EntreContos

Detox Literário.

O Poema das Árvores (Fabio Baptista)

 

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ABRIL DE 2015, CAPITAL, SESSÃO #1

— A primeira vez? Olha, não lembro a idade exata, mas devia ser quatorze, ou no máximo quinze. Fui praticamente a última da classe a precisar usar sutiã e, coincidência ou não, também uma das últimas a despertar interesse nos meninos. Eu gostava de um carinha do terceiro, um repetente metido a motoqueiro bad boy. Acho que era Rodrigo o nome dele… ou Renato. Alguma coisa com “R”. Hoje dá até vergonha de lembrar, mas fazer o quê? A verdade é que até um pouco antes de casar eu só me atraia por tranqueira. Bom, como metade das meninas da escola estavam no pé dele e a fila pra “subir naquela moto” só aumentava, acabei ficando com o Bruno, um feinho do segundo B. Era um doce esse menino. Beijinho vai, mão boba vem, um dia ele pegou o carro do pai emprestado (sem o pai saber), colocou uma venda cobrindo meus olhos e disse que ia me levar num lugar especial, pra fazer uma “surpresa”. De inocente eu já não tinha muita coisa e, apesar de me fingir de boba, imaginei que ia tirar a tal da venda em uma das cabines fedidas do drive-in lá na Estrada Velha. Antes fosse…

Aline fez uma pausa, respirando fundo e umedecendo os lábios com a língua. Patrícia apenas observou e rabiscou alguma anotação no pequeno caderno que apoiava no colo. Passados quase dois minutos sem que os olhos da paciente desgrudassem do vaso de margaridas que repousava sem muito glamour sobre a escrivaninha, a terapeuta decidiu que era melhor intervir:

— Onde foi que você tirou a venda, Aline?

— Oi? Ai, desculpa… eu dei uma viajada.

— Tudo bem. Se estiver à vontade, continue a história. Do contrário, podemos retomar na próxima sessão… – Patrícia sugeriu, consultando discretamente o relógio.

— Não, sem problemas. Onde eu parei mesmo? – A mulher ajeitou-se no sofá e escorreu as mãos no cabelo. – Na “surpresa”, né? Então… percebi que o carro começou a dar uns solavancos e achei estranho, mas o Bruno falou pra eu ficar tranquila. Eu estava com receio, mas acho que isso só serviu pra aumentar a excitação. Depois de um bom trecho que judiou das rodas da Belina, nós paramos. Ele falou “chegamos” e eu tirei a venda. Estávamos no meio do mato, numa clareira que sabe lá Deus como o Bruno, ou algum amigo dele, descobriu o caminho. Daí aconteceu pela primeira vez… Comecei a me sentir sufocada, como se as árvores crescessem monstruosas e projetassem as sombras de suas folhas para dentro da minha alma. Eu sei que deve ter sido alucinação, mas eu posso jurar que as ouvi sussurrar no vento. Era uma música, um poema, sei lá… uma coisa muito bizarra. Caramba, até hoje me dá arrepio só de lembrar, olha só… – Aline mostrou o braço cheio de pelos eriçados.

— E você se lembra desse poema? – Patrícia perguntou, com uma curiosidade que excedia a mera formalidade profissional.

— Eu lembro o comecinho:

“Menina, menininha…

Em meio às árvores, estais sozinha

Das folhas, sintas o farfalhar

Do vento, tua nuca a beijar

 

Ah, pequena, pequena minha…

Nas florestas escuras em que caminha

Ouvíeis ecoar a voz de alaúde?

Não fiqueis ti… com medo amiúde?”

— Tem mais, eu sei que tem mais. – Aline continuou. – As outras partes aparecem nos meus sonhos e eu acordo assustada. Mas daí volto a dormir e esqueço. Aquele dia eu comecei a gritar no carro, o Bruno não entendeu nada. Ficou desesperado, tadinho. Ele me tirou dali, me deixou em casa e depois nunca mais tive coragem de olhar na cara dele. E nunca mais olhei pra nenhuma árvore do mesmo jeito também. Por isso mudei pra capital o mais rápido que consegui. Aqui tem bem menos que lá na cidade do meu pai, mas mesmo assim não costuma ser uma experiência muito legal andar por algumas calçadas mais “verdes”. Tem piorado bastante de uns meses pra cá e… bom, por isso estou aqui.

— Aline, nossa sessão de hoje acabou. Vou pedir para que você anote seus sonhos assim que acordar, no meio da madrugada se for o caso. Na próxima semana vamos ver o que conseguimos e também iniciar a abordagem de eventos representativos ocorridos antes dessa “visita” à clareira, ok?

“Eventos representativos”.

Os olhos de Aline perderam-se novamente no amarelo das margaridas.

 

AGOSTO DE 1994, INTERIOR

Às gargalhadas, cotoveladas cúmplices e bolas de chiclete estouradas, Viviane e Rafaela chegaram à aula, atrasadas como de costume. O professor de geografia ameaçou uma bronca, mas logo teve o bom coração amolecido pelo “ai, desculpa, professor…” proferido com inocência angelical e, principalmente, pela perfeita sincronia com que os quadris das amigas subiam e desciam enquanto caminhavam até o fundo da sala. No caminho, pararam ao lado da carteira de Aline, entregaram um bilhetinho e cochicharam-lhe ao ouvido:

— Aí, esquisita. Pra você não falar que a gente só te zoa e não é sua amiga…

Aline, a “esquisita”, ficou desconfiada com as risadinhas da dupla de “mensageiras”, mas acabou lendo a carta, que dizia em garranchos: “Tô te esperando pra dar uns malhos aqui no banheirinho. Vem logo, senão começa a Educação Física e daí já era. De: Renato”. Era de se levar em conta o histórico de peças ao estilo “programa de auditório dominical” que aquelas duas já haviam aprontado. Não obstante, o coração falou mais alto e Aline não resistiu. “E se for verdade?”, pensou. Pediu licença ao professor e saiu em disparada rumo ao local indicado no bilhete. Não podia perder a chance de ficar com o bonitão da escola, afinal.

O tal “banheirinho” era um lugar lendário, responsável direto por muitas inocências rompidas, novidades gustativas cuspidas, suspensões (e mesmo uma expulsão, num caso mais “extremo”), além de incontáveis grãos de milho cravejados em joelhos arrependidos que imploravam pela salvação da alma. Tratava-se de um aposento escuro, anexo à já escura “Salinha da Educação Física”, onde se atulhavam bolas e apetrechos de esportes diversos, cordas, cones e até pinos de boliche, que ninguém tinha notícia se já haviam sido usados em alguma ocasião. Aline adentrou a salinha, com nervos e hormônios à flor da pele.

— Rê…? – Ela sussurrou, desvencilhando o pé de uma rede de vôlei.

— Vem logo… – Uma voz de menino respondeu lá do banheirinho.

Ela foi. Aos tropeções e com o coração quase saltando à boca, ela foi. Abriu a porta, ávida por atracar-se com seu Brad Pitt interiorano, porém não foi um filhinho-de-papai com jaqueta da Hard-Rock-Cafe que encontrou do outro lado, mas um balde, cheio de algo pastoso que impregnou em cabelo e alma enquanto o autor da “brincadeira” fugia, no mesmo instante que soava o sinal da troca de aula. O ódio bloqueou o olfato de Aline e ela só percebeu lá fora, na claridade, a natureza do material que escorria viscoso em suas mãos, ombros e cabeça.

Diante de metade da escola.

Entre gargalhadas, troças e apelidos que absorveria em seu inconsciente por muito e muito tempo, Aline marcou três rostos destacando-se na multidão: Viviane, Rafaela e Murilo, um garoto do primeiro colegial que, na condição de cão adestrado das amigas cruéis, tudo fazia para ganhar afeição (embora nunca da maneira almejada) das “donas”.

“Ah, pequena, pequena minha…

Em teu peito, um coração definha”

 

ABRIL DE 2015, CAPITAL, SESSÃO #2

            — Você já sabe o que eu tenho, doutora? – Aline pegou a psicóloga de surpresa, tão logo tomou assento ao sofá.

— Ãhn?… – Patrícia emitiu a famigerada interjeição de quem não sabe o que responder e quer ganhar tempo. – Veja bem… o nome do distúrbio é “dendrofobia”, uma aversão às árvores, que pode se manifestar através do medo, como no seu caso.

