“Ela era branca, branca.
Dessa brancura que não se usa mais.
Mas sua alma era furta-cor.”
Mario Quintana
♫ Dó ♫
Ela acabarade chegar ao vilarejo de Kamenica e devia beirar seus trinta anos. Morava sozinha em um casebre na montanha, que se localizava de frente para a igreja, com ares de um passado medieval, onde a modernidade ainda não havia tocado com suas mãos fogosas. O vilarejo era pequeno, tranquilo, com seus ilustres duzentos e três habitantes. Dava aulas de piano para as crianças e era sempre muito alegre e amorosa, com vestidos azuis anis e sorrisos floridos, que marcavam seus ares joviais, como que nascidos na primeira manhã.
***
Este conto faz parte da coletânea “Devaneios Improváveis“, Primeira Antologia EntreContos, cujo download gratuito pode ser feito AQUI.
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Um conto muito agradável.
A única critica que teria já foi mencionada e diz respeito à aceitação de Ravenna frente ao encontro com o fantasma e, talvez, ao rápido romance que se desenvolve. Mas não creio que essa seja um preocupação do autor. Talvez a aceitação improvável tenha sido o que foi buscado, vide a resposta poética da ruiva ao convite do fantasma.
Não posso falar da separação do conto de acordo com as notas. Não entendo absolutamente nada de técnicas de musicais. Imagino que o ritmo da narrativa tenha acompanhado o das notas (ritmo das notas? Isso está certo??). Pareceu uma ideia bacana.
Bom conto. Parabéns.
Muito bem escrito e a viagem ao outro lado, soberba. Só não me “apetece” a linguagem poética demais. Um conto excelente; parabéns! Ah, me lembrou um outro, do desafio dos cemitérios, um sobre uma batalha na Síria, acho.
Olá. Eu tava lendo todo prosa e tal, e tava até bacana, meio plástico pro meu gosto, mas vá lá… até chegar o ‘Sol’. O último parágrafo dessa parte eu achei tão falso… mas falso além do propósito da candura do texto. Essa resposta dela pro fantasma me broxou tanto que li o resto todo meio sem vontade, aí tudo que eu achava meio estranho começou a incomodar de vez. Tudo é muito o que aparenta, sem profundidade nenhuma… até o mocinho é O mocinho de contos de fada, se recusando a lutar na guerra… E a protagonista é completamente idealizada, e é tudo muito brilhante, tudo muito alegre no seu conto, sei lá, achei plástico mesmo, não deu pra engolir. Ficção, eu sei. Você faz o que você quiser, eu sei. Eu não gosto, apenas. E me propus a comentar tudo, então… acho que é melhor isso que se eu não dissesse nada, né? Foi a minha experiência de leitura, de qualquer jeito. Ah, tem umas frases soltas muito boas, só pra registrar. Abraços
Que pena que não gostou, Caio. Não se pode agradar a gregos e troianos… Só pra constar, a intenção foi fazer um belo texto mesmo, como uma pintura em um quadro. Assim é o amor…
Abraços!
Amei o conto,a leitura me prendeu do inicio ao fim.
Muito bem escrito e desenvolvido de maneira leve.
Parabéns!
Bos Sorte!
Gostei muito da ideia, uma mulher que passa uma temporada, um dia, no mundo dos mortos, para aplacar a solidão de um fantasma. Também achei bem interessante a “necrópole” como duplicata exata de uma cidade habitada pelos vivos. Mas a atmosfera e os motivos fortemente românticos do conto, assim como um certo tom artificial na narração como um todo e nas descrições (a impressão de que as descrições estão carregadas da irrealidade própria de uma vitrine de loja, uma impressão que não sei definir bem, o que torna minha crítica injusta, é verdade), me afastou do conto. Também me incomodou um pouco a função muito acessória que a guerra da Bósnia recebeu na história.
Não gostei muito do enredo por questão de estilo mesmo, mas pô, ficou bom, heim.
Tem umas frases marcantes e gosto disso em textos..
”O dó que sempre retorna ao dó.” É vero…parabéns
Excelente!
