EntreContos

Detox Literário.

Vingança (Jefferson Lemos)

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O cheiro de cigarro barato impregnava o pequeno quarto. Um cubículo com paredes sujas e caindo aos pedaços. A lâmpada pendurada no teto era apenas parte da decoração. Uma porta velha e com o verniz descascando, indicava o lugar do pequeno armário. A sujeira tomava conta da superfície do antigo piso de cimento, e deixava o lugar com cara de cortiço, do jeito que ele deveria ser. Havia uma bolsa jogada no canto, e roupas espalhadas pelo chão, com pequenos insetos caminhando sobre elas. O quarto era iluminado por uma vela sebosa em cima de um antigo criado mudo.

O homem jogou a guimba no meio da sujeira. Estava deitado em uma velha cama, e ao seu lado, deitava-se uma mulher. Com o lençol até a cintura, expondo seus seios rígidos e brancos como leite, com bicos rosados como uma flor. Ela era uma deusa que cheirava a jasmim contrastando com a fétida realidade daquele quarto nojento.

– Não aguento mais esse lugar. – Disse a mulher, tampando os seios com o lençol surrado. Eles haviam transado e o cheiro de cigarro começava a desaparecer do quarto, revelando o cheiro de prazer e sêmen.

A mulher tinha cabelos negros e olhos cor de mel. Um rosto afilado e suave, com um pequeno furinho no queixo. Sobre o lençol, era possível ver suas curvas femininas e delineadas.

– Foda-se. – Respondeu o homem, agressivamente, enquanto pegava outro cigarro de dentro do maço que estava ao lado da vela. Retirou o cigarro, era o último. Acendeu na vela e deu uma longa tragada. – Se não quiser continuar comigo – soltava fumaça enquanto falava – a porta da rua é serventia da casa.

– Você é um idiota mesmo. Eu não sei por que continuo com você! – Irada, a mulher levantou-se abruptamente da cama, ficando de costas para ele.

– Sou idiota, mas você não vive sem mim. – Soltando o cigarro, ele se ajoelhou e segurou o braço da mulher tão bruscamente, que ela se virou, deixando o lençol escorrer por seu corpo.

Puxou-a com força e a trouxe de volta para a cama. Colocou-a de costas. Nesse momento, seu membro já estava latejando e pronto para mais prazer. Segurou-a pelos cabelos e quando colocou, eles eram apenas um. Ele se movimentava violentamente para frente e para trás enquanto puxava o cabelo dela, e ela gemia de prazer. A loucura tomou conta dos dois e o único som que conseguiam emitir, eram gemidos indistintos. Como dois animais selvagens acasalando. Ela já havia chegado ao êxtase enquanto ele se preparava. A pressão chegou à cabeça e o jato veio de uma vez, fazendo-o ver pequenos pontos pretos enquanto caia por cima dela, gemendo e respirando pesadamente.

Ficaram naquela posição por alguns instantes, aproveitando o sabor daquele momento único. O cigarro havia caído em cima da cama e feito um pequeno buraco no colchão amarelado. Ele saiu de cima dela, pegou o cigarro e voltou a fumá-lo.

– É só pra isso que você me quer. – Falou a mulher, com certa tristeza na voz enquanto levantava e pegava a roupa do chão, sacudindo para expulsar as pulgas e as baratas.

– Sinta-se honrada por isso – o cigarro já havia sido consumido até a metade. – tem muitas que desejam estar no seu lugar.

– Nossa, é uma honra mesmo ser a sua puta. – Ela já havia colocado o vestido e a meia calça e agora calçava as sandálias. – Eu vou comer alguma coisa. Não aguento mais ficar nesse lugar maldito. Tinha baratas andando na minha roupa, Jack.

– Você está reclamando de barriga cheia, Lorraine. – Falou sem interesse em continuar a conversa. O cigarro havia acabado, e ele jogou a guimba no mesmo canto que a anterior. – Traz um cigarro pra mim quando voltar.

– Você é um fodido!– Ela saiu abruptamente pela porta, e fechou-a com força. A porta rangeu e balançou ao ser fechada.

Jack colocou as mãos atrás da cabeça, estava nu e transpirava no calor daquele lugar apertado. Ele estava pensando que sua vida, no geral, era uma boa vida. Fechou os olhos e com um sorriso no rosto, caiu no sono.

***

Os barulhos da cidade que nunca dorme, faziam uma sinfonia infernal. Até mesmo ali, os sons chegavam de forma torturante. Uma natureza tornando-se pedra e pedindo ajuda, alguém para tirá-la da tortura dos carburadores dos carros e das chaminés das indústrias. O som do desenvolvimento e dos dias atuais.

