Zuckeberg já estava no quinto cigarro desde que sentara no banco da praça. Dali, podia ver a casa de Mila e a esquina que ela dobraria ao voltar do trabalho. Bastaria alguns passos para surpreendê-la antes que ela subisse as escadas da varanda e passasse pela porta. Zucke balançava as pernas. Ansioso como era, não podia ser de outra forma. Jogou fora o filtro do cigarro e decidiu que já queria acender outro, quando foi abordado por um vendedor.
– Livros? Te faço um preço bom, meu jovem.
Zuckeberg avaliou o sujeito. Um homem já idoso e com um sorriso simpático, mas a enorme e aparentemente pesada sacola que ele carregava nas costas parecia indicar que aquele sorriso não vendia muitos livros. Zucke automaticamente levou as mãos aos bolsos, mas parou no meio do caminho.
Tudo aquilo era uma porcaria inútil.
– Não, obrigado – respondeu, e voltou a se concentrar na esquina e na casa de Mila.
Mas o vendedor ficou ali parado. O sorriso ainda de pé.
– Tem certeza, meu jovem? Eu costumo saber quando alguém está precisando de uns livros.
– O que você quer dizer, velho idiota? – Zucke cerrou os punhos. – São as minhas roupas? Eu sou cantor em uma banda de rock, sabia? Eu preciso me vestir assim.
O velho balançou a cabeça.
– Não são as roupas, jovem. Na verdade.. é… bom, perdoe esse velho idiota. Ele gosta de se meter na vida dos outros. Tem certeza que não quer um livro para a sua biblioteca?
– Não, não – Zucke voltou a ignorar o velho. – Tenho mais o que fazer.
O vendedor saiu e logo em seguida Mila surgiu na esquina. Zucke largou o sexto cigarro e caminhou até ela a passos largos. Mila já estava no segundo degrau da varanda quando ele a abordou.
– Você vai ao show?
Mila tomou um susto, mas ao ver Zucke, deu um pequeno sorriso.
– Meu roqueirinho. Você me assustou.
Zucke apontou para as orelhas. Enormes alargadores haviam criado outros buracos ali.
– Gostou? Acho que acrescenta no meu visual.
Mila fez que sim com um gesto de cabeça. Em sua mão, as chaves da casa balançavam.
– Posso entrar? – perguntou, Zucke. – Estou um pouco nervoso.
Mila pensou por alguns segundos, mexendo as bochechas de um lado para o outro. Finalmente, suspirou e fez um sinal para que Zucke a acompanhasse.
– Claro. Acho que você nunca conheceu a minha casa, não é?
– Não.
– Pois então não repare na bagunça.
Mas não havia bagunça alguma naquela biblioteca. As paredes estavam repletas de prateleiras rosas e de milhares de livros, quase todos com capas também cor de rosa. Uma harmonia meio irritante, mas que impressionava. A cama de Mila, encostada em um canto da enorme sala, era o contraste necessário. Branca como a neve.
– Gostou da decoração? – perguntou, Mila.
Zuckeberg apenas sorriu. Não podia deixar que ela percebesse o seu desconforto. Tudo ali era arrumadinho demais para ele.
– Então, Mila – ele mudou logo de assunto. – Você vai ou não para o show?
Mila fez uma careta, já anunciando o que viria. O coração de Zucke passou a bater mais depressa.
– Desculpa, meu roqueirinho. Mas não estou me sentindo bem. Acho que vou dormir cedo e amanhã faltar ao trabalho.
– Você está doente?
– Não sei. Mas estou sentindo uma pressão na cabeça. Melhor ficar em casa. Além disso, essa sua banda toca pesado, não é? Acho que hoje não consigo ficar bem com barulho.
Zucke tentou não demonstrar sua decepção. Estava com vinte e três anos, e há pelo menos cinco vinha cortejando Mila, ex-colega de colégio. Na verdade, só havia montado a banda para impressioná-la. Porém, justo agora, no primeiro show do grupo, ela iria lhe dar o cano.
Voltou a olhar para as prateleiras de livros, fingindo que as palavras de Mila não o haviam atingido. Mas em uma das prateleiras havia um espelho, e ao ver as suas orelhas tomadas por enormes buracos, Zucke se sentiu meio idiota.
– Você vai ficar chateado comigo? – perguntou, Mila, fazendo a cara de menina apreensiva que ele tanto amava. – Por favor, não fica.
Zucke engoliu tudo o que estava sentindo e sorriu amargamente.
– Não se preocupe. Haverão outros shows.
Mila alegrou-se, botou a mão no queixo e o ficou encarando. As pernas de Zucke não paravam de tremer, e ele sabia que precisava de algo para se acalmar.
– Olha, Mila.. eu preciso ir.
Ela deu de ombros. Foi até ele o pegou pela mão e o guiou até a porta.
– Boa sorte, meu roqueirinho. – Ela o beijou no rosto. – Depois faça uma música sobre mim.
– Farei – disse, Zucke, saindo pela varanda e acenando. – E sua casa é muito bonita.
Ela se limitou a sorrir e o acompanhou com os olhos. Quando virou a esquina, Zuckeberg olhou para os lados, certificou-se de que ninguém estava vendo, e deu cinco socos furiosos na parede de uma loja de ferramentas.
Ali parado, com as mãos tremendo e sangrando, ele sentiu o coração bater menos depressa.
