Já dizia o poeta: “João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém.” Quase sempre é assim. Essa história que acompanham agora não émuito diferente. Ou talvez seja um tantinho mais trágica. E confirmo, talvez seja mesmo um tantinho só.
***
Dia de Finados. Raimundo e Firmino aguardam, ansiosos, do lado de fora da casa de Do Carmo. Depois de tanto tempo, até que não têm mais rusgas um com o outro. Já se toleram. Já compreendem que, se estão unidos e não podem cada um seguir seu rumo, é por causa de Do Carmo. Raimundo entende Firmino. Firmino compreende Raimundo. Ou fingem sobre isso, bem fingido, o que é mais certeza. Ambos concordam a respeito de uma coisa, quanto a isso não há dúvidas: Do Carmo é mulher para uma vida inteira. E mais outra. E até mais outra, se a vida do cabra for curta demais. Como tinha sido a dos dois.
Não dá pra negar que Raimundo é o mais bem apessoado. Alto, magro, bigode lustroso e cabelo bem cortado. Depois de tudo o que acontecera, em morte ainda conserva a boa pinta, a classe, o bom gosto. Fosse a situação outra, mais propícia, nunca que Do Carmo olharia para Firmino. Além do mais, tivera emprego bom, gerente de loja bacana. Salário capaz de fazer todas as vontades da mulher, como comprar aquela casa, onde foram felizes por poucos anos. Infelizmente Do Carmo não tinha se contentado apenas com ele. Sucumbira aos galanteios de Firmino, e isso pouco tempo depois da morte do primeiro marido. Até hoje é visível que Raimundo não perdoa a esposa por isso. Se tivesse perdoado, quem sabe teria ido embora? Mas não. O homem sente até dor de corno. Não admite, mas sente. Por isso, nada de partir de verdade desta para melhor. Não se Firmino ficar aqui, usufruindo do cotidiano tranquilo da bela viúva.
– Esquece a minha esposa, homem. De que adiantou essa panca toda de almofadinha? Teu cadáver não tinha nem esfriado ainda e eu já tava era todo à vontade, na cama da Carminha. Mais do que na cara que até hoje ela chora é por mim – a diversão pós-morte de Firmino era provocar o rival, com toda a certeza desse mundo de que falava a verdade. Era bom sair daquele marasmo todo de vida além-túmulo. Quisera ele poder passear tranquilo nos botecos que frequentara em vida, comer água da boa na macumba, agora que tinha tempo para isso. Mas não tinha coragem de deixar Carminha. Não podia tirar o olho de Raimundo também. Vai que ele apronta algo em sua ausência? Melhor não pagar pra ver.
Firmino não é de boniteza, embora tivesse o corpanzil forte. Músculos de estivador, cabelo e pele queimados de sol. Conquistara a mulher com um sorriso, que a bem da verdade funcionava com todas. Ele, porém, tinha percebido que a viúva era diferente, não era mulher de estar só, chorando a morte de um companheiro. Era mulher pra ser bem tratada e cuidada. Era dona pra ser respeitada e quase adorada. Era, disse bem. Depois da passagem, o segundo marido agora quer mais é que Do Carmo fique sozinha. Não pode haver um terceiro. Firmino duvida até hoje que sua mulher, a única que levara ao altar, tendo conhecido a verdadeira paixão em seus braços, seja capaz de sentir qualquer vontade de dormir com outro.
– Homem igual a ti ela encontra fácil por aí. Pare de se gabar de seus dotes sexuais – avisa Raimundo, sem conseguir se controlar. Sente-se melhor avisando o rival, jogando-lhe nas fuças o que ele acredita ser a verdade. Bem que ele preferia não poder ler os pensamentos do outro, mas não perderia a oportunidade por nada nessa vida – ou por nada nessa morte – de fazer o outro enxergar a realidade.
