EntreContos

Detox Literário.

Ás de Espadas (Carlos Henrique Gomes)

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A graça é jogar, não importa o que você diz
eu não tenho a sua ganância, a única carta que preciso é
o Ás de Espadas

Ace of Spades – Motörhead

 

Minha futura ex-namorada está na vibe de ler a sorte nas cartas, só que no baralho comum! Se fosse no Tarô teria lá sua aura de credibilidade, sei lá! Besteira por besteira… já acho uma besteira nosso namoro mesmo! Aceitei ser seu primeiro “cliente”.

Acomodei-me na cadeira do outro lado da mesa, ela tirou o baralho de uma caixa de joias, embrulhado num lenço de seda, não sei que tanta frescura e acendeu um incenso fedido pra cacete. Embaralhou as cartas com um cuidado que nunca teve comigo, colocou o baralho na mesa e mandou que eu tirasse vinte cartas aleatoriamente e as colocasse em três fileiras horizontais de seis cartas cada, na ordem e fechadas, quer dizer, viradas para baixo. Avisei que sobrariam duas, caso tivesse esquecido a tabuada do seis e ela esclareceu que as duas últimas seriam colocadas do lado direito. Aí começou a explicar, com a sua voz ardida de aguda, o que representava cada grupo de cartas.

Pelo que me lembro, as cartas da primeira linha, de um a seis, representam a situação amorosa, a segunda linha, com as cartas de sete a doze falam sobre a saúde e a terceira linha, com as cartas de treze a dezoito, são money & satisfaction. As colunas um e dois representam o passado, três e quatro o presente e cinco e seis o futuro e aquelas que ficaram isoladas são as energias que regem as tendências. Puta babaquice isso tudo!

Veja você que coisa! Na terceira linha, na coluna cinco apareceu um Às de espadas! A carta está relacionada com triunfo e excesso e no caso de aparecer na coluna cinco quer dizer que aconteceria num futuro próximo. Se fosse só isso, beleza! Seria até divertido. Só que apareceu um Valete de Espadas na segunda linha, na coluna seis… Não sei que combinação fatal fez essa carta, essa maldita carta com sua aura escura, aparecer num contexto de doença ou de uma situação imprevista para a qual eu não estaria preparado. Logo veio à mente a morte!

Mas bóra lá, que o baguiu ainda vai ficá muito loco!

O namoro acabou, graças à Deus, Buda, Alá e Iemanjá, ou só graças às cartas, que deixaram isso claro, lá nas tantas cartas do naipe de Copas, o naipe do amor, que apareceram na primeira linha. Puta alívio! Eu sentia que perderia o controle com ela a qualquer momento! Até relacionei esse possível excesso com a vontade de mata-la!

Na mesma semana comecei a namorar uma moça bem mais nova que eu e que tinha um fetiche: me ver jogando cartas, qualquer jogo, e fazendo cara de jogador. Puta mina esquisita! Esquisita e gossstóóósa! Como prova de que seria uma excelente parceira, naquela noite ela realizou quase todos os meus fetiches. Nada de nojento ou criminoso; apenas fetiches. Imagine o que quiser; o fetiche de imaginar é seu!

Fui pesquisar no Oráculo, mais conhecido como Google, e achei um tal de Black Jack, que não passa do nosso famoso 21. Tenho um primo que ingressou na vida de vícios, ainda aos nove anos, jogando 21 e acabando com as figurinhas dos amiguinhos, bolinhas de gude, times de futebol de botão e até… deixa pra lá!

As regras são fáceis: cada carta tem um valor de acordo com seu número, sendo que o Ás pode valer um ou onze, o Valete, Dama e Rei valem dez cada e o Coringa não joga, tem um banqueiro, escolhido por indicação de todos ou sorteio, e ele é responsável por administrar a banca toda. É ele quem embaralha e dá as cartas, é ele quem pode desafiar um jogador e apostar só com ele, esses privilégios de banqueiro. Antes do início, os jogadores definem o valor do Ás: se valerá um ou onze e os valores mínimo e máximo das apostas. O banqueiro dá uma carta para cada, sempre virada para baixo, a partir do jogador da esquerda. Ninguém pode mostrar essa carta, aí ele distribui a segunda carta, virada para cima e cada jogador pode parar de pedir cartas ou pedir mais uma a cada rodada. Seu adversário é o banqueiro e se um jogador estourar o valor de vinte e um na soma das cartas sai da rodada levando consigo sua aposta. Após todos pararem de pedir cartas, o banqueiro chamará uma aposta. Ele mostrará sua carta virada, aquela primeira, e escolherá um jogador para desafiar, com base nas cartas que ele tem viradas. O jogador desafiado pode aumentar a aposta ou não. Quem tiver mais pontos leva a aposta. É claro que para apimentar o jogo, de comum acordo, cada um que sai do jogo perde o valor apostado e ele vai todo para o vencedor.

Eu fazia questão que minha namorada estivesse perto, para me dar sorte. Logo na primeira rodada fiquei hipnotizado com a adrenalina que é apostar dinheiro. Eram jogos em mesa de boteco, com homens sujos por fora e por dentro, que insultavam a mim e desrespeitavam minha namorada. Logo na primeira rodada ganhei os míseros cinco reais de cada um dos cinco jogadores, na segunda estourei, na terceira, estourei, na quarta ganhei uma aposta de dez e na quinta ganhei a aposta de vinte. Saímos da mesa com cento e trinta e cinco reais, em notas amassadas, úmidas e fedidas pra cacete! Ela estava que não se aguentava mais com seu fetiche assanhado pela cara de jogador que fiz.

A cada noite de jogo ela cedia aos meus fetiches mais… mais… não sei como explicar. Acho que o jogo estava abrindo portas sombrias na minha vida, sexualmente falando. Seu fetiche era ver-me jogando, agressivo, desafiando, sem medo de perder, perdendo, suando, ganhando, explodindo. Acho que os jogadores se desconcentravam por causa dela que começava a cheirar à fêmea no meio do jogo. Quando dei-me conta do risco, que não queria correr, de perde-la numa aposta ou para uma violência, mudei de ambiente. Mudei de jogo também.

Aprendi a jogar pôquer com o filho daquele meu primo. Moleque do cacete! Gostava de apostar alto, o delinquente de doze anos! Eu tinha duzentos reais e queria aprender e ele me ensinou muito bem. Na segunda vez que jogamos, fiz o teste de perder de propósito e recuperar no meio do jogo e deu certo, mas sem deixa-lo pobre. Na terceira vez… coitado do delinquentezinho de meia tigela! Quebrei a banquinha dele! Fiz até ele chorar de verdade, jorrando lágrimas de verdade, pedindo pelo amor de deus para não apanhar, porque não poderia pagar a dívida! Foi muito louca a sensação de esmagar aquela baratinha com meu sapato lustroso de bico fino; aquela baratinha medrosa que me devia cinquenta reais! Seria essa a natureza corrupta do poder: esmagar baratinhas?

Minha namorada estava quase se masturbando na frente do menino de tão excitada que estava! Aquela noite foi foda! Nem consegui ir trabalhar no dia seguinte! Deixei ela toda marcada, com a maquiagem borrada, bem borrada, e feliz! É como se descontasse nela a merda que aquela baratinha delinquente fez: apostar alto, perder, não ter como pagar e, ainda por cima, implorar pela vida!