Li ao som do pianista, mas não consegui encontra a música citada no último parágrafo. Ela existe?
Todo o resto que eu tinha para dizer já foi dito.
Parabéns!
Tom, essa música existiu apenas na mente desse autor que agora vos fala… Agora, leia o nome dela invertendo as letras das palavras. Muito obrigado!
A história de fantasma mais encantadora que já li.
“Sua alma perambulou sem paz, sem descanso, até que visse a figura encantadora da professora de piano.” Num seria ‘até que viu’?
A narração é encantadora, a leitura mais gostosa que vi por aqui até agora. Bem pesquisada e fundamentada. Linguagem clara. Eu amei a ideia das notas musicais separando as partes do conto.
Achei muito apressado ela concordar de primeira em passar o dia com um fantasma. Ela pareceu nem hesitar.
“Acordou de supetão, sem saber se tinha sonhado ou se tudo que vivera tinha sido só um sonho – um doce sonho.” Creio que uma das duas opções sonho era para ser realidade.
Obrigado pelos apontamentos, Mariana! Tudo anotado. Obrigado também pelo feedback positivo, gostei muito do seu comentário!
Como já citado, a divisão por notas musicais aumentou a sutileza do texto. Eu que me arrisco em tocar violão às vezes, e tenho em mente o som dos acordes, pude ouvi-los a cada pausa.
Afora isso, todo o restante já foi dito pelos colegas.
Meus parabéns ao autor.
Excelente conto.
A separação dos “capítulos” com as notas musicais deu um toque ainda mais lírico ao texto. Gostei muito da inserção do fantasma e da fluidez da narrativa, que seguiu simples e sem sobressaltos, e que pela competência do escritor tornou-se um diferencial.
Esperava uma reviravolta que não aconteceu – ainda bem – o conto seguiu o seu caminho e me deixou bem satisfeito.
Está entre os melhores que li.
Parabéns!
Se eu dissesse que este é um bom conto, estaria sendo modesto. Gostei do enredo simples, das separações por notas musicais, da construção da personagem, da ambientação conceituada e do modo como o elemento “fantasma” foi inserido. O conto imprimiu uma aura singular muito boa e merece, certamente, ser parabenizado. A única ressalva que acrescento é a rapidez inexplicável que a personagem aceitou a companhia do fantasma. Pareceu-me algo muito repentino, talvez justificado pelo limite estabelecido para os contos. Mas, tirando isto, achei um dos melhores textos até agora. Parabéns.
Texto muitíssimo bem escrito, bem acima da média. Não tenho nada a acrescentar, senão meus mais sinceros parabéns ao autor! Boa sorte!
Apesar de totalmente leigo quanto à música, gostei demais do conto! Haha
Como eu disse no conto anterior, eu não posso acrescentar muito nos comentários, os demais colegas já o fizeram, e dessa maneira, só posso parabenizar ao autor pelo trabalho.
Meus parabéns!
Após ler uma série de observações sobre os comentários por mim postados neste concurso e suas respectivas respostas (infelizmente) concluí que fui tomado de certa pobreza de espírito. Em certos momentos nem fui técnico, muito menos humilde. Peço perdão a este escritor pelo comentário até maldoso por mim desferido. Porém, continuo dizendo: um dos melhores textos que li!Aguardo o próximo.
Bom uso das notas musicais para estruturar o texto, e bom domínio da purple prose, sem exagerar, para criar a narração poética. O avanço do enredo tornou-se previsível, mas não me pareceu que fosse intenção fazer grande mistério.
Muito bom esse texto, parabéns pro Doutor Abobrinha!
Obrigado, amigão!
Muito bom! Incrível!
Apenas uma observação, porque pelo que eu vi, ninguém comentou nada. Sei que é uma história de amor e é poética e tudo o mais… Mas… Se um cara me arrancasse do meu corpo e dissesse que vivia me observando porque morreu onde a minha casa foi construída e que queria passar um dia comigo… Eu ficaria, no mínimo, MUITO assustada. Mas ela pareceu de boa com isso. Tipo, Ok, cara. E daí que você morreu?
