Esmurrava as portas da Catedral da Sé em pânico. Não tinha coragem de olhar para trás. Aquele rosto que conhecia tão bem o aguardava, sabia disso. Gritava para qualquer padre, seminarista ou fiel cristão, implorando socorro. Qualquer coisa, qualquer um. Deus não podia abandona-lo à mercê da própria sorte.
A Praça da Sé concentrava um grande número de moradores de rua. Qualquer um que tenha um mínimo conhecimento teológico-cristão entenderia o porquê. Diferente da ordem beneditina, localizada pouco abaixo no largo São Bento, a ordem franciscana pregava a caridade seguindo os princípios do Santo que a nomeava. Distribuíam sopão, roupas e curativos aos distintos moradores da Praça, e, aqueles que haviam aprendido os macetes da rua, acabavam se aglomerando por lá, devido a proximidade do Largo São Francisco.
Não era esse o motivo de William estar entre eles. Estava ligado a praça por outros elos invisíveis que se estendiam de uma pequena escada em frente do Teatro Municipal e a grande igreja, a qual, a praça circundava.
Seis meses antes estaria em casa, abraçado a Sara, em sono profundo. Tinham um quarto-e-cozinha no extremo Sul de São Paulo. O aluguel aumentara na virada do ano e a situação financeira não era das melhores. William preocupava-se com isso. Sara não. A esposa era completamente apaixonada pelo marido e isso lhe bastava. “Deixa essas contas pra lá, o que importa é que eu tenho você e sempre vou ter”, dizia, “Eu sou louca por você“. E realmente era. Louca na maior compreensão que a palavra pode acoplar.
Sara o amava, não havia duvidas. Por outro lado, a possessividade e obsessão dela eram inconcebíveis. Não foram poucas às vezes em que se pegou aturdido e assustado frente as demonstrações de ciúme. Gritos e ameaças eram constantes. Mas William sempre acabava colocando tudo na conta de uma paixão desmedida.
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– Outro celular? Você vai comprar outro celular? O que aconteceu com aquele de um mês atrás? – questionou Jardel, um velho amigo.
– Briguei com a Sara. – Respondeu William, dando um gole na cerveja, desviando o olhar.
– Tá… E o que tem a ver uma coisa com a outra?
– Ela jogou na parede.
– Porra, como assim? – Jardel levantou e bateu as mãos na mesa derrubando seu copo de cerveja. – Da outra vez te ameaçou com uma faca. Esse já é o segundo celular desde o casamento. Cara… dá um jeito nessa mulher. Ela só pode ser louca.
– Não. Ela só me ama demais – falou como se tentasse convencer a si mesmo – e eu também a amo demais.
– Você quem sabe. – Sentou-se novamente, erguendo o copo e preenchendo-o com cerveja.
O telefone tocou.
– Oi amor – cumprimentou Sara do outro lado da linha.
– Oi, minha princesa.
– Tenho uma surpresa pra vo… Espera. Que barulho é esse? Aonde você tá? – sua voz tomava um tom raivoso.
– To num bar aqui perto de casa, com o Jardel, amor. – tentou tranquiliza-la.
– Bar? Com esse cachaceiro filho da puta? Vocês estão é procurando vagabundas, William. Eu te conheço. Volta pra casa agora, ou eu vou até aí!
– Calma, amor. Não precisa gritar. É só uma cerveja. Não tem nem mulher aqui. Deixa de ser boba.
– TODO bar tem mulher, William. Se você me trair, eu acabo com a sua raça. Você vai ver – e desligou o telefone.
Ele olhou para o rosto de Jardel com um sorriso amarelo.
– É, já sei. Você vai pra casa, né? Eu to te falando, essa mulher é louca. Sai dessa.
– Ela só é um pouco ciumenta – foi se levantando da cadeira e jogou uma nota de cinco reais na mesa -, entende isso.