Esse primo, o pai da baratinha delinquente, organizou uma roda de pôquer com os primos. Todo domingo de tarde a família se reunia na casa da vó Luíza e os primos se enfiavam no quartinho dos fundos, previamente arrumado pelo primo delinquente sênior. Quando entrei para a roda, já fazia um certo tempo que jogavam. No começo eram só as fichas coloridas, não demorou muito e começaram a apostar cerveja, e daí para o dinheiro foram só três garrafas de cerveja. Já entrei nesse clima de cartas marcadas.

Mas tudo bem, além de ser bem treinado pelo filho delinquente do primo delinquente sênior, eu estava “nadando” na grana. Ganhei uma promoção no trabalho por causa de uma aposta com o meu gerente. Apostei que em um mês eu faria a carteira de clientes do nosso setor de venda de cosméticos crescer quarenta por cento. É claro que antes de apostar analisei os dados e relatórios disponíveis, mas o gostoso mesmo foi jogar com ele e com os antigos e novos clientes. Conduzi-los até a borda do precipício, sentindo aquele arrepio e medo ao olhar para baixo, sem garantia nenhuma de sucesso; só a sedução e o prazer irrecusável de uma aposta bem oferecida. Ganhei uma graninha boa e estava pronto para entrar na roda de pôquer com os primos bem sucedidos em suas brilhantes carreiras.

Comecei a jogar com eles, mas só quantias baixas até o limite de cem reais, aí eu saia do jogo com cem reais a menos e uma fortuna de experiência. Por influência da minha namorada, as companheiras dos jogadores começaram a fazer pressão para assistirem ao jogo e a mesa acabou mudando para a sala. A vó Luíza, que não entendia de jogos, até gostava daquela algazarra na sua casa. Só reclamava um pouco do cheiro de cigarro, mas adorava a alegria. Parece que chega uma idade em que a pessoa só sente alegria por causa da alegria dos outros. Movimento em volta faz bem aos velhinhos.

Uma prima também entrou na roda e a safada usava o decote para tirar a concentração dos adversários. O primo mais calmo mudou de estratégia e passou a blefar em modo aleatório para que não identificássemos seus sinais, outro passou a fazer piadas para desviar a atenção e ninguém perceber que ele tirava algumas cartas de baixo do baralho quando era a sua vez de distribuir. Só não sei por que fazia aquilo se não sabia como tirar vantagem dessa trapaça; acho que era a adrenalina.

Um mês estudando meus adversários foi o suficiente para permanecer mais tempo no jogo e perder menos. Minha namorada não estava se excitando tanto naquele período de estudos da psicologia humana o blefe, mas prometi recompensá-la logo. Prometi a ela que comeria vivos cada um dos jogadores e que apostaria ela com meu primo delinquente sênior e enterraria ele vivo e depois iríamos felizes para casa. A gossstóóósa não se segurou e rasgou a minha roupa e eu rasguei a dela e até quebramos a cama.

Comecei pelo piadista trapaceiro. O carteador, ou crupiê, era o próprio. Pingamos cinquentinha cada, ele embaralhou as cartas com uma destreza de crupiê de filme e deu as cartas. Na minha vez, eu era o último, em meio às piadas, ele me dava carta de baixo do baralho. Cheguei a pensar que era coisa de filme porque os jogos bons vinham para nós dois. Foram nove rodadas, onde o Ás de Espadas esteve presente na minha mão pelas nove rodadas que duraram quase quatro horas! O primo blefador randômico, a prima de decote grande e o primo delinquente quando viram que a sorte não estava com eles, trataram de poupar seu rico dinheirinho, mas o primo piadista trapaceiro não teve a mesma esperteza e não foi embora enquanto não perdeu quase tudo. Saiu apenas com a roupa do corpo e, não sei como, com o amor da esposa. Seus sinais característicos de acordo com a qualidade da mão do jogo não eram disfarçados pelas piadas, ao contrário, estavam nelas: mão ruim, piadas depreciativas; mão razoável, piadas clássicas; mão boa, piadas boas; mão cheia, piadas ótimas.

Ainda no carro, a caminho de casa, minha namorada sussurrou, com aquela sua doçura de fêmea orgulhosa do seu macho, que também tinha o fetiche de fazer amor deitada sobre o dinheiro. Além dos quinhentos que levei, ainda ganhei mil e quinhentos, na sua maioria em notas de cinquenta. Dava para forrar bem a cama! No dia seguinte, no trabalho uma coisa estava pinicando a bunda, aí fui ao banheiro ver o que era aquela porra e encontrei uma nota de cem na minha cueca!

A próxima vítima foi o primo blefador. Num jogo que durou cinco horas e pouquinho, jogo em que o Ás de Espadas, aquele que apareceu na quinta coluna da terceira linha, quando a ex-namorada leu minha sorte, esteve sempre comigo. Aquela carta dos triunfos e excessos não saia da minha mão. Coloquei os outros nos seus devidos lugares, arrancando deles entre trezentos e quinhentos, enquanto deixava o blefador em banho-maria, até começar o ataque. Na última rodada fui cruel com o coitado: fiz ele apostar até o par de sapatos de bico fino, com fivela dourada. Teve que ir embora com chinelos emprestados da vó Luiza. Ninguém percebeu que desde criança ele se mexe na cadeira de um jeito ou de outro, dependendo da situação. Não é diferente até hoje; enquanto faz caras e bocas de blefador, ele se mexe na cadeira do mesmo jeito. Esse foi embora quase sem dignidade mesmo!

Dois já foram, só faltam mais dois. Bóra lá, que a cereja do bolo é o primo delinquente sênior! Esse vai perder tudo!

Coitada da prima, que aumentou o decote. Foi a próxima vítima. Tirei todos da mesa, menos ela. Fiz vários jogos, sacrificando uns quinhentos para protege-la. Queria ela só para mim. E foi uma tortura de quatro horas, com quinze rodadas. Ela é sem paciência, não calcula; seu tesão é apostar! O suor escorria pelo rosto, continuava pelo pescoço e entrava no decote. Seu busto arfava numa respiração pesada; a prima perdia o pouco controle que tinha gradualmente. A cada jogo que eu mostrava, sempre com um Ás de Espadas para dar o tiro de misericórdia, ela batia com força na mesa. E continuava jogando e eu brincando com ela, deixando-a vencer duas seguidas e mostrando quem é que manda na próxima. Na última rodada ela empurrou tudo para a aposta, sem pedir cartas; a franja estava grudada na testa, molhada de suor. Ela tomava a cerveja na garrafa, limpava a boca com a mão mesmo ou na manga da camisa quase toda aberta. Minha namorada pediu, num sussurro delicioso, que a dividisse com ela. Empurrei tudo para o meio da mesa, com aquela fleuma irritante dos britânicos e esperei. Ela rosnava, bebia goles grandes de cerveja no gargalo da garrafa, seu busto subia de descia rápido no movimento da respiração pesada. Pegamos as cartas e seguramos: ela, olhar de onça, eu olhar de inglês.