*
A casa de Rikaj ficava em um beco imundo e sombrio, onde a luz do sol não ousava se infiltrar. Zuckeberg bateu na porta e descobriu que ela estava aberta. Entrou sem fazer cerimônia, pois já sabia o que iria encontrar.
Rikaj estava caído, com uma agulha fincada no braço. Dormia profundamente. Zucke entrou e sentou-se ao seu lado. Dali observou as paredes da casa, cinzentas, prateleiras vazias, não havia um único mísero livro ali.
Retirou a agulha do braço de Rikaj e lhe deu alguns tapas no rosto.
– Acorda. Eu quero uma dose.
O traficante levantou a cabeça com dificuldades, apenas para reconhecê-lo, apontou para a cama ao fundo e depois tombou novamente, ressonando baixinho.
Zucke foi até a cama, levantou o colchão e achou o kit. Sentou-se e começou a preparar a heroína. Aquele momento, o preparo, era um dos poucos momentos de sua vida em que ficava completamente relaxado. A sua concentração era total.
Terminado o preparo, ele amarrou a corda de borracha no braço, procurou a veia e se picou. O baque foi forte. Lentamente, Zucke deixou-se tombar e adormeceu ao lado do traficante.
Acordou e viu Rikaj sentado ao seu lado, olhando para o nada e babando.
– Ei, Zucke – disse o traficante. – Hoje é o show da sua banda, não é?
Zuckeberg se ergueu com dificuldades, um pouco tonto. O corpo ainda dormia, mas sua mente já estava novamente em atividade.
– É hoje essa merda. Que horas são?
– Nove e meia – disse, Rikaj. – Tô com fome.
– Caralho, nove e meia? – Zucke finalmente conseguiu sentar. – Preciso ir para o Caverna do Morcego.
– Ei, Zucke… como são as letras da sua banda?
– Letras?
– É… do que elas falam?
– Como assim?
Rikaj parou de falar e encarou Zucke. Parecia procurar palavras para continuar a arguição.
– Cara. Uma música fala de alguma coisa, não é?
Zucke balançou a cabeça.
– Bom… na hora eu vejo o que vou falar.
Rikaj levantou as sobrancelhas.
– Você vai inventar na hora?
– Caralho, Rikaj – gritou, Zucke. – Ninguém está nem aí para o que eu vou falar. Ninguém se importa. Na hora eu falo qualquer merda e pronto.
Rikaj deu de ombros e voltou a fitar as paredes.
– Ei, Zucke…
– O que foi agora?
O traficante apontou para as prateleiras vazias.
– Você acha que eu devo comprar alguns livros?
Zuckeberg observou novamente aquele vazio e levantou-se pronto para ir embora.
– Pra quê? Eles não servem pra nada.
– Ei, Zucke…
– Fala.
– Me aplica outra dose? Eu acho que não consigo preparar.
**
O Caverna do Morcego era um pub underground de baixo nível que sobrevivia da venda de bebidas baratas e drogas. As bandas que tocavam ali nunca recebiam, mas Zuckeberg não estava interessado em dinheiro. Queria apenas o reconhecimento de Mila, que cedo ou tarde viria lhe ver no palco.
Ele chegou um pouco atrasado e passou pelo grupo de pessoas que estava na fila, descendo a escadaria para entrar no pub. Passou pelo segurança, conhecido de longa data, e quando a porta do Caverna foi aberta, o bafo quente e o fedor do lugar o despertaram completamente do torpor da heroína. Zuckeberg passou pelo corredor paralelo a área do público e ao bar, e entrou no pequeno quarto que servia como camarim.
A fumaça de cigarro corria pelo ar. Shaman, o baterista, estava dormindo sentado em uma cadeira, e Doctor, o guitarra, fumava um cigarro enquanto olhava para o palco através da fresta de uma cortina.
– Fala, Zucke – disse. – Até que veio um pessoal.
– É… legal – respondeu, Zucke. Sentando no chão e recuperando o folêgo. – Mas fodam-se esses idiotas.
– O seu irmão estava aí.
Zucke congelou.
– Como é?
Doctor deu de ombros.
– Eu vi ele lá embaixo quando cheguei. Perguntou de você, mas disse que não ia poder ficar para ver o show.
Outra pontada de decepção. Aquilo era demais para um dia só.
– Como sempre – disse. – Nunca teve tempo para mim. Ninguém daquela família tem. Bando de escrotos.
Doctor ficou calado, pensando se deveria continuar. Por fim, deu um trago no cigarro e falou como quem não queria nada.
– Ele desejou boa sorte, Zucke.
– Besteira.
Zuckeberg levantou-se, acendeu um cigarro e olhou pela cortina. Havia umas duzentas pessoas ali, que dançavam ao som de um DJ.
– Acorde o Shaman, Doctor. Vamos acabar logo com essa porcaria.
****
O público esboçou alguma animação quando os três entraram no palco usando as roupas rasgadas, os cabelos assanhados e a maquiagem branca. Shaman contou até três e começou a espancar a bateria. Doctor engatou alguns acordes e ficou na repetição, dando a deixa para Zucke entrar quando quisesse.
Mas ele estava completamente paralisado. Dali de cima, a pouca luz do lugar lhe permitia ver somente alguns rostos, aqueles colados no palco, rostos que estavam ali ansiando por algo. Algo que ele agora achava que não podia lhes dar.
– Ei, Zucke – gritou, Doctor. – Começa a cantar, porra.
Zuckeberg virou-se para ele.
– Mas o que eu canto?
– Sei lá, cara. Qualquer coisa. Pensa em algo e canta.