O ex-estivador está pronto para dar uma resposta daquelas bem dadas, quando a porta da casa se abre e Do Carmo sai de lá, bela como sempre. Nesse dia ela está um tantinho diferente, os dois notam. Parece estar angustiada com alguma coisa. E cadê o véu, aquele que sempre usa quando vai visitar os túmulos dos maridos falecidos? Surpreendem-se mais ainda quando a mulher vai para o outro lado, em direção contrária à do cemitério, passos apressados, um tanto cambaleantes.
– Que é que deu nela? – os dois pensam quase ao mesmo tempo, olhando-se sem nada entender. Claro, resolvem segui-la e logo chegam ao destino: uma casa antiga, de muro baixo e portão de grade. Raimundo lê a placa:
Leci – Médium Vidente
Consultas pessoais ou à distância. Tarô. Atendimento de vidência e benzedura grátis. Trabalhos de magia branca, negra, santaria. Todos os trabalhos são feitos após consulta detalhada sobre o problema. Encontro de entes queridos no mundo espiritual. Faço e desfaço serviços.
– Mas é uma charlatã! – exclama Raimundo. – Acaso o que é que Do Carmo está querendo, vindo até aqui?
– Nem precisei ler a placa, conheço essas bandas aqui. Essa é a casa de Dona Leci, quem não sabe da mulher que benze a filharada dessa gente toda do porto? E você, com esse estudo todo, homem, não percebeu? Aposto o meu fígado, agora que o bicho tá morto, que ela quer notícia da gente! Bora ver isso!
Raimundo está quase para dizer que não, que jamais que entraria em um lugar daquele, mas só lhe resta seguir o sucessor, que já vai atravessando as paredes, lépido, sem nem olhar para trás.
Lá dentro veem Do Carmo em um canto, sem piscar, a olhar para o nada. No meio da sala, uma mesa e duas mulheres sentadas, uma de frente para a outra. Só Firmino reconhece Dona Leci, concentrada, mas a outra… É reconhecida pelos dois. E o susto foi grande!
– Do… Dona Serapiana! – exclama Raimundo, esquecendo-se de que não pode ser visto, fazendo um cumprimento respeitoso para a senhora idosa, meio envergonhado.
– Ora, ora, mas se não é a estimada sogrinha, a jararaca surucucu? – Firmino faz uma careta. -Essa mulher era o cão pra mim, homem, eu que não faço cumprimento, quero mais é que ela vá direto ter com o tinhoso, quando passar pro lado de cá!
Os dois se calam, quando Dona Leci solta um suspiro profundo e começa a dizer, de olhos fechados:
– Hoje consigo sentir uma presença espiritual entre nós, minha irmã.
– Irmã? – pergunta Raimundo. – Que história é essa, Do Carmo então era sobrinha dessa daí?
– Deixe de ser besta. Ela trata todo mundo como “irmã”, “irmão”, é normal esse povo vidente chamar os outros assim.
– É ela, Dona Leci, é ela? – pergunta Serapiana, sem conseguir esconder certo desespero.
– Sim, minha irmã, é ela. Mas… Ela apenas nos observa. Por enquanto não quer dizer nada.
– Filha, querida! Maria do Carmo, filha! Sei que pode me ouvir, venha, fale com sua mãe! -Dona Serapiana não consegue se controlar.
Firmino sente uma coisa estranha ao ouvir aquelas palavras. Vira-se para Raimundo, depois para Do Carmo, que ainda está quieta, imóvel, o rosto angustiado. Quando vira de novo o rosto para o quase amigo de além-túmulo, vê que a expressão deste é de quem está começando a entender, mas sem querer acreditar.
– Como assim? Do Carmo também é alma penada? – pergunta Firmino. – Quando é que foi? Como é que…!
Dona Leci, parecendo sentir dores atrozes, alterna gemidos e pedidos a Do Carmo.
– Tende piedade, Do Carmo. Sabemos que está aqui. Não te desejamos mal, queremos apenas ajudá-la. Tua mãe sofre com tua partida. E tu, Do Carmo, também precisa descansar em paz. Se precisar falar através de mim, estou pronta, não tenha medo!