Chegou em casa irritado, batendo a porta e atirando as coisas sobre a cama. Sara saiu do banheiro e começou a perícia-lo. Olhou a gola da camisa, cheirou o pescoço e esquadrinhou toda a vestimenta em busca de fios de cabelo.
– Isso é ridículo! – esbravejou. – Toda vez é a mesma coisa, as mesmas acusações e o mesmo showzinho.
Ela apenas o observou em silêncio, com a expressão de quem entraria em prantos a qualquer instante. William não resistiu. “É só amor demais”, pensava. E a briga acabou em sexo.
No dia seguinte, num sábado, nenhum dos dois iria trabalhar. Sara o acordou empolgada, pretendia presentea-lo com um celular novo. Chamou o marido às sete da manhã, o percurso até o centro era longo. William levantou entre resmungos. A esposa insistia na história de comprar uma roupa nova para o casamento de uma amiga. Fazia parte da surpresa.
Após duas horas de viagem, desembarcaram no ponto final do ônibus, a Praça da Sé. O sol a pino e as ruas lotadas. O destino era a região da Santa Ifigênia, conhecida pelo mercado de produtos eletrônicos a baixo custo. William quis passar pela Galeria do Rock, Sara concordou, queria agradar seu amado. Pegaram a Rua da Direita, cruzaram o Viaduto do Chá e pararam em frente ao Teatro Municipal.
– Amor, olhar que coisa estranha – disse Sara apontando para um escada em frente ao teatro que possuía um portão de aço enferrujado, fechado por uma enorme corrente de anéis grossos e um cadeado proporcional – dá arrepios.
– É o portão do inferno – respondeu o marido entre risos.
– Como você é bobo – deu um tapa carinhoso no ombro dele – para de me assustar.
– É brincadeira, princesa. Eu e meus amigos costumávamos chama-lo assim na minha adolescência. Acho que é só um túnel abandonado do metrô.
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Uma semana depois do ocorrido, William caiu na bebida, sentindo a culpa em cada gole. Não demorou a deixar o emprego e do álcool, foi ao crack. Definhou num ínfimo espaço de tempo e desapareceu dos olhos de todos. Não queria reconhecer, nem ser reconhecido por ninguém. A rua fora o refúgio, ironicamente, era o único lugar onde ninguém o encontraria. Mendigos são invisíveis na sociedade capitalista pós-moderna.
Da antiga vida, restava-lhe apenas uma poupança guarnecida de duas décadas em economias. O plano era uma casa própria. Queimou tudo em crack, toda ela. O que não foi crack, foi em bebida, ou roubado. Não precisava de uma casa. Não mais.
Sua necessidade em fugir da realidade, sair de órbita e esquecer a culpa, mesmo que por alguns instantes, lhe custou caro. O dinheiro acabou rápido.
A realidade lhe bateu a porta. Golpes fortes, intensos. Precisou encara-la de frente, olha-la nos olhos sem estar pronto para suporta-la. Já na primeira semana pensou que iria enlouquecer. A abstinência do crack o consumia e mendigar meio a tanta concorrência era pouco efetivo. A fome que não lhe atormentava anteriormente, passou a consumi-lo. Seu estômago parecia se auto digerir. Restava-lhe se alimentar da comida podre dos lixos das lanchonetes ao redor. Isso, se desse a sorte de chegar antes dos demais.
Outra abstinência começou a se intensificar. A saudade da sua casa, do seu emprego, da sua vida e de Sara. A última era a maior de todas. Apertava e sufocava o peito. Adquiriu o hábito de todas as noites sentar-se naquela escada de poucos degraus, em frente ao Teatro Municipal, esperando.
Esperando e esperando.
Ouvira falar que, em todas as religiões, o ato de tirar a própria vida era visto como um passe direito para o inferno. Era a sua esperança.
William…
Era madrugada e as únicas companhias eram os mendigos dormindo ao redor.