Shaman fez uma pequena virada na bateria, dando a impressão de que a música iria finalmente engatar, mas novamente eles caíram na repetição, pois Zucke não começou a cantar.
– Zuck – gritou Doctor. – Estamos fazendo papel de imbecis, cara. Começa a cantar, depressa.
Zuckeberg então levantou o microfone e o aproximou da boca. Nos rostos colados ao palco, ele viu um fiapo de esperança. Eles o queriam… eles o aguardavam.
– Desculpem – falou. – Eu não tenho nada a dizer.
Largou o microfone no chão e saiu do palco ao som de vaias. No camarim, pegou uma cadeira pelos pés e a quebrou na parede. Em seguida, de algumas cabeçadas em um armário. Pensou ainda em voltar ao palco, pedir desculpas e começar a sussurrar coisas sem sentido, mas viu que aquilo seria perca de tempo. Precisava de um pico. Precisava de Rikaj.
Saiu correndo dali e pouco tempo depois já atravessava as ruas vazias aos pulos.
*****
Seis da manhã, Mila abriu a porta de casa, arrumada para o trabalho, quando ouviu a voz de Zucke.
– Pensei que você iria faltar o trabalho hoje.
Ele estava sentado em um degrau da varanda, de costas para ela.
– Roqueirinho? Você esta aí há quanto tempo?
Zucke deu de ombros.
– Não sei. Saí do show ontem, passei na casa de um amigo e depois vim para cá.
– Você não dormiu? – perguntou Mila, com um pé dentro e outro fora da casa, visivelmente receosa.
– Não sinto sono – respondeu, Zucke. – Queria ver você. Está melhor?
– Sim, sim. Estou melhor. Acordei bem disposta.
– Que bom.
– E como foi o show?
– Foi uma droga, Mila. Ainda bem que você não foi.
– Sério, e o que foi que houve?
Zucke não conseguiu responder. Apenas se levantou e deixou Mila ver a sua maquiagem borrada e o cansaço estampado na face.
– Mila. Eu posso entrar e ver uma coisa?
Ela ficou séria, mordeu os lábios.
– Não sei se é uma boa ideia, roqueirinho. Estou atrasada e…
– Mila..
– Oi?
– Por favor, pare de me chamar assim.
– Assim como? Roquei…
Zucke passou por ela e invadiu a casa. Mila tentou lhe segurar pelo braço, mas ele de um puxão e continuou andando. Foi direto até uma das prateleiras com livros e agarrou o maior deles que encontrou.
O livro se desfez em sua mão.
Virou pó e foi levado pelo vento, se espalhando na prateleira e no carpete.
– Pare com isso – gritou, Mila. – Veja a sujeira que você fez.
Zucke estava completamente confuso. Automaticamente, pegou outro livro e este também se desfez imediatamente em pó.
– Pare! Pare! – gritava a moça. – Eu vou chamar a polícia. Você está destruindo a minha casa.
Mas zuckeberg não parou, e começou a desfazer em pó todos os livros daquela prateleira. Por fim, voltou-se para Mila e a viu caída no chão, chorando.
– Por que você fez isso? – ela choramingava. – Por que…
– Mila? – chamou, Zucke.
Ela levantou o rosto.
– Você sabe como é o meu nome?
Mila mordeu os lábios e não respondeu.
Com a velocidade de um raio, o amor de Zuckeberg morreu. Deixou aquela casa e para ele, foi como se tudo ali virasse pó.
Os livros, as paredes, Mila.
Nada ali era de verdade.
******
O vendedor de livros estava na praça, carregando a enorme sacola nas costas. Zuckeberg se aproximou, um pouco envergonhado. Quando o homem o viu, abriu um enorme sorriso.
– Olha só quem vem aí.
– Olá – disse, Zucke. – Queria me desculpar por ter sido grosseiro.
O velho o interrompeu com um gesto de mão.
– Não precisa disso, meu jovem. Posso ver em seus olhos que não é mais a mesma pessoa que era ontem. Está tudo certo.
Zuckeberg sorriu. O velho largou a sacola no chão.
– E então, como posso ajudá-lo?
Zuck tirou algumas notas de dinheiro do bolso.
– Eu quero um livro.
O velho sorriu.
– Uma boa escolha, rapaz. Nunca devémos deixar de cuidar da nossa casa, é o que eu sempre digo.
Zucke então lembrou-se de algo e mudou de ideia.
– Na verdade, senhor. Eu acho que vou querer dois.
*******
Rikaj dormia na cama. Zucke sabia que acordá-lo não ia adiantar para nada. Aquele era o sono que o corpo dele precisava para reparar um pouco dos efeitos da droga. Em vez disso, Zuckeberg foi até uma das prateleiras na parede da casa do traficante e depositou ali um livro.
Na cama, Rikaj respirou alto, mas seguiu dormindo.
Zucke saiu sem fazer barulho.
********
Zuckeberg girou a chave na fechadura e entrou em sua casa.
As paredes destruídas, o entulho no chão e as vastas prateleiras desgastadas e quebradas, com aqueles livros velhos e rasgados o fizeram se sentir mal pela primeira vez ao entrar ali.
Caiu no chão e começou a chorar. No teto, um buraco deixava pingar uma goteira. Uma das gotas caiu em sua boca, e ela tinha gosto de heroína.
– Maldita seja – disse a si mesmo. – Maldita seja.
Levantou-se e cambaleou até uma velha poltrona que ele usava como cama. Mas ao invés de dormir, abriu o livro que comprou com o velho e começou pacientemente a lê-lo.