Achei um pouco falho isso. Mas ainda assim, a forma como o texto foi escrita me conquistou demais e até me fez ignorar esse detalhe!
bellatriz, já leu algum livro do Neil Gaiman? Haha
Coraline ❤
Bellatriz… No mínimo você perderia uma bonita jornada!
Brincadeiras a parte, o tema (fantasma) já não é verossímil, então eu apelei para a literatura fantástica, o que permite a aplicação de situações não tão palpáveis assim. Não dá para utilizar o nosso raciocínio do dia-a-dia em situações inimagináveis e que são impossíveis de acontecer, ok? Senão estraga a magia da própria fantasia do texto.
Obrigado!
A partir de agora, começo minha jornada como leitor do entrecontos. Resolvi iniciar por este belo conto, que gostei muito. Fiquei na dúvida no trecho ” … de onde vinha o som e ficou assustada, quando percebeu que era das mãos…” Então, o som vinha das mãos ou do piano?
No mais, excelente.
Moisés, o nome já diz: o piano é um instrumento musical, algo instrumental, que serve de veículo a algo. Quem produz a música são as mãos e o talento do instrumentista: o piano é um mero “tradutor” das notas produzidas pelo músico.
Muito obrigado, amigão!
Texto belíssimo!
Não é o tipo de texto que costumo ler, ou gostar. Porém, a execução impecável chamou minha atenção. Parabéns por essa bela história de amor!
Boa sorte!
Um texto interessante… Um bom romance… A Divisão das fases pelas notas musicais foi incomum e gostei… Mas, tinha que ser na Bósnia?! Não podia ser mais perto?! Outra coisa: são tantos corpos ou ossadas? Esta resposta determina se os eventos ocorreram logo depois do massacre onde os restos ainda fedem pelas ruas ou se passou em outro tempo posterior! Em resumo: um dos cinco melhores que já li…
Gunther, desculpa, mas tive que rir muitoo do seu comentário: quando o/a autor/a não ambienta o conto você critica, quando ambienta você reclama da localização? hahahahaha
😀
Gostei bastante. Sou um cara romântico, rs. Histórias de amor sempre me cativam e esta, por ser muito bem escrita, me pegou bonito. Gostei da simplicidade da narrativa e do esquema das notas, demonstrando o loop infinito do ciclo da vida. Enfim, um conto para ler e reler e que merece meu like desde já.
Aliás, parabéns ao autor pela ambientação. Só fiquei com uma dúvida: Ratko Mladic era comandante do Exército Sérvio (e não do Exército Bósnio da Sérvia), não? Pelo que lembro, Srebrenica era um enclave bósnio dentro da Sérvia e daí o massacre por tropas comandadas por ele, a mando de Radovan Karadzic, sérvio também.
Vamos às explicações! Bósnia tem duas entidades políticas dotadas de autonomia. Uma delas é a Federação da Bósnia e Herzegovina e a outra é a República Sérvia (que não deve ser confundida com a Sérvia propriamente dita). Assim, Ratko era do exército desta última república, por isso o nome Exército Bósnio da Sérvia!
Quanto aos motivos, foi um massacre étnico contra os bósnios mulçumanos que viviam no referido local, refugiados em Srebrenica, sob a fraca proteção de alguns soldados da ONU. Foi, portanto, um genocídio ao estilo do Holocausto.
Explicações mais detalhadas sobre o massacre, pra quem tiver interesse em saber:
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/saiba+o+que+foi+o+massacre+de+srebrenica+o+triunfo+do+mal/n1596980166285.html
http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Massacre_de_Srebrenica
http://www.onu.org.br/julgamento-do-general-servio-bosnio-ratko-mladic-sera-no-dia-14-de-maio/
Obrigado!!!
A-ham, esse escritor cheio dessas explicações, com referências, links e tal… Um tanto suspeito, ainda mais com esse pseudônimo todo… pomposo, rsss… 😉
Alguma aposta para esse autor que vos fala agora?
Ah, nem arrisco mais. O que eu achava que era, acho que não é mais. Vamos ver… =P
Muito bonito o texto! Gostei mesmo, a leitura fluiu, gostei da história do cemitério, a descrição do que seria o lugar onde a protagonista vive… Parabéns!
