A escrita também ficou boa, parabéns.
Minhas impressões de cada aspecto do conto (li inteiro, sem ter lido a primeira parte antes):
📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫): muito interessante, mas quando dá um salto no tempo se torna um pouco confusa, principalmente no final. Acho que faltou caprichar mais na emoção na segunda parte.
📝 Técnica (⭐⭐⭐⭐▫): muito boa no início e a segunda parte conseguiu manter o ritmo, exceto pelos problemas abaixo.
▪ Os anos de treinamento *sem vírgula* indicavam a direção do som
Nos últimos três parágrafos, os nomes dos protagonistas me pareceram trocados: Oleg era o que estava fora e havia salvado o amigo Vassily, por isso soou estranho da forma como ficou.
💡 Criatividade (⭐⭐▫): o texto acaba utilizando elementos comuns de mundos pós apocalípticos.
👥 Dupla (⭐⭐): não foi uma dupla perfeita, mas o segundo autor respeitou a trama do primeiro e a encerrou a contento.
🎭 Impacto (⭐⭐⭐▫▫): a primeira parte trouxe emoção na medida certa e deixou uma ponta que poderia ser bem ou mal aproveitada. O segundo autor não chegou a estragar a história, mas não conseguiu manter a emoção. O momento de reencontro vivido pelos dois amigos tinha tudo para emocionar, mas pelo menos comigo não funcionou. Acho que faltou descrever a cena com muito cuidado e detalhes.
Para este desafio, adotei o critério T.R.E.T.A (Título – Revisão – Erros de Continuação – Trama –Aderência)
T – Título simples, mas que não dá ideia do que virá. Interferência no som?
R – Quase nada a anotar sobre a revisão:
há dias atrás > redundância > há dias ou dias atrás
O quê mesmo estava fazendo ali? > O que mesmo…
Eu escreveria os numerais em extenso, mas acredito que o autor 2 quis dar um toque do seu estilo.
E – As duas partes do conto funcionaram bem juntas, sem quebra de ritmo ou conflito de estilos. Considero que o objetivo do certame foi atingido.
T – A trama baseia-se na amizade de dois meninos em um cenário bastante semelhante ao de Chernobyl (acidente nuclear em 1986). Separados devido à catástrofe, os amigos seguem suas vidas, cada qual com a sua história e suas lembranças. Tive de reler o final para compreender o que de fato aconteceu, ou melhor, qual a ideia o autor quis passar. O final me fez lembrar da música de Renato Russo – Por Enquanto – (…) estamos indo de volta pra casa.
A – A leitura fluiu bem entre as cuidadosas descrições iniciais, passando pela narração dos acontecimentos que se abateram sobre os dois meninos. Ritmo cadenciado de um trem, favorecendo a apreciação da paisagem, no caso a narrativa construída. Interesse mantido até o fim.
🙂
Bem o final, realmente confundiu. Mas então, após dizer que Oleg tinha filhos, e q Vassily era uma espécie de prisioneiro, de repente tudo muda e quem havia saido era Vassily e quem ficou nos escombros era Oleg ? Ou eu entendi errado ? De qualquer forma, se foi o q eu entendi, pois eu entendi isso, e se não é, acho q poderia estar mais claro o final, acredito que prejudicou muito a obra. Uma que exije ser lida com extrema atenção.. confesso que sofri um pouco pra entrar na história, por ocasião de muitos detalhes, nomes estranhos, mas ai enfim, consegui!Entrei na história ! Até reli o final, ai me veio a mente que Vassily pareceria muito mais velho q Oleg, e então, Oleg diria que ele era seu pai? Enfim, faltou clareza.. talvez até tenha sido essa a intenção, mas pra mim, a história ficou sem fim. Algo chatíssimo ! a Narrativa das 2 partes esta´boa, e até um pouco parecida. Mas a primeira parte está mais clara e mais compreensivel. Não achei erros de portugues, só teve mesmo essa frustração ja comentada
Todos os contos foram avaliados antes e depois da postagem da 2ª parte; daí a separação:
1ª PARTE: Aqui o domínio da narrativa é gritante. Percebemos isso na riqueza de detalhes, ao mesmo tempo objetiva, na discrição nos movimentos (ex: “…disse a mãe, desamarrando o lenço da cabeça. Os cabelos espalhados reforçando a expressão assustada…”). Conseguimos entrar no dramático mundo de Oleg e Vassily sem que o escritor precisasse apelar para o drama fácil.
PIOR MOMENTO: “Sem perceber, viu-se arrebatado pelas cores.” – Como ele viu-se sem perceber? Não foi um bom começo.