Sentado em um café decadente, no subúrbio da cidade, ele aguardava impacientemente. O rádio tocava uma versão chiada de Keep On Loving You, e tornava o lugar mais denso e depressivo do que de costume. Ele tomava um café seboso, e dentro do líquido uma listra de gordura era visível. A porcelana da xícara era amarelada. Olhava apreensivamente para o lado de fora, observando a pouca movimentação. O lugar era escuro, e na esquina próxima, a luz do poste piscava freneticamente. Ouviu o barulho do sino e olhou em direção à porta. Uma mulher entrou. Em um vestido vermelho e com cabelos rebeldes, ela era como uma deusa da noite. Foi em direção à mesa dele e sentou-se.

– Você está atrasada. – Ele a olhava friamente. Seus olhos eram estreitos e desconfiados.

– Desculpe. – A voz dela era suave e melódica.

– Onde ele está?

– No quarto, a dois quarteirões daqui. – Lorraine perscrutava o ambiente. Olhava para tudo e para todos, confrontando os olhares que a encaravam – Tem que ser feito hoje, Andrei.

– Você me disse que o traria até aqui. – Ele demostrava irritação. – Vamos logo, não quero ter que esperar mais. – levantou-se bruscamente e derrubou o resto de café sobre a mesa.

– Você trouxe o que eu te pedi? – Os homens não paravam de olhá-la. Ela levantou-se, e saiu acompanhando Andrei.

– Sim – Ele passou a mão pela cintura e a pistola deixou sua silhueta amostra através da camisa.

– Senhor! – Chamou a garçonete. Uma loira de rosto gordinho e com uma roupa manchada por algo que parecia ser óleo de fritura. – O senhor se esqueceu de pagar!

Sem olhar para trás, Andrei abriu a porta e saiu. Lorraine o seguiu e eles saíram caminhando pela noite enevoada e fria, em busca de vingança.

***

Sonolento em cima da cama, Jack estava apenas deitado, relaxando. Ouviu o trinco da porta e o rangido quando foi aberta. Continuou deitado, virado de costas para a entrada, e ouviu o barulho do trinco sendo fechando.

– Espero que tenha trago o meu cigarro – Falou, virando-se. E congelou.

O cano de uma arma estava apontado para o seu rosto. No outro canto do quarto, Lorraine o observava. Ela abaixou-se até sua bolsa, e pegou um par de luvas de látex. Andrei o encarava. Um olhar frio e assassino.

– Que merda é essa? – Olhou para Lorraine, com um olhar que misturava medo, surpresa e irritação. Ela revidava com indiferença.

– Seu filho de uma puta. – Andrei apontava a arma para a cabeça de Jack, e seu dedo coçava para apertar o gatilho. Seu olhar continuava frio. Sua pistola era uma Glock 9mm com silenciador. Lembranças de um passado turbulento e pouco conhecido. – Até que enfim te encontrei.

– Do que você está falando, cara? – Jack já não conseguia conter o medo, e isso transparecia nitidamente em seu semblante. – Eu nunca te vi na minha vida. Isso é algum tipo de brincadeira, sua puta? – Agora seu olhar demostrava uma raiva selvagem enquanto se desviava para Lorraine, que já usando o par de luvas se aproximava, olhando-o com desprezo.

– Você não se lembra de mim? – Andrei transparecia o ódio que não era capaz de conter. – Na prisão. A surra que você me deu. Eu perdi um pouco da memória, mas me lembro do seu rosto. Eu disse que você iria pagar, não disse?

– Você está ficando maluco, cara! – Jack desesperava-se pelo fato de saber que estava sendo confundido com outra pessoa. – Eu nunca fui preso! Quem disse isso pra você? Foi essa puta? – Olhou para Lorraine. Seus olhos a fuzilavam e atravessavam até mesmo sua alma, como espadas. – Fala para ele que isso é mentira. Você sabe que eu nunca fui preso! Anda, conta para ele!

Ela apenas o observava. Olhou para Andrei e viu a confusão em seus olhos.

– Eu te disse que ele iria fingir que não é ele mesmo. – sua expressão era séria e dura. – Eu estou com ele há algum tempo, eu sei do que estou falando.

– Do que você está falando, sua maldita? – O tom de voz de Jack era desesperado e irado, e ele gritava. Virou-se para Andrei e continuou – Ei cara, eu nem sei quem você é. Essa puta está mentindo, eu juro.