Os dois ex-maridos observam Do Carmo começar a caminhar, saindo de onde estava e se aproximando de Dona Leci. Receosa, ainda parece ter medo, mas o espírito da mulher encosta-se à vidente, tocando-lhe a garganta.
“Perdão, mainha. Perdão por tudo o que fiz. Agora vejo o quanto errei.”
– Ô, filha, filha, por que fez aquilo com seus outros maridos? Não, eu não posso acreditar!
“A verdade é essa, causei a morte dos dois. A de Raimundo, para poder ficar com Firmino. E a de Firmino, quando vi que ele não prestava. Estava cega de ciúmes.”
– Ah, filha, o seu pai está quase à morte, de tanto desgosto.
“Mainha, não adianta lamentar.”
– Você precisa de paz, Do Carmo. O que posso fazer? Como posso ajudar, filha?
“Continue fazendo o que faz, mainha querida. Estou tentando fazer a minha, ainda errando. Um dia acerto. Cuide de painho, ele precisa mais que eu da sua caridade. Bem que eu queria encontrar Raimundo e Firmino. Pedir perdão. Às vezes acho que vou vê-los, parece até que estão perto, mas não, é só impressão, uma impressão estranha. Reze pelos dois também, mainha.”
Do Carmo não espera que a mãe lhe responda. Desfaz o contato com a vidente, sai cambaleante dali. Raimundo faz menção de segui-la, afinal ele também queria vê-la, não importava se agora ele sabia que era defunto por causa dela, mas é segurado pelo outro, o outro por quem Do Carmo disse ter matado por amor, na primeira vez, e por ciúmes na segunda. Firmino aponta para as duas mulheres, indicando com um gesto que ele deve prestar atenção.
Dona Leci, ainda se recuperando do esforço que fizera, toma aos goles de uma água benzida, de um copo sobre a mesa.
– Ela ainda está bem confusa, Dona Serapiana. Pude sentir todo o desespero dela.
– Que sina a minha, meu Deus, que sina! Uma filha capaz de cometer tanta ruindade! Raimundo era bom homem, homem correto. Depois, o Firmino. Não valia o que comia, traía minha filha com qualquer uma que aparecesse… Mas não merecia ter morrido como morreu, misericórdia. Depois, o Anselmo. O terceiro marido. Disse ter agido em legítima defesa, e eu duvidei. Agora sei que ele estava certo, coitado. Por pouco não teve o mesmo destino dos outros dois. Ah, Dona Leci!
Se as duas pudessem ver Raimundo e Firmino naquele momento – e sabe-se lá por que Dona Leci não podia vê-los, faço-me a mesma pergunta, compartilho da dúvida que acredito estar na mente de quem lê o meu relato nesse exato instante, estejam certos, se alguém pudesse ver os dois pobres espíritos agora, diante de tal revelação, perceberiam a tristeza compartilhada por ambos. Era uma tristeza de perceber que tinham devotado, cada um à sua maneira, uma admiração por Do Carmo que nem de longe a viúva merecia.
Quando Raimundo finalmente sai do local, cabisbaixo, Firmino o acompanha. Param diante do portão, em silêncio. Não há mais nem sinal de Do Carmo, que acreditam ter voltado para casa, de onde saía apenas para visitar o túmulo dos ex-maridos. Desta vez, os dois compartilham da mesma sensação: não querem mais encontrar a mulher, nem mesmo sabendo que ela não os pode ver. Querem distância daquela imundície toda.
– Não estou com raiva de você, fique tranquilo – afirma Raimundo.
– Diacho de mania de ler meus pensamentos, homem! Bem podia me ensinar como é que faz isso! Mas olhe, que bom que não está sentindo raiva. Pode estar certo de uma coisa, se eu soubesse da verdade, nunca que tinha ficado com Do Carmo. Que desilusão!