No início foi difícil: uma dor terrível lhe apertou os olhos, o suor lhe descia em cascatas pela testa, os calafrios o desconcentravam, e o enjôo lhe dava socos no estômago. Mas horas se passaram e ele começou a se sentir melhor, mais disposto, sóbrio e atento. O seu corpo não doía mais como antes, apenas um desconforto aqui e ali.
E quando meio dia havia se passado, Zucke fechou o livro, finalmente terminado. Caminhou até uma das prateleiras e ficou surpreso ao ver que elas agora não estavam tão feias, apenas um pouco desgastadas. Notou também que não havia chutado entulho algum, e que toda a sujeira estava agora concentrada ao lado da porta, esperando para ser varrida para o lado de fora.
Zucke sorriu e olhou para o teto. A goteira não existia mais.
Pôs o livro na prateleira e decidiu que aquele era um bom dia para ficar em paz com a família.
gostei da tua narrativa, simples e direta, apesar de a história ser muito pesada. Parabéns, lamento que não tenhas agarrado a ideia de os livros se transformarem em pó e ele aproveitar para os injetar com a agulha sei lá, parece-me que faltou alguma dose de loucura, algo que nos fizesse saltar na cadeira ao ler, percebes?
Síntese Crítico-construtiva
Você escreve num ritmo muito interessante. Vai direto ao ponto! Gosto desse tipo de estilo, mais seco, que mostra as horas passando.
Uma crítica possível é de que alguns personagens são colocados como representantes de um tipo social que não aparece no texto de modo claro. Como já comentaram do irmão (quase um fantasma na vida de Zuck), a sua paixão tão inconstante em sua confiança (ou a última parte seria um pesadelo com ela?), o traficante…
E o salto no final também pareceu uma ponta de fantasia utópica em um cenário que destoa disso em todo o resto do conto. No geral, gostei. Abraço!
O conto é bem leve, e sem pretensão de ser mais do que isso.
Achei os diálogos as partes mais fracas do conto, carecem de uma melhor revisão e reformulação.
Não gostei do nome do protagonista, pois remete ao Mark Zuckeberg, e não dá pra tirar a imagem dele da cabeça durante a leitura.
No geral, gostei da trama, foi a parte forte do conto!
Boa sorte!
A parte descritiva do conto ficou boa, porém o(a) autor(a) precisa melhorar seus diálogos. Eles são irreais, não combinam com os personagens. Imagine um cara de vinte e poucos anos conversando com sua banda, quantos palavrões sairiam? ousadia é a palavra aqui. Entendi que tudo estava na mente do personagem, talvez até a banda. Estava achando estranho um cara querer impressionar uma garota fazendo uma coisa que ela não parece apreciar, meio destoante isso. Mas se ela é criação dele, aí tudo bem. Mesmo assim, o conto ficou raso em sua maior parte, e simplesmente achei forçado alguém se livrar das drogas lendo um livro, e aliás, seria interessante saber os nomes dos livros. Só dizer ‘livros’ deixa muito vago.
Os personagens precisam de uma reformulação, estão muito estereotipados. As pessoas são complexas, tem suas nuances.
A trama é interessante, a redenção do viciado desiludido amorosamente é batida, mas tem seu apelo. O que me deixou incomodado é o traficante usar drogas, não sei posso estar errado, mas geralmente traficante não é usuário.
O conto precisa de alguns retoques, mas não está de todo ruim.
Boa sorte!
O nome do personagem principal é muito sugestivo. Os detalhes deram grande valor ao conto, como o dos livros se transformando em pó, que foi espetacular. O seu estilo é ultra-moderno, dotado daquele humor cáustico que caracteriza os grandes autores atuais. Com certeza o seu estilo fará grande sucesso nas rodas literárias. Parabéns, um dos contos que mais gostei.
Olha, achei que não ia gostar do conto, mas não é que gostei? Acho que foi ponto para a personagem, com quem tive empatia. Uma aura de mistério, sensação de querer saber onde tudo aquilo ia dar, e aí quando vi, lá estava o final do conto. Acho que o final ficou meio corrido na resolução, mas é algo a se desenvolver com mais espaço e tempo. De coisas que me preocuparam na gramática, um “haverão” quando devia ser “haverá” e “perca de tempo” também me doeu, rs. É isso, gostei da leitura!
Os estereótipos me incomodaram um pouco, principalmente a do livro como redentor em si. Qual livro? “Mein Kampf” de Hitler também é um livro. Se essas coisas ficassem mais claras poderia me conectar melhor com a história que é bem contada, mas não consegui gostar dela.
Achei a narrativa muito boa, frases corretas e agradáveis de ler. Tem alguns errinhos ali como na palavra “perca”, para dar sentido correto na frase seria “perda”. Os livros cor e rosa seriam alucinações de Zuck, o seu quarto bagunçado, as goteiras também. Zuck procurou na ilusão das drogas o que não teve na realidade. A vida dele ia se tornando um inferno, quando surge um anjo na forma de um velhinho oferecendo-lhe um livro e Zuck encontra, ou reencontra, na leitura o verdadeiro sentido da vida.É uma boa mensagem. O apelido Zuck repetido diversas vezes se tornou chato. Eu trocaria o Zuck por Zé…
Gostei da temática e estrutura, acho que com algumas revisões esse conto pode se tornar um baque ainda mais forte. Em alguns momentos me transmitiu uma imagem ao estilo Gorilaz, quase um HQ; em outros, trouxe elementos do Trainspotting, mas sem aquele contexto britânico, que no filme faz toda a diferença. Gostei dos livros virando pó (sinceramente, a imagem me surpreendeu pelo absurdo!) e da metáfora da leitura como se fosse a “metadona” para a desilusão amorosa. Sucesso!