— Dendrofobia? Nunca ouvi falar. Devo ser um caso raro, hein?

— Não tão raro quanto anatidaefobia, mas… sim, é bem difícil ver um caso desses. Contudo, – A terapeuta emendou rapidamente, antes que precisasse gastar tempo explicando a outra fobia mencionada – só a palavra não quer dizer nada, temos que identificar as causas dessa sua fobia. Como você se sentiu desde a última quinta? Notou alguma mudança no quadro?

— Notei sim. Está cada dia pior… – Aline suspirou. – Quando vejo uma árvore, mesmo que de longe, sinto como se ela estivesse me observando. Sempre foi assim, mas a situação agrava-se mais e mais. Agora parece que o mundo ganha contornos em preto e branco e as malditas esticam seus galhos no meu encalço, sussurram coisas nos meus ouvidos…

— Que tipo de coisas? – A psicóloga inclinou-se, preparando-se para tomar nota.

— Não sei dizer ao certo, é tudo muito nublado, como num sonho. De repente entro num tipo de transe no meio da calçada e só desperto com alguma buzina mais ardida ou com alguém esbarrando em mim. Mas nessa última semana, indo almoçar num restaurante novo que o pessoal do trabalho descobriu, tenho certeza que vi claramente um grande salgueiro criar vida e me intimar a pagar o que lhe estava devendo. Fiquei paralisada e acabei com o almoço da minha colega que voltou comigo pra firma e pediu um China In Box pra gente. Tadinha, tão boazinha ela…

— Você faz ideia sobre qual poderia ser a natureza desta “dívida” que a árvore lhe cobrou?

— Não. Não tenho a menor ideia. – Aline afirmou, contraindo os lábios e enrugando o queixo em sinal negativo.

— Você conseguiu anotar algum sonho?

— Sim! – A paciente disse empolgada, procurando um papel na bolsa. – Aqui está. Na verdade, é um sonho recorrente: eu entro na clareira, as árvores abrem passagem enquanto caminho. Tudo é cinza-escuro e a terra úmida está forrada por galhos secos e folhas mortas. Então o vento sopra muito forte e eu quase não consigo manter os olhos abertos. É nessa hora que um redemoinho de escuridão começa a puxar tudo o que está no chão e se formar na minha frente. Daí ele fala, tipo com a voz daquelas pessoas possuídas. Só que pior.

— O que ele fala, Aline?

— O poema das árvores. Ele recita, ou canta, ou sussurra, sei lá… o poema das árvores. Eu decorei os primeiros versos, que te mostrei semana passada. Consegui anotar mais um pouco, seguindo sua dica:

“Menina, menininha…

Sois cipreste, sois erva daninha

Aquele que viveu, hoje já não vive mais

Não temeis ti a demônios ancestrais?

 

Ah, pequena, pequena minha…

Em teu peito um coração definha

Salgueiros e musgo, têm a ti como consorte…”

Tem mais um pedaço, mas enquanto anotava esse, eu esqueci. Acho que era “morte” que rimava com esse “consorte”, mas não tenho certeza. Estranho lembrar o que a gente ouviu antes e esquecer o que ouviu por último, né? – Aline divagou.

— É normal. A lógica dos sonhos é meio… ilógica. – Patrícia sorriu. – Você se recorda de algum evento da sua infância que possa ter vínculo, mesmo que indireto, com esse sonho?

— Tinha uma lenda lá na cidade do meu pai e… não, deixa pra lá. É bobeira…

— Aline, qualquer coisa pode vir a ajudar, por mais irrelevante que pareça à primeira vista. Do que se tratava essa lenda?

— De um… demônio da floresta. – A paciente respondeu, levando as unhas à boca.

— Ora, isso parece ter um bocado de relevância! Você tinha medo dessa “criatura”? Seus pais a utilizavam para ameaçá-la caso não cumprisse as tarefas, ou algo do tipo?

— Não… acho que minha mãe usou o “Homem do Saco” com esse propósito, uma ou duas vezes. O tal do demônio era só uma história que todo mundo contava e ninguém acreditava…

Patrícia teve o sentimento de que Aline continuaria a dar respostas evasivas e concluiu ser melhor mudar a abordagem. Provavelmente só conseguiria extrair algo da infância da paciente através das técnicas Ericksonianas.

— Sugiro que façamos uma hipnose regressiva na próxima sessão.

— Tipo de vidas passadas? – Aline ficou curiosa.

— Não… – Patrícia não conseguiu deixar de rir com a pergunta que sempre ouvia ao fazer essa proposta. – É uma regressão mais “light”, só até a infância.

— Bom, já estamos aqui mesmo… por que não?

 

SETEMBRO DE 1994, INTERIOR

Dona Isabel controlou-se o quanto pôde. Escolheu o arroz, cortou os bifes que fritaria na janta, andou para lá e para cá, foi e voltou. Ligou a televisão e trocou o Bombril que auxiliava a antena a sintonizar o canal quatro. E nada do filho sair do banho. O gosto do garoto pela água aumentara um bocado desde a entrada na pré-adolescência, mas aquilo já era demais. “Meu Deus do céu, o quê que deu nesse menino?”, pensou, caminhando indignada até a porta do banheiro.

— Murilo! Ô, Murilo! Esqueceu da vida aí dentro, é? Vai queimar o chuveiro desse jeito, menino!

Antes de dar início às ameaças envolvendo a chegada do marido, Isabel percebeu um filete vermelho escorrendo no chão. E começou a gritar. E gritou ainda mais quando os vizinhos arrombaram a porta, revelando o corpo de Murilo que, com o pescoço cortado, jazia no piso frio. Dona Isabel jamais se esqueceria do terror impregnado no olhar inerte do filho, do barulho do sangue escoando pelo ralo em meio ao vapor e, sobretudo, das folhas. À boca do menino foram entuchadas, com notável brutalidade, folhas e galhos secos de ciprestes, chegando quase ao esôfago.

No mesmo dia, os corpos de Viviane e Rafaela, as amigas “aprontadoras” do colégio, foram encontrados nas mesmas condições: jugulares cortadas, olhos como se tivessem visto o inferno e folhas de ciprestes. O caso, não podia ser diferente, deu o que falar na cidade. Passou até na televisão. A imprensa, sempre ávida para criar assassinos em série, acabou esquecendo o assunto quando os meses passaram sem trazer nenhum crime similar para saciar a sede da população por manchetes de impacto. A polícia, na falta de quaisquer vestígios ou suspeitos, encerrou as investigações. Os habitantes da cidade, entretanto, jamais esqueceriam aquela história por completo. Alguns especulavam a possibilidade de suicídio coletivo, outros desconfiavam que algum colega da escola, cansado das humilhações promovidas pelo trio, resolvera dar um jeito na situação de uma vez por todas.

Entre os mais antigos, porém, pairava a certeza silenciosa de que semelhante atrocidade só podia ser obra do demônio da floresta.

“Menina, menininha…

Sois cipreste, sois erva daninha…”

 

MAIO DE 2015, INTERIOR

Reinaldo só conseguiu desfazer o nó que se avolumava no peito quando ouviu a filha buzinando à porteira. “Pode ter dois, dez ou oitenta anos, a preocupação é a mesma…”, concluiu ao caminhar em direção ao veículo com placa da capital, que sofria para se deslocar nas ruas de terra da região. A chuva fina e o frio empurraram os abraços de reencontro para dentro de casa.

— Ô, minha filha, que saudade! E esse meu netão aqui, como está? – O velho perguntou, apresentando seu lendário “abraço de urso” ao neto.

— Bem… – Heitor respondeu acanhado, enquanto o avô bagunçava seu cabelo.

— Feliz demais, filha. – O pai segurou Aline nos braços, como se ela ainda tivesse dentes de leite. – Mas que bicho te mordeu pra você vir assim tão de repente, pegando estrada uma hora dessas?

— Ah, sei lá… deu a louca, daí eu vim. A psicóloga falou que ia ser bom pra mim mudar um pouco de ares, encarar as árvores mais de perto, pra dar um “choque” naquele medo bobo, sabe?

— Ô se sei. Foi por causa desse “medo bobo” que você foi embora. – Reinaldo respondeu, sem disfarçar o ressentimento.

— E a mãe, cadê? – Aline desconversou.