– Antes tarde saber da verdade do que nunca abrir os olhos, camarada… Mesmo que tenha sido da pior maneira possível. E agora, o que fazemos? Voltamos para o túmulo? Talvez alguém vá lá, nos buscar…
– Olhe, caro Raimundo, eu tô mais é com vontade de dar umas voltas ali pelos bares que eu frequentava. Rever alguns amigos, ver como andam as coisas por lá. Por que não vem?
– Mas e hoje não é Dia de Finados? Tem bar aberto nesse dia? – Raimundo encena uma recusa, mas sente-se tentado a ir.
– E não? Venha ver com seus próprios olhos! E te digo mais! Se a gente der sorte, até topamos com uma ciganinha perdida em alguma encruzilhada por aí. Só esperando pelos nossos galanteios, homem!
Raimundo segue o ex-rival. Já não sabe de mais nada. Só sabe que não quer mais pensar ou sofrer por Do Carmo. Com ciganinha ou não, a vontade dele é dar um bom trago em um charuto, beber um bom uísque. E ver o que acontece.
***
E eu agradeço a Vossa Senhoria, que leu até aqui essa história que eu tinha pra contar, foi mais ou menos desse jeito, tentei ser fidedigno e acho que consegui. Quem sou eu? Alguém na mesma condição de Raimundo, de Firmino, provavelmente um pouco mais lúcido, um pouco mais vivido. E disposto a contar uma boa história, assim como fazia em vida. O que aconteceu com Do Carmo, Raimundo e Firmino não faço a mínima ideia. Deixo isso para sua imaginação, leitor. Já de Anselmo, o terceiro e ainda vivo marido da desafortunada, tive notícias recentemente. Casou-se com Veridiana Almeida Castro, que não tinha entrado na história. E por enquanto são felizes, segundo o que tenho sabido por aí. Até mais ver.
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Ótimo conto. É um dos meus favoritos. Boa sorte!
Valeu a torcida, Edson! Obrigada!
Gostei do texto.
Os personagens são bem carismáticos, a trama é simples, mas envolvente. Além disso, a revelação final, (acho que seria mais preciso dizer “as revelações”) além de me surpreender, se encaixou com muita naturalidade na narrativa.
Um bom conto, provavelmente entra no meu top. Parabéns.
Obrigada, Leandro, pelo comentário! =)
Muito bom! Um dos melhores que li neste desafio. Achei interessante a ideia de “camadas” no além, onde fantasmas de um “nível” não conseguem ver os de outro. Isso até poderia ser melhor explorado e o autor tem talento de sobra pra isso. Mas daria dó mexer, né? Está ótimo do jeito que está. Parabéns, um grande abraço e boa sorte!!! 🙂
Oi, Carlos, obrigada pelo comentário. Essa questão das camadas eu resolvi colocar porque, no início, não era para a Do Carmo ser como os dois ex… Mas depois resolvi que seria dessa forma, e tinha que ter uma explicação, rs… Só que isso está de acordo com a doutrina espírita, rs. 😉
Muito bacana e divertido…hahaha. E o pós-vida dos dois melhorou bastante depois da descoberta. Bora ver! Parabéns!
Obrigada, Frank! Até no pós-vida temos que procurar qualidade, hahah! 😉
Olá. Demais sua escrita, amigo, fiquei super entretido, não pensei no escritor por trás do texto, não teve nenhum momento de quebra da leitura, nenhum clichê nem nada, muito legal mesmo. Acho que o texto não vai durar muito na minha memória, na sinceridade, porque o enredo não é muito e acaba meio sem fim mesmo, mas tá muito bem escrito. Abraços
Obrigada, Caio! Sim, é um enredo simples, né? Dá até pra encenar uma peça a partir dele, me ocorreu agora.
Gostei bastante do conto,a escrita então está perfeita para a ideia central.
Não gosto de textos nessa linha,mas esse me cativou.
Boa Sorte!
Obrigada, Paula!