William… meu amor…
Levantou-se e olhou ao redor buscando a origem da voz.
Por que você fez isso comigo? Eu te amava tanto…
Um frio lhe percorreu a espinha. Olhou para o portão de aço e viu um emaranhado de cabelos cobrindo metade da face de alguém que estendia a mão em sua direção. A voz repetiu o chamado e ele soube. Sabia de quem era a voz.
Conhecia a dona dela como ninguém.
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William estava exausto. O celular comprado pela esposa lhe custou duas semanas de horas extras. Já não era exatamente um presente, nem funcionou como pedido de desculpas. O gênio de Sara continuava o mesmo, juntamente com as inspeções, desconfianças e cobranças exacerbadas. Estava prestes a enlouquecer.
– Que cara é essa, menino? Parece que não descansa nunca – disse Alice, uma superior que também fazia horas extras naquela quarta-feira.
– É, quase isso – respondeu desanimado e sem dar muita atenção.
– Ah… Você tá precisando relaxar. Que tal uma cerveja depois do expediente?
Havia algo diferente na voz de Alice. Algo convidativo, questionador e displicente. Era familiar e estranho. William a observava se aproximando, apoiando os dois braços sobre a mesa dele e lançando-lhe um olhar inquisitivo. Seu perfume lhe invadindo o nariz enquanto o cabelo dela caia sobre os ombros. Pela primeira vez notou o quanto Alice era atraente.
Sua casa não era mais um lugar para descansar. Sara só fazia brigar, questionar, desconfiar. Ele precisava relaxar um pouco. “Que mal teria uma simples cerveja numa companhia agradável?”, repetia a si mesmo, “Eu sei me controlar.”
– Por que não? – ela lhe respondeu com um sorriso e se afastou de modo que suas curvas ondulavam ao caminhar.
Sete da noite saíram para um bar próximo à empresa, na região de Pinheiros. Beberam, conversaram e riram bastante. Por duas horas inteiras, William esquecera dos problemas, tanto os financeiros, quanto matrimoniais. Estava completamente relaxado, como há muito não acontecia.
– Tenho que ir no banheiro a cerveja parece ter feito efeito – disse a Alice rindo. Ao tentar levantar cambaleou, fazendo-a rir igualmente. – Opa!
– Acho que você passou da conta, hein? – Havia um sorriso insinuante em seu rosto. – Você pode me deixar em casa? Moro aqui perto, não vai perder cinco minutos. Tenho medo de caminhar sozinha.
Ele concordou. Foi ao banheiro e aproveitou para pagar a conta. Na saída do bar Alice o pegou pelo braço colando seus corpos. O rapaz não pareceu notar, estava alto por conta da bebida. Na porta do prédio, ela o soltou e parou à sua frente, bem próxima do seu corpo. Acabou notando o olhar para o seu decote e apenas sorriu enquanto ele corava.
– Então… até amanhã. Obrigado pela cerveja – a voz de William denunciava sua embriaguez.
– Você não quer subir e tomar um café forte? Se me lembro bem, sua esposa não gostaria de te ver nesse estado – ambos riram e ele assentiu. – Vamos, não vai levar cinco minutos.
Subiram até o décimo andar a adentraram o apartamento. Uma quitinete simples mas bem decorada. Alice ofereceu o sofá a William, que se acomodou enquanto o café era preparado. Ouviu a porta do banheiro se abrir, enquanto a cafeteira fazia barulho e espalhava o aroma de café pelo apartamento.
William fechou os olhos e o quarto rodou. Ao tornar a abri-los, Alice estava à sua frente com um top e um short justo. Percorreu todo o corpo dela com os olhos até ela vir se sentar ao seu lado e passar o braço sobre seus ombros.
– Estou passando o café, logo estará pronto. Foi uma noite divertida, não foi?
– Foi sim – não tirava os olhos do corpo dela, involuntariamente. Ela sabia e não esboçava nenhuma reação.