— Tá lá deitada, com a bendita enxaqueca que não larga de jeito nenhum. Pediu pra acordar quando você chegasse, mas melhor deixar ela quietinha, coitada. Quer um bolinho de fubá cremoso, Heitor? Sua vó fez hoje, tá fresquinho. – O avô ofereceu, conduzindo o menino à cozinha.

— Pai, a picape ainda tá boa? – Aline perguntou, como quem não quer nada.

— Tá sim, filha. Por quê?

— Nada não. Só pra saber…

 

 

SESSÃO #3, ANOTAÇÕES DA DOUTORA PATRÍCIA

A paciente chegou pouco depois do horário, visivelmente ansiosa com a dinâmica de regressão que havíamos combinado. Deixei-a à vontade para que tentássemos em outra oportunidade se assim preferisse, mas ela afirmou que não gostaria de adiar e só estava um pouco nervosa com a novidade. Iniciei a sequência de frases padrão de relaxamento e logo a paciente revelou-se extremamente susceptível à hipnose, entrando em transe profundo e retrocedendo às memórias encubadas no período anterior ao evento na clareira, em que a dendrofobia manifestou-se pela primeira vez.

Nesse momento, o semblante da paciente adquiriu feições infantis, oscilando entre expressões de raiva e medo ao relatar terríveis eventos de bullying praticados por duas meninas do colégio em que estudava. As agressões iam de práticas corriqueiras como apelidos maldosos, puxões de cabelo e bolinhas de papel arremessadas durante a aula até peças mais “elaboradas” e perigosas, envolvendo insetos na merenda, “cusparadas surpresa” e empurrões na escada. A violência física e moral teve seu ápice com uma latrina despejada sobre a cabeça da paciente, que acabou o episódio humilhada pelos escárnios de vários alunos.

Após esse relato, o rosto da paciente assumiu um aspecto frio, um tanto tétrico eu ousaria dizer. Também sua voz se alterou, adquirindo tom mais agudo, quase sussurrado. Adianto que esses fatores, aliados ao diálogo e principalmente ao poema que transcreverei abaixo, deixaram-me extremamente desconfortável quanto ao curso de ação a ser tomado. Cheguei a cogitar tirá-la do transe, mas continuei.

— Qual sentimento se destaca com mais intensidade agora? – Questionei, quando a paciente estava vivenciando o momento de maior de humilhação, suja na frente dos colegas.

— Ódio…

— Ódio? E o que mais?

— Mais nada, só ódio. – Nessa resposta a voz foi particularmente assustadora.

— E… e o que você pretende fazer com esse ódio?

— Pretendo alimentá-lo. Pretendo me vingar… – Um sorriso malicioso apareceu em seu rosto pálido.

— Como?

— Indo até a floresta…

— Na floresta? O que tem na floresta? – Perguntei, confesso que com um pouco de medo da resposta.

— O demônio das árvores… ele vai me ajudar…

— E você vai até ele?

An rãn… – Ela concordou, com o característico som anasalado, ainda sorrindo e balançando a cabeça afirmativamente.

— Você o encontra?

An rãn

— O que você diz a ele? – (Agora tenho dúvidas se foi a decisão mais acertada dar corda a tais lembranças fantasiosas).

— Que eu faço qualquer coisa, se ele matar as duas cadelas e o capacho delas.

— O que ele responde?

— Ele recita o poema para mim. Inteiro. Tão bonito. Tão… sublime. E eu… eu aceito…

— E… e como é o poema?

Nesse instante eu realmente fiquei com medo. A paciente, ainda em transe, abriu os olhos e levantou-se do sofá, saltando em minha direção como se fosse me atacar. Estava prestes a gritar por ajuda, mas então ela tomou o bloco de notas e a caneta das minhas mãos e começou a escrever. Ao terminar, caiu desmaiada. Precisei chamar a secretária para me ajudar. Quando a paciente se recuperou, recomendei que fosse direto para casa e tirasse o dia de folga, emendando com o feriado. Ela me questionou se não seria melhor ir até a cidade dos pais, no interior, a fim de “dar um tratamento de choque” nos traumas e no medo das árvores. Fui categórica ao afirmar que isso era coisa de filme e eu jamais recomendaria algo assim, que o melhor para ela seria permanecer em casa, descansando e que na próxima sessão conversaríamos melhor. Reforcei que estaria disponível no celular a qualquer hora do dia ou da noite.

Ela agradeceu com um sorriso, que não posso descrever de outra forma senão “macabro”, virou as costas e foi embora, deixando-me sozinha com o poema das árvores escrito em meu caderno:

“Menina, menininha…

Em meio às árvores, estais sozinha

Das folhas, sintas o farfalhar

Do vento, tua nuca a beijar

 

Ah, pequena, pequena minha…

Nas florestas escuras em que caminha

Ouvíeis ecoar a voz de alaúde?

Não fiqueis ti… com medo amiúde?

 

Menina, menininha…

Sois cipreste, sois erva daninha

Aquele que viveu, hoje já não vive mais

Não temeis ti a demônios ancestrais?

 

Ah, pequena, pequena minha…

Em teu peito um coração definha

Salgueiros e musgo, têm a ti como consorte

Loucura e sacrifício, pagaríeis pela morte?

 

Menina, menininha…

Nas sombras verdes em que caminha

Para saciar súplica deveras inocente

Darias ti teu primeiro… descendente?

 

 

MAIO DE 2015, INTERIOR

Heitor segurava-se firme à maçaneta, esticando o pescoço vez ou outra para ver o rastro de poeira deixado para trás. Naquela estradinha, a velha picape trepidava mais que os brinquedos do parque de diversões que visitara nas últimas férias. Quando viu a floresta aproximar-se, o menino olhou curioso para a mãe, que dirigia sem demonstrar qualquer zelo pelas suspensões ou amortecedores.

— Você não tem mais medo delas, mãe? – Heitor perguntou, apontando na direção das árvores.

— Não… – A mulher afirmou, como se nunca tivesse sofrido de fobia alguma. – A mamãe tá bem melhor.

— O que a gente veio fazer aqui, mãe? Tá ficando escuro…

— Preciso te mostrar uma coisa, amor. – Ela respondeu, parando o carro. – Vem, chegamos…

— Eu tô com um pouco de medo, mãe… – Disse o menino, com a impressão nítida de que estava sendo observado pelos ciprestes e salgueiros.

— Calma, filho, vai ser bem rapidinho. Vem, dá a mão pra mamãe…

 

“Menina, menininha…”

34 comentários em “O Poema das Árvores (Fabio Baptista)

  1. Jowilton Amaral da Costa
    13 de junho de 2015
    Avatar de Jowilton Amaral da Costa

    Gostei do conto. O balde realmente lembra a Carrie. Fobia a árvores, achei maneiro, em certas circunstâncias as árvores realmente podem amedrontar, sobretudo suas sombras, e se for um dia com ventania ainda mais. A hipnose foi um recurso meio clichê, mas, não me desagradou. E o final foi sinistro, sinistro mesmo. Aquele dá a mão pra mamãe foi demoníaco. Boa sorte.

  2. Carlos Henrique Fernandes Gomes
    13 de junho de 2015
    Avatar de Carlos Henrique Fernandes Gomes

    Queen, que assustador! Maravilhoso! Gosto desse tipo de conto “em partes”, tipo o efeito e a causa, e que foge dos clichês! A fobia ficou bem evidente e explicada, ainda com a causa de bônus, numa narrativa sem pontas soltas, com conhecimento do assunto (por pesquisa, profissão, estudo ou experiência), uma técnica de escrita que faz tudo ficar tão perto da gente, trazendo imagens e fazendo todos os personagens serem humanos, muito humanos, através dos comportamentos. Esse é o último conto que leio do desafio (comecei de trás para frente) e digo que é o mais envolvente que encontrei. E o poema! Uma aula de como fazê-lo como parte do conto! Aprendi muito com esse desafio.