Hahah Muito bom, muito divertido, escrita muito bem dosada, e simpático o narrador. Muito bacana o desfecho, que arremata o conto com o resto do poema do Drummond, tudo redondinho. Gostei também da estrutura, da pequena reviravolta na cena com a vidente.
Valeu, Raione! E que surpresa boa você aqui!
Gostei bastante da regionalidade e do narrador personagem.
É uma surpresa a condição de Do Carmo, com certeza.
Parabéns.
😦
hahaha
Obrigada, Tom!
Gostei. Um causo bem contado, sem mais delongas, com personagens bacanas, uma história intrigante e curiosa, além da escrita leve e impecável.
Obrigada, Fernando!
Eu tiraria esse trecho do final, porque já está claro que é assim.
“Quem sou eu? Alguém na mesma condição de Raimundo, de Firmino, provavelmente um pouco mais lúcido, um pouco mais vivido. E disposto a contar uma boa história, assim como fazia em vida. O que aconteceu com Do Carmo, Raimundo e Firmino não faço a mínima ideia. Deixo isso para sua imaginação, leitor.”
Ótimo conto! Gostei de não saber desde o começo que eram fantasmas. Achei a ideia original.
Obrigada pelo comentário, Mariana. Quanto ao final, tô pensando em mexer, mudando alguma coisa, sim. Mas quero manter a característica do narrador.
A levada de causo do conto instiga a leitura. Cheguei ao final dele sem nenhum esforço.
Apesar de alguns colegas alegarem ser um final muito ‘calmo’, caracteriza bem o sentido de história contada.
Para mim, um conto acima da média.
Obrigada! E sabe, eu gosto desse final… Mas acho que vou mexer em alguma coisa nessa parte, mas não vou mudar o principal… 😉
Que texto delicioso! Como dito me lembrou na hora Dona Flor de Jorge Amado, mas com uma pegada diferente. Desconfio que o autor também é baiano por alguns termos utilizados, principalmente o “comer água”, esse eu só ouço em Salvador.
Só fiquei um pouco decepcionado com a conclusão, que achei deveras simples. Para uns fantasmas que acabaram de descobrir que veneravam a assassina de ambos, se acomodaram muito rápido. Mas nada que diminua a qualidade do conto.
O toque do “contador de histórias” abrindo e fechando a narrativa foi genial.
Muito bom!
Agradeço por seu comentário! Não sou baiano não, mas tenho amigos de lá que me ajudaram com essa expressão, que achei bem interessante, rs. Quanto ao final, sabe que tinha escrito outro, mais dramático, em que eles se revoltavam e tudo mais, mas não me agradou, achei muito dramalhão. Então embora eu tenha buscado inspiração nos textos de Jorge em quase todo o texto, nessa parte eu fui mais pelo lado do Suassuna, em um final a la “Auto da Compadecida”, deixei assim mesmo.
O conto é bom. Um tom diferente, com uma abordagem diferente. Não tive grandes surpresas na história, apesar de ter apreciado bastante a introdução e a conclusão do narrador – e chegar a conclusão que foi um jeito bem divertido de começar e terminar o conto. Sem mais. Parabéns!
Ah, agradeço pelo comentário, fico feliz.
Como já dito por outros, boa história apesar de precisar de uma pequena revisão.
Tal como a Thata, gostei da Do Carmo estar morta, foi bem legal chegar à isso.
De resto, parabenizo ao autor pelo texto!
Sim, confesso que não revisei muito, inclusive já mexi nele desde então. Nada como os outros pra pegarem isso no nosso texto. Agradecido pela leitura!
Após ler uma série de observações sobre os comentários por mim postados neste concurso e suas respectivas respostas (infelizmente) concluí que fui tomado de certa pobreza de espírito. Em certos momentos nem fui técnico, muito menos humilde. Mas, novamente, reforço meus positivos comentários, declarando votos de vitória! Parabéns!
Grato, mais uma vez. E fico feliz por você!