– Pode ficar melhor… – Alice passou a língua sobre os lábios, molhando-os antes de abrir um sorriso de dentes perfeitos.
– Alice, eu sou casado. Você sabe disso.
– Eu sei, não estou fazendo nada – sua mão deslizava na nuca dele.
William fechou os olhos sucumbindo às carícias. O celular vibrava no bolso em vão, sem a atenção de seu proprietário. Logo estava sentado na cama, sem camisa. Alice por cima. Trocavam palavras excitadas, quase inteligíveis. Ela tirou sua calça e atirou ao lado da cama. O celular passou do bolso ao chão. Beijava-lhe a boca, pescoço e peito. Deslizava os lábios pela sua barriga enquanto as mãos se firmavam em suas coxas. Entre os dentes, prendeu a ultima peça de roupa dele.
Num movimento involuntário, William arfou de excitação e deixou sua cabeça pender para o lado. Algo iluminava o canto do quarto. Estreitou os olhos e viu a tela do seu celular acesa. Exibia uma ligação ativa.
Empurrou Alice e correu até o celular. Era Sara.
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Na noite seguinte voltou à escada no mesmo horário. Queria provar a si mesmo que não estava louco. Solidão, fome, abstinência do crack. Atribuiu a alucinação a um dos três. Sentou-se no mesmo lugar e fixou o olhar no portão.
Na primeira hora nada aconteceu. O cansaço e o estômago vazio começaram a tomar conta do seu corpo. Mas ele resistia. Precisava da certeza. Da lucidez.
Uma hora e meia. Nada. Seu estômago doía. Tinha aprendido que o melhor remédio para a fome era o sono. E o melhor remédio para o sono era dormir. Tudo parecia-lhe razoável.
A segunda hora estava próxima de se completar e suas pálpebras pareciam pesar quase uma tonelada. Estava desistindo. Precisava dormir.
William…
Levantou-se num solavanco apurando os ouvidos em busca de qualquer ruído. Nada. Xingou a si mesmo e aos céus pela sua loucura iminente e resolveu buscar um canto qualquer para descansar. Sua condição era cruel o suficiente para subjulgar a si próprio a um capricho de sua mente. Deu às costas a escada e se pôs a caminhar.
Não me deixe de novo, meu amor…
Dois passos. Foi tudo que ele conseguiu. Suas pernas se congelaram. Pareciam sucumbir ao próprio peso. Mas impôs sua vontade aos músculos e virou-se de volta à escada. Nada. Não era possível.
Desceu os degraus, um a um, com os olhos fixos no portão, até colar seu corpo no aço. Tentou enxergar através da escuridão do túnel. Nada. Ajoelhou-se e começou a chorar copiosamente. Bateu com a cabeça no portão inúmeras vezes até sentir sangue escorrer sobre suas sobrancelhas.
Estava louco. Agora tinha certeza.
Ouvia passos de pessoas vindo em sua direção e outros o amaldiçoando ao longe. Era a lei da rua. Horários tinham de ser respeitados. Esquecera os mortos e começava a ter medo dos vivos. Precisava sair dali o mais rápido possível.
Virou-se para correr e a viu.
– Olha o que você me fez fazer – Sara exibia seus pulsos cortados verticalmente, enquanto o sangue escorria ao redor de suas mãos e fazia uma poça no chão.
William congelou. Olhou para a face pálida de sua esposa. Viu dor, sofrimento e ódio. Muito ódio. Ela mirava-o nos olhos e erguia os pulsos cortados, fazendo-o transitar o olhar entre um e outro.
Em seu ultimo lapso de consciência, desviou-se dela e seguiu correndo em direção a Catedral da Sé. Quando subiu as escadas, dezenas de moradores de rua o esperavam armados de paus, pedras e quaisquer outros objetos que pudessem ser utilizados como armas. Era a punição por desrespeitar as leis. William tentou esquivar deles, mas só conseguiu sair de um ou dois, antes que o pegassem e começassem o linchamento.