  3. Bia Machado
    13 de junho de 2015
    Avatar de Bia Machado

    Bem, eu gostei em partes, é um bom conto, mas acho que poderia ter sido trabalhado melhor o texto, a construção das personagens, no início a personagem Aline me parece ter um aspecto bem diferente do que ela tem ao final do conto, e se ela fez o que fez no final, por que precisaria se submeter à hipnose? É uma história que precisa de mais espaço, além do limite que foi dado, em algumas partes há a necessidade de revisar mais um pouquinho. Li e foi como se um filme passasse diante do olhos, rs, gosto dessa sensação. O conto gera um bom clima de suspense, poderia ser alongado e mais bem trabalhado até para se tornar uma novela, no mínimo. Parabéns!

  4. catarinacunha2015
    12 de junho de 2015
    Avatar de Catarina Cunha

    TÍTULO apropriadíssimo, já que o poema das árvores é o protagonista.
    O POEMA está muito bem elaborado, lembra as fábulas dos irmãos Grimm.
    FLUXO DO TEXTO competente. Vi-me assistindo um filme de suspense típico americano. Mesmo com nítidas referências à “Carrie, a estranha”, mantém uma personalidade própria. A terapia foi mais longa do que o necessário.
    TRAMA típica de blockbuster, logo não ganha pelo ineditismo, mas tem o seu valor e seu mercado consumidor.
    FINAL do jeito que eu gosto: brilhantemente sádico. Ganhou crédito comigo só por isso.

  5. Felipe T.S
    11 de junho de 2015
    Avatar de Felipe T.S

    Gostei do conto, principalmente de sua construção. A história em si, é clichê, mas a forma como você desenvolveu a narrativa, foi o ponto positivo de tudo isso. Principalmente por usar mais de um tipo de narração.

    A fobia não apresentada de forma explicita, mas mesmo assim, se mostra presente. Outro característica legal, foi a naturalidade dos diálogos, eu gosto disso. Você foi muito bem, principalmente no começo. A última parte, onde temos as anotações da Doutora, soou um pouco truncada para mim, quem sabe essa era sua intenção, já que eram anotações. hehe

    De qualquer forma, parabéns!

  6. Wilson Barros
    11 de junho de 2015
    Avatar de Wilson Barros

    O conto é denso, parece conter muita coisa dentro de um pequeno limite de palavras. Os diálogos ficaram muito concisos e elegantes, a trama toda é muito interessante, no estilo dos filmes de hollywood. Daria um ótimo filme, você tem talento para roteirista. A rima (rica) “menininha” com “erva daninha” ficou muito boa. Seu conto é daqueles que me fazem pensar, por que são publicados, divulgados aqui livros de terror estrangeiros quando temos tantos escritores bons. Parabéns.

  7. vitor leite
    9 de junho de 2015
    Avatar de vitor leite

    não gosto do tema, mas gostei da escrita, das viagens no tempo, do modo como o conto foi desenvolvido. Não gostei dos “ti” na poesia e não os percebi (ao ler os comentários já fiquei mais esclarecido). Gostei do suspense e o poema parece-me bem e encaixa na história. A trama vai sendo apresentada pelo que os leitores têm mesmo que ler até ao final para saberem o desfecho da história, isto parece-me muito bem conseguido. Conclusão: muitos parabéns.

  8. mariasantino1
    9 de junho de 2015
    Avatar de mariasantino1

    Olá, autora! Vou tentar ser o mais enxuta possível nos comentários e não ser repetitiva.

    ↓Ok, dicas e criticas aí, concordo com algumas, sobretudo sobre a confusão no poema e alguma frialdade entre paciente e psicóloga. Me incomodou (um pouco) a Aline não ter muita personalidade depois de crescida, porque você demarcou ela ingênua e “Bullyingnada” (!) no passado, mas no presente ela não se mostra marcante, e seria igualmente interessante ter um pouco mais dela e de sua (curiosa) fobia.

    ↑Os pontos altos, em minha opinião, claro, são os diálogos bem naturais, ótima descrição de cenários e particularidades que deixam tudo crível. Ex: o Bombril na antena, ambientação perfeita do mundo adolescente no trecho, “Às gargalhadas, cotoveladas cúmplices e bolas de chicletes estouradas…” (eu vi isso). Clima agradável, sombrio, sem macabrismos baratos, poema ritmado (exceto pelos porén’s) narrativa e escrita firme, sem pressa e um final que dá aquela puxada no tapete.

    Um bom conto, bem amarrado. Parabéns e boa sorte.

    Abraço!

  9. Renato Silva
    9 de junho de 2015
    Avatar de Renato Silva

    Olá, tudo bem?
    Achei seu conto bem legal. Você usou uma narrativa não-linear, indicando data e localização, sendo bem objetiva e contando a sua estória. Confesso que no início não estava gostando, pois achei que fosse essa coisa de meninas colegiais (o que não faz o meu estilo), mas depois vi que era um suspense ao melhor estilo “Carrie, a estranha”; aliás, no quesito “originalidade”, perde uns pontos.

    Não percebi a fobia em minha primeira leitura, mas olhando novamente, vê-se a aversão que a personagem acabou desenvolvendo pelas árvores.
    Em um dado momento, a narrativa passa para a 1ª pessoa, quando a psicanalista Patrícia relata suas impressões de Aline. Isso oferece uma perspectiva diferente e mais profunda do estado psicológico da paciente. Acho muito interessante misturar 1ª e 3ª pessoas numa mesma narrativa.
    O que eu realmente gostei no seu conto foi o poema; tanto a poesia em si quanto a maneira como você o colocou no texto. Ficou perfeitamente encaixado e isso conta muito, em minha humilde opinião. A última estrofe fecha com o mistério, o que dá aquela sensação de “ah, então é isso!”

    Se o final é feliz ou não, só sei que gostei e não poderia ser melhor. Nem sempre finais felizes são os melhores.

    Só uma coisa que você poderia ter explorado (caso tivesse mais espaço para fazê-lo) era ter detalhado mais as mortes dos adolescentes. Esse momento “filme de terror”, em que adolescentes estúpidos tem mortes horríveis e nós rimos com um prazer sádico – e de alívio –, de quem se vingou de alguém muito mal e que nos humilhou muito. Independente do sexo, muitos de nós se identifica com essas situações. Afinal, quem nunca foi humilhado na escola?

  10. Laís Helena
    8 de junho de 2015
    Avatar de Laís Helena

    1 – Narrativa, gramática e estrutura (3/4)
    Gostei muito da narrativa: ela é fluída, mas ao mesmo tempo possui a quantidade certa de detalhes para imergir o leitor. Os erros de revisão não foram graves o suficiente para me saltarem à atenção, e o poema foi muito bem utilizado. A estrutura do conto, alternando passado e presente, me agradou muito, contribuindo para aumentar o ar de expectativa. A única coisa que me incomodou foi a mudança para a primeira pessoa na terceira sessão de terapia. Acredito que ela teria tanto impacto quanto se fosse escrita em terceira pessoa, e ainda manteria a harmonia do texto.

    2- Enredo e personagens (2/3)
    Gostei muito da trama, mas senti falta de um pouco mais de sentimentos na história, algo que me fizesse acreditar que a fobia da personagem fosse suficientemente forte para suscitar uma fuga do interior e uma ida a um terapeuta. Também faltou um pouco de emoção na terceira sessão de terapia, talvez um melhor detalhamento no processo de hipnose que tornasse mais crível a mudança súbita na personagem. Isso acabou tornando os ressentimentos antigos e o desejo de vingança mais relevantes ao enredo que o medo.

    3 – Criatividade (3/3)
    A escolha da dendrofobia foi interessante e deu um ar de mistério e fantasia ao conto, especialmente da maneira como foi relacionada ao desejo de vingança da personagem.

  11. rsollberg
    2 de junho de 2015
    Avatar de rsollberg

    E ai, Stephany Queen!

    Achei o seu conto muito interessante, especialmente o jeito escolhido para contá-lo. Os flashbacks foram bem empregados, assim como as mudanças espaciais da Capital para o interior.

    O texto tem boa fluidez, apenas como sugestão, para ficar com mais cara de diálogo e menos de monólogo, na conversa com a psicóloga, penso que o relato pode ser um pouco mais recortado, com algumas observações, saca?
    Acho que as vezes um simples “interessante” da psicóloga pode dar mais agilidade e cara de diálogo. Somente uma questão de gosto.

    A história de vingança, apesar de em alguns momentos esbarrar no clichê, foi bem desenvolvida. Impossível não lembrar da Carrie! Você se saiu muito bem em mesclar o terror visual com o psicológico. Esse horror adolescente tem um apelo muito forte com os próprios adolescentes, e um imenso mercado editorial e audiovisual. Vale a investida.