– Você vai terminar com isso, ou vai deixar comigo? – Lorraine perguntou para Andrei, com impaciência.

– Não… po… – Foram as últimas palavras de Jack.

Ele olhava apavorado para o cano da arma, enquanto tentava balbuciar algo mais, quando o disparo foi feito. A bala saiu do cano e adentrou seu crânio, percorrendo toda extensão e saindo do outro lado. O sangue espirrou pelo quarto. Seu corpo caiu lentamente, com o lençol sendo tingido de rubro, e o fedor de pólvora infestando o quarto. Lorraine olhava atenciosamente para a cena. O silêncio se instalou no lugar durante alguns segundos, enquanto a vítima caia em câmera lenta. Ela paralisou por alguns segundos, sintetizando a cena e o acontecido, e depois saiu do transe.

– Você tem que ir embora! – Segurou no braço de Andrei. – Você ainda está na condicional, se te pegarem aqui, você já era. – Falou calmamente.

– Tudo bem. Pra quê você vai querer essa arma? – Seu olhar era frio enquanto olhava para Lorraine. – Isso aqui é armamento policial. Se você me encrencar, eu te mato.

– Preciso prestar contas com um certo sujeito. ­– Ela pegou a arma, e o levou em direção ao outro lado da cama. – Vem por aqui, essa porta vai te levar pelos fundos. – Abriu a porta do armário e Andrei foi na frente. Ele entrou e deu de cara com a parede.

– Mas isso aqui é um armário. – Disse, virando-se.

O cano da arma estava apontado na direção de sua testa. Lorraine estava com um sorriso insano no rosto e seus olhos lacrimejavam.

– Agora você não é mais a polícia, seu filho da puta!

O som silenciado da bala cortou o ar, e ele caiu, com um buraco na testa e um olhar de surpresa no rosto. Pétalas vermelhas criaram padrões irregulares na parede do armário.

Ela jogou a arma em cima de Andrei e fechou a porta do armário. Pegou sua bolsa no chão, tirou as luvas e guardou-as. Olhou com certa piedade para o corpo caído em cima da cama, perdido por entre lençóis de sangue e o cheiro de morte, e foi embora, com o barulho do rangido da porta em seus ouvidos.

***

Com 21 anos, ela estava no auge de sua carreira como dançarina.

Trabalhava na Lust Night junto com Laila, sua irmã mais nova. Naquela noite, o expediente terminara por volta das 03h e elas saiam pela porta dos fundos, quando foram surpreendidas por um homem.

– Olá, meninas. – Ele estava para de frente para elas. Tinha uma voz dura e gélida.

– Oi – Respondeu Laila. Lorraine olhava em volta, alarmada.

– Estive observando vocês a noite toda, e devo dizer que são umas gracinhas. – Ele não sorria, e seus olhos estreitos as estudavam.

– Obrigada – Ela estava atônita, e a situação estranha começou a apavora-la. – Mas temos que ir, já está tarde e vamos perder o ônibus se nos atrasarmos.

– Não precisa ter pressa. – Ninguém se movia. – Eu deixo vocês em casa, estou de carro.

– É muito gentil da sua parte, mas vamos ter que recusar. – Ela respondeu, desviando do homem e segurando os braços da irmã. Enquanto Laila a lançava um olhar de repreensão, e sorria timidamente para o homem.

– Ei – Ele falou, andando em direção a elas – Talvez vocês não me conheçam. Sou o Tenente Coronel Andrei Sirjkov. Tenho muito dinheiro, pode ter certeza que essa nossa saidinha não vai ser de graça.

– Desculpe – Agora, o medo tomava conta dela. – mas não fazemos esse tipo de serviço.

– Não ouviu o que eu falei? – Sua voz não deixava transparecer nenhuma emoção – Sou o Tenente Coronel. Acho que tenho direito a algumas exclusividades.

– Me desculpe senh… – Ela começou a falar, mas Laila a interrompeu.

– Não seja tão chata Lo, ele vai pagar. E um bonitão como ele tem direito a exclusividades. – Deu um sorriso travesso, mas o homem não revidou. Ele raramente sorria.

– Sua irmã sabe do que fala. – Uma de suas mãos estava na cintura, e Lorraine estremeceu.

– Acho que é melhor não. – Lorraine falou. Andrei caminhou para frente delas e tampou a passagem. – Desculpe, mas nos dê licença ou eu vou chamar a polícia!

