Seu reflexo no espelho, espelho seu…
Os olhos que te enxergam, são os meus…
O reflexo do brilho de tua alma, só teu…
Reluzente a bronzear o seu corpo, seu e meu…
Espelho que te duplica e te imita…
Nele você se namora, me instiga…
As curvas de teu corpo repetidas…
Cada ponto de seu dorso me incita…
A divertir-se com minha mente, se excita…
E em ti minha imagem se faz reproduzir…
São seus olhos que me invadiram sem pedir…
Reflexo de ansiedade… Mais que reflexo…
É Desejo de possuir além da imagem…
Imagem que se reflete nestes versos…
Adoro esse erotismo velado, esse brincar com as palavras ao descrever as sensações sentidas, sem cair na vulgaridade. Dizer o tanto que eu gosto das letras desse Sidney é chover no molhado.rsrs
Arrasou, colega das Gerais e meu ídolo.
De imediato, o poema contextualiza-se com o espelho mágico do conto de fadas da Branca de Neve. A diferença aqui, é que o espelho é cúmplice de uma sensualidade narcisista, uma entrega amorosa rica em lirismo. A opção por um falso soneto serviu como varinha de condão para a mágica apresentação.Pena que, antes do final feliz, surge um vilão: o uso inadequado dos pronomes possessivos; fica confuso saber que o poema inicia-se com “Seu…” -referência clara à terceira pessoa do singular (Você)- e, com alternâncias constantes para o uso de “teu”, forma apropriada para a segunda pessoa do singular (Tu). Tirando este pequeno deslize, o poema é saboroso tal qual uma maçã vermelha que nos faz salivar diante da iguaria.
risos…
É uma boa interpretação Rogério. Creio que o poema em questão não é narcisista, na verdade o uso era esse mesmo, mas ficaria bom também desse modo.
Quando escrevi este, digamos que eu pensava em uma mulher, nela se olhando no espelho, e no como isso me instigava. O reflexo do brilho dela era só dela, mas os olhos que a enxergavam se insinuando para mim de frente ao espelho eram meus.
As curvas dela repetidas, e de repente ela me vê, e os olhos dela me invadem sem pedir, e reproduzem minha imagem…
Bom é por aí… é algo meio romance da época mesmo, um jogo de palavras.
Mas poesia é isso, e poetas famosos ao verem suas poesias sendo discutidas em algumas entrevistas, risos, dizem que nem sabiam sobre o que escreviam na época, enquanto a maioria tenta entender.
Acho que esse gênero é um pouco mais desafiador para compreensão, pois trata-se principalmente de interpretação, assim como as parábolas…
Mas é uma boa percepção essa sua e fico feliz que tenha gostado.
Obrigado pela leitura!
Uma dualidade bonita. A última estrofe deu uma quebrada, mas o duo presente nas linhas agrada bastante.
Escrever um poema é brincar. Brincar com as palavras; como jamais se poderia brincar com os sentimentos. A brincadeira aqui é a do “Espelho, espelho meu…” E o sentimento é o do espelho. Somos o espelho. E o espelho é dela. A Poesia.
😉 Parabéns!
Há que se dar um troféu ‘Belo comentário’ pra este guri aqui.. atentem!!
vou copiando..quem sabe eu ‘pego’ o vírus da inspiração crônica, sem dúvida é uma doença que quero ter! 🙂
Gostei, bem legal. O último verso realmente não ficou bom. Chamaria de anticlímax se fosse em prosa, não sei como chamar em poesia. Grande abraço.
Você disse que o poema é antigo? Tem uma primeira fase de produção que dá vontade de colocar reticências em tudo 😛
A reticência pede para o leitor seguir em enlevo durante a pausa, mas tem que ser usada com parcimônia. Ou o leitor vai voar e não volta mais pro texto…kkk
Esse soneto chama-se Soneto Livre, não obedece regra nenhuma, pq assim que é bom…! \o/
Eu gostei do poema, das imagens geradas, da inteligência dos versos.
As rimas estão estranhas..ora tem, ora não tem rima… era bom seguir padrão.
Não gostei do último verso, justo o mais importante!
Eu sei que a gente fica com pressa de finalizar, mas às vezes é preciso até largar o poema e deixar o último verso vir atrasado mesmo, funciona.
A não ser q se comece o poema já com o último na cabeça…muitas vezes eu preencho o poema só pra chegar naquele final que tá batucando a minha mente.
Abração, poeta Sidney!
Risos…
Acho que eu gosto mesmo das reticências. Mas isso era quando eu escrevia poesias, minha última foi há mais de um ano, eu acho.
Eu tinha tirado antes de enviar, mas decidi mandar como já havia escrito na época, por pertencer justamente aquele tempo, digamos de um outro Sidney.
Quem sabe isso me anime a escrever algumas novamente, mas duvido
Não foi pressa não, era mesmo o que sentia. Já as rimas realmente não seguem um padrão, não sinto essa necessidade mesmo quando escrevo e acho chato quando acontece.
O outro que enviei e está aí não tem elas (as reticências) hahaha… obrigado Ana!
Boa… apesar das estrofes delimitadas em forma de soneto, é como se cada verso fosse o complemento do anterior, e a cadência nos faz ler tudo como um verso só. Parabéns.
Excelente poema que mostra que pode se abordar tal tema sem cair no comum.
Olha aí, um sonetão, não sei se é o clássico, porque não sei métrica, mas, está muito bom, gera umas boas imagens reflexivas. Gostei. Abraço.
Digamos que quando escrevia poesia, os chamava de Falsos Sonetos, Caro Jowilton, pois realmente estão longe de se adequar as regras e delimitações.
Mas naquela época eu gostava muito de brincar com esse tipo de escrita.
muito bem, gostei muito e apesar de “fechares” o poema, de fazeres um fim o leitor continua a refletir na imagem que desenhas, muito bem
Olá, Sidney. Boa a forma enfática dos pronomes possessivos. Gostei das suas linhas e da maneira como a ilustração (Mônica!…) combina com o poema.
Abraços.
Gostei bastante.
Boa, Sidão!
Gostei, cara. Achei que as palavras fluiram suaves pelos versos e isso conta demais num poema.
Só o último bloco que não me agradou muito. Tudo vinha rimando e acabou dando uma quebrada.
Abraço!
Os românticos terminam seus poemas assim! As imagens do espelho e da pessoa acabam se confundindo na minha mente, mesmo que não se misturem tanto assim nas palavras, e essa sensação ao degustar um poema é quase divina! Meu gosto pessoal e estilo me impedem de admirar o uso de artigos, mas se a intenção não for dizer que tal coisa é “a coisa única” e sim “a coisa”, então o uso de alguns artigos são justificáveis. É só uma questão de cadência, ritmo e valor do objeto. Opinião minha dentro do meu gosto particular de mim mesmo… O que aprecio mesmo é o efeito que seu poema causou na minha mente.