Conseguia sentir pedras o atingindo, chutes no peito, estômago, cabeça. Paus sendo erguidos e despejados com toda a força sobre seu corpo. Esperava pela dor, mas ela não vinha. Mesmo quando sua garganta parecia tomada por sangue e sentiu uma de suas costelas trincar. Só pensava nos pulsos cortados de Sara. Ela deitada no chão do quarto. Ela subindo a escada atrás dele, morta.
Não parou de rastejar um só segundo, mesmo apanhando, e quando houve uma falha de atenção dos agressores por uma sirene policial próxima, levantou-se e seguiu desesperadamente para a igreja.
Correu pelo Viaduto do Chá e entrou na Rua da Direita sem olhar para trás. Ouvia gritos e passos pesados se afastando gradativamente. Em pouco tempo só podia ouvir o som dos seus próprios passos desesperados. Outros mendigos acordavam com o baque de sua corrida, mas nenhum deles teve o trabalho de levantar.
Suor e sangue se misturavam. Dor não se fazia presente. O medo era maior.
A rua terminou e ele se viu a poucos metros da sua suposta salvação. Levantou o olhar e avistou a imensa igreja. Contemplou-a por um segundo inteiro. Podia sentir a esperança tomando-lhe o peito, se espalhando por cada vaso sanguíneo do seu corpo.
Não diminuiu o passo.
Esmurrava as portas da Catedral da Sé em pânico. Não tinha coragem de olhar para trás, sabia que aqueles olhos que conhecia tão bem o aguardavam. Gritava para qualquer padre, seminarista ou fiel cristão, implorando socorro. Qualquer coisa, qualquer um. Deus não podia abandona-lo à mercê da própria sorte.
– Meu amor… não fuja de mim. Eu disse que eu tinha você e sempre iria ter! – A voz de Sara, antes mórbida, tomou tom de ameaça. – Eu já cuidei daquela mulher. Agora você é só meu.
Intensificou os golpes e os gritos. A saudade virou medo, terror.
– Meu Deus! Por favor, me ajude! Eu cometi um erro. Só um erro. Mereço seu perdão… – sua voz ia se perdendo em meio ao choro.
A alta concentração de mendigos da região começou a se agitar. Os gritos de William podiam ser ouvidos a quilômetros em meio ao silêncio noturno. Gradativamente os pés da escadaria foram tomados por diversos moradores. Cada vez que parava de gritar para retomar o fôlego, havia mais gente. Mais e mais gente. E ele gritava cada vez mais alto. E toda a base da Catedral foi tomada.
Sara apenas observava. Sorrindo de modo cruel. Até que o silêncio momentâneo se extinguisse e William voltasse a pedir clemência.
– Não adianta fugir, William. Você é meu. Sabe disso – ele sentiu os pelos em sua nuca eriçarem e um frio incomum absorver seu corpo. – Olhe pra mim e você verá a resposta que tanto procura, meu amor.
Ninguém de dentro da igreja respondeu. A esperança se esvaia dos seus ferimentos junto ao sangue. Ele não iria escapar. Deus não o perdoara.
William deixou seus braços caírem ao lado do corpo.
Sara alargou o sorriso.
Alguém começou a subir a escada.
O rapaz virou-se e viu um homem negro, magro e alto erguendo uma barra de ferro nas mãos. Sangue escorria dos seus pulsos. O mendigo soltou um grito animalesco e desceu o ferro na direção da cabeça de William.
O seu rosto não era de um mendigo, mas de Sara rindo.
Um piscar de olhos. O negro voltou a ser o mendigo. Os pulsos pararam de sangrar. E a cabeça de William somava duas metades em frente à porta da igreja.