Aaaaah! Que texto bacana!!! De inicio, já me remeti ao grande Jorge Amado, com Dona Flor e Seus Dois Maridos. Não consegui ler o texto com outra percepção e, como sou fã de Jorge Amado, você merece sem duvidas o meu top 10. O grande mote e a grande sacada do conto foi a Do Carmo estar morta… Só ainda não entendi como ela não podia os ver!
A propósito, a linguagem despojada é deliciosa!!!! Meus sinceros parabéns!
Oi, Ana! Então, para a história correr do jeito que eu queria, essa coisa da mulher não poder ver os maridos se explica lá na doutrina espírita, quando vemos que há espíritos em sintonias diferentes também… Ou em graus de evolução diferentes. Aí às vezes isso pode acontecer. Ela estava muito mais apegada à vida terrena, por seus crimes, então supus, para o bem do meu conto, hehehe, que eles estavam um pouquinho melhores espiritualmente que ela, coitada, hehehe. E Dona Leci pode ter o dom de se comunicar com espíritos mais “atrasados”, digamos, aqueles que estão mais próximos de nós… Quanto à linguagem, agradeço! Mas depois já peguei umas repetições desnecessárias que já consertei por aqui. Valeu o retorno!
Definitivamente um dos meus favoritos: a história trágico-cómica, o twist, o tom narrativo, as personagens… Contrariamente ao que já vi na opinião de alguns dos outros leitores, gostei também do final, deixado em aberto para o trio principal, e dando as respostas para personagens mencionadas.
Oi, Inês! Eu entendo quanto ao final, quando dizem que não gostam às vezes. A maioria entende o final como a culminância da coisa. Eu posso não gostar de um final, mas não critico o autor por não ter feito o final que eu gostaria… Mas bato palmas para aqueles que conseguem um final apoteótico da coisa. Eu confesso que ainda preciso de muito tempo de “treino” pra conseguir isso… E enquanto não consigo, vou tentando! Coisa melhor não há… 😉 Agradeço pela leitura e pelo comentário!
Linguagem muito refrescante, quase cantada. É sempre bom ver histórias contadas com jeito de nordeste. Aliás, o texto todo me lembrou os prosistas nordestinos. De uma maneira muito boa. Difícil ver textos bons assim de ler assim, soltos na internet.
Enfim, gostei muito.
Opa, Gustavo, gosto muito de Ariano Suassuna, Jorge Amado… Não quis imitar, mas procurei inspiração neles, sim! E ainda Drummond veio me dar uma ajuda que não reclamei, hehe!
Rs! Gostei bastante! Mesmo (por minha própria culpa…) já sabendo sobre o estado de Carminha, fiz uma viagem bonita pelo além-mundo e gostei bastante do tom dado ao conto, nas palavras de um narrador tão irônico quanto a vida (ou seria “em” vida), beirando de leve o sarcasmo (sempre achei as duas – ironia e sarcasmo – bem próximas, mas aqui elas chegam a se “tocar”… rs!) e, para finalizar, também gostei da escolha dos nomes, principalmente da Sra. Veridiana.
😉
Um ótimo conto. Vai para o meu Top 3, certamente.
Parabéns!
. 🙂 .
Ricardo, fico feliz que tenha apreciado. Nomes… Adoro nomes antigos! =)
Muito bom! Adorei!
Tem aquele temperinho brasileiro, aquele gosto de causo, aquele tom que deixa tudo mais real.
Um dos melhores até agora!
Parabéns!
Opa, valeu aí, hein, Bella?
Gostei bastante. Alguns diálogos me lembraram o filme ”Cine Holyúdi”, que tem esse trato nordestino. Achei bastante divertido e com bons personagens. Só não gostei do final. Eu encerraria o conto sem esse recado do narrador. Apesar de também não ser o meu tipo de final preferido, acho que a cena dos dois indo para o bar encerraria melhor, sem precisar do recado depois. Bom trabalho 😉
Ah, sim, é uma possibilidade. E eu pensei em fazer isso, porém queria dar notícias de Anselmo, sem muita “enrolação”, então nada melhor do que o narrador, pra concluir a história e fazer essa parte, rs. Bem capaz de eu reescrever a história, tirando o narrador no início e no fim, acrescentando o Anselmo na ação do conto, de alguma forma. Valeu!