–Eu disse para você que eu pagaria, as coisas poderiam ter acontecido pacificamente. – Agora ele caminhava na direção delas – Mas assim é mais gostoso ainda.

Ela virou-se rapidamente e apavorada, se preparando para correr, enquanto paralisada, com o sorriso travesso substituído por um olhar de terror, Laila observava Andrei se aproximando. Ele sacou a pistola da cintura e deu uma coronhada na têmpora dela, que caiu no mesmo instante. Lorraine tentou correr, mas ele a segurou no braço, e antes que pudesse tentar alguma coisa, sentiu o baque na cabeça e o mundo começou a ficar desfocado.

– E você se esqueceu, sua puta burra, que eu sou a polícia… – A voz ficou distante e o mundo escureceu.

Acordou com um som molhado de fricção, olhou para os lados, ainda sonolenta, e a imagem que viu fez com que todo o sono fosse embora. Sua irmã, deitada com as pernas abertas, enquanto o homem entrava e saia, urrando feito um louco e com um sorriso maníaco. Olhou para ela, piscou os olhos e falou, por entre gemidos e sons abafados.

– Você é a próxima.

O lugar em que se encontravam era um velho galpão, no lado sul da cidade. Estava abandonado há anos, e ninguém as ouviria gritando ali.

Seus olhos estavam marejados, enquanto sem poder fazer nada, via sua irmã sendo violentada. Ela tinha um olhar enevoado e distante, não sabia o que se passava naquele momento. Estava drogada. Lorraine havia sido amordaçada. Seus pés e mãos inutilizados, a única coisa que restava era presenciar tudo aquilo. Fechou-se em seu mundo tentando encontrar um modo de sair daquele pesadelo, quando um som a tirou de lá. Era o homem urrando de prazer. Despejou tudo dentro de Laila e em seguida, sentou-se no chão, olhando para ela pesadamente e respirando fundo devido ao esforço. Levantou-se e saiu do campo de visão.

Chorando, ela olhava para a irmã, que agora inconsciente e imóvel, sangrava por entre as pernas. Permaneceu daquele jeito por alguns minutos que pareceram uma eternidade. Até que ele veio em direção a ela, saindo da escuridão, completamente nu. Antes daquele momento, ela ainda não havia reparado que também estava nua. Com uma seringa na mão, ele inseriu um líquido em seu braço que não demorou a fazer efeito. Ela começou a ficar zonza e ele apenas teve o trabalho de virá-la de costas e começar os movimentos. Ficou cavalgando nela durante alguns minutos, na mesma posição. Ela aguentou. Sentia nojo, desprezo e a incapacidade de fazer algo. Foi violentada até o fim, e quando ele terminou o serviço, ela apagou.

Acordou assustada, a cabeça doía e seu coração pesava. Chorou enquanto tentava levantar Laila, sem sucesso. Estavam em um beco, ao lado de latas de lixo e a movimentação na rua à frente começava a ficar mais intensa. Alguns minutos tentando acordar a irmã, e ela conseguiu. As duas saíram cambaleantes do beco e tomaram o rumo para casa, completamente destruídas.

Chegando em casa, Lorraine encontrou um envelope dentro de sua bolsa, e dentro dele, um bolo de dinheiro com um bilhete que dizia. “Obrigado pela noite”. A mágoa e o rancor vieram em erupção e ela se viu rasgando todo o dinheiro, e entrando em uma histeria completa. Histeria que se acentuou dois meses depois, quando ela descobriu que sua irmã estava grávida.

A gestação foi complicada. Laila entrou em depressão profunda conforme as memórias iam voltando a sua mente. Aquilo a atormentava de tal forma que ela sentiu fortes dores, ainda com sete meses, e teve que ser socorrida às pressas. O quadro de depressão profunda e os problemas de saúde gerados com a gravidez levaram-na a um aborto espontâneo. Ela ficou internada por quinze dias e não resistiu. Morreu de desgosto e vergonha.

Lorraine, como última promessa para Laila, jurou que pegaria o homem. E isso seria o foco de sua vida dali para frente. Desvencilhou-se dos amigos e de tudo mais. Fechou-se para o mundo e ficou paranoica. Mudou de boate em boate sempre o procurando. Tinha sempre pistas vazias, até o dia em que teve uma concreta que acabou com sua esperança. Andrei havia sido preso por tráfico de entorpecentes e extorsão. Na cadeia, mais da metade o conhecia, e ficaram felizes ao vê-lo. Foi espancado até o último suspiro, ou quase. Sobreviveu por pouco, mas nunca mais foi o mesmo. Perdeu parte de sua memória durante o processo de reabilitação, e com isso, uma parte obscura da sua vida. Porém, tinha uma leve lembrança do homem que havia ordenado seu espancamento, e aquilo foi seu combustível. Seis meses depois de recuperado, foi solto por bom comportamento. E por pura coincidência, descobriu que o mandante de sua surra também havia sido solto.