Um silêncio estranho tomou a Praça. William se levantou e viu Sara a alguns metros dele. Estava linda, intacta. Sorria e parecia feliz. Subiu as escadas e lhe estendeu a mão. O marido tomou-a e juntos desceram a escadaria da Catedral, cruzaram a praça, pegaram a Rua da Direita, o Viaduto do Chá e pararam em frente ao Teatro Municipal.
Sara apontou na direção da escada e William notou-o aberto. A mulher soltou sua mão e correu até a entrada do túnel. Parou e acenou para ele. William sorriu. Desceu calmamente a escada e se embrenhou na escuridão.
O portão se fechou com um baque metálico. Suas correntes subiram através das grades e rodearam-no de forma firme. O imenso cadeado se fechou com um clique seco.
William ainda sorria.
É uma ótima história, parabéns!!!!
Gostei muito.
Achei os personagens muito bem desenvolvidos em seus próprios problemas. De fato, me diverti mais com o jogo de ciúmes e negações do que com o aspecto sobrenatural do texto. Não que a parte fantasmagórica esteja ruim, longe disso, mas o relacionamento entre Sarah e William chamou muito a atenção, bem como a traição, que nem mesmo se consumou.
Só não entendi a “lei” que levou William a ser linchado.
De todo modo, bom conto. Parabéns.
Está muito bem escrito. Não gosto muito desse artifício de alternar narrativas. No mais uma ótima leitura.
O conto está muito bem escrito, embora o tema seja muito batido. Achei muitos erros gramaticais e valeria a pena fazer uma revisão.
Uma historia que me prendeu do inicio ao fim.
Bem escrita,bem desenvolvida e muito bem estruturada.
Boa Sorte!
Adorei a ambientação e a alternância dos pontos narrativos. O conto é bem pensado, bem escrito e os personagens foram bem produzidos. A narrativa durante as cenas de desespero, principalmente no clímax, não me convenceu muito. Mas, tirando essa parte, o conto merece os parabéns!
Gostei muito do conto. Já esta entre os meus preferidos.
A construção dos parágrafos, alternando passado e presente, nos colocando à par do relecionamento doentio do casal cumpriu plenamente o objetivo de nos informar e submergir no drama do protagonista.
Alguns pontos ficaram obscuros pra mim, como por exemplo, o porque da perseguição por parte dos mendigos. Eles estavam possuídos, eram fantasmas?
Acho que uma breve revisão e um ajuste fino tiraria essa dúvida.
Muito bom!
O elemento que me agradou realmente no conto foi o jogo de sentidos com o “portão do inferno”, e também a sugestão, ao final, de que o casal se une após a morte na sordidez e na punição. Na minha opinião, a história ganharia se estivesse mais enxuta. O trecho extenso com a Alice, por exemplo, me parece desnecessário, sem contar que é recheado de lugares-comuns. O primeiro parágrafo depois do segundo # é meio brusco, um resumão. O conto se movimenta entre passado e presente, daria pra ir intuindo o processo de degradação do William. De resto, o ritmo parece meio atabalhoado.
Muito boa a ambientação nesse lugar de São Paulo, gosto muito dessa região. A história pode ser enxugada e melhor organizada, há muitas arestas aí, a serem vistas. Destaco os diálogos, muito fluidos e verossímeis, há tempos não lia falas assim. Também não entendi o porquê dos mendigos socarem o cara, podia ter explicado no conto.
Gostei do produto final. Cumpriu o propósito do desafio e a relação com a mulher ficou bem exposta.
Conto muito bacana.
Gostei da forma como evoluiu, mostrando a fixação paranóica de Sara culminando com o extremo do suicídio, e de como a paranóia se estendeu ao pós-morte, a indulgência e promiscuidade de William custando-lhe a própria vida. Bem legal como essa permissividade também se estendeu ao outro mundo e de como ele abraçou passivamente a mesma prisão que tinha em vida, com a cena do portão se fechando.
Apenas a já justificada fúria assassina do mendigos é que foi exagerada.