Fizemos o movimento de virar as cartas devagar e ao mesmo tempo. Ela mostrou um Straight Flush numa sequência de cartas do naipe de Copas e eu também, do naipe de Espadas. Até a vó Luíza veio ver o que acontecia. Quando a prima bateu o olho e viu o poderoso Ás de Espadas fechando a minha sequência e o Rei de Copas fechando a sua, a coitada desandou a chorar. Beijei o Ás de Espadas, arrumei meus quatro mil, seiscentos e cinquenta reais e guardei-os no bolso. Tomei o resto da cerveja e fui fazer uma boquinha na cozinha.

Foi quando minha namorada apareceu afobada porque a prima já tinha ido embora, a pé, sem condições de dirigir. Só me despedi da vó Luíza e saímos à francesa. Encontramos a prima no quarteirão seguinte e não foi difícil ela aceitar a carona. Falei que ia devolver seu dinheiro e rumamos para minha casa. Aí expliquei que devolveria se ela concordasse com duas coisinhas: fazer um streap tease para mim e que fizesse minha namorada feliz naquela noite. No dia seguinte ela foi embora com quatro mil, seiscentos e cinquenta reais na bolsa e fez um pedido: que eu tirasse até a pouca dignidade do primo delinquente sênior na próxima semana.

Enfim chegou o final de semana… O final de semana do final da família! O final de semana dos nossos finais! O final de semana do maldito Valete de Espadas lá da leitura da sorte na porra do baralho! O final de semana que eu não estava preparado para passar! Só via, só vivia o final de semana do Ás de Espadas, o final de semana do money & satisfaction.

Estávamos com pressa de ficarmos sozinhos na mesa e os outros jogadores tiveram juízo e colaboraram. Isso não os impediu de fazer uma bolsa de apostas por fora. O primo delinquente sênior e sua larga experiência, uma vida toda, como jogador ou eu que comecei a jogar faz só quatro meses? A vó Luíza apostou em mim, minha namorada nem precisa dizer e a prima também não foi tanta surpresa assim, mas o blefador randômico, sua esposa e a esposa do trapaceiro piadista foram as surpresas da noite. O delinquetezinho junior nem precisa falar, já que sua vida no valor de cinquenta reais me pertencia.

Já era começo de madrugada e ainda estávamos na oitava rodada, com muitos pedidos de cartas, com blefes sensacionais em mãos fracas, com dinheiro indo e vindo, com minha namorada de um lado e a prima do outro, com seus cheiros se misturando. De vez em quando a vó Luíza vinha me dar um beijo na cabeça e desejar boa sorte e, num hiato de bom neto, eu pedia sua benção e noutro hiato de péssimo neto, pedia a benção ao Ás de Espadas.

O valor sobre a mesa era de dez mil! Dez mil! Nunca vi tanto dinheiro junto! Era a aposta final que começou com uma pingada de quinhentos em meio às exclamações de todos. Íamos aumentando de quinhentos em quinhentos sem pedir cartas, com uma calma de psicopata, sem nenhum sinal de blefe. Até que não tínhamos mais dinheiro para apostar.

Apostamos os sapatos e jogamos os pares sobre a mesa. Apostamos as carteiras vazias de couro. Apostamos os relógios bonitos, que nos deixam mais machos do que já somos. E não pedimos outra carta. Brindamos com as garrafas de cerveja que chagaram trincando de geladas. Ganhei mais um beijo da vó Luíza e um da namorada do lado direito e da prima do lado esquerdo, que dobraram suas apostas na bolsa de apostas.

Joguei a chave do carro, num claro desafio à sua hombridade e ele não hesitou e jogou a sua chave. Sua esposa quase desmaiou e seu filho sorriu. Abri os braços e gargalhei perguntando o que apostaríamos agora? Ele não hesitou em apostar o filho! Pena que o delinquentezinho já era meu. Nessa hora a mesa se desestabilizou e para proteger o que é meu, chamei o menino para ficar ao meu lado, sob a proteção do já era de minha propriedade também: a prima.

Era hora de aproveitar a tirar dele tudo o que poderia parecer com dignidade. Mesmo que eu perdesse o jogo e tudo o que apostei, ele não teria mais nada! Absolutely nothing! Puxei minha namorada e quase a coloquei sobre o monte de apostas; senti todo seu delicioso corpinho tremer e seu cheirinho de fêmea entrou pelas narinas de um jeito todo especial. O desgraçado não hesitou e puxou a esposa e quase a colocou sobre o monte também! Não resisti e perguntei o que mais ele teria para apostar e gargalhei, tomando um gole longo de cerveja, no gargalo mesmo. Nessa hora senti a prima apertando de leve meu ombro e o delinquentezinho segurar-se no meu braço.

Era hora de mostrar as cartas. As piores cartas da minha vida! Tomei a iniciativa e virei dois setes, o de copas e o de ouros, e esperei. Ele me olhou com desprezo e começou a rir. Enquanto inflamava a audiência, eu tomava mais cerveja e o cheirinho da minha namorada se misturava com o cheirinho característico de mulher apostada que exalava também da esposa do delinquente sênior. Coloquei minha mão sobre a mão da minha prima, muito mais minha agora, para acalmá-la e dei três tapinhas carinhosos no rosto do delinquetezinho, que também era meu.

O delinquente sênior conseguiu se controlar um pouco e virou duas cartas: dois Reis, o de Paus e o de Ouros, e desembestou a rir e eu tomava minha cerveja e sentia mais forte aqueles cheirinhos de fêmeas que exalavam das duas apostadas e sorria de olhos fechados. Tomei um puta susto quando ouvi um barulho que parecia um soco na mesa e o primo delinquente sênior me xingando de tudo o que é nome. Ainda bem que a vó Luíza foi dormir e não viu aquilo.

Fiz sinal para que se calasse, colocando o dedo indicador na frente da boca e, de súbito, ele se calou! Aí virei as outras três cartas: uma trinca de Ases, fechando com o Ás de Espadas! Só vi a mesa e tudo que estava encima voar e senti um soco no nariz.

Foi a última vez que a família se reuniu. Era o Valete de Espadas da segunda linha, na coluna seis, despejando sobre mim toda sua sombra negra: a situação inesperada que eu não estava preparado para suportar.

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Este texto foi baseado no tema “Destino nas Cartas”, sujeito ao limite máximo de 3500 palavras.

80 comentários em “Ás de Espadas (Carlos Henrique Gomes)

  1. Tamara padilha
    28 de abril de 2015

    Nossa. Não gostei. Muito forte toda essa coisa sexual, o cara era um bruto principalmente com a primeira namorada. Não tenho tanto a comentar, a primeira parte em que a primeira menina aparece é a que acabei achando mais interessante. E as reuniões na casa da avó tinham tudo para serem promissora,s mas se mostraram muito promísquas.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Tamara, você é uma alma nobre! Vejo que a experiência de causar repulsa ou identificação foi bem sucedida, só precisa trabalhar muiiiiitas outras coisas nele. Seu comentário é honesto e você é assim também, senão não falaria dessa forma! Muito obrigado por analisar a obra mesmo assim.

  2. Thales Soares
    28 de abril de 2015

    Gostei.

    Achei o tema bastante… exótico. Destino nas Cartas? Hm… soa como algo bem legal! A história não me decepcionou. Bastante humor e nonsense, são elementos que sempre me empolgam. Gostei das personagens, e a história ficou muito bem escrita.