    O poema casou com o texto! Meu único “porém” foi a confusão no “tu” é “vós”.
    De qualquer modo, é bastante intrigante e, na minha opinião, um dos pontos altos do conto.

    A fobia escolhida fugiu do óbvio e deu um charme todo especial. Curti!!!
    Parabéns e boa sorte no desafio.

  12. Gustavo Castro Araujo
    1 de junho de 2015
    Avatar de Gustavo Castro Araujo

    Conto muito interessante. O jogo de espaço e tempo funcionou legal comigo. Essas idas e vindas tornam a leitura bem dinâmica, prendendo o leitor. Gostei da Aline enquanto personagem e pude “comprar” a ideia de vingança sentida por ela, ainda que esse tipo de argumento seja bastante comum.

    O que tornou a história bacana, em termos de enredo, foi o diálogo com a psicóloga. Foi uma saída bastante inteligente para falar da fobia. Não curti muito, contudo, o tom confessional das anotações da Patrícia. Creio que ficariam mais verossímeis se se tratasse de uma gravação ou algo do tipo.

    O poema, embora case perfeitamente com a narrativa, me pareceu um pouco estranho também – é em segunda pessoa? Qual o tempo verba? Pergunto porque não sou professor de português. É realmente “estais” sozinha, p.ex? “Não temeis” não é plural?

    De todo modo, fiquei com uma impressão bastante positiva do conto. O que corroborou para tanto foi o final – esse lance do sacrifício realmente me pegou de surpresa, de modo que li o último parágrafo com o coração na mão, rs

    Ao ler a história dois outros contos me vieram à mente. O primeiro chama-se “The Man in the Woods”, de uma autora americana chamada Shirley Jackson. Foi publicado na revista “The New Yorker” recentemente e conta a história de um rapaz que, perdido em uma floresta, vai parar numa casa sinistra em que o bosque ganha vida, transformando a personalidade das pessoas.

    O outro conto é uma criação antiga do Rubem Cabral, chamado “Espíritos do Bosque Escuro”, que fala de uma floresta demoníaca e que também lida com essa questão de nossos medos interiores.

    Tanto nesses casos citados como aqui o fator psicológico — refiro-me aos suspense criado — é muito bem usado. Ou seja, a meu ver, “O Poema das Árvores” poderia ser publicado pela citada revista americana sem qualquer problema, ou poderia ser entendido como um conto do Rubem, o que não é pouca coisa 🙂

    Boa sorte no desafio!

  13. simoni dário
    1 de junho de 2015
    Avatar de simoni dário

    Olá Stephany
    Você esccreve muito bem, conduz a narrativa prendendo a atenção do leitor com uma dinâmica bem interessante.
    O problema pra mim foi que não senti verdade na fobia, a narração é ótima como já falei, mas a personagem em minha opinião, a partir das humilhações sofridas na escola guardou um ódio doentio e mortal pelos colegas, o que gerou algum tipo de dsitúrbio mental, um tormento que já beirava uma “possessão”, uma coisa bem psicótica mesmo. Penso que numa fobia o sujeito fica indefeso diante do que lhe causa o medo, inativo, com sensações características da fobia, mas muito passivo.
    A questão do terror não combinou na trama, parece que ia bem até aquele momento em que a fala macabra entra em ação. Desse aspecto do conto não gostei muito.
    No geral, você é uma excelente constista e merece os parabéns!
    Boa sorte!

  14. Virginia
    1 de junho de 2015
    Avatar de Virginia

    Achei a Aline interessante como protagonista, engraçada e espontânea, a evolução do lado sombrio dela me surpreendeu e ficou bem marcada pelo poema. Esse medo de árvores também chama a atenção, já conheci gente que tinha, principalmente à noite, portanto atendeu bem ao tema e à proposta do poema. A técnica é satisfatória, a não ser em partes que o poema devia ser mais formal e escorregou um pouquinho. Mas no geral gostei do conto e adorei o pseudônimo parabéns e boa sorte !

  15. Fabio D'Oliveira
    1 de junho de 2015
    Avatar de Fabio D'Oliveira

    O Poema das Árvores, de Stephany Queen

    Enredo: O início incita a curiosidade do leitor. O que aconteceu? O que acontecerá? A expetativa é grande. Mas infundada. A trama, no final das contas, não é boa. É clichê. E a construção desajeitada. Não é ruim pela simplicidade. É ruim pela forma como foi contada. Bem, o que poderia fazer para melhorar é escolher outra forma de abordagem. Mais intíma, pois se trata de um caso de vingança e ódio. Não há envolvimento maior. O leitor é um mero observador. É como se fóssemos apenas um dos alunos que presenciou a humilhação. Não, temos que ser o melhor amigo da humilhada para nos colocar no lugar dela. O clichê não é um problema muito grande. Mas poderia fazer algo de diferente, mudar o trato com o demônio. As personagens são frias, também. Todas. Agora, sobre o poema, achei-o belo. E bem relacionado ao texto. Nada a reclamar dele!

    Técnica: Bem escrito, no geral. Mas a narrativa não é fluída. Isso pode ser um efeito colateral por falta de experiência. Ou simplesmente desleixo. A fusão de uma narrativa correta com gírias é perigoso. Na maioria das vezes, não dá certo. O que poderia orientar é que melhore na ambientação da narrativa. Escolha uma forma e siga com ela até o final.

    Tema: Não achei que Aline realmente sofresse de dendrofobia. O medo foi fraco. Ela parecia não sentir de verdade. Já vi pessoas com fobias e é algo surreal, realmente. Sobe à cabeça. E não é só uma vez ou outra, acontece sempre que a pessoa se depara com o medo. Parece que isso acontecia apenas algumas vezes com ela. E era um efeito colateral do pacto. Então, o medo não me pareceu real. E não é o fator primário da trama. Fica no plano de fundo, principalmente no final. Nessa história, seria melhor ignorar essa parte. Ou criar outra história para aproveitar essa fobia, que por sinal, parece ser bem interessante. Eu mesmo já imaginei uma história com esse medo! Enquanto lia, claro!

    Opinião Pessoal: Bem, não irei enrolar… Não gostei do conto. Motivos? Muitos, como a ambientação, execução e narrativa. Mas o principal motivo foi a falta de vida dos personagens. Acredito que eles, em geral, são tão importantes para a história quanto o oxigênio é para nossa vida.

    Geral: Inicío interessante, meio desapontador e final medíocre. Falha na execução. Narrativa travada. E enredo geral desinteressante. Não funciona como tema para fobias. Mas há potencial para outra história, focando na menina e no demônio. Poema muito bom.

    Observação: Nada a declarar.

  16. Leonardo Jardim
    1 de junho de 2015
    Avatar de Leo Jardim

    Minha avaliação antes de ler os demais comentários:

    ♒ Trama: (4/5) gostei muito, bem amarrada no poema. Descrita de forma não linear, mas de fácil compreensão. Com o tempo vamos entendendo o passado de Aline e o final macabro foi bastante surpreendente.

    ✍ Técnica: (4/5) muito boa, cenas muito bem descritas e narradas, boa troca de narrador na análise da psicóloga e boas imagens.

    ➵ Tema: (2/2) dendrofobia (✔), uma fobia pouco comum e muito bem abordada.

    ☀ Criatividade: (2/3) achei muito criativo, mas com alguns clichês na parte do bullying.

    ✎ Poema (2/2): gostei, apesar de alguns erros de português, achei boa a sonoridade, parecia mesmo recitado por uma árvore ou algum espírito ancestral. Ficou muito bem amarrado à trama e foi uma ótima sacada ir revelando ele aos poucos.

    ☯ Emoção/Impacto: (4/5) o final macabro me chocou, fiquei apreensivo ao ler o último ato. Parabéns!