MELHOR MOMENTO: “Caíram na risada. Estavam acostumados a se insultar como fazem os melhores amigos.” – Considerei brilhante a tradução, com palavras tão simples, da complexa relação entre meninos.
PASSAGEM DO BASTÃO: Passou bonito o bastão. Abriu enormes possibilidades para continuar.
2ªPARTE: Pegou o bastão com responsabilidade. Deu prosseguimento ao conto com estilo próprio, mas equilibrado com o original. Manteve o controle da narrativa e criou um final intrigante.
PIOR MOMENTO: “Havia dias em que a depressão embotava mesmo o sentido do desespero.” – A frase bonita não faz o menos sentido. Como se embota o desespero?
MELHOR MOMENTO: “Como iria explicar à mulher a presença daquela criança?” – Quase deu um nó na minha cabeça, mas achei genial.
EFEITO DA DUPLA: Acho que uma das mais bem sucedidas do desafio.
Olá, como vão? Vamos ao conto! História ambientada na extinta União Soviética, o conto se passa durante o acidente nuclear de Chernobyl, e portanto convém recordá-lo para melhor assimilar a história. O desastre de Chernobil (em ucraniano: Чорнобильська катастрофа, Chornobylska Katastrofa – Catástrofe de Chernobil; também conhecido como acidente de Chernobyl) foi um acidente nuclear catastrófico que ocorreu em 26 de abril de 1986 na central eléctrica da Usina Nuclear de Chernobyl (então na República Socialista Soviética Ucraniana), que estava sob a jurisdição direta das autoridades centrais da União Soviética. Uma explosão e um incêndio lançaram grandes quantidades de partículas radioativas na atmosfera, que se espalhou por boa parte da União Soviética e da Europa ocidental. O desastre é o pior acidente nuclear da história em termos de custo e de mortes resultantes, além de ser um dos dois únicos classificados como um evento de nível 7 (classificação máxima) na Escala Internacional de Acidentes Nucleares (sendo o outro o Acidente nuclear de Fukushima I, no Japão, em 2011). A batalha para conter a contaminação radioativa e evitar uma catástrofe maior envolveu mais de 500 mil trabalhadores e um custo estimado de 18 bilhões de rublos. Durante o acidente em si, 31 pessoas morreram e longos efeitos a longo prazo, como câncer e deformidades ainda estão sendo contabilizados.O acidente fez crescer preocupações sobre a segurança da indústria nuclear soviética, diminuindo sua expansão por muitos anos, e forçando o governo soviético a ser menos secreto. Os agora separados países de Rússia, Ucrânia e Bielorrússia têm suportado um contínuo e substancial custo de descontaminação e cuidados de saúde devidos ao acidente de Chernobyl. É difícil dizer com precisão o número de mortes causadas pelos eventos de Chernobyl, devido às mortes esperadas por câncer, que ainda não ocorreram e são difíceis de atribuir especificamente ao acidente. Um relatório da Organização das Nações Unidas de 2005 atribuiu 56 mortes até aquela data – 47 trabalhadores acidentados e nove crianças com câncer de tireoide – e estimou que cerca de 4000 pessoas morrerão de doenças relacionadas com o acidente.O Greenpeace, entre outros, contesta as conclusões do estudo. Pripyat (em ucraniano: При́п’ять, Pryp’yat’; em russo: При́пять, Pripyat’) é uma cidade fantasma no norte da Ucrânia, perto da fronteira com a Bielorrússia.[2] Próximo à cidade fica a central nuclear de Chernobyl, lugar onde ocorreu o maior acidente nuclear da história (em abril de 1986). A cidade documenta bem a era mais tardia da União Soviética, visto que os edifícios abandonados (de apartamentos, hospitais, etc.) ainda contêm objetos desses tempos idos, como brinquedos, roupas e discos. A cidade em si e os arredores não são seguros como lugar de habitação pelos próximos séculos. Os cientistas supõem que os elementos radioativos mais perigosos precisarão de 900 anos para atingir níveis que permitam ao ser humano voltar a habitar a zona.
Entretanto, logo após o acidente nuclear, muitos se negaram a sair de lá e abandonarem suas famílias, suas casas e suas vidas, correndo enorme risco à saúde. [Fonte: Wikipedia]. As duas parte do conto são indistinguíveis, então o tratarei como uma unidade. Apesar de falar desse terrível acidente, o clima do conto segue mais uma linha narrativa que se chama em inglês “slice of life”: pequenos eventos cotidianos, pequenos dramas nas vidas das pessoas. Esse jeito de contar a história pode ser muito bom, mas também pode cair na monotonia.. Fiquei entediado em muitos momentos, confesso. Adicione-se a isso o fato que eu não gosto de histórias passadas na extinta União Soviética, e fica fácil adivinhar que essa não foi minha história favorita. Mesmo assim, um bom conto, que na certa encontrará quem o aprecie. Boa Sorte!