Boa noite.
Seu conto é interessante.
Sua escrita é leve e de fácil entendimento, apesar de ter encontrado alguns leves erros de fluxo, como artigos repetitivos, e poucos erros de digitação, nada que comprometa a trama como um todo.
A estrutura é boa. Você nos apresenta seus personagens, desenvolve (mesmo que pouco) e nos leva a uma conclusão para cada um.
É um bom conto, mas não me encantou muito.
talvez porque eu sentia que havia alguma coisa ali, algum significado embutido, que ficou escondido entre as palavras. Talvez escondido demais.
O fim, particularmente, me desagradou bastante. Destoou do restante do texto.
Enfim, um bom conto que precisa ser melhor trabalhado.
Boa sorte no concurso.
O conto está bem escrito, começo, meio e fim bem definidos, com clímax e reviravoltas. Está bem fechadinho, gostei de como tratou os livros, do recomeço. A narrativa consegue nos transportar às cenas com bastante facilidade.
Porem não gostei tanto da história em si, não sei se pela pegada adolescente, pelo velho roqueiro/ patricinha, achei um pouco “convencional” demais.
Caro autor, seguem minhas impressões de cada aspecto do conto antes de ler os demais comentários:
📜 Trama (⭐⭐⭐▫▫): gostei muito da história e do Zucke. O final foi um pouco confuso pra mim, mas acredito que tanto a cena na casa de Mila qto em sua casa são reflexos da droga, alucinações. Quando ele se entregou à leitura, o efeito foi passando e ele começou a ver um mundo melhor.
📝 Técnica (⭐⭐⭐▫▫): é boa, com narrativa fluida e ótimos diálogos. Alguns erros incomodaram um pouco como “perca”, mas é bobeira que se resolve numa revisão. Um texto muito bem escrito, portanto.
🎯 Tema (⭐▫): a biblioteca sendo corroída foi narrada no conto, mas o foco da trama era, na verdade, as drogas e os problemas de Zucke.
💡 Criatividade (⭐⭐▫): o tema com drogas e rock é comum, mas o tom com que foi criado e a alusão aos livros trouxe doses de novidade.
🎭 Emoção/Impacto (⭐⭐⭐▫▫): gostei do texto, como já disse e me afeiçoei bastante ao Zucke. Achei que o final poderia ter sido menos confuso, assim como a cena na casa de Mila. Se essas peças se encaixassem melhor, o impacto final teria sido melhor.
💬 Trecho de destaque: “Com a velocidade de um raio, o amor de Zuckeberg morreu. Deixou aquela casa e para ele, foi como se tudo ali virasse pó. Os livros, as paredes, Mila. Nada ali era de verdade.”
🔎 Problemas que encontrei:
◾ mas viu que aquilo seria *perca* (perda) de tempo
◾ Nunca devémos (devemos) deixar de cuidar da nossa casa
Achei curiosa a história de Zucke, mesmo que seu nome me fizesse lembrar, a todo momento, do criador do Facebook, Mark Zuckeberg, e Mila, da deusa de Netinho. O conto explorou muito bem a trama punk, e o mundo do rock urbano(ou melhor, suburbano), com toda a temática de drogas e os personagens periféricos, marginalizados. Gostei de tudo com exceção do final, mais especificamente das duas últimas frases, que me deixaram num sentimento de que destoaram do restante da narrativa. Boa sorte!
O TÍTULO é perfeito, só revelado seu sentido no último parágrafo. FLUXO extremamente competente na fluidez. Perdeu um pouco o ritmo pelo meio. A TRAMA foi bem aplicada e nos leva junto na viagem de Zucke pelo mundo encantado de Mila. O PERSONAGEM cresce junto com o leitor e o FINAL sóbrio quebra a batida undergroud.
Muito bom. Todo o conto é uma viagem de Zucke. Fica para o leitor decidir se a viagem é por conta das drogas ou do livro que ele lê. Eu torço pelo livro.
Parabéns e boa sorte.
Não sei porque, mas me pareceu que o personagem teve alguma desilusão com os livros, com o próprio conhecimento, daquele tipo que havia estudado,teria até formação universitária talvez, mas não era aquele caminho que pretendia, talvez o conflito com a família. Desculpa autor, se viajei, mas pelo que percebi nos comentários, seu conto não só flui leve e envolvente, mas também dá margem a várias interpretaçòes, e essa foi a minha humilde. Mila pareceu-me simbolicamente o amor perdido, a desilusão amorosa, a perda da saúde mental relatada pelo uso das drogas. O rapaz lutou com os conflitos internos até não ver mais luz no fim do túnel, a não ser pelos livros, que o teriam feito dar a volta, e quem sabe, significassem aí o retorno, inclusive as pazes com a família e a saúde novamente. Bom de ler e de comentar, espero não ter viajado demais,
Bom desafio!
Oi, Bookmark.
Achei a narrativa leve e gostosa de ler. Não percebi nenhum erro ortográfico, estão se existir algo a narrativa foi boa o bastante para disfarçar. Gostei bastante do diálogo entre Zuck e o traficante, mas acredito que a cena funcionaria melhor se ao invés de traficante Rikaj fosse apenas um viciado. O meu senso comum me diz que traficante dificilmente usa o seu produto (especialmente heroína!).