Gostei muito. Parabéns.
É estranho. Eu não tenho certeza se gostei…
Talvez eu tenha que deixar a história se assentar um pouco, porque acabei de terminar… Mas senti uma falta de firmeza no começo do conto, como se você só o tivesse escrito para combinar com o final. Não sei. Talvez tenha sido impressão.
Também não gostei de não saber onde é a cidade em que os dois estão. O narrador fala dos lugares como se fosse a minha obrigação saber onde ficam esses pontos e a direção em que eles ficam um do outro. Achei um pouco de presunção.
Mas não tenho nada realmente de ruim para falar do conto.
Achei um bom conto, no geral.
Respeito a sua opinião e obrigado pela leitura. Mas só pra esclarecer.
A citação inicial – que se repete no final – é uma ferramenta usada para dar um “gostinho” na história e o decorrer do conto monta o trajeto até aquela cena. É algo que eu já li em alguns lugares e gostei bastante. Atiça a curiosidade.
Quanto a cidade. Creio que a grande maioria das pessoas sabe que a Praça da Sé fica em São Paulo. Mas não parti dessa ideia. A questão é que ninguém sabe onde fica a Terra Média e nem por isso questionam Tolkien, entende? Longe de mim querer me comparar a ele, ou ser grosso com você, mas é uma recorrência na literatura a descrição de lugares que você nunca visitou e, em grande parte das vezes, não tem detalhes o suficiente para saber aonde realmente é.
Espero que não interprete mal meu comentário e mais uma vez, obrigado pela leitura e pela crítica construtiva (:
Gostei da alternância dos períodos. Isso com certeza deixou a narrativa mais atraente, até porque o ritmo ficou bem encaixado, levando-nos a perceber todas as sutilezas só no fim. Também gostei bastante da ambientação. Mesmo não morando em São Paulo, pude visualizar cada pedaço da cidade – destaque especial para o portão em si. Que medo, rs! O único senão foi que, para mim, a razão da perseguição dos mendigos não ficou muito clara. Mas isso é provavelmente birra da minha parte. Em suma, ótimo conto. Parabéns!
Primeiramente, obrigado pelos elogios.
A questão da perseguição dos mendigos, eu me baseei em relatos de moradores de rua que alegam que qualquer ‘perturbação da ordem’ como brigas, tentativas de estupros e outras variáveis, são punidas com esse tipo de atitude.
Não tive relatos de morte de fato, mas é um adendo que o conto precisava para se concretizar e que, infelizmente, devem acabar ocorrendo em alguns casos.
Uma boa narrativa, mas pra mim não funcionou tanto como com os outros que leram, rs. Achei um pouco abrupta a primeira passagem, quando aparece o primeiro #, quando ele logo depois já cita a bebedeira, o crack, achei que ficou muito rápido. Talvez seja por conta do limite de palavras, quero acreditar, então acho que seria bom isso ser revisto em uma revisão. Próximo do final, porém, consegui me envolver com o texto, e gostei muito do final. Parabéns!
Argh, e como repeti palavras no meu comentário, só agora que vi, rs. Desconsidere isso, autor, obrigada! =P
Muito bom!
Deu pra sentir a agonia da personagem.
Me prendeu do inicio ao fim.
Parabéns!
Gostei. Dá para dar uma enxugadinha, mas o conto prende a atenção. Final redondinho; clássico.
Boa sorte!
Até agora o melhor texto que li. Bem escrito, narrativa cativante, e história mais ainda, fora que trata-se de fato de um conto e mais, não foi cansativo ler, o que sempre me faz pensar num texto como sendo bom. Parabenizo o autor.
E só uma pergunta, Chinaski é por conta do Velho? Se sim, ganhou “mais pontos” ainda comigo! Hahaha
Sim, Ryan. Saudoso Chinaski, vulgo, mestre Bukowski.