O conto é muito bem escrito nas duas partes. É uma escrita cativante que nos faz ler com prazer. No entanto, a segunda parte, se não foi algo que não captei, tem uma troca de narrativa entre os personagens. A ação de Oleg é descrita como a de Vassily e vice-versa, o que me deixou bastante confuso, fazendo com que eu não entendesse o final do conto. Vassily está levando pra casa Oleg ainda criança? Mesmo depois de tantos anos? A radiação fez com que Oleg não envelhecesse? Mas, não foi Oleg que tinha saído da cidade? Quem ficou na cidade não foi Vassily? Eu fiquei com todas essas dúvidas e um pouco mais após a leitura. O que é uma pena, já que o texto tinha tudo para ser um dos melhores do desafio. Boa sorte.
Já chama a atenção a imagem utilizada pelo autor e a forma com que ele a trabalha em seu conto. O texto ganha verossimilhança a partir do grande conhecimento demonstrado. Não só em relação a Rússia como também a respeito de acontecimentos históricos. O autor consegue transportar o leitor para o auge do comunismo na Rússia e o interessante é que ele busca nesse cenário elementos universais como: Falar de esportes, conversar com um amigo de uma forma diferente e a mãe que reclama dos afazeres de casa. Todos esses elementos e essa construção geram apego do leitor com a obra.
O texto possui uma escrita fluida tornando uma leitura prazerosa. Também devo mencionar que gostei da virada do texto e da ponta deixada pelo primeiro autor para o segundo.
Acredito que o autor compreendeu o espírito do texto. Gosto da forma como ele enriqueceu o passado de Vassily e também desenvolveu a personalidade dele como um adulto introspectivo e fechado.
Na primeira parte é mostrado que Vassily não era muito chegado a estudos. Como ele se tornou aficionado por ficção cientifica? Isso poderia ser melhor explicado.
Em um momento no texto, é demonstrado a solidão e o isolamento de Vassily e no final é dito que ele possui uma esposa. Fiquei um pouco confuso com a trama. Não sei se essa sensação de confusão foi gerada por alguma desatenção, mas acho que alguns detalhes poderiam ser melhor explicados.
Parabéns aos dois autores.
Cara! Que final bizarro foi esse? Minha cabeça está em parafuso, rs rs rs.
O conto é MUITO bom. Ambos os escritores são extremamente competentes, contando uma história trágica de maneira majestosa. Os personagens são muito bem trabalhados, com um quê de inspiração em “Stranger Things” (hehehe, garotos que leva ficção científica a sério e se comunicam via rádio todo dia?).
O lado sombrio do conto, mais presente na segunda parte do que na primeira (apesar do lado sombrio ou, ao menos, enigmático, ter começado no final da primeira parte) é muito bem trabalhado, conferindo um clima sobrenatural ao conto inicialmente apenas dramático.
É difícil analisar o conto em partes. Minha observação é que eu ia dar um DEZ, mas não vou dar por quê me parece que o segundo autor, no final, confundiu os nomes dos personagens. Sério. Nos últimos parágrafos o autor parece trocar Vassily com Oleg em todas as frases. Se os nomes estivessem no lugar certo, tudo faria sentido. Mas com essa troca, tive que voltar três vezes no conto, reler por inteiro, e mesmo assim entendi o final. Não vi nada que explicasse esta troca. Talvez eu esteja perdendo algo mas, de qualquer forma, foi um conto quase perfeito; ao menos pra mim.
Parabéns aos autores!!
Domínio da escrita: gostei bastante da poética empregada neste conto. Não consegui achar nenhuma falha de revisão no início, e no complemento tão poucas que não valem a citação. A ambientação russa também foi interessante.
Criatividade: a intercalação de tempos na cidade é uma estratégia criativa – ainda mais no final, quando, aparentemente, misturam-se até as linhas temporais (do protagonista adulto com seu amigo jovem).
Unidade: aqui consta a minha ressalva sobre a continuação deste conto. Embora o coautor tenha conseguido manter o mesmo estilo do inicial, parece ter falhado na identificação dos nomes dos personagens. Ao final, o enredo ficou confuso por isto – para mim.
Parabéns e boa sorte!