Durante um tempo, Lorraine começou a se adaptar à situação de viver sua vida novamente. Pelo menos até encontrar, por acaso do destino, o homem, na última boate em que trabalhou. Fora fria, calculista e arquitetou tudo em sua mente, que havia se tornada doente e psicótica. Aproximou-se dele aos poucos, com danças particulares e olhares promíscuos em sua direção. Tornou-se um caso dele, e descobriu que aquele vigor que outrora o homem teve, havia se esvaído junto com sua dignidade. Agora ele era meio louco, sorria menos do que antes e não era muito de falar. Entre umas conversas e outras, ela descobriu que ele havia perdido parte de sua memória na prisão, e esse foi o Xeque-Mate de seu plano.

Jack era um homem que rastejava atrás dela, todos os dias. A oportunidade de atrair Andrei surgiu, e Jack se tornou o bode expiatório. Ela armou tudo minuciosamente, os encontros com Jack; Fazer o que ele queria; Ser uma puta suja e que rasteja atrás do homem; Se submeter a situações que nunca se submeteria. Tudo isso pelo amor que tinha a Laila, e pelo ódio, a mágoa e o rancor que nutria por Andrei.

Então o dia finalmente chegou, e tudo aconteceu como planejado. Jack, obviamente não tinha culpa, mas fazia parte do plano.

***

Ela pensava em tudo isso enquanto caminhava pelas ruas escuras da cidade. Revirou a bolsa enquanto andava, retirou um isqueiro e um cigarro lá de dentro. Acendeu-o e deu uma longa tragada. Ao fundo, o barulho de sirenes começava a encorpar a melodia da cidade. O doce som das pessoas andando na rua, da fritura estalando em carrinhos de churros, da estática das luzes e dos néons, das buzinas dos carros e das sirenes das viaturas policiais. O doce som que a embriagava em um sorriso de satisfação e de missão cumprida, de ter vivido para completar o seu objetivo. O doce som das batidas do seu coração, e das lágrimas que escorriam pelo seu rosto. Esse era o som que há muito tempo, ela esperava ouvir.

Era o som melódico e embalador da vingança.

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24 comentários em “Vingança (Jefferson Lemos)

  1. Leandro B.
    5 de dezembro de 2013


    – Não aguento mais esse lugar.

    – Foda-se.”
    Haha, que fanfarrão.

    Olha, no geral, eu gostei da história. Rubem mencionou muito bem o clima didático. Tem, além disso, algumas coisas que não me agradaram.

    O policial se identificou, sequestrou, estuprou e…. deixou as vítimas irem embora? Me parece muito claro que o caso seria facilmente comprovado se as moças procurassem a polícia. Uma delas, inclusive, engravidou do cara!!

    Além disso, estranhei também a dificuldade em encontrar um policial que se identificou. Sei lá, não parece tão difícil.

    No mais, achei agradável. Bom conto.

  2. Frank
    5 de dezembro de 2013

    Pesado e tenso. Depois do estupro coletivo achei que caiu um pouco; talvez o autor devesse desenvolver uma estratégia para demonstrar o que motivou a vingança de um modo mais “velado”. Uma ótima leitura.

  3. Andrey Coutinho
    3 de dezembro de 2013

    Nesse desafio, resolvi adotar um novo estilo de feedback para os autores. Estou usando uma estrutura padronizada para todos os comentários (“PONTO FORTE” / “SUGESTÕES” / “TRECHO FAVORITO”). Escolhi usar esse estilo para deixar cada comentário o mais útil possível para o próprio autor, que é quem tem maior interesse no feedback em relação à sua obra. Levo em mente que o propósito do desafio é propriamente o aprendizado e o crescimento dos autores, e é isso que busco potencializar com os comentários.

    Além disso, coloquei como regra pessoal não ler nenhum comentário antes de tecer os meus, pra tentar dar uma opinião sincera e imediata da minha leitura em si, sem me deixar influenciar pelas demais perspectivas.

    Dito isso, vamos aos comentários.

    PONTO FORTE

    A descrição dos ambientes e de algumas das ações é bem feita. A trama é intrigante o suficiente para despertar no leitor a vontade de tentar entender o porquê de tudo aquilo. O nome do vilão é muito bom (rs).