Gente, por favor, por favor, por favor, vamos avisar sobre spoilers nos comentários. A menos que eu seja o único chato que os lê antes de o conto em si, haha. Tipo, nem li o texto ainda e já sei quem tá morto e quem não tá. =//
Hunf, srta. Thata Pereira.
Eu até pensei nisso, mas Felipe, se você lê os comentários antes do conto, automaticamente você ESTÁ PROCURANDO SPOILER!!! rs’
Thata… Me entregou o ouro, também… 😦
Bem… Vou lá ler o texto, né… SABENDO QUE A DO CARMO JÁ ESTÁ MORTA!!!
#Fazeroquê, uai…
Preciso me conformar que só eu sou uma louca procuradora de Spoilers! :p
Ok, Ok
Marco meus próximos comentários com **SPOILER** daqui em diante.
😉
Não costumo gostar de contos assim, com esse tipo de escrita, porém gostei bastante desse!
Um forte candidato e merece o top 10!
Parabéns e boa sorte!
Agradeço, Jefferson!
Caramba, gostei muito deste conto. O mote, o regionalismo, os diálogos, a ambientação… É tudo leve, despretensioso, enfim, uma leitura adorável. Só senti falta de um final à altura, algo que amarrasse as pontas, talvez com uma interferência do terceiro menino, quer dizer, do terceiro marido. Não que tenha ficado ruim esse fim, mas para mim soou um pouco como um pedido de desculpas do autor. Em suma, um conto ótimo, com direito a like imediato, ainda que mereça, na minha opinião, um final melhor.
Opa! Só com esse “like imediato” já fiquei feliz, vixe! Quanto ao final, foi o velho medo de dar mais pano pra manga e estourar o limite. Eu já tinha produzido o texto inteiro, mas da metade pra frente, era uma pieguice que nem queira saber, com direito a passeio de barco romântico, Firmino vingativo e tudo mais. Me incomodou muito isso. Aí depois fui pensar nessa situação toda com a vidente. Quase fiz o terceiro menino, ops!, terceiro marido ir até lá, em vez da sogra. Quase ia assassinar o Anselmo também. Mas aí o Drummond não deixou, rs. Ou seja, achei melhor parar por aí. Valeu! 😉
Bom texto! Digo mais: um dos melhores que li! Enfim algo que ocorre em um Brasil, com regionalidade! Somente deixa de ser excelente pela mistura de correntes: tem momentos que penso estar no sertão em de Jorge Amado, com Dona Flor e Seus Dois Maridos! Um pouco mais de originalidade seria necessário! Outra coisa que faz perder pontos é o susto: conto de fantasma sem susto é a mesma coisa que feijão sem arroz…
Gunther, confesso que, por não ter pesquisado muito os regionalismos, não quis abusar deles, apenas é certo que se passa em um lugar da região Nordeste. Penso em sanar isso com mais calma, mais à frente. Também fiquei com medo de exagerar no regionalismo e meu conto virar uma novela das nove, escrita por Aguinaldo Silva, coisa pelo qual eu não me perdoaria. Pô, mas e o susto do Firmino ao descobrir o real estado de Do Carmo? Confesso que não me assusto com conto de fantasma nenhum. Só sinto tensão, desespero, aflição… susto não levo, garanto! Valeu a leitura!
Ih, misturei tudo na minha cabeça: Drummond e Jorge Amado. Vi Dona Flor e Seus Dois Maridos aí, não sei bem por qual razão, talvez o regionalismo. Gostei muito porque fui pega de surpresa pela condição da personagem Do Carmo. O final com o discurso direcionado ao leitor não me incomodou, pois ficou bem encaixado e fechou com êxito a narrativa. Boa sorte!