O que fez o conto cair um pouco no meu conceito foram os personagens (o roqueiro e o velhinho) e a epifania. O personagem principal me pareceu muito estereotipado (ainda que ele mesmo tenha feito graça desse esteriótipo, ao ver o que fez com as orelhas) e a figura oracular do velhinho me pareceu muito jogada para resolver a trama. No início do conto sabemos o papel que ele vai desempenhar, porque velhinhos misteriosos sempre cumprem esse papel. Chegou a me lembrar de um episódio de “Além da imaginação” na qual um velhinho misterioso é um vendedor ambulante de tudo o que as pessoas precisam para melhorar a sua vida.
Não entendi bem como se deu a epifania. Ainda que o conceito peça por algo súbito, me pareceu meio deslocado. Aliás, ele estava alucinando com a droga quando foi visitar a Mila, por isso os livros pareciam desaparecer, certo? Eu acho que faltou algo ali que justificasse a subita compreensão de que a menina não merecia o sentimento.
Mas achei um bom conto, camarada. No geral, eu gostei.
Boa sorte e parabéns!
Bacana a narrativa adolescente, bem despretensiosa e sem a intenção de parecer moralista. Atire a primeira pedra quem nunca passou por uma situação como o Zucke (desculpe, já sou íntimo), de desilusão com pontadas de desespero. Perfeitamente verossímil a reação dele e até do traficante. Legal também a ilusão que você, autor, criou. Chega um ponto que não sabemos se Mila (“Mil e Uma Noites de Amor com você” — desculpe de novo, o tempo que passei morando em Salvador falou mais alto) é real ou se é apenas fruto da imaginação dele. A figura do velho vendedor de livros serve como âncora para a realidade. Por fim, o protagonista enxerga sua vida como ela realmente é.
Bem, o conto funciona porque é direcionado para o público infanto-juvenil que, como eu disse, se identifica fácil com o Zuckeberg. Porém, mesmo com esse direcionamento, creio que a cura do Zucke aconteceu muito depressa. Perfeitamente aceitável, se levarmos em conta o limite do desafio, mas algo a se pensar numa futura revisão.
Gostei bastante!
Entendi como simbologia, como uns filmes experimentais aí que existem, (não sei classificar nada!), a casa da moça não ser nada mais do q uma biblioteca rosa com livros rosa e a cama branca… o vendedor de livros, muito fora do real… achei q ele não ficou muito bem encaixado, acho q a personalidade dele poderia ser um pouquinho melhor lapidada… o amigo viciado (obviamente ele nao é traficante, isso é facil de arrumar, só tire a palavra traficante..rsrs) e sua casa sem livros.. a propria casa de Zucke que é uma biblioteca tb (a biblioteca da imagem!), a banda tb, mas não pesquei muito qual é a da banda, teria q reler…kkk
Enfim, achei muito significativo, tipo de ter q parar um tempo para aproveitar toda a reflexão que o conto pode proporcionar.. e isso é ótimo pácaramba!! 🙂
.
Achei show de bola o momento em que ele dá-se conta de que não ama mais a moça. tipo assim, muito assim que acontece mesmo as nossas desilusões..hehe
.
Parabéns pelo texto!
Abraço
Uma história cheia de símbolos e significados ocultos. O velho vendedor de livros pode ser a sabedoria batendo à porta da mente de Zuck, pedindo para entrar – para iluminar-lhe os pensamentos e trazer algo que coloque sua vida no eixo. Rikaj e sua biblioteca vazia expressam justamente o oposto: o status-quo, sua vida desleixada e largada às moscas, sem sabedoria, sem luz. Vi significado até mesmo no ato do show, as pessoas esperando que ele falasse o que viesse do seu coração e ele finalmente percebendo que não havia nada para falar. Ele não tinha nada a dizer, por que nada sabia.
Foi um texto interessante de ler e pensar sobre, mas que ao mesmo tempo peca em diversos aspectos. Por exemplo, por mais que eu tente, não consigo entender o papel de Mila. Uma garota “friendzone” da vida, que ele conhece desde a escola mas que revela no final do conto ser… irreal? Então o que ela era? Uma amiga imaginária? Eu reli o conto uma vez mais para tentar entender algumas passagens, mas não consegui…
A mensagem, porém, é clara: um garoto rebelde, estereotipado, brigado com a família por ser diferente, finalmente dá-se conta de suas falhas e resolve voltar atrás e reatar seu relacionamento com os pais e irmão.
O livro aqui não precisa ser exatamente um livro físico: pode representar uma iluminação, o entendimento de um conselho antigo proferido pelo pai, que o fez entender a real importância da família.
Enfim, achei interessante mas um tanto confuso.
Não vou mergulhar na gramática. O texto precisa de uma séria revisão e uma lapidada no estilo, evitando repetições de nomes e palavras. Acho que a frase certa é: “o conto precisa de um pouco mais de carinho”.
Olá, boa noite.
Confesso que fiquei um pouco confusa com a história.. principalmente na parte em que os livros se transformaram em pó… como assim? Afinal, Mila nunca existiu?
Pessoalmente, achei Mila uma personagem bem irritante.. é só meu gosto pessoal. Acho que os personagens, em geral, podiam ter sido mais trabalhados.. apresentando personalidade e características distintas. Senti falta de uma descrição tanto física quanto psicológica. Não consegui imaginá-los nem me afeiçoar a eles.