    Peguei só esse problema aqui:
    ● Contudo, – *a* terapeuta emendou rapidamente

  17. Brian Oliveira Lancaster
    29 de maio de 2015
    Avatar de Victor O. de Faria

    EGUA (Essência, Gosto, Unidade, Adequação)

    E: O início parece ser bem normal, apegado ao cotidiano, mas depois somos apresentados à fobia de forma bem interessante, apesar de um tanto brusca.
    G: Textos mais “comuns” me atraem quando o contexto é bem explorado. Gostei da construção estilo divã, dos flashbacks embutidos e espaços em branco deixado à imaginação. O final aberto e indireto pra mim funciona muito bem, produz aquele impacto no leitor (no entanto, não são todos que gostam disso).
    U: Não notei nada fora do comum na gramática. Só algumas frases exigiram certo fôlego para ser lidas de uma vez só, exigindo uma vírgula esperta, mas foram poucas.
    A: Está dentro do tema, com uma essência inusitada, mesmo medo de árvores sendo recorrente no gênero terror psicológico. Dito isso, teve um pouquinho de clichê, mas hoje em dia é quase impossível produzir algo que não tenha sido explorado em outra área. Mas o tom misturado ao fantástico caiu muito bem.

  18. rubemcabral
    26 de maio de 2015
    Avatar de rubemcabral

    Olá. É o primeiro conto do desafio que eu leio e comento.

    Vamos lá: gostei da história. É um pouquinho clichê esta coisa de vingança por bullying. A pegada lembra bastante filmes de terror juvenis estadunienses. De qualquer forma, ao menos por ter ambientado no Brasil e por dividir corretamente a ação em tempos distintos, ganhou pontos para mim.

    Quanto à poesia, há certa confusão quanto ao uso de “tu” e “vós”. Os verbos estão conjugados para “vós” e você usa tu/ti indevidamente. Há um “de” sobrando no texto e um possível errinho de concordância em “Bom, como metade das meninas da escola estavam…”. Contudo, nada muito grave; o texto está bem escrito.

    A surpresa da revelação do poema completo foi bem legal. Talvez ficasse melhor saber que a protagonista tinha um filho desde o início. De qq forma, somando prós e contras, resultou num bom conto.

    Abraços!

  19. Anorkinda Neide
    25 de maio de 2015
    Avatar de Anorkinda Neide

    Gostei do poema, realmente para ler ele está deliciosinho 🙂
    Apenas precisei substituir quase todos os ‘ti’ por ‘tu’…leia em voz alta e verás como português aplicado adequadamente é bonito, sim! rsrsrs
    apenas neste verso o ‘ti’ foi empregado corretamente: Salgueiros e musgo, têm a ti como consorte

    Não me atraem estas historias de bullyng e vingança, gostaria de ver a motivação do pacto com as arvores ser outra ou mesmo apenas uma possessão.
    O enredo das árvores do mal, o poema, a dívida, é muito legal.
    Teria que dar maior ênfase à fobia dela, narrando os sentimentos, o pânico a ver qualquer árvore na rua… para conectar o leitor à fobia propriamente dita. Esta exposição de fatos à psicóloga tb não me conquista, mas mesmo ela poderia ter mais emoções envolvidas.

    Gostei dos alheamentos dela, quando ela dá umas viajadas enquanto fala.. me identifiquei! kkkk

    Abração

  20. Cácia Leal
    25 de maio de 2015
    Avatar de Cácia Leal

    O tema é interessante, mas o modo como foi conduzido não me agradou muito. A ideia do suspense foi legal e o autor conseguiu fazê-lo bem, mas algumas coisas necessitariam ser revistas. Quem sabe uma boa releitura e reescritura seriam suficientes para melhorar o texto. Havia tempo para fazê-lo, afinal o conto foi o primeiro a ser postado.
    Algumas observações:
    Passou-se muito tempo entre o episódio na escola, em que ela escuta o poema na primeira vez e a sessão de terapia. O que ela fez até então. Você diz que ela se mudou pra capital, mas ela demorou muito pra procurar a terapia. Ela ficou cerca de 10 anos sem saber do que sofria? É muito tempo! Ela escutava as árvores e pensava o quê? Que simplesmente estava louca?
    Acho que você deveria trabalhar mais a cena das mortes, no passado. Acho que ficou muito breve, algo que poderia ser a chave, quem sabe, para solucionar o mistério, ou a ponta que levaria à sua solução.
    Sobre a parte do relatoria da psicóloga, acho que se fosse relatado na terceira pessoa talvez ficasse melhor narrado. Não gostei dessa parte.
    Achei os diálogos meio longos e entediantes para uma narrativa curta como um conto. Na verdade, sua trama seria mais adequada para uma narrativa mais longa. Quem sabe você se empolga e resolve transformá-la em uma novela ou um romance.
    O bom e velho Bombril na antena!!! Quem nunca usou!!! (rs)
    Outros aspectos:
    Criatividade: excelente, muito criativo, parabéns.
    Adequação ao tema: perfeito.
    Riqueza textual: achei que, como você usou a ideia de narrativa em primeira pessoa, como se ela estivesse contando o que se passara com ela, talvez necessitasse adequar-se mais em alguns momentos.
    Emoção: faltou mais emoção, usar mais o jogo de palavras para fazer o leitor sentir o que você quer que ele sinta, transmitir o suspense, o medo, o pavor.
    Enredo: como eu disse, acho que a trama está complexa demais para uma narrativa curta, o ideal seria trabalha-la mais para uma novela ou um conto.

    Mas, no geral, meus parabéns, um ótimo conto!

  21. Evan Callaway
    23 de maio de 2015
    Avatar de Evandro Furtado

    Olá por aí.

    Confesso que o texto de início foi um pouco monótono demais, mas conforme foi avançando senti uma melhora significativa. Talvez seja minha preferência pelo fantástico, então conforme foi se aproximando do tema, mais eu gostei.

    A parte do poema que levou à passagem final foi sensacional, realmente gostei muito. Foi muito consistente e, de certa forma, claustrofóbico.

    Por fim, a única parte que achei que poderia ser melhor foi a passagem em primeira pessoa da psicóloga em que ela deixa uma linguagem mais técnica e passa para algo mais pessoal – se bem que isso pode ser em razão do medo que tomou conta dela.

    Enfim, parabéns pelo conto.

  22. Wallace Martins
    22 de maio de 2015
    Avatar de O corvo

    Olá, Autor(a), como está?

    Então, gostei muito do seu conto, a narrativa é gostosa de ler, digamos assim, nos prende, faz com que, a cada palavra, queiramos prosseguir com a leitura e desvendar os seus mistérios mais e mais. A sua escrita que mistura simplicidade e riqueza fez com que a história ganhasse uma vida e uma leveza rara de ser vista em textos hoje em dia, parabéns!!! A estrutura que criou para o conto foi maravilhosa, pois fez com que a história tivesse seus pontos altos e baixos bem definidos. Não vejo o clichê utilizado na história como ponto negativo, acredito que foi bem propício para o enredo que se propôs a escrever, porque ele fez com que a história tornar-se-a mais verossímil, por conta da decorrência desses casos no nosso dia a dia.
    Acredito que posso citar como ponto negativo a questão da construção do poema, não em sua estrutura, pois essa acredito que deva ser de livre escolha do autor, mas das palavras, você poderia ter usufruído de palavras mais simples, sem perder o poder estilístico que quis dar, fora que, em alguns casos, houveram erros de concordância e conjugação, no entanto, esse pequeno quesito não tirou a beleza do seu conto, parabéns, você escreve magnificamente bem!!

  23. Stephany Queen
    20 de maio de 2015
    Avatar de Stephany Queen

    Gente!

    Eu estava com vergonha de participar desses desafios, mas agora estou adorando!

    Acho que fiquei até meio viciada, toda hora fico atualizando a página pra ver se apareceu mais algum comentário rsrs

    Sobre os pontos mais comentados até agora: o poema realmente não está com a conjugação correta dos verbos. Acabei tentando levar mais para a sonoridade (perdi a conta de quantas vezes li esse poema em voz alta, meu marido deve ter pensado que eu estava louca rs) do que pela gramática. “Ouvieis” sai mais com som sussurrado que “ouviste”, só pra dar um exemplo do que quero dizer. Mas sei que sonoro ou não, continua errado.

    E vocês acreditam que eu não li nem assisti “Carrie a Estranha”? Amo Stephen King, mas justamente esse livro eu não li. Quando terminei a cena, quase mudei porque pensei “ai, o pessoal vai achar que plagiei RAINHA DA SUCATA” rsrs. Sabia que era uma cena bem clichê, mas jamais imaginei que fosse tão parecida com a Carrie.