    Foi uma história bem diferente, e que me agradou bastante, ficando acima da média. Parabéns.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Thales, você é benevolente! É por gente como você que me esforço mais e mais e pelos comentários abaixo, vejo que preciso me esforçar bem mais e bem mais mesmo! Muito obrigado! Muito mesmo!

  3. Wilson Barros Júnior
    28 de abril de 2015

    Muito engraçado, muito erótico…. Você descreveu o ambiente de jogo muito bem, é assim mesmo, truques para distrair, cerveja apostada, uns querendo “limpar” os outros… E os mais velhos gostam mesmo. R geralmente termina em confusão. Da próxima, quando tiver mais espaço, você pode fazer um strip-poker, vai ficar divertido.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Putz, Wilsão! Strip-poker! Excelente ideia! Acho que no Entre Contos não seria tão indicado assim, pelo público que tem aqui, mas é uma ideia e tanto! Vou fazer sim! Já estou até imaginando as cenas… a prima do decote generoso…

  4. Jefferson Reis
    28 de abril de 2015

    Não gosto de jogos de baralho, mas esse conto foi uma adrenalina. Os parágrafos confusos sobre as regras dos jogos deixaram de me incomodar quando as coisas realmente começaram a acontecer. Os personagens são engraçados e me lembraram pessoas conhecidas. Gostei da experiência de ler “Ás de Espada”.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Fico contente, Jefferson. Foi um saco escrever as regras e agora sei que foi um saco ler elas! Tem gente que não acredita que é possível existir gente assim! Lendo esse conto, acho que também não acreditaria…

  5. Wender Lemes
    28 de abril de 2015

    Olá! Gostei do estilo de narração (bem próprio) e o protagonista é carismático também. A trama é razoável, mas não há apelo artístico, é basicamente a narração de uma sequência de fatos, amparada no tema das cartas. De qualquer forma, parabéns.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Verdade, Wender. Não há apelo artístico. É um estilo em construção e talvez com mais prática isso aconteça. Poderia até ter acontecido nesse…

  6. Fil Felix
    28 de abril de 2015

    Não manjo de jogo, ele ganhou ou não? kkkkk

    Não sou muito fã desse estilo de narrativa ou desse perfil de personagem, mas o conto passa sua mensagem e dentro da proposta, se saiu muito bem. Interessante o jogo de tarô no início com as cartas de baralho tradicionais, que são os arcanos menores.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Fil, ele ganhou, por causa da trinca de áses, onde aparece o ás de espadas. Só não lembro qual o nome da combinação de cartas que ele tinha na mão, mas ganhou. Não ficou claro, né?

  7. Swylmar Ferreira
    28 de abril de 2015

    Conto muito bom, atende ao tema e está no limite estipulado.
    Bem escrito, linguagem clara e objetiva, trama bem legal e o drama familiar vivenciado pelo personagem. Muito interessante como o autor mostra o aspecto viciante do jogo, qualquer que seja.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Obrigado Swylmar, seu comentário me fez acreditar que estou no rumo certo. Estou quase com vontade de retrabalhar ele de acordo com os comentários pertinentes recebidos e pelo seu percebo que tenho muito trabalho pela frente. Afinal, não sair disso que você identificou no conto é o meu objetivo. Muito obrigado!

  8. Rodrigues
    28 de abril de 2015

    A primeira namorada delineou o destino do cara nas cartas e com as cartas. Gostei desse duelos de jogatina em família, saindo um pouco do ambiente dos salões de aposta e, enfim, da tão utilizada Las Vegas. Sou de uma família de jogadores inveterados e já vi muitas brigas entre eles, na sala de jantar, e senti nesse conto um pouco desse clima. A namorada do jogador me parece a personagem mais excitante e é como o combustível dele, peça importante de sua sorte e azar, o fetiche dela é realmente cômico. Bom conto.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Valeu Rodrigues. Seu comentário mostra que meus objetivos foram alcançados: causar repulsa ou identificação! Esse desafio foi um desafio! Acho que a maioria precisou pesquisar e assuntar com outras pessoas para conseguir escrever! Sensacional essa ideia!

  9. mkalves
    27 de abril de 2015

    Até um certo trecho, parecia que o começo do conto estava desconectado dos parágrafos seguintes, depois a coesão se mostrou. O ritmo não se mantém ao longo de toda a narrativa, mas no geral prende bem e faz querer avançar na leitura. Os trechos do moleque e da prima “pertencendo” ao jogador, não me convenceram, assim como o tal cheiro de mulher apostada. De resto acho que o autor encarou muitíssimo bem o desafio.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Obrigado pelas observações, amiga Mkalves. São observações bem observadas; não convence mesmo! Foi divertido escrever isso, mas o personagem não mostrou ser o dono dos dois e o tal cheiro também ficou meio solto, sem se vincular muito a quem o sentiu. Boas observações!

  10. Pedro Luna
    27 de abril de 2015

    Cartas..rs

  11. Pedro Luna
    27 de abril de 2015

    Cara, um conto eficiente, para fazer delirar um viciado em cartaz. Parabenizo ao autor. Não me conquistou totalmente porque essa não é minha praia, mas foi um grande trampo.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      É verdade, Pedro. Só se identifica quem “é do ramo”. Um dos objetivos foi esse, o outro foi causar repulsa. Boa observação.

  12. Anorkinda Neide
    26 de abril de 2015

    Achei que o começo está truncado, meio confuso e apressado.
    Mas depois foi engrenando com a jogatina do rapaz..hehehe
    Gostei do final,fechou bem.

    A linguagem está informal demais, quase descuidada, dá a impressão de seres iniciante na escrita… só capriche mais na construção das frases, ok?!

    Boa sorte!

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Ótima observação, Anorkinda. O estilo é esse mesmo, da linguagem informal, o que não invalida seu comentário. Faltou capricho, confesso que sim! Agradeço pelo toque.

  13. rsollberg
    26 de abril de 2015

    História elaborada dentro do tema, título instigante, e uma ótima citação. Motorhead, porra!!!

    Gostei da originalidade do texto. Tem uma pequena dose de “Maverick” – aquela tensão no finalzinho – e, por mais distante que possa parecer, uma pontada de Chuck Palahniuk.

    No que diz respeito a narrativa, o começo me pareceu a melhor parte. O humor ali foi na dose certa, a estória da namorada ler um baralho normal foi uma ótima sacada. Acho que o conto perde um pouco do vigor no meio – algumas partes até meio didáticas – e retoma o folego no final.

    Como sugestão, diria para investir mais no diálogo com o leitor, frases de efeito e humor, justamente para criar uma empatia pelo protagonista. Mas precisa ser bem elaborada, essa por exemplo afasta o leitor e ainda antecipa o clímax “Bóra lá, que a cereja do bolo é o primo delinquente sênior! Esse vai perder tudo!” Bem, é apenas uma opinião.

    Ainda bem que a vó Luiza foi dormir cedo dessa vez.
    Parabéns e boa sorte!

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Grande contista Rsollberg, sua dica é a cereja do bolo! Os comentários recebidos são uma fortuna literária! Muito obrigado!