Não consegui entender bem o sentido da história mas, apesar disso, gostei de você ter feito um final feliz :). Fiquei feliz em saber que os livros contribuíram para que Zuke tomasse a iniciativa de mudar sua própria história. Livros mais uma vez salvando a nação hehe 😉
Enfim.. você tem talento, de verdade. Só precisa explorá-lo e aperfeiçoá-lo um pouquinho mais.
Parabéns 🙂
É, não gostaria de ser repetitivo aqui. Os colegas já deram as críticas de forma brilhante.
Gostaria de dizer que você me passou a impressão de estar iniciando ainda na arte de escrever contos. É natural que alguns “equívocos” sejam cometidos, o importante é que não desanime com as críticas negativas! Pelo contrário, que as utilize para se aperfeiçoar!
Você tem um estilo próprio de narrativa, o que pra mim já é MUITA coisa. Originalidade é tudo. Só precisa lapidar mais as idéias para poder executá-las com primazia.
Escrever muito e ler mais ainda: esse é o segredo.
Eu não captei muito a idéia do conto. Algumas questões ficaram flutuando em minha mente após o término da leitura.
1 – A menina já foi real algum dia?
2 – Como assim tudo desapareceu?
3 – A biblioteca era a própria casa dele?
Entre outras coisinhas.
É um recurso interessante, deixar o leitor com algumas dúvidas na cabeça quanto ao final, a um elemento do texto, até mesmo sobre a essência.
Mas essas dúvidas dão a impressão de que você não deu a atenção necessária para sanar as questões que você mesmo provocou com o conto.
O conto é mediano, apesar das críticas.
Boa sorte no desafio!
Olá, Bookmaker!
Uma trajetória literalmente punk que, no final, encontra a catarse nos livros. Pela escolha dos nomes dos personagens e ambientação, presumo que é uma banda de rock da Inglaterra…
Os diálogos ficaram dignos da realidade apresentada. Ponto a favor também para a técnica aplicada que, ao meu ver, deixou a leitura mais leve, mesmo com os palavrões nos momentos de raiva…rsrs
No entanto, o comportamento de alguns personagens ficaram a desejar. Zuke, por exemplo, já com 23 anos e roqueiro descolado dificilmente demoraria 5 anos para sacar que Mila não estava a fim dele. Rikaj, o traficante, também não convence… Que lucro ele teria consumindo mais drogas do que os seus clientes?
O final ajudou a recuperar a melodia com os riffs de esperança.
Boa sorte!
Achei uma história divertida, de leitura rápida e sem entraves. Gostei do uso de palavrões e o linguajar pareceu bem natural na maior parte dos diálogos.
Mas alguns detalhes já apontados pelos colegas realmente tiraram um pouco o brilho. Concordo 100% com o Jowilton em relação a narrativa em 1º pessoa, quase certo que ficaria melhor. O roqueirinho na Friendzone acaba ficando meio sem graça no dia seguinte… pensei até que rolaria um final trágico quando ele invadiu a casa da menina, mas aconteceu aquele lance dos livros virarem poeira que sinceramente não entendi muito bem.
O vendedor parecia que iria assumir um papel mais voltado ao fantástico (imaginei a princípio um demônio), mas também ficou por isso mesmo.
Gostei da última frase, encerrou o texto com uma sensação boa.
– haverão outros shows
>>> está na fala do personagem, mas eu usaria “haverá”, ou algo que talvez fosse mais próximo ao jargão do cara: “o que não vai faltar é show”, ou algo assim.
– corredor paralelo a área
>>> à
– Em seguida, de algumas cabeçadas
>>> deu
– perca de tempo
>>> perda
– faltar o trabalho
>>> ao
– devémos
>>> devemos
– ela tinha
>>> cacofonia
Abraço!
O conto deixa a desejar em vários aspectos, mas particularmente me incomoda toda a narrativa que se prende a idealizações construídas pelo tecido social. Por exemplo, a criança como sinônimo de pureza, a mulher como origem de todo o mal do mundo, o velho como portador da sabedoria etc. Ao serem utilizadas em um texto que se pretende artístico, é preciso algo que fuja ao previsível.
O texto se baseia numa ideia bastante comum no meio social: o livro como uma espécie de redentor do sujeito, um portal para um novo mundo. Essa visão romântica encerra uma meia verdade, que é tomada como uma verdade absoluta.
Decerto a leitura é fundamental para o desenvolvimento não apenas do individuo como de toda a sociedade à qual ele pertence, mas não é qualquer leitura que faz isso. Logo, o objeto livro não é, em si, nenhuma varinha de condão. E o entendimento romântico a esse respeito contribui bastante para a manutenção do mito e consequente mal uso da leitura, porque na medida em que qualquer livro é positivo eu posso ler qualquer porcaria estética ou de caráter informacional que estarei num patamar superior aos pobres mortais.
O comportamento do protagonista revela esse estereótipo. Usuário de heroína, cantor de rock pesado, brucutu intelectual, há uma brusca mudança interior no personagem ao adquirir livros. É inverossímil e um tanto simplório, talvez fruto da tentativa de construir uma reviravolta, aspecto que certas cartilhas e oficinas literárias insistem ser primordial.