    Bjkas

  24. Tiago Volpato
    20 de maio de 2015
    Avatar de Tiago Volpato

    Olá garota do CrossFox, gostei muito do seu texto.
    Você montou bem a história, conseguiu revelar os fatos aos poucos até seu ápice. Gostei da forma como você usou os ‘flashbacks’ e os poemas também foram muito bem inseridos no contexto da narrativa, muito bem! O texto foi agradável de ler e soube prender minha atenção.
    O que posso tirar como ponto negativo seria a similaridade com a história da Carrie – A Estranha. Até o baldezinho foi igual. Mas nem isso foi um crime, funcionou bem como inspiração/homenagem.
    No todo, gostei bastante.
    Um forte amplexo!

  25. Pétrya Bischoff
    20 de maio de 2015
    Avatar de Pétrya Bischoff

    Buenas, Stephany!
    Gostei da maneira que dividiste o texto entre cenas do passado e do presente, o que contribuiu, juntamente com a escrita simples e direta, para a leitura fluir bem.
    A narrativa prendeu-me absolutamente, permitindo-me suposições ao longo da leitura. A princípio pensei que ela havia sido abusada na floresta, quando o demônio é citado pela primeira vez, senti que ele seria pivô de algo, mas nem quando o filho aparece em cena, imaginei que teria essa “troca” ou sacrifício.
    Já esse quesito me causou certo incômodo, mas é algo muito pessoal mesmo. Há muita realidade mesclada com alguma fantasia (na estória do demônio), para mim, soou um tanto artificial, já que “era algo que todos contavam, mas ninguém acreditava…”. Eu teria desenvolvido mais a personalidade do demônio ou trabalhado em outras manifestações suas.
    As cenas de bullying são clichês e remontam outros clássicos, inclusive no que tange uma vingança macabra, mas não sei se eu mesma conseguiria fugir desse lugar-comum.
    Não conhecia essa fobia de árvores, e foi uma informação interessante.
    Gostei da construção progressiva do poema e gostei de seus versos, apesar de notas erros de concordância/digitação.
    De maneira geral, foi uma abordagem interessante e, mesmo que não tenha me causado medo ou impacto, prendeu-me a leitura.
    Parabéns e boa sorte.

  26. Jefferson Lemos
    19 de maio de 2015
    Avatar de Jefferson Lemos

    Olá, autor(a). Tudo bem?

    Um bom conto, esse seu. Gostei de como você dividiu a história, fazendo um dinâmica eficiente entre as cenas, modificando o tom da narrativa de forma a combina com as personagens, e ainda conseguindo surpreender com uma revelação na última estrofe do poema. E o poema ficou muito bem escrito, não só funcionando como suporte, mas tendo um papel importante no desenvolvimento da trama.

    As cenas de bullyngs foram bem trabalhadas, no entanto, é difícil você ver algo do tipo e não encarar como clichê. Até porque inúmeras foram as obras que abordaram esse tipo de ação para provocar a vingança macabra, como aconteceu aqui, e indo em concordância com o que o Fil falou, isso lembrou bastante Carrie (um livro ótimo, vale ressaltar).

    Senti falta de mais detalhes na viagem de volta de Aline (ao interior), e achei que depois da segunda sessão o conto correu um pouco, dessincronizando a cadência que vinha mantendo. O filho da protagonista também não foi muito aproveitado. Pela relevância dele na trama, achei que poderia ter um pouco mais de destaque. Até mesmo para criar uma maior empatia pelo menino.

    O final fechou bem, pois foi misterioso, triste e aterrorizante.

    A conclusão é de que o conto é bom. Seu potencial não foi todo explorado, mas o(a) autor(a) merece os parabéns pela qualidade alcançada.

    Boa sorte!

  27. Fil Felix
    19 de maio de 2015
    Avatar de Fil Felix

    Boa noite! Minha cabeça funciona com muitas referências e ligações, to sempre fazendo uma ponte entre uma história e outra, então não se incomode caso eu compare alguma coisinha, é com as melhores das intenções 😉

    Gostei do formato do conto, de como dividiu tanto em épocas distintas quanto por pontos de vista, além de ir construindo o poema aos poucos. Isso é um ponto bem positivo, dá uma identidade ao texto. Em relação ao poema, não sou chegado nesse estilo super rebuscado, mas funcionou bem na proposta, soando como algo realmente antigo.

    A fobia merece atenção, pois foge do tradicional e busca algo realmente diferente (medo de árvore? o.O), algo bloqueado pela personagem e que em seguida vem a tona, com ela cumprindo o tratado. Em relação à história, achei boa. No começo me pareceu um tanto “colegial”, mas evoluiu bem, ficou bem redondinha. O twist ao final, com ela indo pra casa no interior e o testemunho da psicóloga em seguida dizendo pra não ir, foi muito bom. Entrega ao leitor um momento de tensão. O que poderia melhorar, pra mim, é o excesso de “caricaturas” no enredo. Algumas situações ficaram caricatas e deixaram a história cair nesse colegial que informei.

    A cena do banheiro é praticamente um Carrie 2.0, com direito a vingança e tudo. Não que seja algo ruim, mas deixou um pouco caricato. Como comentei no início, seu conto me lembrou o episódio Schizogeny de Arquivo X (S05E09), onde pessoas estão sendo mortas, aparentemente, por árvores. Não é dos melhores episódios, diga-se, mas interessante como algumas árvores estão no imaginário popular causando medo.

  28. Ana Paula Lemes de Souza
    19 de maio de 2015
    Avatar de Ana Paula Lemes de Souza

    É um bom conto. Gostei particularmente da poesia, sendo reconstruída aos poucos, sendo anotada por entre os sonhos. Foi muito criativo. Particularmente, fiquei com dúvida no uso dos tempos verbais. Veja: “Ouvíeis ecoar a voz de alaúde? Não fiqueis ti… com medo amiúde?”. Salvo maiores enganos, você usou pretérito imperfeito do indicativo, 2ª pessoa do plural (de ouvir, no primeiro caso, e de ficar, no segundo caso). “Vós”… E logo em seguida, você emendou um “ti”. Alguém poderia esclarecer se esse uso se deu da forma correta do português? Particularmente, não me soou muito bem e embora eu não seja especialista nisso, creio que houve um erro grande por aí na utilização verbal da poesia…
    De um modo geral, eu gostei do conto, o escritor escreve bem e conduz bem a trama, mas… o enredo não funcionou pra mim…
    Não senti o terror, não gostei da cena final, e no comecinho do conto o texto revela sem querer a descoberta da assassina. Isso me tirou um pouco o “tesão” de continuar lendo… Sorry.
    Outra coisa: o texto ficou devendo a explicação do que é “anatidaefobia” (medo de ser observado ou perseguido por patos). Tive que Googlar pra encontrar a explicação… a terapeuta poderia ter explicado essa informação durante o diálogo.
    Boa sorte no desafio!

  29. Ana Carolina Machado
    19 de maio de 2015
    Avatar de Ana Carolina Machado

    Oiii. Gostei muito do conto, daria um bom filme. Uma das coisas que mais gostei foi o poema que vai sendo lembrado aos poucos, sendo revelado aos poucos ,assim como o pacto que a Aline faz com o demônio da floresta. A letra do poema também é muito boa, tem uma certe musicalidade, eu imaginei ele sendo cantado por várias árvores. Gostei também da parte da morte das duas agressoras e do Murilo, o fato deles terem folhas na boca deixa tudo ainda mais macabro. Apenas senti falta de uma aparição maior do filho da Aline. Parabéns pelo conto e boa sorte.

  30. Andre Luiz
    18 de maio de 2015
    Avatar de Andre Luiz

    Olha, minha cara Stephany, seu conto é muito bom naquilo que pretende fazer: terror. Toda essa história de demônio da floresta e tudo mais me chamaram muito a atenção, e adorei sua referência ao King. A fobia foi bem retratada e o poema das árvores é horripilante. Senti falta apenas de algumas descrições um pouco mais detalhadas, mas nada que comprometa seu texto como um todo. Boa sorte!