  14. Bia Machado
    26 de abril de 2015

    Gostei do desenvolvimento, nem um pouco enfadonho de ler, pelo contrário! Só senti falta de delinear mais as personagens, acho que fiquei com vontade de ler mais sobre eles, rs… Acho que você tinha limite para desenvolver um pouco mais essa parte, só por isso descontei um pontinho, ok? Também gostei da forma bem informal do narrador, acho que contribuiu para a dinâmica do texto. E que bom que você cumpriu o tema, mas não se limitou a ele. Quanto à revisão, alguns ajustes a serem feitos em uma releitura, principalmente vírgulas… Muito bom, gostei muito! =)

    Emoção: 1/2
    Enredo: 2/2
    Criatividade: 2/2
    Adequação ao tema proposto: 2/2
    Gramática: 1/1
    Utilização do limite: 0/1
    Total: 8

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Bia, não sei como agradecer! Desperdicei espaço com tantas regras, né? Investi na coisa errada. Você é bastante benevolente, muito obrigado!

      • Bia Machado
        1 de maio de 2015

        Quando o texto é bom, a gente só quer ler mais! Por favor, se for mexer no texto, avise, que quero ler… 😉

  15. Pétrya Bischoff
    25 de abril de 2015

    Eita, essa virada final foi inesperada. O autor percorreu tantos caminhos tão minunciosamente descritos que até esqueci das cartas iniciais. Há uma narrativa pormenorizada e a escrita é de fácil leitura. Achei que a abordagem do tema foi feita com muito sucesso e a temática explorada ao máximo. Só não curti o quanto de grana todos em família tinham para apostar, passar dos milhares de reais me parece um tanto exagerado, não senti que os personagens tinham tanta grana, mas talvez fossem ricos, slá… Mas há muito “pecado” aparente, jogos, drogas, sexo, ganância, foi interessante. Boa sorte.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Pétrya, que nome lindo você tem! Também achei exagerado esse monte de dinheiro, mas quando percebi isso… quase perdi o prazo para publicar então não deu tempo de mudar. Esse seu comentário trouxe uma dúvida excelente: eles tinham tanta grana assim? Muito obrigado pela observação!

  16. vitor leite
    25 de abril de 2015

    gostei, mas parece uma história contada à pressa, merece um desenvolvimento mais calmo e já agora, outro tipo de linguagem. gostava de ler uma descrição mais interessante, mais virada para os sentidos, pois aqui não se sente o espírito do jogo, a dúvida, o saber ganhar, o risco… gostei, mas este texto podia ser um textão, não?

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Vitor, podia sim! Diria que meu tiro saiu pela culatra, pois tentei fazer uma coisa que não deu certo: explicar o jogo. Lendo os comentários, percebo que as regras poderiam ser diluídas na ação do jogo. Seu comentário é dos bons, que acrescenta uma fortuna à aposta!

  17. Felipe Moreira
    25 de abril de 2015

    Turn down for what. haha

    Achei um pouco longo, mas é uma história divertida, bem escrita. Adoro esse tipo de acidez nos protagonistas. Eles costumam ser os melhores, mais honestos à sua maneira. Entendo pouco e agora notei que quase nada de poker, então, por vezes não senti o impacto emocional que o protagonista passava em alguns lances. Eu me guiei mais pelo valor das apostas e etc. De todo modo, achei o conto bem ambientado;
    Procurei pela música que serviu de referência no texto apenas para ver se conseguia dissecar mais a história, mas ela apenas solidificou o escopo do que você escreveu.

    Parabéns e boa sorte no desafio.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Felipe, também não entendo nada de poker. Consultei o oráculo como o próprio personagem. Como desperdicei espaço com outras coisas menos importantes, não sobrou para tentar colocar esse impacto emocional que você sentiu falta. A epígrafe e o ás de espadas permeando o conto é para homenagear essa banda ímpar.

  18. Andre Luiz
    24 de abril de 2015

    Olha, cara… Realmente não sei o que dizer… Entendo que sua história é muito boa, e certamente no final é emocionante( até mesmo sensacional eu poderia dizer). Além disso, aquela mesa de apostas “recheada” literalmente com tudo que teria direito ficou muito interessante e irreverente, mais um ponto forte. Contudo, o excesso de explicações ao meio do texto causou confusão na leitura, que a meu ver faz o texto ficar lento demais e desgastante. Mesmo assim, não retiro os créditos da cena de “ação”, como já comentei.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Agradeço o comentário, André. Ficou mesmo… Foi um experiência que não deu certo!

  19. Leonardo Jardim
    24 de abril de 2015

    ♒ Trama: (3/5) legal e divertida, se desenvolveu e se fechou bem. Tudo estava desenhado para o narrador se ferrar, mas acabou ganhando a mesa mais uma vez com o às de espadas. Uma trama que prende naquela vontade de saber o que vem a seguir. Mas ficou crua em alguns pontos, como no desenvolvimento dos personagens, que estavam muito estereotipados e rasos. Além disso, alguns trechos pouco acrescentaram à trama, como a descrição do funcionamento do jogo 21.

    ✍ Técnica: (2/5) achei meio simples, muito informal. Parece mesmo uma conversa de bar. Não é ruim, mas podia ser um pouco melhor trabalhada.

    ➵ Tema: (2/2) destino nas cartas (✔), em vários sentidos rs

    ☀ Criatividade: (2/3) histórias com jogos são comuns, mas essa teve alguns ingredientes criativos, como o próprio “tarô”.

    ☯ Emoção/Impacto: (4/5) gostei e fiquei totalmente preso na história. Mais um conto que terminei a leitura com um sorriso no rosto 🙂

    Problemas que encontrei:
    ● não sei *pra* que tanta frescura
    ● Logo na primeira rodada *vírgula* fiquei hipnotizado
    ● Logo na primeira rodada *vírgula* ganhei os míseros cinco reais
    ● na quarta *vírgula* ganhei uma aposta de dez e *vírgula* na quinta *vírgula* ganhei a aposta de vinte
    ● perde-la (perdê-la)
    ● sem *deixá-lo* pobre
    ● No começo *vírgula* eram só as fichas coloridas
    ● claro que antes de apostar *vírgula* analisei os dados e relatórios disponíveis
    ● estudos da psicologia humana *dois pontos* o blefe

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Obrigado Leonardo, também terminei de ler seu comentário com um sorriso no rosto. Com certeza prestarei atenção aos pontos mencionados, que são bastante pertinentes.

  20. Carlos Henrique Fernandes Gomes
    21 de abril de 2015

    Se pudesse votar no meu mesmo até que daria um 10, sem narcisismo nenhum! Afinal humildade é meu segundo nome!

  21. Virginia Ossovski
    19 de abril de 2015

    Não entendo nada desse jogo! Afinal, ele ganhou ou perdeu? kkkk muito divertido o conto, essa vó Luíza não me é estranha. Gostei muito da história, o senso de humor malvado do autor me prendeu a atenção. Parabéns e boa sorte !!

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Oi amiga, como vai? Também não entendo do jogo (pesquisei no oráculo, como o personagem fez), mas ele ganhou. Foi por causa dos três ases que formaria o jogo mais alto, não recordo agora porque!

  22. Marquidones Filho
    18 de abril de 2015

    Nossa, que conto, que história! Sou suspeito para falar porque gosto de histórias envolvendo jogo de cartas, além de gostar de poker, mas a história está de fato muito bem construída. Quando comecei a ler nem imaginei como fosse seguir. Me lembrou 007 Casino Royale. Excelente conto! Parabéns!