Claudia, só posso te dizer uma coisa: bingo! Primeira referência minha foi Jorge Amado. A história de Dona Flor e os dois maridos não me saía da cabeça. As referências ao texto de Drummond vieram depois, quando me angustiei pelo rumo do conto a partir da metade dele. Aí lembrei, não sei por que, do “Quadrilha”. E fiz as adaptações ao enredo! Que bom que meu narrador intrometido e metido a contador de histórias não lhe incomodou! Sabia que corria esse risco, mas resolvi arriscar, porque foi da forma como pensei. Abraço!
Tá vendo? De vez em quando, eu acerto. Quanto ao risco, acho que todo escritor deve sair da zona de conforto e arriscar mesmo. No seu caso, valeu a pena. Sempre vale, né? Abraço. 🙂
Gostei do conto! Sabe, esses finais com interferência do narrador costumam me desagradar muito, mas duas coisas fizeram com que isso não acontecesse: ele começou com a mesma interferência e o regionalismo.
Gostei muito do fato de Do Carmo também estar morta e ter sido culpada pelas mortes.
Boa Sorte!
Oi, Thata! Que bom que gostou. Pouquíssimas vezes usei um narrador tão intrometido. Mas como eu só conseguia vê-lo dessa forma, resolvi arriscar. Agradeço pela leitura e pelo comentário!
Uma leitura agradável pra mim, que gosto de contos com ar “regional”, ainda que não me mostre de onde é. Consegui entender bem a questão dos três maridos, qual estava morto e qual não. Confesso que esperava outro final, mas achei que assim também ficou legal (ih, rimou!).
Agora me deixou na curiosidade: em qual final você pensou? Pergunto porque também imaginei outros, cheguei até a escrever o final de outra forma, mas não gostei. Para escrever esse texto, tive que reescrever tudo, a partir da saída da Do Carmo da casa dela.
Boa história, talvez assoprada pelo fantasma do grande Drummond. Carece de pequenas revisões e apesar do regionalismo dar um toque especial, tragicômico, me embolei um pouco lá pelo meio, até entender que não eram três “maridos mortos”.
Boa sorte!
Sim, grande Drummond! Ah, se fosse possível, gostaria de saber onde seria necessária essa revisão, li várias vezes, mexi em muita coisa, reescrevi algumas partes, então tenho receio de que de repente tenha alterado errado algo que depois nem vi. E queria saber também porque achou que eram três maridos mortos, em algum momento? Bem, isso é possível acontecer até a hora da revelação da sogra, foi essa a intenção, mas se puder apontar onde houve a falha, agradeço muito.
Salve Jorge!
As “pequenas correções” a que me referi são pequenas mesmo, mínimas. Coisas do tipo: “Depois de tudo o que acontecera, em morte ainda conserva a boa pinta…” talvez ficasse melhor: “Depois de tudo o que acontecera, em morte ainda conservava a boa pinta…”. Ou a vírgula que deveria existir depois do advérbio em “Infelizmente Do Carmo não tinha se contentado…”. Nada, absolutamente nada que tire a força da história.
Me “embolei” lendo o trecho “Depois da passagem, o segundo marido agora quer mais é que Do Carmo fique sozinha. Não pode haver um terceiro.”. Foi um erro meu: achei que “havia um terceiro”. Só fui entender depois da frase “Por pouco não teve o mesmo destino dos outros dois.”.
Boa sorte!
Entendi. Mas no caso do tempo verbal, é porque ele está narrando no presente, como se estivesse vendo tudo naquele momento. “Depois de tudo o que acontecera, ainda conserva…” (porque conserva naquele momento). Talvez devesse ter usado “aconteceu”, não sei. É um ponto a ser verificado, com certeza. Quanto à vírgula, pode ser! Fiquei em dúvida agora e vou conferir também. Tenho um pé atrás com vírgulas que você nem imagina! Sempre acho que estou colocando mais do que preciso! Mas valeram as dicas, hein! =D