Belo texto! Destoa-se dos demais desse desafio, pois encaminha para a beleza do tema, sendo que até agora temos visto mais histórias horripilantes do que histórias assim, que nos contam que a morte tem lá o seu charme. Sim, eu concordo que esse lado fantasmagórico tem uma faceta bem charmosa! Hahaha… Será que é porque eu sou fã de “The Phantom of the Opera” desde a minha tenra infância e não consigo enxergar um fantasma como algo horripilante?
Concordo com a Cássia Leal, realmente parece que o (a) autor (a) se empenhou em escrever a história, o que faz gerar um texto completo, bem arrematado, com personagens bem construídos e com revisão impecável. Interessante também a maneira pela qual a narrativa caminha, dando dicas para o leitor ao longo do texto e depois voltando ao mesmo ponto, fechando algo como um ciclo. Assim, não existem informações soltas, que estão lá ao acaso, mas o texto final está muito bem “costurado”, sem “emendas”. Gostei da poesia sutil que se faz presente, o que de certa forma trouxe beleza ao texto, embora não de forma exagerada, não fazendo perder o fio condutor da história, que poderia se resolver em um belo romance, se o espaço permitisse tal façanha.
Ao contrário da Claudia, minha oitava é a favorita do texto, pois acho que foi o que arrematou o conto, deixando a mensagem clara… Esse capítulo é o que fecha o “ciclo” a que o texto se propõe em abrir desde o início! Se faltasse, receio que não teria gostado tanto como gostei.
Só encontrei um furo na história, já que realmente me parece que o cabelo contorna os óculos e não o contrário! Rsrsrs! Mas esse deslize nem de longe tira a beleza do texto.
Meus sinceros parabéns para o (a) autor (a)!
minha oitava é a favorita do texto = minha favorita é a oitava do texto
Minhas caras colegas, Ana e Cláudia Roberta! Primeiramente, obrigado pelas considerações sobre o meu texto, fico imensamente feliz que ele esteja sendo tão bem acolhido.
Contudo, nessa passagem, não há incorreção. Contornar não veio no sentido de emoldurar, embora também essa observação pudesse ser válida. Contornar veio no sentido de dar a volta, desviar. Imagina a haste dos óculos, em sua parte que se fixa à cabeça. Ela de certa forma dança com os cabelos, contornando-os até se fixar na orelha.
Contudo, grato pela observação, talvez tenha ficado mais fácil identificar como moldura mesmo e a palavra escolhida não tenha sido tão ideal.
Obrigado!
Adorei as notas que me fizeram lembrar dos meus tempos de professora de piano” (Yes, I have a past life)
(…) usava grandes óculos com hastes negras, contornando seus belos cabelos ruivos” – Não seriam os cabelos que contornavam os óculos?
O tema foi abordado de forma leve e poética, por isso não cansa o leitor. Não dá para ficar com medo desse fantasma, mas quem disse que se precisa temer esses seres?
Gostei, achei a narrativa interessante, bem explicadinha a história. Ainda em dúvida quanto ao último dó – a oitava formada – talvez não fosse tão necessário como conclusão. Boa sorte!
Linda história! A trama muito bem elaborada, parece que o escritor realmente se empenhou e até realizou algumas pesquisas para escrever. A escrita, impecável. Uma escrita doce e suave, assemelhando-se a uma bela melodia, como insinua a separação por notas musicais (o que achei bastante criativo). É quase um romance! parabéns ao escritor, ou escritora!
Logo se percebe que o(a) autor(a) vê o tema como bonito e poético. O pseudônimo me chamou muito a atenção! rs’
As notas dispostas ao logo do texto deram um charme encantador e a leitura flui de forma linda. Vou confessar que tenho medo de fantasmas — sim, eu tenho medo de fantasmas. — Mas o conto apresenta uma outra visão.
A morte aqui não é o fim, é o começo. Fiquei imaginando como foi a espera, o desejo por ela. A morte suave, só completou o que a narração transmite: leveza. Como o bater de asas de uma borboleta.
Encantada. 😉
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