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Caraca, Mark! Ser “comparado” com Ian Fleming é… não é… sei lá… Meu objetivo foi causar repulsa ou identificação e você, pelo jeito, é o único que se identificou! Agradeço pelo seu comentário incentivador.

  23. Gilson Raimundo
    18 de abril de 2015

    Um texto bem fiel ao tema. Não gostei da descrição das regras do vinte e um, pra mim foi desnecessária, cansou bastante, mas inesperado mesmo o fim. E esta vó Luíza que já começa a ser figurinha presente nos contos, vai acabar virando um romance…

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Grande Gilsão! Achei que seria o fódão falando das regras do 21, mas só desperdicei um espaço importante! Pensei em fazer um conto para cada década da vó Luíza, mas só tenho material para o décimo; romance não vira, com certeza.

  24. Ricardo Gnecco Falco
    18 de abril de 2015

    Deu para aprender vários jogos legais! (rs!)
    O texto é bem escrito (só uns dois ou três errinhos de revisão, mais para o final) e cria uma tensão gostóóósaaa no leitor. O único porém, e que para mim tirou bastante do brilho que sobra nesta obra, foi a explicativa menção do primeiro jogo de cartas feito no início da leitura; aquele com a tenebrosa alegoria futurística. Pois, quando a história foi se fechando no último e mais arriscado dos jogos percorridos pelo autor, a conexão de um possível desfecho tenebroso no pôker com o destino traçado pelas primórdias cartas foi se formando de modo muito gostoso; fechando aquele “círculo” que sempre se forma nas histórias geniais. “Claro, o às de espadas que a ex-namorada falou!” ; “Que legal, o valete de espadas!”…
    Porém, quando o autor aparece e remete o texto àquela conexão já feita (“Oh… Pensei que somente eu, leitor atento e ‘fodão’, que fosse perceber isso! Agora todo mundo que não prestou atenção vai fazer o mesmo link que ‘eu’ já tinha feito!” –> foi este o sentimento!), toda a magia esperada para o fim se esvai…
    😦
    Mas é uma boa história! Parabéns, autor!!!
    Boa sorte!

    Paz e Bem!

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Grande comentário Ricardo! Isso prestarei atenção nos próximos, com certeza! Não tinha nem imaginado que isso pudesse acontecer! De todos os toques importantes em todos os comentários, acho que esse é um dos três mágicos! Muito obrigado!

  25. mariasantino1
    17 de abril de 2015

    O formato deste exercício literário é muito interessante, porque exige tanto do autor quanto do leitor (que é o próprio participante/juiz). Acredito que tanto um quanto outro desprende muita “energia”, uma vez que o autor deseja repassar sua mensagem, mostra algo para que seu escrito se destaque dentre os demais com qualidades e artifícios tão iguais e distintos. Mas para isso não basta somente escrever, a pessoa leitora também “deve” possuir recursos para fazer comparações, julgamentos…, para observar mais do que o que está escrito, pois a interpretação do texto e visão às vezes não está explicitada dependendo da leitura, referência, vivencia, enfim, do acúmulo de conhecimento do leitor, que se torna mais exigente e mais perspicaz de acordo com o conhecimento acumulado.
    Partindo dessa premissa, e como tudo é relativo em se tratando de seres humanos, eis a minha visão e percepção após a leitura do seu escrito, baseado em minhas limitações e (pouco) conhecimento.
    Sinto que um bom conto seja aquele que ofereça: ou uma crítica politica, social, ou uma visão reflexão, ou os que mexem com nossos sentimentos construindo personagens (ou situações) além das linhas ao ponto de nos fazer importar, torcer e desejar algo no decurso da leitura. Seu conto não oferece uma critica, não tem reflexão (talvez haja a ganância, mas, como dito antes, visões também depende da pessoa leitora, e eu –EU- não vi muito além). Senti o personagem raso, bem como a trama, e o ar didático das explicações de jogo irritam, quebram o ritmo e retiram qualquer vontade de prosseguir na leitura, na verdade, prosseguimos com o intento de saber se irá melhorar, se chegará em algo além, mas, infelizmente, não consegui ver nenhuma mensagem, nem crítica, e muito menos senti qualquer afeição para com o personagem, não me importei com ele(s).

    Média — Por todos os motivos acima citados, a nota para esse conto será: 3 (três)

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Nem precisava explicar tanto, mas já que você tocou no assunto… Os desafios por aqui são de alto nível e isso é uma oficina maravilhosa. Foi divertido pesquisar e escrever isso e percebo que a experiência tentada de falar de regras foi para o beleléu. Só o cara que escreveu Moby Dick sabe fazer isso! Crítica social ou outra coisa ser encontrada nesse conto depende e depende e depende; talvez alguém tenha encontrado, mesmo que ela não exista mesmo. Minha preocupação no exercício foi outra e você provou que deu certo; a experiência não foi querer uma nota 3, foi outra. Seus comentários sempre trazem ricas informações para um reflexão rumo a uma literatura de mais qualidade.

  26. Cácia Leal
    16 de abril de 2015

    Muito bom conto, bastante criativo. No início, achei um pouco maçante aquela explicação todas das cartas, mas do meio para o final foi muito empolgante. Dava para ver as cenas na cabeça… e o suspense criado ajudou. A trama prende (pelo menos a partir do meio) e o autor demonstrou ter muita criatividade (de onde vc tirou essa de ler o futuro em cartas de baralho???). Encontrei alguns errinhos de português que mereceriam ser revistos. Mas, no geral, um excelente conto.

    Suas notas:
    Gramática: 8
    Criatividade: 10
    adequação ao tema: 10
    utilização do limite: 10
    emoção: 9
    enredo: 9

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      1 de maio de 2015

      Querida Cácia, seu comentário me deixa leve! Sua nota é bastante benevolente! Muito obrigado! Existe a leitura da sorte no baralho comum, só não tem aquela aura de credibilidade dos outros baralhos mais chiques. Lendo os comentários, percebi que as regras deveriam ser diluídas no texto. Muito obrigado por me deixar mais tranquilo.

  27. rubemcabral
    16 de abril de 2015

    Um bom conto, com ritmo e narração bem descontraída. Uma revisão de leve deixaria tudo melhor: “encima”, por exemplo, é um erro bem feio.

    Para quem não joga ou não gosta de jogos o texto pode ser um pouco enfadonho quando explica regras (adivinhação e 21). Felizmente, não se tentou explicar como se joga pôquer.

    Acredito também que o viés machista do narrador vai incomodar as leitoras.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      30 de abril de 2015

      Rubem, o motivo principal desse conto é causar incômodo ou identificação. Até agora teve bastante incômodo e tá equilibrado entre mulheres e homens. Explicar regras foi um saco e vejo que ler também foi! Vocês estão quase me convencendo a retrabalhar o conto.

  28. Tiago Volpato
    16 de abril de 2015

    Gostei do texto, você tem um estilo bem peculiar que me agrada. Só o enredo que não foi dos mais criativos, mas não compromete. Um ótimo texto.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      30 de abril de 2015

      Cada comentário que leio me dá mais vontade de retrabalhar esse conto. O seu é um incentivo e tanto.