    SUGESTÕES

    Minhas sugestões vão mais para o enredo… primeiro, a linha de diálogo “Eu perdi um pouco da memória, mas me lembro do seu rosto” não soou nada natural. Ficou mais com cara do autor revelando um plot point do que propriamente de um personagem se expressando. Além do mais, talvez essa revelação nem fosse tão necessária naquele momento. Apenas alguma dica funcionaria melhor para deixar o leitor ainda mais confuso e com vontade de entender a motivação por trás daquilo.

    Outra sugestão (que mudaria completamente a cara do conto) é a de deixar em suspenso a resolução da vingança (a morte do Andrei em especial). A parte que explica o passado de Lorraine poderia vir logo depois da cena em que ela se encontra com Andrei no bar, mas antes da execução do crime. Ou talvez colocar Jack sob a mira da arma e encerrar a cena ali, explicando o passado de Lorraine e voltando depois à cena para resolver a morte dos dois homens. Isso porque, em geral, histórias de vingança funcionam melhor quando você constrói a antecipação da vingança aos poucos e recompensa o leitor com a consumação. Como a ordem foi invertida, o leitor nem chega a acompanhar a sede de vingança da protagonista, uma vez que já sabe que o destino daquilo que narra é a consumação da “justiça”. É como se Andrei já estivesse previamente fadado a morrer ao estuprar as mulheres. Suscitar desejo de vingança sobre alguém que você sabe já estar condenado à morte é muito mais difícil.

    TRECHO FAVORITO

    “Pétalas vermelhas criaram padrões irregulares na parede do armário.”

  4. Alana das Fadas
    3 de dezembro de 2013

    Impressão minha ou a mulher que era de cabelos negros no segundo “take” virou ruiva?
    Gostei da maneira como a história foi contada, mas ainda tem muitos furos. A história envolve, isso não dá pra negar! Em resumo, gostei bastante, mas precisa aperfeiçoar em alguns pontos!

  5. Masaki
    3 de dezembro de 2013

    Um texto bem forte! Como disseram alguns comentários, o autor ainda procura seu estilo… e eu confirmo. O conto desenrola sem maiores problemas, todavia o excesso de palavrões, por exemplo, a repetição da palavra “puta”, deixou a trama desinteressante. Há alguns errinhos básicos… Nada que uma boa revisão ajude. Não gostei da história, mas sempre existe público com este gosto. Abraços.

  6. Lúcia M Almeida
    29 de novembro de 2013

    Não gostei do clima pesado do conto, o modo como foi narrado, mas isso não quer dizer que vc não escreva bem, apenas acredito que vc tem potencial para desenvolver melhores histórias.

  7. fernandoabreude88
    29 de novembro de 2013

    Também achei as descrições do começo meio batidas. É uma história clássica de vingança. Quando ocorre a violência contra as irmãs, já sabemos do que se trata, ligamos os pontos de maneira bem fácil. Achei desnecessária algumas descrições do estupro. Um ponto forte do texto é uma espécie de sentimento doentio que envolve o sexo e todos os personagens, há uma deterioração de caráter, beirando à loucura, que é provocada pelas experiências horríveis, achei bacana. Por outro lado, não gostei da condução da trama, mesmo encontrando algumas passagens excepcionais, como a descrição do “olhar enevoado e distante” da vítima de abuso.

  8. Felipe Falconeri
    28 de novembro de 2013

    No início do conto, as falas do personagem absurdamente grosseiro e a mequetrefe cena de sexo acabaram dando ao texto um certo tom de humor involuntário. Ao menos foi assim pra mim, rs.

    O texto é uma profusão de metáforas e analogias batidas. Tem também alguns erros de português bem feios, como frases com sujeito e predicado separados por vírgula. E cara, depois de ponto e vírgula não se usa letra maiúscula!

    Mas, apesar de tudo isso, você demonstra uma certa habilidade para narrar a história. Curioso isso. A impressão que me deixou é que você ainda não desenvolveu seu estilo. Então acaba pegando emprestadas expressões que já viu muitas vezes por aí. Acho que se você praticar bastante e fugir de lugares comuns, pode conseguir bons resultados.

    Acredite: de certa forma, isso é um elogio, rs.

    Abs.