  31. Fabio Baptista
    18 de maio de 2015
    Avatar de Fabio Baptista

    *****************************
    >>>>>>>>>>TÉCNICA – 3/3
    (Pontos de avaliação: Fluidez narrativa, correção gramatical, estrutura da história, estética)
    *****************************
    Leitura muito fluída, sem qualquer entrave.
    Gostei dos diálogos, me soaram bem naturais. Não vi a diferença narrativa que os colegas estão comentando sobre o primeiro parágrafo: confesso que já fui esperando palavrões ou algo mais explícito… e só vi uma mulher relatando fatos da adolescência.

    As divisões de “tempos” também foram bem realizadas, mantendo a atenção do leitor. Eu talvez arriscaria colocar esse último trecho no início da narrativa, encerrando com o poema. Mas entendo a decisão da autora.

    Já algumas palavras com hífen eu não entendi: Hard-Rock-Cafe, por exemplo. Ainda mais quando comparamos com “China In Box”. Deveria levar os tracinhos nos dois, ou, melhor ainda – em nenhum!

    – “Momento de maior de humilhação”
    >> Sobrou um “de” aqui.

    *****************************
    >>>>>>>>>> TRAMA – 2/3
    (Pontos de avaliação: Motivações dos eventos, verossimilhança, desenvolvimento dos personagens)
    *****************************
    Achei legal e bem amarrada de um modo geral, mas dificilmente tramas de terror conseguem me agradar por completo.
    Sempre acabo achando que a coisa fica meio previsível em determinado ponto. Aqui fui “ajudado” pelos “spoilers” nos comentários dos colegas (sim, preciso parar com essa mania de ver os comentários antes de ler, mas é uma reação quase automática).

    Achei também que a história pedia um pouco mais de desenvolvimento em alguns pontos do passado de Aline, mas acredito que o limite tenha impedido isso.

    *****************************
    >>>>>>>>>> POESIA – 2/2
    (Pontos de avaliação: a poesia em si e a relevância para a trama)
    *****************************
    Gostei! Muito bem elaborada, com uma inocência macabra e que é parte integrante do enredo, não aparece só por aparecer.
    Não costumo me importar muito com conjugação de verbos nas poesias e pelo trato da autora com a linguagem no restante do texto, acredito que essas disparidades tu/ti/vós tenham sido propositais (há outra, ainda maior na minha opinião que é o “caminha”, que não está em tu nem em vós. Mas outra palavra faria perder a rima).

    *****************************
    >>>>>>>>>> PESSOAL – 1/2
    (Pontos de avaliação: 0 – Não gostei / 1 – Gostei / 2 – Gostei pra caralho!
    *****************************
    O conto é bom, mas infelizmente terror não faz muito meu tipo.

    *****************************
    >>>>>>>>>> ADEQUAÇÃO AO TEMA x 1
    (0 – Não se adequou / 0,5 – Parcial / 1 – Total
    *****************************
    Achei legal a abordagem dessa fobia “diferente”.

  32. Claudia Roberta Angst
    18 de maio de 2015
    Avatar de Claudia Roberta Angst

    Achei curioso o fato dos dois primeiros contos postados relacionarem fobia a terror. Há uma referência clara ao filme Carrie, a estranha. O bullying, o balde caindo, a vingança.
    O final ficou bem macabro e certamente a criancinha não foi poupada. No caso, ficou coerente, já que a mamãe fóbica, doida e traumatizada, precisava cumprir o trato feito.
    O poema encaixou-se bem na trama, mas notei uma certa inadequação da desinência verbal. E aquele ti não seria tu? = “Não temeis ti a demônios ancestrais?”.
    Dendrofobia é uma fobia interessante, diria até mesmo bucólica. Achei quase romântica. Embora, eu considere que a fobia em si foi meio eclipsada pelo clima de terror provocado pelo bullying e vingança.
    Parabéns pela coragem de ter sido o(a) primeiro(a) a enviar o conto. Boa sorte!

  33. Sidney Muniz
    17 de maio de 2015
    Avatar de Sidney Muniz

    Olá autor(a),

    Não gostei do vocabulário utilizado de início, e o mesmo inclusive só foi usado ali, ainda bem, pois nesse quesito a coisa melhorou e muito.

    O estilo de divisão que você utilizou me agrada bastante, foi um novo convite a leitura já que o início ficou meio adolescente demais, e com um linguajar pouco agradável.

    O conto da segunda parte em diante agrada, e o meio dele é muito bom, mas de repente o autor muda a linha quando acrescenta esse pacto deixando de lado a fobia da personagem e tornando-a aliada do próprio demônio da floresta, como no filme “A árvore da maldição”.

    Bem, como o assunto é fobia, estou sentindo a falta dos sentimentos dos personagens, dos anseios, medos, como em certa parte você conseguiu abordar, até que de repente a estória muda completamente, em uma virada de mesa, onde aquela que tem a fobia repentinamente entra na mata para entregar o filho por causa de uma maldição.

    Bom, não que esteja errado, mas daí sinto que a fobia é deixada de lado, e o conto fala mais do próprio bullying remetendo um pouco a Carrie.

    No sentido horror, todos os dois contos postados até aqui atenderam perfeitamente, por mais que esse final tenha me desagradado mais, mas é opção do autor e minha percepção é algo muito pessoal mesmo.

    O poema, nesse caso, já tem mais ligação com o conto, enredo, principalmente por descrever a maldição e ser muito bem construído.

    Num geral é um bom conto que precisa ser lapidado com mais carinho em minha opinião, quanto a língua pátria em si, não tenho nada a falar, o amigo Rogério já deixou tudo aí.

    Bom, essa foi minha opinião como leitor sobre seu conto, e é fácil perceber a qualidade do autor(a) para criar, e o talento em escrever.

    Desejo boa sorte no desafio.

  34. Rogério Germani
    16 de maio de 2015
    Avatar de Rogério Germani

    O pacto macabro entre Aline e o demônio da floresta é apropriado para justificar a Dendrofobia; lembra as lendas em que Gaia, a mãe Terra, pede algo em troca para ajudar os seus protegidos. Como sou fã deste estilo de literatura, afeiçoei-me pelo caso clínico da protagonista.

    Pontos fortes do conto:

    1- Aline percebe o avanço negativo de sua fobia e busca curar-se.
    2-Patrícia é um retrato fiel da função de um psicólogo, utiliza métodos adequados para adquirir as respostas necessárias ao tratamento de Aline.
    3- Os fatos intercalados entre os dias atuais e os acontecimentos mais sofríveis na infância da protagonista são ímãs que nos mantém atentos e curiosos até a conclusão da leitura.
    4- O castigado sofrido pelos causadores de bullying no passado de Aline funciona, também, como castigo para a protagonista, já que a mesma passa a conviver com distúrbios mentais.

    Pontos negativos do conto:

    1- O primeiro parágrafo revela uma linguagem fraca para uma mulher que sofre, a anos, de uma fobia com segredos tão terríveis. No decorrer da trama, a partir da segunda longa fala de Aline, o discurso ganha corpo mais adequado e, para minha alegria, segue mantenho a performance até o fim do conto.
    2-A mãe de Murilo tem um papel maior do que, supostamente, deveria ter a mãe de Aline. Acho que deveria ser um pouco mais aprofundado o momento em a filha, de uma hora para outra, saí de casa para morar numa cidade grande. Na vida real, como pais de verdade reagiriam em tal situação?
    3-Quanto à análise do poema, encontrei um erro comum nas melhores famílias : uso errado da formas verbais aplicadas para o pronome possessivo Tu.

    Veja o exemplo encontrado em Deuterônimo 4:12 e, logo em seguida, o uso de “Ouvíeis”, no poema satânico

    “Então, de repente, Yahweh falou a todos vós do meio das chamas. Ouvíeis claramente o som das palavras, mas não pudestes ver ninguém, nenhum ser tomou forma: nada, além de uma voz poderosa!”

    De forma correta, ” ouvíeis, no texto acima, refere-se a segunda pessoa do plural (Vós).

    “Ah, pequena, pequena minha…

    Nas florestas escuras em que caminha

    Ouvíeis ecoar a voz de alaúde?

    Não fiqueis ti… com medo amiúde?”

    No poema em questão, “ouvíeis, de forma errada, tenta manter relação com a segunda pessoa do singular (Tu).

    Há outros erros de utilização das formas verbais no decorrer do poema mas, penso eu, advém de digitação rápida.

    Espero poder ter ajudado com minhas observações. Parabéns pelo conto macabro!

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Publicado às 16 de maio de 2015 por em Fobias e marcado .