  29. Jowilton Amaral da Costa
    14 de abril de 2015

    É uma boa história. A narrativa não é das melhores, na minha opinião. Precisa ser mais trabalhada, evitar tanta repetição de palavras. A tentativa de deixar a condução meio relaxada ou sem um caráter formal, não me agradou. Se é que foi uma tentativa. O desfecho foi bom, sem muitas surpresas. Boa sorte.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      30 de abril de 2015

      Também achei a história boa, mas a execução da ideia deixou a desejar. O caráter informal da narrativa é meu estilo e está em construção. Colocarei em prática muitos dos comentários significativos que recebi, assim como o seu. Muito obrigado.

  30. Claudia Roberta Angst
    14 de abril de 2015

    Não gosto muito de jogos, talvez por causa do excesso de regras e táticas. No geral, jogos provocam em mim apenas tédio. Percebi que o autor quis mesclar as duas possibilidades geradas pelo tema proposto: cartas como oráculo e cartas como elementos do jogo. A parte da explicação das regras do jogo quase pulei. Achei chata e cansativa.
    Alguns deslizes quanto à acentuação:
    – mata-la > matÁ-la
    – perde-la > perdÊ-la
    – deixa-lo > deixÁ-lo
    – protege-la > protegÊ-la
    O uso de linguagem informal, sem a preocupação com o padrão da norma culta, na narrativa, acabou me incomodando um pouco:
    – Fiz até ele chorar de verdade, jorrando lágrimas de verdade (repetição “de verdade”)
    – Deixei ela toda marcada
    – que apostaria ela
    – enterraria ele vivo
    – fiz ele apostar
    Enfim, o conto foi bem desenvolvido, mas não me agradou. Não consegui me focar na trama. Perdi o interesse em vários parágrafos. Acredito que seja por uma questão de gosto mesmo. Boa sorte!

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      30 de abril de 2015

      Claudia, seu esforço em analisar a obra pela obra e não pelo gosto é inspirador. Sério mesmo! Admiro isso! Explicações de regras e técnicas são um saco mesmo; quase desisti de ler Moby Dick por isso! Sobre a linguagem, o que busco é um jeito de me expressar bem mais perto do dia a dia, só que nesse caso me perdi entre o informal e uma linguagem mais formal. E as repetições foram falta de tempo para um revisão melhor… comecei a pesquisar um dia antes e escrevi no último dia e quase perdi o prazo. A coisa simplesmente não saia, a ideia foi se formando e mudando com o tempo e acabou não sendo nada que tinha pensado antes. Foi divertido, mas o conto saiu bobinho.

  31. Jefferson Lemos
    13 de abril de 2015

    Olá, autor(a)! Tudo bem? Música boa. hehe

    Sobre a técnica.
    Não vi nada que me desagradasse na narração. Apenas a história que não me agradou muito, e algumas gírias que ficaram estranhas durante a leitura.

    Sobre o enredo.
    Não consegui me ligar na história. As situações ficaram um pouco improváveis, pendendo mais para o nonsense do que para o realismo. As personagens ficaram canastronas demais, muito caricatas. Se o intuito foi a comédia, infelizmente não funcionou comigo.

    Sobre o tema.
    Foi trabalhado de uma forma diferente, e isso é bom. É uma pena que, ao meu ver, a história não tenha tomado um rumo satisfatório.

    Nota.
    Técnica: 7,0
    Enredo: 5,0
    Tema: 6,0

    Ainda assim, parabéns e boa sorte!

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      30 de abril de 2015

      A história não tomou mesmo um rumo satisfatório! Mas não achei outro jeito de colocar o Ace of Spades no enredo e exagerei no nonsense. Você mencionou a comédia e agora percebo o cuidado que devo tomar nesse estilo de narrativa. Agradeço por esse toque; o mais importante de todos.

  32. Rafael Magiolino
    13 de abril de 2015

    Confesso que esperava mais do tema que sugeri. O início de fato foi bom, mas não combinou com o restante do texto. Notei poucos erros na escrita, mas o enredo em si não teve nada de surpreendente. Imaginei que leria algo mais sombrio e o autor poderia ter feito melhor proveito com a ideia.

    De qualquer forma, abraço e boa sorte!

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      30 de abril de 2015

      Rafael, devo confessar que quase te xinguei quando conheci o tema que deveria trabalhar, mas agora agradeço. Foi um desafio escrever sobre isso, afinal não sei nem ler a sorte nas cartas, muito menos jogar poker. E logo me veio à mente a música do Motörhead e não podia deixar de fazer essa homenagem à banda. Você ainda deu sorte que alguém desafiou a si mesmo e escreveu sobre o seu tema; o meu… Aliás, tive sorte em pegar o seu tema porque não saberia o que fazer com as vassouras de Jânio Quadros ou com cyberpunk, que só fiquei sabendo o que é depois de pesquisar no “oráculo” para dar nota para os contos.

  33. José Leonardo
    11 de abril de 2015

    Olá, autor(a). Interessante acompanhar a espiral obsessiva em que foi transformada a vida do protagonista após uma simples, desacreditada e rústica “consulta” de tarô. A iniciação ao jogo, alimentada pelo fator do fetichismo, desaguou num vício que permite grandes absurdos, que não mede consequências. A ânsia em querer derrotar o oponente não era menor que a de um inimigo rachar cabeças com um machado. Esse quadro extremamente realista é um ponto positivo.

    No entanto, a maneira “crua” (o tom usado como que numa conversa informal entre amigos) tem seu ônus, autor(a): nem cito os tabuísmos (afinal, tão comuns nos trabalhos de quase todo escritor — ainda que eu evite colocá-los), mas a narrativa tem uma voz demasiado coloquial (falei noutro comentário: não me atrai o hermetismo, o enredo trincado, congestionado, difícil de esmiuçar na mente; mas o emprego de palavras e construções frasais mais vistosas enriquecem um texto). Efetuando posteriormente uma revisão, você também poderá extinguir os pequenos erros que sempre nos escapam à detecção enquanto escrevemos.

    Abraços e boa sorte neste desafio.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      30 de abril de 2015

      José Leonardo, comentário especial o seu! Você captou o que aconteceu com o jogador e ainda fez uma excelente colocação sobre as construções frasais. Meu estilo é o de “conversa informal” mesmo e está em construção. Sua avaliação será bem utilizada daqui em diante. Muito obrigado.

  34. Fabio Baptista
    10 de abril de 2015

    Eu gostei desse conto.

    É divertido e um tanto politicamente incorreto, com todas essas coisas de macho e cheiros de fêmea apostada! kkkkkkk

    Tecnicamente, encontrei alguns problemas de revisão (tipo “chagaram”) e repetições de palavras que poderiam ser amenizadas ao longo do texto (mesma palavra que se repete com muita proximidade, tipo “apostas”).

    Teria diminuído um pouco a explicação do jogo 21, não foi lá muito divertida e não era tão necessária para o entendimento da trama.

    No mais, achei bem legal. A tensão criada na aposta final foi muito bem construída.

    Mas confesso que esperava um final mais engraçado / criativo.