    • V
      28 de novembro de 2013

      E ae Felipe, beleza?
      Então cara, eu nunca me interessei por gramática, agora estou tomando muito tapa na cara pelos meus erros.
      Ainda não consegui um estilo próprio, comecei a escrever há muito pouco tempo e já ouvi isso de outras pessoas também. Estou correndo atrás para melhorar minha parte técnica e aprimorar meu suposto estilo.
      O principal motivo de eu estar aqui é para me aprimorar, e estou conseguindo bons resultados.
      Então, obrigado pelo comentário e prometo que no próximo mês, virei com algo melhor.

  9. rubemcabral
    26 de novembro de 2013

    Eu gostei da história até o (terrível) estupro das irmãs, o restante do conto seguiu então um padrão didático ao explicar as razões dos atos de Lorraine, que destoou do restante. Seria melhor contar de outra forma ou até deixar algumas lacunas.

    Há alguns errinhos, tipo “criado mudo”, mas até que não foram tantos.

  10. Gustavo Araujo
    24 de novembro de 2013

    Um noir moderno, por assim dizer, tanto por se passar em tempos atuais, como principalmente pela dose elevada de violência empregada na narração. Não enxerguei erros gramaticais relevantes, a não ser um eco em determinados trechos e o uso de “trago” quando o correto seria “trazido”. Achei bacana a escolha do autor em inverter os polos da narrativa, contando a vingança em si na primeira parte e as razões que a motivaram, na segunda.

    Creio no entanto que houve explicações demais ao final da segunda parte, como se o autor não quisesse deixar dúvidas sobre os motivos que levaram Lorraine a agir como agiu. Talvez fosse interessante deixar que o leitor deduzisse alguns dos fatos.

    Também não gostei do final pasteurizado de Laila. Aborto espontâneo aos sete meses? Se os fatos se passam hoje, um bebê prematuro se sete meses sobrevive tranquilamente. Do mesmo modo, ela ter morrido de depressão soou muito conveniente para a narrativa. Talvez ela pudesse ter sobrevivido, internada em um manicômio ou algo assim.

    Outra coisa que não gostei foi dos detalhes excessivos sobre os atos sexuais. Houve momentos em que achei que eu tinha viajado no tempo e que estava com quinze anos de novo, lendo o fórum da revista Ele & Ela. “Membro latejando” foi triste, tanto pela apelação, como pelo clichê. Talvez seja birra minha, mas não creio que esse nível de detalhamento foi necessário na história.

    De qualquer forma, o conto, a meu ver, funcionou. Há aspectos a serem melhorados, mas a média é definitivamente positiva. A história me prendeu e eu de fato me interessei em saber como terminaria. Isso é o que separa um conto bom de outro ruim.

    • V
      25 de novembro de 2013

      E ai Gustavo, Beleza?
      Cara, obrigado pelo seu feedback. Eu acabei por perceber que cometi um erro muito grave ali naquela parte, e alguns pelo caminho. Eu nunca antes, tive contato com a escrita dessa forma, comecei a muit pouco tempo, e preciso muito aprimorar minha parte técnica.
      Em questão das explicações, eu fico meio sem jeito de deixar o leitorr instigado por aqui, pois as pessoas costumam criticar quando não tem um texto explicado nos mínimos detalhes, sem brechas.
      Em questão das cenas descritas e da situação como ocorreu a segunda parte do conto, eu fiquei um pouco perdido com o tema desse mês. Pra você ver como eu sou novo no mundo literário, eu não conhecia o estilo Noir até o dia em que o desafio fora lançado.
      Enfim, eu estou querendo mudar, aprimorar, aprender… Mas, a evolução não deve ser apressada, pois “a árvore que cresce lentamente, cria raízes profundas”. hehe
      Enfim, obrigado pela sua atenção, e no próximo mês prometo vir com algo melhor.

      • Gustavo Araujo
        25 de novembro de 2013

        Não tem porque se desculpar, meu amigo. Este tema foi um desafio de verdade para todo mundo. A parte boa é que todos estamos aprendendo juntos, seja por meio das críticas, seja lendo os contos dos demais participantes. Prossigamos na missão! Abs.

  11. Pedro Luna Coelho Façanha
    24 de novembro de 2013

    Não tenho muito pra dizer. Não gostei do conto. A escrita precisa melhorar. Outros aí criticaram melhor..

  12. Agenor Batista Jr.
    23 de novembro de 2013

    Trata-se de um texto em que o autor se esforçou para torná-lo legível sem a apelação do excesso de palavrões. Os erros de ortografia são vários e alguns imperdoáveis. Valeu pelo esforço.