Certamente o(a) autor(a) pretendeu mostrar o resgate, a redenção do personagem. No entanto, algumas reações dele me parecem exageradas, ou seja, o motivo causador delas eu entendo serem fracos, não justificariam, por exemplo, ele esfarelar os livros da mulher a quem ama, e depois cair no chão de seu quarto e chorar. Para semelhantes reações seria necessário deixar mais evidentes as causas. São internas, psicológicas? Provavelmente sim (afinal ele montou a banda para impressioná-la), decorrentes da rejeição da moça, mas nesse caso a “fauna interna” do personagem, seus fantasmas e monstros precisariam de maior clareza.
O vendedor de livros é uma ótima possibilidade de personagem e que merece uma reelaboração que mostre melhor as razões de certa clarividência que possui (ou seria apenas “papo de vendedor”?). O traficante, pelos motivos já expostos pela Cláudia, é bastante inverossímil. Além disso, não estão claros os motivos pelos quais Mila mostra certo receio de que ele, de manhã cedo, entre em sua casa, coisa que ela havia permitido no dia anterior. Como também não está explicado o motivo pelo qual o irmão do protagonista foi ao show. Para desejar boa sorte? Por quê? Apena um gesto fraternal? Mas como, se a relação com a família não parece boa?
QUESTÕES GRAMATICAIS
“Perguntou de você”, quando deveria ser POR VOCÊ.
“– Na verdade, senhor. Eu acho que vou querer dois”. Uma das duas opções: a) “Na verdade, senhor, eu acho que vou querer dois”; b) Na verdade, senhor… Eu acho que vou querer dois”.
“e ela tinha gosto de heroína”: ocorrência de cacofonia em
ELA TINHA : É LATINHA.
Gostei do conto no geral.
No entanto os nomes dos personagens e a ambientação não me convenceram.
Explico:
Zucke, Mila, Rikaj. Onde se passa essa história? Nova Iorque, Amsterdã , São Paulo?
Pode parecer implicância minha (já comentei em outros contos que não faz sentido um brasileiros usar nomes estrangeiros), mas sou da opinião de que um toque de regionalismo é fundamental para dar maior verossimilhança a história.
Nesse caso faltou explorar melhor o ambiente urbano, no sentido de dar ao leitor um “sense of place” maior, como dizem lá fora, principalmente considerando a temática “rock´n´roll”, que pede que a história seja melhor situada, geograficamente e “urbanamente” falando. Talvez a menção ao nome de uma rua ou a um bar que realmente exista funcionasse bem.
Só eu que pensei no cara do facebook quando li Zuckeberg? Se não fosse pela falta de um R… Enfim, foi só uma coincidência, claro.
Ser chamado de “roqueirinho” deve ser horrível, tanto quanto ler um “morno” nos comentários aqui.
O personagem Zucke aparece com o estereótipo do roqueiro- roupas, alargadores de orelha, drogas. O que eu estranhei é o traficante ser um viciado, porque pelo que sei, quem trafica evita cair no vício para não perder o controle do negócio. Mas como não sou especialista no assunto, posso estar enganada.
Notei um lapso – Haverão outros shows. – O verbo HAVER no sentido de EXISTIR, sempre fica no singular. Portanto, o correto aqui seria HAVERÁ outros shows. Mas como é fala do personagem, pode ter sido proposital.
Interpretei os livros virando pó como a representação da fragilidade da realidade do rapaz. E o narrador explica que tudo virou pó.
No final, acontece o contrário, através da leitura, a vida do rapaz se reestrutura, empurrando a sujeira para a porta, propondo um novo começo, em paz.
Foi uma abordagem diferente do tema. Leitura ágil e agradável. Boa sorte.
MULA (Motivação, Unidade, Leitura, Adequação)
M: Uma bela abordagem de um assunto espinhoso e até comum no dia a dia. O uso da “literatura salvadora” caiu bem, sem soar piegas. Até achei que o vendedor poderia ser alguma alegoria fantástica, mas o autor preferiu manter os pés no chão.
U: Escrita bem natural, sem grandes floreios, mas consegue soar verdadeira.
L: Confesso que fiquei esperando o cara cantar alguma coisa que leu nos livros, seria interessante. Mas a saída, apesar de levemente “morna”, cativa, justamente pelos sentimentos envolvidos.
A: O sentido físico da imagem ficou um pouco de lado, mas você conseguiu carregar a essência nas entrelinhas e realizar um contraponto entre dois mundos distintos.
Bom conto. O livro salvando vidas, salvando almas. Achei a narrativa um pouco fria, talvez, na primeira pessoa este conto me soasse mais visceral. É um tema pesadíssimo, heroína é uma droga pesadíssima, no entanto, a condução da história não me mostrou este peso. Achei interessante os livros da menina virarem pó nas mãos de Zucke, entendi que aqueles livros só estavam ali com enfeite e que nunca foram lidos, eram apenas ornamentos. Mas, também pode ter sido apenas uma viagem da droga, assim como todo o conto. Não percebi erros gramaticais. Boa sorte.
Comecei a ler e gostei do jeito como vc escreve. Mais adiante, achei o Zuke meio “velho” pra situação em q vc o coloca, formando uma banda só pra conquistar um amor platônico, achava q ele tinha uns 17 anos… Mais adiante, quando ele perde a fala no show, achei q o conto ia engrenar. Mas não, pra mim ele foi direto pro previsível. Também me pareceu estranho que de repente o mundo literalmente se desfizesse na frente dele, já que tudo até ali indicava um cenário realista. Enfim, você escreve bem, de uma forma gostosa de ler, mas acho que o conto precisava de uns ajustes. E também de uma revisão, pois tem erros de gramática.