Apesar de não ter bebido tanto dessa fonte nesse conto, minha escrita é fortemente influenciada por ele.
Que beleza! Posso dizer que somos “compatriotas” de influência então. Gostaria de ler mais contos seus, se possível, boneca! Haha
Puxa, excelente conto! Carece de uma revisão mais atenta para ser completamente lapidado, em especial quando à colocação de pontuação e de acentuação, mas nada que alguns minutos não resolva. Os personagens são bem construídos, os diálogos são convincentes, a maneira de escrever cativa e a narração intercalando os tempos prende o leitor!
Gostei muito mesmo! Parabéns para o autor!
Puxa, excelente conto! Carece de uma revisão mais atenta para ser completamente lapidado, em especial quando à colocação de pontuação e de acentuação, mas nada que alguns minutos não resolva. Os personagens são bem construídos, os diálogos são convincentes, a maneira de escrever cativa e a narração intercalando os tempos prende o leitor!
Gostei muito mesmo! Parabéns!
Olá. Por um momento no meio eu achei que fosse virar uma história de “ela morreu eu vou me matar pra ficar com ela”, e eu tive medo haha mas ainda bem que é outra história, uma boa história e bastante benfeita. Achei muito bem escrito, só a natureza exagerada das personagens que não faz meu tipo. Méritos pras falas também, que convenceram. Abraços
Atenção à colocação de algumas das vírgulas.
O conto tem um enredo bem estruturado, a alteração entre o presente e as analepses espicaça a curiosidade do leitor e nota-se a construção das personagens, bem como as suas motivações e os factores que gradualmente levaram ao evento final. A escrita também tem um bom equilibrio entre o tell e o show, e entre os elementos narrativos (descrição, diálogo, etc).
Você escreve muito bem, achei um bom conto, consegui visualizar o tal portão rsrsrsr… Parabéns!
Adorei o conto. Ótima estória.
Um “lavar de alma” nos infortúnios do protagonista… bem feito!^^
Parabéns e boa sorte.
A história prende bem a atenção do leitor, com seus becos e surpresas. Carece de uma revisão mais atenta, mas no geral, o texto é muito bom. Apreciei mesmo a narrativa, diálogos e final. Valeu Boa sorte!
Muito boa história. Carece de revisão, como, por exemplo, no diálogo com Alice: ela inicia a conversa e, logo depois, o autor escreve “- Por que não? – ela lhe respondeu…”.
Apesar de tudo, tem o meu voto. Parabéns e boa sorte!
Só eu fui ao Google Maps procurar o tal portão? 🙂
O ponto do diálogo, na verdade, é o William respondendo a Alice e a postura dela frente a resposta. Relendo agora vi que ficou mal colocado. Obrigado pelo toque.
E a caráter de curiosidade, o portão realmente existe. É um túnel abandonado do metro. Quem mora em São Paulo e costuma ir a Galeria do Rock já deve tê-lo visto por lá.
Mais um vez obrigado.
Gostei do conto e consegui ligar todas as partes. Gostei muito do final e o título encaixou-se perfeitamente. Não tenho muito o que dizer quanto à história. Ficou muito bacana, para mim.
Boa Sorte!
Então, eu achei o conto muito bem escrito, mas ficou confuso pra mim. Acho que uma organização diferente me ligaria mais a história.
Parabéns e boa sorte.
Enfim algo ocorre em algum lugar! E melhor: no Brasil! Somente não sei em que tempo… Texto longo e cansativo… Mas, temos um fantasma; temos uma surpesa; temos um motivo. Temos um dos melhores testos desta coletânea!
Revendo a observação acima não me resta outra ação que pedir desculpas pela grosseria por mim feita. Chega ser desencorajador ser tão contundente em face desta história tão bem produzida… Analisando assim somente me resta pedir perdão a este escritor pelo comentário até quase infantil remetido por mim. Continuo dizendo ser um dos melhores textos que li e remeto votos de boa sorte.