  13. Marcellus
    21 de novembro de 2013

    Foi um bom conto, gostei. A trama tem seus furos e o texto precisa de alguma revisão, mas o clima “noir” compensou. Parabéns ao autor!

  14. charlesdias
    19 de novembro de 2013

    O conto é bom … mas não comprei a ideia do plano mirabolante para matar quem a personagem odiava. O que matou o clima noir tradicional foi dar uma marca à arma … a Glock foi fundada em 1982. De qualquer forma é um conto interessante.

    • V
      19 de novembro de 2013

      Esse foi o clima diferente que tentei dar ao conto. O ambiente é indefinido, sendo assim, você pode imaginá-lo como tradicional. Então, inseri algo da atualidade, para mostrar que o conto se passa nos dias atuais, e não no passado.
      De qualquer forma, prometo que no próximo eu virei com algo melhor.

  15. V
    18 de novembro de 2013

    Obrigado pelos comentários, amigos.
    Devo dizer que foi um desafio e tanto para mim esse mês. Eu nunca li ou escrevi nada do tipo e quebrei um pouco a cabeça, devido ao meu pouco tempo com a escrita, para poder escrever.
    Peço desculpas se não consegui encaixar o texto no tema, e também peço desculpas pelos erros com repetição de palavras. Tenho praticado e espero perder essa mania feia.
    Claudia, peço perdão pelo erro de português, foi horrível, eu sei. D:
    E Thata, eu tentei dar a perceber, sobre a confiança, quando disse que ela teve um caso com ele, e com a aproximação que tiveram. Mas pelo visto não foi o que pareceu. Posteriormente tentarei melhorar para não ter esse furo na história.
    Enfim, obrigado pela atenção de vocês, e prometo que no próximo melhorarei.

  16. Thata Pereira
    17 de novembro de 2013

    Li de uma vez só. Acho que por ser pesado, quis que terminasse rápido (rs’) As repetições me incomodaram e vez ou outra me deparei com algum trecho que poderia ter sido melhor trabalhado.

    O plano foi bem arquitetado, mas achei estranho Andrei entregar a arma de bom grado. Soaria mais real para mim se desse a intenção, por exemplo, de que ele estava apaixonado por Lorraine e confiasse nela. Um cara que já foi preso, não entregaria assim uma arma com suas digitais para uma mulher de luvas… Bem, isso no meu ponto de vista.

    Mas… levando em consideração de que não foi algo real, foi bem bolado!

  17. Ricardo Gnecco Falco
    15 de novembro de 2013

    Pareceu-me que o autor já tinha toda a história em mente ao iniciar seus trabalhos. Soube conduzir o leitor com maestria por todas as curvas e, ao final, na linha de chegada, lá estava a bandeira branca sendo agitada. Cheirando a jasmim… 😉
    Parabéns!

  18. Jefferson Lemos
    14 de novembro de 2013

    Achei que o autor soube narrar bem toda a história, e apesar do que a Cláudia Roberta disse sobre as palavras repetidas, o erro do tempo verbal, foi um bom conto.
    Senti falta de alguma coisa mais, mas espero que o autor compense no próximo desafio. De qualquer forma, parabéns!

  19. Claudia Roberta Angst - C.R.Angst
    13 de novembro de 2013

    Linguagem direta, agarra o leitor pelo ritmo, mesmo sendo o enredo bem pesado. Não parei de ler até chegar ao final. Algumas coisas me incomodaram como a repetição: “Estava DEITADO em uma velha cama, e ao seu lado, DEITAVA-se uma mulher.” OU ainda “Espero que tenha TRAGO o meu cigarro” – o verbo trazer não é abundante, só tem um particípio passado- trazido. Mas a história em si prende mesmo a atenção mesmo revirando um pouco o estômago. Boa sorte.

  20. Leonardo Stockler M. Monney
    13 de novembro de 2013

    Gostei do conto. A linguagem é bem simples e objetiva, bem descritiva (não se aventura pelo psicológico dos personagens, o que é bom porque não expõe os seus objetivos, a não ser no final), e não se propõe a muita pirotecnia. Gostei da história, de como ela foi distribuída, num bom ritmo ao longo do conto. Por isso me incomodei um pouco quando vi que estava acabando, e que a história não parecia que se ia concluir tão cedo, o que por um momento fez parecer que você estava correndo um pouco e resumindo a narrativa (que ficaria ainda melhor num conto maior), mas aí vi que você concluiu linkando com o começo e achei isso muito bom. Parabéns!

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Publicado às 13 de novembro de 2013 por em Noir e marcado .
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