    NOTA: 7

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      30 de abril de 2015

      Aê campeão! O final não foi o que eu queria; faltou espaço! Devia mesmo ter tirado as regras do 21! Ser politicamente incorreto foi o motivo do conto e fico satisfeito que esse resultado está se mostrando nos comentários. Fico também satisfeito em saber que a tensão da aposta final foi “bem sucedida”. A sua entrevista no youtube foi demais! Demais mesmo foi meu quase vizinho Sherlock Holmes! Parabéns!

      • Fabio Baptista
        1 de maio de 2015

        Ae, Carlão!

        Qualquer dia você tromba com o Sherlock lá no prédio do Estadão.
        Ouvi dizer que o lanche de pernil de lá é muito bom. kkkkk

        Abraço!

  35. simoni dário
    8 de abril de 2015

    O texto tem alguma ação que acaba envolvendo, mas não gostei. Faltou uma revisão mais atenta também. Você até transmite bem a adrenalina do jogador viciado, mas aquela coisa da namorada ficar excitada de ver o cara jogando, ficou meio forçada.
    O final foi a melhor parte, na minha opinião.
    Boa sorte!

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      30 de abril de 2015

      Agradeço, Simoni, por falar coisas tão importantes. O objetivo desse conto foi causar repulsa ou identificação e vejo que deu certo até demais. O fetiche da namorada não me convenceria também, se exposto dessa forma. De fato, precisa um pouquinho mais para ser acreditável mesmo, por mais… mais,,, absurdo que seja. E logo o final que achei que faltou alguma coisa foi o que você curtiu! Vou refletir sobre sua opinião e tentar achar uma solução.

  36. Brian Oliveira Lancaster
    8 de abril de 2015

    E: Atmosfera incrível. Nota 9.

    G: Então. Não sou muito destes textos mais “malandros”, mas o autor conseguiu se sobressair muito bem aqui. Uma ótima história narrada em primeira pessoa, com início, meio e fim bem definidos. Fechou com chave de ouro. Quando esperamos que ela perca tudo, vem outra informação inesperada. O clima descrito foi bem envolvente. O bom humor ajudou muito nas construções de caráter. Nota 9.

    U: Notei uma ou duas palavrinhas incorretas ou sem acento. Mas nada que impeça a apreciação do texto como um todo. Nota 9.

    A: Adequação com louvor. Imersão total. Nota 10.

    Média: 9.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      30 de abril de 2015

      Caraca, Brian! Que média é essa! Você gostou do final e eu achei ele capenga pra caramba! Fico contente que não foi perda de tempo para você! Isso que você descreveu, foi o que tentei fazer, mesmo que as pressas. Muito obrigado pela sua benevolência!

  37. Neusa Maria Fontolan
    8 de abril de 2015

    Dei boas gargalhadas com o “Oráculo, mais conhecido por Google”. Bom conto, parabéns.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      30 de abril de 2015

      Muito obrigado, Neusa, pela benevolência.

  38. Eduardo Selga
    8 de abril de 2015

    O tema não ajuda muito no quesito originalidade, afinal quando se pensa em “destino nas cartas” imediatamente se remete a cartas de baralho ou tarô e, se a opção for abordar o jogo, a situação aqui narrada é muito usual: o sujeito que ganha de todos e no fim ou se dá muito mal ou muito bem. Assim sendo, o conto repete uma série de narrativas similares, em sua estrutura, a um roteiro de filme.

    No começo houve algum tratamento linguístico, com a utilização de gíria, o que funciona bem na ambientação usada, mas não houve muita sequência, exceto um “puta” aqui e outro ali. o resultado é um texto com duas linguagens distintas, sem motivo para isso. Ao mesmo tempo em que há “Mas bóra lá, que o baguiu ainda vai ficá muito loco!”, encontramos “Fiz sinal para que se calasse, colocando o dedo indicador na frente da boca e, de súbito, ele se calou!”. Quem se expressa usando gírias raramente usará “de súbito”. São duas formas de uso da Língua que não costumam se misturar. É claro que não é impossível, mas por ser inusual o motivo da utilização das duas normas deveria estar de algum modo explicada.

    Se houve pouco trabalho linguístico, menos ainda quanto ao imagético. O longo e desnecessário desfile de cenas iguais (o protagonista “quebrando” adversários) é redundante e não funciona bem em se tratando do gênero conto, que pede poucos personagens e um núcleo narrativo denso o bastante para sustentar a narrativa (não necessariamente a atenção do leitor). Mas no conto, ao contrário, o que temos é uma sequência de cenas iguais. Se elas fossem eliminadas e o narrador se concentrasse em apenas uma, a última, teria ficado mais denso.

    Donde se conclui que há personagem sobrando. A Luíza, por exemplo, não faz nenhuma falta à narrativa.

    Cenas clichês, personagens idem. A representação do feminino, por exemplo, é grandemente estereotipada em duas vertentes: de um lado, a mulher ninfomaníaca (a namorada) e que sente tesão pelo poder; do outro, a mulher emocionalmente instável, que não calcula, é movida pelas emoções (a prima do decote generoso). E em ambas, o mesmo apelo sexual que faz da mulher objeto.

    A representação masculina não fica atrás. Temos o macho esperto e sedutor porque tem poder; o pseudo-esperto (o randômico); o engraçadinho que gosta de contar piadas.

    Isso é muito cansativo porque já visto e revisto.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      30 de abril de 2015

      Comentário pertinente, o que prova que sou o que sou: escritor amador. Sobre ser um tema batido e tudo igual, de fato esse é mesmo. Desigual nesse desafio, só o do Sherlock Holmes da Praça da República. As cenas repetitivas de imagens iguais são mesmo desnecessárias; foram divertidas de escrever, mas e daí! As duas linguagens distintas não se casam nesse conto de jeito nenhum; se um dia for retrabalha-lo, essa será a primeira mudança. O tratamento clichê dado às mulheres e aos homens tem um motivo específico que foi alcançado: causar repulsa ou identificação. Sobre a vó Luiza ela nunca sobrará e estará sempre presente e isso é um capricho do autor. Enfim, foi divertido mesmo assim e tudo o que você disse é levado em conta, com exceção da vó Luiza. Aprendi muito com você.

  39. Alan Machado de Almeida
    6 de abril de 2015

    Gostei do conto, mas ele perde muito tempo explicando as regras das cartas. Se as descrições pudessem ter sido feitas de forma mais dinâmica talvez o resultado fosse melhor.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      30 de abril de 2015

      Tem razão, Alan. Aquela explicação do 21 foi um desperdício de espaço e as do poker ficaram vagas ou confusas. Se algum dia retrabalhar esse conto, o seu comentário será levado em conta na íntegra. Valeu.

  40. André Lima
    6 de abril de 2015

    A narrativa é interessante, mas você pecou muitas vezes no uso das vírgulas. Texto razoável.

    • Carlos Henrique Fernandes Gomes
      30 de abril de 2015

      Também achei razoável, André. Foi divertido pesquisar e escrever, quase perdendo o prazo, mas ficou razoável. Acredito que a questão das vírgulas seja, em sua maioria, por ser uma narrativa como se eu estivesse contando o causo para você enquanto o ônibus não passa e a minoria por falta de atenção. Tento usar também a licença poética e acabo exagerando nela. Sua observação é bem pertinente e agradeço porque preciso mesmo prestar atenção nisso.

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Publicado às 4 de abril de 2015 por em Multi Temas e marcado .