Complemento: downgrade
O início é fantástico, baita acurácia história, trama muito bem desenvolvida, cativante,etc. O segundo autor conseguiu manter o tom e o nível da linguagem, no entanto a trama caiu de nível. Perdeu-se coerência e o final ficou pra lá de confuso.
Quando eu li este conto, amei. Grata surpresa ao saber que iria complementá-lo. Foi preciso pesquisa… Aprendi muito com você!
Olá autores.
Peço desculpas, mas não entendi a história. A primeira metade é tranquila, mas a segunda eu realmente não consegui entender. Li quatro vezes…e nada.
Penso que o problema é comigo, mas, ainda assim, faço algumas considerações:
O texto é bem escrito,com poucos erros e o enredo é muito envolvente. Mas acho que em alguns momentos o autor trocou os nomes de Oleg e Vassily, por exemplo:
“Detia-se no portal da cidade, imaginando Vassily acompanhado do pai militar, chegando sobre um tanque de guerra e arrebentando o “banker” onde ele era mantido prisioneiro.”
Não era o pai de Oleg o ex-combatente no Afeganistão?
Outra coisa:
“Vassily não acreditou quando viu aquele homem caído de joelhos no pátio central da escola.”
Desse ponto em diante, eu fiquei boiando.
Oleg vê um velho na escola, que corre dele. Depois Vassily reconhece o velho no pátio da mesma escola abraçado ao Oleg…(??)
No fim, entendi que Vassily vai embora com o “Oleg criança”. Mas não seria o contrário?
Pelo pouco que entendi, a ideia era que o tempo passou de forma distinta para os dois protagonistas, mas ficou tudo muito confuso para mim.
Ринат Файзрахманович Дасаев=Rinat Dasaev Fayzrahmanovich (Eu espero não ter sido o único a pesquisar essa frase).
Mas que criança seria essa que Vassily estava trazendo para a casa? eu reli mais de uma vez e não consegui identificar, seria Oleg já adulto só que com uma mentalidade de criança?
Abração amigos.
CAMARGO (Cadência, Marcação, Gosto) – 1ª leitura
JUNIOR (Junção, Interpretação, Originalidade) – 2ª leitura
– Interferência (Vladimir Liev)
CA: A atmosfera histórica é excelente. Li atento à cada detalhe, bem como as passagens mais sutis, como no final, onde dá a ideia de uma leve sci-fi escondida nas camadas interiores. – 9,0
MAR: A escrita é leve e flui bem, apesar de termos e nomes em russo. Os diálogos convencem, assim como a descrição do cenário. – 9,0
GO: Apenas tentaria deixar os detalhes de uma forma mais simples. A parte da escola é bem interessante, mas fiquei um tanto perdido em meio à escrita russa e times de futebol, que não curto. Essa pequena parte ficou um pouquinho cansativa, mas nada que tire o brilho do restante do texto, bem como suas divisões temporais. – 8,5
[8,8]
JUN: Junção perfeita, apesar do contexto se abrir em inúmeras possibilidades. Parabéns ao segundo autor por ater-se à mesma atmosfera. – 9,0
I: É um texto levemente confuso. Preciso ler novamente para ver se compreendi o final. Tem seu pé na FC, mas bem sutil, o que achei genial. Lembrou bastante o filme “Alta Frequência”, onde o pai contata o filho em tempos diferentes (passado-futuro), através de um rádio; bem como o triste início do excelente “Contato” de Carl Sagan. Só isso já “denuncia” a autoria da 1ª parte. – 8,5
OR: Cito os filmes acima como exemplos, mas aqui seguiu por outro caminho, pegando um fato bem conhecido e talhando uma nova história, com “h” mesmo. – 9,0
[8,8]
Final: 8,8
Imitando descaradamente nosso amigo Brian, utilizarei a avaliação TATU, onde:
TÉCNICA: bom uso da gramática, figuras de linguagem, fluidez narrativa, etc;
ATENÇÃO: quanto o texto conseguiu prender minha atenção;
TRAMA: enredo, personagens, viradas, ganchos, etc.;
UNIDADE: quanto o texto pareceu escrito por um único autor;
****************************
Conto: Interferência
TÉCNICA: * * * *
A primeira parte está praticamente perfeita, mas sem uma construção de texto para ficar gravada na memória.
A segunda, embora seja perceptível uma leve queda, não deixou a peteca cair.
– mandá-las mais à maior distância.
>>> sobrou um “mais”
– Vez por outra
>>> ou
– Isso aqui, é código morse
– Os anos de treinamento, indicavam a direção do som
>>> vírgulas desnecessárias
– Quiçá
>>> esse é o tipo de palavra que, na minha opinião, não podemos ficar abusando
ATENÇÃO: * * *
Minha atenção oscilou nesse texto. Ora eu ficava ligado, ora dispersava. Acredito que pelos fatores explicados abaixo:
TRAMA: * * *
Então…
Eu gostei bastante da ambientação (as figurinhas de futebol foram uma ótima sacada). Os personagens são meio genéricos (não vi muitos traços de personalidade marcantes em nenhum dos amigos…), mas convencem de modo satisfatório.
o lance de trocar de cenários e PDVs foi bem executado e, no começo, serviu para dar aquele efeito gostoso de conto “quebra-cabeça”, onde você vai juntando uma parte daqui, outra dali e conseguindo ver o todo. Mas depois, começou a cansar.
Eu não sei onde a primeira parte desse conto acabou exatamente, imagino que tenha sido quando o amigo escuta Vassily chamar pelo rádio.
Achei bacana a ideia do refúgio. A primeira coisa que pensei foi que o conto caminharia para um lado “fantasmagórico”.
Essa surpresa foi legal. Daí, se encaminhou para um resgate… e acabou se perdendo, enrolando demais, inserindo elementos desnecessários.
Eu li duas vezes, mas não estou certo de que entendi o final.
Tornou confuso algo que era simples.
UNIDADE: * * * * *
É possível ver a troca de autor. Mas é possível também notar o empenho do segundo para manter o ritmo e estilo da narrativa.
NOTA FINAL: 7,5
Olá. A ambientação deste conto ficou ótima, o desastre de Chernobyl, e gostei dos seus personagens. Se rolasse umas paradas de paranormalidade ia ficar bem ao gosto da FC que os russos produzem. Mas no final eu fiquei confuso. Entendi que o homem adulto que fora rever a cidade após o desastre era Oleg adulto que encontrara Vassily inexplicavelmente jovem, mas os nomes ficaram trocados ou eu que não entendi nada? Se eu estiver certo eu posso dizer que gostei do conto.
Comentário primeira fase:
Texto sublime, cheio de emoção em meio à narração, que sem habilidade se tornaria chata. O lance de ouvir a voz do amigo ao final, arrepia.
.
Comentário segunda fase:
O segundo autor conseguiu trilhar pela emoção do início do conto, me vi com os olhos marejados algumas vezes… Apesar de faltarem algumas explicações científicas para alguns fatos (o bip contínuo a la Lost, quase nao ficou legal), mas os defeitos ficam camuflados na emoção da historia, gostei disto. Mas dae veio o último ‘capitulo’… o q aconteceu? O autor surtou? rsrs Trocou o nome dos personagens (Acho que já havia trocado num parágrafo anterior) e a revelação de que Vassily continuava menino ficou muito fora da realidade…se Matusalém envelhecia pq Vassily nao?
.
Da união dos textos:
Uma pena enorme pelo último capítulo, não fosse ele, o conto teria nota máxima, provavelmente, ou quase lá. O texto ao todo conseguiu ser sensível e emocionante. Parabéns à dupla.
Excelente conto. Tecnica e sentimento. As dicas deixadas pelo primeiro quase forçaram a continuacão. A qual foi feita com muito talento. Incrível como bons escritores conseguem se comunicar.
Caramba, sei que os autores divergiram bem nas idéias, acho que a dramática história do desastre nuclear era pra ter tomado outro rumo, o garoto permanecer jovem e os técnicos cuidando dele este tempo todo realmente foi além da imaginação, será que ele se tornou mutante, preferia que fosse a visão de um fantasma, no fim acho que a segunda parte bagunçou a primeira…
Wow, curti pra caramba este conto!!!!! Tem um gostinho de Twilight Zone, e parece que a própria história percebe isso, pois faz referência ao seriado num certo momento, e isso é algo que eu simplesmente adoro!!
Acho que este é o resultado de quando dois escritores pirocudos se unem para escrever uma história juntos. Sério, a junção das duas partes ficou incrível!! Eu mal consegui distinguir em que parte mudou o autor. Gostei muito dos saltos no tempo e espaço na narração nos momentos em que apareciam os ***. Ficou muito bem executado, e o segundo escritor costurou muito bem as pontas soltas deixadas pelo primeiro. Gostei também dos nomes estranhos e da ambientação utilizados no texto.
Talvez minha única reclamação seja em relação ao final. Achei que o fechamento não empolgou muito. Pela forma como a história se conduzia, eu estava esperando por algo bem mais épico.
Pontos Positivos:
– Ótimo trabalho em equipe.
– Escrita maravilhosa.
– Sabor de Twilight Zone.
– Boa técnica utilizada com os ***
Ponto Negativo:
– Final morno.